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André Lalande - Vocabulário Técnico e Científico Da Filosofia-Martins Fontes (1993)
André Lalande - Vocabulário Técnico e Científico Da Filosofia-Martins Fontes (1993)
TÉCN ICO
E
CRÍTICO
DA
FILOSOFIA
André Lalande
Martins Fontes
São Paulo — 1993
Titulo original:
V O C A B U L A IR E T E C H N I Q U E E T C R IT IQ U E D E L A P H IL O S O P H IE
C o p yright © P re s s e s U n iv e r s ita ir e s d e F r a n c e , 1926
C o p yrig h t © L iv r a r ia M a r tin s F o n te s E d i t o r a L t d a . , S ã o P a u l o , 1990,
p ara a p re s e n te e d iç ã o
Tradução:
F á tim a S á C o r r e ia , M a r ia E m ília V. A g u ia r ,
J o s é E d u a r d o T o r r e s e M a r ia G o r e te d e S o u z a
R evisão da tradução: R o b e r to L e a l F e r r e ir a
Preparação d o original: M a u r íc io B a lth a z a r L e a l
Revisão tipográfica:
S ilv a n a C o b u c c i L e ite , L a ila D a w a , T e r e z a C e c ília d e O . R a m o s ,
M a r ia C e c ília K.. C a lie n d o e L u ís C a r lo s B o rg e s
P rodução gráfica: G e r a ld o A lv e s
C om posição:
A n to n io C ru z e R e n a to C . C a r b o n e
O s c o m e n t á r i o s d o s m e m b r o s e c o r r e s p o n d e n te s d a S o c ie d a d e F r a n c e s a d e
F il o s o f i a s o b r e o s v e r b e te s d o Vocabulário f o r a m c o lo c a d o s a o p é d a s p á g in a s ;
p a r a r e f e r ê n c ia a eles f o i u s a d a a d e s ig n a ç ã o “ o b s e r v a ç õ e s ” .
INTRODUÇÃO
À D É C IM A E D IÇ Ã O
Isso significa que o V o c a b u lá r io poderia ser indefinidam ente reim presso sem
alterações? É claro q u e não, e cada nova edição com portava retificações e so
bretudo com plem entos. É assim que fig u ra va já , no f i m da obra, u m S u p le m e n
t o contendo term os no vo s ou acepções novas d e term os antigos e um A p ê n d ic e
constituído p o r com entários suplem entares, com pletando aqueles q u e se encon
travam nas notas d o antigo V o c a b u lá r io . C ontudo, é necessário sem dúvida en
carar o fa to de u m dia ser preciso refundi-lo m ais com pletam ente. Conviria, p o r
um lado, retificar certos artigos, p o r exem p lo de lógica, de psicologia, etc., que
correspondem a noções cujo co n teúdo se diferenciou, transform ou, renovou,
e acrescentar no vo s — p o r outro lado, introduzir, n u m a certa m edida, os ter
m o s da linguagem filo só fic a contem porânea, assim co m o certos term os de ori
gem escolástica que passam hoje p o r vezes da teologia para a filosofia. Acrescente-
se que nas notas e nas discussões se suprim iria de bom grado aquilo que se refere
*
/· '
V IH IN T R O D U Ç Ã O
Os outros são pessoas que têm nas m ãos u m a obra filo só fic a , clássica o u
contem porânea, e não com preendem certas palavras o u certas expressões. N ã o
p o d em o s remetê-los a um dicionário da linguagem contem porânea, que não exis
te, segundo creio, nem aos dicionários de teologia, p o r exem plo, dem asiado gran
des e que não se têm fa c ilm e n te à m ão.
N o que diz respeito à linguagem filo só fic a contem porânea, o em baraço não
é m enor, tendo cada autor a sua term inologia, o u o seu jargão, que aliás nem
sem pre são perfeita m en te coerentes. E m m u ito s casos, não existe utilização co
m u m dos term os. Ora, não se p o d e fa z e r razoavelm ente o Vocabulário d e al
guns dos escritores m ais conhecidos hoje, não sabendo nós a té que p o n to eles
se im porão. F requentem ente, perante a am bigüidade do s textos, m esm o os es
pecialistas tendem , quando consultados, a não se com prom eter com um a d e fi
nição fra n ca , que suporia aliás o conhecim ento de u m co n texto geral, e a p r o
p o r sim plesm ente um a ou várias fra se s em que o term o fig u ra . M a s é ju sta m e n
te para o s com preender que se pretendia um a definição!
E Çé P ë 2 «E 2
M e m b ro d o In s titu to ,
P ro fe sso r n a S o rb o n n e
1. E isa lista: Anam nese, antepredicativo, apofático, catégorial, cogita tiva, conatural, construti-
vidade, contuição, dóxico, dulia, ek-stase, elícito, emptria, em si-para si, englobantes, ente-existente,
entilativo, epoché, estimativa, estocástico, existencial, extríncesismo, feedback, form alizar, fu n cio
nalismo, futurível, gnosia, hormê, hylê, idiologia, idoneísmo, informação, insight, isom orfismo, ke-
rigma, latría, monismo, material, narcisismo, noema, pattern, performativo, poligénese, praxia, pra
xis, pré-reflexivo, processo, projetivo, simetría, stress, tipología, tuliorísmo, válido (num segundo
sentido).
PREFÁCIO
À S E D IÇ Õ E S P R E C E D E N T E S
O Vocabulário d a S o c ie d a d e F r a n c e s a d e F il o s o f i a é u m c u r io s o e x e m p lo d a
q u ilo a q u e se p o d e c h a m a r a h e te r o g o n ia d o s f in s . O o b j e t i v o o r ig in a l d e s te
t r a b a l h o e s ta v a m u i t o e s tr ita m e n te d e t e r m i n a d o , c o m o se p o d e v e r p e lo a r tig o
“ A lin g u a g e m f ilo s ó f ic a e a u n id a d e d a f i l o s o f i a ” , n a R evu e d e m étaphysique
et d e m orale d e s e te m b r o d e 1 8 9 8 , p e la s “ P r o p o s iç õ e s s o b r e o u s o d e c e r to s t e r
m o s f il o s ó f i c o s ” (Bulletin de la Société , s e s s ã o d e 23 d e m a io d e 1901) e p e la
d is c u s s ã o n a s e s s ã o d e 29 d e m a io d e 1 9 0 2 . T r a t a v a - s e d e p ô r o s f iló s o f o s d e
a c o r d o — t a n t o q u a n t o p o s s ív e l — a c e r c a d a q u i l o q u e e n te n d i a m p e la s p a la v r a s
q u e u tiliz a v a m , p e lo m e n o s o s f iló s o f o s d e p r o f is s ã o : p r im e ir a m e n te , p o r q u e t o
d o v e r d a d e ir o a c o r d o — q u e r d iz e r , a q u e le q u e n ã o é o e f e ito d e u m a s u g e s tã o ,
d e u m a m a q u i n a ç ã o o u d e u m c o n s t r a n g i m e n t o a u t o r i t á r i o — é m e lh o r e m si
d o q u e a s d is c o r d â n c ia s o u o s e q u ív o c o s ; d e p o is , p o r q u e a s s u a s c o n tr a d iç õ e s ,
te m a t r a d i c i o n a l d e b r in c a d e ir a s , s ã o e m g r a n d e p a r t e v e r b a is e f r e q ü e n te m e n te
p o d e m s e r r e s o lv id a s d e s d e q u e n o s e m p e n h e m o s n is s o . E r a e s s a a o p i n i ã o d e
D e s c a r te s : “ S i d e v e r b o r u m s ig n if ic a tio n e in te r P h ilo s o p h o s s e m p e r c o n v e n ir e t” ,
d iz ia , “ f e r e o m n e s i llo r u m c o n tr o v e r s ia e t o l l e n t u r . ” 1 “ O m a is d a s v e z e s é s o
b r e a s p a l a v r a s q u e o s f il ó s o f o s d i s p u t a m ” , e s c r e v ia n a s u a e s te ir a G a s s e n d i,
“ q u a n t o a o f u n d o d a s c o is a s , h á , p e lo c o n t r á r i o , u m a g r a n d e h a r m o n i a e n t r e
a s te s e s m a is i m p o r t a n t e s e m a is c é le b r e s .” 12 “ S in to - m e t e n t a d o a c r e r ” , d iz ia
L o c k e , r e s u m id o p o r L e ib n iz , “ q u e , s e e x a m in á s s e m o s a f u n d o a s im p e r f e iç õ e s
d a lin g u a g e m , a m a i o r p a r t e d a s d is p u ta s c a ir ia m p o r si m e s m a s e q u e o c a m i
n h o d o c o n h e c im e n to , e ta lv e z o d a p a z , f ic a r ia m a is a b e r t o p a r a o s h o m e n s .”
“ C r e io a t é ” , a c r e s c e n ta v a T e ó f il o , “ q u e is s o p o d e r i a s e r a lc a n ç a d o s e a p a r t i r
d e s te m o m e n t o n a s d is c u s s õ e s p o r e s c r ito o s h o m e n s q u is e s s e m c o n c o r d a r s o -
b r e c e r ta s r e g r a s , e a s e x e c u ta s s e m c o m c u i d a d o . ” 1 S e r ia f á c il m u l t i p l i c a r o s
te s t e m u n h o s d e s t a e x p e r iê n c ia e m e s m o n o s n o s s o s d ia s te m o s d is s o m u ito s
e x e m p lo s 1
2.
M a s a n a t u r e z a h u m a n a t a m b é m é f e i t a d e u m a c e r t a im p a c iê n c ia r e la tiv a
à o r d e m e à s im ilitu d e — im p a c iê n c ia m u i t o le g ítim a , c o r a j o s a a t é , q u a n d o se
t r a t a d e n o s d e f e n d e r m o s c o n t r a u m c o n f o r m i s m o i m p o s t o , o u c o n t r a a a c e ita
ç ã o p a s s iv a d o q u e s e r e p e te s e m c r ític a — ; d e s a s t r o s a q u a n d o s e t r a t a d e u m
g o s to p e la c o n t r a d i ç ã o e d e a m o r - p r ó p r i o , m e s m o a t é d e i m p e r i a l i s m o . 4‘O e s
t a d o d a m o r a l i d a d e c i e n t íf ic a ” , e s c r e v ia R e n o u v ie r , “ n ã o m e p a r e c e s u f ic ie n te
m e n te a v a n ç a d o e n tr e o s f il ó s o f o s p a r a q u e eles p o s s a m u tilm e n te d e lib e r a r e m
c o m u m , a f i m d e f ix a r a n o m e n c l a t u r a m a is p r ó p r i a d e m o d o a im p e d ir q u e o s
s e u s d e b a te s d e s c a m b e m e d e m o d o a t o r n a r a s s u a s d o u t r i n a s m u t u a m e n t e c o
m u n ic á v e is ... O s te r m o s m a is i m p o r t a n t e s s ã o d e d o m ín io p ú b lic o e c a d a u m
r e iv in d ic a o s e u b e n e f íc io c o m o d ir e ito d e lh e d a r o se u ‘v e r d a d e i r o ’ s e n ti d o ,
q u e o u t r o s e s t i m a r ã o f a l s o . . . N in g u é m e s t á d is p o s to a f a z e r o s s a c r if íc io s e x ig i
d o s p e la im p a r c i a l i d a d e d a li n g u a g e m .” N ó s f iz e m o s a lg u n s p r o g r e s s o s . R e u n i
m o s C o n g r e s s o s d e F il o s o f i a c o n s id e r a d o s ir r e a liz á v e is : m a s n ã o p o d e r e m o s d i
z e r q u e e s t a “ m o r a l i d a d e ” t e n h a n it i d a m e n t e d e s p e r t a d o . É t ã o t e n t a d o r a t r i
b u i r à s p a l a v r a s , c o m t e n a c id a d e , o s e n tid o q u e lh e s a t r i b u í m o s p r im e ir a m e n te
p o r a lg u m e n g a n o a c id e n ta l, o u m e s m o q u e n o s te n h a m o s c o m p r a z id o e m lh e s
c o n f e r ir p o r a u to r id a d e , s o b p r e te x to d e q u e “ s o m o s e fe tiv a m e n te liv re s d e a d o ta r
a s d e f in iç õ e s q u e q u i s e r m o s ! ” .
P o d e m o s m e s m o p e r g u n t a r - n o s se a e x is tê n c ia d e u m e s f o r ç o c o m u m p a r a
f i x a r e a d o t a r u m u s o b e m d e f in id o d o s t e r m o s n ã o e s ti m u la r á c e r to s e s p ír ito s
e n ã o e x c it a r á n e le s o g o s to d e lh e s d a r m a lic io s a m e n te u m o u t r o s e n ti d o , d e
d e f e n d ê - lo e a t é d e d iv u lg á - lo , O e x c e le n te ló g ic o C h . L . D o d g s o n (m a is c o n h e
c id o s o b o p s e u d ô n im o d e L e w is C a r r o l l , e c o m o a u t o r d e A lic e n o País das
M aravilhas ) im a g in a n u m a d a s s u a s o b r a s u m a c o n v e r s a e n tr e a s u a h e r o ín a e
o ira s c ív e l H u m p t y D u m p ty ; “ Q u a n d o u tiliz o u m a p a l a v r a ” , d iz o g n o m o n u m
t o m m u ito a ltiv o , “ e la s ig n if ic a p r e c is a m e n te a q u ilo q u e eu q u e r o q u e e la s ig n i
f iq u e . N a d a m a is , n a d a m e n o s . ” “ O p r o b l e m a ” , r e s p o n d e A lic e , “ e s tá e m s a
b e r se é p o s s ív e l f a z e r q u e u m a p a l a v r a s ig n if iq u e m o n te s d e c o is a s d i f e r e n t e s .”
“ O p r o b l e m a ” , r e p lic a H u m p t y D u m p ty , “ e s t á e m s a b e r q u e m é q u e m a n d a .
P o n t o f in a l, é t u d o . ” 3 A d le r c a p to u m u ito p ro v a v e lm e n te u m a v is ã o m u ito m a is
p e n e t r a n t e d o s c o m p le x o s h u m a n o s d o q u e F r e u d .
R e c o r d o - m e q u e u m c ie n tis ta d e g r a n d e m é r ito , e m u ito p a r is ie n s e , m e d iz ia
h á u n s q u a r e n t a a n o s : “ E u , q u a n d o v e jo e m a lg u m lu g a r P roibida a entrada,
é p r e c is a m e n te p o r a li q u e e n t r o , ” É v e r d a d e q u e s e t r a t a d e p e q u e n a s c o is a s
d a v id a ; e le t i n h a o c u id a d o d e n ã o a p l i c a r e s t a m á x im a à c iê n c ia q u e p r o f e s s a v a
e n a q u a l e r a u m m e s tr e : u m d o s s e u s e s tu d a n te s s e r ia m u ito m a l r e c e b id o se
d is s e s s e “ p e s o ” e m v e z d e “ d e n s i d a d e ” o u “ f o r ç a ” e m v e z d e “ e n e r g ia ” . O s
f il ó s o f o s c o m a m e s m a f e iç ã o d e e s p ír ito s ã o f r e q ü e n te m e n te m e n o s p r u d e n te s :
e n ã o e m p r o v e ito d a s u a b o a r e p u t a ç ã o n o c ír c u lo d o s t r a b a l h a d o r e s in te le c tu a is .
M a s , q u a n d o s e p e n s a d e u m a m a n e i r a o r ig i n a l, s e r á ta m b é m n e c e s s á r io f a
z e r p a r a si u m a lin g u a g e m ? N a d a m a is c o n te s tá v e l. “ E n t r e m u ito s d e n ó s ” , d i
z ia W . J a m e s , “ a o r ig i n a lid a d e é t ã o p r o f í c u a q u e j á n in g u é m n o s p o d e c o m
p r e e n d e r . V e r a s c o is a s d e u m m o d o t e r r iv e lm e n te p a r t i c u l a r n ã o é u m a g r a n d e
r a r i d a d e . O q u e é r a r o é q u e a e s ta v is ã o in d iv id u a l s e s o m e u m a g r a n d e lu c id e z
d e e s p ír ito e u m a p o s s e e x c e p c io n a l d e to d o s o s m e io s c lá s s ic o s d e e x p r im ir o
p e n s a m e n t o . O s r e c u r s o s d e B e r g s o n e m m a t é r i a d e e r u d iç ã o s ã o n o tá v e is e , e m
m a t é r i a d e e x p r e s s ã o , s im p le s m e n te m a r a v i l h o s o s . ” 1
Q u a n d o se d iz d e u m e s p í r i t o q u e e le é o r ig i n a l, e n te n d e m o s , c o n f o r m e o s
c a s o s , d u a s c o is a s t o t a l m e n t e d if e r e n te s : u m a é u m a q u a l i d a d e p r ó x i m a d o g ê
n i o ; a o u t r a , u m d e f e ito d e e s p ír ito q u e t o c a a s r a ia s d a to lic e . P e l a p r i m e i r a
in v e n ta m - s e f o r m a s d e a r t e o u d e a ç ã o n o v a s , p e r c e b e m o s e m p r im e ir o lu g a r
a s v e r d a d e s a i n d a d e s c o n h e c id a s , m a s q u e e n c o n t r a r ã o m a is c e d o o u m a is t a r d e
u m e c o , s e m in te r e s s e in d iv id u a l e s e m v io lê n c ia , a tr a v é s d e v á r ia s g e r a ç õ e s , o u
m e s m o q u e p e r m a n e c e r ã o a d q u i r i d a s e n q u a n t o h o u v e r h e r a n ç a s o c ia l. F o i d e s
se t i p o a o r ig i n a lid a d e d e S ó c r a te s a o d e s c o b r ir a a n á lis e d o s c o n c e ito s m o r a is ;
d e N e w to n a o f o r m u l a r a le i d a g r a v ita ç ã o ; d e W a g n e r a m p l i a n d o a s r e g r a s d a
h a r m o n i a . P e l a s e g u n d a , d if e r e n c ia m o - n o s d a m e s m a f o r m a d a m a s s a n o m e io
d a q u a l v iv e m o s ; m a s p o r d iv e r g ê n c ia s s e m v a lo r , o u m e s m o d e v a l o r n e g a tiv o .
S in g u l a r iz a m o - n o s , f a z e m o - n o s n o t a r , m a s n ã o tr a z e m o s n a d a a o d e s e n v o lv i
m e n to d o s c o n h e c im e n to s , d a r iq u e z a e s té tic a o u d a p e r s o n a lid a d e h u m a n a . F r e
q ü e n te m e n te a t é é e m s e u d e t r i m e n t o q u e n o s t o m a m o s v e d e te s . D e s te tip o d e
o r ig i n a lid a d e é m a is d ifíc il c i t a r g r a n d e s e x e m p lo s : p o r q u e e m g e r a l d e s a p a r e c e
s e m d e ix a r r a s t r o . P r e c is a m o s p e n s a r e m in d iv íd u o s q u e n ó s m e s m o s c o n h e c e
m o s . P o d e m o s , c o n t u d o , r e c o r d a r u m E r ó s t a t o , u m C a líg u la ; p o d e r ía m o s j u n
t a r a í a o r ig i n a lid a d e d o s c o n q u i s t a d o r e s g lo r io s o s o u a d o s c r im in o s o s c é le b re s ;
n a l i t e r a t u r a , o s o b s c u r is ta s d a d e c a d ê n c ia l a t i n a , o u o g o n g o r is m o ; e m m o r a l,
a d o u t r i n a d e G ó r g ia s , o u a d o s I r m ã o s d o L iv r e - E s p ír ito . E le v a r - s e a c im a d a
razão constituída, ta l c o m o e la e x is te n o m e io e n a é p o c a e m q u e v iv e m o s ,
m o d if ic á -la e m n o m e e n o s e n tid o d a razão constituinte ; o u , p e lo c o n tr á r io , d e sc e r
a b a ix o d a s n o r m a s a c ^ u ir id a s , a f a s ta r - s e p o r p e rv e rs ã o o u p o r e s n o b is m o , é ig u a l
m e n te d if e r e n c ia r - s e . M a s u n s s e p a r a m - s e c o m o l u m in á r ia s p a r a a b r i r c a m in h o ;
o s o u t r o s p e r d e m - s e o u v o lta m p a r a tr á s .
U m a e o u t r a f o r m a d e a lte r i d a d e p o d e m e n c o n tr a r - s e n a f o r m a ç ã o e u t iliz a
ç ã o d a lin g u a g e m f ilo s ó f ic a .
S o lid ific á - la , a u m e n t a r o s e u v a lo r in te r m e n ta l e r a , p o is , o o b j e t o p r im itiv o
d a p r e s e n te o b r a . M a s lo g o se lh e e n x e r to u u m a f u n ç ã o e m q u e d e in íc io n ã o p e n
s a m o s e q u e p o u c o a p o u c o fo i t o m a n d o lu g a r p r im o r d ia l. O e s tu d o c rític o d a lin
g u a g e m f ilo s ó f ic a p r o v o u s e r m u i t o ú til a o s e s tu d a n te s , a o s jo v e n s p r o f e s s o r e s ,
a o s le ito re s d iv e r s o s q u e se p r e o c u p a m c o m q u e s tõ e s d e s te te o r . M u ita s v ezes, h a
v ia d if ic u ld a d e e m d e s c o b r ir o s e n tid o e x a to d o s te r m o s tr a d ic io n a is , a s s u a s v a r ie
d a d e s , o u e r r a v a - s e a o c r e r c o m p re e n d ê -lo s * O Vocabulário c o m e ç a d o te n d o e m
v is ta o t e m a s e r v iu s o b r e tu d o à v e r s ã o . D o m e s m o m o d o , d e s d e a p u b lic a ç ã o d o s
p r im e ir o s fa s c íc u lo s , o s le ito re s f o r a m r e c la m a n d o e x p lic ita ç õ e s c a d a v e z m a is p o r
m e n o r iz a d a s , f r e q ü e n te m e n te in f o r m a ç õ e s h is tó r ic a s , b ib lio g r á f ic a s , e n c ic lo p é d i
c a s , q u e o s in ic ia d o r e s d e s te t r a b a l h o n ã o tin h a m tid o a in te n ç ã o d e in tr o d u z ir .
P o r q u e se q u is é s s e m o s f a z e r , a s s im c o m o J . M . B τ Â á ç «Ç , “ u m D ic io n á r io p a r a
o s f il ó s o f o s ” h a v e r ia n e c e s s id a d e d e a í i n s e r ir , c o m o e le , tá b u a s a n a tô m ic a s q u e
r e p r e s e n ta s s e m o s ó r g ã o s d o s s e n tid o s , a b io g r a f ia d o s f iló s o f o s c o n h e c id o s , u m
r e s u m o d a s u a d o u tr i n a , a c r e s c e n ta r - lh e u m a e x p o s iç ã o d a s h ip ó te s e s s o b r e a c o n s
titu iç ã o d o á t o m o , o u d a s c rític a s m o d e r n a s d o t r a n s f o r m is m o . T a lv e z te n h a m o s
s e g u id o e m d e m a s ia e s te im p u ls o , e s o b r e tu d o d e u m a m a n e i r a d e s ig u a l, c o n s o a n
te o s m e m b r o s o u o s c o r r e s p o n d e n te s d a s o c ie d a d e n o s r e m e tia m e s ta o u a q u e la
in f o r m a ç ã o e n o s c o m p r o m e tia m a p u b lic á - la s . D e v ía m o s a té , e c a d a v e z m a is ,
u ltr a p a s s a r esse s o b je tiv o s , a o m e s m o te m p o p a r a e v ita r g r a n d e s d is p a r id a d e s e
p a r a e v ita r q u e e s ta o u a q u e la in d ic a ç ã o d o c u m e n t á r i a n o s f o s s e r e c la m a d a n a s
p r o v a s . M a s r e c e b e m o s t a n t a s v ezes a g r a d e c im e n to s p o r isso d a p a r t e d e n o s s o s
le ito re s q u e se d o p o n to d e v is ta e s té tic o s o f r e m o s u m p o u c o d e f a l t a d e e q u ilíb r io
n ã o n o s p o d e m o s a r r e p e n d e r d e o h a v e r a c e ito .
F o t ig u a lm e n te p o r in s is tê n c ia d e v á r io s m e m b r o s d a S o c ie d a d e q u e i n d i c a
m o s s u m a r ia m e n te , a o l a d o d e c a d a te r m o f r a n c ê s , o s e q u iv a le n te s e s tr a n g e ir o s
c o r r e s p o n d e n te s — m a is o u m e n o s a p r o x i m a t i v a m e n t e — à s s u a s d iv e r s a s a c e p
ç õ e s . C o m o s u b lin h a m o s d e s d e o i n íc io , a i n d ic a ç ã o d e s s e s e q u iv a le n te s n ã o p o
d i a s e r c o m p le ta ; e c e r to s c r ític o s q u e a p o n t a r a m s e v e r a m e n te e s s a s in c o m -
p le tu d e s , s e m t e r e m c o n t a a s n o s s a s r e s e r v a s , f iz e r a m - n o s l a m e n t a r n ã o te r
r e c u s a d o r a d ic a lm e n te e n t r a r n e s s e c a m i n h o e n ã o te r m o s f i c a d o , c o m o o a n u n
c ia v a a n o s s a a d v e r tê n c ia in ic ia l, q u e r n o s te r m o s p e d id o s a u m a l í n g u a e s t r a n
g e ir a , q u e r n o s te r m o s j á in t e r n a c i o n a i s , q u e r n a q u e le s c u ja e q u iv a lê n c ia e s t á
u n iv e r s a lm e n te e s ta b e le c id a p e lo u s o d a s tr a d u ç õ e s e d o e n s in o , c o m o M in d p a
r a E s p í r i t o o u V ern u n ft p a r a R a z ã o . M a s q u e m é q u e lê a s A d vertên cia s ? É b e m
e v id e n te q u e n ã o p o d e r ía m o s a s p i r a r a f a z e r , s o z in h o s , u m v o c a b u l á r i o f r a n c o -
ita lia n o - a n g lo - a le m ã o . A p e n a s p u d e m o s e s b o ç a r u m t r a b a l h o i n te r n a c i o n a l d e
c r itic a s e m â n tic a p a r a o q u a l j á c o n v id a m o s o s f iló s o f o s d o s o u t r o s p a ís e s 1. A
m e s m a r a z ã o n o s le v o u a d e c id ir m o - n o s a s u p r im ir o s ín d ic e s d e te r m o s e s t r a n
g e ir o s q u e o e d ito r t i n h a a c r e s c e n ta d o n a s e g u n d a e d iç ã o e q u e d e r a m lu g a r a
m a l- e n te n d id o s , n ã o o b s ta n t e a s p r e c a u ç õ e s e r e s e r v a s , d e m o d o q u e n o s p a r e
c e u p r e f e r ív e l c o r t a r o m a l p e la r a iz .
N ã o p r e te n d e m o s , c o m e s ta o b r a , d a r definições construtivas , c o m o a s d e
u m s is te m a h ip o té tic o - d e d u tiv o , m a s definições sem ânticas, p r ó p r i a s p a r a e s
c la r e c e r o s e n ti d o , o u o s d if e r e n te s s e n tid o s d e u m te r m o e a f a s t a r t a n t o q u a n t o
p o s s ív e l o s e r r o s , a s c o n f u s õ e s o u o s s o f is m a s . T a n t o n e s te c o m o e m o u tr o s c a
so s n ã o p o d e m o s p a r t i r d o n a d a ; q u a n d o a ta l se p r e te n d e , a c a b a m o s a p e n a s
p o r n ã o te r c o n s c iê n c ia d a q u ilo q u e se p a r te . A f ilo s o f ia sem p r e s s u p o s to s é u m a
d a s f o r m a s d a q u ilo a q u e S c h o p e n h a u e r c h a m a v a , e n ã o sem r a z ã o , o c h a r l a t a
n is m o f ilo s ó f ic o . P o r m a is f o r t e r a z ã o o o b je tiv o d e u m t r a b a l h o d e s te g ê n e r o
n ã o é c r ia r ex nihilo o s e n tid o d a s p a la v r a s , n e m s e q u e r c o n s ti tu ir d e c is o r ia m e n
te u m j o g o d e te r m o s d o s q u a is u m c e r to n ú m e r o s e r ia m a d o t a d o s c o m o in d e f i
n ív e is e o s o u t r o s c o n s tr u íd o s a p a r t i r d e s te s . N ã o d e v e m o s , p o is , t r a t a r e s s a s
d e f in iç õ e s c o m o se fo s s e m p r in c íp io s f o r m a is s o b r e o s q u a is te r ía m o s o d ir e ito
d e r a c io c in a r m a te m a ti c a m e n te , m a s c o m o e x p lic a ç õ e s e m q u e se p o d e m e n c o n
t r a r r e p e tiç õ e s d e p a la v r a s q u a n d o e s ta s n ã o f a z e m c o r r e r o r is c o d e d e ix a r o
e s p ir ito n a in d e te r m in a ç ã o . R espice fin e m , g o s ta v a L e ib n iz d e d iz e r : o fim , a q u i,
n ã o é o d e m a n e i r a n e n h u m a c o n s ti tu ir u m a a x io m á tic a , m a s o d e f a z e r c o n h e
c e r r e a lid a d e s lin g ü ís tic a s e p r e v e n ir m a l- e n te n d id o s .
U m a o u t r a ilu s ã o m a n if e s t o u - s e n o d e c u r s o d a s d is c u s s õ e s q u e p r e p a r a r a m
a c o n s ti tu iç ã o d e s te Vocabulário. E s t á lig a d a , t a m b é m , a o d e s c o n h e c im e n to d a
s e m â n tic a : p o r q u e a s v e r d a d e s d e s ta o r d e m e s tã o a i n d a lo n g e d e s e r i n c o r p o r a
d a s , c o m o a s d a fís ic a e le m e n ta r , à m e n ta lid a d e c o r r e n te d o s f iló s o f o s . É a c re n ç a
n a t u r a l d e q u e e x is te u m a c o r r e s p o n d ê n c ia r e g u la r e n tr e a s p a la v r a s e as c o is a s ,
e p r in c ip a lm e n te d e q u e c a d a p a l a v r a , se p o s s u i v á r ia s a c e p ç õ e s , s e m p r e p o s s u i
p e lo m e n o s u m s e n tid o c e n t r a l , g e n é r ic o , d e q u e o s o u tr o s s e r ia m a p e n a s a p lic a
ç õ e s p a r t i c u l a r e s , u m s e n tid o p r iv ile g ia d o , q u e a c r ític a f il o s ó f ic a d e v e e n c o n
t r a r . E n c o n t r a m o s a í u m a c o n f i a n ç a n a s a b e d o r ia d a lin g u a g e m q u e f a z le m
b r a r a d o C rátilo — s e o C rátifo n ã o f o r u m r o s á r i o d e g r a c e jo s ir ô n ic o s , à m a
n e ir a d a s p a r ó d ia s d o B anquete. V e re m o s e m m u ita s d a s “ O b s e r v a ç õ e s ” a p r o
c u r a d e s s a u n id a d e s e c r e ta q u e j u s t i f i c a r i a p a r a a r a z ã o o s m a is d iv e rs o s e m p r e
g o s d e u m a m e s m a p a l a v r a 1.
É c e r to q u e a u n iv o c id a d e é u m id e a l p a r a o q u a l te n d e a lin g u a g e m e s p o n ta
n e a m e n te , a in d a q u e d e u m a m a n e i r a m u ito ir r e g u la r ; e e x is te u m a g r a n d e t e n
ta ç ã o , em t o d a s a s m a té r ia s , d e a f i r m a r c o m o u m f a t o a q u ilo c u j o v a lo r n o r -
ç õ e s , o r a in te n s a s , o r a d if ic ilm e n te c o n s c ie n te s , q u e a h i s tó r ia d e c a d a p a l a v r a ,
m e s m o d e s c o n h e c id a , f a z v i b r a r f r e q ü e n te m e n te e m t o r n o d e la . E x is te m p a l a
v r a s n o b r e s , c o m o idealismo; in g ê n u a s , c o m o progresso; d is tin ta s , c o m o dialé
tica; im p o n e n te s , c o m o mediação; f o r a d e m o d a , c o m o virtude. A o g o v e r n o d e
a lg u n s , d iz ia j á A r is tó te le s , c h a m a m o s aristocracia q u a n d o se p e n s a q u e a q u e
le s u tiliz a m o p o d e r p a r a o b e m p ú b lic o ; oligarquia q u a n d o s ã o a c u s a d o s d e o
u s a r a p e n a s e m s e u p r o v e ito . E s t a c o n o t a ç ã o m u d a s e m d ú v id a d e u m a é p o c a
p a r a a o u t r a : te s t e m u n h a - o o tít u l o e n g r a ç a d o e j u s t i f i c a d o d e E r n e s t S e illiè re ,
D a D eusa N atureza à D eusa Vida. M a s , e n q u a n t o p e r m a n e c e r , n a d a d e m a is
c ô m o d o p a r a b a t a l h a r e p a r a d a r o a r d e te r o s e n s o c o m u m d o s e u l a d o . A s s im ,
p r o c u r a c a d a u m a p o d e r a r - s e d a s p a la v r a s c o m o v e n te s , o u s im p á tic a s , o u e m
m o d a , d a q u e la s q u e p o s s u e m u m r e f le x o d e p r o f u n d e z a o u a u t o r i d a d e .
E s f o r ç a r - s e p o r c o n d u z ir o s s u b e n te n d id o s d e s te g ê n e r o à p le n a c o n s c iê n c ia
é a ú n ic a c a ta r s e q u e p o d e c o m b a t e r a r e s is tê n c ia q u e e le s o p õ e m à v e r d a d e . S ó
c a ím o s c o m p le ta m e n te n o v e r b a lis m o q u a n d o p e n s a m o s n ã o n o s o c u p a r m o s d a s
p a la v r a s e m o v e r m o - n o s a p e n a s im a te r ia lm e n te n o p e n s a m e n to p u r o . O ú n ic o
m e io d e n ã o s e r s u a v ítim a é a s t o m a r m o s sem f a ls a d e lic a d e z a c o m o o b je to im e
d i a t o d a s u a in v e s tig a ç ã o e d a s u a c r ític a .
M a s é p r e c is o n ã o e s q u e c e r q u e , se e s ta p r e c a u ç ã o é f u n d a m e n t a l , n ã o é a
ú n ic a a s e r t o m a d a . U m a o u t r a v e r d a d e p o s t a a c l a r o p e la lin g ü ís tic a é q u e a
lin g u a g e m n ã o se c o m p õ e d e p a l a v r a s , m a s d e f r a s e s . A s in ta x e f il o s ó f ic a e x ig i
r i a , p o is , n ã o m e n o s v ig ilâ n c ia d o q u e o v o c a b u lá r io : m a s e s ta c r ític a , a t é h o je ,
f o i p r a t i c a d a a p e n a s d e f o r m a m u i t o a c id e n ta l. P o r e x e m p lo , u m d o s p e c a d o s
u s u a is d o s f i l ó s o f o s é o p s e u d o - r a c io c ín io c u ja p a r ó d i a p o d e m o s e n c o n t r a r n o
s o r ite d e C y r a n o , c la r a m e n te c ô m i c o 1: “ P o r a í s e v ê . . . D a í r e s u l t a q u e . . . S o
m o s a s s im c o n d u z id o s a a d m i t i r . . . ” c o n d u z e m - n o s s u a v e m e n te a p r e te n s a s c o n -
s e q ü ê n c ia s q u e n ã o se a p o i a m e m n e n h u m a n e c e s s id a d e . G r a n d e s e s p ír ito s n ã o
e s c a p a r a m d e t a l s o r te . P o r v e z e s d e i a o s e s t u d a n t e s , c o m o e x e r c íc io d e ló g ic a ,
p e g a r u m a p r o p o s i ç ã o d o q u a r t o o u q u i n t o liv r o d a É tica e r e c o n s t i t u i r , s e g u in
d o a s r e f e r ê n c ia s d o p r ó p r i o E s p in o s a , a c a d e ia d e d e m o n s t r a ç õ e s q u e p r e te n s a
m e n te lig a r ia e s s a p r o p o s i ç ã o a o s a x io m a s , d e f in iç õ e s e p o s t u l a d o s in ic ia is .
A q u e le s q u e o t e n t a r a m f a z e r e n c o n t r a r a m t a n t a s r u p t u r a s , t a n t a s in d e te r m in a -
ç õ e s , t a n t o s “ p e q u e n o s s a l t o s ” e a t é g r a n d e s q u e s e d iv e r tir a m o u s e d e c e p c io
n a r a m . O E nsaio d e H a m e li n s a lt a f r e q ü e n te m e n te p a r a u m a e q u iv a lê n c ia
c la r a m e n te a r b i t r á r i a p e lo s r e g is tr o s : “ O q u e s e r ia , s e n ã o . . . ? ” o u “ O q u e is to
q u e r d iz e r , s e n ã o . . . ? ” E , n o f u n d o , n ã o s e r á o m e s m o t r o p o q u e s e e n c o n tr a
n a b r i l h a n t e e c é le b r e f ó r m u l a ; “ E is p r o d ig io s o s f a r d o s . N ã o s e r á d e m a is a t é
p a r a D eu s c a rre g á -lo s ? ”
S o r r im o s h o j e e m d ia d o s m o v im e n to s d e e lo q ü è n c ia q u e V ic to r C o u s in f a
z ia p a s s a r p o r ra z õ e s ; m a s t o d a s a s é p o c a s p o s s u e m a s u a r e t ó r i c a f ilo s ó f ic a ,
q u e , p o r s e r d if e r e n te , n ã o é p o r is s o m a is d e m o n s t r a t i v a : p e n s e -s e n a p r o l i f e r a
ç ã o , e n tr e o s c o n t e m p o r â n e o s , d a s f o r m a s d e lin g u a g e m , c a te g ó r ic a s o u d e p r e
c ia tiv a s , q u e p a s s a m m u ita s v e ze s p o r a r g u m e n to s .
U m o u t r o a r tif í c io d e e s tilo c o n s is te e m e n v o lv e r n u m a f r a s e q u e s o a b e m
u m a c o n t r a d i ç ã o im p líc ita . E s ta m o s e n t ã o à v o n t a d e p a r a e x tr a ir d e la e m s e g u i
d a a s c o n s e q u ê n c ia s m a is v a r ia d a s e m a is in te r e s s a n te s , u m a s v e r d a d e ir a s , o u
tr a s fa ls a s , d a d o q u e o c o n tr a d itó r io im p lic a q u a lq u e r c o is a . S e m ir m o s tâ o lo n g e ,
in f e liz m e n te n a d a é t ã o c o m u m e m f il o s o f i a q u a n t o a s f r a s e s e m b r u lh a d a s o u
v a g a s , p e r a n t e a s q u a is o le ito r u m p o u c o c r ític o s e p e r g u n ta c o m p e r p le x id a d e :
“ O q u e is to q u e r d iz e r e x a ta m e n te ? ” E la s tê m d u a s g r a n d e s v a n ta g e n s : u m a é
a d e f a z e r p a s s a r p o r p la u s ív e l, se n ã o a o lh a r m o s d e m u ito p e r t o , u m a id é ia
q u e m a is a d i a n t e s e r á u t i liz a d a , m a s c u jo c a r á t e r a r b i t r á r i o o u f a ls a g e n e r a lid a
d e s a l t a r i a a o s o lh o s s e m a n é v o a d is c r e ta q u e lh e e s b a te o s c o n t o r n o s . O s e g u n
d o b e n e f íc io d o o b s c u r o o u d o in s ó lito c o n s is te e m o f e r e c e r a e s p ír ito s d iv e rs o s
o c a s iã o p a r a a í p r o j e t a r d if e r e n te s p e n s a m e n to s : a s s im t o d o s f i c a r ã o s a tis f e ito s
c o m a q u ilo q u e a li c o lo c a m e a g r a d e c id o s a o a u t o r p o r e s ta r d e sse m o d o d e a c o r d o
c o m e les. O p e q u e n o e s f o r ç o q u e s u s c ita e s s a p r o j e ç ã o d á u m a g r a d á v e l s e n ti
m e n to d e p r o f u n d i d a d e , a s s im c o m o u m a g r a ç a e m lín g u a e s tr a n g e ir a , q u a n d o
a c o m p r e e n d e m o s , n o s p a r e c e b e m m a is s a b o r o s a . L e o n a r d o d a V in c i r e c o m e n
d a v a a o s jo v e n s q u e o lh a s s e m a u m a c e r ta d is tâ n c ia u m v e lh o m u r o e m r u ín a s ,
n o q u a l a o f im d e a lg u m te m p o p e r c e b e r ia m p a is a g e n s , m u ltid õ e s , o u s a d o s m o
v im e n to s , e s b o ç o s v ig o r o s o s e im p r e v is to s . P a u l S ig n a c , se b e m m e r e c o r d o , t i
n h a f o t o g r a f a d o u m f u n d o d e p a n e la in c r u s t a d o d e s u je i r a , e f a z ia a d m ir a r a o s
s e u s a m ig o s tu d o a q u ilo q u e a li se p o d i a v e r c o m u m p o u c o d e im a g in a ç ã o .
M a s e s te n ã o é o l u g a r p a r a t e n t a r f a z e r u m in v e n tá r io d e s ta s im p e r íc ia s o u
p e ríc ia s d a lin g u a g e m , q u e u ltr a p a s s a m a s im p le s a m b ig u id a d e d o s te rm o s . T r a ta -
se a p e n a s d e a s s in a la r o s e u l u g a r . O s S o fism a s d e A r is tó te le s , o s E nsaios e os
N o v o s ensaios , a s Lógicas d e P o r t - R o y a l , d e J . S . M ill, d e H . A . A ik in s
r e v e la r a m - s e b o n s m o d e lo s ; m a s h á a i n d a m u i t o q u e f a z e r n e s te t e r r e n o , e n ã o
s e t r a t a d e t r a b a l h o e s té r il. É le v a n d o a té o f u n d o a c r ític a d a lin g u a g e m , e s o b
t o d a s a s s u a s f o r m a s , q u e s e p o d e v e r d a d e ir a m e n te s a b e r o q u e p e n s a m o s ,
liv r a r m o - n o s d a q u ilo q u e n ã o p o s s u i q u a lq u e r s ig n if ic a ç ã o r e a liz á v e l, c o m p r e e n
d e r a q u ilo q u e le m o s s e m c o lo c a r id é ia s p r e c o n c e b id a s n o lu g a r d a q u e la s q u e
o a u t o r q u e r ia e x p r e s s a r , e a s s im r e d u z ir a p a r t e d a q u i l o q u e s e m p r e p e r m a n e c e
in c e r to n e s te a t o , t ã o i m e d ia to n a a p a r ê n c i a , t ã o c o m p le x o e t ã o d if íc il d e f a t o :
a tr a n s m is s ã o d e u m a id é ia d e u m c é r e b r o a o u t r o . E to d a v i a é e s s a a c o n d iç ã o
n e c e s s á r ia d e u m a c o m u n id a d e m e n ta l s e m a q u a l n ã o h á v e r d a d e .
M a s e ssa c o m u n id a d e , q u e , p a r a s e r r e a l, e x ig e n o ç õ e s b e m c la r a s e e x p r e s
sõ e s p r e c is a s , s e r á p o s s ív e l? C o l o c a r a m - n o e m d ú v i d a . U m c e r to g r a u d e in d e c i
s ã o e d e o b s c u r id a d e p a s s a , e n tr e m u ita g e n te , p o r s e r u m c lim a a s s a z f a v o r á v e l
P R E F Á C IO X IX
a o p e n s a m e n to . R e c o r d e m o s , d iz -s e , a q u ilo q u e t ã o ju s ta m e n te e sc re v e u É d o u a r d
L e R o y : “ A in v e n ç ã o re a liz a -s e n o n e b u lo s o , n o o b s c u r o , n o in in te lig ív e l, q u a s e
n o c o n t r a d i t ó r i o ... É n e s s a s re g iõ e s d e c r e p ú s c u lo e d e s o n h o q u e a c e r te z a n a s c e ..,
U m m a lf a d a d o c u id a d o d e r ig o r e d e p r e c is ã o e s te riliz a m a is s e g u r a m e n te d o q u e
q u a lq u e r f a l t a d e m é t o d o .” 1 N a d a d e m a is e x a to . M a s t r a ta - s e d e u m g ro s s e ir o
s o f is m a — e o p r ó p r io a u t o r o d e n u n c io u — le v a r p a r a a o b r a c o n c lu id a , p a r a
o liv r o , p a r a a v e r if ic a ç ã o d a s id é ia s a tr a v é s d a s u a c o m p a r a ç ã o , a q u ilo q u e é v e r
d a d e a p e n a s p a r a o p e n s a m e n to n a s c e n te e p a r a a in v e n ç ã o . O s o s s o s f o r a m p ri-
m e ir a m e n te te c id o s q u a s e a m o r f o s , d e p o is c a r tila g e n s flex ív eis: m a s o c o r p o
p e r m a n e c e r ia n u m e s ta d o d e in f a n tilis m o p a to ló g ic o se o e s q u e le to n ã o a d q u iris s e
d e s d e lo g o a rig id e z n e c e s s á ria p a r a a a ç ã o . F a z e r a a p o lo g ia d o v a g o , d o in c e r to ,
d o e q u ív o c o , c o r r e s p o n d e a r a c io c in a r a dicto secundum q u id a d dictum simplici-
ter. É c e r to q u e a s o b s c u r id a d e s s ã o fe c u n d a s , m a s p e lo t r a b a l h o q u e p r o v o c a m
p a r a a s d is sip a r; a s c o n tra d iç õ e s s ã o ex celen tes p a r a serem d is tin g u id a s, m a s é p o r q u e
i r r i t a m u m e s p ír ito a tiv o e s u s c ita m o e s f o r ç o q u e a s u ltr a p a s s a r á . F o r a d e ss e m o
m e n to d ia lé tic o , n e n h u m b e n e f íc io . S ã o c o n d iç õ e s d e p a s s a g e m e n ã o v a lo re s e m
$i. I n s ta la r - s e a í c o m c o m p la c ê n c ia é a c e n d e r o f o g o e n a d a a í c o lo c a r p a r a a q u e c e r.
M u ito s f iló s o f o s , o u p r e te n s a m e n te t a i s , tê m p e n d o r p a r a t a l , q u e r p o r i n t e
r e s s e , q u e r p o r g o s to . U n s d is s im u la m a c a d u c id a d e o u a in s ig n if ic â n c ia d a q u ilo
q u e p e r c e b e m s o b u m a o b s c u r id a d e v e r b a l q u e lh e s d á a ilu s ã o d e p r o f u n d i d a
d e ; e o s s e u s le ito r e s p a r t i l h a m - n a , se n ã o e s tiv e r e m p r e v e n id o s c o n t r a e s te e f e i
to d e ó p tic a ; é m u i t o r a r o o o u s a r g r i t a r : o re i e s tá n u ! O u t r o s , m a is a r t i s t a s ,
g o s ta m d a s lu m in o s id a d e s c r e p u s c u la r e s p o r q u e e s ta s s e p r e s t a m à im a g in a ç ã o :
t r a n s f o r m a m , c o m o d iz ia K a n t , o p e n s a m e n to n u m j o g o , e a f i l o s o f i a e m f ílo -
d o x ia . M a s o o b s tá c u lo n ú m e r o u m à p r o c u r a d a lu z é m u ito p r o v a v e lm e n te a
v o n ta d e d e p o tê n c i a , o d e s e jo d e e x ib ir a s s u a s v ir t u o s id a d e s , o u d e c o n s t r u i r
u m a b r ig o c o n t r a a s o b je ç õ e s d e m a s ia d o e v id e n te s . A v e r d a d e é u m lim ite , u m a
n o r m a s u p e r io r a o s in d iv íd u o s ; e a m a i o r i a d e le s a lim e n ta u m a s e c r e ta a n im o s i
d a d e c o n t r a o s e u p o d e r . T o c a m o s a q u i n u m d o s f a t o s m a is p r im itiv o s , m e s m o
n a o r d e m in te le c tu a l e m o r a l: a l u t a d o outro c o n t r a o m esm o, o f a ls o id e a l d e
d o m i n a ç ã o , in d iv id u a l o u c o le tiv a , c o n t r a a c o m u n id a d e e s p ir itu a l e a p a z . E s t a
a n t i f i l o s o f i a c o m b a t iv a e b io m ó r f ic a a v a s s a lo u a E u r o p a e m n o m e d o p r e te n s o
d ir e ito d e c a d a E s ta d o p e r m a n e c e r s o b e r a n o e o c u p a r t o d o o s e u e s p a ç o v ita l.
E o s h o m e n s a p r a tic a m p o u c o m e n o s d o q u e o s g o v e rn o s . E la e s tá s e m p r e p r o n ta
p a r a m in a r s u tilm e n te o u p a r a a t a c a r p e la f o r ç a o p r o g r a m a d a r a z ã o , q u e r d i
z e r , o liv r e a c o r d o p a r a a v id a , e o liv re a c o r d o n o p e n s a m e n to . T r a b a l h a r , p e lo
c o n t r á r i o , p a r a m a n te r e s te liv r e a c o r d o fo i o o b j e t o p r im e ir o d e s te tr a b a l h o ;
e , n ã o o b s t a n t e a s s u a s u tiliz a ç õ e s a c e s s ó r ia s , p a r e c e - n o s d e f a t o q u e e s te p e r
m a n e c e a in d a s e n d o o s e u p r in c ip a l in te r e s s e .
A Çá 2 é Lτ Âτ Çá E
O s r a d ic a is in te r n a c io n a is in d ic a d o s n o f im d o s a r tig o s n ã o s ã o p a la v r a s c o m
p le ta s ; d e s tin a m - s e a re c e b e r as te r m in a ç õ e s c o n v e n c io n a is q u e , n u m a lín g u a a r t i
fic ia l, a s s in a la m o s u b s ta n tiv o ( s in g u la r o u p lu r a l) , o a d je tiv o , o v e rb o n o s seu s
d ife re n te s m o d o s e te m p o s , e tc ., a s s im c o m o o s p r e f ix o s o u s u fix o s q u e p e rm ite m
a d e riv a ç ã o . P o r e x e m p lo , K oncept... d a r á K oncepto (c o n c e ito ); Koncepta (c o n
c e p tu a l, n o s e n tid o d e : q u e é u m c o n c e ito ); Konceptala (c o n c e p tu a l, n o s e n tid o
d e : re la tiv o a o s c o n c e ito s ); Konceptigar (c o n c e p tu a liz a r , t r a n s f o r m a r e m c o n c e i
to ) ; e a s s im p o r d ia n te . D e v e r-s e -á , p o is , q u a n d o o r a d ic a l in te r n a c io n a l n â o é in
d ic a d o n o f im d o a r tig o , v e r e m p r im e ir o lu g a r se n ã o se p o d e d e d u z i- lo im e d ia ta
m e n te d a r a iz d a d a n u m a r tig o p r ó x im o .
O m a is d a s v ezes, p e lo c o n tr á r io , esses s u fix o s tiv e r a m d e s e r e x p re s s a m e n te
m e n c io n a d o s , n a f o r m a ç ã o d o ra d ic a l, p a r a c o rre s p o n d e r à p a la v r a fra n c e s a , o u p a
r a d is tin g u ir o s seu s d iv e rs o s s e n tid o s ; p o r e x e m p lo : n o sk o , c o n h e c im e n to {ato d e
c o n h e c e r); noskato, c o n h e c im e n to (c o is a c o n h e c id a ; at, su fix o d o p a rtic ip io p a s s a
d o p a ssiv o ); nedetermineso, in d e te rm in a ç ã o (c a ra c te rís tic a d a q u ilo q u e n â o é d e te r
m in a d o ); maldeterminism o , in d e te rm in is m o (d o u tr in a c o n tr á r ia a o d e te rm in is m o ).
U m j o g o d e p r e f ix o s e s u f ix o s d e s te t ip o , q u a n d o s ã o b e m e s c o lh id o s e e m
p r e g a d o s p r o p r i a m e n t e , d á a u m a lín g u a a r tif i c ia l m u i t a s u tile z a e p r e c is ã o . E is
a q u i, p a r a o u s o f il o s ó f i c o , o s m a is in te r e s s a n te s d e n tr e e les, n o s is te m a Id o ,
q u e a té h o je r e a liz o u o m é to d o d e d e r iv a ç ã o m a is p e r f e ito :
P re fix o s: mal-, c o n trá rio ; mi-, p ela m e ta d e ; mis-, d ificilm en te ; ne-, n e g aç ã o p u r a
e sim p le s, sem o p o s iç ã o d e c o n tr a r ie d a d e ; pre-, a n te s ; re-, re p e tiç ã o ; sen-, p riv a ç ã o .
S u f ix o s : -aj, c o is a f e ita d e ; -al, r e la tiv o a ; -ar, c o le ç ã o , r e u n iã o ( p o r e x e m
p lo , vortaro, v o c a b u lá r io ) ; - ebl , q u e p o d e s e r . . . ( p o r e x e m p lo , q u e p o d e s e r v is
t o , c o m p r e e n d id o , d e s e ja d o , e tc .) ; -end, q u e se d e v e ... ( p a r tic ip io la tin o e m dus)\
-es, s e r , e s ta d o d a q u ilo q u e é is to o u a q u ilo (s e rv e p a r a f o r m a r te r m o s a b s t r a
to s : vereso, v e r d a d e , n o s e n tid o : c a r a c te r ís tic a d a q u ilo q u e é v e r d a d e ir o ) ; -esk,
c o m e ç a r ; -ig, t o r n a r ; -ij, t o r n a r - s e ; -//, m e io , in s tr u m e n to p a r a . . . ; -;v , q u e p o d e ;
oz, c o n t a n t o q u e ; -ur, p r o d u z i d o p o r ; e tc .
( S e g u n d o a Franca G uidlibreto d e C ÃZ I Z 2 τ I e LE τ Z ,
P a r i s , C h a ix , 1 9 0 8 .)
ABREVIATURAS
G . G r e g o . — L . L a tim . — D . ( D e u ts c h ) A le m ã o . — E . ( E n g lis h ) I n
g lê s. — F . ( F r a n ç a is ) F r a n c ê s . — I. ( I ta lia n o ) I ta lia n o .
R a d . m f .: R a d ic a l i n te r n a c i o n a l.
V o, s u b V o (verbo, sub verbo): r e m is s ã o a u m a r tig o d e u m d ic io
n á r io o u v o c a b u lá r io . I n . A p . (in o u apud, e m ): te x to c ita d o n u m
o u t r o te x to , o u p u b lic a d o n u m a o b r a c o le tiv a .
P p : P r o p o s iç ã o . — R : R e la ç ã o .
P r , P p r : P r in c í p io , p r o p o s iç ã o p r im e ir a .
S , P : S u je ito e p r e d ic a d o ( n u m a p r o p o s iç ã o r e p r e s e n ta d a e s q u e m a
tic a m e n te ) .
O a s te r is c o * in d ic a q u e se p o d e r e p o r t a r a u m a r tig o d o p r e s e n te Vocabulá
rio. A le tr a (S ) r e m e te a o S u p le m e n to .
O s t ítu lo s d e a r tig o s e n tr e a s p a s in d ic a m q u e r u m n e o lo g is m o , q u e r u m t e r
m o e s p e c ia l n a lin g u a g e m d e u m a u t o r o u d e u m a e s c o la .
Carta de N ... (se m o u t r a r e f e r ê n c ia ) : c a r ta e s c rita p o r N . . . e m r e s p o s ta a o
e n v io d a s p r o v a s d o Vocabulário o u p o r o c a s iã o d a p u b lic a ç ã o d e u m d o s f a s
c íc u lo s .
A b r e v ia m o s u m c e r to n ú m e r o d e p a la v r a s m u ito u s u a is (L ó ; . p a r a L ó g ic a ,
P s i c . p a r a P s ic o lo g ia , e tc .) , a s s im c o m o títu lo s d e o b r a s m u ito c o n h e c id a s e f á
ceis d e c o n s u lt a r . A lg u m a s r e f e r ê n c ia s f o r a m r e d u z id a s a o n o m e d o a u t o r ; s ã o
e la s : A Tτ á , p a r a D ictionnaire de l ’A cadém ie française (1 8 7 8 ); B τ Â á ç « Ç , p a r a
D ictionary o f P hilosophy a n d P sychology o r g a n iz a d o p o r J . M . B a ld w in ; B û-
Ç« U , p a r a o seu In d ex A ristotelicus ; D τ 2 O . e H τ
I U ., p a r a o D ictionnaire de
I
la langue française d e D a r m e s te te r , H a tz f e ld e T h o m a s (c o m a c o la b o r a ç ã o d e
S u d re ); D T τ Oζ 2
E 7 E, p a r a Dictionnaire usuel des sciences médicales s o b a d ire ç ã o
d e D e c h a m b r e e L e r e b o u lle t ( a r tig o s d e f ilo s o f ia p o r V ic to r E g g e r); ElSLER,
XXIV A B R E V IA T U R A S
A s c ita ç õ e s d e D e s c a r te s , s e g u id a s d a in d ic a ç ã o “ A d . e T a n . ” , r e m e te m à
g r a n d e e d iç ã o d a s Obras de Descartes p o r A d a m e T a n n e r y . M a s d iv e r s a s d a s
s u a s o b ra s s ã o c ita d a s d ir e ta m e n te p o r p a r te s o u c a p ítu lo s e p a r á g r a f o s . P o r e x e m
p lo , M é t., IV , 7 = D iscurso do m é to d o , 4? p a r t e , § 7 .
L E , G e r h . ( = e d iç ã o G e r h a r d t, Philosophische Schriften ); G e r h . M a th ,
« ζ Ç« U
d a r a z ã o p u r a ) , d e s ig n a m r e s p e c tiv a m e n te a p r im e ir a e a s e g u n d a e d iç ã o . A i n
d ic a ç ã o d a s p á g in a s d e s ta s e d iç õ e s é r e p r o d u z id a n a d e K e h rb a c h (in -1 6 , R e c la m ),
p a r a a q u a l f o r a m f e ita s ta m b é m a lg u m a s r e m is s õ e s .
A
2 4 d e n o v e m b ro d e 1696: “ C o m p re i as o b ra s d e S a n ta T e re s a e a v id a d e  n g e lo
d e F o lig n o , o n d e e n c o n tr o c o isa s a d m irá v e is re c o n h e c e n d o c a d a v ez m a is q u e a v er
d a d e ir a te o lo g ia e re lig iã o d ev e e n c o n tr a r -s e n o n o s s o c o ra ç ã o a tra v é s d e u m a p u r a
abnegação d e n ó s m e sm o s a b a n d o n a n d o - n o s à m is e ric ó rd ia d iv in a ” (Bτ 2 Z U« , Leib-
niz, B lo u d , 1909, p . 337). A p a la v r a a b n e g a ç ã o é u tiliz a d a d iv e rsa s vezes p o r L e ib n iz
n e ste m e sm o s e n tid o re s u m id o n e ste te x to c u rio s o e e n érg ico : “ A n e g a ç ã o d e si m es
m o é o ó d io d o p ró p r io n ã o -s e r e m n ó s e o a m o r d a f o n te d o n o sso ser p e sso a l, q u e r
d iz e r, de D e u s ” (ibid., p . 375). N e g a r o eu odioso é p r e p a r a r o a d v e n to d o eu me
lhor. (Maurice Blondel)
A a b n e g a ç ã o é u m a v a rie d a d e , u m a esp écie de s a c rifíc io . É u m s a c rifíc io q u e im
p lic a a n te r io r m e n te u m a esp écie d e r e n ú n c ia intelectual. H á u m ju íz o d e s e p a ra ç ã o ,
u m ju íz o a tra v é s d o q u a l d e c la ra m o s q u e ta l te n d ê n c ia o u p a ix ã o , ta l in te re sse d e
vem d e s a p a re c e r d o n o s s o h o riz o n te , se e n c o n tr a m negados (negaré)y c o lo c a d o s lo n
ge d e n ó s (ab). E n tã o , a a m p u ta ç ã o n ã o é d o lo r o s a . O a fe tiv o é r e d u z id o a o m ín im o .
N u m s e n tid o , a a b n e g a ç ã o p o u p a -n o s a p e n a d o s a c rifíc io . O s a c rifíc io é u m a a b n e
g a ç ã o q u e c o m e ç a p elo c o ra ç ã o ; a a b n e g a ç ã o é u m s a c rifíc io q u e a in te lig ê n c ia in a u
g u ra , c o n su m a e e sg o ta . A a b n e g a ç ã o é a fo r m a in te le c tu a l d o s a c rifíc io . (L . Boisse)
3 A B SO L U T O
P a re c e -n o s d u v id o s o q u e a p a la v r a te n h a re a lm e n te este a c e n to in te le c tu a lis ta .
Negare te m , a liá s , em la tim u m se n tid o m u ito m ais a tiv o e a fe tiv o m e n o s e s tr e ita
m e n te lógico q u e negar. Q u e r d izer ta m b é m recusar. “ N eg are o p e m p a tria s” . (A.
L .) N ã o so m e n te negare n a o te m u m s e n tid o p u ra m e n te in te le c tu a l c o m o n ã o v ejo
q u e , de fa to , e isto é o m ais im p o r ta n te , o u s o ju s tif iq u e a re s triç ã o d a p a la v r a à q u i
lo q u e d e p e n d e d a in te lig ê n cia. D ir-se -á m u ito b em q u e u m a v e lh a d o m é s tic a tr a to u
o s seu s p a trõ e s c o m u m a p e rfe ita a b n e g a ç ã o ; e m q u e s e ria a in te lig ê n c ia q u e “ in a u
g u r a r ia ” esse s ac rifíc io ? O s e n tid o im p lic a d o n e s ta p a la v r a é o d e u m g ra u de d e sin
te re sse o u d e u m a e x p re ssã o d e d e sin te re sse q u e u ltr a p a s s a m o sim p les “ e sq u e c im e n
t o ” d e si. ( G . Belot)
S o b re A b s o lu to — O § E fo i d iv id id o em d o is (a tu a lm e n te E e F ) e o fin a l d a
c ritic a fo i m o d if ic a d o c o rre la tiv a m e n te p a r a te r em c o n ta a s o b se rv a ç õ e s seg u in tes
d e Maurice Blondel e d e Em m anuél Leroux.
D ev e-se te r o c u id a d o d e n ã o id e n tific a r o absoluto n o s e n tid o o n to ló g ic o e es
sen c ia lm e n te e s p iritu a l c o m a c o n c e p ç ã o m a te ria lis ta e in trin se c a m e n te in in telig ív el
d e u m a re a lid a d e em si e p o r si, c o m o , p o r e x em p lo , a m a té ria ú n ic a d o s a lq u im is
ta s . N o se n tid o f o r te d a p a la v r a , o a b s o lu to é , c o m o o in d ic a a e tim o lo g ia , a q u ilo
q u e n ã o d e riv a d e n e n h u m a c o n d iç ã o , a q u ilo d e q u e tu d o d e p e n d e e q u e n ã o d e p e n
d e d e n a d a , o c o m p le to em si, a q u ilo e s ó a q u ilo q u e p o d e d iz e r: “ S o u a q u ilo q u e
s o u ” , o u c o m o o d e fin iu S e c ré ta n : “ S o u a q u ilo q u e q u e r o .” N ã o fo i a E s c o la E c lé ti
c a q u e v a lo riz o u e sta c a ra c te rís tic a d e s o b e r a n a aÒTÚQxeta. {Maurice Blondel)
D iz e r q u e se c o n s id e ra a n a tu r e z a re a l o u absoluta d e u m a c o is a independente-
mente d e tu d o o q u e n e la p o s sa h a v e r d e p a rc ia l, d e sim b ó lic o o u d e e rrô n e o n o c o
n h e c im e n to q u e d e la te m o s n ã o é d e m a n e ira n e n h u m a a f ir m a r q u e e ssa c o isa c o n s ti
tu i um A bsoluto , u m a re a lid a d e e x iste n te e m si e p o r si. P o r q u e n â o se c o n c e b e r i a
a natureza absoluta d e u m ser d e p e n d e n te , c o n tin g e n te , re la tiv o ? {Emm. Leroux )
A BSO LU TO 4
É q u e s tã o d e s a b e r se o absoluto n ã o é m a is d o q u e o o p o s to d e re la tiv o , a s a b e r,
o seu c o r r e la to . E , p o r c o n s e q ü ê n c ia , s a b e r se é le g ítim o p e n sa r à p a r te o a b s o lu to
o u a c r e d ita r fa z ê -lo (o q u e a c o n te c e q u a n d o se u tiliz a o te rm o s u b s ta n tiv a m e n te ).
E m to d o c a s o , a p a ss a g e m d o re la tiv o a o a b s o lu to n ã o p o d e ria te r lu g a r se n ã o
n u m m e sm o d o m ín io q u e se d ev e s e m p re d e fin ir. N u m a e x p re ssã o c o m o “ O A b s o lu
to o u o V a lo r ” , é p e la m a is a r b itr á r ia d a s p o s tu la ç õ e s q u e se id e n tific a o a b s o lu to
d a re a lid a d e c o m o a b s o lu to d o v a lo r.
N ã o sei se o a b s o lu to é o in f in ito , m a s p a re c e -m e q u e é o T o d o . O c o n ju n to c o n s
titu íd o p elo C r ia d o r e a c r ia tu r a p a re c e -m e m e re c e r o n o m e d e a b s o lu to a o m e n o s
ta n to q u a n to o C r ia d o r s o z in h o , e c o m m a is f o r te r a z ã o se este e s p e ra q u a lq u e r c o isa
d a s c ria tu ra s . (Marsaf)
O s e n tid o d a d o a e s ta p a la v r a p o r J .- J . GÃZ 2 á fo i re a lç a d o p o r Brunschvicg.
J .- J . G o u rd id e n tific a n d o o A b s o lu to c o m o In c o o rd e n á v e l o p õ e o A b s o lu to a o I n f i
n ito c o m o o d ife re n te a o sim ila r {Philosophie de la religión, p . 248). I m p o r ta c o n tu
d o n o ta r q u e o s e n tid o v e rd a d e iro d a p a la v r a em m e ta fís ic a é o s e n tid o in d ic a d o n a
le tra E , e q u e n esse s e n tid o a n o ç ã o d e A b s o lu to é id ê n tic a à n o ç ã o d e I n f in ito ta l
c o m o a e n te n d e m o s m o d e rn o s . {Ch. fVemer)
T a lv e z e s ta p a la v r a te n h a s o frid o se m p re d e u m a c e r ta a m b ig u id a d e : n o seu se n
tid o lite ra l e e tim o ló g ic o “ s e p a ra d o d e . . . , sem c o n e x õ e s , in d e p e n d e n te ” (d e o n d e
p o r e x em p lo “ a b la tiv o a b s o lu to ” ), c o m o n o seu s e n tid o m e ta fó ric o “ fin ito , c o m -
5 A BSO LU TO
p e n d e n s a b a l i o .” C o n s e rv o u c la r a m e n a U ab = a a (a U b) ~ a
te este c a r á te r la u d a tiv o e tra d ic io n a l n a s
Q u e r d iz er: u m te rm o absorve to d o t e r
o b r a s d a esco la eclética e p o r c o n se q ü ê n -
m o a d ic io n a l d e q u e é fa to r; u m fa to r ab
cia J . S. M « Â Â e stá c o r r e to q u a n d o n o ta
q u e n o d e b a te e n tre H τ O« Â I ÃÇ e C ÃZ è « Ç
sorve to d a s o m a d e q u e é u m te rm o .
a p a la v r a é a p e n a s u m p s e u d ô n im o c ô A B S T IN Ê N C IA D . Enthaitung ; E .
m o d o d o n o m e de D eu s. V er Filosofia de Abstinence; F . Abstinence ; I. Astinenza.
H am ilton, c a p . IV . ÉTICA. R en ú n c ia v o lu n tá ria à s a tisfa
P a re c e u à S o c ie d ad e d e F ilo so fia , d e ç ã o d e u m a n e c e ssid a d e o u de u m d e s e
pois d a d iscu ssão n a sessão d e 29 d e m a io j o . P e rte n c e a o s v o c a b u lá rio s e sto ic o
de 1902, q u e o eq u ív o co d esta p a la v ra n ã o (Abstine et sus tine) e c ris tã o ( = a b ste n ç ão
p o d e ria ser in te ira m e n te d e sfeito e q u e se d e c o m e r c a rn e ). É u tiliz a d o n o s n o sso s
ria p re fe rív e l u tiliz á -la n u m d o s trê s se n d ia s n u m s e n tid o m u ito e sp ecial re la tiv o
tid o s seg u in tes: à p r o p a g a n d a a n tia lc o ó lic a : o abstêmio
S o b r e tu d o q u a n d o ela é to m a d a c o é a q u e le q u e re n u n c ia a b s o lu ta m e n te ao
m o a d je tiv o o u c o m o a d v é rb io : a q u ilo u so d o á lc o o l, p o r o p o s iç ã o a o tem
q u e n ã o c o m p o r ta n e n h u m a re s triç ã o perante.
n em reserv a e n q u a n to tal e d e sig n a d o p o r Rad. int.: A b s te n .
ta l n o m e . É o s e n tid o C .
S o b r e tu d o q u a n d o e la é to m a d a c o A B S T R A Ç Ã O (G . A íp a íç ecris; L .
m o s u b s ta n tiv o : Abstractio ) D . Abstraction; E . Abstrac-
1? O Ser q u e n ã o d e p e n d e de n e n h u m tion ; F . Abstraction; I. Astrazione.
o u tr o . É o s e n tid o E . A. A ç ã o d o e sp írito q u e c o n s id e ra s e
2? O S er e n q u a n to tem u m a n a tu re z a p a ra d a m e n te u m e le m e n to (q u a lid a d e o u
p r ó p r ia e in d e p e n d e n te d o c o n h e c im e n re la ç ã o ) d e u m a re p re se n ta ç ã o o u d e u m a
to q u e d ele se te m . É o s e n tid o F . n o ç ã o c o lo c a n d o e sp e c ialm en te a a ten ç ã o
N o ta r-s e - á q u e as sig n ific a ç õ e s E e F s o b re ele e n e g lig e n c ia n d o o s o u tr o s .
s ã o a q u e la s às q u a is j á K a n t re d u z ia o s B . R e s u lta d o d e s ta a ç ã o . V er A b s
d iv e rso s s e n tid o s d a p a la v r a . V er o s te x tracto.
to s c ita d o s m a is a trá s . C . N a o p e ra ç ã o a c im a m e n c io n a d a
Rad. in t.: C . A b s o lu t (a ); E . A b s o lu t (A ) d iz-se q u e se fa z abstração d o s ele
(o ); F . E n s i. m e n to s q u e s ã o n e g lig e n c ia d o s. “ F a z e r
a b s tr a ç ã o d e . . . ” c o rre s p o n d e assim a d e
1 . A B S O R Ç Ã O (em P s i c . ; a n tig o e s ig n a r o c o n tr á r io d o q u e d e sig n a m o s
p o u c o u s a d o ) D . Vertiefung; E . A bsorp -
“ a b s tr a ir ” o u " c o n s id e r a r p o r a b s tr a
tion; F . A bsorption ; I. Assorbim ento. ção” .
E s ta d o d e e s p írito a b s o r v id o ( = m e r
g u lh a d o n u m p e n s a m e n to o u n u m a p e r
c ep ç ã o a p o n to d e n ã o p e rc e b e r m a is n a N OTA S
d a ). O p o sto p o r H 2 ζ τ 2
E I à re fle x ã o , n a
A a b s tr a ç ã o is o la p o r in te rm é d io d o
m e d id a em q u e a p rim e ira in d ic a q u e o
p e n s a m e n to a q u ilo q u e n ã o p o d e ser iso
su jeito se p erd e m o m e n ta n e a m e n te n o o b
la d o n a re p re se n ta ç ã o . A d issecção de um
je to e a seg u n d a q ue ele v o lta a si e o co m
ó rg ã o o u m e sm o a re p re s e n ta ç ã o in te le c
p re e n d e .
Rad. int.: A b s o r b . tu a l d e u m ó rg ã o is o la d o não é u m a a b s
tr a ç ã o .
2 . A B S O R Ç Ã O (L ei d a ) P r o p r ie d a A a b s tr a ç ã o d ife re d a análise p e lo f a
d e d a a d iç ã o e d a m u ltip lic a ç ã o ló g ic a s, t o d e e sta ú ltim a c o n s id e ra r ig u a lm e n te
q u e se e x p rim e p e la s d u a s fó r m u la s c o r to d o s o s e lem en to s d e u m a re p re se n ta ç ã o
re la tiv a s: a n a lis a d a .
ABSTRACCIONISM O 8
O s e n tid o C , se b e m q u e m u ito n o r p a r a to m a r as a b s tr a ç õ e s c o m o e q u iv a
m a l (p o is d e riv a le g ítim a m e n te d a e x p re s le n te s d a s re a lid a d e s c o n c r e ta s , d e q u e
s ã o la tin a abstrahere aliquid ab aliquo), elas c o n s e rv a m s o m e n te u m c e r to a s p e c
d á fr e q ü e n te m e n te lu g a r a c o n tra -s e n s o s t o . V e r The M eaning o f Truth ■ , c a p .
p o r p a r te d o s in ic ia n te s e m filo s o fía o u X III.
d o s a u to d id a ta s . É n e c e s sá rio c h a m a r a Rad. int.: A b s tra k te m e s .
a te n ç ã o p a r a a v ir a d a q u e a í se p r o d u z .
A B S T R A T A S (C iê n c ia s )
Definição p o r abstração, v e r Definição.
Rad. i n t A . A b s tr a k t; B . A b s tr a k - A . N o u s o c o r r e n te a s ciên c ia s q u e
tu r . (O s e n tid o C é u m id io tis m o q u e n ã o u s a m a s a b s tr a ç õ e s m a is e le v a d a s (M e ta
d e v e ser c o n s e rv a d o e m L . I.) físic a , L ó g ic a , M a te m á tic a s , F ísic a g e ra l,
e tc .) .
A B S T R A C C IO N IS M O E. A bstrac
B . E m A Z ; Z è I E C ÃOI E as c iên c ia s
tionism.
p ro p ria m e n te d itas fo r m a n d o a *'‘série en- 1
A . A b u s o d a s a b s tra ç õ e s .
B . E s p e c ia lm e n te e m W . J τ OE è (q u e
p a re c e te r c r ia d o e sta p a la v r a ) , te n d ê n c ia 1. O Sentido de "Verdade".
S o b re A b s tra c io n is m o — E x p r e s s ã o d e W . J a m e s (s e n tid o B) le m b ra d a p o r E m m .
Leroux.
S o b re C iê n c ia s a b s tr a ta s — T à ¿upatQéofus e m A ris tó te le s d e s ig n a m u ito p r e
c isa m e n te o s o b je to s d a s m a te m á tic a s : v e r e m p a r tic u la r M etafísica, X I , 3; 1061 29.
P o d e -s e c o n se rv a r este se n tid o . M a s as g e n e ra lid a d e s d a h is tó ria n a tu r a l n ã o s ã o ta m
b é m elas a b s tr a ç õ e s ? S im , m a s a v id a e a o rg a n iz a ç ã o a p e n a s s ã o c o m p le ta s e p o d e m
ser c o m p le ta m e n te e s tu d a d a s n o c o n c r e to e n o in d iv id u a l; p e lo c o n tr á r io , a s fo r m a s
g e o m é tric a s s ã o c o m p le ta s em si m e sm a s , f o r a d o s c o rp o s o n d e e la s se p o d e m re a li
z a r. O g e ó m e tra n ã o a p r e n d e r ia n a d a d e n o v o s o b re a p irâ m id e e s tu d a n d o a s P i r â
m id e s d o E g ito . P o d e r- s e -ia ta lv e z ta m b é m d iz e r q u e a ló g ica é u m a c iê n c ia a b s tr a ta
(o u d o a b s tr a to ) , n o s e n tid o d e q u e o e s tu d o d o silo g ism o se p o d e fa z e r f o r a d e to d a
m a té ria d e te r m in a d a . (7. Lacheiier)
Isso n ã o é te m p o rá rio e v a riá v e l em c a d a c iên c ia c o n fo rm e o e s ta d o d e c a d a q u e s
tã o ? A rq u im e d e s d e m o n s tr a o seu p rin c íp io a tra v é s d e u m m é to d o p u r a m e n te g e o
m é tric o ; e , r e c ip ro c a m e n te , G a lile u m e d in d o a tra v é s d a e x p e riê n c ia a su p e rfíc ie d e
u m a c iclo id e d á o e x e m p lo d e u m a in v e stig a ç ã o físic a s o b re u m o b je to c o n c r e to , o
q u e lev a a e s te n d e r o d o m ín io d o s c o n h e c im e n to s g e o m é tric o s . (A. L .)
M. Marsal d e se ja ria v er c o n se rv a d a esta e x p re ssão p a ra d esig n ar a q u ilo q u e C o u r-
n o t c h a m a série teórica', e ciências concretas p a r a a q u ilo q u e c h a m o u série histórica
e cosmológica. “ Sem d ú v id a ” , escrev e ele, “ C o u r n o t p r o je to u lu z s o b re e s ta q u e s
t ã o , m a s p r o lo n g a n d o a a n á lis e d e C o m te . A s e tiq u e ta s de C o u r n o t s ã o m a is s a tis f a
tó ria s ? N ã o . A p a la v r a ‘série h is tó r ic a ’ é já b a s ta n te a m b íg u a , p o is n a série te ó ric a
v e m o s in te rv ir o te m p o , p o s siv e lm e n te m e sm o u m s e n tid o d e v e cç ã o n o te m p o . A
p a la v r a ‘série c o sm o ló g ic a ’ d i 2 a in d a m e n o s s o b re a q u ilo q u e q u e r d izer; e isso tr a n s
p a re c e n o e n s in a m e n to , p o r p o u c o q u e já te n h a m o s fe ito a p e lo à d is tin ç ã o e sta b e le
c id a p o r A m p è re e n tre a s c iên c ia s c o sm o ló g ic a s e n o o ló g ic a s . O r a , h á c iên cias n o o -
ló g ic a s, n o s e n tid o d e A m p è re , q u e s ã o c o sm o ló g ic a s n o s e n tid o d e C o u r n o t: a e tn o
g r a f ia , a Völkerpsychologie, etc. P o r fim , teórica o p õ e -s e a p e n a s à prática o u à téc
nica. A m in e ra lo g ia é tã o ‘teórica* q u a n to a q u ím ic a . T a m b é m a classificação d e C o u r
n o t m e p a re c e c o n c o r d a r n o ta v e lm e n te c o m a s e tiq u e ta s d e C o m te q u e s ã o n ã o ex ce
le n te s, m a s n a m in h a o p in iã o as m e lh o re s p o s s ív e is .”
9 A BSTRA TO
CRÍTICA A B S T R A T A S (F u n çõ es) E m M a t. V er
Concreto e c f. R E ÇÃZ â « E 2 , Logique, c a p .
D ev em -se e v ita r to d a s e sta s e x p re s X X IX , O b se rv a ç õ e s §§ I a 4.
sões, ex ceto p a ra u tiliz a ç ã o h is tó ric a . P r i
A B S T R A T IV O (M é to d o ) E m físic a:
m e iro , p o rq u e esta m e sm a h is tó ria as to r
a q u e le q u e c o n siste em re s u m ir n u m a f ó r
n a e q u ív o c a s. E m se g u id a , n a q u ilo q u e
m u la m a te m á tic a a lei d o s fe n ô m e n o s se n
co n ce rn e a o se n tid o A , p o rq u e ele p e rte n
síveis d ire ta m e n te o b s e rv a d o s (sem p r o
ce à lin g u ag em p o p u la r e p o rq u e a s u a ex
c u ra r ex p licá-lo s a tra v és d a s e stru tu ra s o u
te n sã o é m u ito v a g a. N a q u ilo q u e c o n c e r
d o s p ro c e ss o s n ã o a p a re n te s ) e a tir a r d a í
n e a o s e n tid o B (A u g u s te C o m te ), p o r
a s c o n se q u ê n c ia s a tra v é s d o c á lc u lo . V er
q u e a distin ção foi re to m a d a e m e lh o r ela
a s O b se rv a ç õ e s s o b re hipotético.
b o r a d a p o r C o u r n o t so b o n o m e d e série
teórica e série cosmológica e histórica d as A B S T R A T O L . A bstractus ; D . A b s
c iên cias. P o r fim , n a q u ilo q u e c o n c e rn e trakt; E . A bstract ; F . Abstrait; I. A$-
a o se n tid o C , p o r q u e re p o u s a s o b re u m a t r a tto .
S o b re A b s tr a to — J. Lachelier é ig u a lm e n te de o p in iã o d e q u e a p a la v r a a b s tr a ta
se deve a p lic a r a p e n a s às noções, m a s o b s e rv a q u e m u ita s vezes se e n s in a o c o n trá rio .
Brunschvicg p e rg u n ta se u m a re p re s e n ta ç ã o n ã o p o d e ria seT d a d a b a s ta n te p a r
c ia lm e n te p a ra c o rre s p o n d e r a u m a b s tr a to ? A c re d ita m o s q u e a u tiliz a ç ã o in d ic a d a
m ais a trá s é m a is c o rre ta . (Louis Couturat — A . L .)
A B ST R U SO LO
S o b re A b u lia — A ç õ es c u jo c o n te ú d o p e rm a n e c e o m e sm o p o d e m s e r e x e c u ta d a s
em d iv e rso s g ra u s d e p e rfe iç ã o p s ic o ló g ic a c o m u m a te n s ã o p s ic o ló g ic a m a is o u m e
n o s e le v a d a . F u i le v a d o a d is tin g u ir g ro s s e ira m e n te n o v e g ra u s p rin c ip a is q u e p o d e
m o s d e sig n a r d a seg u in te m a n e ira : 1? A to s re fle x o s; 2 f A to s su sp e n siv o s; 3? A to s
so ciais; 4? A to s in te le c tu a is ; 5? A to s a ss e rtiv o s; 6? A to s re fle tid o s ; 7 Í A to s e rg u é tic o s
o u r a c io n a is ; 8? A to s e x p e rim e n ta is ; 9? A to s p ro g re s s iv o s . (C f. A te n s ã o p sic o ló g ic a ,
o s seu s g r a u s , a s su a s o sc ila ç õ e s, The British Journal o f Psychology , M ed ic a i se c tio n ,
o u tu b r o d e 1920, ja n e ir o e ju lh o de 1921.) E m c a d a g r a u a p re s e n ta m -s e p e rtu rb a ç õ e s
d a a ç ã o q u e p e rd e o g ra u s u p e r io r e q u e c a i, às vezes c o m e x a g e ro , n o g ra u in fe rio r.
A p a la v r a abulia , q u a n d o e m p re g a d a d e m a n e ir a p re c is a , n ã o d e sig n a a s u p re ss ã o
d e u m a a ç ã o d e u m g ra u q u a lq u e r ; d e sig n a e x a ta m e n te a s u p re s s ã o d a a ç ã o re fle tid a ,
a im p o s s ib ilid a d e d e d a r a o a to a f o r m a d e u m a d e c is ã o , q u e r d iz e r , d e u m a v o n ta d e
o u d e u m a c re n ç a s u sp e n sa s d e p o is d e d e lib e ra ç ã o . O m a is d a s vezes h á ao m e sm o
te m p o u m a q u e d a n o g ra u in fe rio r , e x ag e ro d a a ç ã o a s s e ra tiv a q u e d e sig n a m o s p elo
n o m e d e im p u ls o o u s u g e s tã o . ( Pierre Janet )
s a rn e n to a p e n a s $e m a n té m p e la a ç ã o . te se in te r n a d e p r e fe rê n c ia a r e p re s e n ta
M a s q u a l a ç ã o ? H á a p e n a s u m a : a q u e la ç ã o o b je tiv a ” . Carta d e M a u ric e B Â ÃÇ -
q u e c o m b a te a n a tu r e z a a ssim a c ria , q u e áE Â a L a la n d e s o b re o a r tig o A ção n a
m o d e la o e u c o n tr a r ia n d o - o . O m a l é o p r im e ir a e d iç ã o d o Vocabulário (S ). C f.
e g o ísm o q u e n o fu n d o é c o v a r d ia : a c o a o b r a d o m e sm o a u to r in titu la d a
v a rd ia te m d u a s faces: p r o c u r a d o p r a L'action.
zer e fu g a d o e sfo rç o . A g ir é c o m b a tê -la .”
J . L τ ; ÇE τ Z , “ F r a g m e n ts ” , Revue de CRÍTICA
m étaph ., 1898, p . 169.
A p a la v r a ação re c e b e o seu c a r á te r
E. (n a m e d id a em q u e se d is tin g u efilo só fic o d o te rm o a g ir ( agere , e m p u r
ação d a in te lig ê n c ia o u d o p e n s a m e n to ): ra r) q u e se lig a , p o r u m la d o , a o s e n ti
a e s p o n ta n e id a d e d o s se re s v iv o s e p a r ti m e n to in te rio r d o e s f o rç o e d a v o n ta d e
c u larm en te d o h o m e m c o n ce b id a q u e r c o e, p o r o u tr o , a o s m o v im e n to s e x te rio re s
m o u m a o rd e m d e fa c u ld a d e s q u e d ife re q u e s ã o a s u a m a n ife s ta ç ã o o u q u e p r i
ra d ic a lm e n te d a re p re s e n ta ç ã o e o p o s ta m itiv a m e n te s u g e rira m a o s o b s e rv a d o re s
a e s ta (v er m a is a d ia n te a d iv is ã o d e a n tr o p o m o r f is ta s a id é ia d e u m a re la ç ã o
R E í á , c ita d a n o a r tig o ativo) q u e r c o m o a n á lo g a : a a ç ã o d a á g u a so b re o fo g o , p o r
s e n d o “ a q u ilo q u e e n v o lv e a in te lig ê n c ia e x e m p lo , se n d o c o n c e b id a c o m o u m a lu
p re c e d e n d o -a e p re p a ra n d o - a , seg u in d o -a ta e u m e s fo rç o . M ais a in d a , c o m o o n o
e u ltr a p a s s a n d o - a ; em c o n s e q ü ê n c ía , to u J o s ia h R Ãà TE (Bτ Â á ç « Ç , VÃ Acti-
a q u ilo q u e n o p ró p r io p e n s a m e n to é s ín vity), a te o r ia d e A ris tó te le s q u e fa z de
S o b re o P r in c ip io d a m e n o r a ç ã o — N o v a re d a ç ã o d e v id a a René Berthelot . E le
q u is ju n ta r - lh e u m c o m e n tá rio h is tó ric o d e m a s ia d o e x te n s o p a r a s e r a q u i in s e rid o
m a s q u e se e n c o n tr a r á n o Suplem ento, n o fim d a p re s e n te o b r a .
d e d essas a ç õ e s . O c o n ju n to d esses e fe i ta r d e a to d o s os jo g o s o n d e n ã o in te rv é m
to s a c e ssó rio s c o n s titu i a τ ν χ η e α υ τ ό μ α a h a b ilid a d e d o jo g a d o r , m a s o n d e o g a
τ ο ν . (V er M « Â 7 τ Z á , “ O a c a s o em A ris n h o e a p e r d a s ã o d e te r m in a d o s p o r u m
tó te le s e e m C o u r n o t” , Revue de mé- c o n ju n to d e c a u sa s m u ito p e q u e n a s o u
taphysique, n o v e m b ro , 1902, e Étudessur m u ito c o m p le x a s p a r a q u e o re s u lta d o
la pensée sdentifique chez les grecs et les p o s s a ser p re v is to .
modernes, c ap . IV .) A s d u a s p a la v ra s são D a í d u a s m a n e ira s d e d e fin ir e ssa p a
n o m a is d a s vezes a s s o c ia d a s p o r A 2 « è la v ra , c o n s o a n te se p re te n d e v eicu lar a p e
Ió Â è : “ T à "γ ι ν ό μ ε ν α
I E E φ ύ σ α -πά ν τ α n a s a id é ia q u e te m o s d o a c a s o , o u in d i
•γ ί ν ε τ α ι η « e i ώ 6 ι η ώ ί ε π ί τ ο π ο λ ύ . τ α δ ε c a r te o ric a m e n te q u a is a s c irc u n stâ n c ia s
πα ρ ά τ ο orei x a l ώ ϊ eVt τ ο χ ο λ ύ , α τ ό o b je tiv a s q u e fo rn ec em a esta id éia a o c a
τ ο ν α υ τ ο μ ά τ ο υ x a t α π ό τ ύ χ η ί .” Π β ρ ί s iã o d e se a p lic a r:
χ ε ν έ σ ε ω * χ α ϊ φ θ ο ρ ά ί , II , 6, 33b7. M a s ,
1? Definição subjetiva :
n u m s e n tid o m a is re s trito , a τ ύ χ η é a p e
n as u m a p a rte d e α υ τ ό μ α τ ο ν (Física , II, A. C a ra c te rís tic a d e u m a co n te c im e n
6, 19 7 a37): e la c o n siste n a q u ilo q u e , to o u de u m c o n c u rso d e a c o n te c im e n to s
a c o n te c e n d o p o r aca so a seres d o ta d o s d e q u e n ã o a p re s e n ta o g ê n e ro de d e te rm i
v o n ta d e (q u e r d iz er, a tra v é s de u m efei n a ç ã o q u e n o s p a re c e ria n o rm a l d a d a a
to p u ra m e n te a c id e n ta l e n ã o p rev isto das s u a n a tu re z a ; p o r e x e m p lo , c a r a c te rís ti
su as voliçõ es, o u a in d a p o r u m a c a u sa ex c a d e u m a c o n te c im e n to q u e to c a a n o s
te rio r q u e n a d a tem de in te n c io n a l) , é s a p e ss o a , o s n o sso s b e n s, os n o sso s in
c o n tu d o ta l q u e n ã o se p o d e ria d e se já -lo teresses, m a s q u e n ã o p o d e m o s p re v e r e
o u tem ê-lo , q u e rê -lo o u q u e re r im p ed i-lo : q u e n ã o q u is e m o s; d e m a n e ira q u e n ã o
“ ’Ό σ α ά τ ο τ α ν τ ο μ ά τ ο υ "γ ί ν ε τ α ι τ ώ ν n o s p o d e m o s o u to r g a r o m é rito n em m e
τ ρ ο α ι ρ ε τ ώ ν , roTs ε χ ο υ α ι π ρ ο α ί ρ ε σ ι ν .” recer u m a c en su ra , m esm o se alg u m as d as
Ibid. 197*>21. V er Β ο ν ι τ ζ , ν ο τ ύ χ η . n o s s a s açõ e s v o lu n tá ria s e stiv e re m e n tre
Sentido primitivo: “ J o g o d e A z a r as c a u s a s q u e c o n c o r re r a m m a te ria lm e n
A hasard) é o n o m e p r ó p r io d e u m a esp é te p a r a o e fe ito p r o d u z id o . “ A in d a q u e
cie d e jo g o d e d a d o s ” (Dτ 2 O ., H τ I U . e o s h o m e n s se g a b e m d a s su a s g ra n d e s
T 7 ÃOτ S, VÃ , 1227 A ) , a la r g a d o m a is açõ e s e sta s sã o fre q u e n te m e n te a p e n a s
AvTÓfiaTOi è u m a p a la v r a d a lín g u a g re g a c o r r e n te , q u e se e n c o n tr a j á e m H o m e
r o . Q u e r d iz e r, seg u n d o a s u a e tim o lo g ia , “ a q u ilo q u e se m o v e p o r si m e s m o ” , e s
p o n tâ n e o . E m certas p assag en s d e A ristó te le s, en co n tra-se a in d a este sen tid o : a yeveois
avTÓpaTos é a g e ra ç ã o e s p o n tâ n e a . C o m o é q u e , m e sm o a n te s d a s u a é p o c a , j á tin h a
p a s s a d o p a r a o d e acaso (T u c id id e s , X e n o fo n te )? P r o v a v e lm e n te p o r a n títe se à q u ilo
q u e é d e te r m in a d o p o r u m a c a u s a e x te r n a , e , p o r c o n s e g u in te , p rev isív el. Se assim
f o r , b a s ta ria a p r o x im a r e sta n o ç ã o d a id é ia s e g u n d o a q u a l a ú n ic a c o isa v e rd a d e ir a
m e n te f o r tu ita é a q u e d im a n a d e u m c o m e ç o a b s o lu to , de u m liv re -a rb ítrio (m a s,
b em e n te n d id o , sem a tr ib u ir e s ta in te r p r e ta ç ã o ao p r ó p r io A ris tó te le s). (A. L .)
N o Essai, C o u r n o t s u b lin h a a d e fin iç ã o d e J e a n de Lτ P Â τ TE I I E ( Traité des je u x
de hasard, H a ia , 1714) q u e é a a n te p a s s a d a d a s u a . E le d e fin ia o a c a s o co m o “ o
c o n c u rs o d e d o is o u trê s a c o n te c im e n to s c o n tin g e n te s , p o s s u in d o c a d a u m deles as
su a s c a u s a s, de f o r m a q u e o seu c o n c u rs o n ã o p o s su i n e n h u m a q u e se c o n h e ç a ” .
C ita d o n o Essai, to m o I, p . 56, n o ta 1. (F. M entré )
A d e fin iç ã o d a d a p o r P ë ÇTτ 2 é fo i a n te r io rm e n te f o r m u la d a p o r R E Çá Ç em
L ‘avenir de la science: “ O a c a s o ” , d iz ele, “ é a q u ilo q u e n ã o te m c a u s a m o ra l p r o
p o rc io n a d a a o e f e ito .” (p . 24) E le c ita c o m o ex em p lo o a c a s o d a m o rte de G u sta v o
A C A SO IS
e fe ito s d o a c a s o e n â o de u m g ra n d e d e rio s o a c id e n te , p o r o u c o n tr a a ra z ã o in
s íg n io ,” (L τ R ÃT 7 E E ÃZ Tτ Z Âá , Máxima d ife re n te m e n te , c o n s o a n te o s e n c o n tro s
57) ” 0 q u e c o n s titu i a c a s o a o s o lh o s d o s a tô m ic o s , fo rtu ito s p o r d e fin iç ã o , e n
h o m e n s é d e síg n io a o s o lh o s de D e u s .” q u a n to q u e o liv re -a rb ítrio h u m a n o exi
(BÃè è Z E I , Política , V , I I I , 1) V er Fatum. g e, a n te p o ssib ilid ad e s in d e te rm in a d a s , a
“ A ju ris p ru d ê n c ia a d m ite n e ste s e n tid o d e lib e ra ç ã o d a ra z ã o , q u e ex clu i o aca
o caso fo rtu ito , q u e s u p rim e , salv o c o n so .” R ÇÃZ â « 2 , Histoire et solution des
E E
A d o lf o , m o r to em L u tze n p o r u m a b a la d e c a n h ã o , e a c re s c e n ta : “ A d ire ç ã o d e u m a
b a la v a ria n d o a lg u n s c e n tím e tro s n ã o é u m f a to p r o p o r c io n a l às im e n sas c o n se q ü ê n -
cias q u e d a í r e s u lta r ã o .” S e g u n d o e sta d e fin iç ã o , o a c a s o seria s in ô n im o d e c a u s a
in s ig n ific a n te q u e p r o d u z e fe ito s in c alcu lá v e is. E x e m p lo : o c o m p rim e n to d o n a riz
de C le ó p a tr a e o g rã o de a re ia de C ro m w e ll (em P a s c a l). P o u c o f a lto u p a r a N a p o -
leão n ã o te r p a r tid o p a r a a T u r q u ia , o q u e a lte r a r ia o c u rs o d a R e v o lu ç ã o e os d e s ti
n o s d a E u r o p a . P o u c o fa lto u p a r a q u e D a rw in n ã o v ia ja sse a b o r d o d o Beagle , o
q u e te ria a lte r a d o c o n sid e ra v e lm e n te o d e stin o d a b io lo g ia ! T ra ta -s e de u m a d as c a
ra c te rístic a s d o a c a s o h u m a n o e h is tó ric o , m as u m a c a ra c te rís tic a derivada . O fa to
o b je tiv o c o n siste n a c o in c id ê n c ia d a s séries; o re s to é in te rp re ta ç ã o su b je tiv a e f in a
lista . ( /d .)
A id é ia de R e n á n p a re c e -m e m u ito d ife re n te d a d e P o in c a ré . P a r a o p rim e iro ,
tr a ta - s e de importância moral, p a r a o seg u n d o tr a ta - s e de grandeza física d o s f e n ô
m e n o s c o n s id e ra d o s , n o s e n tid o de q u e o físico c o n s id e ra o m ilésim o de m ilím e tro
c o m o n eg lig en ciáv el c o m p a r a d o a o q u ilô m e tro ; e é p re c is a m e n te d a í q u e e x tra í a su a
ju s tific a ç ã o d a lei d o s g ra n d e s n ú m e ro s . P o d e -s e d iz e r , e e u p ró p r io j á o fiz n a Críti
ca, q u e se se p re te n d e c o n s e rv a r n a p a la v r a acaso o s e u s e n tid o u s u a l so m o s n ecessa
ria m e n te c o n d u z id o s d a id é ia p u ra m e n te m a te m á tic a à id é ia d e ju íz o a p re c ia tiv o ; m a s
isso p a re c e -m e u m a m o d ific a ç ã o d a te o r ia e n ã o o seu p o n to d e p a r tid a .
P o r o u tr o la d o , te ria d ific u ld a d e em c o n c o r d a r q u e se D a rw in n ã o tiv esse fe ito
a v ia g em a b o r d o d o Beagle isso te ria a lte r a d o c o n sid e ra v e lm e n te o d e s tin o d a b io lo
g ia ; m a s tr a ta - s e d e u m a q u e stã o q u e d iz re s p e ito a o p a p e l d o a c a s o n o p ro g re s so
d a ciên cia e n ã o d a d e fin iç ã o d o te r m o . (A. L .)
A o p re te n d e r c o rrig ir a d e fin iç ã o d e C o u r n o t, P . SÃZ 2 ã τ Z (tese so b re a Inven
ção) e n c o n tr o u e sta fó rm u la : “ O a c a s o é o e n c o n tr o d e u m a c a u s a lid a d e e x te rn a e
de u m a fin a lid a d e in te r n a .” E s ta d e fin iç ã o a p ro x im a -s e d a de A ris tó te le s, m a s n ã o
é tã o c o m p re e n s iv a : é a p e n a s u m c a s o p a rtic u la r. P o d e a c o n te c e r o e n c o n tr o d e d u a s
fin a lid a d e s; e d e p o is as d iv e rsas fin a lid a d e s n ã o d ev em ser c o lo c a d a s n o m esm o p la
n o . (F. Mentré)
19 ACASO
vorável ou desfavorável a qualquer fim sem que esse fim valha para qualquer coisa
na sua produção.
A lei d o s g ra n d e s n ú m e ro s , c o m o j á fo i re fe rid o , n ã o se a p lic a a to d o s os fa to s
d e a c a s o . A c re s c e n to q u e to d o s o s fa to s a o s q u a is se a p lic a n ã o s ã o f a to s d e a c a so .
A ssim , o n ú m e ro a n u a l d o s c a s a m e n to s é m u ito v a riá v el n u m a p e q u e n a c o m u n id a
d e , m e n o s n u m a g ra n d e c id a d e , m e n o s a in d a n u m d e p a r ta m e n to , q u a se c o n s ta n te
n u m g ra n d e p a ís. D ir-se -á e n tã o q u e a s p e ss o a s se c a s a m p o r a c a s o ? A lei d o s g r a n
d e s n ú m e ro s a p lic a -se a to d o s o s f a to s q u e c o m p o r ta m a lg o de a c id e n ta l; e x p rim e
u m a p ro p r ie d a d e d a s m é d ia s. (E. Gobloi)
É p re c is o c o n s e rv a r a id é ia q u e C o u r n o t t ã o b e m p ô s em fo c o : a d o e n c o n tro
d e séries in d e p e n d e n te s ; to d o s o s c aso s d e a c a s o a c o n tê m ; j á a n te r io rm e n te o m o s
tre i, a p ro p ó s ito d o a c a s o n a s d e s c o b e rta s e in v e n çõ e s (Revue de philosophie, a b ril
e ju n h o , 1904). E s tá de a c o r d o c o m o e m p re g o u s u a l d a p a la v r a a c a s o . E x em p lo s:
L τ F ÃÇI τ « ÇE , f a la n d o d e d u a s c a b r a s , d iz q u e elas
D e ix a ra m , u m a e o u tr a , os seus p ra d o s :
Uma para a outra se dirigiram p o r algum bom acaso.
X . d e M τ « è I 2 E escrev eu à V ** d e M a rc e llu s em 30 de a b ril d e 1846: “ A s n o ssas c a r
ta s c ru z a ra m -s e e a p ra z -m e v er u m p o u c o de s im p a tia n e ste a c a s o .” N « E I Uè T7 E en
v io u a W a g n e r, em m a io de 1878, Humano, demasiado humano: “ P o r u m p asse d o
esp írito m ira c u lo s o d o a c a s o ” , d iz ele, “ receb i n e ste m esm o m o m e n to u m b elo ex em
p la r d o lib re to d e Parsifal c o m u m a d e d ic a tó r ia d e W a g n e r .” O s ex em p lo s d a d o s
p o r A ris tó te le s (o c o v eiro q u e d e sc o b re u m te s o u r o , o a d v o g a d o q u e vai a o fó ru m
e e n c o n tr a o se u d e v e d o r) e n tr a m n a d e fin iç ã o d e C o u r n o t o u p elo m e n o s a p re s e n
ta m a c a ra c te rís tic a a s s in a la d a p o r C o u r n o t (c o m alg o a m a is).
É p re c iso , c o m e fe ito , a c r e s c e n ta r a e s ta d e fin iç ã o : a s im u la ç ã o d a fin a lid a d e ,
E ste p o n to fo i e sta b e lec id o n ã o só p o r P íé 2 ÃÇ , m a s ta m b é m p o r G . T τ 2 á E , q ue d e
fin iu o aca so c o m o “ o in v o lu n tá rio s im u la n d o o v o lu n tá r io ” , e p o r B 2 ; è Ã Ç , p a r a
E
q u e m o aca so é “ u m m e c a n is m o q u e a ss u m e a a p a rê n c ia de u m a in te n ç ã o ” . E m
A CASO 24
A C A T A L E P S IA ( ’À x a r c A t t f í a , te , o q u e a c o n te c e ra ra m e n te .
PlRRO). Rad. int .: A . A c id e n ta l; B .' A c id e n t.
A . H is to ric a m e n te , e s ta d o q u e re s u l A C ID E N T E (G . Σ ν μ β β β η χ ό ϊ ), N o
ta d o p rin c íp io c ético de q u e n ã o h á c ri s e n tid o A : L . Accidens; D . Akzidens; E .
té r io d a v e rd a d e . Accident\ F . Accident; I. Accidente.
B . D is p o siç ã o d a q u e le q u e re n u n c ia C f . Essência, Substância.
p o r p rin c íp io a p r o c u ra r a so lu ç ã o de u m A . S e n tid o té c n ic o m a is u s u a l: a q u i
p ro b le m a . D a m e sm a fo r m a em Bτ TÃÇ , lo q u e p o d e aco n tecer o u d esap arecer sem
d ú v id a d e fin itiv a o p o s ta à d ú v id a m e tó d e s tru iç ã o d o s u je ito : “ " O ytperat xa l
d ic a : “ N o s v e ro n o n a c a ta le p s ia m , sed híTCoyivt.TOu xuiplv r^ í τ ο ύ υ π ο χ α μ ί ν ο υ
e u c a ta le p s ia m m e d ita m u r .” Nov. Org., φ θ ο ρ ά s .” P Ã2 E « 2 « Ã , ísagoge, V , 4 a 24.
I, 126. C f. Efético. E le d iv id e o s a c id e n te s e m sep a rá v eis (p .
A C ID E N T A L D . Accidentiel, zufal- ex. p a r a o h o m e m o d o rm ir) e in s e p a rá
lig; E . Accidentai; F . Accidentel; I. A c- veis (p . ex. p a r a o e tío p e , o ser n e g ro : c a
cidentate. ra c te r ís tic a c o n s ta n te m a s q u e se p o d e
c o n c e b e r c o m o v in d o a d e s a p a re c e r sem
A . A q u ilo q u e p e rte n c e a o a c id e n te ,
q u e o su jeito a o q u a l ela se ap lica seja d es
n ã o à essên cia, “ D e fin iç ã o a c id e n ta l” ,
tru íd o ).
v e r Definição.
B . Q u e aco n tece d e u m a m a n e ira c o n Sofism a do acidente, v e r Falácia.
tin g e n te o u f o r tu ita ; o p o s to a necessário. B . T u d o a q u ilo q u e a c o n te c e (accidit)
P o r c o n s e q ü ê n c ía , n a lin g u a g e m c o rre n d e m a n e ira c o n tin g e n te * o u f o r tu ita * ;
S o b re A c ro a m á tic o — B arth élem y S a in t-H ila ire , n o s verb etes Aristóteles e Acroa
mático (n o Dicionário d e F r a n c k ), q u a n to a e sta q u e s tã o , re m e te a B Z Â , Com- 7 E
S o b re A c ro m a to p s ia — A rtig o c o m p le ta d o s e g u n d o a s in d ic a ç õ e s de Piéron q u e
a c re s c e n ta o seg u in te: “ A a c r o m a to p s ia to ta l é ta m b é m c h a m a d a v isã o monocromá
tica p elo s a u to re s fiéis à te o r ia d e Y o u n g -H e lm h o ltz s o b re a c o n s titu iç ã o d a s e n sa
ç ã o lu m in o s a a tra v é s de trê s p ro c e sso s c ro m á tic o s d e q u e d o is fa lta ria m n e ste c aso .
P a r a o s m e sm o s a u to re s a a c r o m a to p s ia p a rc ia l e q u iv a le a u m a v isão d ic ro m á tic a
(e n q u a n to q u e a v isã o n o r m a l é tric ro m á tic a ) co m tr ê s v a rie d a d e s c o n fo rm e o p r o
cesso cromático ausente: protanopia, c e g u e ira p a r a o v e rm e lh o ( Rotblindheit; Red-
blindness); deuteranopia, c e g u e ira p a r a o v e rd e ; tritanopia, c e g u e ira p a r a o a zu l.
A C U ID A D E 28
q u e r d iz e r, u m a n o ç ã o q u e é in te ira m e n m ita d o ( p o r e x e m p lo , q u e ta l re g im e é
te a n a lis a d a em n o ç õ e s sim p le s d e m o d o b o m p a r a ta l te m p e ra m e n to ) p a r a a a s
q u e d e la se c o n h e c e a priori a p o ssib ili s e rç ã o g e ra l c o rre s p o n d e n te (q u e esse re
d a d e . Discurso de m eta/., c a p . X X IV . g im e é b o m e m si n ã o im p o r ta n d o p a r a
Rad. in í.: A d o k u a t. q u e m ).
S o b re A d iç ã o ló g ic a — A re d a ç ã o d o § B fo i m o d if ic a d a de a c o r d o co m a p r o
p o s ta de Th. de Laguna.
A u tiliz a ç ã o d e s ta e x p re ssã o d ev e-se a o fa to d e q u e a o p e ra ç ã o ló g ica de q u e se
tr a ta a p re s e n te to d a s a s p ro p r ie d a d e s fo rm a is d a a d iç ã o a ritm é tic a , s a lv o a q u e la q u e
ex clu i o p rin c íp io d e ta u to lo g ia : τ 7 Ã 7 τ . . , - « ; a + a + a . . . - a . ( R . Berthelot)
A D M IT IR 30
m o e s ta n d o n a o rig e m de to d a s as p a i c e r ta te se , a o m e n o s p o r e n q u a n to ; o u se
x õ es. ( Tratado das paixões, seg u n d a p a r q u e r le m b ra r q u e a q u e le de q u e se fa la
te , a rt. 53.) n ã o fez m ais d o q u e su b screv er u m a id éia
A D M I T IR D . Zuiassen, zugeben; an- c o rre n te sem a c ritic a r; o u a in d a se a n u n
nehmen ( s o b re tu d o n o s s e n tid o s C e D ); cia p e la u tiliz a ç ã o d e ste te rm o q u e se
E . A .t o adm ií; to assume (ver Assunção, te m o b jeçõ es c o n tra o q u e u m o u tro “ a d
o b serv açõ es); F . Admettre-, I. Ammettere. m ite ” .
1. Publicado em B Â ÃÇá E Â , Léon Ollé-Laprune, l'achèvem ent et l ’avenir d e son oeuvre , pp. 280-296. Cf.
ib id ., p. 44.
31 A D V E N T ÍC IO
S o b re A d q u ir id o — A rtig o c o m p le ta d o s e g u n d o in d ic a ç õ e s d e Berthod (o b s e rv a
ç ã o so b re a ex p ressão “ h e re d itaried a d e d o s caracteres a d q u irid o s ” ; d e Maurice Blondel
[se n tid o B] e de G. Beaulavon [Adquirido, substantivo]).
A E S T O F IS IO L O G IA 32
versalm ente adm itida ou considerada co -.vantagem destas quatro denom inações é
m o tal. a d e serem retiradas d o s fatos observa
d o s e de não im plicarem nenhum a h ip ó
A D V e rtíg in e m V er A d ignorantiam.
tese co m o acontece nas expressões com o
A E S T O F IS IO L O G IA E . Aesthophy- “ afasia cortical, subcortical, afasia de
siology (S p e n c e r , Princ. o f psychol., I, condutibilidade (W e r n i c k e ) ” , e tc., que
cap. 6): estudo das relações entre a fisio repousam sobre a consideração de esque
logia e a p sicologia da sensação. m as explicativos im aginários.
Rad. int.: A fa zi.
A F A S IA (G . 'h.¡paoic¿). D . Aphasie',
A F E C Ç Ã O /A F E I Ç Ã O (L . Affectas,
E . Aphasia·, F . Aphasie; I. Afasia.
A ffectio ). D . A ffek tio n , Gefuhl. (S o b re
A . N o s cético s d a A n tig u id a d e , s u s o u s o a le m ã o d a p a la v r a A ffe k t, ver
p e n s ã o de to d a a s s e rç ã o d o g m á tic a . V er W u n d t , Physiol. Psychol., I I , 404); E .
Se xt o Em p í r ic o , Hipóteses pirrónicas, A ffectio n (A ffe c t é p r o p o s to p e lo s c o n
liv ro I, c a p . X X : “ r ie g i átpaoías.” te m p o râ n e o s n u m o u tr o s e n tid o , o d e
B. P s i c o l . P e r d a to ta l o u p a rc ia l d a s m ó b il* p ro v e n ie n te d a se n sib ilid a d e ;
fu n ç õ e s d a lin g u a g e m , sem le sã o d o s ó r B a l d w i n , M a c k e n z i e , S t o u t n o Dict.
g ã o s n em p a ra lis ia . E s ta p a la v ra a p lic a o f Philos, and Psych., s u b V°); F. A ffe c
se em in g lês, c o m o o b s e rv a m J a s t r o w e tio n ; I. A ffec to , A ffezione.
B a l d w i n (D ict. o fP h il., V o), d e m a n e i
A . T o d o m o v im e n to d a sen sib ilid ad e,
ra m ais g eral: seja à lin g u ag em fa la d a , se n o s e n tid o B, q u e c o n siste n u m a m u d a n
j a à lin g u a g e m e s c rita , se ja a o f a to de as ça d e e sta d o p ro v o c a d a p o r u m a cau sa ex
c o m p re e n d e r, s e ja a o fa to de a s u tiliz a r. te rio r. E ste m o v im e n to p re s s u p õ e a ex is
O u so fran cês p a re c e re strito à p a la v ra fa tê n c ia d e u m a tendência, m a s n ã o se c o n
la d a e o u v id a . (R e i c h e t , V o) U m a s u b fu n d e c o m ela: “ A c o n sc iê n c ia d e c a d a
d iv is ã o u n iv e rs a lm e n te a d m itid a é a d e: a f e c ç ã o ... e n v o lv e a c o n sc iê n c ia d e u m a
1? a afasia motriz (motorische Aphasie, te n d ê n c ia q u e a p ro d u z . A te n d ê n c ia a p e
m otor aphasia, aphasie motrice, afasia n a s n o s é d a d a a tra v é s d a a fe c ç ã o , e t c .”
motrice), ta m b é m c h a m a d a afemia p o r L a c h e l i e r , Psychologie et métaphysi
B r o c a ; e 2? a afasia sensorial (sensoris- que , n a s e q ü ê n c ia d o Fondem ent de l ’in
che Aphasie, sensory aphasia, aphasie duction, p . 137.
sensorielle, afasia sensoriale) a lg u m a s ve
B . E sp e cia lm e n te , o p ra z e r e a d o r en
zes c h a m a d a afasia de Wernicke.
q u a n to o p o s to s , c o m o m e n o s c o m p le x o s
CRÍTIC A p s ic o ló g ic a e fis io ló g ic a m e n te , às e m o
É preferível reservar para a primeira ç õ e s p r o p r ia m e n te d ita s d e c ó le ra , d e re
o nom e de afasia e designar a segunda c e io , d e e s p e ra n ç a , etc.
com o term o de surdez verbal·, para a lin C . I n c lin a ç ã o e letiv a* , m e n o s in te n
guagem escrita, utilizar os term os corres s a e m a is re g u la r d o q u e a paixão B e c a
pondentes agrafía e cegueira verbal. A ra c te riz a d a p ela au sên cia o u p o u c a im p o r-
S o b re A f a s ia — P a r a P ie rr e M a r i e a e x p re s s ã o “ a f a s ia d e B r o c a ” deve ser re
s e rv a d a p a r a a a fa s ia to ta l, q u e u n e a a f a s ia m o tr iz (q u e ele p r ó p r io c h a m a anartria)
e a a fa s ia d e W e rn ic k e o u a f a s ia v e rd a d e ir a (n ã o te n d o s u rd e z v e rb a l e x istên c ia c lín i
c a d is tin ta ). E n tr e as v a rie d a d e s d e a fa s ia p o d e m -s e a s s in a la r a afasia de entoação
(B rissa u d ), o u p e r d a d a “ c a n ç ã o d a lin g u a g e m ” ; a afasia óptica o u in c a p a c id a d e
d e n o m e a r os o b je to s a p e n a s s e g u n d o a s u a p e rc e p ç ã o v isu al; a afasia tátil o u in c a
p a c id a d e de n o m e a r os o b je to s a p e n a s s e g u n d o a s u a p e rc e p ç ã o tá til. ( H . Piéron)
33 AFETA R
e n q u a n to se c o n sid e ra n u m s e n tid o q u a l Ba l d w i n , m a s s e g u n d o E i s l e r , s u b V o,
q u e r , q u e ex erce u m a ação* p a r tic u la r a p lic a -se à d o u tr in a d e S ó c ra te s: “ S ó sei
m e n te n o s e n tid o B . (O o b je to d e s ta a ç ã o q u e n a d a s e i.”
é o paciente.) Rad. int.: A g n o si.
“Intelecto agente ” (L . esco l. Intellec-
tus agens). “ A o p in iã o m a is c o m u m é a A G N O S T IC IS M O (d o G . " A y m o
d o s p e rip a té tic o s , q u e p re te n d e m q u e o s
t o s , in c o g n o sc ív e l). D . Agnosticismus,
o b je to s d e f o r a e m ite m esp ecies q u e se Agnosie (? v er e sta p a la v r a ) ; E . A gnosti
lh es a s s e m e lh a m ... E s ta s e sp é c ie s ... to r - cism; F . Agnosticisme; I. Agnosticism o ,
n a m -s e in telig ív eis a tra v é s d o intelecto
Agnosteismo.
T erm o c ria d o p o r H u x l e y em 1869.
agente , o u a tiv o , e sã o p r ó p r ia s p a r a se
re m re c e b id a s n o intelecto paciente . . . ” D esig n a a tu a lm e n te q u e r o h á b ito d e espi
M a l e b r a n c h e , Recherche de la vérité , rito q u e co n siste e m c o n sid e ra r to d a a m e
I I I , c a p . 2 . V er A tivo (in tele c to ). tafísica* (o n to ló g ica) c o m o fú til (B a l d
w i n , su b Vo), q u e r o c o n ju n to d as d o u tr i
A G N O S IA D . Agnosie; E . A gnosia ; n a s filo só ficas, aliás m u ito d iferentes e n
F . Agnosie ; I. Agnosia. tre si e m o u tro s asp ecto s, q u e a d m ite m a
In c a p a c id a d e d e re c o n h e c e r os o b je existência d e u m a o rd e m d e re a lid ad e in
to s o u os sím b o lo s u su a is (a m n é s ia p e r cognoscível p o r n a tu re z a (p a rticu larm en te
c e p tiv a ) sem p e r tu r b a ç ã o d a s sen sa çõ e s o Positivism o* d e A u g u ste C o m t e ; o E v o
e m g e ra l. lu cio n ism o * d e H . S p e n c e r ; o R elativis
D istin g u em -se u m a agnosia visual (ce m o* d e H a m i l t o n ; alg u m as vezes tam b ém ,
g u e ira p síq u ica to ta l, o u p a rc ia l, d e q u e a c o m reserv as, o C riticism o * d e K a n t ).
cegueira v erb al é u m caso p a rtic u la r); u m a R ad . int.: A g n o s tik is m .
agnosia tátil (ag n o sia d as fo rm a s táteis o u
astereognosia, d ev id a a u m a p e rtu rb a ç ã o A G N Ó S T I C O (s u b s t. e a d j.) D . A g-
d a sensibilidade relativ a so b re tu d o à a n e s nostiker, agnostisch; E . Agnostic; F . Ag-
tesia); p o r f ím , u rn a agnosia auditiva (sur nostique; I. Agnóstico.
dez p síquica, to ta l o u p arcial, de q u e a s u r Q u a n d o se f a la d e p e ss o a s: q u e p r o
d ez v erb al é u m caso p a rtic u la r). fe ssa o a g n o stic is m o * ; o u (a d je tiv a m e n
te) q u a n d o se fa la d e d o u trin a s : q u e co n s
NOTA titu i u m a fo r m a de a g n o stic is m o . V er
Agnosia é d a d a c o m o sin ô n im o a le m a is a trá s .
m ã o de agnosticismus n o D ic io n á rio d e Rad. int.: A g n o stik .
A G O N ÍS T IC O (G . òtytíviOTtxàs, q u e d e p e n d ê n c ia f u n c io n a l, n e m d ife re n c ia
se re fe re à lu ta ; a lg u m a s vezes q u e g o s ta ç ã o , n e m s o lid a rie d a d e m o ra l; 2? colônia
d a lu ta e d a c o n te s ta ç ã o [¿Qtanxôt], q u e s u p õ e u m a d e p e n d ê n c ia fu n c io n a l
P Â τ I ã Ã , M énon, 75 C ). D . Agonistisch; sem d ife re n c ia ç ã o ap re ciá v e l; 3? o rg a n is
E . Agonistic; F . Agonistique ; I. A g o m o q u e su p õ e u m a in terd ep en d ên cia* d o s
nístico. e le m e n to s c o m d ife re n c ia ç ã o ; 4? associa
A . R e la tiv o à lu ta , p a rtic u la rm e n te à ção * q u e , sem e x c lu ir o u a d m itir n eces
lu ta p e la v id a . s a r ia m e n te a c a ra c te rís tic a d e c o lô n ia o u
d e o rg a n is m o , s u p õ e q u e o v ín c u lo p r in
B . Q u a n d o se fa la d a s d o u tr in a s o u
c ip a l d a a g re g a ç ã o s e ja d e n a tu r e z a p si
d as disposições d e esp írito : fa v o rá v el à lu
c o ló g ic a (re p re s e n ta ç ã o e v o liç ã o ). G .
ta ; q u e re c o m e n d a a lu ta e n e la vê o in s
T a r d e p r o p õ e p a r a estes trê s ú ltim o s c a
tr u m e n to d o p ro g re s s o .
sos o te rm o adaptai, m ais a d e q u a d o . (Les
Rad. int.: L u k ta l, — em .
lois sociales , p . 116.)
AGRADÁVEL E DESAGRADÁ Rad. int.: A g re g a j.
V E L V er Prazer, D or e cf. Sensação.
A G U E U S I A V e r a s o b se rv a ç õ e s s o
A G R A F IA D . Agraphie ; E . A gra b re Anestesia.
phie; F . Agraphie ; I. Agrafía.
A L E G O R IA ( G . 1AWtfyoQÍct). D . A l
P e r d a d a c a p a c id a d e d e e sc re v e r. V er
légorie; E . Allegory; F . Allégorie; I. A l
Afasia.
legaría.
Rad. int.: A g ra fí.
A . S im b o lis m o c o n c r e to p re s e n te em
A G R E G A D O (d o L . aggrego). D . to d o o c o n ju n to d e u m a n a r r a ç ã o , d e u m
Agrégat ; E . Aggregate, aggregation; F . q u a d r o , e tc ., d e ta l f o r m a q u e to d o s os
Agrégat ; I. Aggregato. e lem en to s d o s im b o liz a n te c o rre sp o n d a m
C o n ju n to d e e le m e n to s ju s ta p o s to s e s is te m a tic a m e n te , u m a u m , a o s e le m e n
re u n id o s p o r u m a c e rta c o e sã o . “ O c o m to s d o s im b o liz a d o .
p o s to é a p e n a s u m a m o n to a d o o u aggre-
B . A p r ó p r ia o b r a q u e é c o m p o s ta se
gatum d o s s im p le s .’* (L E « ζ Ç« U , Monado-
g u n d o e ste p ro c e ss o .
logia, § 2) A u tiliz a ç ã o d a p a la v r a e m so
c io lo g ia é r e tir a d a d a b io lo g ia o n d e se C . E m p a r tic u la r , a p e lid a -s e sentido
o p õ e m p o r e x e m p lo a s S a lp a s a g re g a d a s alegórico d a E s c r itu r a a q u e le d o s q u a tr o
a o s m e sm o s a n im a is v iv e n d o n o e s ta d o s e n tid o s q u e e x p rim e o s d o g m a s re lig io
d e in d e p e n d ê n c ia in d iv id u a l. so s e s o b re tu d o a c o rre sp o n d ê n c ia d o A n
tig o e d o N o v o T e s ta m e n to . O s trê s o u
CRÍTICA tr o s sã o o s e n tid o lite ra l, o s e n tid o m o
É c ô m o d o c o n se rv a r n a p a la v ra a g re r a l o u tro p o ló g lc o (H Z ; Ã á E S. V í I Ã2 )
g a d o o s e n tid o m u ito g e ra l q u e re c e b e u e o sen tid o an ag ó g ico * : “ L itte ra g esta d o -
s u b d iv id in d o a ssim co m o se seg u e a s d i c e t, q u id c re d a s A lle g o ria , M o ra lis q u id
fe re n te s classes d e a g re g a d o s : a g a s , q u o te n d a s A n a g o g ia .” (A Z ζ E 2 ,
1? Agregado p ro p r ia m e n te d ito o u Sym bolism e religieux, I I , c a p . I I I , p . 50)
m ecânico, cuja unidade não supõe nem Rad. int.: A le g o r.
n ã o n o s c u s ta m o m e sm o e s f o r ç o .” (H á CRÍTICA
q u e fa z e r a q u i u m a re s e rv a n o q u e c o n F o r a m d a d a s d iv e rs a s d e fin iç õ e s d e
cern e à a leg ria e x tá tic a .) “ F in a lm e n te , n a a le g ria , m a s to d a s le v a n ta m sérias o b je
e x tre m a a leg ria, as n o ssa s p e rc ep ç õ es e as çõ es. A m a is c éle b re é a d e E s p i n o s a :
n o ssa s re c o rd a ç õ e s a d q u ire m u m a q u a li “ L a e titia e s t h o m in is tr a n s itio a m in o re
d a d e in d e fin ív e l, c o m p a rá v e l a u m c a lo r a d m a jo re m p e r f e c tio n e m .” Ética , I I I ,
o u a u m a lu 2, e tâ o n o v a q u e em certo s d e fin iç õ e s , II. C f. ibid. p ro p . X I, e sc ó
m o m e n to s , r e to r n a n d o s o b re n ó s p r ó lio . M as é evid ente q u e , v e rd a d eira o u fa l
p rio s , e x p e rim e n ta m o s c o m o q u e u m es s a , e sta p ro p o s iç ã o e n u n c ia em to d o c a
p a n to de s e r .” H . B e r g s o n , Essaisur les so u m a c a ra c te rís tic a in te ira m e n te e s tr a
donnés immédiates de la consdence, p . 8. n h a à c o m p re e n s ã o u s u a l d a p a la v ra ale-
S o b re o s fe n ô m e n o s m e c â n ic o s, fís i gria ; e o p r ó p r io E s p in o s a p a re c e fa z er
cos, q u ím ico s, fisiológicos e psíq u ico s q ue a p e lo a e sta id é ia q u a n d o a c re s c e n ta q u e
c a ra c te riz a m a a leg ria ver G . D u m a s , La a a leg ria n ã o é a p ró p r ia p e rfe iç ã o , m as
tristesse et lajoie. E le d istin g u e aí d o is ti a p a ssa g e m a e ssa p e rfe iç ã o , p o r q u e se o
p o s: “ E x iste m a leg rias c a lm a s , n â o m u i h o m e m n a scesse co m a p e rfe iç ã o à q u a l
to ric a s em im a g e n s e em id é ia s, em q u e a sc e n d e , p o s su i-la -ia sem e x p e rim e n ta r
a excitação m e n ta l p arece fa lta r, e q u e são a le g ria . ( C o n tr a D e s c a r t e s : “ A a le g ria
c a ra c te riz a d a s s o b re tu d o p o r u m s e n ti [pelo m e n o s a q u e é u m a p a ix ã o ] c o n s ti
m e n to de b e m -e sta r e d e fo r ç a , p e la co n s tu i u m a a g ra d á v e l e m o ç ã o d a a lm a n a
c iên c ia de u m m a io r p o d e r físico e m e n q u a l co n siste a satisfa ç ão q u e ela tem com
t a l . . . E x iste m , p o r o u tr o la d o , aleg rias o b em q u e a s im p re s sõ e s d o c é re b ro lh e
e x u b e ra n te s c a r a c te riz a d a s p o r u m a su- re p re s e n ta m c o m o s e n d o s e u ... [E ex iste
u m a o u tr a a leg ria] p u ra m e n te in te le c tu a l
p e ra tiv id a d e m e n ta l e p o r u m s e n tim e n
q u e c h eg a à a lm a p ela sim p les a çã o d a a l
to esp ecial de p r a z e r q u e a c o m p a n h a e s
m a e q u e se p b d e d iz er q u e c o n s titu i u m a
ta a tiv id a d e ; e ste s e n tim e n to de p ra z e r
, a g ra d á v e l e m o ç ã o e x c ita d a em si m e sm a
n ã o é ex clu siv o d o s e n tim e n to de bem -
n a q u al c o n siste a satisfa ç ã o q u e tem c o m
e sta r; a m a io r p a rte d as vezes lh e é a c re s
o b e m q u e o seu e n te n d im e n to lhe r e p r e
c e n ta d o c o m o a d o r m o ra l à d e p re s s ã o ...
sen ta c o m o s e n d o seu. ” A s paixões da al
E ssas a leg rias, to d o s as c o n h e c e m , são as
ma, II, 9 1 .)
m a is fre q ü e n te s ; p ro d u z e m -s e em g e ra l
P a r a L o c k e “ a a le g ria é u m p ra z e r
d e p o is d as b o a s n o tíc ia s e d o s a c o n te c i
q u e a a lm a ressen te q u a n d o c o n sid e ra c o
m e n to s fe liz e s .” C a p . I I I , 118-119. M as
m o c e r ta a p o sse d e um bem p re s e n te o u
d ev e-se s u b lin h a r, p a r a p re c isa r o s e n ti
f u tu r o ; e e n tra m o s n a p o sse de u m b em
d o d e sta d iv isã o , q u e estas d eterm in a çõ e s q u a n d o ele está d e ta l fo rm a em no sso p o
se acrescentam à a le g ria e n ã o sã o su as d e r q u e o p o d e m o s g o z a r s e m p re q u e
constituintes , p o r q u e p o d e h a v e r b e m - q u e ir a m o s ” . A o q u e L e i b n i z re s p o n d e :
e s ta r , f o r ç a , c o n sc iê n c ia d e u m g ra n d e “ F a lta m n a s lín g u a s p a la v r a s s u fic ie n te
p o d e r físico e m e n ta l, e tc ., sem a a leg ria m e n te p r ó p r ia s p a r a d is tin g u ir n o ç õ es vi
p r o p r ia m e n te d ita , e m e sm o co m tr is te z in h a s . T a lv e z a p a la v r a la tin a gaudium
za (p . ex. o Moisés de A . d e V i g n y ); e, c o n s titu a u m a m e lh o r a p ro x im a ç ã o a e s
p o r o u tr o la d o , p o d e h a v e r aí su p e ra tiv i- ta d e fin iç ão de aleg ria d o q u e laetitia, q u e
d a d e m e n ta l, e m e sm o c e rta s fo rm a s de ta m b é m se tr a d u z p o r a le g ria ; m a s esta
p ra z e r a crescen tad as a e sta a tiv id a d e, sem p a re c e -m e sig n ific a r u m e s ta d o em q u e o
q u e p o r isso h a ja a le g ria : p o r e x e m p lo , p ra z e r p re d o m in a em n ó s, p o rq u e , d u ra n
n a n e ce ssid a d e d e fa z e r fa c e a u m a d if i te a m a is p r o f u n d a tris te z a e n o s m ais
c u ld a d e im p re v is ta , o u n u m a c ó le ra p e la a g u d o s d e sg o sto s, se p o d e te r a lg u m p r a
q u a l n o s d e ix em o s lev ar de b o m g ra d o . zer c o m o o b e b e r o u o u v ir m ú sic a,
41 ÁLGEBRA
S o b re Á lg e b ra d a ló g ic a — A e x p re ss ã o fo i c r ia d a p e lo m a te m á tic o in glês B o o -
LE. A su a r a z ã o d e ser e stá n a u tiliz a ç ã o d o s s ím b o lo s lite ra is e d o s sig n o s o p e r a to
rio s d a á lg e b ra v u lg a r p a r a tr a d u z ir as te o ria s d a ló g ic a fo rm a l c lássica , q u e B o o le
e sp e ra v a a ssim a la r g a r . A s su a s Laws o f Thought (1854) c o n tê m , to d a c o n s titu íd a ,
a á lg e b ra d a ló g ic a tra d ic io n a l, a p r e s e n ta d a c o m o u m “ c á lc u lo d a s c la sse s” , q u e r
d iz e r, c o lo c a n d o -n o s n o p o n to d e v ista d a e x te n s ã o ló g ic a d o s c o n c e ito s . R eco n h e ce -
se, em seg u id a , q u e as m e sm as fó rm u la s p o d e ria m ser c o n sid e ra d a s c o m o c o n stitu in d o
u m c álc u lo d a s p ro p o s iç õ e s . A “ lo g ís tic a ” n o s e n tid o d e B e r tra n d R u ssel e de C o u
tu r a t n a sc e u d e d u a s p re o c u p a ç õ e s d is tin ta s : 1? a p lic a r o s m é to d o s d a á lg e b ra à s re
laçõ es ló g icas q u e a ló g ic a f o r m a l tra d ic io n a l n ã o e s tu d a v a , in v e n ta n d o p e la n ecessi
d a d e n o v o s sig n o s o p e ra tó rio s ; 2 ? e s ta b e le c e r q u e a ló g ic a a lg o rítm ic a assim e n te n
d id a e g e n e ra liz a d a c o n té m to d o s o s p rin c íp io s d a s c iên c ia s m a te m á tic a s . (R en éBer-
thelot )
BÃÃÂ E a la r g o u o c a m p o d a ló g ic a tr a d ic io n a l se b e m q u e d e la a c e ite os p rin c í
p io s , s o b r e tu d o , c o m o fo i d ito a tr á s , n o q u e se re fe re à s relaçõ es d e e x te n s ã o . M as
sai d o q u a d r o d e s ta ló g ic a q u a n d o re d u z o ra c io c ín io a o s m é to d o s d e d e se n v o lv i
m e n to , d e e lim in a ç ã o e de re d u ç ã o (Law s o f Thought , c a p . V -V I1 I). E ele m e sm o
in d ic a n o c a p . X V d a m e sm a o b r a q u e a s u a L ó g ica é m a is a m p la q u e a d e A r is tó te
les e q u e o ra c io c ín io n ã o se re d u z a o silo g ism o . P o r fim , to d a a s e g u n d a m e ta d e
d a o b r a (c a p . X V I e seg u in tes) é u m a p a ss a g e m d a ló g ic a p a r a a te o r ia d a s p r o b a b ili
d a d e s p o r m e io d a su a á lg e b ra : s e n d o a p r o b a b ilid a d e d e u m a p ro p o s iç ã o in te rm e
d iá r ia e n tre os v a lo re s 0 e 1, o s ú n ic o s q u e a L ó g ic a clássica c o n s id e ra . (A. L.)
43 A L IE N A Ç Ã O
ex ag e ro d o n o rm a l.
Se, p o r ta n to , com F . P a u lh a n , se d is tin g u e e n tre o s n o rm a is , e s e g u n d o a o rd e m
d e a ss o c ia ç ã o e d a s te n d ê n c ia s , os tip o s s is te m á tic o s , h e s ita n te s , d e s e q u ilib ra d o s , in
c o e re n te s , e tc ., p o d e r-s e -á e n c o n tr a r estes m e sm o s tip o s e n tr e os a lie n a d o s c o m e x a
g e ro a m a is ... A s q u a lid a d e s ig u a lm e n te fo r m a is , m a s s e c u n d á ria s , ta is c o m o riq u e
z a o u p o b re z a m e n ta l, le n tid ã o o u ra p id e z d a s a ss o c ia ç õ e s, p o d e r ã o n a m e sm a f o r
m a , d e v id o a o seu e x a g e ro , d e te r m in a r s u b g ru p o s o u c a r a c te riz a r m e lh o r os g ru p o s
j á e sta b e le c id o s.
P o r fim , d o p o n to d e v is ta b io ló g ic o e s o c ia l, s e ria a in d a u m e rro c a ra c te riz a r
a a lie n a ç ã o m e n ta l d iz e n d o q u e o h o m e m s ã o e s tá a d a p ta d o ao seu m e io , e n q u a n to
q u e o a lie n a d o n ã o o e stá . Sem d ú v id a , se p o d e c o n s id e ra r a s a ú d e c o m o a c o n c o r
d â n c ia d o s n o sso s ju íz o s , ra c io c ín io s , id é ia s , im a g e n s, e tc ., co m os fe n ô m e n o s d o
m u n d o m a te ria l e so c ia l, m a s n o p r ó p r io n o rm a l e s ta c o n c o r d â n c ia n u n c a é p e rfe ita
e a a d a p ta ç ã o c o m p le ta n ã o ex iste. C o n v é m , p o is , a q u i c o m o a tr á s , fa la r so m e n te
d e e x ag e ro e, co m e sta re s triç ã o , p o d e -s e d iz e r q u e o s a lie n a d o s se a f a s ta m d a a d a p
ta ç ã o q u e r d e v id o a excesso d e s iste m a (p e rs e g u id o s o u c iu m e n to s ), q u e r d e v id o a
d e fe ito d e c o e rê n c ia (m a n ía c o s e x c ita d o s), q u e r d e v id o à h e sita ç ã o d o s e lem en to s p sí
q u ic o s (d u b ita tiv o s ), q u e r d e v id o a in é rc ia (d é b e is o u d e m a s ia d o e q u ilib ra d o s ). ( G .
D u m a s)
A LM A 44
Rad. int.: A n im .
1. “ Aquilo que sustenta a continuidade d o m u n
A lm a d o m u n d o — 'H rÕv t t civt òs do orgânico e inorgânico e u n e to d a a natureza num
A 2 « è I ó I E Â E è , f ic e i 407*3. organism o universal.’’
S o b re A lm a d o m u n d o — O d e u s d o s E s tó ic o s lig a a “ a lm a d o m u n d o ” p la tô n i
ca às d o u tr in a s p o s te rio re s . T o r n a - s e a T e rc e ira H ip ó s ta s e d e P lo tin o e é e ssa a o r i
g em d o s e n tid o d e s ta p a la v r a e m S ch ellin g . (R . Berthelot )
A L O G IC O 46
A L T O V er a s o b s e rv a ç õ e s . s e m e lh a n te s e n q u a n to ta l c o m o o b je tiv o
d a c o n d u ta m o ra l. C f . as fó r m u la s de
A L T R U IS M O D . Altruism us; E. A l C o m te : “ V iv er p a r a o u tr e m — O A m o r
truism·, F . Altruisme', I. Altruism o. c o m o p rin c íp io , a O rd e m c o m o b a se , o
T erm o criado por A . C o m t e em o p o P ro g re s s o c o m o o b je tiv o , e tc .”
sição a egoísmo*, adatado por S p e n c e r e
tornado corrente na linguagem filosófica. CRÍTICA
1. “ As alcas corres e os grandes m etafísicos que se lhes assemelham têm de ord inário m uito vento ao
seu redor. Esse não é o meu negócio: meu terreno é a pro fundid ade fértil d a experiência.”
49 A L U C IN A Ç A O
A L U C IN A Ç Ã O D . Hallucination ; E . to , de u m a p o ltr o n a , p o r e x em p lo , q u e
Hallucination', F . Hallucination ; I. A ¡lu d e v eria n o rm a lm e n te e s ta r o c u lto p e la
cí nazione. p e sso a q u e e stá s e n ta d a .
P e rc e p ç ã o p o r u m in d iv íd u o d e sp e r
CRÍTICA
to o u , m u ito m ais ra ra m e n te , p o r u m g ru
p o d e in d iv íd u o s , d e u m o b je to sensív el 1. B r i e r r e d e B o i s m o n t (.Des hallu
q u e n ã o está re a lm e n te p re sen te o u d e u m
cinations, p . 16) d is tin g u e e n tre a lu c in a
ção e ilu sã o e fa z re m o n ta r esta d is tin ç ã o
fe n ô m e n o q u e re a lm e n te n ã o aco n te c eu .
a A r n o l d , Observations on Nature,
Alucinações hipnagógicas, a q u e la s
Kinds, Causes and Preservation o f
q u e p re c e d e m im e d ia ta m e n te o so n o .
Insanity *, L o n d re s , 1806. E le c ita as d is
Alucinação negativa, fe n ô m e n o q u e
tin ç õ e s a n á lo g a s fe ita s p o r C r i c h t o n ,
c o n siste em n ã o p e rc e b e r u m o b je to p re
Es q u i r o l , Lé l u t , Le u r e t , P a r c h a p -
sen te, e em p reen ch er atrav és d e u m a im a
p e ; e a d o ta p a r a si p r ó p r io a seg u in te
g em in d ife re n te a p a rte d a re p re s e n ta ç ã o
fó rm u la : “ D e fin im o s a a lu c in a ç ã o c o m o
to ta l q ue esse o b je to deveria n o rm a lm e n te
a p e rc e p ç ã o d o s sig nos sensíveis d a id éia;
o c u p a r. D eve-se su b lin h a r q u e alucinação e a ilu s ã o , a a p re c ia ç ã o fa ls a d as s e n s a
negativa n ã o é, p a r a fa la r co m p ro p r ie ções in te r n a s .” (Ibid., p . 18) E sta d is tin
d a d e , u m a a lu c in a ç ã o n o s e n tid o v u lg a r, ç ã o é r e to m a d a d e u m a fo r m a m ais p re- .l
m as a n te s u m fe n ô m e n o in v e rs o . C o n tu
d o , h á q u a lq u e r co isa d e v e rd a d e ir a m e n l . O bservações sobre a natureza, o s gêneros e a
te a lu c in a tó r io n a p e rc e p ç ã o d e u m o b je pro fd a x ia d a alienação m ental.
cisa e m e n o s o b s c u ra p o r J a m e s S u l l y , n a d a d e re a l se v e n h a a c re s c e n ta r à a lu
q u e a e n u n c ia assim : “ U m a ilu sã o deve c in aç ã o , e q u a se sem p re a p erso n ag e m o u
s e m p re te r p o r p o m o d e p a r tid a a lg u m a o o b je to fic tíc io a p a re c e em re la ç ã o co m
im p re s sã o re a l, e n q u a n to q u e u m a a lu c i o b je to s re a is q u e são n o rm a lm e n te p e r
n a ç ã o n ã o te m u m a b a se d e ste g ê n e ro . c e b id o s . (V er a b a ix o o s fa to s c ita d o s n a s
A ssim , h á ilusão q u a n d o u m h o m e m , to o b s e rv a ç õ e s , e a q u e le s q u e s ã o re fe rid o s
m a d o d e te r r o r , to m a p o r u m f a n ta s m a p o r T a i n e , n o a p ê n d ic e d e A inteligên
u m tr o n c o d e á rv o re ilu m in a d o p e la lu z cia.) M a s , a o a f a s ta r o c rité rio d o e rro
d a lu a . H á alucinação q u a n d o u m a p e s p a rc ia l o u to ta l, a d is tin ç ã o p re c isa d o s
s o a q u e te n h a im a g in a ç ã o se re p re s e n ta d o is fe n ô m e n o s p o d e s e r m a n tid a d a se
tã o v iv am en te a face d e u m am ig o au sen te g u in te m a n e ira . E x iste m n a p e rc e p ç ã o
q u e d u r a n te u m in s ta n te e la c rê re a lm e n n o rm a l d e u m o b je to d o is f a to re s a c o n
te v er esse a m ig o . A ilu s ã o é , p o is , u m s id e ra r: 1? a s e n s a ç ã o p r o p r ia m e n te d i
d e slo c a m e n to parcial d e u m fa to e x te rio r ta ; 2? a in te rp re ta ç ã o d e s ta sen sa çã o a tr a
a tra v é s d e u m a fic ç ão d a im a g in a ç ã o , e n vés d o c o n c u rs o d e re c o rd a ç õ e s , d e im a
q u a n to q u e a a lu c in a ç ã o é u m d e slo c a g e n s, d e a ss o c ia ç õ e s, d e ra c io c ín io s q u e
m e n to t o t a l . ’ ’ L es illusions des sens et de tr a n s f o r m a m a s e n s a ç ã o b r u ta n u m o b
i’esprit, B ib lio . scien t. in te r n a t., ed . fra n je t o d is tin ta m e n te re c o n h e c id o . Se h o u
c e s a ., p p . 8-9. v er a lte ra ç ã o d a q u ilo q u e d ev e s e r n o r
E s ta d is tin ç ã o n ã o p o d e ser a ce ita s o b m a lm e n te a sen sa çã o , d ire m o s q u e h á alu
e sta fo rm a : é m u ito r a r o , c o m e fe ito , q u e cinação; se h o u v e r a p e n a s a lte ra ç ã o d a -
A M A B IM U S T e rm o m n e m o té c n ic o A M I Z A D E D . Freundscha/t·, E.
d e L ó g i c a q u e e n u n c ia a e q u iv a lê n c ia Friendship', F . Am itié; I. Am icizia.
d a s q u a tr o m o d a is A . A . I. U ., c o lo c a In c lin a ç ã o eletiv a* re c íp ro c a e n tre
d as n a o rd e m seg u in te: Possível, Contin d u a s p e sso a s m o ra is ; o p õ e -se a o a m o r B
gente, Impossível, Necessário. A , m a rc a d ev id o à au sên cia d a característica sexual;
a a firm a ç ã o d o m o d o * e a d o d ictu m * (p. a o a m o r C d e v id o à c a ra c te rís tic a d e r e
ex .: é p o ssív el q u e S se ja P ); I, a n e g a ç ã o c ip ro c id a d e .
d o m o d o e a a firm a ç ã o d o d ic tu m ; U , a
C RÍT IC A
n e g a ç ã o d o m o d o e a d o d ic tu m . E , q u e
se e n c o n tr a n a s trê s o u tr a s p a la v ra s m n e- A m iz a d e te m u m s e n tid o m a is p r e c i
m o té c n ica s sim ilares (Purpurea*, IItace*, so q u e a m ig o (d iz-se q u e se é a m ig o d a s
Edentuii*), a s s in a la a a f ir m a ç ã o d o m o a rte s , d o p r a z e r e n ã o q u e se tem a m iz a
d o e a n e g a ç ã o d o d ic tu m . V er a s o b s e r de p o r estes o b je to s ). A im p o r tâ n c ia fi
v açõ es s o b re Modalidade. lo s ó fic a d e ste te rm o v em s o b re tu d o d o
p a p e l c o n c e d id o à ç>c\ia p elo s filó so fo s
A M A U R O S E V er as o b s e rv a ç õ e s s o
g reg o s (P i t á g o r a s , P l a t ã o , A r i s t ó t e
b re Anestesia.
l e s , E p ic u ris ta s e E s tó ic o s ). A r i s t ó t e -
A M B IG U ID A D E D . Zweideutigkeit ; l e s re c o n h e c e trê s esp écies de a m iz a d e
E . A m b ig u ity ; F . A m biguité ; I. A m - q u e se su b d iv id e m elas m esm as em n u m e
biguità. ro so s c a m b ia n te s : a q u e te m p o r o b je to
D u p lo s e n tid o de u m a p a la v r a o u d e o p ra z e r; a q u e te m p o r o b je to o in te re s
u m a e x p re ss ã o q u e r se ja p o r e la m esm a se; a q u e te m p o r o b je to o b em m o ra l.
q u e r se ja s e g u n d o o seu lu g a r e a s u a c o S ó a te rc e ira é p e rfe ita : TeXtta 6'
n e x ã o . C f. A nfibolia, Equívoco. t Õ)V àyotduv iptkía x a i xoiQ' òtQtrqv
Rad. int.: A m b ig u e , — a j. 6fiout>v. É tica a N icôm aco, V I I I , 8 ,
1 156b7 . A s fo r m a s in fe rio re s n ã o d ev em
A M B IV A L Ê N C IA V er Suplemento.
to d a v ia ser e x c lu íd a s d o n o m e d e a m iz a
A M B L I O P I A V er a s o b s e rv a ç õ e s s o d e . Ética a E udem o , V II, 2 , 1236a. O s
b re Anestesia. e stó ic o s v ã o m a is lo n g e e a té re c u sa m o
S o b re A m iz a d e — G. Beaulavon p õ e em d ú v id a q u e a a m iz a d e se ja m a is n e c e ssa
ria m e n te re c íp ro c a d o q u e o a m o r . “ F a la -s e , d iz ele, de uma amizade não partilhada,
o c a s o é f r e q u e n te em p a r tic u la r n as c r ia n ç a s .” P a re c e -m e q u e e s ta e x p re ssã o é u m
p o u c o f o r ç a d a e q u e n este caso se fa la ria de p re fe rê n c ia de “ a f e iç ã o ” o u “ s im p a tia ”
n ã o p a r tilh a d a . E m to d o c a s o , e s ta u tiliz a ç ã o d a p a la v r a p e rte n c e ria à lin g u a g e m f a
m ilia r: n a lin g u a g e m filo s ó fic a re té m s e m p re q u a lq u e r c o isa d a u tiliz a ç ã o a ris to té lic a
e e sto ic a ; p o r e x e m p lo , n e sta p a ssa g em d e R E ÇÃZ â« E 2 e P 2 τ I : “ A a m iz a d e real dig
na deste nome d á -n o s , n o n o sso p ró p r io se x o , o c o m p a n h e iro d e v id a c u jo c a r á te r
se a d a p ta a o n o s s o , este ser h a rm ô n ic o d o n o s s o s e r, sem lh e ser s e m e lh a n te o u m e s
m o c o n tr a s ta n te , c o m o q u a l a p e n a s te m o s re la ç õ e s h a b itu a is em p é d e re c ip ro c id a
d e . ” La nouvelie monadologie , p . 193. C f. R ÃZ è è E τ Z , Émile, IV : “ O a p e g o p o d e
d is p e n s a r a re c ip ro c id a d e ; a a m iz a d e n u n c a .” (E d . G a rn ie r, p . 2 5 4 .) (A . L .) V er
Afecçõo */A feição.
53 AMOR
S o b re a Crítica — P o d e r- s e -á d iz e r q u e o a m o r à c iê n c ia , à ju s tiç a , a D eu s se ja
am or bene/icientiael (J . Lachelier) E s te te r m o e sc o lá stic o é, co m e fe ito , u m p o u c o
e s tre ito d e m a is . C o n tu d o , se se a m a a c iê n c ia “ p e la c iê n c ia ” e n ã o p o r u m a esp écie
de e g o ísm o in te le c tu a l q u e se c o m p r a z em e x e rc e r as s u a s fa c u ld a d e s , p a re c e c o r r e to
q u e o o b je tiv o d a a ç ã o s e ja o bem da ciência em si m e s m a , q u e r d iz e r, o seu p r o g r e s
so . E a m e sm a c o isa p a r a a q u e le q u e a m a D eu s servindo-o, n ã o se rv in d o -s e dele p a r a
a su a p r ó p r ia s a lv a ç ã o . (A. L .)
N ã o v e jo n a d a a r e p r o v a r n a te se de D e s c a rte s . E la re s e rv a a q u e s tã o d e s a b e r
se o c e n tro d e g ra v id a d e d o s iste m a f o r m a d o p o r n ó s e o o b je to a m a d o e stá em n ó s
o u n esse o b je to . ( J . Lachelier ) M a s e la n ã o fa z p a s s a r d e s ta f o r m a o essen cial p a ra
s e g u n d o p la n o , a o c o lo c a r, p e lo c o n tr á r io , n o p rim e iro p la n o u m a u n id a d e fa c tíc ia ?
(A. L .)
“ A m o r- verdadeiro ’’ p a ra d e sig n a r o a m o r n o sen tid o C seria aceitáv el: en co n tra-se
já em C a tu lo amatam vere (L X X V I); c o n tu d o desinteressado, u tiliz a d o p o r L e ib n iz .
s e rá , ta lv e z, m ais c la r o . ( J . Lachelier)
A M O K IN T E L E C T U A L D E D EU S 56
A m o r in te le ctu a l de D e u s — (E s p i n o - O p õ e -se a o a m o r d e in te re ss e , a o a m o r
sa ) S e n d o o a m o r d e fin id o c o m o “ u m a de e sp e ra n ç a e m e sm o a o a m o r de p r e f e
a le g ria a c o m p a n h a d a d a id é ia de u m a rê n c ia , q u e c o n siste em a m a r a D eu s m ais
c a u s a e x te r io r “ (Ética, 111» d e f. 6 ), o d o q u e a si m e s m o , m a s q u e c o n té m a in
a m o r in te le c tu a l d e D e u s é o a m o r d e d a u m r e to r n o s o b re a v a n ta g e m desse
D eu s c a u sa d o p elo c o n h e c im e n to a d e q u a e s ta d o .
d o d a s c o isa s, q u e n o s fa z e x p e rim e n ta r
A M O R A L (d o p re fix o G . p riv a tiv o èt
u m a a le g ria u n id a à id é ia de D e u s c o m o
e de m o ra i). D . Amoralisch; E . Amoral·,
c a u s a d a n o ssa alegria. Ética, V, p ro p . 32,
F . Amoral·, I. Amorale.
C o r o lá r io . C f. A dequado.
N e o lo g is m o d e v id o p ro v a v e lm e n te ,
A m o r ( P u r o ) — “ O a m o r só a D eu s, n a F r a n ç a , a G u y a u (v er as o b serv aç õ es),
c o n s id e ra d o em si m e sm o e sem q u a lq u e r m a s q u e se e s p a lh o u r a p id a m e n te d e sd e
m is tu ra de m o tiv o in te re s s a d o , n e m de e n tã o , s o b r e tu d o n o s ú ltim o s a n o s .
m e d o , n em de e s p e ra n ç a , é o p u r o a m o r N ã o su scetível de q u a lific a ç ã o n o r m a
o u a p e rfe ita c a r id a d e .“ F e n e l o n , M á tiv a* d o p o n to d e v ista d o b e m e d o m a l;
xim a dos santos, c a p . I ( D id o t, II, 6). e s tr a n h o à c a te g o ria d e m o ra lid a d e .
S o b re A m o ra l — A rtig o c o m p le ta d o s e g u n d o as in d ic a ç õ e s fo r n e c id a s p o r Na-
bert, q u e n o s c o m u n ic a os te x to s seg u in tes: “ A u s ê n c ia d e fim , amoralidade c o m p le
ta d a n a tu re z a , n e u tra lid a d e d o m e c a n is m o in f i n ito ...” G Z à τ Z , Esquisse d'une me-
raie sans obligation ni sanction, 1? e d . (1855), p . 102. “ A s leis d a n a tu r e z a ... sã o
im o rais o u , se se q u iser, a-morais p re c isa m e n te p o rq u e s ã o n e c e s sá ria s.” Ibid., p . 144.
O Dicionário d e M u r r a y c ita um ex em p lo de amoral em 1882 (S t e v e n s o n ), m a s
n o ta - o c o m o u m te rm o o c a s io n a l (a nonce-word ). N ã o o e n c o n tr a m o s n e m n o D i
c io n á rio d e B a l d w i n (1901) n e m n a p rim e ir a e d iç ã o d o d e E isle r (1 8 9 9 ). F ig u r a n a
te rc e ir a (1910).
E ste te rm o te m o d e fe ito d e s e r h íb r id o . (J. Lachelier)
Se d ig o : a m o ra l d is tin g u e o m o r a l d o a m o r a l, h á a í c o is a p io r d o q u e u m a a m b i-
g ü id a d e . O a p riv a tiv o , e em g e ra l o h e le n ísm o lin g u ís tic o , é u m p ro c e d im e n to p r e
g u iç o so , fe c u n d o em c a c o fo n ia s o u em e q u ív o c o s . (V. Egger)
A re d a ç ã o d a Crítica é n o v a : fo i fe ita d e p o is d a d is c u s s ã o q u e o c o r r e u n a sessã o
de 3 de m a io d e 1923. O te x to p rim itiv o d o a rtig o c o n tin h a u m m e m b ro d e fra s e
o b sc u ro so b re a u tiliz a çã o d e sta p a la v ra “ p o r e u fe m ism o ” ; d e u lu g a r a m a l-e n te n d id o s
q u e e s p e ra m o s e v ita r a tra v é s d e sta s e x p lic a ç õ e s m a is d e s e n v o lv id a s. Brunschvicg e
Leroux, em p a r tic u la r , in s is tira m p a r a q u e se m a n tiv e ss e o s e n tid o filo s ó fic o n a s u a
p u r e z a . “ O im o ra l" , d iz B2 Z Çè T7 â « T; , “ v a i c o n tr a a m o r a l, c o m u m a c o n sc iê n c ia
m a is o u m e n o s c la ra d o q u e fa z ; o amoral n ã o te m s e q u e r c o n sc iê n c ia d a e x p e riê n c ia
d e ju íz o s m o r a is .” “ U m ser am oral ” , e sc re v e L E 2 ÃZ 7 , “ n ã o é s im p le sm e n te a q u e
le q u e in frin g e a s re g ra s m o ra is , m a s a q u e le q u e n ã o p re s ta n e n h u m a im p o r tâ n c ia
a e s ta in f r a ç ã o , a q u e le q u e c o n te s ta o u ig n o r a o v a lo r d o im p e ra tiv o é tic o . N o am o
ral n ã o e x istirá e ste c o n flito e n tr e a c o n sc iê n c ia e a c o n d u ta q u e a n o ç ã o d e im o r a li
d a d e p a re c e c o m p o r t a r .“ N a d a d e m a is j u s to n o q u e se re fe re a o amoral , m as ta lv e z
s e ja , in v e rs a m e n te , lim ita r d e m a n e ira d e m a s ia d o e s tr e ita o s e n tid o d a p a la v r a im o
ral: a o la d o de u m imoralismo te ó r ic o d e u m N ie tz s c h e , q u e te m p le n a c o n sc iê n c ia
d o q u e é a m o ra l e q u e re a g e c o n tr a e la , e x iste u m a imoralidade p r á tic a q u e a f r a q u e
za o u a p e rv e rs ã o d a c o n sc iê n c ia e x p lic a m sem a s u p r im ir . A liá s, as p a la v ra s imoral
e imoralidade a p lic a m -se fa c ilm e n te a o s p r ó p r io s a to s , à c o n d u ta in d e p e n d e n te m e n
te de tu d o o q u e se p o ssa s ab e r so b re a co n sciên cia o u a in co n sciên cia d o ag en te. (A. L.)
57 A M O R -P R Ó P R IO
p e rte n c e à s o m a d o s d a d o s . V er Indu T e rm o q u e r e p re s e n ta o q u e p a r a a
ção. lin g u ag em m u sical c o rre sp o n d e à a fa s ia 4'.
R ad . int.: A m p lig a n t. A musías m otrizes , in c a p a c id a d e d e
c a n ta r , d e a s s o b ia r , d e to c a r u m in s tr u
A M P L O S (D ev eres) D . fVeite Pflich-
m e n to (n e ste c a so d iz-se a lg u m a s vezes
ten (d u v id o s o ); E . Loose duties; F . Lar
amusia instrumental). C o rre s p o n d e m à
ges devoirs. (V er a s o b s e rv a ç õ e s .)
a g ra fía * .
C h a m a -s e a ssim a o s d ev eres c u jo
A musías senso riais: s u rd e z m u sic a l,
c u m p rim e n to n ã o c o m p o r ta u m a d e te r
c e g u e ira m u s ic a l (p e rd a d o p o d e r d e r e
m in a d a m e d id a , o u c u jo c a m p o d e a p li
c o n h e c e r, d e c o m p re e n d e r as can çõ es o u
c a ç ã o fic a e n tre g u e à n o s s a liv re e sc o lh a ,
v id a s o u d e ler a m ú s ic a e sc rita ).
ta is c o m o a b o n d a d e o u o d e v o ta m e n to .
Rad. int.: A m u si.
O p õ e m -s e a o s deveres estritos (o s d a j u s
tiç a ), d o s q u a is se p o d e d iz e r e x a ta m e n te A N A G Ó G IC O G . 'A v a y u y tx ó s .
a q u ilo q u e p re sc re v e m o u p ro íb e m e c o m A . S e n tid o a n a g ó g ic o (D . Erhebende
re la ç ã o a q u e p e ss o a s d e v em ser c u m Erklärung ; E . Anagogic Interpretation ; F.
p rid o s . Sens anagogique ; I. Senso anagogico).
A q u e le d o s q u a tr o s e n tid o s d a s E s c r itu
CRÍTICA
ra s q u e é c o n s id e ra d o o m a is p r o f u n d o
E s te te rm o d e u f r e q ü e n te m e n te lu g a r e c o n sis te n u m s ím b o lo d a s c o isa s q u e
a c rític a s (p o d e rá ex istir a lg u m a o b rig a c o n s titu e m o m u n d o d iv in o . “ A n a g o g i-
ç ã o q u e s e ja a o m e sm o te m p o in d e te rm i c u s sen su s d ic itu r q u i a v isib ilib u s te n d it
n a d a n o seu quantum ?) e a c o n fu s õ e s a d in v isib ilia, u t lux p rim o d ie f a c ta ... n a -
(amplo s e n d o to m a d o n o s e n tid o d e f a tu r a m an g elicam s ig n ific a i.” H u g o d e S.
cultativo). V í t o r e m A u b e r , Symbolisme religieux,
N ã o m e p a re c e ser o p o r tu n o p r o p o r I I , 53. V er Alegoria.
u m ra d ic a l in te rn a c io n a l p a ra e sta ex p re s
B . U tiliz a d o p o r L e i b n i z c o m o a d je
s ã o , q u e seria p re fe rív e l q u e fo s se s u b s ti
tiv o d a p a la v r a I n d u ç ã o (’A í/avo^T j):
tu íd a p o r u m a f o r m a m a is p re c isa .
“ Tentamen anagogicum , E n s a io a n a g ó
A M U S IA D . A m u sia ; E . A m usia ; F . g ico n a p r o c u r a d a s c a u s a s .” M as, a liá s ,
A m u sie ; I. Am usia. seg u n d o a s u a u tiliz a ç ã o , ele liga este sen-
a a n á lis e -o p e ra ç ã o ( - d e c o m p o s i ç ã o )
p o rís tic a
a a n á lis e -m é to d o
z e té tic a
U m a d as teses d a d o u tr in a a n a r q u is ta é m e sm o q u e a a n a r q u ia , ta l c o m o é d e fin id a
n o s e n tid o A , n ã o ex iste e q u e a d e s o rd e m q u a n d o se p ro d u z n ã o é n u n c a o e fe ito
de u m a a u sê n c ia d e a u to r id a d e ; e a té , n o m a is d a s v ezes, e la é o e fe ito d e s ta , c u ja s
p re te n sõ e s c ria m o u fa z e m c re sc e r a d e s o rd e m , s o b r e tu d o q u a n d o é c o e r c itiv a .”
Marsal faz ta m b é m n o ta r q u e n o s e n tid o A se re ú n e em g eral a d e sc riç ã o d e u m
e s ta d o d e f a to e u m a a p re c ia ç ã o d e sfa v o rá v e l. A s d u a s id éias p o d e m d isso c ia r-se .
É assim q u e L E S e n n e escrev e: “ O id e a l d a c o n sc iê n c ia m o ra l é s e n tid o c o m o u m a
c o m u n id a d e c u ja h a r m o n ia a c o n te c e ria anárquicamente, q u e r d iz e r, n o lim ite , sem
lei n em m o ra l, d a re c ip ro c id a d e d o a m o r e n tre to d o s o s h o m e n s em n o m e d o a m o r
de D e u s .” Traité de morale générale, p . 365. M as e s ta u tiliz a ç ã o q u e n ã o se a p r o
p ria , sem d ú v id a , a o p r ó p r io s u b s ta n tiv o a n a r q u ia p e rm a n e c e e x c e p c io n a l, c o m o o
m o s tra , a liá s , o f a to de a p a la v r a ser a c o m p a n h a d a p e la s u a d e fin iç ã o . {A. L .)
E n c o n tra -s e em P r o u d h o n um a análise m u ito p re c is a d o s d ife re n te s se n tid o s de
anarquia.
S eg u n d o o e stu d o d e E ltz b a c h e r a s d o u trin a s a n a rq u is ta s n ã o tê m e m c o m u m a p e
n as a negação do Estado n u m fu tu r o p ró x im o d o s p o v o s civ ilizad o s. ‘‘E s ta n eg ação
sig nifica p a r a G o d w in , P r o u d h o n , S tirn e r e T u c k e r q u e eles re je ita m o E s ta d o sem res
triç õ e s; p a r a T o ls to i, q u e o re je ita n ã o d e u m a m a n e ira a b s o lu ta , m a s so m en te p a ra
o fu tu r o p ró x im o d o s p o v o s civ ilizad o s; p a r a B a k u n in e K ro p o tk in fin a lm e n te sig n ifica
q u e eles p rev eem n u m fu tu r o p ró x im o q u e a e v o lu çã o fa rá d e sa p a re c e r o E s ta d o .”
E l t z b a c h e r , L 'anarchisme, tr a d . O tto K a rm in , G ia rd e B rière, 1912, p . 388. E m re
la çã o à p ro p rie d a d e , as d o u trin a s a n a rq u is ta s sã o o u adoministas (G o d w in , P r o u d h o n ,
S tirn e r, T o lsto i) o u doministas (T u ck e r, in d iv id u a lista ; B a k u n in , co letiv ista; K ro p o t
k in , c o m u n ista). S e g u n d o as su as id éias s o b re a re a liz a ç ã o d a a n a r q u ia , as d o u trin a s
a n a rq u is ta s são ou reformistas (G o d w in , P r o u d h o n ) o u revolucionárias. E s ta s ú ltim a s
p o d e m su b d iv id ir-se em d o u trin a s re n ite n te s (T u c k e r, T o lsto i) e in su rre c io n ais (S tirn er,
B ak u n in , K ro p o tk in ). D a m e sm a fo r m a , seg u n d o a s u a relação c o m o d ire ito , a fa m í
lia, a relig ião , as d o u trin a s a n a rq u is ta s n ã o têm n a d a em c o m u m . (O . Karmin)
U m o u tr o tra ç o c o m u m d a s d o u tr in a s a n a r q u is ta s é o seu o tim is m o d o p o n to
d e v ista d a o rg a n iz a ç ã o e s p o n tâ n e a d a p r o d u ç ã o e d o tr a b a lh o : o s a n a r q u is ta s a c r e
d ita m , c o m o F o u r ie r , q u e tu d o se f a r á p o r a tr a ç ã o , sem c o a ç ã o , d e sd e q u e u m a o r
g a n iz a ç ã o a rtific ia l e v ic io sa n ã o lh e fa ç a o b s tá c u lo . ( C h. Andler)
S o b re A n e ste sia — N o q u e c o n c e rn e à se n sib ilid a d e v isu a l, o s te rm o s técn ico s
u tiliz a d o s s ã o amaurose (c e g u eira to ta l) , ambliopsia (c e g u eira in c o m p le ta ), acroma
topsia (v er e s ta p a la v r a m a is a trá s ) . P a r a a s e n s ib ilid a d e a u d itiv a , a p e rd a d as s e n s a
çõ es to n a is (a ltu ra d o s so n s) é d e s ig n a d a p e la e x p re ss ã o surdez tonal. A a n este sia
g u s ta tiv a é c h a m a d a agueusia e a a n e ste sia o lfa tiv a anos mia. (H. Piéron)
67 A N G Ú S T IA
E s ta p a r a d a d a a ç ã o e e s ta a n g ú s tia p o d e m e s ta r Localizadas n a s f o b ia s ; q u a n d o se
e s te n d e m a u m g r a n d e n ú m e r o d e açõ e s o h o m e m a sse m e lh a -se a u m a n im a l c e rc a d o
q u e te n ta s u c e ssiv a m e n te to d a s as s a íd a s e n ã o e n c o n tr a n e n h u m a : n ã o p o d e e x e c u
ta r n e n h u m a to , n em d e s e já -lo , n e m s o n h á - lo ; n ã o p o d e m a is v iv e r n e m to le r a r a
s u a p ró p r ia v id a . A a n g ú stia c o m p le ta tra z a id é ia d a m o rte e as te n ta tiv a s d e su icíd io .
O s e n tim e n to , q u e n o fu n d o p e rm a n e c e s e m p re o m e sm o , é o d a u rg ê n c ia d a a ç ã o
e a o m e sm o te m p o d o c a r á te r d e fe itu o s o e a b o m in á v e l d e to d a a ç ã o . A a n s ie d a d e
é c o m p o s ta d e s ta e s g o ta n te e p e r p é tu a p r o c u r a e d e ste d e s g o s to , d e s te m e d o d e to d a
a ç ã o q u e se p r o p õ e . P o d e m -s e lig a r a o sim p le s re c u o d ia n te d a a ç ã o to d a s a s p e r tu r
b a ç õ e s p sic o ló g ic a s e fisio ló g ic a s q u e fo r a m d e sc rita s n a a n g ú s tia , p o is elas d e p e n
d e m d a d e riv a ç ã o p ro d u z id a p o r este a to d e tid o . A s c o isa s p a$ sam -$ e c o m o se a o
fe n ô m e n o s u p rim id o se s u b s titu ís s e m , p o r u m a esp é c ie d e d ifu s ã o d a f o r ç a n ã o u tili
z a d a , u m g r a n d e n ú m e ro d e fe n ô m e n o s in fe rio re s . P a r a o u tr a s o b r a s c ita d a s m a is
a tr á s v e r B o v e n , “ L ’a n x ie té ” , n o s A nnales médico-psychologiques , ju lh o d e 1935.
(P. Janet )
S o b re A n im a lid a d e — A lg u n s m e m b ro s d a S o c ie d a d e c o rrig ir a m déclanchement
p o r decienchement n a p r o v a d e s te a rtig o e r e c o r d a r a m q u e e s ta p a la v r a p a re n te d o s
te rm o s ingleses clench, unclench, etc. v em d o v e lh o fra n c ê s clenche (p r o n u n c ia d o
clanche) q u e q u e ria d izer tr in c o d a p o r ta (s e g u n d o L ittré ) o u p e q u e n a a la v a n c a q u e
serv ia p a r a le v a n ta r u m tr in c o d a p o r ta (s e g u n d o a A c a d e m ia ). O te x to d e B erg so n ,
q u e fo i o q u e m a is c o n trib u iu p a r a a in tr o d u ç ã o d e s ta p a la v r a n a lin g u a g e m filo s ó fi
ca, u tiliz a déclanchement e é a o r to g r a f ia q u e ele a d o ta ig u a lm e n te a lh u re s , p . e x .,
ibid . , p . 274 (declancher e declanchement); L'énergie spirituelle, p . 8 , e tc . R o u s ta n
ta m b é m escrev e declancher (Psychologie , p p . 4 7 3 , 4 7 5 , e tc .). A s d u a s fo r m a s têm
p o is a seu f a v o r b o a s a u to r id a d e s . C o n tu d o , m a is ta r d e , e m Les deux sources, B erg
s o n escrev eu déclencher , p . 2 3 3 , e decienchement, p . 329.
69 Α Ν Ο Μ Ι Α
A N T IN O M IA (G . Α ν τ ι ν ο μ ί α , c o n s o c ia l s o b re a lib e rd a d e a b s o lu ta e in d e
tr a d iç ã o n a s leis). D . A n tin o m ie ; E . A n - f in id a d e to d o o e n s in o .” A . C o m t e ,
tinomy; F . Antinom ie; I. A ntinom ia. Cours d e phil. positive , liç ã o 5 7 , ad f i
A . E m D i r e i t o e em T e o l o g i a : c o n nem; e d . S c h le ic h e r, V I, 370.
tr a d iç ã o e n tr e d u a s leis o u p rin c íp io s n a U tiliz a d a a lg u m a s vezes d e m o d o a b u
s u a a p lic a ç ã o p r á tic a a u m c a s o p a r tic u siv o p a r a d e s ig n a r o q u e é o p o s to a o
la r. so cia lism o * o u m e s m o a u m a f o r m a p a r
tic u la r d e re g im e so cia l.
B . E m Kτ ÇI : “ c o n f lito e n tr e a s leis
d a ra z ã o p u r a ” ; c o n tra d iç õ e s n a s q u a is
A N T ÍT E S E (G . ’A r r tf e o ts ) . D . A n -
a r a z ã o p u r a se e n v o lv e n e c e s sa ria m e n
tithesis; E . A ntithesis ; F . A ntithèse ; I.
te , n a c o s m o lo g ia ra c io n a l, q u a n d o p r o
A ntitesi.
c u ra o in c o n d ic io n a d o n o fe n ô m e n o (q u er
n a série to ta l in f in ita d a s c o n d iç õ e s , q u e r A . O p o siç ã o d e se n tid o e n tre d o is te r
n u m p rim e iro te r m o a b s o lu to ) , e q u a n m o s o u d u a s p ro p o s iç õ e s . E s ta o p o s iç ã o
d o , e m c o n s e q ü ê n c ia , e la t r a t a o m u n d o p o d e se r a d o s c o n tr a d itó r io s , o u a d o s
s u b m e tid o às c o n d iç õ e s d a e x p e riê n c ia c o n tr á r io s , m a s s o b r e tu d o e sta ú ltim a .
p o ssív el, c o m o se ele tiv esse u m a re a lid a
B . M ais g e ra lm e n te , o p o s iç ã o d e d u a s
d e e m s i, te o ric a m e n te d e te rm in á v e l. E s
c a r a c te rís tic a s , d e d u a s te n d ê n c ia s , etc.
ta s c o n tra d iç õ e s tra d u z e m - s e e m q u a tr o
p a re s de p ro p o s iç õ e s c o sm o ló g ic a s ; c a d a C . M ais especialm ente, na lógica*
u m d estes p a re s c h a m a -se uma a n tin o m ia transcendental de K a n t e n a dialética*
m a s a o m e sm o te m p o o seu c o n ju n to de H e g e l , o segu n do m om en to de um a
c o n s titu i “ a A n tin o m ia d a r a z ã o p u r a ” . antítese n o sentido A , que se op õe então
{Kritik der reinen Vernunft, D ia lé tic a à tese*.
tr a n s c e n d e n ta l, 2? p a r te .) E m K a n t h á N a s antinom ias * d e K a n t a s a n títe se s
ta m b é m u m a a n tin o m ia d a ra z ã o p r á tic a a f ir m a m , c a d a u m a s o b re a q u e s tã o q u e
re la tiv a a o c o n c e ito d o s o b e r a n o b em lh e c o n c e rn e , q u e n ã o e x iste te rm o a b s o
{Kritik der praktischen Vernunft , liv . I I , lu ta m e n te p rim e iro (n e n h u m c o m eç o d o
c a p . II); u m a a n tin o m ia d o ju íz o teleo - te m p o , n e n h u m e le m e n to sim p le s, n e
ló g ic o , re la tiv a a o m e c a n is m o e à fin a li n h u m a to liv re, n e n h u m ser n e c e s sá rio )
d a d e ; e u m a a n tin o m ia d o g o s to (Kritik e q u e , p o r c o n se g u in te , a p ro c u ra d o s a n
der Urtheilskraft, § 54 s s ., D ia lé tic a d o te c e d e n te s , d o s c o m p o n e n te s , d a s c a u sa s
ju íz o e sté tic o ). d e te r m in a n te s o u d a s e x istê n c ia s, d e p e n
C . N u m s e n tid o m a is f r a c o , to d o o d e n te s u m a d a o u tr a , só p o d e p ro s s e g u ir
c o n f lito , a p a r e n te o u re a l, e n tre as c o n in d e fin id a m e n te .
dições de u m m esm o fim , o u e n tre as con- Rad. int.: A n tite z .
s e q ü ê n c ia s d e d o is ra c io c ín io s q u e p a r e
cem d e m o n stra tiv o s u m d o o u tr o . V er, p . A N T I T I P I A ( ’A v t i t v v íoi). P a la v r a
e x ., o títu lo d a o b r a d e V ic to r H e n r y , u tiliz a d a p o r L E « ζ Ç« U p a r a d e s ig n a r “ o
A ntinom ies Unguistiques (1896). q u e fa z c o m q u e u m c o r p o se ja im p e n e
Rad. in t .: A n tin o m i. trá v e l a o u tr o ” . Exame dos princípios de
R. P. Malebranche ; E r d m a n n , 6 9 1 a . “ A t-
A N T I- S IM E T R I A V er Suplemento.
trib u tu m p e r q u o d m a te ria est in s p a tio .”
A N T I- S O C IA L C o n tr á r io à b o a o r Comm entatio de anima brutorum; ibid . ,
d e m d a so c ie d a d e . “ U m p rin c íp io a n ti 4 6 3 a.
A N T R O P O C Ê N T R IC O (d o G . logia moral e la é o c o n h e c im e n to d o h o
avflçw Tror, xtvTQOp). D , Anthropocen- m e m v o lta d o p a r a o q u e d e v e p r o d u z ir
trisch; E . Anthropocentric ; F . A nthropo a s a b e d o ria n a v id a , d e a c o r d o c o m o s
centrique; I. Antropocentrico. p rin c íp io s d a m e ta fís ic a d o s c o stu m e s .
Q u e fa z d o h o m e m o c e n tr o d o m u n Anthropologie in pragmatischer Hinsicht,
d o e c o n s id e ra o b e m d a h u m a n id a d e c o 1788.
m o a c a u s a fin a l d o re sto d as co isas. C f. Tugendtehre, E in le itu n g , § M o n
Rad. in t .: A n tr o p o c e n tr a l. de ele o p õ e a antropologia à antropono-
A N T R O P O L O G IA (do G . " A v Bq w - mia, q u e r d iz e r, à lei m o r a l re s u lta n te d a
Tros, Xo'-yos). D . Anthropologie; E . A n th ra z ã o .
ropology; F . A nthropologie ; I. A n tro D . (D e p o is d e c e rc a d e 1870) u m d o s
pologia. g ran d es ra m o s d as ciências n a tu ra is , a q u e
A . S e n tid o te le o lo g ic o : a ç ã o d e f a la r le q u e c o n s titu i, p o r a ssim d iz er, a z o o
h u m a n a m e n te d a s c o isas d iv in a s. “ A a n lo g ia d a espécie h u m a n a . F o i d e fin id a p o r
tro p o lo g ia v e rd a d e ir a e re a l d a s v e rd a d e s B r o c a c o m o “ o e s tu d o d o g ru p o h u m a
q u e eles n ã o p o d e ría m c o m p re e n d e r de n o e n c a r a d o n o seu t o d o , n o s seus p o r
u m a o u tr a m a n e ir a ...” (M a l e b r a n c h e , m e n o re s e n a s s u a s re la ç õ e s c o m o re s to
Natureza e graça , I, 2 .) E m d e s u s o . C f. d a n a tu r e z a ” . (N o Dictionnaire d e Ri-
L e i b n i z , Disc. d e m e ta f c a p . X X X V I. c h e t , s u b V o.) N e ste s e n tid o ela c o m
C RÍTIC A çõ es r e tir a d a s d a n a tu re z a o u d a c o n d u
A a n tr o p o lo g ia n o s e n tid o D n ã o é ta h u m a n a . “ Se o in te le cto d o a n im a l en
u rn a ú n ic a c ie n c ia , m a s u m a g ru p a m e n c e rra e le m e n to s q u e d ife re m f u n d a m e n
to d e p a rte s d e c iên cias o u de a p lic a ç õ e s ta lm e n te d o s q u e c o n c o rre m p a r a c o n s ti
d as ciencias q u e têm c o m o o b je to c o m u m tu ir o n o s s o é m a is o u m e n o s c e rto q u e
o h o m e m , p o r u m la d o , n a s u a n a tu r e z a eles fic a r ã o p a r a s e m p re e s c o n d id o s . O
fís ic a e m e n ta l e , p o r o u tr o , n o seu d e antropom orfism o n e ste c a s o é a b s o lu ta
m e n te f o r ç a d o . . . ” M a y e r s o n , “ O se n
se n v o lv im e n to h is tó ric o e p ré -h is tó ric o .
so c o m u m v is a rá o c o n h e c im e n to ? ” , R e·
E la ta m b é m c o m p re e n d e ria , p o is , n e ste
s e n tid o , to d a a p sico lo g ia h u m a n a , a m o
vue de m étaph., ja n e ir o d e 1923, p . 19.
N e ste s e n tid o a p a la v r a é e n te n d id a ,
r a l, a h is tó r ia , a c iê n c ia d a a r te e a d a s
o m ais d as vezes, n u m se n tid o p e jo ra tiv o .
relig iõ es. M as o g ru p o d e e stu d o s q u e ela
re u n ia caracterizav a-se so b re tu d o p o r c er
Rad. int.: A n tr o p o m o r f is m .
t o e sp írito n a tu r a lis ta , q u e r d iz e r, p elo A N T R O P O M O R F IT A P a re c e te r si
p o s tu la d o d e q u e as fo rm a s su p erio re s d a d o p rim itiv a m e n te o n o m e d a d o a u m a
v id a m e n ta l e so cia l e n c o n tr a m a s u a ex se ita d e h e ré tic o s q u e se d e se n v o lv e u n o
p lic a ç ã o s u fic ie n te n a s c o n d iç õ e s m a te séc u lo I I I e IV n o s m o s te iro s c ris tã o s d o
ria is e c lim a té ric a s d a v id a fis io ló g ic a . A E g ito : “ Ñ e q u e m u lto m e lio ra s u n t is ta (a
p a la v r a d e s ig n a , p o is , a o m e sm o te m p o c re n ç a d e q u e o h o m e m é quasi norma et
u m c o n ju n to de c iên c ia s e u m e s p írito speculum naturae, e de q u e a n a tu re z a age
c ien tífico p a rtic u la re s q u e im p o r ta d is tin c o m o ag e a esp écie h u m a n a ) q u a m h a e -
g u ir n a lin g u a g e m . resis a n th r o p o m o r p h ita r u m , in cellis a c
Rad. i n t A n tro p o lo g i. s o litu d in e s tu p id o r u m m o n a c h o r u m o r-
ta ; a u t s e n te n tia E p ic u ri, h u ic ip si in p a
A N T R O P O M O R F IS M O (d o G.
g a n is m o r e s p o n d e n s , q u i d iis h u m a n a m
a tA q u it o s , ftoQtfir}). D . Anthropomorphis-
fig u ra m tr i b u e b a t.” B a c o n , D e dignit.,
m us ; E . Anthropomorfism\ F . Anthropo-
V ., § 9 . (A. L .)
m orfism e ; I. A ntropom orfism o.
A . A ç ã o d e a tr ib u ir a D e u s a n a tu r e “ A N T R O P O T E Í S M O ” T e rm o u s a
z a h u m a n a : “ É b r in c a r c o m D e u s a t r a do por P 2 τ I p a r a d e s ig n a r o e s fo rç o d a
vés d e a n tr o p o m o r f is m o s p e r p é tu o s : é v o n ta d e ra c io n a l e m d ire ç ã o d a v id a s u
re p re se n tá -lo c o m o u m h o m e m q u e se d e p e r io r . “ A m is sã o d o h o m e m é te n d e r
v o ta in te ira m e n te a o tr a b a lh o d e q u e se m a is e m a is e m d ire ç ã o d a d iv in d a d e . É
t r a t a . ” L « ζ Ç« U , Teodiceia, I, § 122.
E
a fé ra c io n a l, a re lig iã o ra c io n a l, o a n t r o
p o te ísm o . ” L a religión d e Vharmonie , p .
B . M a is re c e n te m e n te , n u m s e n tid o
252.
m a is g eral: d iz-se d e to d o ra c io c ín io o u
d e to d a d o u tr in a q u e , p a ra ex p licar o q u e A P A G Ó G I C O (R a c io c ín io ) (d o G .
n ã o é o h o m e m (p o r e x e m p lo , D e u s, os ’Kirotyuyii, a ç ã o d e c o n d u z ir). D . A pa-
fe n ô m e n o s físic o s, a v id a b io ló g ic a , a gogisch', E . Apagogic ; F . Apagogique ; I.
c o n d u ta d o s a n im a is, e tc .), lhe ap lic a n o Apagogico.
S o b re A n tr o p o m o r f is m o — N o v a re d a ç ã o d o § B d e v id a p rin c ip a lm e n te a Beau·
(avon. Mauríce Blondel e Piéron h a v iam en v iad o o b serv açõ es n o m esm o sen tid o . Blon-
del o b s e rv a q u e se p o d e fa c ilm e n te c o m e te r a n tr o p o m o r f is m o s q u a n d o se p a ss a d o
h o m e m in d iv id u a l p a r a a v id a so c ia l.
A P A R E N T E D . Scheinbar (r a ro n o m is tu ra m em p ro p o r ç õ e s m a l d e fin id a s .
s e n tid o A ); Schein (em c o m p o siç ã o ; sem M u ita s p a ss a g e n s em q u e fig u ra e sta p a
p re n o s e n tid o B: Scheinkrank, Scheinlie- la v r a p a re c e m u m jo g o em q u e o s a u t o
be, etc.); E . A . Clear, plain\ B. Apparent, re s se d iv e rte m e m s u g e rir p e la p rim e ira
seeming; F . A pparent ; I. Apparente. “ a p a r ê n c ia ” d a fra s e o c o n tr á r io d o q u e
A . P rim itiv a m e n te q u a n d o se f a la d as e la d iz n a re a lid a d e . S e n d o d a d o q u e n a
coisas: bem visível; q u e ap arece claram en te lín g u a c o r r e n te , salv o q u a n d o se t r a t a d e
a o s o lh a re s. “ U m a in scrição a p a r e n te .” o b je to s m a te ria is, a p a la v ra aparente te m
“ A educação n ã o se lim ita a to m a r a p aren sem p re o s e n tid o B, é q u a s e c e rto q u e u m
tes a s p o te n cialid a d e s esco n d id a s q u e ap e le ito r d e sp re v e n id o o e n te n d e rá a ssim , a
n as p re c isa ria m de se re v e la r .” E . D Z 2 3 - m e n o s q u e a p e n a s se tr a te d e u m a a n títe
HEiM, Education et sodologie, p . 51. se em q u e aparente se o p õ e ex p ressam en te
P o r m e tá f o r a : e v id e n te , visível. “ E s a escondido; e, p o r c o n s e q u ê n c ia , o es
c rito r d ev e fa z e r o m e s m o se q u is e r evi
ta p r ó p r ia a u sê n c ia de d e se jo s e d e e sp e
t a r os m a l-e n te n d id o s .
r a n ç a s ... é j á a a p a r e n te a b o liç ã o d e ste
p r a z e r p u r o e o v o to c a r o e tá c ito d e p o
Rad. int .: A . E v id e n t; B . S e m b l.
d e r re s ta u r á -lo .” J . S e g o n d , Tntuition et A P A R E N T E M E N T E V e r Aparente.
amitié , p . 125. M e s m a u tiliz a ç ã o d o a d
A P A R I (R a c io c in io ) L . (s u b e n te n d i
v é rb io : “ É p o r q u e la n ç a u m v é u s o b re o
d o causa): a q u ilo q u e c o n c lu i d e u m c a
p ro b le m a d a s o rig e n s q u e ele p o d e s u s
so u m o u tro c o n sid e ra d o c o m o sem elh an
te n ta r teses a p a r e n te m e n te c o n tr a d itó
r ia s .” A . D a r b o n , Le concept du hasard te . E x p re s s ã o d e o rig e m ju r íd ic a ; v er A
contrario.
chez Cournot , p . 38. (E ste s e n tid o é b a s
ta n te r a r o .) A P A R T E a n te , a p a r te p o s t L o c u
B . S e n tid o u s u a l: q u e n ã o é o q u e p a çõ es e sc o lá stica s q u e se a p lic a m à e te r n i
rece ser. “ M o v im e n to a p a r e n te .” “ C o n d a d e : a e te rn id a d e a parte ante é u m a d u
cessão a p a r e n te .” “ R azõ es a p a re n te s , es ra ç ã o infinita n o p a s s a d o ; a e te r n id a d e a
p e cio so s p re te x to s o u o q u e eles d e n o m i parte p o st é u m a d u r a ç ã o in fin ita n o
n a m d e u m a im p o s s ib ilid a d e ...” L τ f u tu r o .
B r ü YÈRE, Caracteres , c a p . V III. “ A A P A R T E re i (U n lv e rs a lia ) U n iv e r
a b o liç ã o a p a re n te d a s re c o rd a ç õ e s v isuais s a is 4' q u e p ro v ê m d a n a tu r e z a d a c o is a e
n a c e g u e ira p s íq u ic a ...” B e r g s o n , Ma- n ã o d a n a tu r e z a d o e s p ír ito q u e a c o n h e
tière et mémoire, p . 97. ce. “ Id e m est q u o d s e c u n d u m rei n a tu -
M esm o s sen tid o s p a r a o a d v é rb io u ti r a m .” GÃTÂ E Ç« Z è , s u b V<>, 4,
liz a d o fr e q ü e n te m e n te p a r a a s s in a la r a
iro n ia . A P A T I A (G . 'AxáOttoi). D . Apathte\
E . A pathy; F . A pathie ; I. Apatia.
c r ít ic a A. É I í Tτ (s o b re tu d o h isto ric a m en te ).
N ã o s o m e n te o s s e n tid o s A e B são In d if e r e n ç a a o s m ó v e is sensív eis; e s ta d o
q u a s e c o n trá rio s n a s u a a c e p ç ã o e x tre m a d o s á b io q u e d e sp re z a a d o r o u m e sm o
c o m o se e n c o n tr a m n eles, p o r assim d i q u e n ã o se d á c o n ta d e la (M E ; á 2 Â TÃè ,
z e r, to d o s o s in te rm e d iá rio s , o n d e eles se E è I ë TÃè , C é I « TÃè ). C f . Ataraxia.
S o b re A p e rc e p ç ã o — O § C (s o b re M a in e d e B ira n ) é d e v id o a P. Tisserand.
É s e m p re e r r a d o u tiliz a r apercepção p o r apreensão. A a p e rc e p ç ã o ¿ u m a a ç ã o
m u ito m ais im p o r ta n te d o q u e a sim p le s a p re e n s ã o . A p re e n d e r n ã o sig n ific a q u e se
d e s c u b ra o rig in a lm e n te o q u e q u e r q u e s e ja , n em m e s m o q u e se c o la b o re v e rd a d e ir a
m e n te n o tr a b a lh o d o c o n h e c im e n to . H á a lg u m a p a ss iv id a d e n a a p r e e n s ã o , o u , p e lo
m e n o s, h á m ais a tiv id a d e n a a p e rc e p ç ã o . É o q u e p a re c e te r v is to c la ra m e n te P r o u d -
h o n n u m te x to c u rio s o : “ O q u e d is tin g u e a m u lh e r é , p o is , q u e n e la a fr a q u e z a , o u ,
m e lh o r d iz e n d o , a in é rc ia d o in te le c to , n o q u e re s p e ita à apercepção d a s re la ç õ e s,
é c o n s ta n te . C a p a z a té c e r to p o n to d e apreender u m a v e rd a d e e n c o n tr a d a ...” Justi
ce, X I e s tu d o , c a p . 1 , 9 . N a “ a p r e e n s ã o ” lim ita r-n o s -ía m o s a receber a id é ia a tra v é s
d e u m e n c o n tr o feliz, u m a c id e n te , u m a c a s o e a “ a p e r c e p ç ã o ” im p lic a ria q u e a d e s
c o b rís se m o s la b o rio s a m e n te e m si sem e s p e ra r q u e e la viesse d e f o r a . (Louis Boisse )
W illia m J a m e s riu -se d o m is té rio q u e fa z e m c e rto s f iló s o fo s e m v o lta d e ste te r m o
apercepção. É, d iz ele, u m a p a la v r a ú til em p e d a g o g ia e q u e d e sig n a c o m o d a m e n te
u m p ro c e ss o c o m q u e to d o s o s e d u c a d o re s t r a ta m , m a s n a re a lid a d e n ã o sig n ific a
m ais d o q u e o a to d e to m a r c o n sc iê n c ia d e u m a c o isa (it verify means nothing more
than th ea ct to taking a thing into the m ind ). “ N ã o c o rre s p o n d e a n a d a d e p a rtic u la r
o u d e e le m e n ta r em p sic o lo g ia , p o is é a p e n a s u m d o s in u m e rá v e is re s u lta d o s d o p r o
cesso psico ló g ico d a asso ciação d a s idéias e a p ró p r ia p sico lo g ia p o d e facilm en te p a ss a r
sem a p a la v r a , s e ja m q u a is fo re m o s serv iço s q u e e la p o s s a p r e s ta r n a p e d a g o g ia .”
Talks to Teachers, c a p . X IV , p p . 156-157. (A. L.)
A P E T IÇ Ã O 78
S o b re A p ra x ia — A rtig o re m o d e la d o p a r a te r em c o n ta d iv e rsa s o b je ç õ e s f o r m u
la d a s n o m e a d a m e n te p o r Piéron e L, Boisse.
E s te te rm o fo i c ria d o p o r G Ã ; ÃÂ em 1873 p a ra d e s ig n a r a p e r d a d a in te lig ê n cia
d a u tiliz a ç ã o d a s c o isa s. E s ta n o ç ã o , u m p o u c o a m b íg u a , fo i d e te r m in a d a c o m e x a ti
d ã o p o r H . L « ú Oτ ÇÇ
E em 1900 q u e d e fin e assim a a p ra x ia : “ In c a p a c id a d e de ex e
c u ta r c o m o s m e m b ro s os m o v im e n to s a p r o p r ia d o s (zweckgemass) a p e s a r d a in te g ri
d a d e d a m o tric id a d e . A a p ra x ia é d e a lg u m a m a n e ir a o a n á lo g o , n a e s fe ra d a s pra-
xtas, d a a g n o s ia , q u e é u m a p e r tu r b a ç ã o d a p e rc e p ç ã o q u e p e rte n c e à e s fe ra d a s gno-
sias." [Ed. Claparèdé) V er A bulia intelectual.
D istin g u e -se e n tre u rn a apraxia ideatória (d e m e n cia m o triz ) e u rn a apraxia ideo -
m otriz, o u a p r a x ia v e rd a d e ira (L ie p m a n n ). H á a m n é s ia m o tr iz , p e r d a d o b e n e fic io
de u m a a p re n d iz a g e m m o to r a . A afemia (a fa s ia m o triz ) e a agrafía s ã o caso s p a r ti
c u la re s d e a p ra x ia . P o r fím , ex iste u rn a a p r a x ia p o r agnosia* , q u e se c h a m a pseudo-
apraxia o u apraxia agnósica : é a in c a p a c id a d e d e m a n e ja r c o rre ta m e n te o s o b je to s
u s u a is p o rq u e estes n ã o são re c o n h e c id o s . {H. Piéron)
A a p ra x ia n ã o c o n sis te , d e o r d in á r io , n a in c a p a c id a d e d e re c o n h e c e r as fo rm a s
d o s o b je to s o u a s u a u tiliz a ç ã o . N em a re p re s e n ta ç ã o n e m a v o n ta d e s ã o a tin g id a s ;
im a g in a m -s e o s m o v im e n to s e q u e re r-s e -ia re a lizá -lo s: é a p e n a s a execução q u e é im
p o ssív el (e c o n tu d o n ã o e x iste p a ra lis ia ). E b b in g h a u s , q u e to m a a p a la v r a n este se n
tid o , c o n s id e ra , p o r c o n s e g u in te , a a fa s ia m o tr iz c o m o u m c a s o p a r tic u la r d a a p r a
x ia (Précis de Psychologie, tr a d . f r a n c ., A le a n , 1910, p . 238). (L. Boisse)
A P R E C IA Ç Ã O 80
S o b re A p re e n s ã o — Apreensão (q u e tr a d u z o a le m ã o Auffassung) é u m te rm o
fre q u e n te m e n te u tiliz a d o n a p sico lo g ia c o n te m p o râ n e a p a r a d e sig n a r a m e m ó ria im e
d ia ta o u c a p a c id a d e lim ite de r e p r o d u ç ã o c o r r e ta sem a tr a s o , d e p o is d e u m a p e rc e p
ç ã o ú n ic a , d e n ú m e ro s , le tra s , p a la v r a s , im a g e n s , e tc . ( H . Piéron)
81 A PRESENTAÇÃO
lh e ra z ã o se é a c a u s a n ã o s o m e n te d o Appropriation-, F . A ppropriation ; I.
n o sso ju íz o , m a s ta m b é m d a p r ó p r ia v e r Apropriazione.
d a d e , o q u e se c h a m a ta m b é m ra z ã o a A to p elo q u a l n o s a p o d e r a m o s , p a r a
priori . ” N ovos ensaios, IV , X V II, 1. d ele fa z e r n o s s a p r o p r ie d a d e in d iv id u a l,
E m K τ Ç , se b e m q u e a in te n ç ã o se
I d o q u e n ã o p e rte n c e a n in g u é m o u a t o
ja c e rta m e n te a de s e p a ra r o s e n tid o A , d a g e n te.
e n c o n tra m -s e m u ita s e x p re ssõ es q u e p a Rad. int.: P r o p r(ig ) ,
recem in sistir s o b re o c a r á te r p sic o ló g ic o
d e p re fe rê n c ia a o c a r á te r ló g ico d o s co A P R O S E X I A V er Abulia.
n h e c im e n to s q u e c h a m a de a priori : u m a A P R O V A Ç Ã O D . Beifall ; E. A ppro
p ro p o s iç ã o a priori é a q u e la q u e “ z u bation, approval·, alg u m as vezes sanction-,
g leich m it s e in e r N o tw e n d ig k e it g e d a c h t F . Approbation-, I. Approvazione.
w ir d “ 1 (Krit. der reinen Vern ., E in le i J u íz o fa v o rá v e l d e a p re c ia ç ã o . O te r
tu n g , II [a p e n a s B ], p . 3); a q u e la q u e é m o é u tiliz a d o s o b re tu d o n o s e n tid o é ti
“ in s tre n g e r A llg e m e in h e it g e d a c h t“ 12 c o , m a s seria ú til esten d ê-lo a o se n tid o ló
(ibid., 4). A p rim e ir a e d iç ã o d iz ia m e s g ic o e a o s e n tid o e sté tic o o n d e se e n c o n
m o : “ S o lc h e allg e m ein e E r k e n n tn is s e ... t r a a m e s m a c a r a c te rís tic a , q u e n ã o re c e
m ü s s e n , v o n d e r E r f a h r u n g u n a b h ä n g ig , b e u n o m e e sp ecial.
v o n sich selb st Klar u n d gewiss s e in .” 3 Rad. int.: A p r o b .
Ib id ., E in l, I, A , 1. M a s e sta fó r m u la d e
s a p a re c e u e m B. A P R O X IM A Ç Ã O D . Näherung-, E .
E le d istin g u e : 1? o c o n h e c im e n to a Approximation-, F . A pproxim ation; I.
priori, q u e é necessário e u n iv ersal, d o co A pprossim azione.
n h e c im e n to absolutam ente a priori A . C a r a c te r ís tic a d a q u ilo q u e é
(schlechterdings a priori), q u e tem as m es a p ro x im a d o * n o s e n tid o A o u n o s e n ti
m as características e, m ais a in d a , que n ã o d o B. “ E m p rim e ir a a p r o x im a ç ã o .”
p o d e ser d e d u z id o de n e n h u m o u tr o ; 2?
B . V a lo r a p r o x im a d o : “ U m a a p ro x i
o c o n h e c im e n to a priori q u e d iz re s p e ito
m a ç ã o de m ilím e tr o .”
a p ro p o siç õ es em q u e u m d o s te rm o s a p e
n a s p o d e ser c o n h e c id o p o r e x p e riê n c ia ,
Rad. int.: P ro x im e s , p ro x im a j.
d o c o n h e c im e n to a priori puro* {rein), A P R O X IM A D O D . Annähernd; N ä
q u e n ã o c o n té m n e n h u m te rm o e m p íric o herungs... (p . ex. Näherungsgrösse); E .
{ibid.). Approximate, approached; F. Approché;
P a re c e ú til p a r a a c la re z a d a lin g u a I. Approssim ato.
g em filo só fic a re s e rv a r a priori e a poste
A. D iz-se p ro p r ia m e n te de u m a g ra n
riori a o s e n tid o A .
d e z a v iz in h a d a g ra n d e z a re a l, s u b s titu í
A P R O P R I A Ç Ã O D . Aneignung; E . d a a ela q u a n d o é im p o ssív el o u in ú til
c o n h e c ê -la rig o ro s a m e n te o u e x p rim i-la
1. “ Cujo pensam ento é acom panhado pelo da d e u m a m a n e ira e x a ta (p . ex. n o c a s o d e
sua necessidade." u m n ú m e ro irra c io n a l). Lei aproximada:
2. “ Que é pensada com o rigorosam ente univer a q u e la q u e p e r m ite c a lc u la r u m v a lo r su
sal,"
3. "Esses conhecimentos universais... devem ser
ficien te p a ra o o b je to q u e n o s p ro p o m o s ,
claros e certos por st pró prio s, independeniem ente m a s u m p o u c o d ife re n te d o v a lo r v e rd a
da experiência." d e iro .
B. e r i s t ó t e l e s , Física, V I, 9. E s te a r g u
M a is g e ra lm e n te , c a r a c te rís tic a d A
u m c o n h e c im e n to já v á lid o , m a s q u e n ã o m e n to re c e b e o seu n o m e d o f a to d e Ze-
é d e fin itiv o e q u e d ev e to rn a r-s e m ais p e r n ã o te r to m a d o c o m o e x e m p lo A q u ile s
fe ito , m a is a d e q u a d o a o se u o b je to . G . d o s p é s lig e iro s p e rs e g u in d o u m a t a r
Bτ T7 E Â τ 2 á , Essai sur Ia connaissance ta r u g a .
approché , 1927.
A R B IT R A R IE D A D E S en tid o a b s tra
Rad. int.: P r o x im .
to : c arac te rístic a d o q u e é a rb itrá rio . S em
A P R O X IM A T IV O V er Aproximado. p re p e jo ra tiv o .
M a s a p a la v r a te m m u ita s v ezes, s o b re
A R B I T R Á R I O ( a d j.) D . Willkürlich;
tu d o n a lin g u a g e m c o rre n te , u m a c e n to
E . Arbitrary; F . Arbitraire ; I. Arbitrário.
d e s fa v o rá v e l; e n q u a n to aproximado p õ e
Q u e d e p e n d e u n ic a m e n te d e u m a d e
o a c e n to s o b re o su c e sso p a rc ia l d a a p r o
c isã o in d iv id u a l, n ã o d e u m a o rd e m p re
x im a ç ã o , aproximativo e v o c a d e p re fe
e s ta b e le c id a o u de u m a r a z ã o v á lid a p a
rê n c ia a id é ia d e q u e ela fic a m u ito lo n g e
r a to d o s : “ U m a s u p o s iç ã o a r b i t r á r i a .”
d a g r a n d e z a o u d a v e rd a d e e x a ta s.
S alv o em alg u n s casos m u ito ra ro s tais c o
A P T ID Ã O D . Eignung; E . Abitíty; F. m o “ e sc o lh e r u m v a lo r a r b itr á r io ” (n as
A ptitude; I. A ttitudine. m a te m á tic a s ), a p a la v r a te m s e m p re u m
C a r a c te rís tic a física o u p s íq u ic a q u e to m p e jo r a tiv o e q u a s e se m p re m u ito
to r n a a q u e le q u e a p o ssu i c a p a z d e e x e r e n é rg ic o .
c e r b e m u m a fu n ç ã o . E ste te r m o to r n o u -
CRÍTICA
se m u ito u s u a l n a lin g u a g e m d a p s ic o lo
g ia e d a p e d a g o g ia c o n te m p o râ n e a s : ver A rb itr á r io d ife re d e contingente* p o r
p . ex . E á . C Â τ ú τ 2 è á , C om m ent diag
E
q u e este n â o c o n té m a id é ia d e b e l-p ra z e r;
nostiquer les aptitudes chez ies écoliers a r b itr á r io o p õ e -s e , p o r c o n s e q u ê n c ia , à
(1924). ra z ã o n o r m a tiv a e à n e c e s sid a d e d e c o n
Rad. int.: A p te s . v e n iê n c ia e n ã o à n e c e s sid a d e p r o p r ia
m e n te d ita . D ife re d e decisório* p o r q u e
A Q U IL E S U m d o s a r g u m e n to s d e a s s in a la u m a to d e v o n ta d e e d e e sc o lh a
Z E Çâ Ã d e E Â é « τ , d ito s (m a s ta lv e z e r r a ra z o á v e l, n e c e ssá rio p a r a s u b s titu ir o q u e
d a m e n te ) c o n tr a o m o v im e n to . “ U m m ó a lei o u a n a tu r e z a d a s c o isa s d e ix a m in
vel m ais le n to n ã o p o d e ser a lc a n ç a d o p o r d e te rm in a d o . U tiliza-se ta m b é m a lg u m a s
o u tr o m a is r á p id o , p o is o q u e p e rseg u e vezes n e s te s e n tid o arbitrai , to m a d o d a
d ev e s e m p re c h e g a r a o p o n to q u e o c u p a lin g u a g e m ju d ic iá r ia , m a s e s ta e x p re ss ã o
v a a q u e le q u e é p e rs e g u id o e o n d e este j á é r a r a n e ste s e n tid o e p o d e ría le v ar a c o n
n ã o e stá [q u a n d o o s e g u n d o lá ch eg a ]; d e fu sõ e s.
m a n e ir a q u e o p r im e ir o m a n té m se m p re O p o d e r “ a r b itr á r io ” d ife re d o p o d e r
u m a v a n ç o s o b re o s e g u n d o .” S e g u n d o a b s o lu to * : 1? p o r q u e o a r b itr á r io só p o -
S o b re A r g u m e n to — A o s o lh o s d o seu a u to r , to d o a rg u m e n to é p ro v a ; se esta
p a la v r a fo r u tiliz a d a n e ste c a so é d e v id o a u m a m o d é s tia e u m a d is c riç ã o re c o m e n
d á v e is. M as é s o b re tu d o b o m s e rv irm o -n o s d e la q u a n d o a p e n a s a le g a m o s u m r a c io
c ín io d e o u tr e m . É p re fe rív e l d iz er “ o a rg u m e n to o n to ló g ic o ” , m e sm o se o tiv e rm o s
c o m o p r o b a n te , d o q u e “ a p ro v a o n to ló g ic a ” . (A/. Marsal)
Beaulavon p e rg u n ta v a -s e se a e x p re ss ã o “ A rg u m e n to de B e rk e le y ” , n o se n tid o
in d ic a d o , é s u fic ie n te m e n te u s u a l p a r a m e re c e r u m a m e n ç ã o , e a c h a q u e n ã o ex iste
ra z ã o p a ra d e s ta c á -lo assim d o r e s to d a s u a filo s o fia . S o b re a q u e s tã o de p rin c íp io ,
só p o s s o ser d a s u a o p in iã o . M a s , s e n d o d a d o q u e a fó r m u la se e n c o n tr a a lg u m a s
vezes so b e s ta fo r m a e n ig m á tic a q u e e m b a r a ç a o s e s tu d o s , p a re c e ser ú til m e n c io n á -
la. E s ta e x p re s s ã o v e m p ro v a v e lm e n te d o q u e dele d iz H Z O , Essay, X I I , 1.
E
87 A R Q U É T IP O
S o b re Arquitetônico — O § A fo i a c re s c e n ta d o a o te x to d a 1 ? e d iç ã o p o r G. Belot.
S o b re A sc e se — A c re s c e n ta d o p o r p r o p o s ta e in d ic a ç ã o d e Prat e de Giison.
Ã
I E I , 47). D . A sketik; E . Ascetism, A s - q u e co n siste e m d iz er q u e , se h o u v esse d e
ceticism ; F . Ascétisme', I. Ascetismo. te rm in is m o , u m a s n o , c o lo c a d o a ig u a l
A . É « T τ . M é to d o m o ra l q u e c o n sis
I d istâ n cia de u m b ald e de á g u a e de u m m o
te e m n ã o te r em n e n h u m a c o n ta o p ra z e r lh o de fe n o , m o rr e r ia de fo m e e de sede
e a d o r e em sa tisfa z e r o m e n o s po ssív el sem p o d e r d e cid ir-se .
o s in s tin to s d a v id a a n im a l o u as te n d ê n
cias n a tu r a is d a se n s ib ilid a d e . (E sta d o NOTA
m in a ç ã o d a v o n ta d e so b re os im p u lso s es E x istem n u m e ro sa s v a ria n tes d e ste a r
p o n tâ n e o s fa z p a r te de q u a se to d a s as m o g u m e n to ; n ã o o e n c o n tr a m o s , fa z n o ta r
r a is , m a s só te m o n o m e d e a sc e tism o se P r a n t l , n o s e sc rito s c o n h e c id o s d e Bu-
fo r le v a d a a o e x tre m o o u c o n s id e ra d a c o
r id a n , m a s p o d e r e m o n ta r a o seu e n sin o
m o o essen cial d a m o ra lid a d e .)
o ra l. A o rig e m e stá p ro v a v e lm e n te em
B . E s p e c ia lm e n te , n a m o ra l re lig io sa , A r i s t ó t e l e s , «-«el o v q o c v o v , 259b 33.
p r o c u r a d a d o r c o m o e x p ia ç ã o o u m o r ti
C f. D a n t e , Paraíso , c a n to IV , in ício .
fic a ç ã o , ju lg a d a ú til p a r a o p ro g re s s o d a
a lm a e a g ra d á v e l a D e u s. A S S E N T A R F . Asseoir, v er Fundar.
V er Dolorismo. R e p a ra r-s e -á q u e a m e tá f o r a é a m e sm a .
Rad. i n t A s k e tis m . D iz -se, a liá s , m u ita s v e ze s, a s s e n ta r o s
fu n d a m e n to s (d e u m a te o ria , d e u m a d o u
A S E ID A D E o u A S S E ID A D E (L . es-
c o l. A sei tas). D . Aseitaf, E . Aseity; F . tr in a ) . C f . Assiette.
Aseite; I. Aseita. A S S E N T IM E N T O D . Fürwahrhalten
Q u a lid a d e d e u m se r q u e p o s s u i em si (K τ Ç
I ), Zustim m ung; E . Assenf, F. A s
m e sm o a ra z ã o e o p rin c íp io d a s u a p r ó
senti m enf, I. A ssenso.
p ria existência. O p õ e-se, n o s E sco lástico s,
(D e assentiri, assansio, assensus, p r i
à p a la v r a a b a iie d a d e , abalietas , q u a lid a
m itiv a m e n te u tiliz a d o p a r a tr a d u z ir o G .
d e de u m ser c u ja e x istê n c ia d e p e n d e de
ovyMccTá&eois d o s e sto ic o s .)
u m o u tro .
A to d o e s p írito q u e a d e re a u m a p r o
A se id a d e fo i u tiliz a d o p o r ST7 Ãú E Ç -
7 τ Z 2E q u a n d o fa la d a Vontade* n o s e n p o s iç ã o o u e s ta d o q u e re s u lta desse a to .
tid o em q u e e n te n d e e s ta p a la v r a . C RÍTIC A
Rad. int.: A se e s.
E s te te r m o é m a is g e ra l d o q u e certe
“ A S N O D E B U R I D A N ” A rg u m e n za: c o m p o r ta g ra u s d e q u e o s m ais fra c o s
to em fa v o r d a lib e rd a d e d e indiferença*. s ã o a s opiniões e o s m a is fo rte s as
in te rv e n ç ã o d a v o n ta d e o u m e sm o a p e A . P è « TÃÂ . E m g e ra l, d o u tr in a se
s a r d a su a re s istê n c ia . V er Indutor, Inte g u n d o a q u a l a a ss o c ia ç ã o * , s e g u n d o c er
resse, Reintegração. ta s leis, d e c e rto s e sta d o s d e c o n sc iê n cia
B. G ru p o f o r m a d o em v irtu d e d e stae le m e n ta re s é o p rin c íp io g e ra l d o d e se n
p ro p rie d a d e p o r d o is ou m ais e sta d o s p sí v o lv im e n to d a v id a m e n ta l.
q u ic o s. B . E m p a rtic u la r: l f em L ó ; « Tτ ,
É c o stu m e u tiliz a r nestes dois sen tid o s te o ria e m p iris ta * s e g u n d o a q u a l os p r in
a fó r m u la Associação de idéias (Ideen- cípio s d ire to re s d o c o n h e c im e n to n ã o são
Association, Association o f ideas, A sso c o n s titu tiv o s d o e sp írito em g e ra l, m a s
ciation des idées), se b em q u e a p a la v ra s ã o fo r m a d o s n o d e c u rs o d a e x p e riê n c ia
id é ia a p re s e n te n a lin g u a g e m filo só fic a p o r a s s o c ia ç ã o de id é ia s; 2? em E è I é I «
u m se n tid o p u ra m e n te in te le ctu a l q u e p a Tτ , te o ria q u e ex p lica o b elo p e la e v o c a
rece re s trin g ir a r b itr a r ia m e n te a g e n e ra ç ão d e idéias a g rad áv eis asso ciad as às sen
lid a d e d e sta lei p s ic o ló g ic a . saçõ es d a d a s (q u e r se tra te de associações
Associação sistemática, fe n ô m e n o es in d iv id u a is , p . e x ., s e g u n d o J E E E 2 E à ;
tu d a d o p a r tic u la rm e n te p o r P τ Z Â 7 τ Ç q u e r se tr a te de p ro p r ie d a d e s g e ra is, p .
(L ’activité mentale et ies elements de I'es ex. s e g u n d o R E à ÇÃÂ á è ). V er s o b re e s ta
prit, 18), n a q u a l ele vê u m a lei f u n d a f o r m a d e a ss o c ia c io n is m o Bτ Â á ç « Ç , p .
m e n ta l d a v id a in te le ctu a l (lei da associa 77.
ção sistemática). C o n sis te n a te n d ê n c ia Rad. int.: A ss o c ia c io n is m .
d o s e le m e n to s p s íq u ic o s p a r a se a g r u p a
rem e s p o n ta n e a m e n te , n ã o só se g u n d o a A S S O C IA T IV ID A D E D . Assoziati-
c o n tig u id a d e o u a se m e lh a n ç a , m a s ta m vitàt; E . Associativity; F . Associativité;
b é m f o r m a n d o sín teses o rg â n ic a s , q u e I. Associatività.
tê m u m c a r á te r de fin a lid a d e in te rn a , L Ã; . P r o p r ie d a d e d e u m a o p e ra ç ã o
SÃT« ÃÂ Ã; « τ C . O e s ta d o de v id a so a ss o c ia tiv a * n o s e n tid o B.
cial e n q u a n to re c o n h e c id o e q u e rid o p e Rad. int.: A so c ia n te s.
los in d iv íd u o s q u e dele p a rtic ip a m . “ O fa A S S O C IA T IV O D , Assoziativ; E .
to de os h o m e n s d isp e rso s serem s u b ju Associative ; F . Associai if; I. Associativo.
g a d o s p o r u m s ó ... é, se se q u is e r, u m Q u e c o n c e rn e à a s s o c ia ç ã o o u q u e
a g re g a d o , m a s n ã o u m a a s s o c ia ç ã o ,” J .- consiste n u m a asso ciação . E specialm ente:
J . R ÃZ è è E τ Z , Contrato social, 1, 5. A . P è « TÃÂ . R elativ o à a sso c iaç ã o d as
D . A to de se a ss o c ia r, n o s e n tid o C . id é ia s. V er a trá s Associação, A . “ L a ç o
Rad. int.: A so c i. a ss o c ia tiv o .” E ste sen tid o é ra ro em f r a n
A S S O C IA C IO N IS M O D . Assozia- cês.
tionspsychologie·, E , Associationism; F. B. L ó ; . C h a m a -s e propriedade (o u
Associationnism e ; I. Dottrina deli’asso- alg u m as vezes lei) associativa de u m a o p e
ciazione, Associazionismo. ra ç ã o o u re la ç ã o q u a lq u e r R à eq u iv alên -
S o b re “ A s tr o b io lo g ía ” — E s ta c o n c e p ç ã o d e o rig e m p ro v a v e lm e n te c a ld a ic a
e ste n d e u -s e so b fo r m a s d iv e rsas d esd e a C h in a a té a G ré c ia , o n d e e la serv iu d e p o n to
de p a r tid a p a r a a c iên c ia p ro p r ia m e n te d ita . R ené Berthelot re s s a lta ig u a lm e n te a
in flu ê n c ia q u e e la ex erceu s o b re c e rta s id é ia s c ris tã s (ibid., c a p . V III a X ).
e s tr ita m e n te v e rb a l. É im p o ssív e l q u e a u m a p a la v r a q u e d u r a n te ta n to te m p o o c u
p o u o p e n s a m e n to d o s h o m e n s n ã o c o r r e s p o n d a , m e sm o h o je , a lg u m se n tid o . D e
f a to , a p a la v r a te m d u a s s ig n ific a ç õ e s: 1? u m a sig n ific a ç ã o te ó ric a : o a te ísm o é a
d o u tr in a d o s q u e n ã o s e n te m a n e c e ssid a d e d e r e m o n ta r n a v ia d a c a u s a lid a d e e q u e
e stã o p o u c o fa m ilia riz a d o s c o m as e x p lic a ç õ e s re g re ssiv a s. É ta lv e z p e n s a n d o n isso
q u e P a s c a l escrev ia: “ Ateísm o , marca de força do espírito, mas apenas até certo p o n
to . ” Pensam ento , seç ã o I I I , 225; o u a in d a : “ Os ateus devem dizer coisas perfeita -
m ente claras,” Id., ibid., 221; 2? u m a sig n ific a ç ã o p r á tic a : é a a titu d e d a q u e le s q u e
viv em c o m o se D e u s n ã o ex istisse. C f. o te x to im p o r ta n te de B o ssu e t: ltH á um ateís
mo escondido em todos os corações que se difunde em todas as ações: não se conta
com Deus para nada.” Pensamentos isolados, II . A q u i o a te ís m o n ã o c o n siste em
n e g a r a e x istên c ia d e D e u s, m a s o v a lo r d a s u a e fic á c ia s o b re a c o n d u ta h u m a n a .
E s ta s d u a s sig n ific a ç õ e s s ã o , n u m s e n tid o , in d e p e n d e n te s d a s d iv e rsa s c o n c e p ç õ e s
q u e se p o d e m te r d a d iv in d a d e , e a d e fin iç ã o d e ste te rm o n ã o v a ria n e c e s sa ria m e n te
s e g u n d o o seu c o n te ú d o . (Louis Boissé)
re ç â o d e s ta p a r a u m o b je to o u p a ra u m q u ic o s e fa z e r b a ix a r c o rre la tiv a m e n te to
c o n ju n to d e o b je to s q u e , n a a u sê n c ia d es d o s os e s ta d o s d e c o n sc iê n c ia a p r e s e n ta
te fe n ô m e n o , e s ta ria m a u se n te s d o c a m d o s s im u lta n e a m e n te .” J a m e s S Z Â Â à ,
p o d a c o n sc iê n c ia o u a p e n a s o c u p a r ia m The H um an M ind, I, 142. “ A a te n ç ã o
n ele u m a p a r te m ín im a . co n siste n u m e sta d o in te le c tu a l ex clu siv o
C h a m a -s e atenção espontânea (o u o u p r e d o m in a n te co m a d a p ta ç ã o e s p o n
atenção automática , P ie rre J τ Ç ) à q u e E I tâ n e a o u a rtific ia l d o in d iv íd u o .” R « ζ Ã , I
S o b re A titu d e — “ H á u m a d e z e n a d e a n o s , e s tu d o u -s e so b o n o m e d e atitude
u m a m a n ife s ta ç ã o d a v id a p s íq u ic a c u jo v a lo r h a v ia s id o in s u fic ie n te m e n te a p re c ia
d o e m e sm o fr e q u e n te m e n te d e s c o n h e c id o . M a r b e fo i o p rim e ir o q u e , n a s s u a s in
v estig açõ es e x p e rim e n ta is s o b re o ju íz o (1 9 0 1 ), u tiliz o u a p a la v r a Bewusstseinlage
(p o siç ão d a c o n sciên cia), q u e d e p o is prev aleceu e n tre o s p sicó lo g o s alem ães. N a A m é
ric a , a d o to u -s e o te rm o e q u iv a le n te attitude, q u e se to r n o u d e u s o c o r r e n te n a q u e le
p a ís ... C o n s id e ra d a s a n a litic a m e n te , a s a titu d e s sã o fo r m a s sem m a té ria , sem c o n
te ú d o . .. D e u -se c o m o tip o d e atitude a d ú v id a , a c o n v ic ç ã o , a s u rp re s a , o e s p a n to ...
S e n d o a a titu d e u m a f o r m a , a p e n a s se to r n a c o g n o scív el a tra v é s d a s u a a ss o c ia ç ã o
c o m as sen sa çõ e s, a s im a g e n s, a s id é ia s, as e m o ç õ e s ... P a r a n ó s , ela é u m m o d o d a
a tiv id a d e m o tr iz .” R « ζ ÃI , La vie inconsciente et les m ouvem ents (1914), p p . 34-37.
S o b re “ A tiv is m o ” — T e x to d e A . J . J o n e s c o m u n ic a d o p o r C. C. J. Webb.
S o b re In te le c to a tiv o — C f. R E Çτ Ç , A v e n o é s e t 1‘Averroisme, l í p a r te , c a p . I I .
(/?. Berthelot)
103 ATO
S o b re A to — E s te a rtig o fo i c o n s id e ra v e lm e n te m o d if ic a d o e m d e c o rrê n c ia d a
d is c u s s ã o q u e o c o rre u n a sessã o d e 2 6 d e ju n h o d e 1902.
A id é ia a ris to té lic a d o ato é p r o f u n d a m e n te e s tr a n h a à filo so fia m o d e rn a . P o d e
r ía m o s ta lv e z to r n á - la m a is acessív el e x p re s s a n d o -a e m te rm o s d e c o n sc iê n c ia d iz e n
d o , p o r e x e m p lo : e s tá e m a to a q u ilo q u e é p a r a si m e sm o o u , ta lv e z , p a r a u m s u je ito
e s tr a n h o , o b je to d e p e rc e p ç ã o (n o s e n tid o le ib n iz ia n o d a p a la v r a ) . (J. Lachelier)
A to d e sig n a e sse n c ia lm e n te a q u ilo q u e f a z s e r, a q u ilo q u e s u sté m a re a lid a d e em
to d o s o s s eu s g ra u s e e m to d a s a s su a s fo r m a s . É o a s p e c to in te r io r e u n if ic a d o r d a
q u ilo q u e n o s re p re s e n ta m o s c o m o c a u s a o u c o m o f a to , o p rin c íp io a o m e sm o te m
p o re a l e fo r m a l d o q u e c o n c e b e m o s c o m o s u b s is te n te e c o m o c o g n o sc ív e l. O p r ó
p r io fa to é a p e n a s p e rc e b id o e m f u n ç ã o d e u m a to q u e q u e r em q u e m c o n h e c e q u e r
n o c o n h e c id o e x p rim e o u s u p õ e u m a u n id a d e o rg a n iz a d o r a . {Maurice Blondel)
A n o ç ã o d e a to te m , e m A ris tó te le s , d o is s e n tid o s p rin c ip a is (é a e s ta d is tin ç ã o
q u e fa z a lu s ã o o te x to d a M e ta fís ic a c ita d o n a le tr a E ): 1 ? O ato é o próprio exercício
da atividade e m o p o s iç ã o à p o tê n c ia d a a tiv id a d e . A ris tó te le s e sta b e le c e u m a d is tin
ç ã o e n tre a a tiv id a d e q u e te n d e p a r a u m o b je tiv o e x te r io r (p . ex . a c o n s tr u ç ã o ) e a
a tiv id a d e q u e é e la p r ó p r ia o se u fim (p . ex . a v isão o u o p e n s a m e n to ). M eta f ., IX ,
8; 1050a 23-2 7. É ta m b é m c o m e s ta d is tin ç ã o q u e se re la c io n a o te x to b e m c o n h e c i
d o d a Ética a Nicômaco s o b re a tviQytia. ccxivriouxs, I I , 15; 1 154b 2 7 , o n d e A r is tó
teles d istin g u e a s e g u n d a a tiv id a d e d a p rim e ira c o m o o a to p ro p r ia m e n te d ito d o m o
v im e n to . 2? O ato é a fo rm a e m o p o s iç ã o à m a té ria . C o n s id e ra d a e m re la ç ã o à a tiv i
d a d e a f o r m a é a s u a p o tê n c ia . A s s im , ta m b é m A ris tó te le s d is tin g u e d o is g ra u s d o
a to : é n e ste s e n tid o q u e d iz q u e a a lm a , q u e é a f o r m a c o n s titu in te d o c o rp o o r-
ATO 104
g a n iz a d o , é a primeira e n te lé q u ia d o c o r p o , s e n d o o s e g u n d o g r a u d o a to o p r ó p r io
e x ercíc io d a s e n s a ç ã o o u d o p e n s a m e n to . (De anima, I I , 1; 412*27)
P o r o u tr o la d o , q u a n d o se tr a ta d a a tiv id a d e q u e te n d e p a r a u m fim e x te rio r,
a f o r m a é p re c isa m e n te este fim e id e n tific a -s e , e m c e rto s e n tid o , c o m a p r ó p r ia a ti
v id a d e : a c a s a , q u e é o o b je tiv o p a r a o q u a l te n d e a c o n s tr u ç ã o , c o n té m e m si a c o n s
tr u ç ã o . (M et ., I X , 8; 1050a 28-3 4) Q u a n to à a tiv id a d e q u e é e la p r ó p r ia o se u fim
n ã o d e ix a d e se r e la ta m b é m id ê n tic a ¿ f o r m a , d a d o q u e o in te lig e n te se c o n f u n d e
c o m o in teligív el, e o p e n sa m e n to p e rfe ito é p e n s a m e n to d o p e n s a m e n to . ( Ch . Werner)
E s ta s ú ltim a s n o ta s de W e r n e r p a re c e m re s ta b e le c e r a u n id a d e e n tre a to , e x ercí
cio d a a tiv id a d e , e ato, fo r m a . A d is tin ç ã o c a p ita l p a re c e -m e ser a q u i a q u e la e n tre
o re a l e o p o ssív el e o s seu s d iv e rso s m o m e n to s : u m a p o s s ib ilid a d e in d e te rm in a d a ,
q u a n d o se d e te r m in a , to r n a - s e n u m ato d o g ra u m a is b a ix o , m a s e s ta esp écie de p o
tência atual te r m in a p o r fim n u m a r e a lid a d e q u e é o ato d o m a is a lto g ra u . O m o
m e n to in te rm e d iá rio é a q u e le n o q u a l a d e te r m in a ç ã o se fa z a tra v é s d a a p lic a ç ã o d e
ta l f o r m a a ta l m a té ria . E le f a z a p a r e c e r u m a n a tu r e z a que possui ta is q u a lid a d e s ,
u m v iv e n te que possui ta is fu n ç õ e s, u m a g e n te que possui ta is a p tid õ e s : é o m o m e n to
a q u e A ristó te le s c h a m a d e eÇts (habitus). É u m ato a o q u a l a in d a fa lta m a n ife s ta r-
se a tra v é s d o s e fe ito s o u d e e x erce r-se a tra v é s d a e s p e c u la ç ã o o u d a a ç ã o ; a c o isa
o u o a g e n te re a liz a m e n tã o a p e rfe iç ã o d a s u a fo r m a . E x e m p lo s: h á n o a r u m a p o s s i
b ilid a d e in d e te rm in a d a de fo g o ; se ela se re a liz a r n u m a “ n a tu r e z a ” d e te rm in a d a te n d o
ta is q u a lid a d e s é o f o g o , m a s e s ta n a tu r e z a só é v e rd a d e ir a m e n te e la m e sm a q u a n d o
o fo g o e stiv e r n o seu lu g a r p r ó p r io ; a a lm a p õ e o c o r p o o rg a n iz a d o q u e te m a v id a
e m p o tê n c ia e m estado de viver (e la é o ato primeiro o u a enteléquia primeira), m a s
105 ATO
o p ró p r io ex ercício d a s fu n ç õ e s d a v id a é u m a to m a is e le v a d o ; h á n o ser a n im a d o
u m a p o tê n c ia sen sitiv a in d e te rm in a d a q u e o c a ra c te riz a ; ela d e te rm in a -se p o r ex em
p lo em fu n ç ã o v is u a l (oi^ts), a q u a l p o r s u a v e z se ex erce e d á lu g a r a u m a v isão de
f a to ( o g tm s ) ; h á n o fe rro u m a p o tê n c ia in d e te rm in a d a d e c o r ta r ; ela é d e te rm in a
d a n a fig u ra d o m a c h a d o , m a s a p e rfe iç ã o d o a to d o m a c h a d o é o in s ta n te em q u e
ele c o rta ; h á n o h o m e m u m a p o tê n c ia in d e te rm in a d a d e a p re n d e r ta l c iê n c ia o u ta l
té c n ic a ; e sta p o tê n c ia d e te rm in a -se a tra v é s d e u m a in s tru ç ã o a p r o p r ia d a e d e u m s a
b e r o u u m a c a p a c id a d e , m a s ta l a p tid ã o só é p le n a m e n te a tu a l q u a n d o se ex erce.
E is p o r q u e o m o v im e n to é um ato , m a s u m ato imperfeito, o ato d a q u ilo q u e e s tá
em p o tê n c ia e n q u a n to p re c isa m e n te isso e s tá em p o tê n c ia ; e m re s u m o , u m a “ re a li
d a d e ite r a tiv a ” , a re a lid a d e da passagem à re a lid a d e d a f o r m a a c a b a d a . (L . Robin)
E m Kτ ÇI , em F « T7 I E , as p a la v ra s Tat e s o b r e tu d o Tathandlung s ã o u tiliz a d as
n o s e n tid o B e im p lic a m s e m p re a id é ia d e lib e rd a d e . (Xavier Léon — F. Rauh )
O se n tid o C n ã o é e s tr a n h o à filo so fia ? (M. Bernès) É b a s ta n te p ró x im o d o de
eVreXe'xetoí, e in flu i p o r a ss o c ia ç ã o s o b re as o u tra s u tilizaçõ es filo só fic a s d a p a la v ra .
N esse a sp e c to su g ere n ã o so m e n te a id éia d e u m a a ç ã o A , m as ta m b é m de u m a a çã o
q ue p ro d u z um re s u lta d o , q u e c ria u m real: “ P re fe rir o s a to s às p a la v ra s, e tc .” (A . L .)
Histoire de Ia chimie, 1? p a rte , cap. I, II: n h a d ito das suas M ó n ad as q u e elas eram
“ A to m ism o ” . os “ v e rd ad eiro s á to m o s d a n a tu re z a ”
C h am a-se, p o r ex ten são , atomismo {Monadologie, th . 3), e sta a p ro x im a çã o
matemático o u pitagórico à d o u trin a q ue freq ü e n te m en te p e rtu rb a m u ito o s espí
co m p õ e a m ateria de p o n to s in extensos rito s que a in d a n ã o co n h ecem bem a su a
considerados com o centros de fo rça (p o n d o u trin a e sugere-lhes associações de
to s d e B oscovich); atomismo metafísico, idéias m u ito e n g a n a d o ra s.
o m o n ad ism o * de LE « ζ Ç« U ; atomismo Rad. int .: A to m ism .
psicológico, a d o u trin a segundo a q ual to
dos os fen ó m en o s p síq uicos se re d u z i A T O M ÍS T IC A D . Atomistik; E . A .
ria m , em ú ltim a análise, às co m b in açõ es Atom istic theory; B. Molecular physics;
de elem en to s sim ples o u m esm o a a g re F. Atomistique", I. Atomística (?).
g ad o s de um elem en to ú n ico e in d e fin i A . S in ô n im o de a to m ism o , so b re tu
d a m en te rep etid o (p o r ex em p lo , n a te o do n o se n tid o B. (A p a la v ra alem ã A to
ria d o s choques n erv o so s de Sú E ÇTE 2 ). mistik parece ter geralm ente este sentido.)
V er m ais a d ian te Átom o, D . C f. as o b B. Física dos áto m o s. “ Se atribuirm os
servações so b re esta p a la v ra e o A p é n d i à m a té ria a e s tru tu ra in fin itam en te g ra
ce no fim deste Iivro. nulo sa q u e os resu ltad o s o b tid o s em A to
CRÍTICA m ística su g erem ... verem os m odificarem -
A expressão atomismo matemático ou se m u ito sin g u larm en te as p o ssib ilid ades
pitagórico (diz-se a in d a alg u m as vezes de um a aplicação rig o ro sa d a co n tin u id a
atomismo dinâmico ) tem o d u p lo d e fe i de m a te m á tic a à re a lid a d e .” J . P 2 2 « Ç ,
E
1. “ A revolução industrial foi apenas um dos aspectos desta filosofia ‘atômica' que, no inicio do Stic.
XIX, se tinha estendido à quase totalidade da vida inglesa... A economia política da concorrência e do la ts s e r -
f t i i r p , a moral do prazer e da dor individuais, a psicologia da associação, que reduz o próprio espirito a uma
justaposição de idéias independentes, tudo fazia parte de um movimento geral no sentido da desintegração..
A primeira mciudc do século seguinte assistiu a numerosos esforços para substituir às formas de ideal indivi
dualistas formas dc ideal corporativas e orgânicas.”
A TOM O 1 08
A . S e n tid o p r im itiv o (L E Z C« ú Ã, D - E
m o co rp o sim p le s. D iz -se v u lg a r m e n te
n este se n tid o , “ á to m o q u ím ic o ” . V er
Oó T2 « I Ã , Eú « TZ 2 Ã , LZ T2 E T« Ã ): e l e m e n
Teoria atômica.
to s d e m a té r ia a b s o lu ta m e n te in d iv is ív e is
E sta c a r a c te r ístic a d e in d iv is ib ilid a d e
e d e u rn a p e q u e n e z tal q u e n ã o p o d e m ser
e d e im u ta b ilid a d e r e la tiv a s n ã o e x c lu i e v i
p e r c e b id o s se p a r a d a m e n te . E le s s ã o , se
d en tem en te n em a p o ss ib ilid a d e d e u m a
g u n d o D e m ó c r ito , etern os, in v a r iá v e is,
a n á lise u lte r io r , n e m a de u m a d eco m p o
h o m o g ê n e o s e n tr e si, a p e n a s d ife r in d o p e
siç ã o físic a q u e se r e a liz a d e fa to e m cer
la s s u a s f o r m a s , a s su a s p o s iç õ e s e o s se u s
tos casos. V er Molécula.
m o v im e n to s. “ N ã o p od em e x istir á to
C . P o r e x te n s ã o , a p a la v r a átomo foi
m o s , q u e r d iz e r , p a r te s d o s c o r p o s o u da
a p lic a d a , h á u m a d ezen a de a n o s, a cer
m a te r ia q u e s e ja m p o r su a n a tu reza in d i
to s e le m e n to s físic o s c o n s id e r a d o s c o m o
v is ív e is .” D E è Tτ 2 I E è , Princípios, II, 20. fin ito s, d e s c o n tín u o s , in d iv isív e is e r e p e
B . S e n tid o m od ern o: e le m e n to s m a tid o s n u m g r a n d e n ú m e r o d e e x e m p la r e s
a le m ã d os co m eço s d o séc. X I X .”
ca d o s á to m o s (n o se n tid o B , o n d e e s ta p a la v r a p e r d e u o s e n tid o o r ig in a l d e e le m e n
d o A , o n d e o v a lo r o rig in a ! d a p a la v r a é m a n tid o ).
S ob re Á to m o — Á to m o a p a r e c e q u a s e s e m p r e n o p lu r a l n o s te x to s a n tig o s : ά τ ο
μ ά , α τ ο μ ο ι ο ΰ σ ίο α , e n c o n tr a m -se p r im e ir o n o s fr a g m e n to s d e D e m ó c r ito ; n ã o se sa
“ O s n o s s o s á t o m o s a tu a is e r a m ch a m a d o s p or A v o g ra d o , o seu v e r d a d e ir o p a i,
‘m o lé c u la s e le m e n ta r e s ’, e a s n o s s a s m o lé c u la s , ‘m o lé c u la s c o n s titu in te s ’ p a r a o s c o r p o s
s im p le s e ‘m o lé c u la s in te g r a n te s ’ p a r a o s c o r p o s c o m p o s t o s . D u m a s u tiliz a v a in d ife
o á to m o e a m o lé c u la , se b em q u e n itid a m e n te fo r m u la d a p o r A v o g r a d o , a p e n a s foi
d e .” L E C 7 τ I E ,
Molécules, atom eset notations chimiques, e m “ Les
 «E 2 P r e fá c io a
e t c . “ O s quanta a p a r e c e m - n o s c o m o á t o
B . T e n d ê n c ia in te rn a , c o n sid e r a d a c o
m o s d e e n e r g i a . ” H , P Ã « ÇT τ 2 é , Derniè- m o ca u sa d a a tra çã o o b se r v á v e l. “ É m u i
res pensées ( 1 9 1 3 ) , p . 1 8 2 . A p a l a v r a to im p o r ta n te sab er se é p o r im p u lso o u
“ á t o m o ” , n e ste se n tid o , n ã o é n u n c a u ti
por atra çã o que o s co rp o s c e le ste s a g e m
liz a d a is o la d a m e n te , e n ã o d e v e sê -lo , se
u n s so b r e o s o u tr o s , se é a lg u m a m a té r ia
q u ise r m o s e v ita r os e q u ív o c o s.
su til e in v isív e l q u e o s im p e le , o u se e ste s
D . F i n a l m e n t e , p o r a n a l o g i a , c h a m a c o r p o s s ã o d o t a d o s d e u m a q u a l i d a d e e s
A . F en ô m en o físic o q u e c o n siste em
1. A T R IB U IÇ Ã O (J u íz o o u p r o p o si
q u e d o is o u m a is c o r p o s , a b a n d o n a d o s a
çã o d e). V er Atributiva.
si m e s m o s sem im p u lso in ic ia l, se a p r o
x im a m um d o o u tr o . F o r ç a m e c â n ic a c o n 2. A T R IB U IÇ Ã O (A n a lo g ia d e) V er
v e lm e n te a e sta s c o n c e p ç õ e s o u s a d a s to d a s a s v e z e s e m q u e n ão se r e d u z e le p r ó p r io
(c o m p r e e n d e n d o a có p u la * ) q u a n to à p r o D ef. 4.
ta. (C . C . J. Webb)
11 A URA
ta le i). t u a lm e n te p o r e la s m a is o u m en o s v a g a
m en te n o s o b je to s so n o r o s q u e o s p r o v o
B . P resen te, q u e e x iste o u se faz n o
cam .
m o m en to em q u e d e le se fa la .
Rad. int.: A u d .
C S e n tid o d iv e r so : “ G r a ç a a tu a l” e m
a tu a l” a v o n ta d e p o te n c ia l; “ in te n ç ã o A . T e r m o a p lic a d o a p r in c íp io s su tis,
a t u a l” a in te n ç ã o v ir tu a l. L « I I 2 é , s u b V o. o u m e s m o se m im a te r ia is , q u e in te r v ê m n a
F a to d e to rn a r a tu a l, n o se n tid o A , d e
lis u m p r i n c í p i o n ã o m a t e r i a l , o u p e l o m e
n o s in v isív e l, lig a d o à sem en te q u e p ro
fazer passar d a p o tê n c ia a o ato.
d u z a o r g a n iz a ç ã o d o feto .
Rad. int.: A k tu a lig .
B . N a p a to lo g ia : p r o p r ia m e n te , se n
A U D IÇ Ã O Hören', E . Audition,
D .
s a ç ã o s u b je tiv a d e u m a c o r r e n te d e ar o u
Hearing·, F. Audition·, I . Udizione. de u m v a p o r e le v a n d o -$ e d o co rp o p ara
F u n çã o d o se n tid o d o o u v id o .
a cab eça: p r ó d r o m o d a s cr ise s e p ilé tic a s.
A audição colorida (D . farbiges H ö
C R ÍT IC A
ren) é a a sso c ia ç ã o fix a q u e u m gran d e
TE ta m b é m u t i l i z a atualidade c o m o s e n t i d o d e r e a l i z a ç ã o e f e t i v a : “ E s t e m e i o . . . n ã o
p o d e r i a n u n c a c o m p o r t a r t o d a a atualidade n e c e s s á r i a p a r a q u e e l e p u d e s s e s e r i n t e i
r a m e n t e s u f i c i e n t e . . . ” ( T r a t a - s e d a m e d i ç ã o d o t e m p o p e l a p o s i ç ã o d a s e s t r e l a s . ) Cours
so c ia d o s; 3? o timbre d o s s o n s o u d o s r u í d o s , a t u a l m e n t e d e c o m p o s t o e m q u a l i d a d e s
m a i s s i m p l e s , clareza ( s o n s c l a r o s e s u r d o s ) , volume ( s o n s a m p l o s e f r a c o s ) e , p a r a
c e r t o s a u t o r e s , vocalidade ( q u e s e r i a u m a q u a l i d a d e p r ó p r i a , i r r e d u t í v e l , d a s d i f e
r e n t e s v o g a i s ) . ( / / . Piéron)
N o q u e c h a m a m o s timbre, n ã o d e u m s o m p u r o m a s d e u m r u í d o o u d e u m i n s
tr u m e n to d e m ú s ic a , é c o n v e n ie n te lev a r e m con ta ta m b ém a c o m p le x id a d e d o s so n s
a ge co m a u to r id a d e , o u q u e é fe ito por
m a s in ic ia is d a h iste r ia e d a e p ile p sia (v er
so b r e esta s d u a s u tiliz a ç õ e s B a l d w j n , p.
Authentisch. echt ; E . Au
si m e s m o ). D .
1. A U S Ê N C IA Abwesenheir,
D . E. B. E sp e c ia lm e n te , e m D«2 E «I Ã : d iz -se
to q u e a su a p re s e n ç a nesse lu g a r o u n es ju lg a m e n to , e tc .)
se s u j e i t o é c o n s i d e r a d a c o m o n o r m a l , c o C . N o s e n tid o c o r r e n te e v a g o : le g íti
m o h a b itu a l o u , p elo m e n o s , c o m o re a li m o; o r ig in a l; sin c e r o ; co n fo r m e c o m a
z a d a em o u tra s circ u n stâ n c ia s. su a a p a r ê n c ia , q u e m e r e c e o n o m e q u e se
Tábua de ausência. V e r Tábua. lh e d á ; a lg u m a s v e z e s a té , p o r e x t e n s ã o ,
Rad. int.: A b s e n t . v e r d a d e ir o . “ U m a n o tíc ia a u tê n tic a .”
S o b r e A u sê n c ia — A id é ia d e a u s ê n c ia é im p o r ta n te e m p sic o lo g ia e n ã o fo i a in
g u n d o p r e v a le c e s o b r e o p r im e ir o . M as n o ca so de u m q u a d ro o u dc u m a jó ia “ a u
b em m a is d o q u e a in tr o sp e c ç ã o im p a r c ia l: o e stu d o d a c o n d u ta , a c o e r ê n c ia d o s a to s
CRÍTICA A U T O M Á T IC O ( d o G . avrogaTov,
o p õ e -se à in d e te r m in a ç à o , a o c a p r ic h o o u
“ A U T ÍS T IC O ” (a d j.) D . Autistisch. à v o n ta d e, en q u a n to esta im p lic a , m es
F. “ Autistique” . N o m e d a d o por BÂ E Z - m o para o d e te r m in is ta , u m a g r a n d e vo-
 E 2 , n o s seu s tr a b a lh o s so b r e a p sic a n á
riedade n a s r e a ç õ e s p o ssív e is e m face de
lise , a o p e n sa m e n to a sso c ia tiv o e s im b ó
c ir c u n stâ n c ia s d ad as.
lic o d o s o n h o e d o d e v a n e io (p o r q u e a su a
m e sm o e n ão um o u tr o . S i, p r o n o m e re
fle x o , n o se n tid o B , q u e é automático, e n
a o automatismo,
fle x o d iz -se éα υ τ ό ν , o u por con tração
q u a n to q u e o o p o m o s
q u e se m o v e p o r si m e s m a . E s t a a u t o m o - tô m a to e s p ir itu a l: “ C o m o o feto se fo r
d e e a certeza em R e n o u v ie r ” , Revue de d iz e r , e m v ir tu d e d a p r e fo r m a ç ã o d iv in a
g o “ d e e le m e n to s e x te n so s e in se n sív e is” . a tu a l, o u da v o n ta d e c o n sc ie n te .
c o m a de G Ãζ Â ÃI , que n ão e x c lu i o m e
A U T Ô M A T O (d o G . aiirófictTos, a d
c a n ism o , m a s a e le a c r e s c e n ta m a is u m a
je tiv o ); n o se n tid o g e r a l, q u e a ge por si
c a r a c te r ístic a .
m e s m o , e sp o n ta n e a m e n te ; m a s o se n tid o
C h . R « T7 E I p ro p ô s d iv id ir a ssim os
m o d e r n o e x iste já e m H o m e r o (p o rta s q u e
m o v im e n to s:
se ab rem p o r si m e s m a s , tr íp o d e s q u e m u
“ a . M o v im e n to s r e fle x o s, d e te r m in a
d am d e lu g a r por u m m e c a n ism o in te
d o s por um e stím u lo e x te r io r ;
“ 0 . M o v im e n to s a u to m á tic o s, d eter
r io r ). O su b sta n tiv o avrófiarov, n o m es
c e r t a s d o e n ç a s i n c u r á v e i s p e l a a r t e m é d i c a c u r a m - s e a l g u m a s v e z e s av ro jtta rT w s. “ G e
ração esp o n tâ n ea ” {yiveots avróuaro s ) lig a -se a o m e sm o tem p o a estes d o is se n ti
d o s: é u m a g e r a ç ã o ir r e g u la r , q u e e s c a p a à s le is o r d in á r ia s d a r e p r o d u ç ã o ; e m la tim
A p a r e lh o q u e im ita , atra v és de um se o r g a n iz a r e d e s e a d m in is tr a r e le m e s
siste m a q u e co n tém em si to d a s as ca u A u to n o m ia c o m u n a l, co lo n ia l.
sa s q u e o d e te r m in a m : “ A ssim , cad a co r
B. É « Tτ . A autonomia da vontade
I
p o o r g â n ic o de u m ser v iv o é u m a esp é
para Kτ Ç é a c a r a c t e r í s t i c a d a v o n t a d e
I
cie d e m á q u in a d iv in a o u d e a u t ô m a t o n a
pura en q u a n to e la ap en a s se d e te r m in a
tu ral q u e u ltr a p a ssa in fin ita m e n te to d o s
em v ir tu d e d a s u a p r ó p r ia e s sê n c ia , q u e r
o s a u tô m a to s a r tific ia is .” L E « ζ Ç« U , Mo - d iz e r , u n ic a m e n te p e la f o r m a u n iv e r sa l d a
nadologia, § 64.
lei m o r a l , c o m e x c lu sã o d e to d o m o tiv o
C f. DE è Tτ 2 I E è , Tratado do homem, se n sív e l. Kritik derprakt. Vern., liv r o I,
ad . fin e m ; Eè ú « ÇÃè τ , De emendatione cap. 1, p r o p o siç ã o IV .
inteilectus ( e d . V a n V l o t e n , I , 2 7 ) ; e
C . L ib e r d a d e m o r a l, en q u a n to esta
K τ Ç , Krit. der praktischen Ver/ ?., E x a
I
d o de fa to , o p o sto , p or u m la d o , à e s c r a
m e crític o d a a n a lític a , § 10 e § 14, o n d e
v id ã o d o s im p u lso s, p o r o u tr o , à o b e d iê n
e le d isc u te a r e la ç ã o en tre a lib e r d a d e e
c ia s e m crític a à s reg ra s d e c o n d u ta s u g e
o a u to m a tism o d o e s p ír ito en q u a n to fe
r id a s p o r u m a a u to r id a d e e x te r io r . “ É e s
n ô m en o .
ta se r v id ã o q u e o s h o m en s ch a m a m h e
Rad. i n t A u to m a t.
te r o n o m ia ; e e le s lh e o p õ e m , c o m o n o
A U T O N O M IA Autonomie; E .
D . m e de autonomia, a lib e r d a d e d o h o m e m
Autonomy; F. Autonomie; I . Autono q u e , p e lo e s fo r ç o d a su a p r ó p r ia r e fle x ã o ,
mia. d á a si m e s m o o s s e u s p r in c íp io s d e a ç ã o .
E tim o ló g ic a m e n te c o n d iç ã o d e u m a O in d iv íd u o autônomo n ã o v iv e se m re
p e sso a o u d e u m a co le tiv id a d e autônoma, gras, m as ap en as o b ed ece às regras q u e
q u e r d iz e r , q u e d e t e r m i n a e l a m e s m a a lei e le e s c o lh e u d e p o is d e e x a m in á -la s .” B .
à qual se su b m ete. C f. Heteronomia. Jτ TÃζ , Devoirs, p . 2 5 . “ D e fin a m o s o in
p rin c ip a lm e n te de u m g r u p o p o lític o , d e to n o m ia a b so lu ta d e K a n t) “ c o m o a q u e le
e b em d e fin id a c o m o , p o r e x e m p lo , o te le fo n e , o a u to m a tis m o é, p e lo c o n tr á r io , u m a
p e r fe iç ã o : n ã o m a is e n g a n o s , n ã o m a is c a p r ic h o s , n ã o m a is d istr a ç õ e s . M a s , p o r o u
tro la d o , d e sta p r ó p r ia su p e r io r id a d e d e r iv a u m a in fe r io r id a d e a o s o lh o s d o s q u e v ê e m
q u e se d e te r m in a , n ão ap en as p e la sua há d e m a is e sc o n d id o n o o b je to ” (q u er
r a z ã o , m a s a o m e s m o te m p o p e la su a r a a s le is d o s fe n ô m e n o s m e n o s ap aren tes,
z ã o e p o r a q u e la s d a s su a s te n d e n c ia s q u e ou as m a is c o m p le x a s , q u e r , m u ita s v e
A U T Ó N O M O avTÓvotíos , m e s m o
(G .
a o p o n to d e v ista c r ip to ló g ic o ). Essaisur
la philosophie des Sciences. In tro d u çã o ,
s e n t i d o ) . D . Auiononr, E . Autonomous;
p p. 42-43.
F . Autonome\ I . Autonomo.
“ A U T Ó P T IC O ” T e rm o a p lica d o p o r
thorithy:; F . Autorité; 1 . Autorità.
A Oú è 2 E n o p rim e iro d o s q u a tro p o n to s A. P è « TÃÂ Ã; « τ . S u p e r io r id a d e o u as
r ic o s c u ja te o r ia e le r e s u m e ) p a r a d e sig n a r a o b s e r v a ç ã o im e d ia ta . De subfiguratione
empírica, p. 36. C f. De sectis, ed . K u h n , v o l. I, p . 66 (L. Brunschvicg)
S o b re A u to r id a d e — F o r n e c e m o s a se g u ir a lg u n s tr e c h o s d e m a s ia d o lo n g o s p a ra
d a d a por E d m o n d Scherer: ‘T u d o o q u e d e te r m in a u m a a çã o o u u m a o p in iã o p or
c o n s id e r a ç õ e s e s tr a n h a s a o v a lo r in tr ín s e c o d a o r d e m in tim a d a o u d a p r o p o siç ã o e n u n
s e n t id o m a is g e r a l, a a u to r id a d e é , s e g u n d o L ittr é , o p o d e r d e se fa z e r o b e d e c e r . C o n
ex istir s e m o p o d e r , p o is e x iste m a u to r id a d e s n ã o r e c o n h e c id a s. N o d o m ín io e sp ir i
tu a l e x iste m ta m b ém a u to r id a d e s à s q u a is n ã o so m e n te a v o n ta d e é o b r ig a d a a o b e
s a m e n to a b s o lu ta m e n te in d e p e n d e n te p e r d e a d ig n id a d e in e r e n te a o p e n s a m e n to , n à o
é m a is d o q u e u m jo g o ... S em su b m issã o à verdade te r ía m o s, se se q u ise r , fo g o s d e
a r tifíc io de id é ia s m as n ad a m a is.
v id u al; p. 453.
tra tu a l. a u to r id a d e e d u c a d o r a .” D o p o n to d e v is
ta in te le c tu a l (a u t o r id a d e d a r a z ã o , d o f a
C. E s p e c i a l m e n t e , e m m a t é r i a r e l i g i ot o , e tc .) e s o b r e tu d o d o p o n to d e v ista r e
sa, a re v e la ç ã o c ristã e n q u a n to q u e f o r lig io so , L e o p o ld M Ã ÇÃ á , Le probléme
m u la d a sob a in sp iraçã o d e D eus nas E s de l ’autorité ( 1 8 9 1 ; 3 .a e d i ç ã o , p r e f a c i o d e
c ritu ra s , e tra n s m itid a p ela tra d iç ã o do R aou l A Â Â « E 2 , 1923). C f . a s o b se r v a ç õ e s
te ste m u n h o a p o stó lico . V e r P τ è Tτ Â , a se g u ir .
Fragment d ’un traite du vide [ D a a u t o r i Rad. int.: A . B . C . A u to ritä t; D . Au-
d a d e em m a té ria de filo so fia], Pensées, to ritat(o z).
p o r h a b ilid a d e e q u e , p e la p r ó p r ia e s s ê n c ia , se e n c o n tr a ir r e m e d ia v e lm e n te e x te r io r
a g e n ã o é u m a a b stração. E la é e n c a r n a d a n u m a p e s s o a q u e v iv e ; é u m a p essoa. A o
c a d o s a o tr a b a lh o , e s tr e ita m e n te u n id o s a o s se u s se r v id o r e s e s u b o r d in a d o s p e la a fe iç ã o
A . D e le g a r u m a p arte d a a u to r id a d e Y u r iz ; B . P e r m is.
q u e se p o ssu i. P o r c o n se q u ê n c ia , fo rn e
A U T O S C O P IA D . Autoskopie; E .
cer u m a p o io , d ar u m v a lo r , fu n d a r * n o
Autoscopy; F . A utoscopie; I . A urosco
se n tid o A . “ Q u e p o sso esperar m a is da
pia.
r a z ã o p a ra a u to r iz a r a m in h a c r e n ç a n u m
B . (N u m s e n tid o m a is fr a c o , m a s m a is
A . In flu ê n c ia a u to m á tic a e x e r c id a s o
u su a l): c o n s e n tir n o q u e t e r ía m o s o d ireito
b re a n o ssa c o n d u ta , o s n o ss o s ju íz o s o u
d e p r o ib ir .
m esm o a n ossa p ercep ção p or u m a repre
t a m b é m , a in d a q u e m a is r a r a m e n te , n u m id é ia q u e e stá e m n ó s, m a s q u e n os é re
c a s o s , ser m o t iv a d o p e la v o n ta d e e d e m a n e ir a c o n s c ie n te ), m a s a o p e r a ç ã o p e la q u a l
s e lf... E x a m p le s: p la y fo r p la y sa k e , art
Axiological; F . Axiologique; I . Assio-
fo r art s a k e .” Genetic Theory of ReaUty, logico.
p . 3 1 4 . ( ‘ ‘Q u e n ã o t e m n em fim n em o b A . Q u e c o n stitu i o u que con cern e a
u m v a lo r o u , p a ra u tiliz a r o a d je tiv o d e s
À V A T A R T e r m o sâ n sc r ito q u e sig n i
fic a p r o p r ia m e n te d e s c id a e se d iz s o b r e
ta p a la v ra , a x i o l ó g i c a ” R . L E S E ÇÇE , In
tu d o d as r e e n c a r n a ç õ e s d e V ish n u . U tili
troduction à la philosophic, p. 373.
em c o n se q u ê n c ia , sem d ú v id a , d a su a se
A X IO M A ( G . ’A q u e sig n ific a :
m e lh a n ç a co m aventura.) 1? c o n sid e r a ç ã o , e s tim a , d ig n id a d e ; 2? o
n iã o , d o g m a de u m a e sc o la filo s ó fic a ,
A X IO L O G IA D . Axiologie; E. Axio- placitum ; 3? p r o p o siç ã o g e r a l, e n u n c ia
logy; F. Axiologie; I. Assiologia. ç ã o , te o r e m a ; 4? p r in c íp io c o n h e c id o c o
A . E stu d o ou te o r ia d e tal o u tal e s m o v e r d a d e ir o de o n d e p arte u m a d e
p é c ie d e v a lo r . ‘‘ [O m istic o ] o b r ig a -sc a Axiom;
m o n stra çã o ). D . E . Axiom; F.
r e n u n c ia r a to d a m oral e a to d a a x io lo - Axiome; I . Assioma.
g ia da r a z ã o .” R . P o l i n , Essat sur la V e r Máxima.
compréhension des valeurs, p. 11 1 .
A , S e n tid o m a is u su a l: p r e m issa c o n
B. T e o r ia crítica d a n o ç ã o d e v a lo r e m sid e r a d a e v id e n te e a d m itid a c o m o ver
g e r a l. d a d e ir a sem d em o n stra çã o por to d o s os
385 e 389-392.
A a x io lo g ia , n o se n tid o B , e sta r ia p a r a a c iê n c ia d o s v a lo r e s m o r a is o u d o s v a lo
d e m a sia d o e v id e n te p a ra q u e se ja p r e c i d o a o s p r in c íp io s q u e se in sc r e v ia m a m i
so parar para c o n sid e r á -lo .” Lé âà - g a m e n te n o in íc io d o s tr a ta d o s d e g e o m e
b a se d a g e o m e tr ia . “ O s filó so fo s d a E s e v id ê n c ia p sic o ló g ic a , da p r im a z ia ló g i
c o la d isse r a m q u e esta s p r o p o siç õ e s (os ca e, m a is v u lg a r m e n te , d a fu n çã o d e re
axiomas o u máximas) são e v id e n te s ex gra g eral e fo r m a l, e m o p o s iç ã o a o s p r in
lerminis, d e s d e q u e s e en ten d am os ter c íp io s e s p e c ia is, r e la tiv o s a u m a fig u r a o u
m os; de m a n e ir a q u e esta v a m p e r su a d i a u m a d e fin iç ã o d e te r m in a d a . E sta ú lti
d o s de q u e a força da c o n v ic ç ã o e sta r ia m a c a r a c te r ístic a d istin tiv a axioma é d o
fu n d a d a n a in te lig ê n c ia d o s te r m o s , q u e r in d ic a d a p or A 2 « è I ó I E Â E è , Segundos
d iz e r , n a lig a ç ã o d a s su a s id é ia s. M a s o s analíticos, 1, 2 , 7 2 a17: “ ή ν (c/ ρ χ η ν ) δ ’
geô m etra s fiz e r a m m a is: ten ta ra m m u i ά ν ά χ χ η t\ ( i v τ ο ν ό τ ι ο ύ ν μ α θ η σ ό μ ί ν ο ν ,
tas v ezes d e m o n s tr á -lo s .” L E « ζ Ç« U , N o ¿ι ζ ί ^μ ο ι ,” ( O t e r m o o p o s t o p o r ele a axio
vos ensaios, IV , V II, 1. ma n e s t a p a s s a g e m é θ ε ο ιτ , q u er d iz e r , o
d e d e z p r in c íp io s p o s to s p o r e le p a r a a d e
geral de p en sa m en to ló g ic o e m o p o siç ã o
m on stração em fo r m a g e o m é tr ic a d a e x is
aos postulados* r e la tiv o s a tal o u tal m a
tê n c ia d e D e u s e d a d istin ç ã o en tr e a a l
té r ia e sp e c ia l.
m a e o co rp o , n o fin a l d a s Respostas às
CRÍTICA segundas objeções.
1. E n c o n t r a m - s e e m a l g u n s a u t o r e s d o A m e s m a d istin ç ã o é fe ita p o r L«τ 2 á ,
séc. X V II v estíg io s d o s s e n tid o s d a p a l a a p o ia n d o -s e n a s p a ssa g e n s d e A r istó te le s
a n i m a l s o c i á v e l ) q u a n q u a m a p l u r i m i s re - p . e x ., e m g e o m e tr ia , o s a x io m a s q u e c o n
a x io m a s* , n o s d iv e r so s se n tid o s d esta p a
te d e s m e m b r a m e n t o . P o d er-se-á a co n se
la v r a , q u e s ã o to m a d o s co m o p r in c íp io s
lh a r p a r a e s ta p a la v r a u m se n tid o d eter
n o in íc io da g e o m e tr ia .
m in a d o ? É b a sta n te fá cil a fa sta r o se n ti
p io * , d ê H ip ó te s e , n o se n tid o B , ou a in n o in íc io de u m a c iê n c ia d e d u tiv a q u a l
L e ib n iz te m em v ista q u a n d o fa la , tã o fr e
A X IO M Á T IC O D . Axiomatisch·, E .
q u en tem en te, da n e c e ssid a d e de “ d e
Axiomatic, axiomática!·, F . Axiomalique·,
m o n stra r até o s a x io m a s” (q u er d iz e r , d e
1 . Assiomatico.
d u z ir d e p r in c íp io s m a is sim p le s m esm o
B C o lo c a d a n o in íc io d e u m n o m e d e V er m a is a d ia n te n o s Apêndices, sub
B A C U L IN U M (A rg u m en tu m ) V er T o d o M é P .
Argumento. T o d o S é M .
L o g o , to d o S é P .
B A E R (L ei d e) “ O d e se n v o lv im e n to
d e r iv a d e
p r e m issa s e
Barbara *
a con v ersã o
p ela tr a n sp o siç ã o d a s
p a r c ia l d a c o n
c lu sã o d e Barbara·.
T o d o M é P .
i
c lu sã o :
T o d o S é M .
T o d o P é M . L o g o , a lg u m S é P .
T o d o M é S.
L o g o , a lg u m S é P . NOTA
V er o a r tig o se g u in te .
A Lógica d e P Ã2 I - R Ãà τ Â (3? p arte,
ca p . V III) d á o n o m e de Bar ba ri a o m o
B A R A L IP T O N M o d o in d ir e to d a 1? d o d a 4? fig u r a e m A A I {Bamalip*)·. “ T o
fig u r a , o b tid o p e la c o n v e r s ã o d a c o n c lu d o s os m ila g r e s da n a tu reza sã o o r d in á
sã o d o silo g ism o co rresp o n d en te em
r io s; o r a , t u d o o q u e é o r d in á r io n ã o n o s
Barbara*. im p r e ssio n a ; lo g o , há c o isa s que n ã o
T o d o S é M . tu r e z a .” É u m erro , p o is a tr a n sp o siç ã o
L o g o , a lg u m P é S. d a s p r e m issa s (M ) e a c o n v e r s ã o d a c o n
c lu sã o (P ) s ã o n e c e ssá r ia s p a r a p a ssa r d e
d o. L e i b n i z , p e lo c o n tr á r io , u tiliz a este
É e q u iv a le n te a Bamalip* , p o is se n
n o m e n o se n tid o atrás d e fin id o .
d o o term o p e q u e n o , p o r d e fin iç ã o , o su
guiñas vezes oposta a o v alo r estético. Ver n aria m ais, neste caso , d o q u e o que a g ra
Anestético*, Estético*, Feio*. C f. Abso d a a tal classe social o u tal ép o ca. T al é
luto*. p o r ex em p lo o ceticism o estético de
T àè I ë em O que é a arte?
CRÍTICA
Rad. i n t Bei.
N ã o se p o d e d ar a priori d o Belo u m a
“ B e l a n a t u r e z a ” (A ), “ a im itação da
defin ição material, sendo o o b je to da E s
Bela N a tu re za ” . F órm ulas estéticas m u i
tética te ó ric a p recisam en te o de d e term i
to usuais nos séculos X V II e X V III (cf.
n a r q u al c arac te rístic a, ou q u al c o n ju n to
F Ç Â ÃÇ , Lettre à ¡’Académie, V) e p a r
E E
de características com uns se encontram na
ticularm ente desenvolvidas na obra do a b a
p ercep ção de to d o s os o b je to s q u e p ro
de Bτ I I E Z 7 , Les beaux-arts reduits à un
vocam a em o ção estética e ao s q u ais se
seul principe, 1746. Parece que sob estas
ap lica esta m esm a q u a lific a çã o . É assim
expressões os num erosos autores que as uti
que a Beleza é co n sid erad a p o r Kτ ÇI c o
lizaram lhe introduziram um conteúdo bas
m o “ a fo rm a da fin alid ad e de um o b je to
ta n te variável. Ver MÃè I Ã7 « á« , Systèmes
e n q u a n to ele é p erceb id o sem rep resen
esthétiquesen France, cap . I, § 3. “ Fala-
ta çã o de fim ” ; por S T Ãú Ç τ Z 2
7 E 7 E co
se m u ito d a Bela Natureza ; até n ão existe
m o o reco n h ecim en to da id éia geral no
gente ed u cad a que n ão tra ta de a im itar;
p a rtic u la r p o r um ser q u e conhece, n ão
m as cad a um crê e n co n trar dela o m odelo
e n q u a n to in d iv íd u o , m as e n q u a n to su jei
na sua m an eira de s e n tir.” C ÃÇá« Â Â τ T ,
to p u ro isento de v o n ta d e. (O mundo co
Origine des connaissances humaines, 2?
mo vontade e como representação, livro p arte, seção I, cap. V III, § 78.
III, § 38); p o r J ÃZ E E 2 Ãà com o “ a v irtu
de q u e tem o invisível de n o s cau sar um 1 . B E M (a d v ., p o d e n d o ser utilizad o
dem de fin alid ad e: p erfeito no seu gêne relação aos ato s fu tu ro s o que se deve fa
ro , fav o ráv el, bem -su ced id o , útil p a ra a l zer. E sta p alav ra difere, c o n tu d o , b a sta n
g u m fim ; é o te rm o la u d ativ o univ ersal te d a de Dever : 1? p o rq u e ela n ã o im p li
dos ju ízo s de a p re cia ç ão . A plica-se ao ca n enhum a idéia de o b rig ação ou de o b e
p a ssa d o e ao fu tu ro , ao co n scien te e a o diên cia a um a a u to rid a d e , m as ap en as de
in co n scien te, ao v o lu n tá rio e ao in v o n o rm a o u de p erfeição ; 2? p o rq u e ela
lu n tá rio . concerne a o p ró p rio a to q u e deve ser co n
seg u id o e n ão à in ten ção .
2. BEM (su b st.) D . Gut, das Guie; no Rctd. int .: no sentido A , B, b o n ; no
sen tid o de b em -estar, Wohl; E. Good; F. sentido C , benign.
Bien; I. Bene. C f. Bom, C rítica.
A. R elativ am en te: a q u ilo q u e é útil
B EM (S o b eran o ) (G . TÒcyaddv.; L.
p a ra um d a d o fim , p a ra um ser. “ O bem
Summum bonum) D . Das höchste Gut;
d o E s ta d o .” ‘‘E n g a n a r um d o e n te p a ra
E. “Summum bonum"; F . Bien souve-
seu b e m .” E m p a rtic u la r (so b re tu d o no
rain; 1. Som mo bene.
p lu ra l): riq u e z a, coisa p o ssu íd a.
A. N a filosofia g reg a, o Bem p o r ex
B. B em -estar.
celência, q u e é o único b o m p o r si m es
C . C o n ceito n o rm a tiv o fu n d a m e n ta l m o e em relação ao q u a l to d o s o s o u tro s
da o rd em ética: aq u ilo q u e possu i um v a são ap en as m eios. S ecundariam ente, e em
lo r m o ra l, q u er categ ó rico (o Bem ), q u e r p a rtic u la r, em A 2 « è ó Â è , o o b je tiv o
I I E E
B E N E F IC Ê N C IA D . Wohltätigkeit; B IO L O G IS M O V er Biomorfismo,
E . Beneficence·, F. Bienfaisance', 1. Bene- o bservações.
ficenza. “ B IO M Ó R F1C O , B IO M O R F IS M O ”
A ç ã o d e fazer o b em a o s o u tro s ; esta
T erm o s q u e designam o c a rá te r geral d as
p a la v ra é m u ita s vezes e m p re g a d a , s e g u n
tendências o u d as d o u trin as q ue in terp re
d o a u tiliz a ç ã o d e H .S ú E ÇT E 2 n o s s e u s
tam os fenôm enos psicológicos ou sociais
Principies o f Ethics, p a ra d esig n ar os d e
(e p o d em o s acrescen tar, em certo s casos,
v e r e s o u a s a ç õ e s m o r a i s q u e v ã o a l é m cia
os fen ô m en o s físicos), c o n sid eran d o -o s
1. “ O soberano Bem é o objeio que satisfaria to com o um a fo rm a especial d a V ida* nos
da a faculdade de desejar de seres razoáveis finitos.” sentidos C e D.
nism os entre si e com os seus meios. Ter tersuchungen uber die Lehre von der
m o pro p o sto por R τ à L τ Ç3 è 2 e a d o
E I E
GestalL, 1922. S endo d a d o q ue to d a
tado por m uitos biólogos contem porâneos. fo rm a* , física, b io ló gica ou p sicológica,
Rad. int.\ B io nom i. c o n sid e ra d a co m o suscetível de v a ria r,
B IU N IF O R M E , B IU N ÍV O C O V er tende p a ra um estad o o u p a ra um regim e
Uniforme e Unívoco. de equilíb rio que n ão m u d a m ais u m a vez
atin g id o , e n q u a n to as circu n stân cias p er
“ B L A S T O D E M O ” (G. &\aoTo\ g o
m anecerem as m esm as, ch am a-se “ boa
m o; ¿ifihos, povo).
fo rm a ” àq u ela que c o n stitu i este estad o .
T erm o p ro p o s to p o r E è ú « Çτ è p a ra
d esig n ar os in d iv íd u o s c o m p o sto s de ele E , em geral, a m ais sim ples, a m ais reg u
m en to s q ue são eles m esm os sociedades lar ou a m ais sim étrica das q ue se podem
de célu las, c o n stitu íd as no e sta d o de seg p ro d u z ir, sendo d ad as as con d içõ es ex
m en to ou de ó rg ã o s d iferen ciad o s: “ U m trínsecas do fen ô m en o . Ver P a u l GuiL-
blastodemo, q u er dizer, u m a so cied ad e LAUME, “ La th éo rie de la fo rm e ” , Jour
dup lam en te co m p o sta, cuja fu nção de n u nal de psychologie, 1925; La psychologie
triç ã o é o laço de lig a ç ã o .” Sociétés ani de !a form e, 1937.
males, 1? e d ., p. 105. C f. “ E tre ou ne pas
BO A V O N T A D E Ver Vontade.
é tre ” , Revue philos., 1901, I, 465, o n d e
ele reto m a o sen tid o deste term o e c o n B O C A R D O (ou B o k ard o ) M o d o da
co rd a (contrariam ente à sua utilização a n 3? fig u ra que se reduz a Barbara* p o r
terior) que é m elh or reservar a palavra so regressão* (red u ção ao a b su rd o ):
\
ciedade p ara os sistem as fo rm ad o s p o r in
div íd u o s liv rem ente m óveis. A lgum M n ão é P .
E ste term o n ã o teve sucesso, p ro v a T o d o M é S.
velm ente p o rq u e se assem elh a d e m a sia L o g o , alg um S n ão é P .
do a blastoderme, em francês.
BO M D . Gu{\ E. Good\ F. Bon\ I.
BO A C O N S C IÊ N C IA C o n sciên cia Buono..I
m o ra l q u e ex p erim en ta (com ra z ão ou
sem ela) o sen tim en to de n ão ter n a d a a
rep ro v ar-se. I. Investigações sobre a teoria da form a.
lo g ism o ” foi alg u m as vezes u tilizad o n este sen tid o , m as falta a in d a um ad jetiv o c o r
resp o n d en te, p o is biológico, m u ito u s u a l, q u e r dizer: “ relativ o à b io lo g ia ” (p. ex.
investigações bioló gicas) o u “ q u e a p re se n ta m as c aracterísticas d a v id a ” (p. ex. “ fe
n ô m en o s b io ló g ic o s” ). (A. L.)
S o b re “ Boa fo rm a ” — A id éia e v o cad a p o r esta ex p ressão é d esig n ad a fre q u e n
te m e n te p elo n o m e de lei da b o a fo rm a , lei da fo rm a m elh o r (Geseiz der guien Ges
tad, der besten Gesialt). N ã o é u m a lei p ro p ria m e n te d ita , pois a b o a fo rm a n ã o é
d efin id a in d e p en d en tem en te d a te n d ên c ia p a ra a su a realização , c o m o n o p rin cíp io
de C a rn o t o u n o p rin cíp io de C u rie, q u e, aliás, ex p rim em casos especiais, m as é a
a firm a ç ã o de u m a vecçâo n a tu ra l nas coisas o u nos fen ô m en o s p sicológicos. (A. L.)
S o b re Bom — É preciso a b rir u m a exceção p a ra a fó rm u la o bem público, q ue
é u su al, expressiv a e q u e n ão c o m p o rta eq u ív o co . (J. Lachelier, V. Egger)
N ão é necessário a fa sta r a q u e stã o de sab er se o bem de um ser é id ên tico ao
129 B O M SEN SO
se n so o u a ra z ã o , é n a tu ra lm e n te ig u al em B O N U N V A C A N S E x p ressão ju r í d i
to d o s os h o m e n s ” (Disc. do método., 1 , 1.) c a q u e d e sig n a u m b e m sem p ro p r ie tá r io
E s ta s d u a s p a la v ra s e s tã o a tu a lm e n te n e m p o s s u id o r . A p lic a-se p o r m e tá fo ra
d ife re n c ia d a s : a p a la v r a razão* to m o u em filo s o fia a o q u e é o m itid o p o r u m a
u m se n tid o m ais té cn ico e é s o b re tu d o c a c la s s ific a ç ã o , a o q u e n ã o cai n o d o m ín io
ra c te riz a d a p ela n o ç ão d o u n iv ersal; bom de n e n h u m a ciên cia j á c o n h e c id a , etc.
senso d e ix o u , p e lo c o n trá rio , de d e sig n a r
a q u ilo q u e é “ n a tu ra lm e n te ig u a l” em to “ B O V A R 1 S M O ” T e rm o c ria d o p o r
Jules de G a u l t i e r (Le bovarysme , 1902)
d o s o s e sp írito s , e d e sig n a e sp e c ia lm e n te
p a ra d esig n ar “ o p o d e r q u e tem o h o m em
a p o tê n cia de bem ju lg a r, co m san g u e-frio
de se c o n c e b e r d ife re n te d a q u ilo q u e é ”
e ju s te z a , a s q u e s tõ e s c o n c re ta s q u e n ã o
e, p o r c o n s e q ü ê n c ia , d e c r ia r u m a p e rs o
c o m p o rta m u m a evid ência lógica sim ples.
O p õ e -se , p o is , s e g u n d o a f o r m a d a s ex n a lid a d e fic tíc ia , d e re p re s e n ta r u m p a
p re ssõ e s em q u e e n tra : p el q u e ele p r o c u r a s u s te n ta r a p e s a r d a
s u a v e rd a d e ira n a tu re z a e a p e s a r d o s f a
A : à lo u c u ra e a o s e sta d o s a n á lo g o s ,
to s . E s te te rm o é r e tir a d o d o n o m e d e
p a ix ã o , có lera: não estar n o seu b o m sen
E m m a B o v a ry q u e J . d e G τ Z Â « 2 c o n
I E
so . (F ic a e n tã o b a s ta n te p ró x im o d e sen
s id e ra v a u m e x em p lo c a ra c te rís tic o d e s
so comum*.) ta ilu s ã o (F l a u b e r t , M adame Bovary ,
B: à fa lta de ju íz o , à c arac te rístic a d o s 1857). N a s s u a s o b ra s u lte rio re s , J . de
e sp írito s lig eiro s o u d o s fa lso s e sp írito s: G a u ltie r a la rg o u a in d a m ais o sen tid o d es
ter o u não ter b o m se n so . te te r m o a o a p lic á -lo a to d a s as ilu sõ e s
q u e o s in d iv íd u o s o u o s p o v o s c o n stro e m
B O N D A D E D . Güte\ n o s e n tid o B,
so b re si m e sm o s.
Gütigkeit ; E . Goodness; B . Kindness; F .
Bonté; I. B o n tà ; B . Benignità. B R A M A N T IP O u tr o n o m e d e Ba-
A . C a r a c te rís tic a d o q u e é bem ou malip.
b o m no s e n tid o m o ra l, q u e r q u a n d o se
B R U T A (M e m ó ria ) V er Memória.
fa la d as p esso as, q u e r q u a n d o se fa la d as
c o isa s. “ A q u e les q u e im a g in a m q u e se “ B R U T IS M O ” T e rm o c ria d o p o r
D eu s fo i d e te r m in a d o a ag ir p e la b o n d a Sa in t -S i m o n p a r a d e s ig n a r a c o n c e p ç ã o
de d as p ró p ria s co isas, E le seria u m a g e n p u ra m e n te m ecân ica d o s fen ô m en o s e u ti
te in te ira m e n te n e c e s sita d o n as su as liz a d a p o r E s p i n a s , p a rtic u la rm e n te a o
a ç õ e s ...” L « ζ Ç« U , Teodicéia, 2.a p a rte , §
E
f a la r d a te o r ia d o s a n im a is - m á q u in a s o u
180. “ b ru tis m o a n im a l” . A id é ia in ic ia l d a f i
B. E sp ecialm en te (D . Guíe, Gütigkeit; lo s o fia d e D e s c a rte s , Rev. de m étaph.,
E . Kindness', I. Benignità), C a r a c te rís ti m a io d e 1917, p . 2 6 5 . C f. Descartes et la
c a d e u m s e r sen sív el a o m al d o s o u tr o s , morale , I, I I 0 . “ Brutista ” , ibid . , 112.
d e se jo s o d e p r o p o r c io n a r a o s o u tro s o S a in t-S im o n d iz ta m b é m , em fra n c ê s ,
b e m -e sta r o u e v ita r tu d o o q u e o s p o ssa “ b ru tie rs ” p a r a d e sig n a r o s c ien tistas q ue
fa z er s o fre r; “ d o ç u ra , in d u lg ê n c ia, b e n e a p e n a s se o c u p a m d a m a té ria b r u ta (físi
v o lê n c ia ” . (L ittré ) co s e q u ím ic o s) em o p o s iç ã o à v id a.
c
C C o lo c a d a n o in íc io d e u m n o m e d e 2. “ C A B A L IS T A ” * (su b st. fem .) E m
silo g ism o , e s ta le tr a a s s in a la q u e ele p o Ch. FÃZ 2 «E 2 : um a d a s trê s p aix õ es “ d is
d e s e r re c o n d u z id o a Ceiarent *; n o c o r trib u tiv a s ” e d as d o ze p a ix õ es “ ra d ic a is ”
p o d o n o m e , q u e ele só se p o d e lig a r à o u essen ciais q u e s ã o , p a r a ele, as m o la s
p rim e ir a fig u ra a tra v é s d e u m ra c io c ín io d a a ç ã o h u m a n a . Ê o e s p írito d e p a rtid o ,
p o r a b s u r d o . V e r K. e n q u a n to te m a f o r m a d a in trig a e se m a
n ife s ta p o r u m a r d o r a o m e sm o te m p o
C A B A L A o u K A B B A L A H (h e b ra i
a p a ix o n a d o e c a lc u lis ta . V er H . B ÃZ 2
c o ) C o isa (re c e b id a ); D . Kabbala ; E . Ca
GIN, Fourier, p p . 204 -2 0 5 .
bala; F . Cabale o u Kabbale ; I. Cabala.
A . O b r a de filo s o fia h e b ra ic a , c o m “ C A Ç A D E P Ã ” L . Venatio Pañis
p o s ta n u m a d a ta d e s c o n h e c id a e q u e se (Bτ TÃÇ , De Dignit , liv ro V , c a p . I I I).
a p re s e n ta c o m o o re s u m o d e u m a tr a d i C o n ju n to d e p ro c e d im e n to s e x p e ri
ç ã o se c re ta q u e te ria c o ex istid o co m a r e m e n ta is q u e serv em p a r a a e x p lo ra ç ã o d a
lig ião p o p u la r d e sd e as o rig e n s d o p o v o n a tu r e z a , p a r a c o n s ta ta r f a to s , a n te s d e
h e b re u . se c h e g a r à “ in te rp re ta ç ã o d a n a tu r e z a ”
e às “ tá b u a s * d e in d u ç ã o ” .
B . D o u trin a e x p o sta n e ssa o b ra e
cu jo s tra ç o s essenciais s ã o : o eso terism o * C A C O L A L IA V e r Coprolalia.
e, em p a rtic u la r, a p o ssib ilid ad e d e d eci
f r a r u m se n tid o secreto n a B íb lia; a te o ria C A L E I D O S C Ó P IC O C a r á te r d e c e r
d o d esen v o lv im en to d e D e u s, q u e to m a ta s m u d a n ç a s e, e m p a r tic u la r , d e c ertas
co n sciên cia d e si m e sm o m a n ife sta n d o -s e tra n s fo rm a ç õ e s d o s tip o s d e seres v iv o s.
p o r e m an a ç õ es su cessiv as, q u e r d iz er, e n E s ta e x p re ssão a p lic a -se a o c a r á te r d e v a
g en d ran d o g rad u alm en te to d a s as coisas d a ria ç ã o b ru s c a e c o o rd e n a d a q u e se o b s e r
s u a su b stâ n c ia ; a e n u m e ra ç ã o d a s m ilícias v a em c e rto s c a so s, a n á lo g o à q u ilo q u e
celestes, q u e r d iz e r, d o s e sp írito s d ir e to a c o n te c e n u m c a le id o s c ó p io , e m q u e u m
re s q u e a n im a m u m a p a r te d o m u n d o e c o n ju n to d e p e q u e n o s e lem en to s m ó v eis
p o r in te rm é d io d o s q u a is se p o d e m d o re fle tid o s p o r e sp e lh o s p a ss a m b ru s c a
m in a r a s fo rç a s d a n a tu re z a ; a te o r ia d o m e n te d e u m p a r a o u tr o d o s siste m a s d e
s im b o lis m o d o s n ú m e ro s e d a s le tra s; e, e q u ilíb rio q u e p o d e m r e a liz a r e n tre s i, e
p o r fim , a correspondência* u n iv e rs a l, à a ssim se o rd e n a m e m n o v o s d e se n h o s,
q u a l se lig a a c o n c e p ç ã o d o h o m e m c o q u a n d o se a g ita o u g ira o a p a re lh o .
m o u m m ic ro c o sm o s. E s ta e x p re ssã o é d e v id a , p a re ce , a E u
Rad. inl.: K a b a l. MER, Orthogenesis der Schmetterlinge, p.
24. F oi c ita d a p o r H . B erg so n n a Évolu-
1. C A B A L IS T A (s u b st. m a sc .) D . tion créatice, p. 80, e d esd e e n tã o to rn o u -
Kabbalist ; E . Cabalista; F . Cabaliste; I. se m u ito u s u a l.
Cabalis ta. C f. Ortogênese.
F iló s o fo q u e c o m e n to u o u d e se n v o l
veu a c a b a la . E s ta p a la v ra c o n té m n ã o só C A L E M E S O u tr o n o m e d e Came-
a id éia de u m a d o u trin a te ó ric a , m a s ta m nes*. E n c o n tr a - s e ta m b é m Calentes
bém d e u m a espécie d e m a g ia q u e d e la re (PÃ2 -RÃà
I τ Â , II I, V IH ), m as esta fo rm a
s u lta . R eú n e m -se fre q u e n te m e n te u m a e não se justifica, pois só se pode reduzir
o u tr a n a e x p re ss ã o ars cabalística. u m silo g ism o d e ste tipo a Ceiarent, d e
CAM ENES 132
S o b re C a m p o d a c o n sc iê n c ia — É p re c iso o b s e r v a r q u e o c a m p o d a c o n sc iê n cia
n ã o é fix o , m a s v a riá v e l p a r a u m in d iv íd u o , e q u e c e rta s d o e n ç a s c o m o a h is te ria
s ã o p re cisam en te c arac te riz ad a s p elo “ e stre ita m e n to d o c a m p o d a co n sciên cia” . ( Pierre
Janet )
S o b re C a m p o p sic o ló g ic o — E s ta e x p re ss ã o e e sta n o ç ã o u tiliz a d a s p o r v á rio s
p sic ó lo g o s c o n te m p o râ n e o s (n o m e a d a m e n te L ew in ) fo r a m p o s ta s e m d is c u s s ã o p o r
R a y m o n d R u y e r n a sessã o d a S o c ie d a d e d e 2 6 d e n o v e m b ro d e 1938 (v er Bulletin,
ja n e ir o d e 1939). E is o re s u m o q u e ele n o s d e u d a s u a c rític a : “ A n o ç ã o d e c a m p o ,
q u e r se tr a te d e u m c a m p o físic o o u d e u m c a m p o p s ic o ló g ic o , im p lic a n e c e ssa ria
m e n te u m a c e r ta u n id a d e e s p a ç o -te m p o ra l, q u e to r n a o c a m p o p r ó p r io p a r a ser u m
lu g a r d e f o r m a s . M a s e sta u n id a d e é d e u m a o rd e m to ta lm e n te d ife re n te c o n fo rm e
se tr a te d e u m o u d e o u tr o c a s o . N o c a m p o físic o , p e lo m e n o s p a r a a física clássica,
a u n id a d e é re a liz a d a a tra v é s de in te ra ç õ e s g r a d u a is , e a s fo rm a s o b e d e c e m a p rin c í
p io s d e ‘e x tre m u m ’ . N o ‘c a m p o ’ p s ic o ló g ic o , a u n id a d e é p r im á r ia , o b tid a p o r u m a
esp écie de ‘s o b re v o o a b s o lu to ’ e as fo r m a s são te m á tic a s : elas o b e d e c e m a u m a n o r-
m a tiv id a d e e c o n ô m ic a o u e sté tic a , etc. A lin h a re ta d e u m a n im a l em d ire ç ã o a su a
p re s a n ã o é u m a tr a je tó r ia ‘e x tr e m a i’ à m a n e ira d e u m a g e o d é s ic a , é u m a tr a je tó r ia
e c o n ô m ic a . A Gestalttheoríe c o n siste em d e sc o n h e c e r e sta d is tin ç ã o .” (R. Ruyer)
133 CÂNONE
I . “ Entendo pelo nome Cânone o conjunto dos princípios a p rio ri que fixam o legítimo uso de certas
faculdades de conhecer em g e ra l.’’
“ C A N Ô N IC A ” 134
clássico s d ig n o s d e serem to m a d o s c o m o
m o d e lo s ; 3? o c o n ju n to d o s te x to s b íb li B . P o s te r io r m e n te (e ta lv e z s o b a in
c o s c o n s id e ra d o s c o m o a u tê n tic o s e f a flu ê n c ia d a s id é ia s o rie n ta is ; cf. Gene-
z e n d o a u to r id a d e , e tc . sis, 1 , 2), m is tu ra c o n fu s a d e to d o s o s ele
m e n to s d o m u n d o , a n te s d e eles serem
“ C A N Ô N I C A ” (G . KavovLxtí).
o r d e n a d o s p o r u m a p o tê n c ia o rg a n iz a
A . A L ó g ic a , e n tre o s E p ic u ris ta s . d o ra .
(D « ;E ÇE è L τ é 2 T« Ã , X , 3 0 .)
C. P o r c o n se q u ê n c ia , c o n ju n to d e so r
B . E m A d rie n Nτ â« Â Â E ( Nouveile
d e n a d o e sem n e x o . “ A d iv e rs id a d e a b
classification des Sciences) e em J . J .
s o lu ta d e u m c ao s n ã o p o d e ria re c e b e r a
GÃZ 2 á (Phüosophie de la religión, p . 30)
o c a s iã o d e n e n h u m a a ç ã o e p o r c o n se
serve p a r a d e sig n a r q u e r s u b s ta n tiv a m e n
q u ê n c ia d e n e n h u m p e n s a m e n to .” G .
te as ciên cias “ d e r e g r a ” , q u e r, a d je tiv a -
B τ T Â τ 2 á , Essai sur la connaissance
7 E
C A P IT A L IS M O D . Kapitalismus; E . C. P è « TÃÂ Ã; « τ . C o n ju n to d as m a n e i
Capitalism; F . Capitaiisme; I. Capitalis ra s h a b itu a is d e se n tir e d e re a g ir q u e d is
mo. tin g u e m u m in d iv íd u o d e o u tr o (o u a lg u
A . R egim e social n o q u a l os cap itais* , m a s vezes u m g ru p o d e o u tr o : o c a r á te r
n o se n tid o B, n ã o p e rte n c e m a o s q u e os fra n c ê s). Kτ ÇI d e fin e o c a r á te r d e a c o r
to m a m p r o d u tiv o s p e lo seu tr a b a lh o . d o co m s u a d e fin iç ã o d e c au sa * ( c f . su b
E sp e c ia lm e n te , n o s e n tid o h is tó ric o , V o, B , 2 ? ) c o m o : “ E s m u s s ein e je d e
o reg im e de g ra n d e in d ú s tria e de p ro p rie w irk en d e U rsach e ein en Charakter h ab en ,
d a d e p riv a d a d e se n v o lv id o n o s p aíses d . i. ein G esetz ih rer C a u s a litä t, o h n e w el
m a is civ ilizad o s n o d e c u rso d o s sécu lo s ches sie g a r n ic h t U rs a c h e sein w ü rd e ” 1
X IX e X X . (Criticada razão pura, D ial, tr a n s e ., ed .
B, Doutrina se g u n d o a q u a l este e s ta K e h rb ., 4 3 2 , liv ro II , c a p . II, 9? seção ,
d o é s u p e rio r a o e s ta d o c o n tr á r io , q u e r § 3b). C o n c lu i d a í q u e é c o n v e n ie n te d is
d o p o n to d e v ista d a p ro d u tiv id a d e (ver tin g u ir n u m s e r o seu caráter empírico,
Crematística ), q u e r d o p o n to d e v ista d a o u fe n o m e n a l “ w o d u rc h sein e H a n d lu n
fe lic id a d e , q u e r d o p o n to d e v ista d a g en , als E rsc h e in u n g e n , d u rc h u n d d u rc h
ju s tiç a .
m it a n d e r e n E rsc h e in u n g e n n a c h b e s tä n
Rad. int.: K a p ita lism . d igen N a tu rg e se tz e n im Z u s a m m e n h ä n
C A R A T E R D . Charakter em to d o s o s ge s te h e n ” 12; e o seu caráter inteligível
sen tid o s; diz-se ig u alm en te, n o sen tid o ló “ d a d u r c h es z w a r d ie U rs a c h e je n e r
gico , M erkmal ; E . Character em to d o s os H a n d lu n g e n als E rsc h e in u n g e n is t, d e r
sen tid o s e m esm o m ais ex ten so d o q u e em a b e r selb st u n te r k ein en B ed in g u n g en d e r
fran c ês; c o n tu d o Temper é s o b re tu d o S in n lich k eit steh t u n d selbst n ich t E rschei
u s u a l n o s e n tid o C ; F . Caractere; 1. Ca n u n g is t” 3 (ibid., 4 3 3 . A d m itid o p o r
ra itere. ST Ãú Ç τ Z 2
7 E 7 E , O m undo como vonta
A . S e n tid o geral e e tim o ló g ic o (G . de, e tc ., I, § 55).
XaQotxTtíe, u m a le tra ): sig no d is tin tiv o
q u e serve p a ra reco n h ecer u m o b je to . E m 1. “ Ê necessário que qualquer causa agente te
nha um caráter , quer dizer, um a lei da sua causali
p a rtic u la r, tu d o a q u ilo q u e d is tin g u e u m
dade sem a qual não poderia ser de modo algum
ser, q u e r n a s u a e s tr u tu r a , q u e r n as suas causa” .
fu n ç õ e s (cf. Característica, C ). 2. “ pelo qual as suas ações, enquanto fenôme
B . L ó g i c a . T o d o e lem en to co n ceitu ai nos, sào ligadas integralm ente a outro s fenômenos
segundo as leis constantes da natureza” .
q u e p o d e ser a firm a d o com v erd ad e de u m
3. “ pelo qual é, de fato, a causa dessas ações en
ser o u d e u m a n o ç ã o . Compreensão* to quanto fenôm enos, mas não caindo ele próprio sob
tal. D istinguem -se os caracteres essenciais* as condições da sensibilidade, e não é ele próprio um
e acid en tais* , co m u n s* e p ró p rio s* . fenôm eno” .
S o b re C a r i d a d e , B — E n c o n tra -s e e m v á ria s p a ss a g e n s d e L E «ζ Ç« U e s ta fó rm u la :
“ A ju s tiç a é a c a rid a d e d o s á b io .” ( L . Couturat)
O A m o r d e s ig n a d o p o r ¿cyá-nij, q u e u n e o a m a n te e o a m a d o , e q u e c o m p o r ta
e m g e ra l re c ip ro c id a d e , é m u ito d ife re n te d o a m o r d e s ig n a d o p o r e g u s , esp écie de
g ra v ita ç ã o d o a m a n te e m re la ç ã o a o a m a d o , q u e d e ix a e m p rin c íp io o a m a d o in d if e
re n te , c o m o n o c a s o d o M o to r Im ó v e l. (E . Bréhier)
C f. A m o r , C rític a .
S o b re C a r te s ia n is m o — A p ro v o in te ira m e n te a e x c lu s ã o de p rin c íp io d irig id a p e
lo s a u to re s d o v o c a b u lá r io c o n tra a u tiliz a ç ã o d o s n o m e s de d o u tr in a n o ra c io c ín io
e n a d isc u s s ã o filo só fic a s. (F. TÔnnies)
N e ste a r tig o fig u ra v a e m p rim e ira r e d a ç ã o u m a te n ta tiv a d e re s u m o d a s teses es
senciais c o m u n s aos c artesia n o s q u e fo i n ecessário s u p rim ir, n â o p o d e n d o estabelecer-
se o a c o r d o e n tre o s m e m b ro s d a so c ie d a d e , n em s o b re a q u e s tã o d e s a b e r se o te rm o
c a rte s ia n is m o se d ev e a p lic a r u n ic a m e n te a o s iste m a de D e sc a rte s o u e ste n d e r-se a
to d o o seu g r u p o , n e m s o b re a q u e s tã o d e s a b e r p re c is a m e n te o q u e , d o p e n s a m e n to
de D e sc a rte s , se to r n o u o p e n s a m e n to c o m u m d o s seu s d isc íp u lo s e d o s seu s s u c e sso
res. (Notas d e J. Lachelier, V. Egger, M. Biondel ; discussão d a s e ssã o d e 7 d e m a io
d e 1903) E ste d e s a c o rd o p a re c e c o n firm a r o f a to d e q u e o s n o m e s d e siste m a s a p e n a s
serv em p a r a e s ta b e le c e r a c o n f u s ã o . C o n tu d o , c o m o o b s e rv a M . B Â Ã Çá Â , “ sem -
E
139 C A S U ÍS T IC A
p re se c h a m a ra m e s p o n ta n e a m e n te as d o u tr in a s a p a r tir d o n o m e d o seu c r ia d o r ,
e é ju s to , p o is a d o u tr in a im p lic a , a lé m d a p a r te in te le c tu a l, e m a is o u m e n o s c o m u
n icáv eis p e lo e n s in o a b s tr a to , u m e le m e n to v ital: é u m a o b r a d e a r te , u m ê x ito in d i
v id u a l ...” E le c o n c o r d a , a liá s , q u e a s id é ia s a ssim n a s c id a s “ se in c o r p o r a m e m se
g u id a n o p a tr im ô n io c ie n tífic o e c o le tiv o ” e q u e se p r o d u z d e v id o a isso “ u m p r o
g re sso d a filo s o fia g e ra l s o b re a s ru ín a s d a s d o u tr in a s p a r tic u la r e s ” . É n e ste ú ltim o
p o n to d e v is ta q u e n o s c o lo c a m o s n e ste v o c a b u lá rio . {A. L .)
S o b r e C a s u ís tic a — I m p o r ta a q u i d is tin g u ir d u a s id é ia s c o n f u n d id a s o r d in a r ia
m e n te d e m a is. E x iste u m a “ c a s u ís tic a o b je tiv a ” q u e , sem c o n s id e r a r o e s ta d o ín ti
m o d e s ta o u d a q u e la c o n sc iê n c ia , e s tu d a n o a b s tr a to ta is o u ta is c o n f lito s d e d ev eres
n a s c id o s d o e m a r a n h a d o d e f a to s a c id e n ta is . E q u a n d o c o n s id e ra m o s u n ic a m e n te
este a s p e c to d o p r o b le m a , a rris c a m o - n o s a s u b s titu ir a v id a m o ra l p o r u m m e c a n is
m o e n g e n h o s o , m a s p e rig o s o , p o is s u p o m o s e n tã o q u e o m a te ria l d o s f a to s p o d e ,
m e sm o in concreto, d e te r m in a r o v a lo r d o s a to s e a b a r c a r o f o r m a l d a s in te n ç õ e s;
e p a re c e m o s d a r u m p rê m io d e isen ç ã o à h a b ilid a d e d o u ta q u e d e v e , p elo c o n tr á r io ,
a u m e n ta r a re s p o n s a b ilid a d e . M a s e x iste u m a “ c a s u ís tic a s u b je tiv a ” q u e to r n a p r o
p o rc io n a is as o b rig a ç õ e s , o s c o n s e lh o s , a s e x ig ên cias m o ra is a o g ra u d e lu z e d e f o r
ç a d e c a d a a lm a , a fim d e a e le v a r p er gradus débitos a re so lv e r os c a so s d e c o n sc iê n
c ia d e u m a m a n e ira c a d a vez m a is d e lic a d a . (M. Blondel)
A p a la v r a c a s u ís tic a c o n v ém a p e n a s a o q u e M . B lo n d e l c h a m a a c a s u ís tic a o b je
tiv a . O q u e ele c h a m a c a s u ís tic a s u b je tiv a é a d ire ç ã o d e c o n sc iê n c ia ; a v e rd a d e ira
c a s u ís tic a é u m a c iên c ia . (P . Malapert — L. Brunschvicg)
C A T A L E P S IA 140
s a p a re c im e n to d o m o v im e n to v o lu n tá rio , p a ra a o p e ra ç ã o p s iq u iá tric a q u e c o n s is
conserv ação das atitu des m usculares im p ri te em tr a z e r d e v o lta à c o n sc iê n c ia u m a
m id as ao co rp o {flexibilitas cerea); algum as id é ia o u u m a re c o rd a ç ã o c u jo re c a lc a
vezes c o n tin u a ç ã o in d e fin id a d o s m o v i m e n to p r o d u z p e rtu rb a ç õ e s físicas o u
m e n to s q u e se fez o su jeito c o m eçar; re m e n ta is e a ssim d e s e m b a ra ç a r o s u je ito .
d u ç ã o co n sid eráv el do n ú m e ro de idéias
C A T E G O R E M A G . xocTijyÓQrnia (p .
co n tid as no c am p o d a consciência {monoi-
ex. A 2 « è I ó I E Â E è , v ^q U q u ., 20*32). N a
deísmo de O T7 Ã2 Ãâ « TU , R « ζ ÃI , P « E 2 2 E
lin g u a g e m c lássica q u e r d iz e r p rim itiv a
J τ ÇE I ); g ra n d e su g estib ilid ad e p a ra as
m e n te a c u s a ç ã o .
id éias m ais sim p les, q u e p e n e tra m d ire ta
m e n te n o esp írito p o r in te rm é d io das se n A . A q u ilo q u e é a f ir m a d o d e u m s u
sações e n ã o p o r in te rm é d io d a lin g u ag em , je ito . C f . A trib u to , Predicado.
c o m o no so n am b u lism o ; esq u ecim en to d e B. T e rm o c a te g o re m á tic o * .
p o is d a crise. C A T E G O R E M Á T IC O D . Kategore-
A catalep sia é natural q u a n d o se a p re matisch; E . Calegorematic; F . Categore-
s e n ta e s p o n ta n e a m e n te ; a rtific ia l, n o c a m atique ; I. Categoremático.
so d e s o n a m b u lis m o p ro v o c a d o . T e rm o e s c o lá s tic o , h o je e m d ia c a íd o
“ C A T A P L E X I A ” D . Kataplexie. em d e su so , salv o em a lg u m a s e x p ressõ es,
P a la v r a c ria d a p o r P r e v e r : A d o rm e c i elas p r ó p r ia s p o u c o u s a d a s .
m e n to d o s a n im a is p o r p ro c e d im e n to s A. Q u a n d o se fa la d o in fin ito : a q u e
a n á lo g o s ao s d a h ip n o s e , p a r tic u la r m e n le c u jo s elem en to s ex istem n ã o só em a to ,
te p e la im o b iliz a ç ã o , q u a n d o este a d o r m a s ta m b é m s ã o d is tin to s e s e p a ra d o s (de
m e c im e n to d e te r m in a n o s m e m b ro s d o s m a n e ira q u e se p o d e m c o m e ç a r a en u m e-
S o b re C a ta le p s ia — A e x p re ss ã o cataléptico a p lic a -s e a u m m e m b r o , a u m m o v i
m e n to o u a u m a a titu d e q u a n d o se c o n s ta ta n eles a s c a ra c te rís tic a s d e fin id a s m ais
a tr á s , m e sm o se o e sp írito d o s u je ito n ã o tiv e r s id o in v a d id o in te ira m e n te p e la c a ta
le p sia c o m p le ta . (Pierre Janet)
S o b re C a u s a (e tim o lo g ia ) — “ E tim o lo g ia in c e r ta ” (F 2 E Z á e T 7 E « Â ): “ E ty m o n
ig n o tu m ; q u id a m a cavillor, a lii a casus d e d u c u n t (q u o d h a u d im p r o b a n d u m ) ; n o n -
n u lli a quaeso, vel a b α ι 'σ α , a eo lic e α ν σ α , s o rs , p o r tio . S ed fo r te d e riv a n d u m est a
caveo, n a m ju r is c o n s u lto r u m im p rim is e s t cavere, q u o r u m causae q u o q u e s u n t, u n -
d e e t causidici a p p e lla n tu r ” (F Ã2 TE Â Â « Ç« , Vo, 417).
Causa v em c e r ta m e n te d e cavere; o s e n tid o p rim itiv o d a p a la v r a é ju r íd ic o , o q u e
c o n c o r d a b e m c o m a C rític a m a is a tr á s . S ó q u e o s g re g o s e n c a r a r a m a a ç ã o ju r íd ic a
d o p o n to d e v is ta d a a c u s a ç ã o o u d o p ô r e m c a u s a ( a m a ) . O s la tin o s c o lo c a ra m -s e
d o p o n to d e v is ta d a d e fe s a (cavere, causa). E m a le m ã o , a o rig e m d e Sache p a re c e
ig u a lm e n te ju r íd ic a : s e ria o “ d iz e r ” . Chose e m fr a n c ê s e cosa e m ita lia n o sã o u m
d u p lo d e causa, d a m e sm a f o r m a q u e e m a le m ã o Sache n e ste s e n tid o (Ursaché) d ev e
ig u a lm e n te d e riv a r d o te r m o ju r íd ic o . A ss is tim o s n o s n o s so s d ia s a u m a tr a n s f o r -
143 CAUSA
S o b re C a u s a (C rític a ) — “ J . L τ T7 E Â « E 2 . N ã o v e jo , d e to d o e m to d o , a n e ce ssi
d a d e d e s ta id e n tid a d e . P a re c e -m e q u e é q u e re r fa z e r físic a c o m a ló g ic a . A p o s iç ã o
d e u m p r o jé til e m d o is p o n to s d ife re n te s d a s u a tr a je tó r ia n ã o é a m e sm a p o s iç ã o .
C o m m a is f o r te ra z ã o se se t r a t a d e c o isa s q u e tê m n a tu re z a s , q u a lid a d e s , n ã o h á
n e n h u m a id e n tid a d e e n tre o q u e p r o d u z e o q u e é p ro d u z id o . N ã o h á m e sm o , q u a li-
145 CAUSA
ta tiv a m e n te , e q u iv a lê n c ia . H a v e r á a í m e n o s c a u s a lid a d e ? A q u e le q u e a b r e as p o r ta s
d e u m a re p re s a n ã o é re a lm e n te c a u s a d a p a s s a g e m d a á g u a ?
“ A . L ALτ Çá . P o d e -s e q u a lific á -lo a ssim , se o q u is e rm o s . M a s a s u a c a u s a lid a
E
C a u s a fin a l V er Finalidade.
c o m o s e g u n d a analogia* da experiência,
C A U S A Ç Ã O D . Causation; E . Cau- d e u dele d o is e n u n c ia d o s d ife re n te s . 1?:
sation; F . Causation; I. Causazione. “ G r u n d s a tz d e r E rz e u g u n g : A lles, w as
A ç ã o de c a u s a r. V er Causa e Causa g e sc h ie h t (a n h e b t zu se in ) setz t etw as v o
lidade. ra u s , w o ra u f es n a ch e in er Regel fo lg t.” 1
Crítica da razão pura, 1? e d iç ã o , A n a lí
C A U S A L D . Causal; ursachlich; E . tic a tr a n s c e n d ., liv ro I I , c a p . II .
Causal; F . Causal; 1. Causale. 2? “ G ru n d s a tz d e r Z e itfo lg e n a ch
R elativ o à causa*, q u e p e rte n c e à c a u d e m G e se tz e d e r C a u s a litä t: A lle V e rä n
s a o u c o n s titu i a c a u s a (S). d e ru n g e n g esc h e h en n a c h d e m G esetze
C A U S A L ID A D E D . Causalitàt; E .
1. “ Princípio da produção: tudo o que acontece
Causality, causation ; F . Causalité; I. (ou começa a ser) supõe antes de si algo de que re
Causalità. sulta segundo um a reg ra.”
S o b re C a u s a lid a d e — N ã o se d e v e d iz e r , c o m o o u v im o s fre q ü e n te m e n te : “ T o d o
fe n ô m e n o tem a sua c a u s a ” , o q u e d e te rm in a o p rin c íp io d e c a u s a lid a d e em p rin c í
p io d a s leis d e su c e ssã o , o u lei g e ra l d a su c e s sã o . (F . Egger) E s o b re tu d o o q u e p a r e
ce im p lic a r q u e u m d e te rm in a d o e fe ito a p e n a s p o s sa ser p ro d u z id o d e uma ú n ic a for
ma, o q u e é in e x a to . (A. L.)
CA USA SU I 148
d e r V e rk n ü p fu n g d e r U rs a c h e u n d W ir B. íd o lo s d a c a v e rn a (Jdola specus,
k u n g .M| Ib id ., 2? e d iç ã o . Bτ TÃÇ ). E le c h a m a a ssim , r e c o rd a n d o a
S egu n d o ST Ãú Ç τ Z 2
7 E 7 E : “ In d e r a le g o ria d a c a v e rn a p la tô n ic a , a o s e rro s
n u n m e h r d a rg e ste llte n K lasse d e r O b je k te “ q u a e o r tu m h a b e n t ex p r ó p r ia c u ju sq u e
fü r d a s S u b je k t, tr itt d e r S atz v o m z u re i n a tu r a et a n im i et c o r p o r is , a tq u e e tia m
c h e n d e n G ru n d e a u f als Gesetz d e r C au - ex e d u c a tio n e e t c o n s u e tu d in e , et fo rtu i-
s a litä t, u n d ich n e n n e ih n als so lch es den tis re b u s q u a e sin g u lis h o m in ib u s acci-
d u n t ” (De Dignitate, V , 4).
S atz v o m zu reich e n d e n G ru n d e des W e r
d e n s, principium rat ionis su ffid en t isfien- C A V IL A Ç Ã O D . Spitzfindigkeit; E .
di... E r ist fo lg e n d e r: w e n n ein n e u e r Z u s Caviliing, quibbling ; F . Cavillation; I.
ta n d eines o d e r m e h re re r realen O b je k te Cavillazione, cavUlo.
' A rg u m e n to v e rb a l q u e n ã o to c a n o
e in tritt, so m u ss ih m ein a n d e re r v o rh e r
fu n d o sério d a s co isas. “ O b je to u -se a esta
geg an g en sein , a u f w elchen d e r neue regel
d e fin iç ã o a e x istê n c ia d e d e se jo s s e m n e
m ässig , d .h . allem all, so o ft d e r e rste d a
n h u m p o d e r c o rre s p o n d e n te , e K a n t a p e
ist fo lg t.” 12 Ueber die vierfache Wurzel des n a s re s p o n d e u a tra v é s d e u m a c a v ila ç ã o
Satzes vom zur. Grunde, c a p . IV , § 20, lite r á r ia .” R ÇÃ Z â « 2 , Psychol. ratio-
E E
C E L A R O ou C E L A R O N T M odo su b je c tiv e n C h a r a k te r b e w a h re n , u n d
s u b a lte rn o * de Celarent*. dardurch w esentlich B estan d th eile des G e-
m e in g e fü h ls b ild e n .” 1 Grundzüge der
C E N E S T E S IA D o G . xotvq, cttodrj-
physiol. Psychol., 4? e d ., I, 434.
a is (D . Gemeinempfindung, Coenesthe-
P o r o u tr o la d o , se b e m q u e a p a la v r a
sis; E . Common sensation, coenesthesis
c en e stesia d esig n e o e s ta d o p síq u ic o to
[H τ O« Â Ã Ç ]); F . Coenesthésie·, I. Cenes-
I
ta l re s u lta n te d a a ç ã o s im u ltâ n e a e c o n
tesi. E m fra n c ê s escrev e-se ta m b é m cé-
fu s a d e sta s im p re ssõ e s in te rn a s , é n ã o
nesthésie.
o b s ta n te le g ítim o f a la r , d is tin g u in d o -a s ,
C o n ju n to d a s sen sa ç õ e s p ro v e n ie n te s
d e s ta o u d a q u e la “ se n sa çã o c en e stésic a ”
d o s ó rg ã o s in te r n o s , d o e s ta d o d a c irc u
p a rtic u la r; a d o c o ra ç ã o , p o r ex em p lo , o u
la ç ã o , d a n u triç ã o c e lu la r, etc. “ E o cao s
a d o in te s tin o .
n ã o e sc la re cid o d a s sen sa çõ e s q u e , de to
Rad. inl.: K en estesi.
d o s o s p o n to s d o c o r p o , s ã o sem cessar
tra n s m itid a s a o s e n s ó rio ” (H E ÇÂ E em C E N S U R A D . Censur.
R « ζ ÃI , Maladies de la personalité, 2 3 ). S. F 2 E Z á d e u este n o m e à f u n ç ã o
m e n ta l q u e fa z o b s tá c u lo à m a n ife s ta ç ã o
C RÍTIC A
n a tu r a l e s in c e ra d o s d e s e jo s o u d as im a
D e v id o à te o r ia d e T h . R « ζ ÃI {ibid., g en s s u b m e tid a s a o re c a lc a m e n to * e q u e
c a p . I), q u e a trib u i à c en e stesia o p a p e l se m a n ife s ta p ro p r ia m e n te a tra v é s d e la
essen cial n a f o r m a ç ã o d a id é ia d o eu in c u n a s , d e d is fa rc e s , de tra n s fo rm a ç õ e s
d iv id u a l, d e fin iu -s e a lg u m a s vezes a ce s im b ó lic a s n o s f a to s c o n sc ie n tes q u e lh e
n e ste s ia c o m o “ a se n sa ç ã o d a n o s s a p r ó c o rre s p o n d e m .
p r i a e x is tê n c ia ” (R « T7 E I , V o). M as
tra ta -s e de u m a h ip ó te s e , n ã o d e u m a d e C E P T IC IS M O (d o G . oxetrnxós, q u e
fin iç ã o . e x a m in a ; u lte rio r m e n te a p lic a d o a o s
H á ig u a lm e n te a lg u m a in e x a tid ã o a o P ir ró n ic o s * ) . D . Skepticism us] E . Scep
se d e fin ir a c e n e ste sia c o m o “ a percep ticism (C . Cynism); F . Scepticisme; I.
ção d o n o s so ser o r g â n ic o ” (G Ãζ Â ÃI , Scetticismo. C f . Dogmatismo.
V o). A c e n e stesia , c o m e fe ito , p e rm a n e A. N o s e n tid o m ais a m p lo , d o u tr in a
ce n o e s ta d o d e s e n s a ç ã o e n ã o p a s s a a o seg u n d o a q u a l o esp irito h u m a n o n ã o p o
d e p e rc e p ç ã o , e W Z Çá I c o m p re e n d e d e a tin g ir c o m c e rte z a n e n h u m a v e rd a d e
m e s m o so b e ste te rm o c e rta s sen sa çõ e s d e o rd e m g e ra l e e s p e c u la tiv a , n em m es-
té rm ic a s , m u s c u la re s , e tc ., q u a n d o elas
sã o v ag as, in d is tin ta s e a p re se n ta m so b re 1. “ Pom os na classe das sensações cenesiésicas to
das as sensações que conservam um caráter exclusiva
tu d o u m c a r á te r a fe tiv o . “ W ir re c h n e n
mente subjetivo, e que p o r isso formam essencialmen
z u r C la sse d e r G e m e in -E m p fin d u n g e n a l te partes constitutivas desse sentimento.” Princípios d e
ie E m p fín d u n g e n die e in en ausschliesslich psicologia fisiológica.
S o b re C e rte z a (C rític a ) — A lé m d a s c a u s a s in te le c tu a is de a d e s ã o h á o u tr a s q u e ,
p o r n ã o se re m o b je to d o e n te n d im e n to , n ã o s ã o m e n o s g en éricas o u g e ra is, q u e r d i
zer, c o m u n s a to d o s a q u e le s q u e to m a r e m o s m e io s c o n v en ie n te s p a r a os a d q u irir,
v e rific a r e c o m u n ic a r. ( M . Blondel )
153 C IC L O T IM IA
d e p o r n e n h u m a f r a ç ã o a ssin a lá v e l, p o r
Tτ 2 I Eè , Princípios , 4? p a r te , § 205. O
p e q u e n a q u e a p o s s a m o s s u p o r: a c o n te
m e sm o s e n tid o n a Lógica d e P Ã 2 - I
c im e n to q u e n ã o se d e v e to d a v ia c o n f u n
R Ã à τ Â , 4? p a r te , c a p . X I I I . L e ib n iz
d ir c o m a q u e le q u e re ú n e a b s o lu ta m e n te
(Inédits p u b lic a d o s p o r C o u tu r a t, p . 515)
to d a s as c o m b in a ç õ e s o u to d a s as h ip ó
d efin e d a m e sm a fo rm a o principium cer-
teses em seu fa v o r, e q u e é c e rto com u m a
titudinis moralis; cf. N ovos ensaios, IV .
c e rte z a m a te m á tic a ” . C o u r n o t , Essai,
N o séc. X V III , B Z E E Ã Ç , CONDORCET,
c a p . I I I , § 34. N u m s e n tid o m a is f r a c o ,
e tc ., u tiliz a m -n a ig u a lm e n te .
e s ta e x p re ssã o a p lic a -se a lg u m a s vezes
B. I^ara E Z ÂE 2 o s e n tid o é d ife re n te à q u ilo c u jo c o n tr á r io a p e n a s te m u m a
(p e lo m e n o s e m p rin c íp io , se b e m q u e as p r o b a b ilid a d e tã o p e q u e n a q u e n u n c a le
a p lic a ç õ e s p o s sa m c o in c id ir): “ A c erte v a m o s e m c o n ta , n a a ç ã o , u m a h ip ó te s e
z a q u e te m o s d a v e rd a d e d a s c o isa s q u e desse n ív el.
a p e n a s sa b e m o s p o r in te rm é d io d o s o u D . P o r u m a s in g u la r a n o m a lia , certo
tr o s é c h a m a d a certeza moral , p o r q u e é o u um certo, c o lo c a d o antes d a p a la v r a
f u n d a d a s o b re a fé q u e m e re ce m a q u e le s co m a q u a l se re la c io n a , m a rc a , p elo c o n
q u e a s c o n ta m .” Cartas, 51. tr á r io , q u e r u m a a te n u a ç ã o d a id é ia ex
C . E m O Â Â é -L τ ú 2 Z Ç {De la certitu
E p re s sa : “ u m a c e r ta c o r a g e m ” ; q u e r u m a
de morale, 1880) e co m freq ü ê n cia n o séc. in d e te rm in a ç ã o n a s c o n d iç õ e s e n u n c ia
X IX : c re n ç a fo r te n o s e n tid o B o u c o n d a s : “ e n tre c e rto s lim ites; e m c e rto s c a
v ic ç ã o n o s e n tid o A . s o s ” ; q u e r u m a p a rtic u la riz a ç ã o in d e te r
m in a d a d e u m a classe: “ c e rta s d o u trin a s ,
C E R T O D . Gewiss; E . Certain; F .
c e rto s p o v o s ” .
Certain; I. Certo.
Rad. in t .: A . B . C . C e rt; D . U l.
1 ? Quando se fa la dos espíritos;
C E S A R E M o d o d a 2.a fig u ra q u e se
A . (s e n tid o a m p lo ). Q u e a d e re a u m a
re d u z a Celarent p e la c o n v ersão d a m a io r.
a s s e rç ã o sem re s q u íc io d e d ú v id a : “ P r o
p ria m e n te fa la n d o , n ã o h á c e rte z a , h á N enhum P é M .
a p e n a s h o m e n s c e r to s .” RE ÇÃZ â« E 2 , Todo S é M.
Psychol, rationelle, c a p . X IV , 3? e d ., I, L ogo, nenhum S é P.
36 6. A le g itim id a d e d e ste s e n tid o é c o n CESARO M odo s u b a lte r n o * de
te sta d a . V er as o b serv açõ es so b re Certeza. Cesare*.
B . (sen tid o e streito ). Q u e a d e re a u m a C IC L O T I M I A D . Zyclothym ie ; E.
a ss e rç ã o v e rd a d e ira re c o n h e c e n d o com Cyclothym ia ; F . Cyclothymie; I. Ciclo-
e v id ê n c ia q u e ela o é. timia.
C IE N C IA 154
S o b re C iê n c ia — 1 ? História da palavra. E m to d o o d e se n v o lv im e n to q u e p re c e
de o te x to c ita d o d a República (a p a r tir d e 521 C ) d ev e n o ta r-s e q u e o te rm o m a is
fr e q u e n te m e n te e m p re g a d o , e de lo n g e , p a r a d e s ig n a r o q u e é c h a m a d o d e p o is δ ι ά
ν ο ι α ;, q u e r d iz e r, a s ciên cias (a ritm é tic a , g e o m e tria , a s tr o n o m ia , h a r m o n ia ) p r e p a r a
tó ria s à ε ιπ σ τ ή μ η p r o p r ia m e n te d ita (a d ia lé tic a ), é a p a la v ra μ ά θ η μ α , o b je to d e in s
tru ç ã o . P o r vezes P la tã o serve-se de ε ιπ σ τ ή μ η (527 A , 529 B, 530 D , 533 C ) ju n ta n d o -o
u m a vez a τ έ χ ν η (533 D ). P o r vezes, serv e-se d e τ έ χ ν η , d is tin g u in d o e n tre u m a a c e p
ç ã o s u p e rio r e u m a a c e p ç ã o in fe rio r d e ste te rm o (532 C , 533 B, 522 B ), o u tra s vezes
d e πρ α χ μ α τ ε ί α (532 C , 528 D ). N o Filebo, q u e é m u ito p ro v a v e lm e n te b a s ta n te p o s
te r io r à República, as p a la v ra s T e x m i , è π ι σ τ ή μ α ι OU η π ε ρ ί τ α μ α θ ή μ α τ α ε πι σ τ ή μ η
s ã o e m p re g a d o s in d is tin ta m e n te p a r a d e sig n a r to d a a in s tru ç ã o , q u e r o r ie n ta d a p a ra
a p rá tic a , q u e r p a r a a te o ria (55 D , 58 E ; c f. 62 A -D ). M as u m a τ έ χ ν η p o d e ser m ais
c la ra n is to d o q u e n a q u ilo u m a ε πι σ τ ή μ η m a is p u r a n is to d o q u e n a q u ilo (57 B). Se
c o n s id e ra rm o s u m a τ έ χ ν η p rá tic a , p o d e re m o s c h a m a r p ro p r ia m e n te h τ ι σ τ η μ η o q u e
ela tem de m a is e x a to (o e m p re g o d o n ú m e ro e d a m e d id a ); se c o n s id e ra rm o s u m a
τ έ χ ν η te ó ric a (a ritm é tic a , g e o m e tria , e tc .) p o d e re m o s n e la d is tin g u ir u m u so p rá tic o
e u m u s o filo s ó fic o , κ α τ ά φ ι λ ο σ ο φ ί α ν (56 E , 57 C -D ), a o q u a l co n v ém o n o m e
ε ιπ σ τ ή μ η (57 E ). E m s u m a , a te rm in o lo g ia p re c isa d a República n ã o é m a n tid a . N o
Político, q u e é ta l c o m o o Filebo d a v elh ice de P la tã o , a a ritm é tic a é u m a τ έ χ ν η d e s
p o ja d a d e p r á tic a (528 D ), e p o r o u tr o la d o ε πι σ τ ή μ η c o m p re e n d e d u a s fo rm a s , u m a
p rá tic a , o u tr a te ó ric a (528 C , D , E ). V ê-se p o r ta n to q u e , p a r a P la tã o , a p a la v r a
ε πι σ τ ή μ η , a p e s a r de h a v e r u m a te n d ê n c ia p a ra q u e sig n ifiq u e a c iên c ia te ó ric a , n ã o
tem u m s e n tid o d e te r m in a d o n em c o n s ta n te , e o s e n tid o fo rte q u e lh e é a trib u íd o
n o te x to c ita d o d a República n ã o se e n c o n tr a e m to d o s o s d iá lo g o s .
155 C IÊ N C IA
la n d o -o d a s e sp e c u la ç õ e s c ie n tífic a s , o n g u n s a sp e c to s, a o d o s m o d e rn o s , ciências
d e e la s e m p re se e n r a iz o u .” C ÃZ I Z 2 τ I , q u e n ã o s ã o to d a s p e rfe ita s ; m a s a c iê n
Logique de Leibniz, p re fá c io , V III ( a p ro c ia p r o p r ia m e n te d i t a , ^ ftáXiarce
p ó sito d a d istrib u iç ã o a rb itrá ria d a s o b ra s ¿Trtariifir¡, é a q u e la q u e te m p o r o b je to r à
d e L e ib n iz , n a e d iç ã o G e r h a r d t, n a Ope vQüSTa x c d r à a l n a (Metafísica , I, 2;
ra philosophica e n a Opera mathematicà). 9 8 2 bl) . S ó h á c iê n c ia , d iz ele a in d a ,
C f. Arte, Filosofia, História. q u a n d o sab em o s q u e as coisas n ã o p o d e m
ser d e o u tr a m a n e ira ; a ciên cia d iz re sp e i
C RÍTIC A
to a o n e c e s sá rio e a o e te r n o {Éti. a Ni-
A p a la v r a c iên cia (G . 'E T to n ú u j: L . côm ., V I, 3; 1 139b20-24; n o e n ta n to , ver
Scientia ) te v e d u r a n te m u ito te m p o u m a s o b se rv a ç õ e s ).
s e n tid o f o r te q u e q u a s e d e s a p a re c e u n a O s e n tid o fo r te d e scientia é fre q ü e n -
n o s s a é p o c a c o m o d e se n v o lv im e n to “ d as te n a Id a d e M é d ia : “ S c ie n tia est assim i-
c iê n c ia s” . P la tã o e m p re g a e s ta p a la v r a la tio m e n tis a d re m s c ita m .” S . T ÃOá è
e m d iv e rso s se n tid o s; p o r é m , n a c la s s ifi áE A I Z « ÇÃ , Sum m a contra gentiles , 1,
c a ç ã o q u e ele d á d o s g ra u s d e c o n h e c i I I , c a p . 6 0 . D o m in a ig u a lm e n te n a filo
m e n to {República, V II, 534 A ), ele a a p li s o fia d o sécu lo X V II. “ S c ie n tia , q u a e est
c a a o g ra u m a is e le v a d o : faápoia d e sig e ss e n tia im a g o .” Bτ TÃÇ , N o v . Org., I,
n a o p e n s a m e n to d is c u rs iv o , hnoTi)p.y\ o 120. “ Q u e u m a te u p o s s a c o n h e c e r c la
c o n h e c im e n to p e rfe ito ; e o s d o is e stã o ra m e n te q u e o s trê s â n g u lo s d e u m tr iâ n
re u n id o s s o b o n o m e d e váijon. E m A 2 « è g u lo s ã o ig u ais a d o is r e to s , n ã o o n e g o :
I ó I E ÂE è , a p a la v ra é e m p re g a d a d e m a a f ir m o s o m e n te q u e o c o n h e c im e n to q u e
n e ira a m p la ; ele a d m ite u m a d iv ersid ad e ele te m n ã o é u m a v e rd a d e ira ciên cia p o r
de ciências, n u m se n tid o p ró x im o , s o b a l q u e to d o co n h ecim en to q u e p o d e to rn ar-se
p o is d ele; p o is O r a t e s , d is c íp u lo e su c e s so r “ d o c ã o ” ( D i ó g . L a é r c i o , V I, 85), e ra
c h a m a d o ò x v v i x ó s p elo p o e ta c ô m ic o M e n a n d r o , seu c o n te m p o râ n e o (D i ó g .
L a é r c i o , IV , 9 3 ). C f. a lista I, 15: ’Apnaflcptjs, o& Ato-yeVijió x v u r , o v K q ó t t j s ó
©7jj3cuos, e tc ., o n d e se vê q u e este e p íte to serv ia p a r a o d is tin g u ir d o s o u tr o s D ió g e-
n e s. E le é c o n s ta n te m e n te d e sig n a d o assim em DlóGENES e , n a m in h a o p in iã o , n o
seu p r o tó tip o S o t i o n (séc. II a .C .) . (V. Egger)
É p re c iso p r e s ta r a te n ç ã o a o fa to d e q u e Cynic , s u b s t., o a d je tiv o cynical e as
p a la v ra s cynism, cynicism d e sig n a m fr e q ü e n te m e n te em in g lês u m a c o isa to ta lm e n te
d ife re n te d a q u ilo q u e e n te n d e m o s p e la s p a la v ra s c o rre s p o n d e n te s . O d ic io n á rio de
M Z 2 2 τ à d e fin e Cynic , s u b s t.: “ U m a p e sso a d is p o s ta a rid ic u la riz a r o s o u tr o s o u
a a p a n h á -lo s e m fa lta ; q u a lq u e r u m q u e m o s tre u m a te n d ê n c ia p a r a d e s c o n fia r d a
s in c e rid a d e o u d o v a lo r d o s m o tiv o s e d a s açõ es d o s h o m e n s , e q u e te m o h á b ito
d e o e x p rim ir a tra v é s d e z o m b a r ia s e d e s a r c a s m o s .” Cépíico s e ria fre q ü e n te m e n te
a tra d u ç ã o e x a ta , e cínico d a r ia lu g a r a u m g rav e c o n tra -s e n s o .
163 CIVILIZAÇÃO
S o b re C iv il (L ib e rd a d e ) — A lg u n s c o rre s p o n d e n te s p e d ira m -n o s p a r a m e n c io n a r
e d e fin ir e sta e x p re ssã o a tu a lm e n te em d e su so : H. Capitant e C. Davy, q u e c o n su lte i
s o b re este p o n to , e stiv e ra m d e a c o r d o em re s p o n d e r q u e ela j á n ã o se e n c o n tra n o s
ju ris c o n s u lto s c o n te m p o râ n e o s . J á o a r tig o Liberdade, d e É m ile S a isse t, n o Diction
naire des sciences philosophiques d e F r a n c k (1843; 2? e d iç ã o , 1875) se lim ita a d is
tin g u ir e n tre a “ lib e rd a d e m o r a l” e “ lib e rd a d e p o lític a ” . V er n o Suplem ento a h is
to r ia d este te rm o .
A . L ó ; « T τ . C o n ju n to d e o b je to s d e C L A S S IF IC A Ç Ã O D . Klassification;
fin id o p e lo f a to d e esses o b je to s p o s s u í E . Classification; F . Classification; I.
re m to d o s , e só eles, u rn a o u v a ria s c a Classißcazione.
ra c te rís tic a s c o m u n s . R e p re s e n ta -se n a A . R e p a rtiç ã o d e u m c o n ju n to d e o b
L ó g ic a s im b ó lic a p e la a b r e v ia tu r a Cls. je to s n u m certo n ú m e ro d e c o n ju n to s p a r
(P E τ ÇÃ , Formulário de lógica matemá ciais c o o rd e n a d o s e s u b o rd in a d o s .
tica, § 2). T e rm o g e ra l q u e d esig n a a id éia B . M a n e ira d e o rd e n a r e n tre si o s c o n
s e g u n d o a q u a l o género e a especie s ã o ceitos, seg u n d o c ertas relaçõ es q u e se q u e
o s caso s p a rtic u la re s (S ). re m p ô r em e v id ê n c ia : re la ç ã o d o g ê n e ro
B. M Ãá ÃÂ Ã; íτ E I . E s p e c ia lm e n te ,
co m a espécie; re la çã o d o to d o com a p a r
c h a m a -s e classe e m b io lo g ia à d iv is ã o in te ; re la ç õ e s d e g e n e a lo g ia , d e h ie ra rq u ia ,
etc. (D u r a n d d e G r o s , Aperçus de taxi
te rm e d ia ria e n tre as ramificações e as or
nom ie générale).
dens (classes d o s mamíferos, pássaros,
C h am a-se classificação artificial aq u ela
peixes, e tc .).
q u e d e p e n d e d e c a ra c te rístic a s a r b itr a r ia
C . SÃT« ÃÂ Ã; í τ . U m a classe é u m
m e n te e sc o lh id a s, e q u e tem a p en a s co m o
c o n ju n to d e in d iv id u o s c o lo c a d o s n u m
o b je tiv o p e rm itir e n c o n tr a r ra p id a m e n te
m e sm o nív el so cial p e la lei o u p e la o p i
c a d a o b je to p elo lu g ar q u e ele o c u p a , o u
n iã o p ú b lic a (c f. Casta), E s ta p a la v r a re c ip ro c a m e n te ; classificação natural,
a p re s e n ta a tu a lm e n te u m a te n d ê n c ia p a a q u e la q u e te m c o m o o b je tiv o a p ro x im a r
ra se a p lic ar s o b re tu d o , em ra z ã o d o a p a - o s o b je to s q u e têm m ais sem elh anças n a tu
g a m e n to g ra d u a l d as d is tin ç õ e s so cia is rais e p re p a ra r assim a d e s c o b e rta d a s leis.
q u e n ã o a s e c o n ô m ic a s , à d is tin ç ã o d o s
C L A U S T R O F O B IA D . Klaustropho
c id a d ã o s c o n f o r m e o nív el d o s seu s r e n
d im e n to s e c o n f o r m e a d ife re n te m a n e i
bie; F . Claustrophobie , etc.
P e rtu r b a ç ã o m e n ta l q u e co n siste n u m
r a de eles os o b te re m : c u ltiv a d o re s , o p e
re c e io d o lo r o s o , c h a m a d o angústia,
rá rio s, e m p re g ad o s, in d u stria is, p eq u en o s
a c o m p a n h a d o fr e q u e n te m e n te d e fe n ô
c o m e rc ia n te s , g ra n d e s n e g o c ia n te s , p r o
m e n o s im p u lsiv o s, q u e se m an ifesta q u a n
fissõ es lib e ra is , p r o p r ie tá r io s , c a p ita lis
d o o s u je ito se e n c o n tr a fe c h a d o , m e sm o
ta s , etc.
q u a n d o a o a b rig o d e to d o s os p e rig o s o u
F in a lm e n te , o s e n tid o d e s ta p a la v r a
d e q u a lq u e r in c o n v e n ie n te .
fo i a in d a m a is e sp e c ia liz a d o p e la te o r ia
c o m u n ista * , seg u n d o a q u a l a s classes s o C L E P T O M A N I A D . Kleptomanie;
ciais e sta ria m e m v ia s d e se re d u z ire m a F . Cleptomanie, etc.
a p en a s d u as: p ro le ta ria d o e b u rg u e sia (ver Im p u ls o m ó r b id o p a r a o r o u b o sem
o te x to c ita d o n a s o b s e rv a ç õ e s ). É s o b re q u a lq u e r in te re sse n a a p ro p ria ç ã o d o o b
tu d o a e sta ú ltim a a c e p ç ã o q u e se H gam , je to r o u b a d o .
a tu a lm e n te , as e x p re ssõ e s “ lu ta d e c la s “ C L I N A M E N ” T r a d u ç ã o la tin a d o
s e s ” , “ p a r tid o d e c lasse ” , “ c o n sc iê n c ia g re g o èxvX t<m o u ir<XQtyx\Lots.
d e c la sse ” , etc. E s ta p a la v r a d e sig n a o d e sv io e s p o n
tâ n e o q u e , n o s iste m a d e E p ic u ro , p e rm i
CRÍTICA
tia a o s á to m o s q u e c a ía m n o v azio e n c o n
E m ra z ã o d a s tr a n s f o r m a ç õ e s d e s e n tra re m -s e e a g lo m e ra re m -s e , em v irtu d e
tid o s q u e a c a b a m d e ser r e fe rid o s , a u ti d e seu p e so e v e lo c id a d e ig u ais (E p i c u -
liz a ç ã o d e sta p a la v r a em m a té r ia so cial r o , Carta a H eródoto a p . D i ó g . l a é R-
p re s ta -se fa c ilm e n te a o s o fis m a q u a n d o CIO, liv . X ).
a a c e p ç ã o n ã o é e x p re s s a m e n te e sp e c i O clinamen era ao m esm o te m p o
fic a d a . o p rin c íp io d o liv re -a rb ítrio (L Z T2 E T« Ã ,
Rad. int.: K la s, II, 289).
CO-DOM INIO 166
1. “ Se os fenôm enos são coisas em si, a liberdade é impossível de ser salva... se, pelo contrário, só são
tom ados por aquilo que realm ente são. não coisas em si, mas simples representações, então, e tc .”
“ COISISM O” 168
r e p r e s e n ta d o s o b r e tu d o p elo s d e le g a d o s
s e r p o s s u íd a , n ã o p o d e ser c o n c e b id a c o
m o o s u je ito d e n e n h u m d ire ito . A p e s fra n c e s e s , b e lg a s , s u íç o s , etc, F o i u tiliz a
s o a é suijuris·, p o d e p o s s u ir a c o isa , p o d o p e la p rim e ir a vez p e lo jo r n a l su íç o Le
d e te r d ire ito s . progrès , d o L o c le , d a ta d o d e 18 de s e te m
Rad. int .: R es. b r o d e 1869.
B . F o i d e sv ia d o d este se n tid o e sp ecial
“ C O IS IS M O ” A lg u m a s vezes u tiliz a
d e v id o a c a u s a s in d iv id u a is : Ju le s G ü E è -
d o c o m o s in ô n im o d e re a lism o * in g ê n u o .
á , d e in ício filia d o n a e sco la c o letiv ista-
E
V er Realismo , c rític a (S ).
A d o J u r a , c o n tin u o u a d e sig n a r a s u a
C O L E T IV IS M O D . Kollecíivismus; d o u tr in a p e lo m e sm o n o m e , se b e m q u e
E . Collecíivism ; F . Collectivisme ; m a is ele a te n h a p e s s o a lm e n te tr a n s f o r m a d o
u s a d o s o b r e tu d o n a F r a n ç a ; I. Colet- c o n sid e ra v e lm e n te n o s e n tid o d o m a rx is
tivismo. m o . E , em ra z ã o d a in flu ê n c ia e x e rc id a
A. N eo lo g ism o . O te rm o fo i c ria d o n on a F r a n ç a p e la su a p r o p a g a n d a , o s o c ia
C o n g re ss o d e B asiléia (1869) p a ra o p o r lism o m a rx is ta re v o lu c io n á r io foi c o n h e
?.o so cialism o d e E s ta d o , re p re se n ta d o pe c id o p elo n o m e d e c o le tiv ism o .
lo s m a rx is ta s , a le m ã e s s o b r e tu d o , o s o C . D a í re s u lto u q u e a p a la v r a te n d e
c ialism o n ã o e s ta tis ta , n ã o c e n tra liz a d o r, a s u b s titu ir n a lin g u a g e m c o rre n te o ter-
S o b re C o le tiv a (C o n s c iê n c ia ) — N e s ta lo c u ç ã o , tã o c o r r e n te em D u rk h e im e seu s
d is c íp u lo s, s e ria c o n v e n ie n te p e r g u n ta r o q u e su b sis te d o s e n tid o p r ó p r io d a p a la v r a
consciência. D u rk h e im a tr ib u i à c o n sc iê n c ia c o le tiv a u m conhecimento d o s seus p r ó
p rio s esta d o s? P o d e -se d u v id a r. Consciência p a re ce sig n ificar a q u i sim p lesm en te “ lu g ar
d e fe n ô m e n o s p s íq u ic o s ” (ta lv e z in c o n sc ie n te s); é c o m o u m s in ô n im o p o s itiv is ta de
alma. N o ta r a in d a q u e D u rk h e im e sta b e le c e u u m à d is tin ç ã o e n tre consciência coleti
va e consciência social: v er División du travail, 2? e d ., p . 4 6 . ( £ . Leroux)
D u rk h e im u tiliz o u a e x p re s s ã o “ c o n sc iê n c ia c o le tiv a ” p a r a d e s ig n a r d o is fa to s :
1?, q u e re p re s e n ta ç õ e s e s e n tim e n to s s ã o e la b o r a d o s em c o m u m , e p o r c o n se q ü ê n -
cia, d ife re n te m en te d o s e sta d o s q u e e la b o ra u m a co n sciên cia iso la d a; p o r co n seq u ên cia,
s ã o ta m b é m d e a lg u m a m a n e ira e x te rio re s a c a d a u m a d a s su a s c o n sc iê n c ia s in d iv i
d u a is to m a d a s is o la d a m e n te . N e s te c a s o é a c o n sc iê n c ia , e n q u a n to s u je ito c o n sc ie n
te , q u e é d ita coletiva. C f. s o b r e tu d o o a rtig o Representações individuais e represen
tações coletivas (1898) re c o lh id o em Socioiogie et philosophie, p rin c ip a lm e n te p p .
3 5-36. 2 ? , q u e p e lo seu o b je to e sta s re p re s e n ta ç õ e s e s e n tim e n to s p o d e m ig u a lm e n te
ser coletivos q u a n d o é o p r ó p r io g ru p o , o u o q u e se p a s s a n ele, q u e é c o n fu s a m e n te
p e rc e b id o . T al seria em p a r tic u la r o c a so d a s re p re s e n ta ç õ e s re lig io sa s; v e r em p a r t i
c u la r Formes elementaires, 1? e d iç ã o , p p . 295 s s., 329 ss. Q u a n to à d is tin ç ã o e n tre
a “ c o n sc iê n c ia c o le tiv a ” e a “ c o n sc iê n c ia s o c ia l” n â o m e p a re c e d e s e m p e n h a r n e
n h u m p a p e l n as su as c o n c e p ç õ e s u lte rio re s . ( P . Fauconnet )
COLIGAÇÃO 170
C O L IG A Ç Ã O D . Kolligation ; E .
Colligation ; F . Colligation; I. Colli- I . " q u e perm ite resum ir um a m ultiplicidade de
gazione. observações parciais num a proposição única". É pre
A. T e rm o u s u a l em in g lês (r e u n iã o ,ciso sublinhar que as palavras description, descripti
ve o p era tio n , utilizadas aq ui por Mill, n ão têm exa
co leção , a lia n ça ) m as q u e foi to m a d o p o r
tam ente o mesmo sentida em inglês e em francês:
W 7 E ç E Â Â n u m s e n tid o té cn ico : d e sig n a aproxima-se bastante da idéia de defin ição , de carac
a ssim a o p e ra ç ã o d o e s p írito q u e re ú n e terização.
171 C O M PA R AD A
S o b re C o m p a ra ç ã o — É co n v en ie n te n o ta r q u e a d u p la a te n ç ã o d e fin id a p o r C o n
d illa c n ã o é s u fic ie n te p a r a p ro d u z ir a c o m p a r a ç ã o , m as é p re c iso além d o m ais a
in te n ç ã o de c o n s id e ra r, c o m o se disse m a is a tr á s , as s e m e lh a n ç a s e a s d ife re n ç a s . (M.
Bernès)
COM PARATIVA 172
B. E s p e c ia lm e n te n a te rm in o lo g ia d ap rin c ip a is , l e i , c a ra c te riz a d o s p e la s e
Psicanálise*, te rm o c ria d o p e lo D r . J Z Ç; g u in te lei m u ltip lic a tiv a :
d e Z u riq u e : “ e in e G ru p p e v o n z u sa m m e n
i2 = - 1
g e h ö rig e n , m it A f f e k t b e s e tz te n V o rste l-
lu n g selem en tem ” 1, q u e p e lo re c a lc a m e n (d e o n d e a f o r m a a tr ib u íd a a n tig a
to assu m e u m a espécie d e a u to n o m ia e d e m e n te à u n id a d e “ im a g in á r ia ” /).
te r m in a o s s o n h o s , a s n e u ro s e s , etc. S. Rad. int.: K o m p íe k s.
F 2 E Z •á , Deber psychoanalyse, p . 30. C O M P O R T A M E N T O D . Verhalten ;
N ú m e ro c o m p le x o C h a m a -s e a ss im , E . Behaviour, F . Comportement; I. Com
n o s e n tid o g e ra l, u m n ú m e ro c o m p o sto portam ento.
(p o r u m a o p e ra ç ã o s e m e lh a n te à a d iç ã o T e rm o re c e n te m e n te in tr o d u z id o n a
aritm ética) d e n n ú m e ro s em q u e c a d a u m lin g u a g e m filo s ó fic a p a r a d e sig n a r o o b
é re la tiv o a u m a u n id a d e e sp e c ial (h e te je to d a “ p s ic o lo g ia d e r e a ç ã o ” (f re q u e n
ro g ê n e a ) q u e ele s u p o s ta m e n te m u ltip li te m e n te c h a m a d a , c o m u m te rm o im p r ó
c a . Se se p u s e r e m e v id ê n c ia e sta s u n id a p r io , “ p s ic o lo g ia o b je tiv a ” . V er Objeti
d e s , o n ú m e ro c o m p le x o d e n u n id a d e s vo e Psicologia). O comportamento d e
p rin c ip a is to m a a f o r m a g e ra l: u m ser é o c o n ju n to d a s re a ç õ e s g lo b a is
d o seu o r g a n is m o , t a n t o c o m u n s à e sp é
u , u l + a2 u 2 + . . . + a „ u „
cie c o m o p a rtic u la re s a o in d iv íd u o .
s e n d o a,, a2, . . . an os n ú m e ro s o r d in á Ed. CÂ τ ú τ 2 è á E p r o p ô s re s e rv a r o
rio s e « 2, . . . un o s s ím b o lo s d a s n n o m e d e conduta p a r a a s re a ç õ e s n ã o es
u n id a d e s . te r e o tip a d a s n a e sp é c ie , m a s in c lu in d o
N u m s e n tid o m a is e sp e c ia l o s n ú m e a q u e la s q u e s ã o e s te re o tip a d a s n o in d iv í
r o s c o m p le x o s d a á lg e b ra v u lg a r (c h a d u o p e lo h á b ito (N ota s o b re a 3 a e d iç ã o
m a d o s ta m b é m n ú m e ro s imaginários*) d o Vocabulário). E s ta d istin ç ão p arece te r
s ã o o s n ú m e ro s co m p lex o s d e 2 u n id a d es a tu a lm e n te e n tr a d o e m u s o .
Rad. int .: K o m p o rt.
I . “ um grupo de elementos de representação as C O M P O S S ÍV E L T e rm o re la tiv o , u ti
sociados num to do e providos de um poder afetivo'’. lizad o p a rtic u la rm e n te n o sistem a de L E « ζ -
S o b re C o m p o r ta m e n to — O s e n tid o d a d o p o r C la p a rè d e p a ra conduta n ã o se rá
u m p o u c o e s tre ito ? E x iste m c o n d u ta s q u e n ã o são e x c lu siv a m e n te in d iv id u a is . (C .
Parodi)
Comportamento é m ais a m p lo d o q u e c o n d u ta ; p o d e d izer-se d o m o v im e n to d o s
in s e to s a tr a íd o s p e la lu z , d o m o v im e n to c irc u la r d a s la g a r ta s p ro c e s s io n á ria s , e tc .
É s o b r e tu d o u m te rm o té c n ic o , o q u e fa z c o m q u e a u tiliz a ç ã o a m p la d a p a la v r a con
duta n ã o te n h a n a d a d e c h o c a n te . É a q u e le q u e co n v ém m e lh o r a o p o n to de v ista
d a s d is tin ç õ e s f u n d a d a s n a p re d o m in â n c ia de c e rta s açõ e s p a rtic u la re s : é a ssim q u e
h á c o n d u ta s de e sp e ra , c o n d u ta s d e tr iu n f o , e tc . ( Pierre Janet )
D an iel Lagache , n o seu curso sobre a Conduta humana n a S o rb o n n e (1948-1949) cri
tic o u to d a s a s d istin çõ es feitas e n tre conduta e comportamento e a p e n a s reteve a p rim ei
ra destas d u a s p alav ras. Ver Bulletin du groupe d ’é tudes de psychologie, 3? an o , n ? 1.
N a conduta, n o s e n tid o u s u a l, e x iste se m p re u m c a m b ia n te p ro v e n ie n te d o s e n ti
d o p rim itiv o d e conduzir: g o v e rn a r, d irig ir. C f . “ c o n d u to r ” , “ a c o n d u ç ã o d e u m
n e g ó c io , d e u m a d e m o n s tr a ç ã o ” . “ C o n d u z ir-s e ” é g o v e rn a r-s e , n ã o se d e ix a r le v a r
p e lo s in s tin to s o u p e lo s im p u ls o s ; inconduite, e m fra n c ê s , é p r o p r ia m e n te a a u sê n c ia
d e s ta d ire ç ã o d e si m e sm o . (A. L .)
S o b re C o m p o ss ív e l — Léon Robin p e n s a q u e e s t a p a l a v r a p o d e t e r s i d o c r i a d a
t e n d o c o m o m o d e l o confatal* (avveificxQfievov, C 2 « è « ú Ã).
COM POSTO 174
S o b re C o m p r e e n d e r — A s s in a la ra m -n o s q u e n ã o e n tr a r a m n e s ta s d iv e rsa s d e fi
n iç õ es o f a to d e c o m p re e n d e r a a ç ã o d e u m h o m e m s a b e n d o q u a l é o seu o b je tiv o
{J. Lachelier) e o d e lig a r u m f a to c o m o u tr o c o n s id e ra d o c o m o c a u s a . (P. Lapie)
M a s a c a u s a f in a l e s tá c o n tid a n a fó r m u la B , p o is se o g a n h o e x p lic a e fa z c o m p re e n
d e r o a to d o a v a r e n to , is to o c o r r e n a m e d id a em q u e c o n h e c e m o s j á a tra v é s d e u m a
g e n e ra liz a ç ã o a n te r io r a a tr a ç ã o d a riq u e z a ; e, q u a n to à c a u s a e fic ie n te , o u e la se
re d u z à id e n tid a d e e e n tr a e n tã o n o c a so C , o u e la é u m a g e n e ra liz a ç ã o e m p íric a e
a p e n a s e stá c o m p re e n d id a s o b a f o r m a B. {A. L .)
175 CO M PREEN SÃ O
S o b re C o m p re e n s ã o — E is, in extenso, o te x to d e E d m o n d G Â Ãζ ÃI m e n c io n a
d o a tr á s : “ U m v e rte b ra d o n ã o é u m a n im a l q u e n ã o tem p ê lo s , n e m p lu m a s , n em
e sc a m a s: é u m a n im a l c u jo s a p ê n d i c e s te g u m e n tá rio s p o d e m te r a s f o r m a s d e p ê l o s ,
p lu m a s, e scam as. U m m a m ífe ro n ã o é u m a n im a l q u e n ã o te m n e m u n h a s, n em d e d o s,
C O M PREEN SÃ O 176
E. C o n ju n to f o r m a d o n ã o a p e n a s p e A . A to de c o m p re e n d e r* , em to d o s os
las c a ra c te rístic a s q u e são c o m u n s a to d o s se n tid o s.
o s in d iv íd u o s d a ciasse, m a s ta m b é m p e B . F a c u ld a d e d e c o m p re e n d e r* , em
lo s g r u p o s d e c a ra c te rís tic a s q u e p e r te n to d o s o s s e n tid o s .
cem d e u m a m a n e ira a lte rn a tiv a a estes: E ste te rm o é e q u ív o c o , d e v id o a estes
c o m o p o r ex em p lo , p a r a u m triâ n g u lo , a d iv erso s s e n tid o s e a in d a m a is d e v id o à
d e ser n e c e s sa ria m e n te q u e r a c u tâ n g u lo , u tiliz a ç ã o ló g ic a d a p a la v r a . N ã o é, p o is ,
q u e r re tâ n g u lo , q u e r o b tu s o ; p a r a u m ver re c o m e n d á v e l.
teb rad o , s e r q u e r m am ífero , q u e r ave, q u e r
C O M P R O M E T IM E N T O /C O M P R O -
rép til, q u e r b a trá q u io , q u e r peixe. Ver H τ -
M IS S O , E N G A J A M E N T O /E N G A JA D O
M E L iN , Ensaio, c ap . IV, § 1, e d e u m a m a
E . Commitment; F . Engage, engagement.
n e ira in d e p e n d e n te d e to d a te o r ia G o -
T e rm o s d a lin g u ag em c o rre n te to r n a
BLOT, Lógica, c ap . I I I , § 71. P e n s a m o s
d o s m u ito u su ais em filo so fia h á alg u n s
q u e p a r a e v ita r q u a lq u e r e q u ív o c o s e ria
a n o s , n o sen tid o em q u e se d iz de u m h o
b o m a d o ta r a in d a a q u i u m a d je tiv o d is
m em q u e ele tem u m co m p ro m isso co m u m
tin to e d izer: compreensão eminente.
a ssu n to , u m em p reen d im en to , u m p artid o .
Rad. int .: K o n te n a j ( to ta l, d e c id a l,
U m “ p e n s a m e n to e n g a ja d o ” é, p o r
e tc .)
u m la d o , a q u e le q u e lev a a sé rio a s c o n
2 . C O M P R E E N S Ã O D . Verständnis-, seq u ên cias m o ra is e so ciais q u e ele im p lica
E . Comprehension; F . Comprehension; e, p o r o u tro , aq u ele q u e reco n h ece a o b ri
I. Compressione. g a ç ã o d e ser fiel a u m p ro je to * (o m a is
m a s u m a n im a l c u jo s d e d o s e u n h a s são o u se p a ra d o s o u d o ta d o s d e m o v im e n to s m ais
o u m e n o s in d e p e n d e n te s o u d iv e rsam e n te re u n id o s e m d o is g ru p o s o u n u m só . A gene
ra lid a d e n ã o re s u lta d a a u sê n c ia d e u m a c a ra c te rís tic a n o c o n c e ito , m a s d a su a in d e te r-
m in a ç ã o . E e sta in d e te rm in a ç ã o , q u e o silêncio d a d e fin iç ã o re serv a , é, n a compreen
são d o c o n c e ito , a p o ssib ilid ad e d e ta is o u tais d e te rm in a ç õ e s e a s u a possibilidade con
dicional, q u e r d iz e r, a s c o n d iç õ e s p o sitiv a s e d e fin id a s d e c a d a u m a dessas d e te rm in a
çõ es p o ssív e is.” G Ãζ Â ÃI , Tratado de lógica, c ap . I I I , § 71. E le p ro p õ e re se rv a r p a r a
este se n tid o o te rm o compreensão (d as id éias) e d iz er n o se n tid o A , B , C , conotação
(d o s c o n ce ito s). M a s estas p a la v ra s s ã o j á to m a d a s e m ta n to s se n tid o s q u e p a re ce im
p o ssív el fa z e r a c e ita r e sta e sp e cialização n o u so c o m u m ; e, se b em q u e e la d a te d e v in te
e cin co a n o s a tr á s , a p r o p o s ta p a re c e te r fic a d o sem e fe ito . A u tiliz a ç ã o d e a d je tiv o s
a c re sc e n ta d o s à p a la v ra c o m p re e n s ã o é, p o is , b e m p re fe rív e l.
L . Couturat tin h a p r o p o s to , n o fascícu lo 4 d o p re s e n te v o c a b u lá rio , p u b lic a d o em
1903, c h a m a r compreensão de uma proposição o c o n ju n to d a s p ro p o siç õ e s c u ja asse r
ç ã o e stá im p lic a d a n a a sse rç ã o d e sta , o u p o r o u tr a o c o n ju n to d a s su a s co n se q u ê n cia s
ló g icas. E ste s e n tid o , d iz ia ele, deve ser a d o ta d o a o m e sm o títu lo q u e o se n tid o A , em
v irtu d e d a a n a lo g ia c o m p le ta e n tre o s c o n ce ito s e a s p ro p o siç õ e s (cf. d o m e sm o a u to r
A álgebra da lógica, § 2 ). / . Lachelier tin h a r e s p o n d id o q u e este s e n tid o n o v o n ã o d e i
x a ria d e ser in co n v en ien te, p o d e n d o as conseq u ên cias ló gicas serem tira d a s q u e r d a c o m
preensão d o atributo (P e d ro é h o m e m , logo ra c io n a l), q u e r d a e x ten sã o d o su je ito (to
d o h o m e m é r a c io n a l, lo g o P e d r o o é). N ã o te n d o o b tid o o sen tid o em q u e stã o d esd e
e n tã o n e n h u m lu g a r n a lin g u ag em filo só fic a c o n te m p o râ n e a , p a re c e u q u e s e ria c o n v e
n ie n te tirá -lo d o c o rp o d o v o c a b u lá rio e o m e n c io n a r a p e n a s a q u i.
S o b re C om un h ão — L i t t r é d e fin e a “ c o m u n h ã o ” c o m o a “ c re n ç a u n ifo r m e
d e v á ria s p e sso a s q u e a s u n e so b u m m e sm o c h efe n u m a m e sm a I g r e ja ” . (A lé m d e ste
s e n tid o , ele a p e n a s in d ic a a q u e le q u e c o n c e rn e à E u c a r is tia .) D a r m . e H a t z . d iz e m
m a is a m p la m e n te “ u n iã o d a q u e le s q u e p ro f e s s a m a m e s m a c re n ç a ” . O Dictionnaire
d a A c a d e m ia (1932): “ U n iã o d e v á ria s p e sso a s n u m a m e sm a fé. P o r e x te n s ã o , d iz-se
ta m b é m : estar em comunhão de idéias, de sentim entos com alguém, p a r tilh a r as m es
m a s id é ia s, o s m e sm o s s e n tim e n to s .”
C O M U N ID A D E 178
S o b r e C o m u n is m o — N ã o m e p a re c e m u ito e x a to fa z e r in te rv ir o E s ta d o p a ra
a -o rg a n iz a ç ã o d o c ré d ito , d o tr a b a lh o , d a e d u c a ç ã o , n a d e fin iç ã o d o c o m u n is m o .
179 C O M U T A T IV A
O id e al c o m u n is ta , em M a rx e L e n in , é a n a r q u is ta , p o r m ais im p o r ta n te q u e se ja
o p a p e l q u e te m a d e s e m p e n h a r o a p a r e lh o d o E s ta d o n o p e río d o de tr a n s iç ã o , p r o
p ria m e n te s o c ia lista . “ O s o c ia lis m o é a p e n a s o e s tá d io im e d ia ta m e n te c o n se c u tiv o
a o m o n o p ó lio d e E s ta d o c a p ita lis ta . P o r o u tr a s p a la v r a s , o so c ia lism o é a p e n a s o
E s ta d o c a p ita lis ta m o n o p o liz a d o r p o s to a o serv iço d e t o d o o p o v o d e ix a n d o p o r isso
d e s e r m o n o p ó lio c a p ita lis ta .“ “ O c o m u n is m o é o m a is a lto g ra u d e d e se n v o lv im e n
to d o s o c ia lis m o , p o is e n tã o o s h o m e n s tra b a lh a m p o rq u e c o m p re e n d e m a n e ce ssi
d a d e d e tr a b a lh a r p a r a o b e m d e t o d o s .” “ O q u e se c h a m a h a b itu a lm e n te so cia lis
m o , M a rx c h a m o u - lh e a p r im e ir a fa se o u fa se in fe rio r d a s o c ie d a d e c o m u n is ta . N a
m e d id a em q u e os m e io s d e p r o d u ç ã o se to r n a m p r o p r ie d a d e c o m u m , p o d e -se c h a
m a r a isso com unism o , c o m a c o n d iç ã o d e n ã o e sq u e c e r q u e se tr a t a d e u m c o m u n is
m o in c o m p le to .” T e x to s d e LE Ç« Ç , c ita d o s e m Z« ÇÃâ« E â , Le léninisme, p p . 205, 245.
(M. Marsal)
M a s em q u e m e d id a se te m o d ire ito d e fa la r d e u m “ id e a l c o m u n is ta ” c o m o
d e u m re g im e a a tin g ir? M a rx fez n o ta r q u e o so c ia lism o c ie n tífic o ta l c o m o ele o
e n te n d ia é a c o n s ta ta ç ã o d e u m a tr a n s f o r m a ç ã o e a p re v is ã o d a s u a p ró x im a fa se ,
n ã o o e sfo rç o em d ire ç ã o a u m a s o c ie d a d e id e a l, e q u e to d a a e sp e c u la ç ã o so b re esta
ú ltim a é u m a ilu s ã o re a c io n á ria , p o is e la vai b u s c a r o s seus m a te ria is à im ag em d a s
so cie d a d es a n te r io re s . (A. L .) C f. Coletivismo, o b s e rv a ç õ e s .
e n q u a n to te m q u e v e n ce r u m a re s istê n c ia o u re a ç ã o p a r a se c o lo c a r e la p r ó p r ia p r o
g re ssiv a m e n te e in fieri. (M . Blondel)
T o d o c o n c e ito p o ssu i u m a e x te n sã o * p e n s a m e n to q u e d e te r m in a u m o b je to , e
q u e p o d e ser n u la ; in v e rs a m e n te , a to d a P Ã2 I -RÃà τ Â e n te n d e -o assim : “ C h a m a -
classe d e fin id a de o b je to s c o rre sp o n d e u m se conceber a sim p les visão q u e tem o s d as
c o n ce ito , p o is n ã o se p o d e d e fin ir u m a tal co isas q u e se a p re s e n ta m a o n o sso e sp i
classe sem in d ic a r u m c o n ju n to d e c a r a c rito , c o m o q u a n d o n o s re p re se n ta m o s u m
terísticas* q u e p erten cem ao s o b je to s d es so l, u m a te r r a , u m a á rv o re , um c írc u lo ,
sa classe, e s o m e n te a eles, q u e p e rm ite m u m q u a d ra d o , u m p e n sa m e n to , o ser, sem
d istin g u i-lo s d e to d o s o s o u tro s . fo r m a r n e n h u m ju íz o e x p re ss o .” Lógica ,
Rad. i n t K o n c e p t. In tr o d u ç ã o (ed . C h a rle s, p . 38). E la c o m
p reen d e a im ag in ação co m o u m a d as suas
C O N C E P Ç Ã O D . Konzeption, Be su b d iv isõ e s {ibid., I, 1).
griffsbildung n o s trê s s e n tid o s , s e n d o Be- E ste sen tid o te n d e a restrin g ir-se. Tτ «-
g r i/f m ais a m p lo em a le m ã o d o q u e c o n ÇE fa la a in d a d a c o n c e p ç ã o d e u m c o rp o
c e ito em p o rtu g u ê s ; E . Conceptiorr, F . p a rtic u la r, p o r ex em p lo , d e sta á rv o re , m as
Conception; I. Concezione. p o r q u e , n a p e rc e p ç ã o , a im a g e m é c o m
1? E n q u a n to o p e ra ç ã o : p le ta d a p o r u m a o p e r a ç ã o ló g ic a . “ E m
A . T o d o a to d e p e n s a m e n to q u e se q u e c o n siste esse fa n ta s m a in te rn o (d e u m
a p lic a a u m o b je to . c o r p o p e rc e b id o )? E n tr e o u tr o s e lem en
B . M ais e sp e c ia lm e n te , o p e r a ç ã o d o to s , é m a n if e s to q u e ele e n c e rra u m a con
e n te n d im e n to o p o s ta às d a im a g in a ç ã o cepção afirm ativa ... C o n c e b o e a f ir m o
q u e r r e p ro d u to r a , q u e r c ria d o ra (co n cep q u e a d e z p a s s o s d e m im h á u m ser d o t a
ção d e u m a d ife re n ç a ; c o n c e p ç ã o d o d o d e ta is p r o p r ie d a d e s , e tc .” De 1’intel-
m u n d o ). ligence , I I , 76. “ F ic a a in d a p o r c o n s titu ir
C . M ais e sp e c ia lm e n te a in d a , o p e r a a p e rc e p ç ã o d e u m c o r p o , d e in ício u m a
ç ã o q u e c o n siste em a p o d e r a r - s e d e o u s e n s a ç ã o a tu a l e u m g ru p o a s s o c ia d o de
f o r m a r u m c o n c e ito * . im ag en s, em seg u id a a concepção , q u e r d i
2? D . E . F . R e s u lta d o re s p e c tiv o de z e r, a e x tra ç ã o e a n o ta ç ã o p o r in te rm é
c a d a u m a d e sta s o p e ra ç õ e s. d io de u m sig n o d e u m a c a ra c te rís tic a c o
m u m a to d a s as s e n sa ç õ e s re p re s e n ta d a s
CR ÍTICA
p o r estas im a g e n s .” Ibid., I I , 121.
N a lin g u a g e m c o rre n te concepção e N este c a s o , concepção im p lic a já es
conceber d iz em -se de to d a o p e ra ç ã o de s e n c ia lm e n te a id é ia de g e n e ra lid a d e .
B τ Â á ç « Ç , a in d a q u e re c o n h e c e n d o a ra r o c o n ce p tu a lism o co m o u m a d o u trin a
g ra n d e e x te n sã o d o te rm o in g lês concep d o ju s to m eio, in te rm e d iá ria entre o re a
tion, p ro p õ e re s trin g i-lo a o se n tid o C e lism o e o nom inalism o. N a realidade, opõe-
d e fin i-lo c o m o “ o c o n h e c im e n to d o ge se q u e r a u m q u e r a o u tro , m as e n q u a n to
ra l e n q u a n to d is tin to d o s o b je to s p a r ti resp o sta a q u e stõ e s b em diferentes.
c u lares aos qu ais se ap lica. Enquanto dis Rad. int.: K o n c e p tu a lis m .
tinto é u m a re striç ão n ecessária, pois sem
C O N C L U S Ã O L . Conclusio ; D .
isso to d o co n h ecim en to seria u m a co n cep
ç ã o ” . S u b V o, 208 (c f. m a is a c im a o te x
Schluss, Schlussatz, Conclusion·, E . Con
clusion·, F . Conclusion·, I. Conclusione.
to de T τ E ÇE ). W. J τ OE è e n te n d e d o m es
A . P ro p o siç ã o cu ja v erd ad e resu lta d a
m o m o d o p o r concepção o p e n sa m e n to
v e rd a d e d e o u tra s p ro p o s iç õ e s (d ita s pre
d o id ê n tic o (Text Book, c a p . X IV : C o n
missas) d e ta l m a n e ira q u e as p re m issa s
c e p tio n ).
n ã o p o d e m ser v erd ad eiras sem q u e a c o n
S em ir tã o lo n g e , s e ria d e se já v el to
c lu sã o o se ja .
m a r e sta p a la v r a n o s e n tid o B e u tiliz a r
B . E m p a rtic u la r, c o n c lu s ã o d e u m
conceber n o m e sm o s e n tid o . N o ta r-s e -á silo g ism o * .
c o m e fe ito q u e , e s ta n d o em d e su s o em
C . P a r te d e u m a o b r a , de u m a a r g u
fran cês a p a la v ra entendre , n o s en tid o q u e
m e n ta ç ã o , e tc ., q u e e x p õ e o essen cial d o
lh e d ã o o s cartesia n o s (ver n o m e a d a m e n te q u e se p e n s a te r p r o v a d o (o u , m ais r a r a
s o b re a o p o s iç ã o e n tre e n te n d e r e im a g i m e n te , d o q u e se p r o p õ e p ro v a r).
n a r , BÃè è Z E I , Connaissance de Dieu, I, D . A ç ã o d e c o n c lu ir, d e p a ss a r lo g i
9 ), s e ria ú til p o s s u ir u m te rm o p a r a a c am e n te d a s p re m issa s às c o n se q ü ê n cia s.
s u b s titu ir n e s ta u tiliz a ç ã o b a s ta n te p re c i “ U m a c o n c lu sã o in c o rre ta ” (q u e r a c o n
sa . A concepção se ria , e n tã o , em o p o s i c lu sã o , n o s e n tid o A , a q u e c h eg a se ja
ç ã o à m e m ó ria o u à im a g in a ç ã o , a o p e v e rd a d e ira o u fa ls a em si m e sm a ). E ste
ra ç ã o d o e n te n d im e n to ; e conceber re c e s e n tid o é p o u c o u s a d o .
b e ria o sen tid o c o rre s p o n d e n te . Rad. int.: A . B. C . K o n k lu z u r; D .
Rad. int.: 1? K o n c e p ta d (a to ); 2? K o n k lu z .
K o n c e p tu r (a q u ilo q u e é c o n c e b id o ).
C O N C O M IT Â N C IA D . Konkomi-
C O N C E P T U A L I S M O D . Concep- tanzo E . Concomitance ; F . Concomitan
tualismus; E . Conceptualisme F . Concep ce ; I. Concomitanza.
tualisme; I. Concettualismo. C a ra c te rís tic a de d o is fa to s q u e a p r e
A . D o u trin a se g u n d o a q u a l os u n i s e n ta m u m a re la ç ã o re g u la r, seja (A ) de
v ersais* n ã o ex istem em si m e sm o s (nem s im u lta n e id a d e , seja (B) de v a ria ç ã o em
a n te r io rm e n te às c o isa s, n em n as essên fu n ç ã o u m d o o u tr o (u tiliza -se a in d a em
cias q u e c o n stitu e m estas ú ltim a s ), m a s alem ão no seg u n d o sen tid o o term o Func-
são a p en as co n stru çõ es d o esp írito . O põe- tionsverhàltniss).
se, n e ste s e n tid o , a realismo*, n o s e n tid o
A o u n o sen tid o B. CRÍTICA
B . D o u tr in a q u e c o n c e rn e à n a tu re z a E ste seg u n d o sen tid o p arece p ro v ir d o
das idéias gerais*, e n q u a n to co n cep ção d o m é to d o d escrito p o r J . S. M « Â Â sob o n o
e sp írito e s e g u n d o a q u a l estas id éias são m e de método das variações concomitan
fo rm a s ou o p e ra ç õ e s p ró p r ia s d o p e n sa tes: é pois ap en as o resu ltad o de u m a elip
m e n to e n ã o sim p les sig n o s q u e se a p li se. C o m o p o d e p ro v o c a r u m e q u ív o co
cam ig u a lm e n te a v á rio s in d iv íd u o s. c o m o p rim e iro , p ro p o m o s ev itá-lo e
s u b s titu ir n este sen tid o concomitante e
NOTA
concomitância p o r função e funciona
U m erro d ifu n d id o que resulta d a c o n lidade.
fu s ã o destes d o is s e n tid o s é o de c o n sid e Rad. int.: A . K onkom itant; B, Funció n.
“ C O N C O R D Â N C IA (M éto d o d e)“ 184
“ C O N C O R D Â N C IA (M é to d o d e )“ to d o q u e te m p o r re g ra : “ I f tw o o r m o re
D . M ethode der Ueberreinstimmung·, E. in s ta n c e s in w h ich th e p h e n o m e n o n o c
M ethod o f agreement ; F . M éthode de c u rs h a v e o n ly o n e c irc u m s ta n c e in c o m
concordance ; I. M étodo di concordanza. m o n , w h ile tw o o r m o re in s ta n c e s in
U m d o s m é to d o s d e in d u ç ã o p r o p o s w h ic h it d o e s n o t o c c u r h a v e n o th in g in
to s p o r J . S. M « Â Â n a s u a Lógica. c o m m o n save th e absence o f th a t circu m s
“ I f tw o o r m o re in s ta n c e s o f th e p h e ta n ce ; th e circu m stan ce in w hich alo n e th e
tw o sets o f in s ta n c e s d iffe r is th e e ffe c t,
n o m e n o n u n d e r in v e stig a c ió n h a v e o n ly
o r th e c a u se , o r a n e c e ssa ry p a r t o f th e
o n e c irc u m sta n c e in c o m m o n , th e c ir
c a u se o f th e p h e n o m e n o n .” 2 System o f
c u m s ta n c e in w h ic h a lo n e all th e in s ta n
Logic , I I I , c a p . 8 , § 4.
ces a g re e is th e c a u se (o r e ffe c t) o f th e g i
v en p h e n o m e n o n .” ' System o f Logic, C O N C O R D IS M O D . Konkordismus ;
I I I , c a p . 8 , § 1. E . Concordism ; F . Concordisme\ I. Con-
E s te m é to d o não é id ê n tic o à Tabula cordismo.
praesentiae d e Bτ TÃÇ c o m o se d iz v u l “ C h a m a -s e a ss im e m te o lo g ia à te o
g a rm e n te (p. ex. F Ãç Â E 2 , N o ta s a o N o ria seg u n d o a q u a l a fé e a c iên c ia , s e n d o
vum Organum; A áτ Oè ÃÇ em BALDWIN, a s d u a s d iv in a s à s u a m a n e ir a , n ã o p o d e
V o Agreement). V e r s o b re e s ta d is tin ç ã o ria m e s ta r em d e s a c o r d o .” G . BE Â ÃI ,
“ O v a lo r m o r a l d a c iê n c ia ” , Revue de
A. Lτ Â τ ÇáE , Les theories de Tinduction
m étaph ., ju lh o d e 1914, 433.
et de Texperimentation , c a p . I l l e IX .
C O N C O R R Ê N C I A D . M itbewer
“ C o n c o r d a n c ia (M é to d o r e u n id o d e
bung , K onkurrenz ; E . C om petition ; F .
c o n c o r d â n c ia e d e d if e r e n ç a ) “
Concurrence ; I. Concorrenza.
J . S. M « Â Â c h a m a a s s i m (Joint me
thod o f agreement and diference ) a o m é -
2. “ Se dois o u vários casos nos quais o fenôm e
no se pro duz têm apenas um a circunstância com um ,
enquanto dois ou vários casos nos quais n ão se pro
]. "Se dois ou vários casos do fenômeno que se duz só têm em com um a ausência d a m esma circuns
estuda possuem uma circunstância com um , esta cir tância, esta circunstância única pela qual diferem os
cunstância única pela qual todos os casos são seme dois grupos de casos é o efeito , a causa, ou um a par
lhantes é a causa (ou o efeito) do fenôm eno d a d o ." te necessária da causa do fenôm eno.”
S o b re C o n c o r d â n c ia ( M é to d o ...) — S e ria d e se já v e l in d ic a r em a lg u m a s p a la v ra s
a d ife re n ç a e n tre as tá b u a s de Bτ TÃÇ e o s m é to d o s d e M « Â Â. (P . Lapie) E la c o n siste
n is to : as tá b u a s d e Bτ TÃÇ , 1?, são c o le tâ n e a s o r d e n a d a s d e f a to s o b se rv á v e is , s o
b re o s q u a is se d ev e em s e g u id a e x erce r a in d u ç ã o ; e, 2°, e sta te m p o r o b je to d e te r
m in a r a f o r m a o u c a u sa f o r m a l , q u e r d iz e r, a e ss ê n c ia d e u m fe n ô m e n o , o q u e o
c o n s titu i em si (in o r d in e a d U n iversu m , non in ordine a d hom inem ), n o s e n tid o em
q u e o s físico s d iz e m q u e o q u e é u m so m p a r a o s n o s so s s e n tid o s é, n a re a lid a d e ,
u m a v ib ra ç ã o d e a r. T r a ta -s e , p o is , d e d e te r m in a r o c a r á te r o b je tiv o c o m u m a to d o s
o s c aso s o b s e r v a d o s , e n ã o a c a u s a e fic ie n te , q u e é s o m e n te vehiculum form ae. P a r a
J . S. M lLL, p elo c o n tr á r io , 1?, o s “ c â n o n e s ” sã o re g ra s ló g icas, 2 ? , e sta s re g ra s têm
p o r o b je to determinar a c a u s a e fic ie n te , is to é , o antecedente in v a riá v e l, in c o n d ic io
n a l, etc.· V e r m a is a trá s C a u sa . D a í re s u lta q u e o s d o is m é to d o s ta m b é m n ã o c o in c i
d e m n a a p lic a ç ã o , c o n s id e ra n d o u m o s fe n ô m e n o s p o r g ru p o s su cessiv o s e o o u tr o
c o n s id e ra n d o -o s n a s su a s re la ç õ e s d e s im u lta n e id a d e . (A. L.)
S o b re C o n c o rrê n c ia e C o n c u rso — Concurso im p lic a o p o s iç ã o se se te m em v ista
s o b re tu d o o o b je to e x te rio r, m a te ria l, c u ja p o sse to d o s os c o n c o rre n te s p ro c u ra m ,
185 “ CONCREÇÃO”
re tira d o s de d iv ersas o rig en s h istó ric a s e stã o ju s ta p o s to s sem u n id a d e real? (M. Blon-
def) E is u m a m e tá f o r a m u ito ex p re ssiv a e sem d ú v id a p e rfe ita m e n te a d m issív e l, m as
n ã o m e p a re c e m u ito u s u a l e em to d o c a s o n ã o te m n a d a d e té c n ic o . (A. L.)
187 C O N D IÇ Ã O
S o b r e C o n d iç ã o , A e B — N o ta r a u tiliz a ç ã o b a s ta n te a m p la q u e fe z Kτ ÇI d e s ta
p a la v r a n a d is c u s s ã o d a s a n tin o m ia s . É condição o te r m o d o q u a l o e s p írito p a s s a
a u m o u tr o n u m a sín te se p ro g re s s iv a , o u a o q u a l ele r e m o n ta a p a r tir d e u m o u tr o
n u m a sín te se re g re ssiv a . (7. Lachetier) V er a d ia n te Condicionante.
S o b r e C o n d iç ã o , C — O u s o ju r íd ic o d is tin g u e a condição, q u e p o d e n u n c a
a p re s e n ta r-s e , e o term o , q u e se a p r e s e n ta r á n e c e s s a ria m e n te , a in d a q u e n u m a d a ta
in d e te rm in a d a ( p o r e x e m p l o , o fa le c im e n to d e c e r to s u je ito ). P Â τ Ç « Ã Â , Traité élém,
de droit civil, I , § 310. C f. Code civil, 1168, 1184, e v e r Contingente*, o b se rv a ç õ e s.
S o b re C o n d iç ã o , F — E s ta p a ss a g e m d o a r tig o fo i m o d if ic a d a p a r a re s p o n d e r
às o b je ç õ e s d e H . Bouasse. A p a r te d o te x to q u e e s tá e n tre a sp a s é e x tra íd a d a su a
c a r ta . É d e n o ta r q u e P τ Ç Ã d á à p a la v r a ita lia n a Condizione u m s e n tid o m ais ex
E
S o b re C o n d iç ã o (C rítica ) — P a re c e q u e n o u s o c o m u m se c h a m a m s o b re tu d o con
dições c e rta s c irc u n s tâ n c ia s m u ito g e ra is q u e c o n c o r re m m a is p a s s iv a d o q u e a tiv a
m e n te p a r a a p r o d u ç ã o d e u m fe n ô m e n o , o u c u ja a ç ã o , p elo m e n o s , é c o n s id e ra d a
c o m o s e c u n d á r ia (c o m o ta l te m p o , ta l lu g a r , ta l te m p e r a tu r a , ta l p re s s ã o a tm o s f é r i
c a ). U m fe n ô m e n o é p r o d u z id o p o r c a u s a s sob c o n d iç õ e s . ( / . Lacheiier )
D. Parodi a s s in a la e m R ÇÃ Z â « 2 , Essais, logigue genérate, 3 ! p a r te , c a p .
E E
X X X V I I , o b s . A , u m a te n ta tiv a im p o r ta n te d e d is tin g u ir as c a u s a s e as c o n d iç õ e s
d e u m fe n ô m e n o . A s condições n ã o s ã o e x p re ss a m e n te d e fin id a s , m a s p a re c e re s u l
t a r d o c o n te x to , e n o m e a d a m e n te d a re fe rê n c ia a J . S . M ili, q u e R e n o u v ie r e n te n d e
p o r isso to d o s o s a n te c e d e n te s o u c o n c o m ita n te s q u e in te rv ê m d e a lg u m a m a n e ira
n a p r o d u ç ã o d e u m fe n ô m e n o ; a c a u s a “ é u m a c o n d iç ã o , p rim e ir o , n e c e s s á ria , q u e r
d iz e r, sem a q u a l u m fe n ô m e n o n ã o a c o n te c e r ia , e s ta n d o to d a s a s c o isa s ig u a is a liá s;
s e g u n d o , s u fic ie n te , q u e r d iz e r, q u e s e n d o d a d a (sic) d á lu g a r a esse fe n ô m e n o ; te r
c e iro , e fe tiv a m e n te d e te r m in a n te . E s ta id é ia a c r e s c e n ta d a à d o q u e é s u fic ie n te e n e
c e ssá rio fix a o p e n s a m e n to n o m o m e n to e n o p r ó p r io a to e m q u e o e fe ito se d e te r m i
n a n a re a lid a d e a tra v é s d a in te rv e n ç ã o d e a lg o q u e p ro v o c a m u d a n ç a s n u m e s ta d o
j á c o n h e c id o ” . Ibid., 3? e d iç ã o , p p . 7 8 -79.
S o b re a re la ç ã o e n t T e e s ta id é ia e a d e f o r ç a , v e r o m e sm o c a p ítu lo , p . 56.
189 “ CO NFA TA L”
m e n to d e H a m i l t o n , e n u n c ia -s e assim : B . Q u e d e p e n d e d e u m a c o n d iç ã o , n o
“ T o th in k is t o c o n d itio n .’ ’1 E la sig n ifi s e n tid o B (c o n d iç ã o sine qua non). A n e
c a: “ T h a t a ll th a t is c o n c e iv a b le in g a ç ã o d o a n te c e d e n te a c a r r e ta , n e ste c a
th o u g h t lies betw een tw o ex trem es, w hich so , c o n tr a r ia m e n te a o a n te r io r , a n e g a
a s c o n tra d ic to ry o f e a c h o th e r, c a n n o t ç ã o d o c o n s e q ü e n te .
b o th b e tru e , b u t o f w h ic h , as m u tu a l c o n C . S in ô n im o d e hipotético, B , 1?; c a
tra d ic to rie s , o n e m u s t .” 2 Lectures, I I , racterística d e u m a p ro p o siç ã o hip o tética*
3 6 9 . “ T h e law o f m in d t h a t th e c o n c e i n a q u a l o a n te c e d e n te sig n ific a Todas as
v a b le is in e v e ry re la tio n b o u n d e d b y th e
vezes que . . . e n ã o Se é verdade que...
in c o n c e iv a b le , I c a ll th e L a w o f th e C o n c r ít ic a
d itio n e d .” 3 Ibid., 373.
O e q u ív o c o e n tre o s e n tid o A e B d á
N a m e d id a em q u e este p rin c ip io é fre q u e n te m e n te m a rg e m a so fism a s: d o
a p lic a d o p a ra le g itim a r a cre n ça , é o f u n q u e é co n d içã o n ecessária p assa-se a o q u e
d a m e n to d a “Filosofía do condicionado” é c o n d iç ã o su fic ie n te , o u in v e rsa m e n te .
(cf. a d e fe sa d e H a m i l t o n e d a s u a filo
s o fia re lig io sa c o n tra M i l l em M a n s e l : C O N D IC IO N A M E N T O V er Su
The Philosophy o f the Conditioned). A f i plem ento.
losofía do Incondicionado d e sig n a , p elo C O N D IL L A C IS M O D o u trin a de C o n
c o n trá rio , n a m e sm a esco la, a d o u tr in a d e dillac caracterizad a pelas teses seguintes; A
C o u s i n , s e g u n d o a q u a l e x iste u m a lm a é u m a s u b stâ n c ia sim ples, d iferen te
“A b s o lu to -In f in ito ” acessív el à ra z ã o e à m en te m o d ifica d a p o r o casiã o d as im p res
filo s o fia . H a m i l t o n , On the Philosophy sões q u e se fa zem n as p a rte s d o c o rp o ; to
o f the Unconditioned, D iscu ssõ es, 1-38. d o s o s fen ô m en o s e to d as as facu ld ad es d o
e sp írito re su ltam de u m ú n ic o fen ô m e n o
2 . C O N D I C I O N A D O (R eflex o ) V er elem en tar, a o m esm o te m p o afetiv o e re
Reflexo. p resen tativ o , a sensação; a re a lid ad e q u e
u m a id éia geral te m n a in telig ên cia co n sis
C O N D I C I O N A L D . Dedingt; E .
te a p en a s n u m n o m e ; to d a ciência é u m a
Conditional·, F . Conditionnel; I. Condi- lin g u ag em b em -feita; a an álise é o seu in s
zionale. tru m e n to essencial. Ver Sensualismo.
A . Q u e d e p e n d e d e u m a c o n d iç ã o n o
s e n tid o A : p o r e x e m p lo , a lexis q u e f o r C R ÍT IC A
S o b re “ C o n f a ta l” — T e x to a s s in a la d o p o r Léon R obin, q u e lh e a c re s c e n ta a r e
fe rê n c ia a C í c e r o , De fa to , 13 (30): “ H a e c u t dix i, c o n fa ta lia C h ry sip p u s a p p e lla t.”
C f . Stoic. vet. fragm . I, n ? 5, 957, 958.
C O N F IG U R A Ç Ã O 190
m e sm o o b je to d e te rm in a ç õ e s c o n tr a d itó la n d o d a q u e le q u e d e fe n d e a s u a te se de
ria s . H á , e m p a r tic u la r , conflito de de d o u to r a m e n to ) .
veres q u a n d o , n a m o r a l a p lic a d a , u m E . L a n ç a r a d e s o rd e m n u m a e m p re s a
m e sm o a to p a re c e a o m e sm o te m p o legi (p a rtic u la rm e n te n u m a e m p re sa d e m a s ia
tim o e ile g ítim o c o n fo rm e a re g ra co m a d o a m b ic io s a o u n o c iv a ) e fa z ê -la assim
q u a l se r e la c io n e . P o d e h a v e r c o n flito de fa lh a r. D izia-se s o b re tu d o a n tig a m en te de
u m a ú n ic a a u to r id a d e com eia mesma se D e u s o u d o s D e u se s. ( C ounfounded , em
e la n ã o p u d e r a p lic a r-s e a u m o b je to d a in g lês, a in d a q u e r d iz e r m a ld ito . C f. as
d o sem d e s e m b o c a r n u m a c o n tra d iç ã o . id é ia s g re g a s d e fyôets e d e ve/tetns1.)
“ O c o n flito d a ra z ã o c o n sig o m e s m a ”
(Ká ÇI ) é o c o n ju n to d as c o n tra d iç õ e s em NO TA S
q u e a ra z ã o se c o m p ro m e te q u a n d o se e s D e p o is d e te r sid o fre q ü e n te n o séc.
fo r ç a p o r e n c o n tr a r n o s fe n ô m e n o s u m X V II, e m p a rtic u la r n o s p o e ta s , e ste t e r
in c o n d ic io n a l de q u e d e p e n d e ria m to d o s m o a p e n a s se a p lic a a tu a lm e n te , c o m ex
o s c o n d ic io n a d o s . Crít. da razão pura, c e ç ã o d o s e n tid o B , em c e rta s e x p ressõ es
D ia lé t. tr a n s c e n d ., c a p , II. C f. A n c o n s a g ra d a s . A s d e fin iç õ e s a c im a d ev em
tinomia. ser e n te n d id a s c o m e s ta re se rv a .
A ex p re ssão “ c o n flito de te n d ê n c ia s ” L « 2 é in d ic a a in d a v á rio s o u tr o s
I I
knowledge em to d o s o s s e n tid o s e a té o u c o n fu s o n a c o is a c o n h e c id a ; o u q u e ,
m a is a m p la m e n te d o q u e em fra n c é s e o b je tiv a m e n te c o n s id e ra d o , n ã o deix a fo
p o r tu g u ê s 1; F . Connaissance; I. Cogni- r a d ele n a d a d o q u e ex iste n a re a lid a d e
zione; conoscimento s o b r e tu d o n o s se n à q u a l se a p lic a . V e r Adequado.
tid o s A e B (a to o u fa c u ld a d e ), conoscen- É n e s te s e n tid o q u e a s c o is a s e m si s ã o
za, s o b r e tu d o n o s s e n tid o s C e D (co isa d ita s por Sú E ÇT E 2 in c o g n o s c ív e is (un
c o n h e c id a ). knowable) a in d a q u e p o ssa m ser co n h e
E s ta p a la v r a d e s ig n a , p o r u m la d o : c id a s n o p r im e ir o s e n tid o ( = c o n h e c e r-
I ?, o a to d e c o n h e c e r; 2 ? , a c o is a c o n h e lh e s a e x is tê n c ia ) e m e s m o s e r d e f in id o o
c id a ; e , p o r o u tr o la d o , ap lica-se: a) à sim se u d o m ín io .
p les a p re s e n ta ç ã o * d e u m o b je to ; b ) a o C . C o n te ú d o d o c o n h e c im e n to n o
f a to d e o c o m p re e n d e r* . D e o n d e q u a tr o s e n tid o A (p o u c o u s a d o ).
s e n tid o s f u n d a m e n ta is : D . C o n te ú d o d o c o n h e c im e n to n o
A . A to d o p e n s a m e n to q u e p õ e leg í se n tid o B. M u ito fre q ü e n te , s o b re tu d o n o
tim a m e n te u m o b je to e n q u a n to o b je to , p lu ra l: os c o n h e c im e n to s h u m a n o s , e tc .
q u e r se a d m ita o u n ã o u m a p a r te d e p a s Rad. int.: A . N o s k ; B . K o n o s k ; C .
s iv id a d e n e ste c o n h e c im e n to ( = mentem N o s k a t; D . K o n o s k a t.
ab objecto pati, E è ú « Ç Ã è τ , Ética , I I , d e f.
3). V e r m a is a d ia n te Realismo*, te x to e 1 . C O N J U N T IV O D . K onjunktiv, E .
o b s e rv a ç õ e s .
C onjunctive; F . C onjonctif ; I. Co
A teoria do conhecimento é o e s tu d o njuntivo.
d o s p ro b le m a s q u e a re la ç ã o e n tr e o O s silogism os c o n ju n tiv o s São “ a q u e
su je ito * e o o b je to * le v a n ta ; v e r m ais les c u ja p re m issa m a io r é c o m p o s ta d e ta l
a d ia n te a a n á lise d e s ta e x p re ssã o d e p o is m o d o q u e c o n té m to d a a c o n c lu sã o ” (Ló
d o a rtig o Teoria. gica d e Po r t - Ro y a l , 111, X II) c o m o são
B . A to d o p e n s a m e n to q u e p e n e tr a e o s silo g ism o s h ip o té tic o s* , d isju n tiv o s* e
d e fin e o o b je to d o seu c o n h e c im e n to . O c o p u la tiv o s* .
c o n h e c im e n to perfeito de u m a c o isa é, C R ÍT IC A
n e ste s e n tid o , a q u e le q u e , s u b je tiv a m e n
E stes n ã o são v e rd a d e iro s silo g ism o s,
te c o n s id e ra d o , n ã o d eix a n a d a o b s c u ro
m a s rac io cin io s em q ue a q u ilo q u e se c h a
m a a prem issa m a io r é u m ju ízo com posto*
1. Sobre K n o w ledge e K n ow ledge a b o u t, ver q u e tr a ta d e d u a s o u v á ria s p ro p o siç õ es.
G ro te citado por W . J a m e s , The M eaning o f Truth
(O sentido de verdade), p. 11, e observação sobre 2 . C O N J U N T I V O e D IS J U N T IV O
Saber*, onde este texto é analisado. E p íte to s a p licáv eis à ad iç ã o * ló g ic a , con-
fo rm e se c o n sid e re m o s te rm o s a c re s c e n E m J . S. M « Â Â , u m te rm o é d ito co -
ta d o s c o m o p o d e n d o te r e le m e n to s c o n o ta tiv o se ele d e sig n a (em e x te n s ã o ) u m
m u n s o u , p e lo c o n tr á r io , c o m o d e v e n d o o u v á rio s seres, m a s fa z e n d o -o s c o n h e c e r
ex clu ír-se. a tra v é s d e c e rta s c a ra c te rís tic a s e , p o r
C O N J U N T O V e r Suplemento. c o n se q u ê n c ia , e n s in a n d o -n o s a lg u m a c o i
s a so b re as su as p ro p rie d a d e s. “ T h e w o rd
C O N L U IO L . Collusio (d e cum, lu- white d e n o te s a ll w h ite th in g s , a s s n o w ,
dere): a c o r d o s e c re to p a r a e n g a n a r a l p a p e r, th e fo a m th e sea, e tc .; a n d im p lies,
g u é m ; c o n iv ê n c ia ; D . E . Collusion ; F . o r as it w as te rm e d b y th e s c h o o lm e n ,
Collttsion; I. Collusione. connotes th e a ttr ib u te w h ite n e s s .” 1 L o
A . P r im itiv a m e n te , te r m o ju ríd ic o : gic, I, § 5. P e lo c o n trá rio , u m sim ples n o
tre g u a (s o b re tu d o e n tre a d v e rs á rio s a p a m e p r ó p r io , o u u m a tr ib u to a b s tr a to
re n te s) c o m v ista a e n g a n a r u m te rc e iro (brancura ) s ã o d ito s “ n ã o c o n o ta tiv o s ” .
n u m caso ju d ic iá r io . P o r c o n se q u ê n c ia , a conotação d e u m
B . M u ito re c e n te m e n te (to m a n d o lu- te r m o é p a r a ele o seu s e n tid o o u a s u a
dere n u m o u tr o s e n tid o , a q u e le em q u e c o m p re e n s ã o s u b je tiv a m ais e s p a lh a d a , e
se f a la , p o r e x e m p lo , d o s jo g o s d e lu z e ele in siste s o b re a n e c e ssid a d e p a r a o s f i
d e s o m b ra ): u n iã o d e d u a s fo r ç a s o u d e ló s o fo s d e s u b s titu ir essa c o n o ta ç ã o f r a
d u a s a tiv id a d e s n u m e fe ito c o m u m q u e c a p o r “ a fix ed c o n o ta t io n ” q u e s e r á ex
te m q u a lq u e r c o is a d e ilu s ó rio . “ T r a ta -
p re ssa a tra v é s d e u m a definição (ibid.; c f.
se a q u i d o c o n lu io d e u m d e v ir e x te r io r, I, c a p . V I I I , § 1).
fe ito d e e s ta d o s q u e n ã o cessam d e p a s P a r a J . N . K e y n e s (Formal Logic , I,
s a r ... e d e ste d e v ir in te r io r , fe ito d e o p e
c a p . I I , 4.a e d ., p p . 26-2 7) a c o m p re e n s ã o
raçõ es q u e in te g ra m su cessiv am en te to d o s
o s seu s m o m e n to s ." L . L τ â Â Â , D u
E E
c o m p re e n s ã o s u b je tiv a ) d e u m n o m e ” . d o s fu n d a m e n ta is d o p e n s a m e n to , q u e
Logique, p . 105. M a s , m a is ta r d e , a fim n ã o se p o d e re s o lv e r em e le m e n to s m a is
d e d is tin g u ir n itid a m e n te o q u e c h a m a sim p le s. " C o n s c io u s n e s s c a n n o t be d e fi
m o s m a is a tr á s “ c o m p re e n s ã o * e m in e n n e d : w e m a y b e o u rse lv e s fu lly aw are
t e ” d o s se n tid o s p u r a m e n te ló g ic o s de w h a t c o n sc io u sn e ss is, b u t w e c a n n o t w i
“ c o m p re e n s ã o ” , p ro p õ e re serv a r este te r th o u t c o n fu s io n c o n v ey to o th e rs a d e fi
m o p a r a o p r im e ir o e re u n ir o d e f in i n itio n o f w h a t w e o u rselv es clearly a p p re -
S o b re C o n sc iê n c ia p sic o ló g ic a — A rtig o c o m p le ta d o s e g u n d o as in d ic a çõ e s de
Daude.
O u so a m p lo d a p a la v ra consciência n ã o é e q u ív o c o . P o d e -s e m u ito b e m d iz e r
uma consciência p a r a u m s u je ito q u e p erceb e (u m a m ó n a d a le ib n iz ian a ). ( / . Lachelier)
N a re a lid a d e , a p a la v r a consciência, n o s e n tid o A , d e sig n a o p r ó p r io p e n s a m e n
to , a n te r io r à d is tin ç ã o e n tre c o n h e c e d o r e c o n h e c id o ; c o m o ta l ela é o d a d o p rim e i
r o q u e a re fle x ã o a n a lisa em s u je ito e o b je to . ( M . Blondel — M . Bernès)
S e rá c e rto q u e a p a la v r a consciência tra g a c o n sig o a id é ia d e certeza ? Se e sta a s
s o c ia ç ã o e x iste, ela é a p e n a s u m p re c o n c e ito a c o m b a te r m ais d o q u e a re s p e ita r; e,
a liá s, este p re c o n c e ito n ã o é u n iv e rs a l. ( P . Lapie ) O q u e consciência im p lic a é a n te s
a id é ia de p o s itiv id a d e , de d a d o d e f a to , e n ã o a de c e rte z a . (A/. Bernès)
A p e s a r d as d iv erg ên cias d estas o b serv aç õ es (às q u ais co n v ém a c re sc e n ta r u m a n o ta
de V íc to r E ; ; 2 , a p r o v a n d o a c ritic a ta l c o m o e s tá e n u n c ia d a n o te x to d o Vocabu
E
h e n d . T h e r e a s o n is p la in : c o n sc io u s n e s s o p o s iç ã o n ítid a e n tr e o q u e c o n h e c e e o
lies a t th e r o o t o f a ll k n o w le d g e .” 1 Lec q u e é c o n h e c id o e u m a a n á lise d o o b je to
tures, M e ta p h y s ic s , I , 191. d e s te c o n h e c im e n to ) a c o n sc iê n c ia é d ita
“ W h a t w e a r e less a n d less a s w e sin k consciência refletida*.
g r a d u a lly d o w n in to d re a m le s s s le e p ... C . O q u e a c o n sciên cia n o s e n tid o A
a n d w h a t w e a r e m o re a n d m o r e , a s th e a p re e n d e : o c o n ju n to d o s f a to s p sico ló g i
n o ise ta rd ily a ro u s e s u s , t h a t is c o n sc io u s co s q u e p erten cem a u m in d iv íd u o o u a u m
n e s s .” 2 B τ Â á ç « Ç , se g u n d o L τ á á , c o n ju n to d e in d iv íd u o s n a m e d id a e m q u e
Psychology, V o 2 1 6 b. tê m u m a c a ra c te rís tic a c o m u m . “ A c o n s
E s ta s d e fin iç õ e s d e ix a m in ta c ta a ciên cia d a c r ia n ç a .” “ A c o n sciên cia de
q u e stã o d e s a b e r se o e sp írito humano te m classe” (d o p o n to d e v ista so cial).
c o n sc iê n c ia d e tu d o o q u e o c o n s titu i o u A e x p re ss ã o “ u m a c o n s c iê n c ia ” p o r
se existem p a ra o e u in d iv id u al d o h o m e m “ u m e s ta d o o u u m a to c o n s c ie n te ” fo i
fe n ô m e n o s p s íq u ic o s in c o n sc ie n te s. E las u tiliz a d a a lg u m a s vezes n e ste s ú ltim o s
d e ix a m d e la d o ig u a lm e n te a q u e s tã o d e a n o s , s o b re tu d o c o m v ista a e v ita r q u e “ a
s a b e r se a c o n s c iê n c ia c o n té m o u n ã o a c o n s c iê n c ia ” n ã o fo s s e r e p r e s e n ta d a c o
a f ir m a ç ã o d o s u je ito e n q u a n to s u b s m o u m q u a d r o o u u m c o n tin e n te n o q u a l
tâ n c ia . o s fe n ô m e n o s p síq u ico s seriam c o lo ca d o s.
A . S e e ste c o n h e c im e n to * d o e s p írito D . U m s e r c o n sc ie n te .
se e n te n d e n o s e n tid o A e se o f a to c o n s E . C o n h e c im e n to im e d ia to ( n ã o a p e
c ie n te n ã o é c o n s id e ra d o d ife re n te d o fa n a s d e si m e s m o , m a s d e o u tr a s c o isa s).
to d e q u e ele é c o n s c ie n te , a c o n sc iê n c ia “ C o n sc iê n c ia d e . . . ” é u tiliz a d a p o r
é d ita consciência espontânea. K τ Ç , H τ O« Â Ã Ç , S T Ã ú Ç τ Z 2
I I 7 E 7 E , etc.
B . Se e ste c o n h e c im e n to * se e n te n d e “ B e w u s s te in v o n a n d e r e n D in g e n ” 3,
n o s e n tid o B (q u e r d iz e r, p re s s u p õ e u m a “ C o n sc io u sn ess o f th e e x tern ai re a lity ” 4.
T2 íI «Tτ
1. “ A consciência não pode ser definida. N ós sa
bemos m uito bem o que é a consciência, m as n ã o po A le g itim id a d e d e s ta ú ltim a a c e p ç ã o
dem os sem co nfusão com unicar aos outros um a de é c o n te s tá v e l. Consciência n ã o é u m te r
finição daquilo que claramente sabemos. A razão dis
so é simples: a consciência está na raiz de todo co
m o n e u tr o : e v o c a , ta lv e z e r ra d a m e n te ,
nhecim ento.” u m a im p re s s ã o de c e r te z a e de a u to r id a
2, “ A quilo que som os cada vez m enos quando d e; a s u a h o m o n ím ia c o m consciência,2
gradualmente caímos num sono sem sonhos... A quilo
que somos cada vez mais quando um ruído nos des
p erta pouco a pouco, c a isso que cham am os cons 3. " T e r consciência de o utras co isas.”
ciência.” 4. “ A consciência de um a realidade exterior.”
S o b re C o n sc iê n c ia m o ra l — A q u e s tã o de sab e r se o ju íz o é a n te r io r o u p o s te rio r
a o s e n tim e n to , n a c o n sc iê n c ia m o ra l, é c o n tro v e rs a : s e g u n d o J. Lachelier “ o p r ó
p rio d a c o n sc iê n cia é a p r o v a r o u d e s a p ro v a r, a a le g ria e a d o r v êm a p e n a s d e p o is
d o ju íz o m o r a l” ; s e g u n d o M . Bernès s e ria p re c iso p elo c o n trá rio d e fin i-la c o m o a
“ p ro p r ie d a d e q u e o e sp írito h u m a n o te m d e sentir o v a lo r m o ra l, e d e to r n a r ex p líci
to esse s e n tim e n to p o r m e io d e ju íz o s n o r m a tiv o s ” .
M. Bernès a c re s c e n ta q u e a e x p re ss ã o c lássica “ a v oz d a c o n s c iê n c ia ’ ’ é u m a im a
g em q u e n a d a te m de esse n cia l. E la a p e n a s e x p rim e o c a r á te r im e d ia to e e s p o n tâ n e o
d a c o n sc iê n c ia , m a s fa z d e s a p a re c e r a s u a in te rio r id a d e . E la se lig a à c o n c e p ç ã o te o
ló g ic a d e u m D e u s e s tr a n h o q u e se fa z o u v ir n a a lm a e n ã o a o d a d o p sico ló g ico de
u m a v id a in te rio r q u e so m o s n ó s p r ó p r io s .
P o d e -s e n o ta r , p o r o u tr o la d o , em f a v o r d e s ta im a g e m , q u e e la c o rre s p o n d e a
u m f a to re a l d e o b je tiv a ç ã o fr e q ü e n te m e n te o b s e r v a d o n a p s ic o lo g ia ; p o r ex em p lo ,
n o s d e s d o b r a m e n to s d a c o n sc iê n c ia , a in s p ira ç ã o a r tís tic a , etc. (A. L .)
“ CONSECUÇÃO” 198
c ãe s, eles re c o rd a m -s e d a d o r q u e lhes
C O N S E N T I M E N T O D . A . B . Zus-
c a u s o u , e g rita m , e fo g e m ” (M onadolo-
tim m ung ; C - Einwilügung; E . Assent,
gia, 26).
consent; F . Consentem ent ; I. Consen
C O N S E C U T IV A (Im a g e m ) D . Na- tim ento.
chem pfindung, NachbÜd ; E . A fte r - A . (s e n tid o a n tig o ) A s s e n tim e n to d a
image, after-sensation; F . Image consé- d o a u m a a s s e rç ã o . “ A p e n a s se d e v e d a r
cutive ; I. Imagine consecutiva. o in te iro c o n s e n tim e n to à s p ro p o s iç õ e s
E ste te rm o é a p lic a d o : 1?, à p e rs istê n q u e p a re c e m tã o e v id en tem e n te v e rd a d e i
c ia a lu c in a tó r ia d e u m a se n sa çã o * d e p o is ra s q u e n ã o se p o d e m re c u s a r sem s e n tir
d e c e ssa d o o e x c ita n te * q u e a p ro v o c o u , u m a d o r in te r io r e c e n s u ra s se c re ta s d a
q u e r h a ja o u n ã o e n tre o s d o is e s ta d o s r a z ã o .” M τ Â ζ 2 τ ÇT
E , Recherche de la
7 E
“ C O N S T A T I V O ” O p o n d o -s e cons a h ip ó te s e .” 1 G Ã ζ Â Ã , Lógica, c a p . X I,
I
cizione. I I I , p p . 123-124.
A . E m g e ra l, tu d o o q u e e n tra v a a li
D . E m K τ Ç , construir s ig n ific a re
I
b e rd a d e de a ç ã o de u m s e r, q u e r s e ja d o p re s e n ta r n u m a in tu iç ã o a priori a lg u m a
e x te rio r, q u e r se ja m e sm o d o in te rio r . c o isa de a b s tr a to (u m c o n c e ito , u m a re
B . E sp ecialm en te, o c o n stra n g im e n to - la ç ã o ): “ D ie p h ilo s o p h is c h e E r k e n n tn is
A q u e to d o in d iv íd u o e x p e rim e n ta p e lo ist d ie V e rn u n fte rk e n n tn is au s B eg riffe n ,
fa to de viver em so cied ad e. Esse c o n s tra n d ie m a th e m a tis c h e a u s d e r Consiruction
g im e n to é, n e ste c a s o , q u e r organizado d e r B eg riffe. E in en B e g riff a b e r construi-
(leis, re g u la m e n to s, e tc .), q u e r difuso (h á ren h e isst die ih m c o rre s p o n d ire n d e A n s-
b ito s , c o s tu m e s , s itu a ç ã o m a te ria l e m o c h a u u n g a p rio ri d a r s te lle n .” 21 Krít. der
r a l, o p in iã o , e tc .) reinen Vern., M e to d o lo g ia , 1.a p a r te , 1?
Rad. int.\ K o a k t,
C O N S T R U Ç Ã O , C O N S T R U T IV O 1. M as na utilização desta palavra em E dm ond
V er Suplemento e Construir. Construti G oblot acrescenta-se qualquer coisa do sentido k an
vo, v er D e fin iç ã o , c rític a . Construtivida- tiano D. P orque nota que, para ele, a construção não
é apenas construção de silogismos, mas construção
de, Suplemento. do objeto ao qual aqueles se aplicam, “ O que se cons
trói é a pró pria consequência que se pretende de
C O N S T R U IR D . Konstruieren; E . To m onstrar; é, por exemplo, a som a dos ângulos de um
construct; F . Construiré; I. Construiré, triângulo. Esta soma não è um a reunião de silogis
costruire. m os, m as um a reunião de ângulos. Em aritm ética e
na álgebra, o que se com bina sào os números ou sím
A. N o s e n tid o m e ta fó ric o g e ra l, e n bolos que os representam e as relações entre estes n ú
g e n d ra r u m o b je to d e p e n s a m e n to a t r a m eros e estes sím bolos.” T raité d e logique, p. 22.
vés d a sín te se d o s seus e le m e n to s . “ D e 2. “ O conhecim ento filosófico é o conhecim en
to racional por conceitos; o conhecim ento m atem á
m o n s tr a r é c o n s tr u ir ... P a r a d e m o n s tr a r
tico procede por construção de conceitos. C onstruir
q u e u m a h ip ó te s e a c a r r e ta u m a c o n se - um conceito quer dizer apresentar a intuição a p rio ri
q ü ê n c ia c o n stró i-s e a c o n se q ü ê n c ia co m que lhe corresponde.”
201 C O N T A M IN A Ç A O
S o b re C o n te m p la ç ã o — N o s m ís tic o s d a I d a d e M é d ia , n o m e a d a m e n te H u g o d e
S. V i c t o r , a contem plado é o te rc e iro g r a u d o e x e rc íc io e s p ir itu a l; o s d o is p rim e i
r o s sã o a cogitatio e a m editado. ( R . E ucken )
C O N T E X T O D . Kontext; E . Con- C O N T I G Ü I D A D E (A s so c ia ç ã o p o r
(ext; F . Contexte; I. Contesto. o u d e) D . Berührungsassoziation’, E . A s
A . P rim itiv a m e n te , n a lin g u a g e m j u sociation by contiguity; F . Association
ríd ic a , c o n ju n to in in te r r u p to d a s d is p o par o u de contiguité; 1. Associazione di
sições d e u m ato : “ U n id a d e d e c o n te x to .” contiguità.
B. E n c a d e a m e n to d e id é ia s q u e u m U m a d a s trê s fo r m a s d a a ss o c ia ç ã o
te x to a p re s e n ta e , e sp e c ia lm e n te , c o n ju n d a s id é ia s d is tin g u id a s p o r A r i s t o t el es
to d o te x to q u e e n v o lv e u m a fra s e c ita d a (ofTTÒ τ ο υ aweyyus, D e memoria, II,
e d e q u e d e p e n d e a v e rd a d e ir a s ig n ific a 4 5 1 b20). E la c o n sis te n o f a to d e o s e s ta
ç ã o d e s ta . E s te s e n tid o é o m a is u s u a l; é d o s d e c o n sc iê n c ia se re m e te re m u m a o
té c n ic o em m e to d o lo g ia , “ U m a e x p re s o u tro q u a n d o fo ra m im e d ia ta m e n te a p re
s ã o m u d a d e s e n tid o c o n f o r m e a p a s s a s e n ta d o s o u im e d ia ta m e n te su ce ssiv o s; é
g e m o n d e e la se e n c o n tr a : d e v e-se , p o is , d iv id id a , p o r e s ta r a z ã o , p e lo s E sco ceses
in te r p r e ta r c a d a p a la v r a e c a d a fra s e n ã o e o s E c lé tic o s em “ c o n tig ü íd a d e n o te m
is o la d a m e n te , m a s le v a n d o e m c o n ta o p o ” e “ c o n tig u id a d e n o e s p a ç o ” . F oi fre-
s e n tid o g e ra l d o e x c e rto (o contexto). É q ü e n te m e n te c o n s id e ra d a c o m o o tip o
a regra do contexto, re g ra fu n d a m e n ta l ú n ic o d e o n d e d e riv a v a m a s o u tr a s f o r
d a in te r p r e ta ç ã o .” L a n g l o is e Seig n o - m a s d e a s s o c ia ç ã o ; v e r Reintegração.
bo s , Introd. aux études historiques, p .
Rad. int.\ K o n tig u .
124, C O N T IN G Ê N C IA D . Kontingenz ,
C . P o r m e tá f o r a , e m u ito g e ra lm e n Zufälligkeit', E . Contingency; F . Contin-
te : c o n ju n to d as circ u n stâ n c ia s u n id a s e n gence ; I . Contigenza .
tr e si n a s q u a is se in se re u m d a d o f a to . A p a la v r a o p õ e -s e e m to d o s o s s e n ti
E s ta e x p re s s ã o e n c o n tr a - s e já e m K a n t d o s a necessidade.
(Krit. der reinen Vern., A n tin o m ia , 61 se A. Sentido geral (Ι ν &ί χ ά μ ^ν ο ν , A r is
ç ã o , A 493; B 521). É fr e q u e n te n o s filó t ó t el es ): é c o n tin g e n te tu d o a q u ilo q u e
so fo s a m e ric a n o s, p a rtic u la rm e n te e m W . é co n ceb id o co m o p o d e n d o ser o u n ã o , so b
Jam es. q u a lq u e r a s p e c to e so b q u a lq u e r reserv a
Rad. int.: K u n te x t. q u e se ja . “ R es sin g u la res v o c o contingen-
tes q u a t e n u s d u m ad ea ru m s o la m essen - r e la ç ã o q u e e la e n u n c ia é c o n h e c id a u n i
tia m a tte n d im u s , n ih il in v e n im u s q u o d c a m e n te p e la e x p e riê n c ia e n ã o p e la r a
ea ru m e x is te n tia m necessário p o n a t, v el z ã o . (P o r q u e , em re la ç ã o a o s sim p les d a
q u o d ip s a m n e c e s s á r io s e c lu d a t .” E s p i d o s d a r a z ã o , e s ta re la ç ã o p o d e s e r v e r
n o Ética, IV , d e f i n . 3 .
s a , d a d e ir a o u f a ls a .) C f. Modalidade.
B . Sentido absoluto. U m a c o n te c i
m e n to fu tu r o , o u , p o r a b re v ia ç ã o , um f u C R ÍT IC A
r a t, p . 17.
205 C O N T R A D IT Ó R IO
kontradiktorisch ; E . Contradictory ; F. p r o p o s i ç ã o o u d e u m a in f e r ê n c i a
Contradictoire-, I. Contradditorio. n e g a n d o - o s , s e g u n d o a fó rm u la :
A . C arac te rístic a (relativ a) de dois ele
O ó O i'D a ’
m e n to s e n tre os q u a is ex iste u m a c o n tr a
d iç ã o , A . 1? caso : D e “ T o d o A é B ” d e d u z-se :
B . C arac te rístic a (a b so lu ta ) de u m ele “ T o d o n ã o -B é n ã o - A .”
m e n to q u e a p re se n ta u m a c o n tra d iç ã o , B. 2? c a so : D e “ Se A é v e rd a d e ir o , B é
C . (J u íz o o u ex am e) c o n tr a d itó r io : v e r d a d e ir o ” d ed u z-se: “ Se B é fa ls o , A
a q u e le n o q u a l c a d a u m a d a s d u a s teses é f a ls o .”
o p o s ta s fez v a le r as su as ra z õ e s . Rad. int.: K o n tra p o z .
C O N T R A -H Á B IT O F o i u tilizad o p o r C O N T R Á R I O G é m i m o s ; L, Con-
V . E ; ; E 2 n o seu e n sin o p a r a d e s ig n a r o trarius; D . Kontrar ; E . Contrary, F . Con
f a to d e c e rta s im p re s s õ e s , em lu g a r d e se trairei I. Contrario.
a te n u a re m a o serem re p e tid a s , se t o r n a T e rm o re la tiv o q u e in d ic a u m a e sp é
re m , p elo c o n tr á r io , c a d a vez m a is d o lo cie d e o p o s iç ã o * , diz-se:
ro s a s o u ir r ita n te s . V er as su as o b s e r v a A. D e d o is c o n c e ito s q u e fazem p a rte
çõ es s o b re Hábito. d e u m m e sm o g ê n e ro e d ife re m o m á x i
m o e n tr e si ( A 2 « è ó Â è , Categorias,
I I E E
C O N T R A P O S I Ç Ã O L . Contraposi V I, 6 a 18) o u q u e , a p re s e n ta n d o u m a c a
tion D . Contraposition·, E . Contraposi ra c te r ís tic a e sp e c ífic a su scetív el d e g r a
tion·, F . Contraposition-, I. Contrapo- d u a ç ã o , p o s su e m re s p e c tiv a m e n te o seu
sizione. m á x im o e o seu m ín im o ; o u q u e c o rre s
E sp é cie d e d e d u ç ã o * im e d ia ta q u e p o n d e m a d o is m o v im e n to s em s e n tid o s
c o n sis te em p e r m u ta r o s te rm o s de u m a o p o s to s ; p o r fim , d e d o is c o n c e ito s q u a -
S o b re C o n tr á r io e C o n tr a d itó r io — A rtig o c o m p le ta d o s e g u n d o às in d ic a ç õ e s de
Bréhier e R. D aude .
S eria p re fe rív e l d e fin ir a c o n tra d iç ã o co m o a re la ç ã o e n tre d u a s asserçõ es ta is q u e
s en d o u m a p o s ta c o m o fa ls a a o u tr a se ja n e c e s s a ria m e n te c o n c e b id a c o m o v e rd a d e i
ra . P o d e ría m e v ita r-se a ssim to d o s os p a ra lo g is m o s q u e n a sc e m d o f a to de se to m a
re m u m a s p e las o u tr a s a s id é ia s de contrário, subcontrário e contraditório. E s ta ú lti
m a p a la v r a p a re c e d e v er ser re s e rv a d a p a r a a ló g ic a fo r m a l. In v e rs a m e n te , em con
trário, d e v er-se -ia m d is tin g u ir d o is se n tid o s: o s e n tid o f o r m a l (d u a s u n iv e rsais o p o s
ta s ) e o s e n tid o m a te ria l (os e x tre m o s de u m m e sm o g ê n ero ). (M . Blondel)
A d is tin ç ã o e n tre contrário e contraditório fo i fe ita p o r A ris tó te le s de m a n e ira
m u ito n ítid a e d e cisiv a . (R . Eucken) P a r a ele o àvrí'<paats (contradictio), to m a d o
em g e ra l, é a o p o s iç ã o e n tre a a f ir m a ç ã o e a n e g a ç ã o de u m a m e sm a lexis (T lept
' B e r m a s , 17a33), o u , o q u e é o m e s m o , a o p o s iç ã o de d u a s p ro p o s iç õ e s e n tre as
q u a is n ã o existe m e io -te rm o ( M etafísica, 1057a34). Q u a n d o ele c o n s id e ra a p r o p o
siçã o e n q u a n to a n a lis a d a , d e fin e -a c o m o a o p o s iç ã o e n tre o u n iv e rs a l e o p a rtic u la r
d o s m e sm o s te r m o s , e de q u a lid a d e d ife re n te , o u e n tr e d u a s s in g u la re s em q u e u m a
a f ir m a e a o u tr a n e g a o m e sm o p re d ic a d o d o s u je ito ( I l e e i 'E ç /íã ãv e ia s , 17b16 ss.).
A e x p re ssã o m a is filo s ó fic a d a c o n tr a d iç ã o p a re c e ser a q u e la q u e se e x tra i im e
d ia ta m e n te d a s id é ia s ló g ic a s fu n d a m e n ta is o v e rd a d e ir o e o fa lso : s ã o c o n tr a d itó
ria s d u a s p ro p o s iç õ e s q u e n ã o p o d e m ser n e m v e rd a d e ir a s n em fa ls a s a o m e sm o te m
p o ; c o n trá ria s d u a s p ro p o s iç õ e s q u e n ã o p o d e m s e r a m b a s v e rd a d e ir a s , m a s q u e p o
d e m ser u m a e o u tr a fa ls a s . (A. L .)
207 CONTROLAR
m e sm o s te r m o s , e d e q u e u m a é a f ir m a q u e ta lv e z n u n c a te n h a m s id o f o r m a lm e n
te e n u n c ia d a s ” , s ã o , c o n tu d o , im p lic a d a s
tiv a e a o u tr a n e g a tiv a . E x .:
p e la v id a e m s o c ie d a d e ; s u a fó rm u la é a
T odo S é P ; nenhum S é P.
s e g u in te : “ c a d a um d e nós p õ e em co
V e r Contraditório.
m um a s u a p e s s o a e to d a a s u a p o tê n c ia
C . D e d u a s m u d a n ç a s em q u e c a d a
s o b a s u p re m a d ire ç ã o d a v o n ta d e g e ra l;
u m a te m p o r p o n to d e c h e g a d a , o u d e d i
e re c e b e m o s e m b lo c o c a d a m e m b ro c o
re ç ã o , a q u ilo q u e p a r a a o u tr a é p o n to d e
Contrato
m o p a r te in d iv is ív e l d o t o d o ” .
p a r tid a o u o rig e m (rea l o u v irtu a l).
social, I, 6.
Rad. int.: K o n tr a r i. O contrato , tip o id e a l d e to d a s as re
C O N T R A S T E D . Kontrast; E . Con- la ç õ e s so c ia is. S ú Ç T 2 , Sociologie, t .
E E
fre q u e n te m e n te n ã o te r h a v id o n e n h u m
Propriety ; F . Convenance ; I. A . Conve-
a c o rd o v o lu n tá rio e n tre eles, m a s q u e as
nenza; B . Convenienza.
decisões se v ira m to m a d a s p o r u n s e o u
A. A c o rd o , h a rm o n ia , a d a p ta ç ã o e n
tro s , p o rq u e , sem serem n ecessárias, elas
tre d o is o u m ais te rm o s .
eram ra c io n a is e n a tu ra is; 3 ?, p o r fim , es
ta s p a la v ra s im p lic a m a id éia, fre q ü e n te - uRaciocinio por conveniencia comple
m e n te p e jo ra tiv a , de u m a re g ra a c id e n ta l, xa ”: E d . G Ãζ Â Ã c h a m a assim (Logique ,
I
S o b re C o n v e rg ê n c ia — P o d e -s e d iz e r m e lh o r a in d a : “ U m a série é c o n v e rg e n te
q u a n d o existe u m n ú m e ro N ta l q u e a s o m a d o s n p rim e iro s te rm o s d a série, q u a l
q u e r q u e seja n, se ja m e n o r q u e N . ” (B. Rusself)
S o b re C o n v e rs ã o , 1 — Bréhier n o ta q u e em P Â ÃI « ÇÃ a c o n v e rsã o é a p e n a s o a to ,
p a r a u m a h ip ó s ta s e , de se v o lta r p a r a a h ip ó s ta s e d e o n d e ela vem p a r a d e la re c eb e r
a ilu m in a ç ã o ; n ã o é u m r e to r n o e fe tiv o (a*<oôos); ta m b é m q u e e s ta m e tá f o r a é p r o v a
v e lm e n te d e riv a d a d a a le g o ria p la tô n ic a d a c a v e rn a .
211 C O N V IC Ç Ã O
S o b r e C o n v ic ç ã o — O s e n tid o B é u s u a l, m a s im p r ó p r io ; o s e n tid o D é a in d a
m e n o s c o r r e to ; o v e r d a d e ir o s e n tid o é o s e n tid o C , q u e e n g lo b a o s e n tid o A : convic
ção o p õ e -s e a persuasão c o m o razão a o sentim ento. O f a to d e im p lic a r u m a p o s s ib i
lid a d e d e e r r o o u u m g r a u d e p r o b a b ilid a d e in f e r io r a o d e c e rte z a é c o n s a g r a d o p elo
u s o , m a s é u m a la r g a m e n to u m p o u c o a b u s iv o d o s e n tid o p r ó p r io . (J. Lachelier)
A c re n ç a n ã o ex iste sem r a z õ e s e s e ria fa ls o d iz e r q u e ela se f u n d a em s e n tim e n to s
c o m o a p e rs u a s ã o . A p a la v r a convicção p a re c e in d ic a r o aspecto intelectual de uma
crença fo rte, q u e r d iz e r, o la d o lu m in o s o d e u m a a d e s ã o firm e , sem d ú v id a , m as
c u ja ju s tif ic a ç ã o n ã o é to ta lm e n te ra c io n a l. P o r isso m e s m o , c o n v ic ç ã o d e s ig n a u m a
sín te se d e ra z õ e s te ó ric a s e im p e s so a is insuficientes c o m ra z õ e s p rá tic a s e p esso ais
d ecisiv as. (M. Slondel)
COORDENAÇÃO 212
C RITIC A f o r m a d e c e n te , p ro d u z in d o -s e s o b a in
É preciso d istin g u ir n e sta p a la v ra d u a s flu ê n c ia d e c e rta s d o e n ç a s n e rv o s a s .
s ig n ific a ç õ e s: u m a q u e m a rc a u m a m u C R ÍT IC A
d a n ç a , a o u tr a u m r e s u lta d o . A p rim e ir a
O te r m o é d e m a s ia d o e s tre ito . C e r to s
é m a is c lá ssic a : é o f a to d e c o n v e n c e r o u
n e u r ó p a ta s u s a m n a s su a s crises o u n o s
d e se c o n v e n c e r. A s e g u n d a é m a is m o seus p e río d o s d e e s ta d o m ó rb id o u m a lin
d e r n a : é o p r ó p r io ju íz o d e q u e s e e s tá g u a g em esp ecial: à s vezes o b s c e n a , à s v e
c o n v e n c id o . zes in ju r io s a , p a rtic u la rm e n te e m re la ç ã o
A p rim e ira a c e n tu a s o b re tu d o o c a r á às c o isa s o u à s p e ss o a s h a b itu a lm e n te
te r in te le c tu a l e ló g ico ; a se g u n d a d á lu c o n s id e ra d a s c o m o re s p e itá v e is, às vezes
g a r à in te rv e n ç ã o d a c re n ç a * (fid). a p e n a s p e jo r a tiv a (u tiliz a ç ã o d e p a la v ra s
L e v a n d o em c o n ta a o p o s iç ã o u su a l e d e te rm in a ç õ e s d ep re cia tiv a s). S e ria útil
e n tre convencer (a tra v é s d e ra z õ e s e em re u n ir to d a s estas m a n ife sta ç õ e s n u m te r
g e ra l e m p ro v e ito d a v e rd a d e ) e persua m o c o m u m q u e p o d e r ia ser Cacolalia.
dir (a tra v é s d a im a g in a ç ã o o u d a e m o ç ã o Rad. int.: K o p ro la li, K a k o la li.
e a lg u m a s vezes e m p ro v e ito d o e r r o ) ,
C Ó P U L A L . Copula ; D . Kopula; E .
p r o p o m o s d e s ig n a r p o r convicção a a d e
Copula ; F . C opule ; I. Copula.
sã o d o e sp írito su fic ien te p a r a d e te rm in a r A . S e n tid o esp ecial: o v e rb o ser * n u m
e d e c id ir a a ç ã o , m a s d ife rin d o : 1 ?, d a ju íz o d e predicação* e n q u a n to ex p re ssa
c e rte z a * , p o r a d m itir u m a p a r te d e p r o a re la ç ã o p a rtic u la r q u e este ju íz o a firm a
b a b ilid a d e e , p o r c o n se q ü ê n c ia , u m a p o s e n tr e o p re d ic a d o e o s u je ito .
s ib ilid a d e d e e r r o p r a tic a m e n te n eg lig e n - B . S e n tid o g e ra l (D M Ã 2 ; τ Ç ): Ã
E
Rad. int.: K u ra j.
fr a n c ê s “ à c o n tr e - c o e u r ” ).
D . M a is e sp e c ia lm e n te : o s s e n tim e n C O R O L Á R I O L . Corollarium; D .
to s d e s im p a tia , d e c o m p a ix ã o , d e c a r i Koroiíar; E . Corolíary; F . Corolaire; I.
d a d e . “ U m a c a r ta c h e ia d e c o r a ç ã o .” E s Coroliario.
te s e n tid o p e rte n c e m a is à lin g u a g e m c o r P r o p o s iç ã o q u e d e riv a im e d ia ta m e n
r e n te d o q u e à d a filo s o fia . te d e u m a o u tr a em v irtu d e a p e n a s d as leis
d a L ó g ic a ( p o r o u tr a s p a la v r a s , conse
NOTA
quência form al). O p õ e -se a Teorema.
D e m o s a tr á s , p a r a o s e n tid o A , a s ci A p lic a se ig u a lm e n te à s p ro p o s iç õ e s
ta ç õ e s d e P a s c a l q u e sã o o s seus ex em p lo s d e m e n o r im p o r tâ n c ia o u d e m e n o r ex
m ais c a ra c te rístic o s. E ste se n tid o v em -lh e te n s ã o q u e s ã o d e d u z id a s d e u m a p r o p o
d e M éré (v er B ru n sc h v ic g , p e q u e n a e d i s iç ã o p rin c ip a l.
ç ã o d o s Pensées, p . 116). M e s m o n a s u a Rad. int.: K o ro la ri.
CORPO 214
C O R P O D . Korper ; E . B ody ; F . B . E m B io lo g ia , P s ic o lo g ia , S o c io lo
Corps ; I. Corpo. g ia , e tc ., c a ra c te rís tic a d e d u a s c o isa s q u e
A . T o d o objeto m a te r ia l c o n s titu íd o v a ria m s im u lta n e a m e n te c o m m a io r o u
p e la n o s s a p e rc e p ç ã o , q u e r d iz e r, to d o m e n o r re g u la rid a d e: “ A c o rre la ç ã o d o t a
g r u p o d e q u a lid a d e s q u e r e p re s e n ta m o s m a n h o e d o p e s o , d a d iv is ã o d o tr a b a lh o
c o m o e s tá v e l, in d e p e n d e n te de n ó s e si e d a d e n s id a d e d a p o p u la ç ã o , e t c . ” D iz-
tu a d o n o e s p a ç o . A e x te n s ã o em tr ê s d i se, e n tã o , q u e o s d o is te rm o s c o n s id e ra
m e n sõ e s e a m a ss a s ã o a s su as p r o p r ie d o s e s tã o “ em c o r r e la ç ã o ’1.
d a d e s f u n d a m e n ta is .
O coeficiente (o u índice) de correla
B . E s p e c ia lm e n te , o c o r p o h u m a n o
ção é u m n ú m e ro v a riá v e l d e — 1 a + 1
e m o p o s iç ã o a o e s p ir ito .
q u e re p re s e n ta c o n v e n c io n a lm e n te a lig a
Corpo de números V e r n o ta a o a r t i ç ã o ( d ir e ta o u in v e rs a ), e m a is o u m e n o s
g o Número real. e s tr e ita , e n tr e a s v a ria ç õ e s d e d o is d a d o s
R ad . int .: K o rp . e m p íric o s . S o b r e a s d ife re n te s fó r m u la s
C O R P O R A L IS M O V er Materialis u s a d a s p a r a r e p re s e n ta r n u m e ric a m e n te
m o, o b s e rv a ç õ e s . as co rre la çõ e s ver Suplemento n o fim d es
C O R P Ú S C U L O D . K orpuskel; Cor - ta o b r a .
pusculum , Kõrperlein ( W Ã Â E E ); E . Cor C . L ig ação d e d o is fe n ô m e n o s tais q u e
puscle; F . Corpuscule; I. Corpúsculo. u m v a ria em fu n ç ã o d o o u tr o , p o r q u e
T e rm o v a g o : p e q u e n o s c o rp o s * n o existe u m elo de c a u s a lid a d e re a l e n tre a l
s e n tid o A . S o b r e tu d o n o s sécu lo s X V II g u n s d o s seu s e le m e n to s , o u p o r q u e eles
e X V III , d isse -se d a s m o lé c u la s* e d o s dependem de causas co m u n s.
á to m o s (ver Atom ism o, Atómico); a p lic a
T2 íI «Tτ
se h o je ao s p e q u e n o s elem en to s c o rp o ra is ,
m a s d e o rd e m s u p e r io r e m e sm o v isív eis P o d e r-s e -ia d is tin g u ir p e la p a la v ra co-
(p o r e x e m p lo n a a n a to m ia o s corpúscu variação o s e n tid o B (lig a ç ã o n u m é ric a
los do tato). e m p iric a m e n te c o n s ta ta d a ) re s e rv a n d o
C h a m a -s e filo so fia corpuscular ( a n ti correlação p a r a o s e n tid o C , q u e s u p õ e
q u a d o ) (D . Corpuskularphilosophie , Cor- u m elo in trín s e c o e sta b e le c id o , a liá s , e n
puskulartheorie; E . Corpuscular p h ilo tre o s d o is f a to s o b s e r v a d o s .
sophy; F . Philosophie corpusculaire) a Rad. int.: K o re la t.
te o r ia q u e c o n s is te , n a físic a , em ex p li-
c a r o s fe n ô m e n o s d e c o n ju n to a tra v é s d e C O R R E L A T I V O D . Entsprechend,
c e rto s a g r u p a m e n to s o u c e rta s p o siç õ e s korrelativ; E . Correlative; F . Correlatif;
d e p a rtíc u la s in visíveis d ev id o à s u a p e q u e I. Correlativo.
n e z ( B τ T Ã Ç , D è T τ 2 è , B Ã à Â , e tc .).
E I E E Q u e e s tá em correlação* c o m o u tr a
Rad. int.·. K o rp u s k u l. c o isa . C h a m a -s e e s p e c ia lm e n te a ss im a o
C O R R E L A Ç Ã O D . {Correlation; E . f a la r d a te o r ia d a s re la ç õ e s ( r ò irg o s n )
Correlation; F . Corrélation; I. Corre- e m A 2 « è ó Â è o te rm o o p o s to a u m
I I E E
fo s c o n te m p o râ n e o s ( D . M E R C I E R , E s c o X E ÇÃ E Ã ÇI E , q u e o c ita c o m o u m a e x p re s
la d e L o v a in a ). s ã o té c n ic a :... “ ... ο π ω ϊ ό χ ο ί \σ ύ μ α >ο % vitó
B . P a r tin d o d a í, K τ Ç c h a m a cosmo
I
τω ν σ ο φ ισ τώ ν κ ό σ μ ο s ε χ ε ι ” (M em orá
logia racional ao c o n ju n to d o s p ro b le m a s veis, I, 1).
re la tiv o s à o rig e m e à n a tu r e z a d o m u n “ C O S M O T É T IC O (I d e a lis m o )” E .
d o , c o n sid e ra d o c o m o u m a re a lid ad e . São cosmothetic idealism; F , Idéalisme cos-
estes p r o b le m a s q u e e n g e n d ra m a s anti m othétique.
nom ias . T e r m o c ria d o p o r H τ O« Â Ã Ç p a ra
I
r a z ã o , in d e p e n d e n te m e n te d a c re n ç a n a p e rs o n a lid a d e d iv in a , u m a g e n e r a lid a d e ir
recu sáv el, p o is o m u n d o te m n ece ssid a d e d e ser ju s tific a d o lo g ic a m e n te p o r u m a c o rd o
e n tr e o s s e u s f e n ô m e n o s , a s s u a s leis d e o rd e m n a tu r a l e as leis d o e s p ír ito d o d e se jo
e d a v o n ta d e , q u e ta m b é m c o n ta m e n tr e estes fe n ô m e n o s , d e ta l m a n e ira q u e o a n i
q u ila m e n to d o s ú ltim o s f a r ia d e s a p a re c e r o s o u tr o s . E x iste , p o r a ssim d iz e r, u m a
cosmodicéia, p r o b le m a ló g ico e m o r a l, a n te s d a te o d ic é ia , p r o b le m a te o ló g ic o .” La
nouvelle monadologie, a r t. C X X V I I I , p . 454. C f . C X X IX .
217 C R E D IB IL ID A D E
“ C re r, n u m s e n tid o m a is re c e n te e m a is f o r te , é s o m a r a o s m o tiv o s q u e p a re c e m
su fic ie n te s p a r a ju s tif ic a r u m a s s e n tim e n to in te le c tu a l e s ta p a r te d e c o n v ic ç ã o q u e
v a i, n ã o d o s u je ito c o g n o sc e n te a u m o b je to c o n h e c id o , m a s d e u m ser a o u tr o ser;
q u e , p o r c o n s e q ü ê n c ia , p ro c e d e d e o u tr a s p o tê n c ia s além d o e n te n d im e n to e se liga
m e n o s à in te lig ib ilid a d e d o q u e à a tiv id a d e o u à b o n d a d e d a q u ilo e m q u e se crê. A s
sim e n te n d id a , a c re n ç a é o c o n s e n tim e n to e fe tiv o e p r á tic o q u e c o m p le ta o a ss e n ti
m e n to ra c io n a l d a d o às v e rd a d e s , a o s seres c u jo c o n h e c im e n to n ã o e s g o ta a p le n itu
d e in te rio r ; ela é , p o is , in trín s e c a e n ã o e x trín s e c a , e u lte rio r à p r ó p r ia v isão d o esp í
r ito , p o is , n o a to d o c o n h e c im e n to , o c o n h e c im e n to n ã o é o to d o d o a to e, n o o b je to
c o n h e c id o , se ele n ã o fo r u m p u r o a b s tr a to , o c o n h e c id o n ã o é a m e d id a a tu a l d o
re a l. N e sta a c e p ç ã o , a p a la v r a crença d e sig n a tu d o a q u ilo q u e n as n o s sa s a firm a ç õ e s
p ra tic a m e n te o u m e sm o e sp e c u la tiv a m e n te c e r ta s im p lic a , ta n to n o s u je ito c o m o n o
o b je to , u m e le m e n to c o m p le m e n ta r e s o lid á rio d a re p re s e n ta ç ã o in te le c tu a l, m a s q u e
n ã o é a ela im e d ia ta m e n te re d u tív e l.” (M . Blondel)
C R IA Ç Ã O 220
S o b re C r ia ç ã o — P a re c e -m e q u e criação n ã o se p o d e r ia d iz e r d e u m c o m e ç o sem
c r ia d o r e, em c o m p e n s a ç ã o , n ã o im p lic a n e c e s s a ria m e n te a id é ia d e c o m e ç o . (J . La-
chelier) A id é ia d e c o m e ç o n o te m p o e stá a p e n a s lig a d a a u m a f o r m a d a id é ia de
c ria ç ã o ex nihilo. M a is g e ra lm e n te , n e ste s e n tid o , a p a la v r a criação d e sig n a u m a d e
p e n d ê n c ia ra d ic a l, n ã o só de e ssên cia, m as de e x istê n c ia , n ã o só d e f o r m a , m a s d e
m a té r ia , se ja q u a l f o r a m a n e ira p e la q u a l se re p re s e n te e sta d e p e n d ê n c ia e m esm o
f o r a d o te m p o . (M . Bernès )
221 C R ÍT IC A
D A L T O N IS M O D . Daltonismos; E . 1? E m o p o s iç ã o a o evolucionismo*
Daltonism; F . Daltonisme ; I. Daltonismo. em g eral d e sig n a a d o u tr in a transfor
A n o m a lia d a v isã o q u e c o n siste n a mista*, s e g u n d o a q u a l as esp écies saem
c o n fu s ã o d e d u a s c o re s, m a is fr e q u e n te u m a s d a s o u tr a s e s e g u n d o a q u a l, em
m e n te d o v e rm e lh o e d o v e rd e . (D o n o p a rtic u la r, a esp écie h u m a n a d e sc e n d e d e
m e d e J . D τ Â Ã Ç , q u e f e z c o n h e c e r este
I esp écies a n im a is, m a s sem h ip ó te se so b re
fe n ô m e n o a tra v é s d e u m a c o m u n ic a ç ã o a o rig e m d a v id a , o u o s e n tid o g e ra l d o
à Sociedade literária e filosófica de Man- seu d e se n v o lv im e n to .
chester, A ta s , to m o I, o u tu b r o de 1794.) 2? E m o p o sição à te o ria de Lτ Oτ 2 T3
Rad. int .: D a lto n is m . e de Sú E ÇTE 2 so b re a adaptação através
do exercício e da hereditariedade ( Prin
D A R A P T I M o d o d a 3? fig u r a q u e se cípios de biologia , 2? p a rte , cap . V III),
lig a a Darii* p e la c o n v e rs ã o p a rc ia l d a d esig n a a te o ria seg u n d o a q u a l a tra n s
m e n o r: fo rm a ç ã o das espécies é devida essencial
Todo M é P. m ente à seleção natural .
T o d o M é S.
C R ÍT IC A
L o g o , a lg u m S é P .
E ste segu n d o sentido é o único útil, pois
D A R I I 3? m o d o d a I ! Figura: o p rim eiro é j á m u ito b em re p resen tad o p e
T odo M é P. la p a lav ra transformismo . E le é, aliás, re
A lg u m S é M . c o m e n d a d o p o r B τ Â á ç « Ç , â °, 2 5 3 a.
L o g o , a lg u m S é P . Rad. int.; D a rw in is m .
D A R W IN IS M O D. Darwinismus; E . D A T IS I M o d o d a 3 ? fig u ra q u e se r e
Darwinism; F. Darwinisme; 1. Darwinismo. d u z a Darii p e la c o n v e rs ã o sim p le s d a
S istem a b io ló g ico e filo só fic o de m e n o r:
Dτ « Ç . E sta p a lav ra utiliza-se, além do
2 ç Todo M é P.
seu se n tid o g e ra l, em d o is sen tid o s p a rti A lg u m M é S.
cu lares: L o g o , a lg u m S é P .
E tim o ló g ic a m e n te isso n ã o p a re c e d u v id o s o , m a s o u s o a tu a l é m a is a m p lo e p a r e
ce ju s tif ic a d o p e lo f a to d e q u e é m u ito ú til h a v e r u m te r m o q u e d e sig n e o c o n ju n to
d e tu d o o q u e é n e c e s sá rio p a r a re so lv er u m p ro b le m a o u p a r a r e s p o n d e r a u m a q u e s
tã o , ta n to as c o n d iç õ e s p a rtic u la re s q u e c o n s titu e m o se u e n u n c ia d o c o m o o s p rin c í
p io s g erais seg u n d o o s q u a is este e n u n c ia d o d e te rm in a u m a c e rta so lu ção . (L. C — A . L.)
S o b r e D a lto n is m o — O s e n tid o d e s ta p a la v r a n ã o e stá b e m fix a d o . A lg u m a s v e
zes e la se e s te n d e a to d a s a s f o r m a s d e discromatopsia* , e fo i o q u e n ó s p ró p r io s
fiz e m o s n a p r im e ir a r e d a ç ã o d e s te a r tig o . E le fo i m o d if ic a d o d e v id o às o b s e rv a ç õ e s
d o D r . P ie rre J τ ÇE I e d e C . Rτ ÇUÃÂ « . E s te ú ltim o re s trin g e a in d a m a is o s e n tid o
d e s te te r m o e a p lic a -o s o m e n te “ à c e g u e ira p a r a o v e rm e lh o , à d ific u ld a d e d e o p e r
c e b e r o u à d ific u ld a d e d e o d is tin g u ir d o v e rd e ” . M a s e x iste a í u m d u p lo fe n ô m e n o :
e n o p rim e ir o c a s o e s ta p a la v r a te r ia d u p lo e m p re g o c o m aneritropsia. É p o r isso
q u e p e rm a n e c e m o s fiéis à f ó r m u la p r o p o s ta p o r P « E 2 2 E J τ ÇE I . (A. L .)
S o b re D a rw in is m o — D τ 2 ç « Ç c o n s id e ra v a a seleção n a tu r a l c o m o o f a to r es
sen c ia l d o tr a n s f o r m is m o , m a s n ã o c o m o o f a to r ex clu siv o . E m p a r tic u la r , ele e sta v a
lo n g e de n e g ar a h e re d ita rie d a d e d as q u a lid a d e s a d q u irid a s . O s a d e p to s d e WE « è Oτ Ç ,
p a r a s u b lin h a r e ste f a to , d e sig n a m -se c o m o A feo -D arw in istas. E este p r ó p r io n o m e
D E C A D Ê N C IA 226
fo i-lh e s c o n te s ta d o p o r u m p r o p a g a d o r d o d a rw in is m o tã o c o n h e c id o e p o p u la r c o
m o H a e c k e l . ( F Tonnies)
T e m o s a q u i m a is u m ex em p lo d o s in c o n v e n ie n te s q u e o s n o m e s d e d o u trin a s a p re
s e n ta m .
S o b re D e c is ã o — Termo norm al n ã o é p ro p r ia m e n te u m a d e fin iç ã o . N ã o se p o
d e ria d izer: “ E s c o lh a r e f le tid a d e u m d o s a to s p o s sív e is ” — q u e r d iz e r, e lim in a ç ã o
d e u m a d a s te n d ên c ia s e co n se n tim e n to d a o u tra ? (C. Mélinand) R eco n h eço q u e Termo
normal é u m a d e fin iç ã o in d ir e ta e “ a c id e n ta l” d o a to e m c a u s a , m a s , p o r o u tr o la
d o , a p a la v r a escolha é, n e ste c a s o , a p e n a s u m s in ô n im o in d e fin ív e l d o te rm o a d e f i
n ir , e é p o r isso q u e ju lg u e i ser p re fe rív e l e x p lic a r a p a la v r a e m re la ç ã o a o c o n ju n to
p s ic o ló g ic o to ta l d e q u e a d e c isã o fa z p a r te e d e q u e n ã o se p o d e s e p a r a r . C f . a c ríti
c a d a p a la v r a Deliberação. (A. L .)
S o b re D e c is ó rio — A d o te i e s ta p a la v r a n as m in h a s a u la s d e s d e 1906, n o s e n tid o
in d ic a d o m a is a tr á s , e fr e q ü e n te m e n te e x p e rim e n te i a s u a u tilid a d e ; e n c o n tr a m o - la
a tu a lm e n te c o m m u ita fre q ü ê n c ia . C o m e fe ito , é d ifícil a c e ita r n e ste s e n tid o arbitrá
rio, q u e , salv o n as m a te m á tic a s , te v e s e m p re u m a c e n to m u ito p e jo r a tiv o ; a ssim c o
m o arbitrai alg u m a s vezes u tiliz a d o , m a s q u e se a s s e m e lh a d e m a s ia d o a o p re c e d e n te .
Convenção*, de q u e H . P o ín c a ré se serv iu b a s ta n te n e ste s e n tid o , te m o d u p lo d e fe i
to d e p re s s u p o r o a c o r d o de v á ria s p e sso a s p a r a to m a r a d e c is ã o e m c a u s a e , além
227 DEDUÇÃO
d o m a is , d e te r ta m b é m e la fr e q u e n te m e n te u m c a m b ia n te d e d e s a p ro v a ç ã o o u de
d e p re c ia ç ã o (c f. Convencional)· (A . L .)
S o b re D e d u ç ã o — N o v a re d a ç ã o c o m u m a c ré s c im o d e Ch. Serrus e c o rre çõ e s
in d ic a d a s p o r René Daude.
N ã o sei q u a n d o fo i in tr o d u z id o e ste u so d a p a la v r a dedução e n q u a n to o p o s ta
a in d u ç ã o , p a r a d e s ig n a r a p a ssa g e m d o g e ra l p a r a o p a r tic u la r . E le é a g o ra u su al
n o s tr a ta d o s in g leses (p o r e x e m p lo B a i n , F o w l e r , J e v o n s ); m a s p a re c e -m e m u ito
s u je ito a p r o v o c a r e rro s e, c o m o fo i d ito a q u i ju s ta m e n te , n ã o se ju s tif ic a p e la tr a d i
ç ã o . (Ch. Webb)
DEDUÇÃO 228
l. “ A oposição n ão é entre os term os d ed u tivo e in d u tivo , mas entre d ed u tivo e experim en tal."
229 D E F E IT O
S o b re D e fic ie n te (C a u s a ) — A id é ia de u m a “ c a u s a q u e a g e p e la s u a a u s ê n c ia ”
s e rá f u n d a d a s o b re o c â n o n e “ S u b la ta c a u s a , to llitu r e f f e c tu s ” ? U m m o d e r n o d iria
q u e a d e fic iê n c ia d a c a u s a é c a u s a d a p riv a ç ã o d o e fe ito . P a r a o s e sc o lá stic o s a c a u s a
p a re c e ser u m s u je ito re a l e m itin d o o u n ã o e fe ito s c o n fo rm e o seu liv r e -a rb ítrio ; p a
r a o s m o d e rn o s a c a u s a é u m fe n ô m e n o in s e rid o n u m d e te r m in is m o . D iz e r q u e a o
a b s te r-m e d a c a r id a d e so u a c a u s a d e fic ie n te d a m is é ria d a q u e le q u e n ã o s o c o r ri, e
q u e a s u a m is é ria é a p e n a s a p r iv a ç ã o d a a ju d a , n ã o se v ê b e m e m q u e is so m e ju s tif i
c a . O a d v o g a d o q u e d e fe n d e a n ã o - c u lp a b ilid a d e a o d e m o n s tr a r q u e o se u c lie n te
a p e n a s a g iu p o r o m is s ã o f a z f r a c a fig u ra . (Maurice Marsal)
S o b r e o s e n tid o d a n o ç ã o d e c a u s a , a s su a s v a ria ç õ e s e o s seu s e q u ív o c o s , v er
m ais a tr á s Causa , c rític a e o b s e rv a ç õ e s . Q u a n to a o a d á g io “ S u b la ta c a u s a , to llitu r
e ffe c tu s ” , n ã o p o d e ria se r a d m itid o c o m o u m v e rs a lm e n te v á lid o ; é so lid á rio d a id éia
n ã o -c rític a d e q u e to d o e fe ito te m a sua c a u s a , u m a c a u s a ú n ic a e s e m p re a m e sm a ,
e n q u a n to d e f a to u m d a d o r e s u lta d o p o d e p r o v ir d e v á rio s siste m a s d ife re n te s d e
a n te c e d e n te s , d o m e s m o m o d o q u e 6 0 p o d e r e s u lta r d e 5 0 + 1 0 , d e 45 + 15, d e 3 3 + 2 7 ,
e tc . A lé m d is so , n o q u e c o m u m e n te se c h a m a c a u s a e e fe ito , a c o n te c e q u e o s e g u n d o
p e rs is te e n q u a n to a p rim e ir a d e s a p a re c e ; p o r e x e m p lo , o b u r a c o p ro d u z id o p o r u m a
b a la n o a lv o , a f o r m a d a d a a o m e ta l p o r u m m o ld e q u e e m s e g u id a fo i d e s tr u íd o ,
e tc . (A. L.)
S o b r e D e fin iç ã o — A re d a ç ã o d e s te a r tig o fo i p r o f u n d a m e n te m o d if ic a d a q u a n
to à s u a f o r m a e c o m p le ta d a q u a n to a o seu f u n d o n a s sessões d e 2 6 d e m a io e 16
d e ju n h o d e 1904.
N a sessã o d e 2 6 d e m a io , J. Lachelier o b s e r v o u q u e a Lógica d e P Ã2 I -R Ãà τ Â
e s tá lo n g e d e r e p r e s e n ta r a Lógica clássica. E la é m a is u m a c r itic a d a ló g ic a esc o lá sti
c a e tra d ic io n a l fe ita d o p o n to d e v is ta d e D e sc a rte s e d e P a s c a l; e s ta c rític a é f r e
q u e n te m e n te d e c e p c io n a n te p o r a q u ilo q u e n e la e stá im p líc ito : o s te rm o s e sc o lá sti
co s s ã o to m a d o s n u m a a c e p ç ã o n o v a q u e fa ls e ia , o u d e ix a n a s o m b ra , o s e n tid o v e r
d a d e iro d o s p ro b le m a s e sc o lá stic o s . N o f u n d o , P Ã2 I -R Ãà τ Â n ã o a c r e d ita v a n a v e
lh a L ó g ica e d e s fig u ro u -a m a is o u m e n o s v o lu n ta ria m e n te . Lachelier, p o r c o n se q ü ê n -
231 D E F IN IÇ Ã O
B . O c o n ju n to d o s te rm o s c o n h ec id o s C . A e x p re ssã o q u e e n u n c ia a e q u iv a
c u ja c o m b in a ç ã o d e te r m in a o c o n c e ito lê n c ia de u m d e fin id o e d o seu d e fin id o r
d e fin id o e é re p re s e n ta d o p o r u m te rm o (M embrum definitum , m em brum defi-
ú n ic o . E x .: “ P r o v a r tu d o , s u b s titu in d o niens. H τ O« Â ÃÇ , Logic, X X IV , 82);
I
a p r o p o s iç ã o re c íp ro c a , u n iv e rs a l o u sin te m p e ra tu ra , o p o te n c ia l elétric o , e tc ., in
g u la r. E x .: “ A L u a é o satélite d a T e r r a .” d ic a n d o as c o n d iç õ e s de ig u a ld a d e dessas
E. A d m ite m -s e , além d is s o , n a ló g ic ga ra n d e z a s.
a lg o rítm ic a e n a s M a te m á tic a s , so b o n o 2 o A definição p o r postulados co n siste
m e d e definições indiretas , d u a s esp écies e m “ d e f in ir ” u m c o n ju n to de n o ç õ e s
d e o p e ra ç õ e s q u e n ã o s ã o d e fin iç õ e s n o e n u n c ia n d o c o m o a x io m a s o u p o s tu la d o s
s e n tid o p r ó p r io d a p a la v r a , m a s q u e tê m as relaçõ es fu n d a m e n ta is q u e estes te rm o s
a s u a f u n ç ã o d e v id o a o p a p e l q u e d e se m v e rific a m e q u e c o n s titu e m o s fu n d a m e n
p e n h a m n a c iên c ia : to s n e c e ssá rio s e s u fic ie n te s d a su a te o
1 ? A definição p o r abstração d e u m a ria . P o r e x e m p io , p o d e -s e c o n s titu ir a to
f u n ç ã o ló g ic a c o m o F (x) c o n siste em in d a a g e o m e tria p o r m e io d e um c e r to n ú
d ic a r em q u e c o n d iç õ e s se te m a ig u a ld a m e ro d e a x io m a s o u p o s tu la d o s q u e c o n
d e (ló g ica o u m a te m á tic a ): tê m as n o ç õ e s p rim e ir a s d e po n to o u d e
F(x)= FO0 segm ento , o u d e po n to e de m ovim ento.
s e n d o x e y o s v a lo re s q u e p e rte n c e m a E s ta s n o ç õ e s in d e fin ív e is s ã o c o n s id e ra
u m a c e rta classe re la tiv a m e n te à q u a l a d a s c o m o d e fin id a s p e lo c o n ju n to d o s
fu n ç ã o F é d e fin id a . P o r e x e m p lo , p o s tu la d o s .
“ d e fin e -s e p o r a b s tr a ç ã o ” a m a s s a , a O s m a te m á tic o s e sfo rça m -se p o r su b s-
A c re s c e n ta m o s a d ia n te a lg u m a s o u tr a s o b s e rv a ç õ e s q u e n o s fo r a m tra n s m itid a s
p e lo s m e m b ro s o u p e lo s c o rre s p o n d e n te s d a S o c ie d a d e :
O te rm o “d e fin iç ã o e m p íric a ” é, c o m efeito , c o rre n te , m a s n ã o s e ria m e lh o r d izer
“ d e fin iç ã o e x p e rim e n ta l”, c o m o se d iz “ciên c ia s e x p e rim e n ta is ”, p a r a e v ita r a c a rg a
p e jo ra tiv a d a p a la v ra “e m p íric a ” e a f a s ta r a id é ia d e q u e ta is d e fin iç õ e s s à o p e rfe ita
m e n te e x p lic a d a s p e la te o r ia “ e m p iris ta ” d o c o n h e c im e n to ? (/?. Daude ) C e r ta m e n te
q u e sim , se se p u d e sse m u d a r u m u s o tã o g eral. N e ste c a s o talv ez fo sse a in d a m e lh o r
d iz e r “d e fin iç ã o e x p e rie n c ia l” p a r a e v ita r u m o u tr o falso s en tid o . (A. L.)
D e fato , to d a d e fin iç ã o e x p líc ita e su fic ien te im p lica: 1 u m a d e te rm in a ç ã o d o c o n
c eito p a ra o p e n s a m e n to ( q u e r o s e le m e n to s d e s s a d e te rm in a ç ã o s e ja m re tira d o s d e
n o ç õ es e m p íric a s o u d e in tu iç õ e s ra c io n a is p reex isten tes, q u e r eles re su lte m d e sim p le s
posições [p o s tu la d o s] p rév ias); e 2? a a p lic a ç ã o d e u m signo a esse c o n ju n to d e ele
m e n to s ; a f o r m a liz a ç ã o d a d e fin iç ã o a tra v és d e u m a e q u a ç ã o e n tre o sig n o e sc o lh id o
e o s c o n c e ito s e le m e n ta re s q u e c o n s titu e m a sig n ific a çã o .
D a í u m a d u p la te n d ê n c ia n a in te rp re ta ç ã o d a s d e fin iç õ e s: 1? a te n d ê n c ia psicoló
gica , q u e in te g ra a d e fin iç ã o n a v id a d o e s p írito e in s iste s o b re as o p e ra ç õ e s q u e c o n s ti
tu e m a g ê n ese d a d e fin iç ã o ; e la p o d e c o n d u z ir a c h a m a r d e fin iç ã o a to d a a trib u iç ã o
d e u m sen tid o , m e sm o q u e m a l d e lim ita d o e vago, a u m co n ceito ; a esta te n d ê n c ia lig am -
se as d iv e rsas c o n c e p ç õ e s c o rre n te s d a p a la v ra .
2? A te n d ê n c ia lógica pura o u fo rm a l (C ), q u e a p e n a s c o n se rv a d a o p e ra ç ã o a su a
fo r m a , a e q u a ç ã o d e d o is m e m b ro s, a b s tr a in d o a s u a o rig e m , e q u e a p e n a s e stá su b
m e tid a a estas c o n d iç õ e s: 1) a u s ê n c ia p re s su p o s ta d e to d a a flu tu a ç ã o n o s te rm o s e m
p re g a d o s; 2) d is tin ç ã o fo rm a l d o s d o is m e m b ro s d a e q u a ç ã o . É d e a lg u m m o d o u m a
n o ç ã o limite d a d e fin iç ã o q u e p re s s u p õ e a p o s s ib ilid a d e ra d ic a l d e s e p a ra r o re s u lta d o
d a o p e ra ç ã o d a p r ó p r ia o p e r a ç ã o ( p o r a b s tr a ç ã o ) e resid e a í o p o n to c o n te stá v e l d a
tese. A o p e rs e g u ir o a b s o lu to r ig o r ló g ico , in acessív el e n q u a n to p e rm a n e c e u m dado,
a p e n a s se d eix a s u b s is tir o q u a d ro v e rb a l, a r b itr á r io ; e» se u m a sim p le s d e sc riç ã o em p í
ric a n ã o é a in d a ( p o r fa lta d e rig o r) u m a d e fin iç ã o , a ig u a ld a d e ló g ic a a r b itr á r ia n ã o
é m a is u m a d e fin iç ã o , p o r m a is rig o ro s a q u e se ja , p o r fa lta d e c o n te ú d o .
233 D E F IN IÇ Ã O
S o b re D e g ra d a ç ã o d a e n e rg ia — E s ta e x p re ss ã o é a in d a e v ita d a p e lo s físic o s q u e
p re fe re m f o r m a s p re c isa s d e lin g u a g e m e n ã o c o rre s p o n d e , a té o p re s e n te , a u m a
c o n c e p ç ã o c la ra e d is tin ta . (P. Tannery)
E s ta c rític a p a re c e ser d e m a s ia d o sev era. C o n su lte i s o b re e ste p o n to Henri Pel-
lat, q u e c o n s id e ra v a , p e lo c o n tr á r io , e ste te rm o c o m o m u ito ú til e a n o ç ã o q u e ele
re p re s e n ta c o m o bem d e fin id a . (A . L.)
D E ÍS M O 236
m u n ic a d o p o r L. Brunschvicg.
A d is tin ç ã o fe ita p o r K τ Ç é r e tir a d a d e H u m e , e e ra j á u s u a l n a s u a é p o c a . V er
I
S o b re D e riv a ç ã o — N o s e n tid o A : “ Q u a n d o e s ta d e p re s s ã o se p r o d u z (o a b a ix a
m e n to d a te n s ã o p s ic o ló g ic a ), o s fe n ô m e n o s in fe rio r e s , a ç ã o e p e rc e p ç ã o d e sin te re s
s a d a s , ra c io c ín io , d e v a n e io , a g ita ç ã o m o tr iz e v isc e ra l, s u b siste m p e rfe ita m e n te e a té
se d e se n v o lv e m n o lu g a r d o s s u p e r io r e s ... É p o r isso q u e e s to u d is p o s to a c o n s id e ra r
e s ta a g ita ç ã o c o m o u m a s u b s titu iç ã o , u m a derivação, q u e s u b s titu i o s fe n ô m e n o s
s u p e rio re s s u p r im id o s .” P ie r r e J τ ÇE I , L e s névroses, 2? p a r te , c a p . IV , § 4 . N o sen
tid o B : e ste s e n tid o fa z p a r te , em V . P a r e to , d e u m jo g o s is te m á tic o d e ex p ressõ es:
resíduo, derivação, derivada . É a q u ilo q u e , n a s c iên c ia s q u e n ã o a tin g ira m a p re c i
s ã o “ ló g ic o -e x p e rim e n ta l” , c o rre s p o n d e re s p e c tiv a m e n te ao s p rin c íp io s , a o s ra c io
cín io s e às c o n se q u ê n c ia s d as c iên cias b e m c o n s titu íd a s . V er V . P τ 2 E I Ã , Tratado
de sociologia geral, c a p . V I a X I. A ssim , o s resíduos são p s e u d o p r in c íp io s , m al d e fi
n id o s e d ita d o s p e lo s s e n tim e n to s (o a u to r to m a m e sm o a lg u m a s vezes e s ta p a la v ra
pelo s p ró p r io s s e n tim e n to s de o n d e n a sc e m estas fó r m u la s , p o r e x e m p lo n o c a p . IX );
a s derivações s ã o o s p re te n so s a rg u m e n to s q u e d eles se e x tra e m (e p o r c o n se g u in te ,
ta m b é m , as c o n s tru ç õ e s lógicas s u p e rfic ia is q u e m a s c a ra m te n d ê n c ia s o u s e n tim e n
to s m a is p r o f u n d o s , a té m e sm o in c o n sc ie n te s); p o r fim , as derivadas s ã o a s a f ir m a
ções q u e se a c r e d ita j u s t a m e n t e r e t i r a r d eles. E s te s te rm o s fo r a m a d o ta d o s p o r a l
g u n s a u to r e s d e lín g u a fra n c e s a .
D E R R E L IÇ Ã O 240
A . S u b s titu iç ã o d e a to s o u d e re a çõ e s n u m e ro so s c o m o n o s in d iv íd u o s n o rm a is,
fá c eis, m a s in ú te is o u m a l a p r o p r ia d a s , m a s n ã o p u d essem , d ev id o a u m a fra q u e
p o r u m a to a d a p ta d o à s c irc u n s tâ n c ia s , z a p a r tic u la r d a s ín te se , re u n ir-se n u m a
m a s q u e e x ig iria u m a te n s ã o * p sico ió g i· ú n ic a p e rc e p ç ã o , n u m a ú n ic a c o n sc iê n
c a m a is e le v a d a , q u e o s u je ito n ã o c o n c ia p e s s o a l... e d e sse m o rig e m a d o is o u
seg u e re a liz a r. m a is g r u p o s d e fe n ô m e n o s c o n sc ie n te s ,
B. E m P τ 2 E I Ã , p s e u d o -ra c io c ín io g r u p o s s im u ltâ n e o s , m a s in c o m p le to s ,
q u e d á o rig e m a u m a id e o lo g ia su p erficial, f u r ta n d o - s e u n s a o s o u tr o s a s sen sa çõ e s,
q u e d is sim u la a s v e rd a d e ira s ra z õ e s d e ser a s im a g e n s e , p o r c o n s e q ü ê n c ia , o s m o
d e u m a d o u tr in a . V er a s o b serv aç õ es. v im e n to s q u e d ev em s e r re u n id o s n o rm a l
C . C h a m o u -se a lg u m a s vezes a o tra n s m e n te n u m a m e s m a c o n s c iê n c ia e n u m
fo rm is m o “ te o r ia d a d e riv a ç ã o d a s f o r m e s m o p o d e r .” A utom atism e psycholo
m a s o r g â n ic a s ” . M a s a in d a q u e derivar gique^ 364.
d e ... s e ja m u ito u s u a l n e s te s e n tid o a ex R ad. in t.: D e sa g re g e s, a d .
p re s s ã o é p o u c o u tiliz a d a .
Rad. in t.: A . D e tu r n . D E S C O B E R T A , d e s c o b rir V e r Inven
ção e c f. R o b in W τ â2 E , L ’imagination
D E R R E L IÇ Ã O D o L . D erelictio, du réel (1984).
a b a n d o n o ; D . Geworfenheit.
E s ta d o d o h o m e m la n ç a d o n o m u n D E S C O N T Í N U O D . U nstetig ; E .
d o q u e s e s e n te a b a n d o n a d o à s s u a s p r ó Discontinuous', F . D iscounting, l. D is
p ria s f o r ç a s , s e m lu z n e m s o c o r r o s a e s continuo.
p e r a r d e u m a p o tê n c ia s u p e r io r n a a ç ã o A . D o p o n to d e v is ta f ilo s ó fic o , u m a
o u m e sm o n a e x istên cia n a q u a l ele j á n ã o g ra n d e z a é d e s c o n tin u a se f o r c o m p o s ta
a c r e d ita . d e e lem en to s d a d o s (e n ã o a rb itra ria m e n
te d e fin id o s ) p o r in te rm é d io d o s q u a is ela
NOTA é c o n s tr u íd a n o p e n s a m e n to .
O u s o c o r r e n te d e ste te r m o é re c e n te ; B . D o p o n to d e v is ta d a a n á lis e m a
fo i so b re tu d o e m p re g a d o p elo s ex isten cia te m á tic a , descontínuo é a n e g a ç ã o d e
lis ta s, m a s o s e n tim e n to q u e e le d e sig n a contínuo* em to d o s o s s e n tid o s .
fo i já fre q ü e n te m e n te ex p resso n o ro m a n Rad. int.: N e k o n tin u .
tis m o ; v e r e sp e c ia lm e n te V« ; Çà , “ L e
D E S C R IÇ Ã O D . Beschreibung', E.
m o n t d e les O liv ie rs ” em L es destinées.
Description; F . Description; I . Des-
D E S A G R E G A Ç Ã O P S IC O L Ó G IC A crizione.
E s te te r m o , c ria d o p o r P ie rre J τ ÇE I , e n LÃ; . E n tre a s “ d e fin iç õ e s * d e c o i
tr o u n a lin g u ag em p sico ló g ica c o n te m p o s a s ” P Ã2 I -RÃà τ Â d is tin g u e d u a s e sp é
r â n e a . O a u t o r e n u n c ia a ss im q u e e x p lo cies: “ u m a , m a is e x a ta , q u e te m o n o m e
r a a s u a hipótese da desagregação psico- d e definição; a o u t r a , m e n o s e x a ta , q u e
lógica , q u e serv e p a r a e x p lic a r a s a n e s te s e c h a m a descrição ” . E s ta ú ltim a “ é
s ia s, a s a m n é s ia s , a s p a ra lis ia s e a s p e r a q u e la q u e d á a lg u m c o n h e c im e n to d e
so n a lid a d e s m ú ltip la s d o s h istérico s: “ A s u m a c o is a a tra v é s d o s a c id e n te s , q u e lh e
c o isa s p a ss a m -s e c o m o se o s fe n ô m e n o s s ã o p r ó p r io s e q u e a d e te r m in a m o b a s
psíquicos e le m e n ta re s fo sse m re a is e tã o ta n te p a r a d a r d e la a lg u m a id éia q u e a dis-
S o b r e D e se jo — E s te a rtig o fo i in te ira m e n te m o d if ic a d o c o n f o r m e a s o b s e r v a
ç õ e s d e M . Bernes, Chartier, V. Egger, J. Lachelier, F. Pécaut e Rauh.
A d e fin iç ã o d o desejo ‘‘n o s e n tid o f r a c o ” fo i e lim in a d a . E s te s e n tid o p e rte n c e
à lin g u a g e m u s u a l, m a s é d e m a u u s o filo s ó fic o n a o p in iã o d e to d o s a q u e le s q u e t o
m a r a m p a r te n a d is c u s s ã o . D ev e-se d iz e r , n e ste s e n tid o , veleidade ; o d e s e jo p r o p r ia
m e n te d ito é u m a te n d ê n c ia q u e p o d e te r to d o s o s g ra u s d e in te n s id a d e , d e sd e o s
m a is fra c o s a t é o s m a is irre sistív e is.
A te n d ê n c ia e stá s o b o d e se jo e o d e se jo s o b a v o n ta d e . ( / . Lachelier — E. Chartier)
“ O d e s e jo é a te n d ê n c ia p a r a se o b te r u m a e m o ç ã o j á e x p e r im e n ta d a o u im a g in a
d a . É a vontade natural de um prazer . ” Rτ Z 7 e R E âτ Z Â I D’A Â Â ÃÇE è , Psychologie
appliqué, 4 3 . E s ta d e fin iç ã o p a re c e -n o s d e m a s ia d o e s tr e ita , p o r q u e e la n ã o lev a s u fi
c ie n te m e n te e m c o n ta a a n te r io r id a d e d e c e rta s te n d ê n c ia s em r e la ç ã o à s e m o çõ e s
c o rre s p o n d e n te s . O d e s e jo p a re c e -n o s s e r e s s e n c ia lm e n te o d e s e jo d e u m a to o u d e
u m e s ta d o s e m q u e n e le h a j a n e c e s s a ria m e n te , e e m to d o s o s c a s o s , a re p re s e n ta ç ã o
d a c a r a c te r í s t ic a a f e tiv a d e sse fim . (F. Pécaut — A . L .)
DESORDEM 242
v u lg a r d a I t á l i a . ” E la s c o n tê m p o r c o n D E S T IN A Ç Ã O D . Bestimmung; E .
s e q u ê n c ia d u a s p ro p o s iç õ e s , u m a re la ti D estination; F . Destination; I. Desti-
v a a o e s ta d o a n te r io r e a o u tr a a o e s ta d o nazione.
p o s te rio r e q u e p o d e m ser c o n te s ta d a s se F in a lid a d e de u m ser; a q u ilo q u e p a
p a r a d a m e n te (ibid.) r a ele é fe ito . D iz -se o m a is d a s vezes d e
D E S O R D E M C f . Ordem e v er B E 2 ; - u m in s tr u m e n to , d e u m e d ifíc io , e tc .; a
è ÃÇ , Evolução criadora , c a p . I I I , § 3: p a la v r a é a té té c n ic a n e ste s e n tid o n a lin
“ E s b o ç o d e u m a te o r ia d o c o n h e c im e n g u a g e m ju r íd ic a . N a lin g u a g e m te o ló g i
to f u n d a d a s o b re a id é ia d e desordem ” ca e filo s ó fic a a p lic a -s e ta m b é m à s p e s
(este s u b títu lo a p e n a s fig u ra n o ín d ice d a s so a s c o n s id e ra d a s n ã o in d iv id u a lm e n te
m a té ria s ). (fa la -s e n e ste s e n tid o d e vocação*), m a s
e n q u a n to p erten cem a u m a espécie, a u m a
“ D E S P E R S O N A L I Z A Ç Ã O ” F . Dê- classe g e ra l. É o te rm o c o n s a g ra d o p a r a
personnalisation (sem eq u iv alen tes em o u tr a d u z ir as e x p re ssõ es c o m o Die Bestim
tr a s lín g u a s).
mung des Menschen, Die Bestimmung des
C o m e ste te r m o d e sig n o u -se u m a ilu
Gelehrten (F « T : A destinação do ho
7 I E
s ã o sui generis, d is tin ta d o q u e v u lg a r
m e n te se c h a m a desdobramento da per
mem, a destinação do sábio).
sonalidade, e q u e c o n sis te s o b r e tu d o em Rad. int.\ D e stin .
p e rc e b e r as su as p r ó p r ia s p a la v ra s e os 1, D E S T IN O G . M o íç a , ttnaçpúvn,
seus p r ó p r io s a to s c o m o se p e rc e b e ria TreTTQWftèpr); L . F atum ; D . Geschick,
q u a lq u e r c o isa de a n o rm a l e de e s tr a n h o . Schicksal ; E . Fate, destiny; F . Destin; I.
E ste fe n ô m e n o é ig u a lm e n te d is tin to d a
Destino; fa to .
paramnesia, se b e m a lg u m a s vezes a
A . P r o p r ia m e n te , p o tê n c ia p e la q u a l
a c o m p a n h e (D Z ; τ è , “ U m c a s o d e d es-
c e rto s a c o n te c im e n to s s e ria m fix a d o s a n
p e rs o n a liz a ç ã o ” , R é v u e p hilos., m a io de
te c ip a d a m e n te in d e p e n d e n te m e n te d o q u e
1898; B 2 Çτ 2 á -L 2 Ã à , “ S o b re a ilu s ã o
E E
p u d e sse a c o n te c e r , e d o q u e o s seres d o
d ita d e s p e rs o n a liz a ç ã o ” , ibid., a g o s to de
ta d o s de in te lig ê n c ia e d e v o n ta d e p u d e s
1898).
sem fa z e r c o m v is ta a e v itá -lo s . “ O m eu
P ie rr e J τ ÇE I e R τ à OÃÇá in c lu e m n a
m e sm a classe u m c a s o m a is c o m p le x o : d e s tin o s eg u e -m e p o r to d a p a r t e . ” V o l
t a i r e , Carta a M adame Denis, 24 de
u m o b sessiv o tem a im p re s sã o de ele p r ó
p rio se p e rd e r, d e s e n tir o seu eu e c lip sa r a g o s to d e 1750. C f. Fatalismo.
se, de ser d o m in a d o p o r u m a p e r s o n a li B . S o rte de u m ser. “ O d e stin o d e um
d a d e d ife re n te , d e q u e im ita o c a r á te r e liv r o .” C o n ju n to d a v id a d e u m ser p e s
a s a titu d e s . “ D e sp e rs o n a liz a ç ã o e p o sse s s o a l n a m e d id a e m q u e o s a c o n te c im e n
s ã o n u m p s ic a s tê n i c o ” , Journ. de to s q u e a c o m p õ e m , c o n tin g e n te s o u n ã o ,
psychoL, I, 28. s ã o c o n s id e ra d o s c o m o re s u lta d o d e f o r
Rad. int .: D e p e rs o n ig . ças e x te r io re s e d is tin ta s d a s u a v o n ta d e .
S o b re “ D e s p e rs o n a liz a ç ã o ” — E n c o n tr a r - s e - á p ro v a v e lm e n te Entpersönlichung
n o s e sc rito re s q u e se o c u p a m d e p s iq u ia tria . (F . Tönnies)
A despersonalização, a o c o n tr á r io d o v e rd a d e iro d e s d o b r a m e n to d a p e r s o n a lid a
d e , a p re s e n ta -s e s o b r e tu d o s o b a f o r m a d e s e n tim e n to s a n o rm a is q u e o s u je ito e x p e
rim e n ta a re s p e ito d e si p r ó p r io : s e n tim e n to s d e e s tr a n h e z a , d e irr e a lid a d e , d e a u s ê n
cia to ta l d a p e s s o a . V er Obsessions et psychasthenies, p . 3 0 5 . O s e g u n d o c a s o e n tr a
n o m e sm o g r u p o q u e o s p re c e d e n te s , p o r q u e é ta m b é m , s o b r e tu d o , c a ra c te riz a d o
p e lo se n tim e n to d e incompletude, so b re o q u a l se vem e n x e rta r u m a o b se ssã o d e p o s
sessã o . (P, Janet)
243 D E T E R M IN A Ç Ã O
D E T E R M IN A T IV O D . Bestimmend ; p e d id o c o m c e rte z a c o n f o r m e se c o n h e
E . Determinative., F . D éterm inatif, 1. D e ç a m , se p r o d u z a m o u se im p e ç a m estes
term inativo. ú ltim o s . “ A c rític a e x p e rim e n ta l p õ e t u
U m a p ro p o s iç ã o in c id e n te é d e te rm i d o e m d ú v id a , e x c e to o p rin c íp io d o d e
n á v e l o u ex p licativ a c o n fo rm e ela re s trin te rm in is m o c ie n tíf ic o .” Ib id . , 303.
j a o u n ã o o te r m o c o m o q u a l se re la c io “ D e te r m in is m o e s ta tís tic o ” , v e r Es
n a (P Ã 2 -R Ã à τ Â , II, c a p . V I). E x .: “ A
I tatística.
á g u a q u e fe rv e c o n s e r v a u m a te m p e r a tu C . D o u trin a filo só fic a seg u n d o a q u al
r a c o n sta n te (determinativa ). A á g u a , que to d o s o s a c o n te c im e n to s d o u n iv e rs o , e
é líquida acim a dos 0 o, é o s o lv e n te m a is e m p a r tic u la r as a ç õ e s h u m a n a s , e s tã o li
u tiliz a d o (explicativa).” g a d o s d e ta l f o r m a q u e , s e n d o a s c o isa s
R ad . int. : D e te r m in a n t. o q u e s ã o n u m m o m e n to q u a lq u e r d o
te m p o , a p e n a s e x iste p a r a c a d a u m d o s
D E T E R M I N IS M O D . Determ inis m o m e n to s a n te rio re s o u u lte rio re s u m es
m us; E . D eterm inism ; F . D éterm inism e ; ta d o e u m s ó q u e é c o m p a tív e l c o m o
I. Determ inism o. p rim e ir o .
A . S e n tid o c o n c r e to : c o n ju n to d a s D . I m p r o p r ia m e n te , fa ta lis m o : d o u
c o n d iç õ e s n e c e s sá ria s p a r a a d e te r m in a tr in a seg u n d o a q u a l c e rto s a c o n te c im e n
ç ã o ( n o s e n tid o D ) d e u m d a d o fe n ô m e to s s ã o fix a d o s p re v ia m e n te p o r u m a p o
n o . “ O m é d ic o e x p e r im e n ta d o r e x e rc e rá
tê n c ia e x te r io r e s u p e r io r à v o n ta d e , d e
su c e ssiv a m e n te a s u a in flu ê n c ia s o b re a s m a n e ir a q u e faça-se o que se fiz e r eles
d o e n ça s d e sd e q u e ele c o n h e ç a ex p erím en - a c o n te c e r ã o in fa liv e lm e n te . P o r v ezes,
ta lm e n te o se u d e te r m in is m o e x a to , q u e r d iz -se, n e s te s e n tid o , “ d e te rm in is m o e x
d iz e r, a c a u s a p r ó x im a .” C la u d e B E 2 te r n o ” , e é o p o s to , e n tã o , a o " d e t e r m i
Çτ2 á , Introd. à la m édecine experimen
n is m o in te r n o ” o u lig a ç ão e n tr e a s c a u
tale , 376. sas e o s e fe ito s q u e c o n stitu e m a v o n ta d e .
B . S e n tid o a b s tr a to : c a ra c te rís tic a d e
u m a o rd e m de fa to s n a q u a l c a d a elem en CRÍTICA
to d e p e n d e de certo s o u tro s de ta l m a n e ira H istória — O te r m o d e te rm in is m o é
q u e p o d e ser p re v is to , p r o d u z id o o u ím - re c e n te . N ã o se e n c o n tr a e m L « ζ Ç « U ,
E
L « ζ Ç« U praedelineatis.) F ig u r a n a Enci
E e e m 1873 A liberdade e o determinismo
clopédia d e E 2 è T e G 2 Z ζ 2 (L e ip z ig ,
7 E d e F Ã Z « Â Â é . O te r m o to rn o u - s e d e sd e
E
lidade\ e a d o u tr in a q u e a d m ite a o n ip o K τ Ç , ST Ãú Ç τ Z 2
I 7 E 7 E , J . S . M « Â Â , etc.
tê n c ia , o u p e lo m e n o s a g ra n d e p r e p o n M as p o d e -se a d m itir:
d e râ n c ia d a fa ta lid a d e s o b re a v o n ta d e , 1 ° Q u e o m u n d o a ssim d e te rm in a d o
c h a m a r-s e -á n a tu r a lm e n te fatalism o (es e so lid á rio é o ú n ic o m u n d o possív el (E s
te u so d a p a la v r a é, a liá s , o m a is g e n e ra ú « ÇÃ è τ ); ÃZ q u e é c o n tin g e n te n o seu
liz a d o n a lín g u a ). E le d e ix a lu g a r à q u e s c o n ju n to , a p e s a r d o d e term in ism o q u e li
tã o d e s a b e r se o d e te rm in is m o n ã o d e ga to d a s as p a rte s (L « ζ Ç« U , K τ Ç ).
E I
P a re c e -m e , p e lo c o n tr á r io , q u e a d e te rm in a ç ã o física e o b je tiv a p o d e ir a p e n a s
d o a n te s p a r a o d e p o is. M a s p o d e r-s e -á , d o d e p o is, r e m o n ta r logicamente e s u b je ti
v a m e n te a o a n te s ? T a lv e z s e ja , e é, d e f a to , assim q u e c o n c lu ím o s d a cin za p a r a o
fo g o . M as p a re c e -m e q u e isso a p e n a s se p o d e rá fa z e r d e m a n e ira rig o r o s a e c o m p le ta
a tra v é s d e u m c á lc u lo d e u m a c o m p lic a ç ã o in f in ita , m o s tr a n d o q u e to d a h ip ó te s e
s o b re o p a s s a d o , q u e n ã o s e ja a v e rd a d e ir a , c o n d u z ir ía a u m outro p re s e n te . A re
g re ssã o p o r ta n to a p e n a s s e ria in d ir e ta e c o n s is tiria em e lim in a r to d a s a s p ro g ressõ e s
p o ssív eis salv o u m a . ( J . Lachelier )
D EU S 248
q u a l ele se m a n ife sta e q u e lhe p re sta cu lto D. D o ponto de vista moral. Ser p e s
(a n c e s tra l, c h e fe g u e rre iro , le g isla d o r, so al ta l q u e é , pela su a in telig ên cia e a s u a
ju iz , lib e rta d o r, etc.). N a A n tig ü id a d e es v o n ta d e , o p rin c íp io s u p re m o e a g a r a n
te g ru p o é é tn ic o o u fa m ilia r. E x : D eu ses tia d a m o ra lid a d e . “ A o rd e m m o ra l, o
g re g o s e d eu ses tr o ia n o s ; D eu ses L a re s; m u n d o m o ra l, q u e p o d e ria s e r se n ã o ti
D e u s de Isra el (v er p a r tic u la rm e n te Deu - vesse o seu fu n d a m e n to , o seu a p o io e,
teronômio, c a p . V, V I, V II). N e ste s e n e n fim , a s u a re a liza ç ão , a ú n ic a v iv a e so
tid o d a p a la v ra , o s d eu ses p o d e m , p o is , b e ra n a , n a P e s so a q u e é D e u s ? ” R ÇÃ Z -
E
m a s c o m o c a r a c te r iz a n d o ta n to q u a n to c o m e fe ito , p r o c u r a r a s u b s tâ n c ia o u a
p o ssív el d u a s id éias f u n d a m e n ta is d e q u e c a u s a s u p re m a d o u n iv e rso é p ro c u ra r sa
o s d iv e rso s u so s filo só fic o s d e s te te rm o tis fa z e r u m a n e c e s sid a d e re s u lta n te d a s
p o d e m s e r c o n s id e ra d o s c o m o c o m b in a leis d a r a z ã o , e a o rd e m o n to ló g ic a a p a
çõ es. M a is d o q u e q u a lq u e r o u tr a , ta l p a re c e , e n tã o , c o m o u m a tra n s p o s iç ã o d a
la v r a é a tiv a d e v id o a tu d o o q u e e la fa z o rd e m ló g ic a . T a l é a id é ia f e r a l d a c ríti
d e sp e rta r n o e sp írito e a p e n a s se p o d e te n c a d a s p ro v a s d a e x istê n c ia d e D eu s em
ta r esco lh er, n o n ú m e ro q u a se in fin ito d o s K τ Ç , Crítica da razão p u ra , D ia l.
I
m a n id a d e p a r a c h e g a r a o p rin c íp io “ d a q u e r, p e lo c o n tr á r io , se in s is ta s o b re a
p a te r n id a d e d iv in a e d a fr a te r n id a d e h u p e rs o n a lid a d e d iv in a , e se e n ca re m as
m a n a “ ( Congresso das religiões , 1893), leis ló g icas e m o ra is c o m o o efeito d o seu
q u e é a fo rm a m ais g eral d a id éia d e D eu s liv re -a rb ítrio a b so lu to (D Z Çè S T Ã , D è
I E
c o m o p rin c íp io m o ra l. Tτ 2 è
I E , S T 2 τ Ç ). A d e fin iç ã o d e
E E I
P o d e -s e c o n s id e ra r a m a io r p a r te d a s n id o s m a is a trá s s ã o n itid a m e n te c o lo c a
d o u tr in a s te ístas a p re s e n ta d a s p e la h is tó d o s e a c u m u la d o s n u m m e sm o ser: A . “ E
ria d a filo s o fia c o m o u m e s f o rç o em d i é assim q u e a ú ltim a ra z ã o d as co isas
re ç ã o à sín tese d e sta s d u a s o rd e n s de c o n deve e sta r n u m a s u b s tâ n c ia n e c e ssá ria
c e ito s, q u e r se a te n u e ta n to q u a n to p o s n a q u a l o p o r m e n o r d a s m u d a n ç a s e ste ja
sível o s e n tid o s o c ia l, e se a p ro x im e d e B e m in e n te m e n te c o m o n a s u a fo n te: e é
id é ia de D e u s e a c re n ç a em D e u s assim c o n c e b id a p a re c e m -m e , p e lo c o n tr á r io , as
m a is vivas de to d a s . É a este títu lo q u e se p e d e a D e u s, c o m o a u m c h e fe e a u m
p a i, a s a ú d e , o s u ce sso , a s a tis fa ç ã o d a s n e c e s sid a d e s, a d e fe s a c o n tr a a in ju s tiç a ,
u m a in te rv e n ç ã o a n á lo g a à q u e la d o m é d ic o o u d o m a g is tra d o . N ã o é, c o m o se p r e
te n d e a lg u m a s v ezes, u m e s ta d o de e sp írito u ltr a p a s s a d o . C o n tin u a a ex istir n o s n o s
so s d ia s, m e sm o n o s filó s o fo s , q u e r eles se p re o c u p e m o u n ã o e m c o n c ilia r este s e n ti
m e n to e e sta p r á tic a co m o r e s to d a s su as id é ia s. V e ja m a o b r a d e W . J τ O è s o b re E
a id é ia d o v a z io d e tu d o o q u e é p a r a n ó s ser o u n a tu r e z a a q u e la d e u m a p le n itu d e
in f in ita , m a s d e u m a o u tr a o rd e m , e p a r a n ó s , p o r c o n s e q u ê n c ia , to ta lm e n te in c o m
p reen sív el? {J. Lachelier )
253 D ÍA D E
ècÓQicTos) o u “ D ia d e d o G ra n d e e d o P e ¿c t o x q ί ρ ί σ θ α ι
¿πι σ τ ά μ ε ν ο ν ά λ λ ο τ ι α ν
),
q u e n o ” (fxeyákov xai (u x q o v q u e r d i xaX ets Tj b ia \tx T ix ó v ” \ P Â τ ã Ã , Cráti- I
tr á r io s d o q u e d o s c o n tr a d itó r io s , m a s la d o p o r A 2 I«è ó
I E Â è ; “ Α
E γ ο ρ ά ν δ έ rò
n ã o se a p lic a n u n c a a o s s u b c o n tr á r io s . κ α τ ά π α ι /τ ό ς χ α τ η γ ο ρ ε ΐα θ α ι, ό τ α ν
μ η δ έ ν ή λ α β ε ϊ ν τ ω ν τ ο υ υ πο κ ε ι μ έ ν ο υ
D IB A T IS , D I R A T I S O u tro s n o m e s κ αθ ', ο υ θ ά τ ε ρ ο ν ou Χ ε χ θ ή σ β τ α ι · κ α ι τ ο
d e Dimaris*, m a s in e x a to s , p o is u m s ilo κ α τ ά μ η δ ε ν ό ϊ , ω σ α ύ τ ω ς .” Prim eiros
g ism o d e ste m o d o n ã o p o d e re d u z ir-s e a analíticos, I, l:2 4 b 28-30. C f. Categorias,
Darii sem tra n s p o s iç ã o d a s p re m is sa s . 3 ; l b I0 . A p lic a-se a o silo g ism o no q u a l o
te rm o m é d io re p re s e n ta p a r a o e sp írito
D IC O T O M IA (G . AixoTo/ita).
u m a classe c o n s id e ra d a n a su a e x te n sã o
A . D iv is ã o ló g ic a d e u m c o n c e ito em
e o p õ e -s e à fó r m u la “ N o ta n o ta e e st n o
d o is c o n c e ito s (g e r a lm e n te contrários*),
ta rei ip s iu s ” , em q u e o m é d io é c o n sid e
d e m a n e ir a q u e e le s e sg o te m a ex ten sã o
r a d o c o m o u m a c a ra c te rís tic a in eren te ao
d o p r im e ir o .
s u je ito q u e d e sig n a o m e n o r.
B. U m d o s a r g u m e n to s d e Z E N Ã O d e
S o b re D ife re n c ia r — Diferenciado fo i m e sm o to m a d o p o r a p e r f e iç o a d o a o fa la r-
se d o q u e é , p e lo c o n tr á r io , s u p e r io r e n q u a n to m enos e sp e c ia liz a d o . V er p o r e x e m
p lo o te x to c ita d o p o r L é â à -B 2 Z Â (q u e n ã o p a re c e c h o c a d o c o m isso ) e m Les fo n c-
7
lo s ó f ic o s q u e a d m ite m n o s p r in c íp io s d a s
CRÍTIC A c o is a s a e x is tê n c ia d e “ fo r ç a s” ir r e d u tí
a tiv esse c ria d o : “ D ic am ín te rim n o tio n e m v iriu m seu v irtu tis (q u a m G e rm a n i vo-
c a n t K raft , G a lli la force) c u i e g o e x p lic a n d a e p e c u lia re m Dynamices sc ie n tia m des-
tin a v i, p lu rim u m lu cis a f f e r r e a d v e ra m n o tio n e m s u b s ta n tia e in te llig e n d a m .” De
primae phiiosophiae emendatione, § 2 (E d . J a n e t, I, 633).
D IN A M 0 G Ê N 1 C 0 262
C R ÍT IC A E s ta u tiliz a ç ã o d a s p a la v r a s n ã o n o s
A id é ia d o d in a m is m o e s tá e s tr e ita p a re c e feliz. É c o n tr á r ia à s u a e tim o lo
m e n te lig a d a a to d a s a q u e la s q u e se g ia , q u e d e sig n a n itid a m e n te u m aum en
o p õ e m ig u a lm e n te a o m e c a n is m o , e p a r to d e f o r ç a e n ã o u m a v a r ia ç ã o q u a lq u e r
tic u la rm e n te à d e fin a lid a d e . d e e q u ilíb rio . M a is a in d a , a g e n e r a lid a
C o m o to d o s o s n o m e s d e d o u trin a , es d e d o “ p r in c ip io ” e m q u e s tã o é n e g a d a
te te r m o p re s ta - s e fa c ilm e n te a o v a g o e p o r a lg u n s, p a rtic u la rm e n te p o r S t u m p f .
a o e q u ív o c o . P o r fim , a p a r te m a is in c o n te s tá v e l d o s
Rad. in t .: D in a m is m . fe n ô m e n o s a o s q u a is e la se a p lic a ria é já
d e s ig n a d a d e m a n e ira c la r a e m u ito u s u a l
D IN A M O G Ê N IC O D . Dynamogene- p e lo s te r m o s d e f o r ç a ideomotriz* e
tisch\ E . Dynamogenic; F . Dynamogene, idéia-força * ,
dynamogénique; I. Dinamogenico. P r o p o m o s , p o is , re s e rv a r dinamogê-
D iz-se d a s s e n s a ç õ e s, s e n tim e n to s o u nico p a r a o p rim e iro s e n tid o a tr á s d e f i
id é ia s q u e a u m e n ta m o tonus v ita l, e es
n id o , q u e é m u ito ú til e m u ito p re c is o .
p e c ia lm e n te o p o d e r m o to r (p o r ex em p lo
Rad. intr. D in a m o g e n .
a m ú s ic a p a r a a m a io r p a r te d o s in d iv í
d u o s ). O p õ e -s e a inibitório*. D I P L O P I A D . Doppelsehen ; E . D i
U tiliz a -se c o m o s u b s ta n tiv o c o rre s plopia; F . Diplopie; I. Diplopia.
p o n d e n te dinamogênese e dinamogenia. F a to d e p e rc e b e r u m a d u p la im a g e m
A fo r m a m a is b re v e p a re c e -n o s m e lh o r v isu al d e u m o b je to q u e é n o r m a lm e n te
n o s d o is c a so s. p e rc e b id o c o m o u m a im a g e m ú n ic a . D i
p lo p ia m onocular , p e rc e p ç ã o d e u m a
C R ÍT IC A
im a g e m d u p la a tra v é s d e u m ú n ic o o lh o .
W . J a m e s e J . M . B a l d w i n a p lic a m
D ip lo p ia binocular (a m a is e s tu d a d a , c o
d e u m a m a n e ir a g e ra l a p a la v r a dynamo- n m ín e n te c h a m a d a diplopia, sem a d je ti
genesis a e ste “ p r in c íp io ” d e q u e “ to d a v o ), p e rc e p ç ã o s e p a ra d a e s im u ltâ n e a das
m u d a n ç a n as co n d içõ es de estim u laç ã o d o d u a s im a g e n s re la tiv a s a o s d o is o lh o s ,
s is te m a n e rv o s o é s e g u id a p o r u m a m u im a g e n s q u e se fu n d e m n o rm a lm e n te .
d a n ç a c o rre s p o n d e n te d a te n s ã o m u s c u Rad. int.: D ip lo p i.
la r e d o m o v im e n to ” . D ynam ogeny d e
s ig n a , e n tã o , a a p lic a ç ã o n u m caso p a r 1. D I R E I T O (U m ), o s d ire ito s D .
tic u la r d o p rin c íp io de dynamogenests. O s Recht; E . R ig h t ; F . Droit; I. Diritto.
m e sm o s a u to re s c h a m a m , e n fim , dyna E s ta p a la v r a a p re s e n ta d ife re n te s sen
mogenic a o fe n ô m e n o n e rv o s o a fe re n te tid o s c o n f o r m e a f o r m a d a s ex p re ssõ es
q u e c a u s a a dinamogenia e dynamogene- em q u e é u tiliz a d a . P o d e m -s e c o n g re g a r
tic a o fe n ô m e n o m o to r q u e c o n stitu i o seu em d u a s id é ia s fu n d a m e n ta is :
e fe ito . V er B a ld w in , s u b Vo, I, 302. A . U m d ire ito , o u a in d a “ O q u e é d e
S o b re D ip lo p ia — C a d a u m d o s d o is o lh o s p o d e d a r q u e r u m a im a g e m s im p le s,
q u e r u m a im a g e m d u p la , e a s im a g e n s d o s d o is o lh o s p o d e m fu n d ir -s e o u n ã o . P o
d e m , p o is , a c re s c e n ta r-s e o s q u a tr o c a so s seg u in tes:
A . M onopia p a r a c a d a o lh o e m onopia p a r a o s d o is .
B . M onopia p a ra c a d a o lh o , diplopia p a r a o s d o is.
C . M onopia p a r a u m o lh o , diplopia p a r a o o u tr o ; o q u e p r o d u z ir á n a v isã o b in o
c u la r diplopia o u triplopia .
D . Diplopia d o s d o is o lh o s , o q u e p r o d u z ir á n a v isã o b in o c u la r diplopia, triplo
pia o u tetraplopia. (Paul Tannery)
O c a s o B é a q u ilo q u e v u lg a rm e n te se c h a m a diplopia. (A. L .)
2(>3 D IR E IT O
1. “ Um ato é recht ou unreeht ( = tem-se o direito, não se tem o d ireito de com eter um ata), consoante
ele é conform e ou contrário ao dever.” M etafísica dos costum es, Intro d.
2. " O Direito é o conjunto das condições sob as quais a vontade individual se pode unir e associar à
vontade individual de outrem conform e uma lei universal da liberdade.” Introdução à Teoria do Direito.
265 D1SAM IS
la r é m u it o m a is a n t ig a d o q u e K a n t . É j á m u ito u s u a l e m W o l f f e r e m o n ta à e s c o
te , d e u m ju íz o q u e a f ir m a u m a a lte r n a to s d o s q u a is n e n h u m c o n té m o o u tr o ,
tiv a ex clu siv a, q u e r d iz e r, em q u e u m d o s q u e r d iz e r, q u e n ã o e s tá n a re la ç ã o d e g ê
m e m b ro s é n e c e s s a ria m e n te v e r d a d e ir o e n e r o a e sp écie. L « ζ Ç« U , Inédits , E d .
E
em q u e to d o s os m e m b ro s se ex clu em m u C o u tu r a t, p . 5 3 , “ Si n e u te r te rm in o r u m
tu a m e n te (n ã o p o d e m c o e x is tir d o is a in a lte ro c o n tin e tu r , a p p e lla n tu r Dispa-
d o is ). A d is ju n tiv a é d ita , e n tã o , ex rata*\ e m a is a d ia n te : in d is p a r a tis ,
clusiva. se u q u o r u m n e u tr u m e s t g e n u s vel spe-
C . D iz -se d e u m ra c io c ín io e m q u e c ie s .”
u m a d a s p re m is sa s é d is ju n tiv a . E m p a r C . C h a m a m - s e m a is g e ra lm e n te dis
tic u la r, c h a m a m -s e silogismos disjuntivos pares d o is c o n c e ito s q u e n ã o e s tã o n e m
a o s ra c io c ín io s d o s d o is tip o s seg u in tes: n a re la ç ã o d e g ê n e ro a esp écie n em n a re
M odus tollendo-ponens: la ç ã o d e u m a esp écie a u m a o u tr a e sp é
O u A é v e rd a d e ir o , o u B é v e rd a d e ir o ; cie d e u m m e s m o g ê n e ro .
O ra A n ã o é v e rd a d e ir o ; K i r c h n e r , s u b v°, a c re s c e n ta a lé m
L o g o B é v e rd a d e ir o ; d is s o a c o n d iç ã o d e q u e o s d o is c o n c e i
M odus ponendotollens: to s s e ja m c o n s id e ra d o s c a ra c te rís tic a s d e
O u A é v e rd a d e ir o , o u B é v e rd a d e iro ; u m m e s m o s u je ito . M a s e s ta ú ltim a c o n
O r a A é v e rd a d e ir o ; d iç ã o n ã o p a re c e c o n f o r m e a o u s o ; e o
L o g o B n ã o é v e rd a d e ir o . s e g u n d o e x e m p lo q u e ele d á n o m e sm o
a r tig o a s s e n ta s o b re te r m o s q u e n ã o a
E s ta seg u n d a f o r m a exig e q u e a m a io r
p re e n c h e m .
s e ja ex clu siv a.
U m a o u tr a f o r m a d e ra c io c ín io d is c r í t i c a
ju n tiv o n o s e n tid o C é o dilema * , o n d e
se m o s tr a q u e o s d o is te rm o s d e u m a a l S e rá c o r r e to c o n s e rv a r n o s e n tid o C .
te r n a tiv a le v a m a u m a m e s m a c o n s e Rad. int.: D is p a r a t.
q u ê n c ia .
“ D IS P O N ÍV E L ” T e rm o recen tem en
Rad. int.: D is ju n k tiv .
te in tro d u z id o n a lin g u ag em filo só fica p a
D ÍS P A R L . Disparatus ; D . Disparai; r a in d ic a r o e s ta d o d e e s p ír ito n o q u a l o s
E . Disparate ; F . Disparate; l. Disparato. s e n tim e n to s , a a ç ã o o u o ju íz o n ã o e s tã o
h a ja o u tr a p o s s ib ilid a d e a lé m d a q u e la e x p re s s a n a d is ju n ç ã o ; n o u tr o s te rm o s , q u e
a d iv isã o d a e x te n s ã o s e ja c o m p le ta . À f a lta d o q u e n ã o h á u m ju íz o d is ju n tiv o , m a s
u m ju íz o sim p le sm e n te partitivo. (C. Ranzoli)
re s trin g id o s p o r n e n h u m c o m p ro m is s o B . N o s e n tid o c o n c r e to , s e p a ra ç ã o
a n te r io r , “ Sê d isp o n ív e l co m to d o o teu efetiv a d e e le m e n to s q u e e stav am u n id o s .
fe rv o r p a r a to d a s a s c o is a s ... Sê d is p o n í E sp e cia lm e n te , e m q u ím ic a c h a m a -se dis
v el: re c u sa o te u c o ra ç ã o à fix id e z , n ã o sociação a u m a d e c o m p o s iç ã o lim ita d a ,
te p re n d a s a n a d a n e m a n in g u é m , n em q u e r d iz e r, q u e c o n d u z a u m e s ta d o de
a ti m e sm o . Sê in fiel e s e m p re a p a ix o n a e q u ilíb rio q u e é o lim ite c o n h e c id o d e ssa
d o . D e s e m b a ra ç a -te d o p a s s a d o . Q u e as re a ç ã o e d a re a ç ã o in v e rs a .
tu a s p a ix õ e s s e ja m e x cessiv as, m a s n u n Rad. i n t A , D isso c ía d ; B . D isso ciig .
c a e x c lu s iv a s .” C L . E è I E â E (re s u m in
d o A n d ré G « á E ), Études philosophiques D IS S O L U Ç Ã O D. A uflösung ; E . Dis-
sur (’expression littéraire (1939), p. 31. solution; F. Dissolution; I. Dissoluzione.
A . D e c o m p o s iç ã o de u m a g re g a d o e,
D IS S ÏM E T R IA V er Simetria e (S)
e sp e c ia lm e n te , reg resso a o e s ta d o in d e
Anti-simetria.
p e n d e n te d e e le m e n to s in d iv id u a is a g r u
D IS S O C IA Ç Ã O D . Dissoziation ; E . p a d o s n u m o rg a n is m o .
Dissociation ; F , Dissociation; I. Disso- B. S e g u n d o o u s o d e H . S p e n c e r a
ciazione. d is s o lu ç ã o é o p ro cesso in v e r s o d o q u e
A . V á rio s p sicó lo g o s m o d e rn o s c h a c o n s titu i a evolução (c a r a c te r iz a d a n e s te
m a m assim à o p e r a ç ã o d o e sp írito q u e a u to r p e lo p ro g resso d a d ife r e n c ia ç ã o e
is o la o s e le m e n to s q u e lh e fo r a m d a d o s d a in te g r a ç ã o ). É , p o is , n ã o só o reg res
p rim itiv a m e n te co m o u m to d o . " W h a t is so à in d e p e n d ê n c ia d o s e le m e n to s a g re
a ss o c ia te d n o w w ith o n e th in g a n d n o w g a d o s, m a s ta m b é m o reg resso à se m e
w ith a n o th e r, ten d s to be d isso ciated fro m lh a n ç a d o s e le m e n to s d ife r e n c ia d o s . Pri
e ith e r a n d to g ro w in to an o b je c t o f a b s
meiros princípios , ca p . X X III.
tr a c t c o n te m p la tio n b y th e m in d . O n e
m ig h t call th is th e law o f d is so c ia tio n C R ÍT IC A
by v a ry in g c o n c o m ita n ts .” 1 W . J τ O è , E
E s ta p a la v r a a p r e s e n ta o m ais d a s ve
Principles o f Psychol., I, 506. zes u m s e n tid o p e jo r a tiv o (r u ín a , d e c a
d ê n c ia , c o rru p ç ã o ) : 1° , d e v id o a q u e o
]. “ A quilo que se associa ora a um a coisa ora ex em p lo m a is fo rte d e d is so lu ç ã o n o se n
a o utra tende a dissociar-se de um a e d a outra e tid o A é a d is so lu ç ã o q u e se seg u e à m o r
tornar-se um objeto de contem plação abstrata para
o espírito. Poder-se-ia cham ar a isso lei da dissocia te ; 2? , d e v id o a o u so q u e se fa z e m f r a n
ção pela variação dos concom itantes.” cês, in g lês e p o rtu g u ê s d o a d je tiv o dis-
s o lu to . té r io d a v e rd a d e e s tá n o c o n h e c im e n to
C . R e c o n h e c e r u m a c o isa co m o d is claro e distinto·. “ C h a m o [co n h ecim en to ]
tin ta de o u tr a . d is tin to à q u e le q u e é tã o p reciso e d if e
D . P e rc e b e r o u p e n sa r de u m a m a n e i re n te de to d o s o s o u tr o s q u e a p e n a s c o n
r a d is tin ta * n o s e n tid o C. té m em si a q u ilo q u e a p a r e c e m a n if e s ta
Rad. int.: A . B. D istin g ; C . D . m en te àq u ele q u e o c o n sid e ra c o m o se d e
D ic e rn . v e . " 1 Princípios, I, 45.
U m a id éia p o d e ser clara* sem ser d is
“ D IS T IN G U O ” N a discu ssão (p rim i tin ta , p . ex. a d e u m a d o r ; m a s n ã o re c i
tiv a m e n te , n a d iscu ssão esco lástica), f ó r p ro c a m e n te (D è T τ 2 è , Princípios, I,
E I E
je ç ã o a tra v és de u m a d istin ç ão * . E m c o n p ro d u z id a p o r P Ã 2 -R Ã à τ Â , m as c o m
I
trazione. s a li té s ” V e r a d ia n te Distributivo e E x
A . D iv isão d o p e n s a m e n to e n tr e v á tensão, o b s .
rio s o b je to s d iv e rs o s, d e ta l m a n e ira q u e
1. D IS T R IB U T IV A (L e í, o u , m a is
n ã o e s tá a te n to a n e n h u m d eles.
e x a ta m e n te , p r o p r ie d a d e ) D . Distribu-
B . A u sê n c ia d e p e rcep ção d e u m a sen
s a ç ã o q u e d e v e ria se r n o rm a lm e n te p e r
tionsgesetz; E . Distributive law; F . L o i
(o u propriété) distributive; I. Legge (o u
c e b id a , o u f a lta d e a d a p ta ç ã o à s c irc u n s
tâ n c ia s p re s e n te s , d e v id o a o f a to d e a
propriété) distributiva.
U m a o p e ra ç ã o o u re la ç ã o R t é distri
a te n ç ã o e s ta r c o n c e n tr a d a n u m p o n to
p a rtic u la r (em g e ra l, n u m p e n sa m e n to in
butiva em re la ç ã o a u m a o u tr a o p e ra ç ã o
o u re la ç ã o R 2 q u a n d o se te m se m p re .
te rio r) .
E s ta p a la v r a a p lic a -se n o s d o is s e n ti
(ü R2 b) R 2 T = (a R i b) R 2 (Zd*! c).
P o r e x e m p lo , a a d iç ã o e a m u ltip lic a
d o s q u e r a u m a d is p o s iç ã o g e ra l d o esp i
ç ã o ló g icas sã o d is trib u tiv a s u m a e m re
r ito , q u e r a u m e s ta d o m o m e n tâ n e o ; e ,
la ç ã o à o u tr a ; a m u ltip lic a ç ã o a ritm é tic a
além d isso , n o se n tid o B , u tiliz a -se ig u a l
é d is trib u tiv a em re la ç ã o à a d iç ã o a ritm é
m e n te d e m a n e ir a c o n c re ta : a to o u o m is
tic a , m a s n ã o e sta e m re la ç ã o à q u e la .
s ã o c a u s a d o p e la d is tr a ç ã o .
Rad. int.: D is tr ib u tiv .
C RÍTIC A
2 . D IS T R IB U T IV A (J u stiç a ) V er Co
O s d o is s e n tid o s d a p a la v r a s ã o m e
mutativa.
n o s d ife re n te s d o q u e p a re c e m a p rin c í
p io , se n d o o tr a ç o c o m u m q u e os re ú n e D IS T R IB U T IV O L . Distributivus; D .
a d e s a te n ç ã o a c e rto s fe n ô m e n o s . C o n Distributiv; E . Distributive; F . Distribu
tu d o , seria b o m c h a m a r d e p re fe rê n c ia o tif; I. Distributivo.
de L « ζ Ç« U n a q u ilo q u e c o n c e rn e a o s se
E
Riqueza das nações , I , 1), o rg a n iz a ç ã o
res a b s tr a to s (c f. Diferença). P a r a e v ita r e c o n ô m ic a q u e c o n sis te n o f a to d e o
q u a lq u e r e q u ív o c o , seria b o m u tiliz a r n o tr a b a lh o to ta l a e f e tu a r s e r r e p a r tid o e n
s e n tid o g e ra l A , outro * e alteridade*, n o tr e os c o o p e r a d o re s de ta l m o d o q u e c a
s e n tid o q u a lita tiv o B , diverso e diver d a u m re a lize s e m p re u m m e sm o g ê n e ro
sidade. d e tr a b a lh o , p a r a o q u a l a d q u ire a ssim
Rad. int.: A , A ltr .; B . D iv ers. u m a h a b ilid a d e e u m a fa c ilid a d e p a r ti
c u lares.
D IV ID ID O (S e n tid o ) V er Sentido
B . P o r a n a lo g ia , c h a m o u -s e divisão
composto.
do trabalho psicológico à e sp e c ia liz a ç ã o
D IV IN D A D E D . Göttlichkeit n o sen d a s fu n ç õ e s e n tre os d ife re n te s ó rg ã o s de
tid o A , G ottheit n o s e n tid o B ; E . God- u m c o rp o viv o.
head, Divinity, D eity ; F . Divinité; I. Di- Rad. int.: L a b o rd iv id .
vinità.
A . N o s e n tid o a b s tr a to , c a ra c te rís ti D IV IS IB IL ID A D E D . Teilbarkeif, E .
ca do q u e é d iv in o . Divisibility; F . Divisibilité; I. Divisibilità.
B . N o s e n tid o c o n c re to : Uma D ivin P r o p r ie d a d e q u e te m u m to d o d e ser
dade, A Divindade , s in ô n im o s d e D eu s d e c o m p o n ív e l, q u e r m a te ria lm e n te , q u er
q u e r n o s e n tid o p a g ã o , q u e r n o se n tid o id e a lm e n te , n u m c e rto n ú m e ro de p a rte s.
c ris tã o . Rad. int.: D iv id e b le s.
273 DOGMATISMO
p r a z e r ” , m a s ta m b é m q u e é m e sm o d u e q u e se p o d e c h a m a r ta m b é m m é to d o d e
v id o s o q u e s e ja le g ítim o c o n s id e rá -la as in v e n çã o ; o o u tr o , p a ra fazer co m q u e se
sim : a o p o s iç ã o a n tité tic a d e ste s d o is te r j a e n te n d id o p e lo s o u tr o s q u a n d o é e n
m o s é ju lg a d a s u p e rfic ia l p o r m u ito s p s i c o n tr a d o , q u e se c h a m a s ín te s e ... e q u e
c ó lo g o s c o n te m p o râ n e o s . se p o d e ta m b é m c h a m a r método de dou
J. M . B τ Â á ç « Ç , P . M Z Çè 2 ζ 2
I E E ; ,
trina . ” Lógica d e P o r t - R o y a l , 4 ? p a r
T h . F Â Ã Z 2 ÇÃ à , G . V « Â Â τ e stã o de a c o r te , c a p . II.
d o em p ro p o r a sin o n im ia seg u in te (B ald B. O q u e e n sin a ; e , p o r g e n eraliz a çã o ,
w in , I I , 678), à q u a l a c re s c e n ta m o s a in o q u e se a f ir m a ser v e rd a d e ir o em m a té
d ic a ç ã o d e ra d ic a is in te rn a c io n a is c o rre s ria te o ló g ic a , filo só fic a o u c ie n tífic a , im
p o n d e n te s : p lic a n d o este te rm o sem p re a id éia de um
1. S e n tid o g eral (a tr á s , B) c o rp o de v erd a d es o rg a n iz a d a s , so lid árias
e m e sm o o m ais d a s vezes lig a d a s à a ç ã o ,
D. : U n lu s t — L u st.
n ã o d e u m a a ss e rç ã o is o la d a o u de p u ra
E. : P a in — P le a s u r e .
te o ria . “ C iê n c ia e d o u tr in a têm fin s d i
F. : D o u le u r — P la is ir.
fe re n te s: u m a c o n s ta ta e e x p lic a , a o u tr a
1. : D o lo re — P ia c e re .
ju lg a e p re sc re v e ... A d o u tr in a tem neces
P .:D o r — P ra z e r.
sid ad e d e lin h as sim ples e de in ten çõ es d e
Rad. int.\ D o lo r (Boirac) — P le z u r
lib erad as b em m a r c a d a s ...” G . P iro u , Les
2. S e n tid o p r ó p r io (a trá s , A ) doctrines économiques en France depuis
D. : S c h m e rz e m p fin d u n g — L u ste m¡870.
- V er ta m b é m a o p o siçã o en tre “ d o u
p fin d u n g . tr in a a r tís tic a ” e “ siste m a e s té tic o ” em
E. : S en satio n o f p a in — Sens, o f p leH a istoirede ¡‘esthétique française, p o r T .
su re . M . M u s to x id i, p p . 2-7 e cf. Dogma,
F. : S e n s a tio n de d o le u r — S en s, de Teoria.
p la isir. C . E sp e c ia lm e n te , n a m e to d o lo g ia d o
I.: S e n sa z io n e d i d o lo re — S en s, di d ire ito : 1?, a e x p re ssã o a doutrina d e sig
p ia c e re . n a o c o n ju n to d o e n s in o d o d ir e ito , em
P .: S e n s a ç ã o de d o r — S en s, de o p o s iç ã o , p o r u m la d o , a o te x to d a lei e,
p ra z e r. p o r o u tr o , à ju r is p r u d ê n c ia ; 2 o , c h a m a -
Rad. in t. : D o lo rs e n to — P le z u rs e n to . se doutrina à tese s u s te n ta d a p o r u m j u
3. E s ta d o d e sa g ra d á v e l o u a g ra d á v e l. ris ta d e re n o m e s o b re u m p o n to c o n tr o
verso; p o r ex em p lo : “ A d o u trin a d e B lon-
D . : M issfa lle n — W o h lg e fa lle n .
d e a u ” (s e g u n d o a q u a l em c a so d e in s u
E . : U n p le a s a n tn e s s — P le a s a n tn e s s .
fic iê n cia d a lei n ã o se d ev e fa z e r a p e lo à
F . : P e in e — A g ré m e n t.
e q ü id a d e , m a s in d e fe rir a d e m a n d a ).
I .: D is p ia c e re — (S e n tim e n to d i)
p ia ce re . NOTA
P .: D e s a g ra d o — A g ra d o .
Rad. int.: D e s a g ra b l — A g ra b l. D o s e n tid o A se d e riv o u , em o u tr a d i
P a re c e -n o s , to d a v ia , q u e as p a la v r a s re ç ã o , o u s o a n tig o d e doutrina p o r in s
Desagrado e agrado, n o s e n tid o 3, e stã o tru ç ã o a d q u ir id a , c o n h e c im e n to s p o ssu í
d e m a s ia d o a f a s ta d a s d o seu u s o v u lg a r e d o s. M a s e sta a c e p ç ã o e s tá h o je in te ir a
c o rre m o risco de c ria r c o n fu s õ e s . S e ria m e n te em d e su so .
m ais claro u tilizar su b sta n tiv a m e n te as ex Rad. int.: D o k trin .
p re ssõ e s o agradável e o desagradável.
D Ó X IC O V er Suplem ento.
D O U T R IN A D . Lehre\ E . Doctrine',
F . Doctrine ; I. Dottrina. D O X O L O G IA O u p ra tico lo g ia
A . S e n tid o p rim itiv o : e n sin o . “ H á (L e i b n i z , Discurso de metafísica, §
d u a s esp écies d e m é to d o s ; u m p a r a d e s X X V II); m a n e ira de fa la r q u e se a p lic a
c o b rir a v e rd a d e , q u e se c h a m a análise... à a p a r ê n c ia , à o p in iã o o u à p rá tic a .
277 D U A L IS M O
p a re c e m a p r e s e n ta r as c iên c ia s de ra c io d o n o seu c o n ju n to . E x .: “ A d u ra ç ã o de
c ín io e a s c iên c ia s de o b s e r v a ç ã o , e q u e u m ra c io c ín io ; u m a d u r a ç ã o d e 30 s e g u n
se p o d e a p r o x im a r d o s “ o u tr o s d u a lis d o s .” (A p a la v ra tempo utiliza-se ta m b é m
m o s: a ra z ã o e a e x p e riê n c ia , o id e a l e o n e s te s e n tid o a in d a q u e m e n o s c o r r e ta
re a l, o p o ssív el e o ser, o d ire ito e o f a to , m e n te : E x .: “ T e m p o de r e a ç ã o .” )
o e sp írito e a m a té r ia .” Ibid., p . 22. C f. B. BE 2 ; è ÃÇ o p õ e ig u a lm e n te a dura -
Realismo. ção a o tem po , s en d o a p rim e ira a p ró p r ia
B . D o u tr in a q u e , n u m d o m ín io d e te r c a r a c te rís tic a d a s u c e ssã o ta l c o m o e la é
m in a d o , n u m a d a d a q u e s tã o , q u a lq u e r im e d ia ta m e n te s e n tid a n a v id a d o e s p íri
q u e s e ja e la , a d m ite d o is p rin c íp io s essen to , “ d u ra ç ã o p u ra , d u ra ç ã o c o n c re ta , d u
c ialm en te irred u tív eis (ex .: D u a lism o m o ra ç ã o re a lm e n te v iv id a ” ; o s e g u n d o , a
ra l d a n a tu r e z a e d a g ra ç a , d a p a ix ã o e id é ia m a te m á tic a q u e fa z e m o s d e la p a ra
d a lib e rd a d e , d u a lis m o p s ic o ló g ic o d a ra c io c in a r e c o m u n ic a r co m o s n o sso s se
v o n ta d e e d o e n te n d im e n to , e tc .) m e lh a n te s , tr a d u z in d o - a e m im a g e n s es
C . M ais e sp e c ia lm e n te , M E I τ E .: A p a c ia is . Donées immed. de la conscien-
d o u tr in a q u e a d m ite d o is p rin c íp io s p r i ce, 74 e s.
m e iro s irre d u tív e is d a s c o isa s ( p o r ex em Rad. in t .: D u r, a d .
p lo a Id é ia o u o B em e a M a té ria em D Ú V ID A D . Zweifel·, E . D oubt\ F .
P Â τ I ã Ã , A h u r a - M a z d a e A n g ra -M a in iu D oute ; I. Dubbio.
n a D o u tr in a d o A v e s ta , e tc .). A . E s ta d o d e e sp írito q u e se c o lo c a a
Rad. int.\ D u a lism . q u e stã o de sab e r se u m a e n u n cia ç ão é v er
D U L IA V er Suplemento. d a d e ir a o u fa ls a , e q u e n ã o re s p o n d e a
e la a tu a lm e n te (s e ja p o r q u e n ã o c o n sig a ,
D U R A Ç Ã O D . Dauer, E . D uration ; s e ja p o r q u e n ã o q u e ira e x a m in a r o pró
F . Durée ; I. Durata. e o contra ; s e ja p o rq u e a d ia a re s p o s ta ,
A . P a r te f in ita d o T e m p o c o n s id e ra s e ja p o r q u e re n u n c ia a ela). S o b re as di-
S o b re D u ra ç ã o — “ O te m p o , q u e d is tin g u im o s d a d u ra ç ã o , to m a d a em g e ra l, e
q u e d iz em o s s e r o n ú m e ro d o m o v im e n to , é a p e n a s u m a c e r ta m a n e ira d e p e n s a r e sta
duração.” D es c a r t es , Princípios da filós., 1 ,5 7 . O te m p o é a m e d id a d a d u ra ç ã o “a in
d a q u e a q u ilo q u e c h a m a m o s a ssim n ã o se ja n a d a fo ra d a v e rd a d e ira d u r a ç ã o d a s c o i
sas além d e u m a m a n e ira d e p e n s a r”. C f. Es pin o s a , Cog. M elaph ., 1 ,4: De duratione
et tempore e Carta a Louis Meyer, X I I (o lim X X IX ). (L. Brunschvicg)
L E « ζ Ç« U o p õ e o te m p o à d u r a ç ã o c o m o o e s p a ç o à e x te n s ã o : a d u r a ç ã o é a o r
d e m d e s u c e ssã o e n tre p e rc e p ç õ e s re a is , c o m o a m a s s a e x te rn a é ens per aggregatio-
nem, sed ex unitatibus infinitis. O te m p o é, p e lo c o n tr á r io , u m continuum quod-
dam, sed ideale, n o q u a l p o d e m ser to m a d a s fractiones pro arbit rio. A g ên ese d a
n o ç ã o d e d u r a ç ã o e a d a n o ç ã o d e te m p o s ã o in v e rs a s : “ In a c tu a lib u s sim p lic ia s u n t
a n te r io r a a g g re g a tis ; in id e a lib u s to tu m est p riu s p a r t e . ” E d . G e r h a r d t, I I , p . 379.
(M . Blondel)
1. “ A fórmula aquilo q u e o senso com um da hum anidade aceita tornou-se nos nossos dias o primeiro
principio de uma pretensa filosofia nova a que os seus adeptos chamam filosofia eclética.”
2. S obre o fu n d a m en to d o sa b er filo só fic o .
3 Ensaio de resposta à questão: o q u e é que a m etafísica ganhou d ep o is d e L eibn iz e W otff!
E C O L A L IA 282
m o u m e c o ” as p a la v ra s q u e lh e d irig em d a p a la v r a , a tu d o o q u e é su scetív el d e
sem p a re c e r c o m p re e n d ê -la s . u tiliz a ç ã o .
T e rm o c ria d o p o r R ÃOζ E 2 ; , 1853
(Baldwin). CRÍTICA
A d e fin iç ã o c lá s s ic a , q u e d a ta d e J .-
“ E C O N O M IA D E P E N S A M E N
B . Sτ à , é e sta : C iê n c ia d as leis d a p r o
T O ” D . D enkoekonom ie, CEkonomie
d u ç ã o , d a d is trib u iç ã o e d o c o n s u m o d as
des Denkens (E. M τ T7 ); F . É conom iede riq u ezas. Q u a se to d o s os tra ta d o s d e eco
pensée. V er Parcimônia. n o m ia p o lítica lh e a crescen tam u m a q u a r
E C O N O M IA P O L Í T I C A D . Volks ta p a rte : a c irc u la ç ã o d a s riq u e z a s . M a s :
wirtschaftslehre; Nationalökonomie, CE- a) E s ta ú ltim a a d ju n ç ã o é inútil. A cir
konom ik, m a is u tiliz a d a s p elo s c o n te m c u laç ã o é u m caso p a rtic u la r d a d is trib u i
p o râ n e o s; a lg u m a s vezes ta m b é m Politis ç ã o , q ue p o d e ser c o n sid e ra d a q u e r n o seu
che CEkonomie ; E . Political economy, e s ta d o , q u e r n as su as m u d a n ç a s . É v e r
economics; F . Economie politique\ I. d a d e q u e a n o ç ã o d e troca d e s e m p e n h o u
Economia politica. u m p a p e l c a p ita l n a n o ç ã o h is tó ric a d o
C iê n c ia q u e te m p o r o b je to o c o n h e d o m ín io e d o o b je to d a ciên cia e c o n ô m i
c im e n to d o s fe n ô m e n o s , e (se a n a tu re z a ca. M as essa im p o r tâ n c ia é c a d a vez m ais
destes fe n ô m e n o s o c o m p o r ta , o q u e é c o n te s ta d a (S « O« τ Çá n ã o a crê ju s tif ic a
d iscu tív el) a d e te rm in a ç ã o d a s leis q u e d a ; em tro c a , L τ Çá2 à e Kτ 2 O« Ç to m a m
c o n cern em à d istrib u ição das riq u ezas, a s a s u a d e fe sa . V er m ais a d ia n te ).
sim c o m o à su a p r o d u ç ã o e a o seu c o n b) A produção e o consumo a p e n a s
s u m o , n a m e d id a em q u e estes fe n ô m e s ã o e c o n ô m ic o s e m p a r te . T o m a n d o -o s
n o s e stã o lig a d o s ao d a d is trib u iç ã o . n a s u a to ta lid a d e , im p lic a m u m g ra n d e
C h a m a m -s e riq u e z a s , n o s e n tid o té c n ic o n ú m e ro d e n o ç õ e s e s tr a n h a s à e c o n o m ia
e o fe n ô m e n o te c n o ló g ic o , n a d iv is ã o d o tr a b a lh o , e o u tr o s e x e m p lo s. A e c o n o m ia
p o lític a n ã o t r a t a d o s fe n ô m e n o s d e p r o d u ç ã o e d e c o n s u m o e n q u a n to e s tã o e m re la
ç ã o c o m a d is trib u iç ã o c o m o c a u s a e e fe ito : eia trata deles enquanto são econômicos.
E m q u e é e c o n ô m ic o u m fe n ô m e n o ? E m lu g a r d e d e fin ir e s ta c a r a c te r ís tic a a t r a
v és d a c o n s id e ra ç ã o d a s “ r iq u e z a s ” (te rm o c lássico n a tr a d iç ã o fr a n c e s a , m a s q u e
n ã o é o m e lh o r) p a re c e -m e p re fe rív e l se g u ir o s e c o n o m is ta s re c e n te s q u e to m a m c o
m o n o ç ã o c e n tr a l a id é ia d e s a tis fa ç ã o d a s n e c e ssid a d e s m a te ria is . P o r e x e m p lo G t-
D E , Principes d ’économ ie politique , p . 7 d a 5? e d iç ã o : “ A e c o n o m ia p o lític a te m
p o r o b je to a s re la ç õ e s d o s h o m e n s q u e v iv em em s o c ie d a d e , n a m e d id a em q u e essas
re la ç õ e s te n d e m p a r a a s a tis f a ç ã o d a s su a s n e c e ssid a d e s m a te ria is e ” , a c re s c e n ta G i-
DE (m a s este fim d e frase p o d e r ia s e r s u p rim id o , p o is a trib u i a n te c ip a d a m e n te à c o n
d u ta h u m a n a u m c a r á te r fin a lis ta q u e d e v e ria s e r e sta b e le c id o a posteriori), “ a o d e
se n v o lv im e n to d o seu b e m - e s ta r .” N ã o d ig o , a liá s, q u e ta l d e fin iç ã o m e p a re ç a te r
o c a r á te r e x a to d e u m a d e fin iç ã o d e s ta o r d e m , e ta lv e z se d e v a p r o c u r a r d e te r m in a r
u lte rio r m e n te o u tr a s c a ra c te rís tic a s . (F. Simiand)
b. A d m itim o s in te ira m e n te a p r im e ir a p a r te d e s ta d e fin iç ã o , m a s a d e fin iç ã o d a
riq u e z a n ã o n o s p a re c e a c e itá v e l. S e p o r utilização se e n te n d e , c o m o se fe z n a p r i
m e ir a re d a ç ã o d e s te a r tig o , “ a c u m u la ç ã o e c o n s u m o ” , p a re c e -n o s q u e a d e fin iç ã o
n ã o e stá c o m p le ta : 1?, e la o m ite o s o lo ; 2?, e la n ã o le v a e m c o n ta o s p ro d u to s de
u m g ê n e ro ú n ic o (o R e g e n te , a G io c o n d a , e tc .). O q u e n o s p a re c e c a ra c te rís tic o d e
u m a riq u e z a é a s u a p e rm u ta b ilid a d e . P r o p o m o s , p o is , d e fin ir a e c o n o m ia p o lític a
m a is o u m e n o s assim : “ C o n h e c im e n to d o s fe n ô m e n o s q u e se re la c io n a m c o m a dis-
285 E C O N O M IA P O L ÍT IC A
b e m d is p o r as d iv e rsas p a rte s d e u m t o c r a ta s , ta lv e z p o r in te rm é d io d e C o n d o r-
d o c o m v ista a u m fim c o n c e b id o p re v ia cet, q u e J .-B . Sτ à v ai b u s c a r a s u a d e fi
m e n te . F o r a m o s fis ió c ra ta s fran c e se s o s n iç ã o . A d e fin iç ã o d e J .-B . S a y , a d o ta d a
p rim e iro s a u tiliz a r e s ta e x p re ss ã o p a r a e m seg u id a p o r J a m e s M « Â Â e Mτ T C Z Â -
d e s ig n a r u m a c iê n c ia te ó ric a . F o r a m le LOCH, d is c íp u lo s d e R ic a r d o , to rn o u - s e
v a d o s a isso p ro v a v e lm e n te p e la s u a filo c lássica .
s o fia fin a lis ta . E les p e n sa v a m q u e a P r o N ã o é s u fic ie n te p a r a m e lh o ra r a ex
v id ê n c ia o u a N a tu r e z a d is p u n h a os fe p re s sã o s u b s titu í-la p o r u m o u tr o a d je ti
n ô m e n o s d o m u n d o e c o n ô m ic o c o m v is v o , o u p u ra e sim p lesm en te su p rim ir o a d
ta à h a rm o n ia d o s in teresses: a “ e c o n o je tiv o “ p o lític a ” . D ir-se-ia, p o r ex em p lo ,
m ia p o lític a ” p ro p u n h a -s e e s tu d a r a s re “ e c o n o m ia s o c ia l” ? H o je e sta e x p re ssão
laçõ es d e c a u s a lid a d e o u d e n e c e ssid a d e é c o rre n te m e n te u tiliz a d a n a F r a n ç a e n a
q u e e ra m a o m e sm o te m p o relaçõ es d e fi A le m a n h a p a r a d e sig n a r u m c o n ju n to
n a lid a d e o u d e h a r m o n ia . É a o s fis io c ra - b a s ta n te c o n fu s o d e c o n h e c im e n to s re la -
tr ib u iç à o d a s riq u e z a s . C h a m a -s e riq u e z a s a tu d o o q u e p o s su i u m v a lo r d e t r o c a .”
(O . Karmiri)
A s riq u e z a s s ã o c o isa s que podem ser objeto de trocas (p o u c o im p o r ta , a liá s , q u e
essas tr o c a s s e ja m o u n ã o p e rm itid a s p e la s leis). Sei m u ito b e m q u e e x iste u m a e c o
n o m ia d o h o m e m is o la d o , d e R o b in s o n . M a s e s ta e c o n o m ia o c u p a - s e d e R o b in s o n ,
n a m e d id a em q u e ele p r o c u r a a lim e n to s , r o u p a s , n ã o n a m e d id a e m q u e ele a d q u ire
a v irtu d e o u a s a ú d e , e o fu n d a m e n to d e s ta d is tin ç ã o e s tá n a id é ia d a troca q u e R o -
b in s o n p o d e ria fa z e r d o s seus a lim e n to s , d a s su a s r o u p a s se ele viesse a e n c o n tr a r
o u tro s h o m e n s. (A . Landry)
c. A s u b stitu iç ã o d a p a la v ra “ ciên cia” p e la p a la v ra “ c o n h e c im e n to ” p arece-m e d e
p lo rá v e l. C re io eu q u e é n itid a m e n te in e x a to c o n sid e ra r q u e a esco la dita h istó ric a n ã o
p en sa em c h eg a r a leis. (V er o p re fá c io d o 2? v o lu m e d o Grundriss d e S T OÃ Â Â 2 7 E em
q u e ele p ró p rio se o p õ e ta n to a o s h is to ria d o re s p u ro s c o m o a o s e c o n o m ista s o r to d o
x o s; e o c a p ítu lo m e to d o ló g ic o desse m e sm o m a n u a l, I, p p . 99-111.) Sem d ú v id a as
leis às q u a is os e c o n o m ista s c h e g a m , o u p o d e m c h e g a r, n ã o s ã o u n iv ersais n o sen tid o
d e q u e elas e x p re ssariam a v id a e c o n ô m ic a d e to d o s os te m p o s e d e to d o s o s p aíses;
s ã o leis d e e v o lu çã o e leis re la tiv a s, m a s tr a z e r a n o ç ã o d e e v o lu çã o n u m a m a té ria de
c iên cia e x p e rim e n ta l n ã o é re n u n c ia r à c iên cia d e ssa m a té ria ; p elo c o n trá rio . A d istin
ç ã o c o n fo rm e à d iv isã o real d o s e c o n o m ista s seria a n te s u m a d istin ç ão e n tre a te n d ê n
cia p a r a u m a ciên cia c o n c e p tu a l, id e o ló g ic a, p o r u m la d o , e a te n d ê n c ia p a r a u m a ciên
cia p o sitiv a , e x p erim en tal, p o r o u tr o . M as, d e re s to , é r a r o q u e a lg u m a d e sta s d u a s te n
d ên cias s e ja p u r a e s u s te n ta d a até o fim em q u a lq u e r d as escolas p a s s a d a s . (F. Simiand)
M esm as o b s e rv a ç õ e s d o p a d r e Ackerm ann.
Q u e a e c o n o m ia p o lític a se ja c ie n tífic a — p re te n s ã o m u ito le g ítim a — n ã o a t o r
n a u m a ciên cia: c f. a trá s n a s o b s e rv a ç õ e s s o b re Crematística o te x to de E . H alèv y
s o b re Sismondi. D e f a to , to d o s o s e c o n o m ista s c lássico s, p o s ta de p a r te a e c o n o m ia
p u r a , p e sa m c o n s ta n te m e n te a s v a n ta g e n s e o s in c o n v e n ie n te s . A d a m S m ith p r o c u r a
a s c a u sa s d a riq u e z a d a s n a ç õ e s , m a s d is c u te ta m b é m c a s o s d e o p o r tu n id a d e e c o n ô
m ic a d o s d ire ito s d e a lfâ n d e g a . O a d á g io “ L aissez fa ire , L a isse z p a s s e r ” e stá n o im
p e r a tiv o , n ã o n o in d ic a tiv o , e d e v e ria se r b a n id o d a e c o n o m ia p o lític a d e fin id a c o
m o c iên c ia . (M. Marsal)
A o b s e rv a ç ã o p re c e d e n te c h a m a m u ito ju s ta m e n te a a te n ç ã o p a r a a m is tu ra d a s
p ro p o s iç õ e s c o n s ta ta tiv a s e d as p ro p o s iç õ e s a x io ló g ic a s q u e se e n c o n tr a n a m a io r
E C O N Ô M IC A 286
a ra iz d a p a la v ra , m al e sc o lh id a , m as q u e v ro IV , c a p . X V II, § 3.
se fix o u p e lo u s o . M as a “ e c o n o m ia ” sig
n ific a o o b je to d a ciên cia e c o n ô m ic a , É C T I P O D . E ktyp; E . Ectype·, F .
m a is d o q u e s ig n ific a essa p r ó p r ia c iên Ectype; I. Ectipo.
cia, sig n ifica m a is Volkswirtschaft d o q u e O p õ e -se a A rquétipo, em p a rtic u la r
Volkswirtschaftslehre. O m e lh o r p a r tid o em B 2 3 Â à ; as c o isa s tais c o m o s ã o
E E E
K τ Ç o p õ e a u m e n te n d im e n to arquetípico, q u e r d iz e r, q u e p r o d u z ir ia ele m e s
I
s e r a s n o v a s g e ra ç õ e s , c o m o se p e n s a v a efeito , q u e r d iz e r de fa to . É a n tiq u a d o
v u lg a rm e n te no s é c u lo X V III ( H E Â â E - n e sta a c e p ç ã o .
I «Z è ; C Ã Çá Ã 2 T E I , e tc .) .
C RÍTIC A
E D U C Ç Ã O L . esco l. E ductio. A u tiliz a ç ã o p r ó p r ia d a p a la v r a p re s
A . LÓC. In feren cia* im e d ia ta* (ra ro ). s u p õ e q u e se tr a t a d e u m a causa eficaz*
B . A ç ã o p e la q u a l u rn a c a u sa eficien te o u eficiente *. A p lica-se m e n o s e x a ta m e n
q u e age s o b re u m a m a té ria fa z ai a p a re c e r te a u m a c a u s a o c a s io n a l o u a u m a c a u s a
u rn a fo rm a d e te rm in a d a . fin a l; n ã o é n u n c a c o rre la tiv o d a s id éias
“ A o p in iã o c o m u m fo i q u e as fo rm a s d e c a u s a m a te ria l o u f o r m a l.
e ra m tir a d a s d a p o te n c ia d a m a té ria , E m s e n tid o p r ó p r io , d e sig n a a q u ilo
a q u ilo a q u e se c h a m a educção\... e x p li- q u e a c o n te c e efetivam ente, o q u e é d a d o
c av a -se isso a tra v é s d a c o m p a r a ç ã o d as e de q u e o p e n sa m e n to tem p o r ta r e f a e n
fig u ra s , p o is a d e u m a e s tá tu a é p r o d u z i c o n tr a r a r a z ã o o u a e x p lic a ç ã o . “ D eveis
d a a p e n a s r e tir a n d o o m á r m o r e s u p é r ju lg á -lo c o m ig o ab effectu, p o r q u e D eu s
f l u o .” L « ζ Ç« U , Teodicéia, I, § 88. C f.
E e sc o lh e u e ste m u n d o ta l c o m o ele é . ”
§ 89. L « ζ Ç« U , Teodicéia, P rim e ira p a rte , § 10.
E
Rad. int.: E f e k t.
C R ÍT IC A
E F E R E N T E D . Centrifugai-, E . Effe-
T e rm o p o u c o u tiliz a d o , ta n to n o se n
renv, F . Efférenv, I. Efferente.
tid o A , c o m o n o s e n tid o B, m a s q u e n o s
D iz-se d o s n e rv o s q u e v ã o d o c e n tro
p areceu útil re te r em ra z ã o d o fa to d e c er
p a r a a p e r if e r ia , d a s a ç õ e s n e rv o sa s q u e
to s físico s c o n te m p o râ n e o s to m a re m a se p ro p a g a m n esses n e rv o s e, p o r e x te n
co n cep ção p e rip a té tic a da cau salid ad e em sã o , d o s fe n ô m e n o s p síq u ic o s q u e lhes es
o p o s iç ã o à c o n c e p ç ã o d a c a u s a c o n c e b i tã o lig a d o s . M a s d isc u te -se s o b re a q u e s
d a c o m o id e n tid a d e . V er Causa, C rític a . tã o d e s a b e r se to d o s os fe n ô m e n o s p sí
Rad. int.: E d u k c i. q u ic o s n ã o e s tã o lig a d o s a p ro c e sso s a f e
re n te s , q u e r d iz e r, in d o , p elo c o n tr á r io ,
E F E I T O D . tVirkung, E ffekt; E . Ef-
d a p e rife ria p a r a o c e n tro .
fect; F. Effet; I. E ffetto.
Rad. int.: E lp o r ta n t.
A . T o d o fe n ô m e n o e n q u a n to é c o n
c eb id o co m o p ro d u z id o p o r u rn a cau sa* . E F É T IC O G . ’EyjexTixds, q u e su sp e n
B . F a to real (n a o a p e n a s c o n c e b id o , de o seu ju íz o , d e èirtxuv; D . Ephektiker,
m a s a tu a liz a d o p o r u rn a c a u s a ). Com E . Ephectic, F . Éphectique; I. E ffettico.
J. Lachelier não acredita que a fórm ula citada de R e n o u v i e r traduza exatam ente
a ¿t t o xt ) dos cépticos. “ C ícero” , diz ele, “ d efin e form alm ente a ciroxr/ com o assen-
sionis retentio (Prim. A cadêm ., livro I I , cap. X V I I I , § 59). ’Eiroxjj é exatam ente re
produzida em Inhibido, que lhe dá o se n tid o .”
1. “ Para adotar uma distinção corrente nas obras dos metafísicos escoceses, c particularmente de Reid,
direi que as causas de que me ocupo aqui não são a$ causas eficazes, mas as causas físicas."
“ E G O -A L T R U ÍS T A ” 290
tr a n s f o r m a n d o - s e n e le p a rc ia lm e n te o u
raisonnement chez Venfant, p . 272.
to ta im e n te . V er Eficaz e Causa ( p a rtic u
N ã o se dev e, p o is , c o n fu n d ir, egocen
la rm e n te A e C rític a ).
trismo n em c o m e g o ís m o , n em co m
Rad. int. (n o s e n tid o a trá s d e fin id o ):
egotismo.
E fe k tig .
E G O ÍS M O D . A . D . Egoismus; B
“ E G O -A L T R U ÍS T A " E . Ego-
Seibstiiebe; C . Selbstsucht; E. A . B . D
altruistic (s e n tim e n to s), S ú Ç T 2 , Prin
E E
S o b re E g o ísm o — C o lo c a m o s o s e n tid o A à fr e n te d e to d o s o s o u tr o s c o m b a se
n a s o b s e rv a ç õ e s d e F Tònnies, q u e n o s tin h a fe ito n o ta r q u e o e g o ísm o “ p r á tic o ”
tir o u in ic ia lm e n te o seu n o m e d o e g o ísm o m e ta fís ic o . E s ta p a la v r a a p a re c e n a F r a n
ça co m u m s e n tid o m o ra l n a Enciclopédia. E m 1777 e ra a in d a c o n s id e ra d a c o m o
u m n e o lo g is m o ( D τ 2 O . , H τ U . e T Ã Oτ è ).
I 7
1. “ Os senhores de Port-Royal, mais eminentes do que ninguém na França pelo seu saber e humildade,
baniram inteiramente de todas as suas obras o emprego da primeira pessoa, que eles julgavam ser um efeito
da vaidade e da opinião elevada demais acerca de si mesmo. Para mostrar a sua particular aversão a esse
defeito, estigmatizaram essa maneira de escrever com a palavra e g o t i s m o , figura de retórica que não se en
contra nos tratados dos antigos.’’
E G O T IS T A 292
S o b re E la b o r a ç ã o (d o c o n h e c im e n to ) — T e rm o e c la ssific a ç ã o e v id e n te m e n te a r
tificia is m a s ú te is . S e ria b o m re s e rv a r e sta e x p re ss ã o p a r a as o p e ra ç õ e s re fle tid a s d o
p e n s a m e n to (a te n ç ã o , fo r m a ç ã o d o s c o n c e ito s , ju íz o , ra c io c ín io ). {Th. Ruyssen )
P o d e r-s e -ia ta lv e z d iz e r, p a r a ju s tif ic a r a u tiliz a ç ã o d e s ta p a la v r a e m p sic o lo g ia ,
q u e ela a p e n a s se p o d e a p lic a r a u m tr a b a lh o c o n sc ie n te e re fle tid o d o e s p írito e q u e
p o r c o n s e q u ê n c ia n ã o p re c o n c e b e n a d a c o n tr a a s m o d ific a ç õ e s q u e j á p u d e ra m s o
f r e r , em v irtu d e d o tr a b a lh o in c o n sc ie n te , o s d a d o s q u e se a p re s e n ta m c o m o sim p les
n a e la b o r a ç ã o p ro p r ia m e n te d ita . (J . Lachelier)
293 ELEM ENTO
ç õ e s n u m o u tr o siste m a e q u iv a le n te , q u e n o te m p o ; a p e n a s c o n v é m , p o is , a c e rta s
é u m a s u a c o n s e q ü ê n c ia , e d e o n d e d e s a fo r m a s d e p a n te ís m o . A p lic a-se p a r tic u
p a re ce ra m u m a o u m ais in c ó g n ita s d o p ri la rm e n te a o b ra m a n is m o , a o n e o p la to n is
m e iro . E m L ó g ic a a lg o rítm ic a , p ro c e ss o m o , à c a b a la , à filo s o fia d e E c k h a r t e d e
a n á lo g o , re la tiv o às q u e s tõ e s ló g ic a s. J a c o b B o h e m e , m a s s e r ia im p r ó p r io a o
BÃÃÂ E fa z ia c o n sis tir a d e d u ç ã o e m g e fa la r-s e d e e sp in o s is m o .
r a l (e o silo g ism o em p a r tic u la r ) n a eli F o i to m a d o a lg u m a s vezes n o s e n tid o
minação dos termos médios. m a is a m p lo d e to d a a p r o d u ç ã o d iv in a :
B . E m m e to d o lo g ia , p ro c e ss o d e in “ E m a n a tio in d i v in is d u p le x e s t, u n a ...
v e stig a ç ã o q u e c o n siste em c h e g a r à v e r g e n e ra d o , a lte ra p e r m o d u m v o lu n ta tis .”
d a d e a tra v é s d a n e g a ç ã o de to d a s as h i N ic o la u á E C Z è τ , e m Eucken, 197. D a
p ó te se s q u e o ra c io c ín io , o u a e x p e riê n m e s m a f o r m a e m LE « ζ Ç« U , Discurso de
c ia , n ã o p e rm ite m a d m itir. P o r e x em p lo metafísica , X IV (G e rh . IV , 439): “ D e u s
a Tabula exclusionis sive rejectionis de o s p r o d u z c o n tin u a m e n te p o r u m a e sp é
Bτ TÃÇ ( N o v . org., II, 18). V er M« Â Â , c ie d e e m a n a ç ã o c o m o n ó s p ro d u z im o s
Lógica , I I I , 8, § 3. T τ « ÇE , Intelligence, o s n o sso s p e n s a m e n to s .” M a s este u s o
II, 320. n ã o p a re c e te r d e ix a d o r a s tro s .
C . N o p ro cesso de seleção n a tu ra l, d e Rad. int.: E m a n a d .
sa p a riç ã o d o s seres n ã o a d a p ta d o s o u m e E M A N A C IO N IS M O o u E M A N A -
n o s a d a p ta d o s à s su as c o n d iç õ e s d e exis T IS M O D . Emanationslehre, Emanatis-
tê n c ia . mus\ E . Emanatism\ F . Émanationisme
Rad. int.: E lim in a d . o u émanatisme\ I. Emanatismo.
D o u tr in a d a e m a n a ç ã o * .
E M A N A Ç Ã O D . E m anation ; E .
Em anation; F . Emanation', I. Ema- “ E M E R G I R , E M E R G Ê N C IA , U M
nazione. E M E R G E N T E ” E . To emerge, emergen
P ro c e s so q u e c o n siste em q u e , s e g u n ce, an emergent ; F . Emerger, émergence·,
d o c ertas d o u trin a s , o s seres m ú ltip lo s q u e un émergent.
f o r m a m o m u n d o d e riv a m (emanam ) d o T e rm o s u tiliz a d o s h á a lg u n s a n o s em
ser u n o q u e é o seu p rin c íp io sem q u e h a fra n c ê s , a e x e m p lo d o s b ió lo g o s e d o s fi
ja d e s c o n tin u id a d e n e ste d e se n v o lv im e n ló so fo s in g leses e a m e ric a n o s , p a r a c a ra c
t o . Emanação o p õ e -s e a criação*. “ E f- te riz ar o fa to d e q u e u rn a c o isa sai de u rn a
flu x u s rei n a tu ra lis a c a u s a p ro c re a n te si- o u tr a sem q u e e s ta a p r o d u z a d a m e sm a
n e tr a n s m u ta tio n e .” MlGREL, em Euc- m a n e ira c o m q u e u m a c a u s a p r o d u z n e
ken, 197. E s te te rm o im p lic a a re a lid a d e c essariam en te u m efeito , e é su ficien te p a
d o d e v ir e a p r o d u ç ã o su cessiv a d o s seres r a fa z e r c o m p re e n d e r a a p a r iç ã o (S ).
S o b re “ Emergência” — S e g u n d o u m a in d ic a ç ã o d a d a p o r C . L Io y d M o rg a n a
S. A le x a n d e r, e s ta a c e p ç ã o d a p a la v r a e n c o n tr a - s e j á in c id e n ta lm e n te e m LE ç E è ,
Problems o f L ife and M in d , to m o I I , p . 4 1 2 (1874). S . A le x a n d e r, q u e m u ito c o n tr i
b u iu p a r a d iv u lg a r e s ta e x p re s s ã o , re m e te p a r a o ú ltim o c a p ítu lo d e L lo y d M o rg a n ,
Instinct and Experience, e p a r a o a rtig o d e ste : “ M in d a n d b o d y in th e ir re la tio n to
e a c h o th e r a n d to e x te rn a l th in g s ” , Scientia, 1915. E le p ró p r io a d e fin iu assim : “ T h e
e m e rg e n c e o f a n e w q u a lity fr o m a n y level o f e x isten ce m e a n s th a t, a t th a t lev el, th e
re c o m es in to b ein g a c e rta in c o n s te lla tio n o r c o llo c a tio n o f th e m o tio n s b e lo n g in g
to th a t lev el, a n d p o sse ssin g th e q u a lity a p p r o p r ia te to it; a n d th is c o llo c a tio n p o s
sesses a n e w q u a lity d is tin c tiv e o f th e h ig h e r c o m p le x . T h e q u a lity a n d th e c o n ste lla
tio n to w h ic h it b e lo n g s a re a t o n c e n e w , a n d e x p re ssib le without re sid u e in te rm s
o f th e p ro cess p ro p e r to th e level fro m w h ich th e y em erg e: ju s t as m in d is a new q u a lity
E M IN E N T E 296
I . “ A em ergência de um a nova qualidade a um certo nível dc existência significa que a c»sc nível vem
a ser um a certa constelação [no sentido alem ão: conjunto de posições c de m ovimentos] ou colocação de
m ovim entos que pertencem a esse nivel e possuem a qualidade que lhe é pró pria; e essa colocação possui
um a nova qualidade característica de um com plexo superior Essa qualidade e a constelação à qual pertence
são ao mesmo tem po qualquer coisa de novo e integralm ente exprimivel em term os de processos próprios
ao nível do qual emergem. É precisam ente desta m aneira que o espírito é um a nova qualidade distin ta da
vida, com os seus m étodos próprios e particulares de co m portam ento ... não p u ra m en te vital, mas tam bém
v ita l.”
297 EM OÇÃO
{
I em oção
E M P IR 1 A V er Suplemento.
E M P Í R I C O G . *EfiTei(K *os; D . E m -
pirisch; E . Empirical·, F . Empirique ; I.
te n d ê n c ia s j in c lin a ç õ e s
Empírico. S o b re a e tim o lo g ia , ver as o b
a f e tiv a s [ p a ix õ e s serv açõ es.
A e m o ç ã o a ssim e n te n d id a d ife re d a s
a fe cç õ es sim p les:
S o b re E m p íric o — R e d a ç ã o n o v a q u e s u b stitu i a a n tig a , c o n fo rm e as n o ta s de
Lachelier, Egger, Ruyssen, Hémon, Iwanowski e a s o b s e rv a ç õ e s d e Rauh, Brunsch·
vicg, Pécaulí. E s ta n o v a re d a ç ã o , in c lu in d o as p ro p o siç õ e s q u e a te rm in a m , foi a p r o
v a d a n a sessã o d e 8 d e ju n h o d e 1905:
Etimologia. H o u v e n o s sé c u lo s II e II I d a e r a c ris tã u m a e sc o la d e m é d ic o s q u e
se c h a m a ra m ¿ ¿n re iç ix o i, em o p o s iç ã o a o u tr o s c h a m a d o s Xoyntoi; é p ro v a v e lm e n te
a p rim e ira u tiliz a ç ã o té c n ic a d e s ta p a la v r a e é d a í q u e S ex tu s E m p iric u s tiro u o n o
m e. C f. S 7 Z è , Hipotiposes pirronianas, I, c a p . 34; e Adversas Lógicos, II, § 191,
E I
S o b re E m si — T o d a e s ta q u e s tã o e s tá , m e sm o d o p o n to d e v is ta h is tó ric o , re p le
ta de d ific u ld a d e s . P a re c e -m e q u e K τ Ç , p a r tic u la rm e n te n a d is c u s s ã o d as a n tin o
I
m ia s , se te n h a p re o c u p a d o m e n o s em o p o r as s u b s tâ n c ia s , n o s e n tid o v u lg a r d a p a la
v ra , ao s fe n ô m e n o s , d o q u e em o p o r a s c o isas d a d a s em si m e sm as (q u a is q u e r q u e
elas seja m ) às re p re s e n ta ç õ e s in d iv id u a is e a tu a is . É v e rd a d e q u e o seu p e n s a m e n to
é, s e g u n d o c re io , n o f u n d o , q u e o s fe n ô m e n o s a p e n a s podem ser a re p re s e n ta ç ã o
a tu a l de u m a s e n sib ilid a d e in d iv id u a l, d e m a n e ir a q u e n ã o h á m e io -te rm o p a r a ele
e n tre essas re p re s e n ta ç õ e s e o e x tra -sen sív e l a b s o lu to . M « Â Â n ã o vê q u e a v e rd a d e ira
q u e s tã o e s te ja e n tre o e s ta d o p re s e n te e u m o u tr o e s ta d o p o ssív el d a n o s s a sen sib ili
d a d e , m a s e n tre o c o n h e c im e n to sensív el em g e ra l e o d e sv a n e c im e n to de to d a a se n
s ib ilid a d e q u e f a r á d esv a n e ce r-se a o m e sm o te m p o tu d o o q u e c h a m a m o s fe n ô m e n o s
o u o b je to s q u a is q u e r. K τ Ç tr a n s f o r m o u t o d a e sta q u e s tã o , q u e e sta v a m al c o lo c a
I
d ass sie die ein zig m ö g lic h e A r t d e r A n s Em si o p o s to a para si*-, ver Su
c h a u u n g s e i ... A m E n d e a b e r ist d o c h d ie plem ento.
M ö g lic h k e it so lc h e r N oum enorum g a r
C RÍT IC A
n ic h t e in zu se h en u n d d e r U m fa n g a u sse r
d e r S p h ä re d e r E rsch ein u n g en ist (fü r uns) O sen tid o A e o sentido B, 1?, têm u m a
le er, d . i. w ir h a b e n ein en V e rs ta n d , d e r e stre ita re la ç ã o . C o m e fe ito , a ra z ã o o u o
sich p ro b le m a tis c h w e iter e rs tre c k t als j e e n te n d im e n to p u r o (p a rtic u la rm e n te n o s
ne; a b e r k ein e A n s c h a u u n g ... w o d u rc h c a rtesia n o s) é o q u e h á d e c o m u m e n tre os
u n s au sser d em F eld e d e r S in n lich k eit G e h o m e n s, e n q u a n to sensível é o q u e v a ria
g e n s tä n d e g eg eb en w e rd e n k ö n n e n .” 1 d e um h o m e m p a ra o u tro e, n o m esm o h o
m e m , d e u m m o m e n to p a ra o u tro .
K a n t , Crítica da razão p u ra , D a d is tin
O s e n tid o B, 3 ?, p a re c e ser o m ais
ção d e to d o s o s o b je to s em fe n ô m e n o s e
u su al n o s a u to re s c o n te m p o râ n e o s. P o d e-
em m ám en o s, A 2 5 4 /2 5 5 ; B 310.
se m e sm o s u s te n ta r q u e o s se n tid o s 1? e
3? In d e p e n d en te m e n te d e to d o c o n h e
2? se re d u z em a casos p a rtic u la re s d a q u e
c im e n to . “ In s o m e f u tu r e s ta te o f exis
le: s en d o u m a co isa o q u e ela é em si m es
te n c e it is c o n c e iv a b le t h a t w e m a y k n o w
m a , in d e p e n d e n te m e n te d e s u a re la ç ã o
m o re , a n d m o re m a y be k n o w n b y in te l
c o m q u a lq u e r o u tr a c o is a e, p o r co n se-
lig en ces s u p e r io r to u s ... B u t all th is a d
q ü ê n c ia , c o m to d o c o n h e c im e n to , a c o n
d itio n a l k n o w le d g e w o u ld b e , lik e th a t te c e , to d a v ia , q u e , p o r u m a esp écie de
w h ic h we n o w p o sse ss, m e re ly p h e n o m e h a r m o n ia , a n a tu re z a d e ssa c o isa é fiel-
n a l. W e s h o u ld n o t an y m o re th a n a t p r e m e n te re p ro d u z id a pelo e n te n d im e n to o u
s e n t k n o w th in g s a s th e y a re in themsel p o d e ria ser re p ro d u z id a p o r q u a lq u e r o u
ves, b u t m e re ly a n in c re a s e d n u m b e r o f tr a fa c u ld a d e q u e a c id e n ta lm e n te n o s fa l
re la tio n s b e tw ee n th e m a n d u s .” 12 J . S. te . E s ta p o s s ib ilid a d e d e c o n h e c im e n to
M i l Examination o f Sir W. H am il
l , n ã o a c re s c e n ta o u n ã o tir a n a d a a o q u e
to n ’s Philosophy, c a p . II, § 10. é essa n a tu r e z a em si. M a s , p o r o u tr o la
d o , é o b s c u r o e talv ez m esm o c o n tr a d i
tó r io p e n s a r q u a lq u e r c o isa c o m o in d e
1. " O conceito de um núm eno (quer dizer, de p e n d e n te d o p e n s a m e n to em g e ra l. T a l
um a coisa que não seria de modo algum objeto dos
vez m e sm o este ú ltim o s e n tid o a p e n a s se
sentidos, mas que deve ser pensada com o uma coisa
em si m esm a) não é contraditório: porque não se po te n h a e sta b e le c id o p o r u m a p a ssa g e m ao
de pretender que a faculdade de experim entar sensa lim ite (cu ja legitim id ade é co n testáv el), le
ções seja o único m odo possível de intuição,.. Mas v a n d o a té o a b so lu to a d istin ção usual e n
definitivam ente não possuímos qualquer meio para tre o ilu s ó rio e o re a l; e sta tra n s p o s iç ã o
penetrar a natureza desses N úm en os possíveis, e tu
p o d e , a liá s, te r sid o fa c ilita d a p e la r e la
do o que rodeia a esfera dos fenôm enos é (para nós)
vazio; dito de o utra form a, temos um entendim ento ção q ue assin alam o s a trá s en tre A e B, 1?.
que problem áticam ente se estende para além desta C a b e , p o is, c o n s id e ra r e s ta e x p re ssã o c o
esfera, m as nenhum a intuiç ão... pela qual os obje m o s u s p e ita e n ã o a u s a r sem u m a c rític a
tos nos possam ser dados fo ra do cam po do conhe
p ré v ia d a q u ilo a q u e e la se a p lic a .
cim ento sensível.”
2. “ Em algum estado futuro de existência é con Rad. int.\ E n s u (em si); e n su a j (c o isa
cebível que possam os conhecer mais; e para inteli em si).
gências superiores às nossas esse conhecim ento pode
“ E N A N T I O S E ” V e r Suplemento.
ser m ais extenso... M as todo esse conhecim ento adi
cional seria, com o aquele que possuím os agora, pu E N D O F A S IA D . Endophasie; E . En-
ramente fenomenal. N ão poderiam os, tal como agora
não podemos, conhecer as coisas tais com o elas são
dophasy; F . Endophasie; I. Endofasia.
em si mesmas', conhecemos apenas um m aior núm e S u c e ssã o d a s im a g e n s v e rb a is q u e
ro de relações entre essas coisas e nós.” a c o m p a n h a m o e x ercício e s p o n tâ n e o d o
S o b re E n e r g i a — E s te te rm o fo i c ria d o p o r T h o m a s Y Ã Z Ç ; , s e g u n d o R τ Ç 3 « Ç , E
S o b r e a g e n e r a l i z a ç ã o d o s e n t i d o d e s t e t e r m o v e r O è ç τ Â á , Die Energie, 1 9 0 8 .
I
E N E R G IA E S P E C ÍF IC A D O S S E N T ID O S 304
H Â O ÃÂ U
E 7 I ) ÃZ persistência da força ric o s o u d o s c e n tro s . C o n v é m , p o is , evi
(v er H . S ú ÇT 2 , Primeiros princípios,
E E t a r a e x p re ss ã o , fr e q u e n te m e n te u s a d a ,
c a p . V I, em q u e ele d á a rg u m e n to s c o n energia específica dos nervos, q u e é im
tr a a u tiliz a ç ã o d a s p a la v r a s conservação p ró p r ia .
e energia n e sta e x p re ss ã o ). M a s estas ex Rad. int.: S p e c ifik en erg i.
p re ssõ e s s ã o im p r ó p ria s d e v id o a o u so
q u e , a liá s , é fe ito d o te r m o Força* e , d e E N G A J A M E N T O V er Comprome
re sto , elas e stã o h o je q u a se c o m p le ta m e n tim ento.
te a b a n d o n a d a s .
E N G L O B A N T E V er Suplemento.
Degradação da energia , v er De
gradação. “ E N G R A M A ” F . “ Engramme ” , te r
Rad. int.: E n e rg i. m o c ria d o p o r R . S O Ã Ç , Die Mneme*
E
(1904), p a r a d e s ig n a r a m o d if ic a ç ã o d o
E N E R G IA E S P E C ÍF IC A D O S S E N
sistem a n e rv o so c o rre sp o n d e n te à fix ação
T ID O S D . Spezifische Sinnesenergie; E .
de u m a re c o rd a ç ã o . A e v o ca ç ão d e sta , n a
Specific energy; F . Énergie spécifique; I.
m e sm a te rm in o lo g ia , é c h a m a d a ecforia.
Energia specifica.
E stes te rm o s n ã o e n tr a r a m n o u so
E x p ressão u tiliz a d a p ela m a io r p a rte
c o rre n te .
d o s p sicó lo g o s c o n te m p o râ n e o s p a ra d e
sig n ar esta tese d e J o h a n n M ü Â Â E 2 : “ A
E N L E V O L . Raptus; D . Entzückung;
sensação é a tran sm issão à consciência n ão E . Raptare', F . Ravissement.
de u m a qu alid ad e, o u de u m e sta d o de c o r A . P r o p r ia m e n te , n a lin g u a g e m d a
p o s ex terio re s, m a s d e u m a q u a lid a d e o u m ística, e s ta d o s u p e rio r a o êx tase*, e q u e
d e u m e sta d o d o s n o sso s n e rv o s, e sta d o se c o n s id e ra o c o rre r a p e n a s em c aso s r a
a c a rre ta d o p o r u m a c au sa e x te r io r.” M a ro s. (S ã o P τ Z Â Ã , S a n ta T 2 è τ , etc.
E E
S o b re E n te d e ra z ã o — P o d e -s e e n c o n tr a r em D e sc a rte s a s e g u in te p a ssa g e m :
“ T a m b é m n ã o m e p a re c e q u e v ó s p o ssa is p ro v a r a lg o c o n tra m im a o d iz e r q u e ‘a
id é ia de D e u s q u e e s tá e m n ó s é a p e n a s u m e n te de r a z ã o ’ , p o r q u e isso só s e ria v e r
d a d e se p o r ente de razão se e n ten d e sse u m a c o isa q u e n ã o e x iste, m a s se to d a s
305 E N T E L É Q U IA
s e n tid o , to d a s a s id éias a b s tr a ta s e g erais rig in d o liv rem en te, seg u n d o as o b rig açõ es
fo ra m a lg u m as vezes c h a m a d a s “ entes d e m ú tu a s e c o n fo rm e m e n te a o c o m u m
ra z ã o ” ; m as este te rm o e m p reg a-se so b re a c o r d o d o s e n te s de r a z ã o .” R e n o u v i e r
tu d o n u m s e n tid o p e jo r a tiv o , p a r a in s is e P r a t , N ova monadologia, X C V . E s ta
tir s o b re o c a r á te r v e rb a l o u ir r e a l d a q u i e x p re ss ã o j á n ã o é u tiliz a d a ; c o n tu d o , é
lo q u e a ssim é c h a m a d o . V e r Ser*, C, e c o n fo rm e à a n a lo g ia d e ex p re ssõ es m u i
a C rític a d e s ta n o ç ã o n o te x to c ita d o d e to c o rre n te s n a lite ra tu ra c o n te m p o râ n e a :
E s p in o s a ; Razão*, A ; e Entidade*. C f . “ U m e n te d e d e se jo ; u m e n te d e in s tin
B o s s u e t , Lógica, I , c a p . X I I I ; “ S o b re t o ” , e tc . C f . ta m b é m a e x p re s s ã o “ id a
a q u ilo a q u e se c h a m a e n te d e ra z ã o e q u e de d a ra z ã o ” .
id é ia se te m d e t a l . ”
E N T E L É Q U IÀ G . Έ ν τ € λ €χ « α ; L .
B . P a r a C o u r n o t , p e lo c o n tr á r io , a
esco l. Entelechia, Endelechia, id e n tific a
v e rd a d e ir a c rític a filo só fic a d a s c iên cias d a fr e q ü e n te m e n te c o m A ctu s e Forma;
c o n sis te “ e m f a z e r, ta n to q u a n to p o s s í D . Entelechia ; E . Entelechy ; F . Entélé-
v e l, a d is tin ç ã o e n tr e a s e n tid a d e s a r tif i chie; I. Entelechia.
c iais q u e c o n s titu e m a p e n a s sig n o s ló g i T e rm o c ria d o p o r A r i s t ó t e l e s . V em
c o s e a s e n tid a d e s f u n d a d a s s o b re a n a d e tvrekm e d e extiv, “ e é p o r isso q u e
tu r e z a e a ra z ã o d a s c o isa s, os v e rd a d e i o c é le b re H e rm o la u s B a r b a r u s o e x p re s
ro s entes de razão, p a r a e m p re g a r u m a so u em la tim , à le tra , p o r perfectihabia " .
e x p re ss ã o v u lg a r, m a s c o m u m s e n tid o L e i b n i z , Teodicéia, I, § 8 7 . D esig n a; 1?,
v e rd a d e iro e p r o f u n d o q u a n d o c o r r e ta o a to c o n c lu íd o em o p o s iç ã o a o a to q u e
m e n te e n te n d id o ” . Ensaio sobre os fu n e s tá se r e a liz a n d o , e a p e rfe iç ã o q u e re
damentos dos nossos conhecimentos, c a p . s u lta d e s ta c o m p le tu d e ( c f . o se n tid o la u
X I, § 159. E s ta a c e p ç ã o r e p o u s a s o b re a d a tiv o d a s p a la v ra s c o m p le tu d e , a c a b a
d is tin ç ã o q u e o a u to r e sta b e lec e u e n tre a d o ): “ Έ ν ί ρ γ ί t a . . . avvTCÍvcí ι τ ρ ό ί τ η ν eV
“ ló g ic a ” e a “ r a z ã o ” . Ibid., c a p . I I , p a r reX exeiav.” Metafísica, I X , 8 , 1050»; 2 ? ,
tic u la rm e n te § 16-17. M as n ã o e n tr o u n a a fo r m a (eláos) o u a r a z ã o (λ ο γ ο ϊ ) q u e
lin g u a g e m u s u a l, e ele p r ó p r io p a re c e d e te rm in a a a tu a liz a ç ã o d e u m a p o tê n c ia :
serv ir-se d e la d e u m a f o r m a a p e n a s a c i “ Ή μ ε ν ν \η δ ύ ν α μ ή , τ ο δ ’ε ΐ δ ο τ eV rcX é-
d e n ta l. X íior.” Da alma , II, 2, 414*. “ ” E r t τ ο ν
C . N u m s e n tid o c o m p le ta m e n te d ife ô u m jiÉ L Ã V I Ã è X Ã â Ã è η tvτ eKtχ ζ ta.,,
re n te , en te de r a z ã o fo i r e to m a d a p o r Ibid ., I I , 4 , 4 1 5 b. E a ss im q u e a a lm a é
R e n o u v i e r n o s e n tid o d e ente g o v e rn a “ cvTtKexeta 1} πρ ώ τ η σ ώ μ ο ι τ os φ υ σ ι κ ο ύ
d o p e la ra z ã o . “ E le (o a lie n a d o ) p o d e δ υ ν ά μ ξ ΐ ζ ω ή ν €*χ ο ί »τ ο ί ” . Ibid., I I , 1,
p a s s a r p o r irresp o n sáv e l, c o m o n ã o se d i 412a. V er A to , D , e n o ta d e J. Lachelier.
a s o p e ra ç õ e s d o e n te n d im e n to fo re m to m a d a s c o m o entes de razão, q u e r d iz e r, c o
m o seres q u e p a r te m d a r a z ã o ; n e ste s e n tid o , to d o e ste m u n d o p o d e ta m b é m s e r c h a
m a d o u m e n te d e r a z ã o d iv in a , q u e r d iz e r, u m s e r c ria d o p o r u m sim p le s a to d o e n
te n d im e n to d iv in o .” Resposta às segundas objeções, § 10.
S o b r e E n te lé q u ia — L e ib n iz a b u s o u u m p o u c o d a p a la v r a enteléquia. D e re s to ,
é p re c is o n o ta r , n o § c ita d o d a Teodicéia, q u e e s ta p a la v r a te m em A ris tó te le s d o is
s e n tid o s e q u e a q u e le q u e L e ib n iz vai b u s c a r é o d e a to p e rm a n e n te (a ί ν τ Α έ χ α α
πρ ώ τ η , q u e , n o f u n d o , é a p e n a s u m a p o tê n c ia p ró x im a , c o m o o f a to d e te r o lh o s
c a p a z e s d e v e r, e n q u a n to o v e rd a d e iro ato d a v is ã o é ver is to o u a q u ilo ) . C re io q u e
A ris tó te le s n ã o te r ia a d m itid o q u e a fVreXexc«*, m e s m o ρπ ώ τ η , fo sse p rin c íp io d e
e s fo rç o e q u e lh e re s ta s s e u m e s fo rç o a f a z e r. N o f u n d o , a e n te lé q u ia d e L e ib n iz e s tá
n o te m p o e n q u a n to q u e a d e A ris tó te le s e s tá a c im a d e le . (7. Lachelier )
E N T E N D IM E N T O 306
E s ta e x p re s s ã o fo i r e to m a d a p o r Especialmente:
L « ζ Ç« U , q u e a a p lic a à M ô n a d a . “ M o s
E B . A fa c u ld a d e d e c o m p re e n d e r* , em
trei em o u tr a p a r te q u e a n o ç ã o de E n te - o p o siç ã o à s sen saçõ es: “ N o m eu p a re c e r,
lé q u ia n ã o é in te ira m e n te d e d e s p re z a r e o e n te n d im e n to c o rre sp o n d e à q u ilo q u e os
q u e , se n d o p e rm a n e n te , e la tr a z c o n sig o la tin o s c h a m a m intellectus, e o ex ercício
n ã o só u m a sim p le s fa c u ld a d e a tiv a , m a s d e s ta fa c u ld a d e c h a m a -se intelecção, q u e
ta m b é m a q u ilo q u e se p o d e c h a m a r f o r é u m a p e rc e p ç ã o d is tin ta , u n id a à fa c u l
ç a , e s f o r ç o , conatus , c u ja p r ó p r ia a ç ã o d a d e d e re fle tir, q u e n ã o ex iste n o s a n i
deve p ro sse g u ir, se n a d a a im p e d e .” Teo-
m a is .” L « ζ Ç« U , N ovos ensaios, II, 21, §
E
dicéia , I, § 8 7 . “ P o d e r-s e -ia d a r o n o m e
5. “ P o r e sta p a la v ra , e n te n d im e n to p u ro ,
d e E n te lé q u ia a to d a s a s su b stâ n c ia s sim
a p en a s p re te n d e m o s d e sig n a r a fa c u ld a d e
ples o u m ô n a d a s c ria d a s , p o is elas têm em
q u e tem o e sp írito de c o n h e c e r os o b je to s
si c e r ta p e rfe iç ã o (¿'xouai I ò tvTthts)', h á
de fo r a , sem fo r m a r deles im ag en s c o rp o
u m a s u fic iê n c ia (otvTáQxeia) q u e a s t o r
n a fo n te d a s su as açõ es in te rn a s e, p o r as rais n o c é re b ro p a ra o s re p re s e n ta r.” M τ -
sim d iz e r, a u tô m a to s in c o r p o r a is .” M o - Â ζ 2 τ ÇT
E 7 E , Recherche de la verité, livro
nadologta, § 18. C f. ibid., § 48, 62, 63, III: “ D o e n te n d im e n to o u d o esp írito p u
6 6 , 7 0 , 74. r o ” , c a p . I, § 3. “ C h a m a -se sen tid o o u
Rad. int.: E n te le k i (Boirac). im a g in a ç ã o a o esp írito q u a n d o o seu c o r
p o é cau sa n a tu ra l o u o c a sio n a l d o s seus
E N T E N D IM E N T O D . Verstand ; E . pen sam en to s; e cham a-se-lhe enten d im en to
Understanding ; F . Entendement·, I. Intel- q u a n d o ele ag e p o r si m e sm o , o u m e lh o r,
leto, intendimento. q u a n d o D eus age n ele.” fbid., livro V , 1 , 1.
A . F a c u ld a d e de c o m p re e n d e r* , n o
C . E m o p o s iç ã o , p o r u m la d o , à se n
sen tid o m ais geral d e sta p a la v ra : “ T h e p o
sa ç ã o e, p o r o u tr o , à r a z ã o (Vernunft):
w er o f th in k in g is called th e U n d e rsta n d in g
a) N o s en tid o k a n tia n o , o e n ten d im en
a n d th e p o w e r o f v o litio n is c a lle d th e
to é a f u n ç ã o d o e s p ír ito q u e c o n sis te e m
W ill.” 1 L o c k e , Essays, liv ro I I , c a p . V I.
lig a r a s se n sa çõ e s e m séries e e m siste m a s
c o e re n te s p o r in te rm é d io d a s c a te g o ria s* .
1. “ O poder de pensar chama-se Entendim ento e M as “ a n o s s a fa c u ld a d e d e c o n h e c e r ex
o poder de querer chama-se V ontade.” p e r im e n ta u m a n e c e s sid a d e m u ito m a is
p o r o s fe n ô m e n o s s e g u n d o a s u a u n id a Ç E 2 Vernunft). D a í re s u lta q u e o e n
, Vo
d e sin tética p a ra p o d e r lê-los e n q u a n to ex te n d im e n to é e ss e n c ia lm e n te o c o n ju n to
p e riê n c ia ” e é a e s ta n e ce ssid a d e q u e c o r d a s o p e ra ç õ e s d is c u rsiv a s d o e sp írito :
re s p o n d e a r a z ã o {Critica da razão pura, co n ceb er, ju lg a r , ra c io c in a r. “ Understan
D ia l. tra n s e - , 1 , 1 , V o n d e n Id e e n ü b e r ding is d iscu rsiv e a n d h en ce b ased o n p re
h a u p t, A 314; B 371). O e n te n d im e n to é m ises a n d h y p o th e se s , th e m se lv e s n o t
a “ fa c u ld a d e d as re g ra s” ; a ra z ã o é a “ fa s u b je c te d t o re fle x io n , w h ile ... Reason
c u ld a d e d o s p rin c íp io s ” , q u e r d iz er, a a p p re h e n d s in o n e im m e d ia te a ct th e w h o
a firm a ç ã o d e q u e e x iste p a r a to d o c o le sy ste m , b o th p re m ises a n d in fe re n c e ,
n h e c im e n to c o n d ic io n a l u m e le m e n to in a n d th u s h a s c o m p le te o r u n c o n d itio n e d
c o n d ic io n a l d e q u e ele d e p e n d e , e o e s v a lid ity .” 2 B τ Â á ç « Ç , V Ã 7 2 5 b . O e n te n
f o r ç o p a r a d e te r m in a r esse e le m e n to d im e n to c o rre s p o n d e a ssim à δ ι ά ν ο ι α , a
(ibid., D ia le c t. tr a n s e ., in tr o d u ç ã o , I I , § ra z ã o à ν ό η ο ι ς d e P la tã o .
A , B , C ). “ A lle u n s e re E r k e n n tn is s h e b t
C R ÍT IC A
von d e n S in n en a n , g eh t v o n d a z u m V ers
tä n d e , u n d e n d ig t bei d e r V e r n u n f t.” 1 E ste ú ltim o u so p arece-n o s a tu alm en te
Ibid., § A . o m ais d iv u lg a d o e o m e lh o r a c o n se rv a r,
b) N o s e n tid o d e S T Ã ú Ç τ Z 2 , Ã
7 E 7 E n a m e d id a e m q u e c o rre s p o n d e à d is tin
e n te n d im e n to é a f a c u ld a d e d e lig a r e n ç ã o m u ito ú til q u e e x iste (p e lo m e n o s n o
tr e si a s re p re s e n ta ç õ e s in tu itiv a s c o n e s ta d o a tu a l d o s n o sso s c o n h e c im e n to s )
fo rm e m e n te a o p rin c íp io de ra z ã o s u fi e n tre as fo rm a s in tu itiv a s e as fo rm a s d is
c ien te; a ra z ã o é a fa c u ld a d e d e f o r m a r c u rsiv a s d o p e n s a m e n to .
c o n c e ito s a b s tr a to s e d e o s c o m b in a r em Rad. int.: In te le k t (Boirac).
ju íz o s e em ra c io c ín io s (Die Welt, I, § 4
e 8). E N T I D A D E L . e sc o l. Entitas ; D . A ,
c) M a s , p o r o u tr o la d o , a d is tin ç ã o Wesenheit ; B . C . Entität, a lg u m a s vezes
k a n tia n a d e u o rig e m a u m u s o d ife re n te . Seiendes; E . E ntity, F . Entité; I. Entità.
E le c o n sis te e m a tr ib u ir à ra z ã o o c o n h e
c im e n to d o e te rn o e d o a b s o lu to , e n q u a n
2. “ O entendimento é discursivo e tom a assim
to q u e o e n te n d im e n to se e x e rc e s o b re o
p o r p onto de p artid a premissas e hipóteses que não
são elas m esm as subm etidas à reflexão, enquanto a
Razão capta com um único a to im ediato um sistem a
I. “ T odo nosso conhecim ento com eça com os integral que com preende ao m esm o tem po as premis
sentidos, daí passa ao entendim ento e acaba na ra sas e a inferência, de m aneira que ela tem um a vali
z ã o .” dad e com pleta ou in co ndicional.”
n ã o p o r u m a c o m u n id a d e d e s u b s tâ n c ia o u d e e ssê n c ia , m a s p e la id é ia d e u m a “ s o li
d a rie d a d e d a s cau sa s q u e as p r o d u z ir a m ” . U m a e n tid a d e é racional o u natural q u a n d o
c o n s titu i u m g r u p o d e o b je to s c u ja s s e m e lh a n ç a s n â o sã o f o r tu ita s , m a s re s u lta m
d e u m a m e s m a c a u s a o u d e u m a m e sm a esp écie d e c a u s a s. (D. Parodi)
“ Έ ά ι> μ ξ ν ο ϋ ν η μ ί α λ ε χ θ ή κ ρ ό τ α σ ι τ σ η μ ε ϊο ν y tv tr a i μ ο ν ο ν , ¿ ctv Òè χ α ι . η ¿τ έ ρ α
■ πρ ο σ Κ η φ θ η , e sb o ç o d o s e n tid o e sco lástico . (A. L .)
σ υ λ λ ο γ ι σ μ ο ί ” (70a5), q u e p a re c e ο
V e r a e x p o siç ã o d o s d ife re n te s s e n tid o s d a p a la v r a em Q Z « Ç « Â « τ ÇÃ , InstituiçãoI
S o b re E n u m e ra ç ã o — E n u m e r a ç ã o e m D e s c a r t e s te m d o is s e n tid o s : 1?, o p e r a
ç ã o q u e c o n siste em e sta b e le c e r a c o n tin u id a d e e n tre o s p rim e iro s p rin c íp io s e as c o n
se q u ê n c ia s ; 2?, o p e r a ç ã o q u e c o n sis te em p a s s a r e m re v is ta to d o s o s e le m e n to s s im
p le s , o u to d a s a s p ro p r ie d a d e s irr e d u tív e is , n a s q u a is se d e c o m p õ e m u m to d o c o m
p le x o . V e r Regulae, V I I , e Discurso do m étodo, I I , R e g ra IV ; p a r tic u la r m e n te , a
a d iç ã o fe ita n a tr a d u ç ã o la tin a : “ T u m in q u a r e n d is m e d iis tu m in d if f ic u lta tu m p a r-
tib u s p e r c u r r e n d is .” (F. R auh — A . L .)
E P I F E N Ó M E N O D . Belgleiterschei- E P IM Ê N ID E S N o m e d a d o , n u m a
nung; E . Epiphenomenorr, F . Épiphéno- d a ta q u e n ã o p u d e m o s d e te rm in a r, a u m a
mène; I. E pifenóm eno. v a ria n te d o s o fis m a O M entiroso*: “Epi -
D e m a n e ir a g e ra l, fe n ô m e n o a ce ssó mênides, o C re te n s e , d iz q u e os c re te n
rio c u ja p re sen ç a o u a u sê n c ia n ã o im p o rta ses m e n te m s e m p re ; o r a , ele é c re te n s e ,
n a p r o d u ç ã o d o fe n ô m e n o e ssen cial q u e lo g o e le m e n te . L o g o , o s c re te n se s n ã o
se c o n s id e ra : p o r e x e m p lo , o b a r u lh o o u s ã o m e n tiro s o s . M a s , se o s c re te n se s n ã o
a tre p id a ç ã o d e u m m o to r . C h a m a -s e es s ã o m e n tiro s o s , E p im ê n id e s diz a v e r d a
p e c ia lm e n te te o ria d a consciência epife d e , e tc .”
nóm eno à q u e la q u e s u s te n ta q u e a c o n s E s te te rm o é u tiliz a d o a lg u m a s vezes
ciência está neste caso em re lação aos p ro n o s n o sso s d ia s n u m s e n tid o m ais g eral
cesso s n e rv o s o s, q u e e la é “ tã o in c a p a z p a r a d e s ig n a r o a rg u m e n to d o M entiro
de re a g ir s o b re eles q u a n to a s o m b r a s o so m e sm o n a s u a f o r m a p rim itiv a e sem
re fe rê n c ia a o a d á g io d e E p im ê n id e s . V er
b re os p a ss o s d o v i a j a n t e '1 (M a u d s l e y ,
p o r e x e m p lo B r u n s c h v i c g , A s etapas
C l i f f o r d , H u x l e y , H o d g s o n , etc.).
da filosofia matemática , c a p . X IX , § 252.
V e r R i b o t , Máladies de la personalité,
in tr o d u ç ã o , e Maladies de la mémoire , CRÍTICA
c a p . I, 1.
A ris tó te le s , q u e fa la em v á ria s p a s s a
Rad. int.i E p ife n o m e n . gens d e E p im ê n id e s , o C re te n s e , n ã o a s
E P I G Ê N E S E D . Epigenese; E . Epi so cia em n e n h u m a p a r te o seu n o m e a o
génesis; F . Épigénése; I. Epigenesi. a rg u m e n to d o M e n tiro so . O m esm o a c o n
Se se a d m itir q u e a s d ife re n c ia ç õ e s* tece c o m o s seu s c o m e n ta d o r e s , p e lo m e
n o s d o n o sso c o n h ec im e n to . P o r o u tr o la
de ó rg ã o s e de c a r a c te rís tic a s q u e a p a r e
d o , esse a rg u m e n to , so b a fo rm a m e n c io
cem n o d e c u rs o d o d e se n v o lv im e n to d o s
n a d a a trá s (e ele tem v a ria n te s a in d a m ais
seres e, p a r tic u la r m e n te , n o d e c u rs o d a
fra c a s ) te m to d o o je ito d e u m a b r in c a
s u a e m b rio g e n ia , se c o n stitu e m p o r g ra u s
d e ira d e e stu d a n te , p o is n ã o tem q u a lq u e r
e n ã o p re e x is tia m j á f o r m a d a s n o g e rm e ,
rig o r ló g ic o . E le d e v e ria c o n c lu ir a p e n a s :
d iz-se q u e e x iste epigenese; n o c a so c o n
“ L o g o , é fa ls o q u e o s c re te n se s m in ta m
tr á r io , d iz -se q u e h á pré-formação { an ti
s e m p r e ” , o q u e d e ix a in d e te r m in a d o se
g a m e n te evolução). (E s ta p ré -fo r m a ç ã o
n este c a s o E p im ên id e s fa lo u a v e rd a d e o u
p o d e ser o u a b s o lu ta , n o s e n tid o d e q u e m e n tiu , e o ra c io c ín io p á r a aí.
o s ó rg ã o s p re e x iste m ta is q u a is , m a s em O a d á g io K g j j T í s oeei ipeüorcu, e tc . é
e s ta d o d e r e d u ç ã o p ro d ig io s a m e n te p e u m v e rs o p ro v e rb ia l d e E p im ê n id e s re ti
q u e n a ; é a a n tig a te o r ia d o encaixe dos r a d o p ro v a v e lm e n te d a in tr o d u ç ã o d a s u a
germes ; o u re la tiv a , n o s e n tid o d e q u e o s Teogonia. É c ita d o p o r S. P a u lo , Epís
ó rg ã o s a d u lto s s ã o a p e n a s r e p re s e n ta d o s tola a Tito , 1 , 12, o q u e p o d e fa z e r s u p o r
p o r d ife re n c ia ç õ e s p re e x is te n te s n o g e r q u e e s ta f o r m a d o a r g u m e n to d a te d a
m e , q u e n ã o se lh es a s s e m e lh a m , m as d e é p o c a c ristã : q u e r d a esc o lá stica (m as n ã o
te rm in a m o se u d e s e n v o lv im e n to .) a e n c o n tr a m o s em P r a n tl ) , q u e r m e sm o
Rad. in t .: E p ig e n e s. d e u m a d a t a m a is re c e n te .
S o b re E piquerem a — ’EírixítpfÍK q u e r d iz e r e m p re e n d e r; m as j á em P la tã o , a r
g u m e n ta r. C f . a e x p re ss ã o fra n c e s a “ e n tr e p r e n d r e q u e lq u ’u n ” . A tr a n s iç ã o d e u m
p a r a o u tr o s e n tid o p a re c e re s u lta r d o f a to de o silo g ism o ju d ic ia l, c u ja s p re m issa s
são a c o m p a n h a d a s d a s su a s p ro v a s , ser a o m e sm o te m p o u m e x e m p lo d e silo g ism o
d ia lé tic o , q u e r d iz e r, de e p iq u e re m a n o s e n tid o A . (F. M en tré)
C f. u m a tr a n s f o r m a ç ã o a n á lo g a em E n tim e m a .
S o b re E p iste m o lo g ía — A p a la v r a in g le sa e p is te m o lo g y é fr e q u e n te m e n te u tiliz a
d a ( c o n tra ria m e n te à e tim o lo g ia ) p a ra d e s ig n a r o q u e c h a m a m o s “ te o ria d o c o n h e c i
m e n to ” o u “ g n o s io lo g ía ” . V er e sta s p a la v r a s . E m fra n c ê s , a p e n a s se d e v eria d iz er
c o rre ta m e n te d a filo s o fia d as c iê n c ia s, ta l c o m o é d e fin id a n o a rtig o a tr á s , e d a h is
tó r ia filo só fic a d a s c iên c ia s. “ A p re s e n te o b r a p e rte n c e p e lo m é to d o a o d o m ín io d a
filo s o fia d as c iên c ia s, o u e p is te m o lo g ía , c o n fo rm e u m te r m o s u fic ie n te m e n te a p r o
x im a d o , e q u e te n d e a to rn a r- s e c o r r e n te .” E . M a y e r s o n , I d e n tité e t r e a lité , p r e f á
cio , p. 1. C f. ta m b é m G o b l o t , S y s tè m e s d e s S ciences, p . 214. M as a in flu ê n c ia d o
in g lês (e ta lv e z ta m b é m d o c o n h e c im e n to c a d a vez m e n o s d ifu n d id o d o g reg o ) fa z
co m q u e se e n c o n tr e fr e q u e n te m e n te e s ta p a la v r a n o s e n tid o d o a le m ã o erk e n n tn is
th e o rie .
P a re c e -m e q u e a o d is tin g u ir a E p is te m o lo g ía d a T e o ria d o c o n h e c im e n to , seria
b o m a m p lia r, p o r o u tr o la d o , o s e n tid o d o p rim e iro te rm o d e m a n e ira a c o m p re e n
d e r nele a té a p s ic o lo g ia d as c iê n c ia s, p o is o e s tu d o d o seu d e se n v o lv im e n to real n ã o
p o d e , sem d a n o s , ser s e p a ra d o d a s u a c rític a ló g ica, s o b r e tu d o no q u e c o n c e rn e às
c iên cias q u e tê m o m á x im o de c o n te ú d o c o n c r e to , e m esm o p a ra a s m a te m á tic a s s o
m o s o b rig a d o s a lev á-la em c o n ta d e sd e q u e sa ia m o s d a p u r a lo g ístic a. (A. L.)
A d is tin ç ã o q u e se faz em fra n c ê s e n tre e p iste m o lo g ía e te o ria d o c o n h e c im e n to
(g n o sio lo g ía ) seria sem d ú v id a m u ito ú til, m a s n ã o é u s u a l n em em ita lia n o nem em
in g lês.
EPO CH E 314
S o b re E q u id a d e — D e fin iç ã o A m o d if ic a d a c o n fo rm e as o b s e rv a ç õ e s de Goblot,
de Lapie e de Ruyssen, q u e p r o p õ e ta m b é m a fó r m u la : “ S e g u ra n ç a d o ju íz o n a a p r e
c ia ç ã o d o q u e é d e v id o a c a d a u m . ”
315 EQUIVALENCIA
A . E m M e c â n ic a diz-$e q u e u m siste D. P o r m e tá f o r a , c h a m a -s e em p s ic o
m a está em equilíbrio s o b a a ç ã o d e f o r lo g ia equilíbrio das inclinações a o e s ta d o
ças d e te r m in a d a s q u a n d o é su scetív el d e n o q u a l n e n h u m a d e la s é b a s ta n te in te n
fic a r in d e fin id a m e n te e m r e p o u s o s o b a s a p a r a d irig ir s o z in h a to d a a a tiv id a d e d o
a ç ã o d essas f o r ç a s . P o r e x te n s ã o , d iz-se e sp írito ; vontade equilibrada, a q u e la q u e
q u e v árias fo rça s q u e ag em s o b re u m m es n ã o é nem im p u lsiv a n em h e sita n te em ex
m o c o r p o , o u s o b re u m m e s m o siste m a cesso . D o p o m o d e v ista in te le c tu a l os
d e c o rp o s , se equilibram se se p u d e r s u equilibrados ( P a u l h a n , Esprits logiques
p rim ir a o m e sm o te m p o to d a s e ssa s f o r et esprits fa u x , 2? p a r te , c a p . I, § 1) s ã o
ças sem q u e e ssa s u p re s s ã o m u d e o e s ta aq u eles “ em q u e a lógica é, d e a lg u m a m a
d o o u o m o v im e n to d o c o r p o o u d o sis n e ira , in a ta , n a tu r a l e in s tin tiv a ; d e v id o
te m a c o n s id e ra d o s . P o r e x e m p lo , p o d e - a isso eles o p õ e m -s e n ã o só a o s in c o e re n
se d izer q u e a c a d a in sta n te d o m o v im e n to te s , m a s ta m b é m , n u m m e n o r g r a u , a o s
d e u m p o n to m a te ria l existe e q u ilíb rio e n ra c io c in a d o re s e a o s ló g ic o s. M ais g e ra l
tre as fo rça s q u e lh e sã o a p lic a d a s e a f o r m e n te a in d a , c h a m a -s e equilíbrio mental
ç a d e in é rc ia . Equilíbrio n ã o é , p o is , s i a o e s ta d o d e h a r m o n ia d e to d a s as fa c u l
n ô n im o de repouso. d a d e s n o q u a l n e n h u m a é p r e d o m in a n te
B . E m F ísic a d iz-se ta m b é m q u e u m em d e trim e n to d a s o u tr a s .
siste m a está em equilíbrio n u m e s ta d o e Rad. int.: E q u ilib r.
s o b açõ es e x te rio re s d a d a s se p o d e p e r
E Q U I P O L E N C I A D . Aequipollenz,
m a n e c e r in d e fin id a m e n te n a p re s e n ç a
Gleichgeltung ; E . Aequipollency ; F. Équi-
d e ssa s a çõ e s.
pollence ; I. Equipollenza.
A p a la v ra u tiliz a -se , n a s m e sm a s c o n
C a ra c te rístic a d e d u a s p ro p o siçõ es q u e
d iç õ e s, em Q u ím ic a , m a s aí e la d e sig n a
tê m a m esm a sig n ific a çã o ; d ito de o u tr a
m a is e sp e c ia lm e n te :
m a n e ira , e n tre as q u a is ex iste u m a ig u a l
C . O e s ta d o de um c o rp o o u d e u m
d a d e * ló g ica; p o r ex em p lo , n a lógica clás
siste m a de c o rp o s q u e d e p en d e m d a s c o n
sica: S u P \ S r f \ P í S, P trS ’ . C f. Conver
dições d o seu m eio (te m p e ra tu ra , p re ssã o ,
são, Contraposição, Obversão.
e tc .) de ta l m a n e ira q u e a c a d a e s ta d o d e
D izem -se ta m b é m , m as m ais ra ra m e n
fin id o d essas c o n d iç õ e s , c h a m a d a s fa to
te , “ e q u ip o le n te s ” os c o n ce ito s q u e tê m a
res do equilíbrio, c o rre s p o n d a u m e s ta
a m esm a ex ten são .
d o d e te r m in a d o , e se m p re o m e s m o , d o
c o rp o o u d o s iste m a c o n s id e ra d o s , s e ja E Q U IV A L Ê N C IA D . Aequivalenz; E.
q u a l fo r o s e n tid o n o q u a l se e fe tu o u a Equivalency', F . Equivalence', I. Equiva-
v a ria ç ã o d o m e io . lenza.
S o b re E rro — E sta p a la v ra teve em fran cês o sen tid o de errar m a te ria lm en te. E x e m
p lo s em L itt ré, em Darm., Hatz e Thomas, etc.
317 ESCOLA
S o b re E s c o la — E s ta p a la v r a , n o seu s e n tid o u su a l e m o d e rn o , é v a g a e e q u ív o c a .
E la fo rç a a a g r u p a r so b a m e s m a r u b r ic a filó so fo s q u e se c o m b a te r a m m ais d o q u e
se im ita ra m . Q u a n to s “ so c rá tic o s” c o m b a te ra m S ó crates e q u a n to s “ k a n tia n o s ” c o m
b a te r a m K a n t! C o lo c a m o s n a “ e sco la c a r te s ia n a ” filó s o fo s c o m o M a le b ra n c h e o u
L e ib n iz , q u e se d is tin g u ia m fo r m a lm e n te d o s “ c a r te s ia n o s ” . N ã o seria n e ce ssá rio
fa z er n o ta r q u e n o s e n tid o p ró p r io d o te rm o n ã o existem escolas filo só ficas? (L, La pie)
A p e n a s e x is tira m e sc o la s, n o s e n tid o e s tr ito , n a A n tig u id a d e . A esco la p o sitiv ista
o r to d o x a é u m a e x ceção e n tre a s d o u tr in a s m o d e rn a s . E s ta d ife re n ç a vem d a d ife
re n ç a n o m o d o de e n sin o . O filó s o fo a n tig o e n s in a o ra lm e n te ; o filó s o fo m o d e rn o
ag e a tra v é s d o liv ro s o b re u m p ú b lic o d is s e m in a d o . D a í d u a s c a te g o ria s de d is c íp u
los: os d isc íp u lo s fiéis, lig a d o s à le tra , e os d isc íp u lo s in d e p e n d e n te s , lig ad o s a o e s p í
rito e a o m é to d o , d is tin ç ã o a s s in a la d a a lg u m a s vezes n a lín g u a fra n c e s a (Cartisans
e Cartésiens). (F. M entré)
E S C O L Á S T IC A 3IH
p o rm e n o r e a n ã o d eix ar e sc a p a r n a d a d a- s a ú d e . ” M a r g u e r i t e d e N a v a r r e (e m
q u ilo q u e p o d e m o s lev ar em c o n ia , p r o Li t t r ê , sub V o);
c u r a n d o a m a is c o m p le ta p e rfe iç ã o . 2? Scrupulus, p eq u en a ped ra q u e fe
B . E m b a r a ç o , d ú v id a m o ra l; in q u ie re o pé; o b stá c u lo q u e d e té m a m a rc h a
ta ç ã o de c o n sc iê n c ia q u e im p e d e a a ç ã o . (c f. L . “ S c r u p u l u m injicere a l i c u i . ” “ S o l -
“ Ser d e tid o p o r u m e s c rú p u lo .” “ T e r es lic itu d in u m acúleos o m n e s e t s c r u p u l o s . ”
c r ú p u lo em ag ir de d e te r m in a d a m a n e i C íT E 2 Ã , A A tticu s , I , 1 8 , e t c . ) L « 2 ê ,
I I
c o m p le ta , n ã o s e n d o a p o s iç ã o q u e se lh e CRÍT5CA
d ev e a s s in a la r n o e sp a ç o (x, y , z) e a q u e H á n a lin g u a g e m c o rre n te u m a c o n
la q u e se lh e deve a ss in a la r n o te m p o t o fu são freq ü e n te e n tre singular*, especial*
ta lm e n te in d e p en d e n te s u m a d a o u tr a c o e particular*. A q u ilo q u e é u m c a r á te r
m o n a físic a clássica. A e q u a ç ã o q u e re singular o u especial é, e fe tiv a m e n te , p a r
p re s e n ta o in te rv a lo de e sp a ç o -te m p o é: tic u la r em relação ao gênero , p o rq u e n ã o
S 2=& (Í2—í «)2—t e - * i ) 2- t e ->>i)2- t e - zi)2 co n v ém a o g ê n e ro n o seu to d o . M as n ã o
é p a r tic u la r em re la ç ã o a o in d iv íd u o o u
n a q u a l c é a v e lo c id a d e d a lu z , í o in te r
à e sp é c ie, v isto q u e p o d e ser a firm a d o
v a lo d e te m p o m e d id o n o s d o is siste m a s
“ u m v e rs a lm e n te ” d a q u e le o u d e sta . V er
de re fe rê n c ia s d ife re n te s , x, y, z, a s c o o r
e sta s p a la v r a s , a ssim c o m o a C ritic a e as
d e n a d a s de e sp a ç o n o s d o is siste m a s: a in
o b s e rv a ç õ e s s o b re Geral.
d a q u e t, x, y, z, to m a d o s à p a r te , s e ja m
Rad. int.\ S p ecal.
d ife re n te s n o s d o is siste m a s, S2 te m o
m e sm o v a lo r em to d o s o s c aso s. E S P É C I E G . E fô o s; L . Species ; D .
O e sp a ç o -te m p o p o d e ser c o n s id e ra A r t ; E . Species; F. Espèce; 1. Specie.
d o , p o r c o n se q u ê n c ia , co m o u m m eio * de A. L ó ; « Tτ . U m a classe* A , e n q u a n
q u a tro d im en sõ es, d a m esm a m a n e ira q u e to é co n sid e ra d a com o u m a p a rte d a ex
só o esp a ç o é c o m u m e n te c o n s id e ra d o c o ten são de u m a o u tra classe, B. B é, e n
m o u m m eio de trê s d im e n sõ e s e o te m p o tã o , o g ên ero de que A é a espécie.
c o m o u m m eio de u m a só d im e n s ã o . B . B « Ã Â Ã ; í τ . U m a espécie é um g r u
p o de in d iv íd u o s q u e a p re se n ta m u m tip o
E S P E C IA L D . Spezial..., speziell, be c o m u m , h e re d itá rio , bem d e fin id o e g eral
sonder, eigenartig ; E . Special; F. Special·, ta l q u e n o e sta d o a tu a l d a s coisas n ã o se
1. Speciale. p o d e m istu rá -lo p o r c ru z a m e n to , de m a
A , Q u e diz re sp eito à espécie* (ló gica) n eira d u rá v e l, co m o tip o de o u tra espécie.
em o p o siçã o ao gênero*. “ C o n sid e ra ç õ e s
CRÍTICA
especiais p a ra os seres v iv o s” (relativ am en
te a o c o n ju n to d o m é to d o ex p erim en tal). É im possível d a r u m a d e fin iç ã o rig o
C l. B 2 Çτ 2 á , Int. ao estudo da medie, ex-
E
ro sa d a espécie, s o b re tu d o n o q u e c o n c e r
perim., V p a rte , c a p . 11. ne a o s vegetais; e as d ificu ld ad es q u e se en
B. (A b so lu ta m e n te ). L im ita d o , re s tri c o n tra ra m ao te n ta r fazê-lo lev aram p re
to . “ C ie n tista s e n c e rra d o s nos seu s e s tu cisam en te a fazer cair em d escréd ito a co n
cep ç ã o d a fix idez d as espécies e d a su a se
d o s p ro fissio n a is, p a cie n te s, e sp e c ia is ...”
p a ra ç ã o rad ical.
C ÃZ 2 ÇÃI , Traite de Tenchainement, V,
Rad. in t.: S pec (Boirac).
2, § 548.
P o r c o n s e q u ê n c ia , a lg u m a s vezes, d i E S P É C IE S (ra ro n o sin g u lar). G . E í‘-
fe re n te d o u so c o m u m o u d a m a io ria d o s ôtoXa; L. Species, simulacro, L Z T2 E T« Ã ;
c a so s. species intentionales, E scol. D . Species; E .
ex terio res. S e n d o m a te ria is e sensíveis es Essai sur les éléments principaux de
L iN ,
sas espécies impressas, elas se to rn a m in la représentation , c a p . IV , p . 170. E le c h a
teligíveis a tra v és d o in telecto a g e n te e p o m a lei de especificação {ibid ., 165 ss.) à ne
dem ser recebidas n o in telecto paciente. E s cessidade q u e , seg u n d o ele, se im põe ao es
p írito q u a n d o este p e n s a u m a q u a lid a d e ,
sas espécies, assim e sp iritu a liz a d a s, sã o
d e a c o n c e b e r c o m o u m g ê n e ro q u e exige
c h a m a d a s espécies expressas, p o rq u e elas
u m a d ife re n ç a esp ecífica.
são expressas das im pressas; e é atrav és d e
K a n t c h a m a lei de e sp e c ific a ç ã o (Ge-
las q u e o in te le cto p a cie n te co n h ece to d a s
setz der Spécification) a o p re c e ito ló g ico :
as co isas m a te ria is .” M τ Â ζ 2 τ ÇT
E 7 E , Re-
Entium varietates non temere esse mi-
cherchedela verité, livro III, 2.a p arte, cap . nuendas; ta l p re c e ito a s s e n ta , d iz ele, n a
I I . V er E « è Â 2 , V° Species.
E
lei tr a n s c e n d e n ta l de e sp e c ific a ç ã o o u
E ste te rm o a p e n a s p e rm a n ec e u u su al p rin cíp io d e esp ecificação , seg u n d o o q u a l
n a ex p re ssão “ S o b as espécies d e . . . ” u tili o e n te n d im e n to , p o r m a is lo n g e q u e vá
z a d a p elo s teó lo g o s p a r a c a ra c te riz a r a n a d iv isã o ló g ic a , c o n c e b e a in d a a p o ssi
tra n s u b s ta n c ia ç ã o , e q u e é to m a d a alg u b ilid a d e d e su b d iv isõ es, e assim p o r d ia n -
A . D o u tr in a q u e c o n sis te e m d e fe n c a d is to : q u e m o u s a r ia a c u s a r L e ib n iz d e
J τ è 2 Ãç , à lin g u ag em p o p u la r. (Bald
I Tτ 2 I Eè , p e rte n ce m in te ira m e n te à o rd e m
win's Dictionary, Vo Spiritism, 585 B .) d a s u b stâ n c ia ex ten sa e d o m e ca n ism o ; as
C o n tu d o , o a rtig o d a Enciclopédia Britâ n o ssa s n ecessid ad es e a s n o ssa s p a ix õ e s
nica c o n s a g ra d o a o esp iritism o e d ev id o a e x p rim e m a p e n a s o s m o v im e n to s d o s es
M rs. H e n ry S iD G W iC K c h a m a -se “ S p iri p írito s a n im a is . E m L « ζ Ç« U , p a r a q u e m
E
tu a lism ”. Im m . H e rm a n n F « T 7 I E escreveu a e x te n s ã o j á n ã o é u m a s u b s tâ n c ia , a
u m a o b ra so b re o espiritism o q u e tin h a co c o n c e p ç ã o d a v id a o p õ e -se a o m e sm o
m o títu lo : Der neuere Spiritualismus. te m p o à v isã o p u ra m e n te m o n a d o ló g ic a ,
V er as o b serv açõ es.
p o r u m la d o , e, p o r o u tr o , à re p re s e n ta
T2 íI « Tτ ção d o m u n d o atrav és d o s fen ô m en o s m e
c â n ic o s e g e o m é tric o s. E la é o re s u lta d o
P a re c e -m e n e c e s sá rio m a n te r u m a
d o fa to d e c ertas m ô n a d a s “ d o m in a n te s ”
o p o s iç ã o m a rc a d a e n tre o s e n tid o A e o
s e n tid o B . Q u a l é, c o m e fe ito , a a n títe s e te re m u m c o rp o “ c o m p o s to p o r u m a in
d o “ e sp írito ” ? A tra d iç ã o c arte sia n a q u e r fin id a d e d e o u tr a s m ô n a d a s ” , c u ja m ô -
q u e seja a e x te n s ã o , c o m o s fe n ô m e n o s n a d a c e n tr a l e x p rim e a s re la ç õ e s c o m o
g e o m é tric o s, m e c â n ic o s, sem fin a lid a d e , re s to d o u n iv e rs o (Princípios da nature
a o s q u a is o n o s s o c á lc u lo e s tá e sp e c ial za e da graça, § 3-4). R τ â τ « è è ÃÇ , n a su a
m e n te a d a p ta d o (em p a r tic u la r , p o d e -se tese D o hábito, o p õ e ao e sp írito , p o r u m
dizer h o je , o n o sso cálculo d iferen cial, p a la d o , a e s p o n ta n e id a d e d a n a tu r e z a , p o r
r a o q u a l to d a a ç ã o é e le m e n ta r). N e sta o u tr o , o m e c a n is m o d o re in o in o rg â n i
o p o s iç ã o , c o m o fica a v id a b io ló g ic a , o c o , q u e a p a re c e m c o m o trê s te rm o s b em
c o n ju n to d o s in s tin to s e d o s im p u lso s o r d is tin to s ; n o Relatório sobre a filosofia
g â n ic o s, n a m e d id a e m q u e se d istin g u e m na França , p a re c e , a n te s , re d u z i-lo s p o r
1? A v id a d e p e n d e só d a m a té ria o u d a a lm a ? E s ta q u e s tã o , b a s ta n te im p o r ta n te
p a r a o d e se n v o lv im e n to e a a p lic a ç ã o d o e s p iritu a lis m o , n ã o é d ecisiv a p a r a o p r ó
p r io p rin c íp io d a d o u tr in a .
2? D o m e s m o m o d o , a c o n e x ã o d o e sp iritu a lis m o e d o so c io lo g ism o p a re c e -m e
d e riv a r d o novo espiritualismo q u e to m o u c a d a v e z m a is im p o r tâ n c ia n o p e n s a m e n
to d e C o m te ; m a s n ã o s e rá a e x p re s s ã o , c o m o a c o n te c e tã o fr e q u e n te m e n te e m C o m -
te , d e u m a te rm in o lo g ia m u ito c a p ric h o s a ?
3? N ã o v e jo d e m o d o n e n h u m q u e h a ja a m e n o r r a z ã o p a r a e lim in a r o e sp iritis
m o c o m o u m a d a s sig n ific a çõ e s próprias d o e sp iritu a lism o . D e sc o n h e c e r-se -ia a ssim
a in flu ê n c ia p r o f u n d a e p e rs is te n te d a s c re n ça s e d a s p rá tic a s e s p írita s n a s cre n ça s
e n a s p rá tic a s re lig io s a s, d e sd e as m a is lo n g ín q u a s o u as m a is ru d im e n ta re s a té as
m a is re c e n te s . Se os c o m e n ta d o re s d e W . J a m e s n ã o tiv essem o c u lta d o a f r a n c a c o n
fissão c o m q u e te rm in a a Experiência religiosa, te r-se -ia v isto q u e a e v o lu ç ã o d o n o
v o e s p iritu a lis m o d e C o m te em d ire ç ã o a o n e o fe tic h is m o te m c o m o c o n tr a p a r tid a
a ev o lu ção d o n e o -e sp iritu alism o d e W . Ja m e s em d ire ç ã o à q u ilo q u e ele c h a m a , p en so ,
s o b re n a tu r a lis m o g ro s se iro .
D e m in h a p a r te , p e n s o q u e a d is tin ç ã o d a s d u a s fo r m a s fu n d a m e n ta is d o e sp iri
tu a lis m o , A e B , d ev e ser p re c is a d a co m a a ju d a d a h is tó ria .
A . A c o n c e p ç ã o filo s ó fic a d o e s p iritu a lis m o , e n q u a n to p s iq u is m o , in tro d u z -s e
c o m A n a x á g o ra s . O r a , a in te lig ê n c ia é a p e n a s u m a p ro p r ie d a d e s e c u n d á ria d o vov s;
é, a m e s d e t u d o , a c a u s a d o m o v im e n to , e isso p o r q u e é o q u e h á d e m ais leve Xeirró-
t o l t o v (F o u illé e tra d u z , em Phil. de Platon , 1869, t. I I , p . 2 0 , p o r m a is s u til, o q u e
m a n ife s ta d e m o d o d iv e rtid o o e q u ív o c o c lá ssic o ). O ú Ãõ è d e A n a x á g o ra s é , p o r-
331 E S P IR IT U A L IS M O
ta n to , a a lm a , is to é, o s o p ro . A o p o s iç ã o e n tr e o e s p írito e a m a té r ia d e te rm in a -se
a ssim c o m o o p o s iç ã o d e d u a s naturezas ig u a lm e n te d a d a s : u m a f lu id a e m ó v e l, a
o u tr a só lid a e in e rte . A a ç ã o d a n a tu r e z a s u p e rio r s o b re a in f e r io r co n v erte-se n u m
p ro b le m a d e o rd e m físic a.
B . E m g e rm e , em S ó c ra te s e em P la tã o , a c o n c e p ç ã o B é a q u e la q u e c h a m a is c a r
te s ia n a . M as n ã o é e x p rim i-la e x a ta m e n te fa z ê -la c o n sis tir n u m a d is tin ç ã o e n tre a
representação e o representado o u o representável·, e s ta te rm in o lo g ia tra i o e s p ir itu a
lism o c a r te s ia n o ; e la é tir a d a d e R e n o u v ie r q u e , p o r su a v ez, a tin h a e x tra íd o d o r e a
lism o p sic o ló g ic o d e B erk eley e d e H u m e . E la im p lic a e ssa tra n s p o s iç ã o im a g in a tiv a
d a in te lig ê n c ia d e q u e R e n o u v ie r n u n c a se d e s e m b a ra ç o u e q u e , d e p o is , foi e x p lo ra
d a p elo s p ra g m a tis ta s n a s u a p o lê m ic a c o n tr a a q u ilo q u e eles p e n s a m ser o in te le c
tu a lis m o . P a r a D e sc a rte s, m a is e x p líc ita m e n te , p a r a os C a r te s ia n o s , E s p in o s a e M a-
le b ra n c h e , o e s p írito é a u n ific a ç ã o in te rn a c u jo c o n tr á r io é a m u ltip lic id a d e d e s d o
b r a d a partes per partes. O e s p írito é c o n sc ie n c ia , m a s a c o n sc iê n c ia j á n ã o é d a d a ,
c o m o n a c o n c e p ç ã o A , já n ã o é u m s o p ro o u u rn a c h a m a e n c e rra d a n o s lim ites d a
caix a c ra n ia n a ou d o o rg a n is m o ; é um p rin c íp io de c o n h e c im e n to a d e q u a d o , em p r in
c íp io , a to d o o u n iv e rso e q u e e s p o n ta n e a m e n te , a p e n a s a tra v é s d a e x p a n s ã o d o s v ín
cu lo s in te le c tu a is , se to r n a te s te m u n h a d e to d o s os lu g a re s , c o n te m p o rá n e o d e to d o s
os te m p o s .
A e B n ã o s ã o c e rta m e n te in c o n c iliá v e is, j á P lo tin o , d e p o is L e ib n iz e, m ais ta r d e ,
C o u s in e R a v a is so n as c o n c ilia ra m : m a s é a in d a p re c is o , p a r a q u e o seu e cletism o
s e ja e n te n d id o c o m o ta l, q u e a s d u a s c o n c e p ç õ e s d o e s p iritu a lis m o , A (p siq u ism o
n a tu r a lis ta ) , B (id e a lism o in te le c tu a lis ta ) s e ja m n itid a m e n te d is tin g u id a s . Sem esta
d is tin ç ã o a h is tó r ia d a filo so fia e d a re lig iã o s e ria in c o m p re e n s ív e l. P o r u m la d o ,
c o m o te ria m p o d id o os c a rte s ia n o s id e n tific a r intelectual e espirituaP C o m o te ria p o d i
d o M a le b ra n c h e c o n ceb er e m D eu s a e x te n sã o inteligív el? C o m o te ria p o d id o E sp in o sa
c o lo c a r a u n id a d e in te rn a d a e x ten são in divisível c o m o e x a ta m e n te p a ra le la à u n id a d e
in te rn a d o p e n sa m e n to p e rc e b id a so b a s u a fo rm a d e a tiv id a d e p u ra ? P o r o u tro lad o ,
desse p o n to de v ista em q ue o u n iv erso e x ten so é ele p ró p r io e sp iritu a liz a d o , a o p o sição
d o m ecan ism o e d o d in a m ism o d á lu g a r a p e n a s a u m a su b d iv isão n as filo so fias d a n a
tu re z a , sen ão d a m a té ria . O spiritus fía t ubi vult, o in flu x o d a g ra ç a, e n q u a n to ex p res
sões sem elh an tes, n ã o p o d e m ser m e tá fo ra s , p o rq u e e n tã o n ã o lhes re s ta ria a b so lu ta
m en te n e n h u m a sig n ificação . A v e rd a d e é q u e elas e n c o b re m u m a im a g in a çã o tã o re a
lista , tã o m a te ria l c o m o a n o ç ã o d o s e sp írito s an im ais. C o m isso se vê a p a re c e r c la ra
m e n te a q u ilo q u e a lite ra tu ra clássica d a filo so fia ta n to se e sfo rç a p o r a p a g a r, o p a re n
tesco secu lar d o e sp iritu a lism o n o sen tid o A e d o e sp iritism o .
A c r e s c e n to q u e , n a p r á tic a , e s ta s d u a s c o n c e p ç õ e s A e B r e c o n h e c e m -s e fa c ilm e n te
p e la o p o s iç ã o d a su a d o u tr in a so b re a im o r ta lid a d e : A , s o b r e v iv ê n c ia n o tem p o ,
E S P IR IT U A L IS M O 332
“ E S P IR IT U A L IZ A Ç Ã O ” D as te n d a re fle x ã o , em q u e o h o m e m se o lh a , e
d ê n c ia s , d a s e m o ç õ e s (P τ Z Â 7 τ Ç ) . V er a s p o s s u i a si m e s m o , id a d e d e c o m b in a ç ã o
o b se rv a ç õ e s so b re Tendência e c f. Su e d e p ro c e d im e n to s p e n o s o s , d e c o n h e c i
blimação. m e n to a n tité tic o e c o n tr o v e r s o .” R E Çτ Ç ,
L ‘avenir de la science, c a p . X V , p . 259.
E S P O N T A N E ID A D E D . A . Sponta
Rad. int.: A . S p o n ta n e s ; B . S p rin g es.
neität, Selbsttätigkeif, B . Antrieb, Natur
trieb; E . Spontaneity; F. Spontaneité; I. E S P O N T Â N E O D . A . Selbst...,
Spontaneità. Selbstatig; C . Trieb...; E . Spontaneous;
A . C arac te rístic a d a q u ilo q u e é e sp o n F . Spontané; I. Spontaneo.
tâ n e o n o s e n tid o A . “ E s ta d e p e n d ê n c ia A . A q u ilo q u e se p r o d u z p e la in ic ia
d as açõ es v o lu n tá ria s n ã o im p e d e q u e tiv a p ró p r ia d o a g e n te (sponte sua), sem
e x ista n o fu n d o d as co isas u m a e s p o n ta ser o e fe ito de u m a c a u s a e x te rio r, a re s
n e id a d e m a ra v ilh o sa em n ó s, a q u a l, n u m p o s ta d ire ta a u m a in citação o u a u m a im
c e rto s e n tid o , to r n a a a lm a in d e p e n d e n p re ssã o a tu a is v in d a de fo r a . “ S p o n ta -
te n a s su as re s o lu ç õ e s d a in flu ê n c ia físi n e u m e s t, c u ju s p rin c ip iu m est in a g e n
c a de to d a s a s o u tr a s c r ia tu r a s .” L E I B t e . ” L « ζ Ç « U (c ita n d o u m a tra d u ç ã o c o r
E
S o b re E s q u e c im e n to — E s te a r tig o , q u e n ã o fig u r a v a n a q u a r ta e d iç ã o , fo i a q u i
in s e rid o n a s e x ta , se g u n d o as n o ta s e n v ia d a s p o r R. Daude e p u b lic a d a s p rim e ira
m e n te em a p ê n d ic e n a q u in ta . D a u d e a c re s c e n ta v a aí a s seg u in tes n o ta s : “ E x e m p lo
d o se n tid o A : a o sa ir d o te a tr o , esq u ece-se d a p e ç a , p o r q u e u m a m ig o nos fa la d e
o u tr a co isa. H á u m re c a lc a m e n to n o rm a l q u e se p r o d u z a c a d a m o m e n to .
“ P a r a o s e n tid o B, c ab e d is tin g u ir o s seg u in te s caso s:
“ 1? N a ‘le m b ra n ç a e s p e r a d a ’: c h e g a d o s a c a sa , p e rc e b e m o s q u e ‘e sq u e c e m o s ’
de c o m p ra r selo s a o p a s s a r p elo c o rre io , c o m o q u e ría m o s;
“ 2? N a ‘le m b ra n ç a p r o c u r a d a 5: n ã o c o n se g u im o s e n c o n tr a r u m f a to , u m a d a ta ,
u m a fó r m u la , u m n o m e , u m e n d e re ç o , q u e p ro c u ra m o s , m as sa b e m o s q u e os c o
n h e ce m o s;
“ 3? N a ‘le m b ra n ç a e s p o n tâ n e a ’: p a s s a m o s , sem a re c o n h e c e r, p o r u m a p esso a
q u e j á n o s fo i a p re s e n ta d a e c u ja re c o rd a ç ã o n o s p o d e ria vir e sp o n ta n e a m e n te .
“ N o se n tid o A , a re p re s e n ta ç ã o s im p le sm e n te d e s a p a re c e u d a c o n sc iê n c ia c la ra ,
seria ta lv e z m e lh o r e m p re g a r a q u i a p a la v r a ‘re c a lc a m e n to ’, a in d a q u e e la se p re ste
a a lg u n s e q u ív o c o s (ver F re u d ).
“ N o s e n tid o B, q u e m e p a re c e o m e lh o r, a re p re s e n ta ç ã o d e sa p a re c e u , o u p a re c e
te r d e s a p a re c id o d a m e m ó ria .
“ O e s q u e c im e n to , n o s e n tid o B, p o d e ser o u re la tiv o a u m fa to is o la d o (é e n tã o
fr e q u e n te n as p e sso a s n o rm a is ), o u re la tiv o a c a te g o ria s m a is ou m e n o s ex ten sas de
re c o rd a ç õ e s (e tra ta -s e e n tã o d a s d iv e rsas a m n é s ia s). P o d e ser m o m e n tâ n e o , d u rá v e l
o u d e fin itiv o . P o d e ser d e v id o q u e r à d e s tru iç ã o de u m a r e c o r d a ç ã o 1, q u e r sim p le s
m e n te a u m a d ific u ld a d e o u a u m a im p o s sib ilid a d e de e v o c a ç ã o .”
1. A lguns psicólogos, em particular Bergson, pensam que nunca acontece a destruição, mas apenas obs
táculo à evocação.
ESQUEM A 336
phie des sciences, c a p . I (1? e d M 1893, p . 26). N ã o p o sso d izer se esta ex p ressão j á fo ra
u tiliz a d a an tes, eu n ã o m e le m b ro de a te r id o b u s c a re m n e n h u m a o b ra a n te rio r. (A. L.)
E S Q U E M Á T IC O 338
d e v is ta d o s u je ito e d e c la ra m q u e u m g ê v ro I I , c a p . IV .
n e r o c o n s is te n ã o n a id e n tid a d e d e u m ele- Rad. int.: S k e m a l.
mento p r e s e n te e m d iv e rs a s e s p é c ie s , m a s
E S Q U E M A T IS M O D . Schematis
na de um esquema operatório , q u e r d i
mus; E . Schematism; F . Schématisme; I.
z e r, n u m p ro c e d im e n to q u e o e s p írito e m
Sehematismo.
p re g a p a ra fo rm a r, o u a n te s , p a ra p re p a
E s ta p a la v r a é u s u a l a p e n a s p a r a t r a
r a r a c o n c e p ç ã o d e s s a s e s p é c ie s .” H τ OE - d u z ir o u m e n c io n a r a q u ilo q u e Kτ ÇI
 «Ç , Essai sur les élém ., 178. c h a m o u Schematismus der reinen Vers
tandesbegriffe , e sq u e m a tism o dos co n cei
E sq u e m a visu al S inopsia* q u e consiste
to s p u ro s d o e n te n d im e n to {Crítica da ra
em fig u ra s m a is o u m e n o s g e o m é tric a s
zão pura, A 137-147; B 176-186). C o n
n a s q u a is as q u a lid a d e s d e c o r e s tã o a u
siste n a f u n ç ã o in te le c tu a l p e la q u a l o s
sen tes o u só d e se m p e n h a m u m p a p e l m e c o n ce ito s p u ro s d o e n te n d im e n to , in a p li
n o r . O s e sq u e m a s su b d iv id e m -se em sím- cáveis p o r si m e sm o s e d ire ta m e n te a o b
bolos e em diagramas. O s “ d ia g ra m a s n u je to s d a ex p eriên cia, sã o s u b stitu íd o s n e s
m é ric o s ” são a q u ilo a q u e G a lto n c h a m a s a u tiliz a ç ã o p o r esquemas* q u e p e rm i
va o s Num ber-form s. F Â Ã Z 2 Ç Ã à , D o s tem e ssa a p lic a ç ã o .
fenôm enos de sinopsia, P a r is e G e n e b ra , Rad. int.: S k e m a tis m .
1893 ( n o ta d e É d . C Â τ ú τ 2 è á ) . E
“ E S Q U IZ O F R E N IA ” “ N o m e d ad o
Rad. int.: S k e m .
p o r B Â Z Â 2 (d e Z u r iq u e ) à q u ilo q u e se
E E
S o b re E s s ê n c ia — Ο ΰ σ ί α te m q u a tr o s e n tid o s e m A 2 «è I ó I E Â E è d is tin g u id o s n a
M etafísica , Z , c a p . 3 (n o in íc io ). U m ú n ic o se a p lic a a e ssê n cia , ο υ σ ί α avev ííXã/è .
É v e rd a d e q u e o seu p e n s a m e n to p a re c e s e r o d e q u e o v e rd a d e iro s e r d e u m a c o isa
é o q u e c h a m a m o s essência. A d e fin iç ã o d e E è ú « ÇÃ è τ d ife re da de A 2 «è I ó I E Â E è : ani
mal, n o p e n s a m e n to d e A ris tó te le s , “ p e rtin e t a d e s s e n tia m ” d e h om em ; e , c o n tu d o ,
animal p o d e s e r e se r c o n c e b id o s e m homem; e, p o r o u tr o la d o , s e n d o d a d o animal,
o hom em n ã o é n e c e s sa ria m e n te p o s to . A d e fin iç ã o d e E s p in o s a n e g a im p lic ita m e n te
a re a lid a d e d o s g ê n e ro s. (J. Lachelier)
M . Marsal a ss in a la -n o s e sta p a ss a g e m d e C Ã Z 2 Ç Ã : “ N a e c o n o m ia flo re s ta l, es
I
S o b re E s ta d a — T e x to c o m u n ic a d o p o r L. Robin.
E STA D O 340
as d ife re n te s fo rm a s d e a r te . (O e s tu d o fe r ê n c ia a o u tr a s .” P a u l h a n , L ’esthéti
d as d ife re n te s o b ra s d e a r te to m a d a s in que du paysage, p . 104.
d iv id u a lm e n te é a Crítica* de arte.) B . R e p re s e n ta r u m o b je to so b u m a
S o b re a d is tin ç ã o e n tre “ E s té tic a ’ 1 e f o r m a e s q u e m á tic a e c o n v e n c io n a l.
“ C iê n c ia d a A r te ” , v e r A rte. “ U m a f o lh a de a c a n to e s tiliz a d a .”
Rad. int.: S tiliz .
C RÍTIC A
E S T IL O D . Stil; E. Style; F . Style-, I.
T e rm o e x tra íd o d o g re g o alad^ats,
Stile.
s e n s a ç ã o , s e n tim e n to , e c r ia d o p o r
E s t é t i c a . A. “ O e s tilo fo i n a A n ti-
B τ Z O; τ 2 Ç I E c o m o títu lo d a s u a Aes-
g ü id a d e u m a p o n t a d e q u e s e s e r v ia m p a
thetica (o b ra in a c a b a d a q u e tin h a p o r o b ra g ra v a r p e n sa m e n to s n a cera ; c a d a u m
je to a a n á lis e e a fo rm a ç ã o d o g o s to , te m a su a m a n e ir a d e m a n e ja r o e s tilo ,
F r a n k f u r t, 1 7 5 0 e 1759). N a Crítica da ra c o m o ca d a u m d e n ó s tem a s u a le tr a . N o
zão pura, K τ Ç to m o u a p a la v r a n o u tr o
I
s e n tid o f ig u r a d o , o e s tilo é a in d iv id u a li
sen tid o : ch am o u Transcendentale Aesthe- d a d e e o m o v im e n to d o e s p ir it o , v is ív e is
tik a o e stu d o d a s “ fo rm a s apriori d a sen n a e s c o lh a d a s p a la v r a s , d a s im a g e n s ,
sib ilid a d e (der Sinnlichkeit)” , q u e r d iz er, m a is a in d a n a c o n s tr u ç ã o d a fr a s e , d o p e
o te m p o e o e sp a ç o . M a s n a Crítica do r io d o , n o a r a b e s c o c a p r ic h o s o q u e o p en
S o b re E s tilo — T e x to d e L e ib n iz in d ic a d o p o r C . J . Webb.
34S E S T R IT O
Í — p re sc riç õ e s d e fin id a s p o r u m c o m p ro m is s o |
S o b re E te rn id a d e — H á d u a s c o n c e p ç õ e s d e e te r n id a d e : te m p o ra l e in te m p o ra l.
A s e g u n d a d e riv a in d u b ita v e lm e n te d a p rim e ir a , p o is é a id éia de u m a d u r a ç ã o lib e r
ta de to d a s as c a r a c te rís tic a s esp e c ífic as d a d u r a ç ã o , “ d u r a d o t o t a s im u l” . C f . AE-
vu m , d u ra ç ã o d e o n d e aetas e aeternus (p o r aevitas aeviternus), B r e a l , Dict. etym.
latin, Vo. B o e c i o d e fin e u m a e o u tra : “ U m a coisa é p e rc o rre r su cessiv am en te as p a r
te s de u m a e x istên c ia sem te r m o , o q u e P la tã o e A ris tó te le s a trib u e m a o m u n d o ; o u
t r a c o isa é a b a r c a r u m a e x istên c ia in fin ita in te ira ig u a lm e n te p re s e n te , o q u e é p r ó
p rio d a D iv in d a d e ,” De consolatione , V . A su a d e fin iç ã o d a e te r n id a d e d e D eu s foi
a d o ta d a e r e p r o d u z id a p o r S. T o m á s q u e fo i se g u id o p o r to d o s os m e ta fís ic o s e sp i
ritu a lis ta s e p o r S e c r e t a n , m a s a e te rn id a d e te m p o r a l, q u e é a d o m u n d o p a r a os
d e fe n so re s a n tig o s e m o d e rn o s d e u m m u n d o n e c e ssá rio e sem c o m e ç o , é ta m b é m
a d o D e u s p e ss o a l p a r a D u n s S c o t e p a r a J. L e q u i e r . S e g u n d o e ste , “ a su cessão
d as co isas lev a a s u a s o m b ra a té s o b re D e u s ” , s e n ã o D eu s n ã o v e ria a s u a o b r a tal
c o m o a e x e c u ta ra . P r e f e r in d o , p a r a u m D eu s p e s s o a l, livre e c r ia d o r a e te rn id a d e
in te m p o ra l, S e c r e t a n fo i in c o n se q u e n te se g u n d o P i l l o n : “ É c o n tr a d itó r io a trib u ir
a e te rn id a d e s im u ltâ n e a a u m D e u s q u e c rio u o m u n d o , q u e o c o n h ec e e o a m a .”
A liá s, a e te r n id a d e assim e n te n d id a é a id é ia d o te m p o e s v a z ia d a d e to d o c o n te ú d o ,
id éia c o n tr a d itó r ia e in in telig ív el. V er P i l l o n , Laphilosophie de Secrétan, 1898, p p .
155-165. ( K Egger)
2? A c iê n c ia d e f a to q u e te m p o r o b 2? , em p a to lo g ia , e stu d o d a s ca u sa s d e
je to a c o n d u ta d o s h o m e n s (o u m e sm o , u m a d o e n ç a , d e u m a a n o m a lia , e t c ,; 3 ? ,
c ia ç ã o q u e d irig em o s h o m e n s n e ssa c o n p a r a s e c h e g a r a o s a c o n te c im e n to s d e q u e
d u ta . P r o p o m o s c h a m á -la Etografia* o u a h is tó r ia o fe r e c e o q u a d r o ” . C o u r n o t ,
a d ire ç ã o de G . D Z Oτ è , to m o I, c a p . I I , fa z n o ta r q u e Ethnologie, em a le m ã o , e
Ethnology, em in g lês, se u tiliz a m fr e q ü e n te m e n te p a r a d e sig n a r a Antropologia * n o
sen tid o m a is a m p lo d a p a la v ra .
351 EU
S o b re E u — A rtig o r e f u n d id o o u c o m p le ta d o s e g u n d o a s o b se rv a ç õ e s d e J. La-
chelier, M. Drouin, G. Mauchaussat.
S o b re o s e n tid o C . E s te s e n tid o p a re c e -m e u m a e x te n s ã o a b u s iv a e , p a r a fa la r
c o m p ro p r ie d a d e , u m a ficção v e rb a l s o fis tic a m e n te s u b s titu íd a a q u a lq u e r s e n tid o
re a l. P o r q u e n ã o h á só U O eu q u e n ã o s e ja d e sd e lo g o e in e v ita v e lm e n te Tτ Â eu:
e s ta p a la v r a n ã o c o m p o r ta u m a u tiliz a ç ã o a b s tr a ta , n a m e d id a e m q u e d e sig n a p o r
n a tu re z a aq u ilo q u e ap en as p o d e ser c a p ta d o e c o n ce b id o c o m o c o n creto . (M . Blondel)
S o b re o E u de F ic h te P a r a F « T , Ã p e n s a m e n to c o n d ic io n a a c o n sc iê n cia d e
7 I E
q u e a m o d if ic a m q u e e la e x tra i to d o s os p e n s a m e n to n o te m p o . Ibid., 2 f s e ç ã o ,
seu s c o n h e c im e n to s e a s s u a s f a c u ld a § 3: “ V o n d e r S y n th e sis d e r R e c o g n itio n
d e s .” ) ‘ ‘Se a s u b s tâ n c ia d o eu fo sse m ú l im B e g r if f e .” 2
tip la , a u n id a d e (ló g ica ) d o e u seria a p e O e u , n e ste s e n tid o , d iz-se transcen
n as u m a a p a r ê n c ia .” P . J τ Ç E I , Tratado dental.
de filosofia, § 67 4. E. Eu absoluto, D . A bsolutes Ich
3? N o sentido lógico e crítico: (F « T
7 I E ). A to o rig in á rio d o p e n sa m e n to
D. S u je ito p e n s a n te , e n q u a n to a su ap e lo q u a l ele e x p rim e a a u to n o m ia r a d i
u n id a d e e a s u a id e n tid a d e s ã o a s c o n d i cal. E s te a to c o n s titu i o p r ó p r io s u je ito
çõ es n e c e s sá ria s, im p lic a d a s p e la sín tese e n q u a n to é a n te r io r à d is tin ç ã o d o eu e m
d o d iv e rs o d a d o n a in tu iç ã o e p e la lig a p írico e d o n ã o -e u , e, p o r co n seg u in te, en
ção d as rep resen taçõ es n u m a consciência. q u a n to p õ e , a o m e sm o te m p o , o s u je ito
“ D as Ich denke m u ss alle m ein e V o rs e o o b je to (v er a s o b s e rv a ç õ e s).
te llu n g e n b e g le ite n k ö n n e n ... Ic h n e n n e
C R ÍT IC A
sie (diese V o rstellu n g ) die rein e A p p e rce p
tio n , u m sie v o n d e r e m p iris c h e n zu u n A d istin ç ã o d estes sen tid o s é fe ita e os
te rs c h e id e n , o d e r a u c h d ie u rs p rü n g lic h e eq u ív o co s q u e d a í re s u lta m são re le v ad o s
A p p e r c e p tio n , w eil sie d a sje n ig e S e lb s t n a Crítica da razão pura, D ia lética tr a n s
b e w u sstse in is t, w a s , in d e m es d ie V o rs c en d e n ta l, livro II, cap . I: “ D o s p a ra lo g is
te llu n g Ich denke h e r v o r b r in g t, d ie alle m o s d a ra z ã o p u ra . ’' V er ig u a lm e n te o a r
a n d e r e n m u s s b e g leiten k ö n n e n , u n d in tig o d e J . L τ T Â « 2 , “ P s ic o lo g ia e m e
7 E E
a lle m B ew u sstsein ein u n d d a sse lb e ist, ta físic a ” , rec. n a seq u ên cia d e Fondement
v o n k e in e r w e ite r b e g le ite t w e rd e n de Tinduction, p rin c ip a lm e n te p . 115.
k a n n . ” 11 K τ Ç , Krit. der reinen Ver
I U m e x em p lo c a ra c te rís tic o d e ra c io cí
nunft, D e d . tr a n s c e n d e n t., § 16; B 132. n io f u n d a d o s o b re este e q u ív o co é a q u e le
N a p rim e ira e d iç ã o , e sta re p re se n ta ç ã o d o p e lo q u a l S c h o p e n h a u e r d e fe n d e q u e o eu
eu r ig o r o s a m e n te id ê n tic a é a p r e s e n ta d a n ã o se p o d e a n iq u ila r. “ T e n ta is ” , d iz ele,
a p e n a s c o m o c o n d iç ã o d a u n id a d e d o “ rep resen tar-v o s o te m p o de o n d e vós p ró
p rio s estivésseis a u se n te s. S u p o n d e o v o s
so eu a n iq u ila d o e o m u n d o c o n tin u a n d o
1. “ O Eu p e n so deve necessariam ente poder a su a existência. M as refleti e vereis q u e isso
acom panhar to das as m inhas representações... C h a
m o a esta representação (à do E u p en so ) apercepção é c o n tra d itó rio : p o rq u e o u vós n ã o pen sais
pura, para a distinguir da em pírica, ou apercepção n a d a , o u sois o b rig a d o s a s u p o r o v o sso
original, porq ue ela consiste nessa consciência de si eu a ssistin d o a o s a c o n te c im e n to s desse
que, produzindo a representação Eu p en so (represen
m u n d o . É a su a c o n d ição e, p o r conseguin -
tação que deve necessariam ente poder acom panhar
to das as ou tras, e que é u n a e idêntica em to das as
representações), n ão pode j á ser ela pró pria acom
p anhada de nenhum a o u tra .” 2. "D a síntese de recogmçào no conceito.”
d e “ u m o b je to d o p e n sa m e n to ; e este p e n sa m e n to é o m e u . A ssim F ic h te se re fe re a o
Ich denke1 k a n tia n o , c o n d ic io n a n te d a u n id a d e d a a p e rc e p ç ã o e, p o r co n se q ü ê n cia , d e
q u a lq u e r co n sciên cia. O Ich denke q u e d ev e a c o m p a n h a r c a d a u m a d a s m in h a s r e p re
s e n ta ç õ e s sig n ific a : Ich bin das D enkende ” 2 (Sam m tl . W ., I, p . 4 7 5 ). K a n t ta m b é m
p e rc e b e u q u e esse s u je ito , d e q u e q u a lq u e r re p re s e n ta ç ã o im p lic a a a f ir m a ç ã o , n ã o
1. Eu penso.
2. Eu sou aquilo que pensa.
353 E U D E M O N IS M O
Q u e se refere a E Z TÂ « á è (d e A le x a n
E ju lg a r q u e u m ser é feliz, sen d o este ju íz o
d ria ). “ D ie e u k le id isc h e D e m o n s trirm e - c o m p re e n d id o n ã o a p en a s co m o o e n u n
t h o d e . . . ” ' S T Ã ú Ç τ Â ã 2 , Die Weit,
7 E 7 E ciado d e u m fa to , m as co m o u m ju íz o ap re
e tc ., 559. E s p e c ia lm e n te , c h a m a -s e eudi- c iativ o im p lic a n d o o v a lo r ético d a felici
diano a o e sp a ç o o r d in á r io d e trê s d im e n d a d e . O p õ e-se a eiraivos, lo u v o r g eral de
sõ es, e n q u a n to v e rific a o a x io m a d a s p a u m c a rá te r; elo g io de u m a to
ralelas (p o stu lad o * de E uclides): “ Se d u a s p a rtic u la r (Ética a Eudem o , II, 1, 1219b) .
re ta s s itu a d a s n u m p la n o fazem co m u m a E ste se n tid o seria c o n se rv a d o p o r alg u n s
m e sm a secan te â n g u lo s in te rio res d o m es escritores m o d ern o s, segundo Baldwin, Vo.
m o la d o c u ja s o m a é m e n o r q u e a d e d o is B . D o u tr in a m o ra l q u e te m p o r p r in
re to s , estes d o is r e to s e n c o n tra m -s e d e s c íp io q u e o o b je tiv o d a a ç ã o é a fe lic id a
te la d o . ’ ’ O s e sp a ç o s não eudidianos sã o d e (q u e r in d iv id u a l, q u e r c o letiv a). E s te
c a ra c te riz a d o s p e la n e g aç ã o d esse a x io m a s e n tid o é o ú n ic o u s u a l.
(q u e r e x ista m várias p a ra le la s , q u e r n ã o
C RÍTIC A
e x ista nenhuma). O e p íte to euclidiano
a p lic a -se ta m b é m a o p la n o d o e sp a ç o e u Kτ ÇI to m a e sta p a la v ra n u m s e n tid o
d id ia n o e à G e o m e tr ia d e ste e s p a ç o . m a is r e s tr ito , a p lic a n d o -a às d o u trin a s
q u e to m a m p o r fim m o ra l a felicid ad e in
1. “ O m étodo de dem onstração euclidiano.’’ d iv id u a l, die eigene Glückseligkeit (An-
1. Consciência de si.
E U F O R IA 354
S o b re E v o lu ç ã o — O s e n tid o A fo i a c re s c e n ta d o s e g u n d o as o b s e rv a ç õ e s de Élie
H alévy , q u e c ita o seg u in te te x to d e P h ila r e te C h a s l e s : “ A s itu a ç ã o re a l d as so c ie
d a d e s n ã o é a revolução, q u e r d iz er, a ru ín a ; é a evolução, q u e r d iz e r, o d e se n v o lv i
m e n to d o s seu s p rin c íp io s, a e x te rio riz a ç ã o d o q u e tra z e m n o seu s e io .” Études, 1849,
p . 260; seg u e-se u m a a n títe s e e n tre a so c ie d a d e c o n c e b id a c o m o um m e c a n is m o e
a so c ie d a d e c o n c e b id a c o m o u m o rg a n is m o . P h . C h a s le s, a c r e s c e n ta ele, é u m a n g li-
c ista q u e , n o p r ó p r io v o lu m e d e o n d e re tira m o s e sta c ita ç ã o , se a lia , em o p o s iç ã o
à s id é ia s d e B e n th a m , à s teses s u s te n ta d a s p e lo filó s o fo m e ta fís ic o C o le rid g e . O m es-
EV O LUÇÃ O 356
B. T r a n s fo rm a ç ã o g ra d u a l e c o n c e b i u m a série d e e ta p a s d e q u e se p o d e a s s i
d a em g e ra l c o m o b a s ta n te le n ta o u c o n a la r d e a n te m ã o a su c e s sã o : “ A e v o lu
m o fo r m a d a d e m u d a n ç a s e le m e n ta re s ção se g u n d o a d o u trin a estò ica é u m a ev o
m ín im a s o b a s ta n te p a r a n ã o s e re m n o lu ç ã o f e c h a d a ... q u e te m re c o m e ç o s in
ta d a s . O p õ e -se q u e r à permanência, q u e r d e f in id o s .” R E ÇÃZ â « E 2 , Histoire et so
à revolução. lutions des problèmes métaphysiques,
C . S e q u ê n c ia de tra n s fo rm a ç õ e s n u m c a p . X IV , p . 111.
m e sm o s e n tid o : “Evolucionismo im p lic a D . T r a n s fo rm a ç ã o q u e fa z p a s s a r u m
a id éia de u m a lei de e v o lu ç ã o ... N in g u ém a g re g a d o d o h o m o g ê n e o p a r a o h e te r o
c h a m a r á e s tá d io s evolutivos à s tr a n s f o r g ê n eo o u d o m e n o s h e te ro g ê n e o p a r a o
m açõ es q u e se o b se rv a m n u m c a le id o scó m a is h e te r o g ê n e o ( S p e n c e r ) . O p õ e -se à
p i o . ” A . G i a r d , Bulletin de la Société dissolução o u à involuçâo.
Française de Philosophie, 6 d e a b r il d e E . T r a n s f o r m a ç ã o ( c o n tín u a o u b ru s
1905. T r a n s fo rm a ç õ e s q u e c o m p o r ta m ca) de u m a espécie v iv a em o u tr a espécie.
T e r m o u tiliz a d o j á h á a lg u n s a n o s A . E x istê n c ia em si * , q u e r d iz e r, o fa
c o m b a s ta n te fr e q ü ê n c ia n a s o b r a s d e fi to d e s e r, in d e p e n d e n te m e n te d o c o n h e
lo s o fía f r a n c e s a p a r a r e p r e s e n ta r d e m a c im e n to (q u e r d o c o n h e c im e n to a tu a l,
n e ira m a is a m p la o g ê n ero d e lig a ç ão c u ja q u e r d e to d o c o n h e c im e n to p o ssív e l).
im p lic a ç ã o é a f o r m a ló g ic a . “ P a r a q u e B . E x istên cia n a exp eriên cia* , q u e r d i
o p e n s a m e n to se e x e rç a , é p re c iso q u e a l z e r , o f a to d e ser, q u e r a tu a lm e n te a p r e
g u m a c o isa lh e seja d a d a q u e n ã o seja ele. s e n ta d o n a p e rc e p ç ã o o u n a c o n sc iê n c ia
E ste é preciso é p o r si p r ó p r io u m a exi d o e u , q u e r c o n ce b id o c o m o o b je to d a ex
g ê n c ia d o p e n s a m e n to .” C . B o u g l é , p e riê n c ia n e c e ssá ria a in d a q u e n ã o a tu a l.
“ R e c o rd a ç õ e s d a s c o n v e rs a s c o m J . L τ - A p a la v r a , n estes d o is se n tid o s, o p õ e -
T7 EÂ « 2E ” n a s Obras d e J. Lachelier, se , p o r u m la d o , a essência*, c o m o o f a
X X X I X . “ A ss in a le i q u e e n c a r a v a s o b re to d e s e r à n a tu r e z a d o se r; e, p o r o u tr o
tu d o o f a to d a e v o lu ç ã o n a s s u a s re la çõ e s la d o , a o nada, c o m o a a f ir m a ç ã o à
c o m a e x ig ên c ia id e a lis ta . E s te fa to p a r e negação.
c e c o n tr a d iz e r e s s a e x ig ê n c ia , p o is m o s C . N u m s e n tid o f o r te : re a lid a d e v iv a
t r a o p e n s a m e n to e m e rg in d o d a m a té ria , o u re a lid a d e v iv id a , em o p o s iç ã o à s a b s
s a in d o d a n o ite .” E d . L E R o y , L'exigen tra ç õ e s e à s te o ria s . V e r Existencialismo.
ce idéaliste et le fa it d e l'évolution , p . 1. D . E x istên cia ló gica, q u e r dizer, o fa to
V e r Suplem ento. d e q u e s e n d o d a d o o c o n ju n to d e id é ia s
c o n s id e ra d a s u m a c e r ta c lasse n ã o é v a
C R ÍT IC A
z ia ( = n u la e m ex ten sã o ). E x .: “ N ã o exis
E x ig ir é m a is fo r te d o q u e in v o c a r* te n ú m e ro q u a d r a d o q u e s e ja o d o b r o d e
m a s n ã o te m , c o m o implicar *, u m c a r á u m o u t r o . ” N e ste s e n tid o , a e x istê n c ia
te r in te le ctu a l e rig o ro sa m e n te d e te rm in a n ã o é u m a tr ib u to d o s in d iv íd u o s, m a s d a
d o . P e rte n c e s o b re tu d o a o v o c a b u lá rio d a classe.
filo s o fia e x iste n c ia l* . A lé m d is so , e n Postulados de existência, a q u e le s q u e
q u a n to implicar se p o d e d iz e r d a re la ç ã o c o lo ca m a existên cia (n o sen tid o D ) d e u m
e n tre sim p les lexis , e m p a r tic u la r d a re o u d e v á rio s in d iv íd u o s q u e re s p o n d e m
la ç ã o e n tre u m a p re m is s a m a io r e u m a a u m a d a d a d e fin iç ã o .
c o n c lu s ã o c o n h e c id a c o m o fa ls a q u e se r
C R ÍT IC A
ve p a r a a r e f u ta r , exigir só se d iz d a q u ilo
R Z è è Â Â (The Principles o f M athe
E
q u e é c o n s id e ra d o c o m o u m a v e rd a d e d e
matics , § 427) d is tin g u e o ser p u r o e s im
f a to o u d e d ire ito .
p le s, being d a e x istên c ia : o ser p e rte n c e
Rad. int.\ P o s tu l.
a to d a c o isa co n ceb ív el (n ú m e ro s, q u im e
E X I S T Ê N C I A D . E xistem , Dasem; ra s , d e u se s de H o m e r o , e tc .), q u e r d iz e r,
E . Existence ; F . Existence·, I. Esistenza. o se r-C ; e n q u a n to q u e a existência , p e lo
O f a to d e ser* em to d a s a s a c e p ç õ es c o n tr á r io , é u m a p r o p r ie d a d e d e c e rta s
e m q u e a p a la v r a se u tiliz a a b s o lu ta m e n classes d e in d iv íd u o s .
te (se n tid o A ). Rad. int.: E x ist.
E X I S T E N C I A L D . Existential·, E . c o m o e x is tê n c ia c u jo c o n ta to n o s tr a n s
Existential·, F . Existentiel; I. Esistenziale. f o r m a , e lo n g e d e is o la r e m n ó s a f a c u l
A . Ló ; « Tτ . D iz-se d o s ju íz o s q u e d a d e d e c o n h e c e r d o re s to d o n o s s o se r
a firm a m o u n e g a m a e x istên c ia * d e u m a e la fa z p a r tic ip a r n a in v e s tig a ç ã o f ilo s ó
classe sim p les o u c o m p o s ta c o m o : A » 0 fic a o in d iv íd u o in te ir o , c o m a s s u a s r e a
(n ã o existe A ); A B * 0 (ex istem a lg u n s ç õ e s s e n tim e n ta is e p a s s io n a is d ia n te d a s
A B = A lg u m A é B = A lg u m B é A ). A c o is a s .” E . B2 é 7 « E 2 , p re fá c io à o b r a d e
q u e s tã o d o a lc a n c e existencial (E . Exis M τ è è ÃÇ -O Z 2 è E Â , La philosophie en
tential import) d o s ju íz o s é e sta : A s p r o Orient, p . X .
p o siç õ e s q u e r u n iv e rs a is , q u e r p a r tic u la Rad. int.: E x ist.
res im p lic a m a e x istê n c ia d a s classes de
E X IS T E N C IA L IS M O D . Existentia-
q u e s ã o o s u je ito o u o p re d ic a d o ?
lismus, existentiale o u existentielle Philo
B . R elativ o à e x istên cia n o se n tid o C .
sophie ( u t i l i z a d a s p a r a d i s t i n g u i r d i f e r e n
F ilo so fia ex istencial V er Existencialis te s d o u t r i n a s q u e a c e ita m o u n ã o a q u a
m o. “ A filo so fia d ita existencial c o n sid e E . Existen
lific a ç ã o d e e x is te n c ia lis ta s );
r a a re a lid a d e m e n o s c o m o u m o b je to em tialism; F . Existentialisme ; I. Esisten-
face de u m s u je ito c o g n o sc e n te d o q u e zialismo.
A . N o s e n tid o m a is g e ra l: a c e n tu a ç ã o se e m d o u tr in a s m e s m o se v e ra s, m e d id a
d a im p o r tâ n c ia filo s ó fic a q u e a e x istê n d a d is tâ n c ia e n tre a s a b s tr a ç õ e s te ó ric a s
c ia in d iv id u a l, c o m as su a s c a r a c te rís ti e a e x p e riê n c ia c o n c r e ta ; e m re s u m o , n e
cas irred u tív eis, tem . “ R eg resso à ex istên c e s s id a d e d e c o n s id e ra r a e x istê n c ia fa c e
c ia ta l c o m o ela n o s é d a d a , s e n tim e n to a fa c e , ta l c o m o ela é v iv id a , e d e p e n s a r
c re sc e n te d a v a id a d e q u e p o d e in s in u a r s o b re e la c o m e fic á c ia : eis ju s ta m e n te al-
“ E X I S T E N T E ” D iz-se d e u m ser q u e
philosophie, p . 228.
p o ssu i a e x istê n c ia n o s e n tid o C . “ O p a
A p lic a-se e ste n o m e às id é ia s filo s ó
v o r d o ex isten te d ia n te d a su a ex istên c ia .”
fic a s d e K ie rk e g a a rd , d e J a s p e r s , d e H ei-
J. W τ 7 Â , Estudos kierkegaardianos, p.
d e g g e r, d e C h e s to v , d e B e rd ia e ff, a lg u 357. V er ta m b é m Ente e Existente ( Su
m a s vezes d e N ie tz sc h e o u d e U n a m u n o . plem ento ).
T o rn o u -s e m u ito c o rre n te n a filo so fia , n a
lite r a tu r a e m e sm o n o jo r n a lis m o d e p o is E X I S T I R e E X I S T E N C I A L V er Su
d e 1945. M as v e r as o b s e rv a ç õ e s m ais plem ento.
a d ia n te . E X O T É R I C O G . ’E£o.'7tgí,xos, exte
E s p e c ia lm e n te : rior; D . Exoterisch; E . Exoteric; F . Exo-
B . D o u tr in a filo s ó fic a d e J . - P . S τ 2 - térique; I. Essoterico.
I2 E e x p o s ta filo s o fic a m e n te e m O ser e T e rm o u tiliz a d o e m v á ria s p a s s a g e n s
o nada (1943), m a s d if u n d id a s o b re tu d o por A 2 «è I ó I E Â E è . O s e n tid o é m a l d e fi
p e lo seu te a tr o , o s seus ro m a n c e s e p e la n id o e d e u lu g a r a v á ria s in te rp re ta ç õ e s
rev ista Les temps modernes (1944 ss.). Ele a n a l i s a d a s e m B Ã Ç« I U , Index Aristotéli
tira o seu n o m e d a tese: “ A ex istên cia p re cas, I0 4 b 4 4 a 105a 4 9 .
cede a e ssê n cia ” , e x p re ssã o m e ta fís ic a d a N a lin g u a g e m m o d e r n a o p õ e -s e a
c re n ç a n a lib e rd a d e a b s o lu ta s e g u n d o a acroamático* e a esotérico* n o s s e n tid o s
q u a l o ser v iv o e p e n s a n te fa z a si m e sm o A e B. V e r e sta s p a la v ra s .
ta n to q u a n to lh o p e rm ite m c e rta s d e te r Rad. int .: E x o t e r i k .
m in a ç õ e s j á to m a d a s . C f . Angústia, Der- E X P E R IÊ N C IA I ? , n u m sen tid o a b s
relição, Compromisso, Projeto. tr a t o e g e ra l: “a experiência” (D . Erfah-
C . “ E x isten cialism o c r is tã o .” D o u tri rung; E . Experience; F . Expérience; I. Es-
n a d e G a b rie l M τ 2 T Â , e x p o s ta p a r tic u
E
perienza). 2 ? , n u m s e n tid o c o n c re to e
la rm e n te em “ E x istê n c ia e o b je tiv id a d e ” , m ais té cn ico : a to d e e x p e rim e n ta r (D . Ex-
Revue de métaphysique et de morale , perim ent; E . Experiment; F . Expérience;
1925, Être et avoir (1 935) e H om o Via- I. Esperimento). V e r Empírico, Experi
tor (1945). V e r L 'existentiaiisme chrétien, mental.
1? A experiência em geral: z id a s p e la v id a (p o r e x e m p lo , o e s q u e c i
A . O f a to de e x p e r im e n ta r a lg u m a m e n to , a in d ifere n ç a, os c o m p ro m e tim e n
c o isa , n a m e d id a em q u e este f a to é c o n to s m o ra is , e tc .), m a s a p e n a s àq u ela s q u e
sid erad o n ã o só c o m o u m fe n ô m e n o tr a n se ju lg a m v a n ta jo s a s . O te rm o te m , p o is,
s itó rio , m a s ta m b é m c o m o a lg o q u e a la r u m v a lo r a p re c ia tiv o * .
ga o u en riq u ece o p e n sa m e n to : “ T e r u m a C. T E Ã2 «τ á Ã T Ã Ç7 E T « OE Ç I Ã . O
d u r a e x p e riê n c ia ; te r (o u te r a d q u irid o ) ex ercício d as fa c u ld a d e s in te le c tu a is c o n
a e x p e riê n c ia d a s a sse m b lé ia s p ú b lic a s .” s id e ra d o c o m o a lg o q u e fo rn e c e a o e sp i
C f . o títu lo d a o b r a de W . J τ O è : The E r ito c o n h e c im e n to s v á lid o s q u e n ã o e stã o
Varieties o f Religious Experience (/4s di im p lic a d o s n a m e ra n a tu r e z a d o e sp írito
versas fo rm a s da experiência religiosa ) , e n q u a n to p u r o s u je ito c o g n o sc e n te .
tr a d u z id a em fra n c ê s p o r F r . A ζ τ Z U « I É u s u a l d is tin g u ir n e s te s e n tid o e n tre
c o m o títu lo L ’experience religieuse. a experiência externa (p ercep ção * ) e a ex
B . C o n ju n to d a s m o d ific a ç õ e s v a n ta periência interna (c o n sc iê n c ia * ); a e x p e
jo s a s q u e o ex ercício tra z às n o ssa s fa c u l riê n c ia n o seu c o n ju n to é e n tã o o p o s ta
d a d e s , d a s a q u isiç õ e s q u e o e s p ír ito faz q u e r à m e m ó ria * , q u e r à im a g in a çã o c ria
a tra v é s d e ste e x ercíc io e, d e m a n e ir a g e d o r a e à s o u tr a s fa c u ld a d e s d ita s d e
r a l, d e to d o s o s p ro g re s so s m e n ta is re s u l e la b o r a ç ã o * , q u e r à ra z ã o .
ta n te s d a v id a. D istin g u e-se u m a experiên
cia individual d e u m a experiência da es CRÍTICA
pécie (d iz-se a in d a experiência ancestral); D ísse q u e a ex p eriên cia fo rn ece c o n h e
e sta p o d e ser tr a n s m itid a q u e r p e la t r a c im e n to s e n ã o só u m a m a té r ia , p o rq u e
d iç ã o (e d u c a ç ã o , lin g u a g e m , e x e m p lo s) o p r ó p r io d a e x p e riê n c ia é te r u m valor
q u e r pela h e re d ita rie d a d e psico fisio ló g ica. probante e a p r e s e n ta r lig açõ es re g u la re s,
É de n o ta r q u e n ã o se c h a m a m e x p e q u e r se c o n sid e re m e sta s c o m o r e s u lta n
riê n c ias a to d a s a s m o d ific a ç õ e s p r o d u tes d a n a tu re z a d as co isas c o n h ecid as (ver
D. U m a e x p eriên c ia é o f a to de p r o O ÇT τ Z
E E p a ra tra d u z ir o te rm o inglés n a
v o c a r , a p a r tir de c e rta s c o n d içõ e s b em su a tra d u ç ã o d t Auguste Comte et la phi
d e te r m in a d a s , u m a o b s e rv a ç ã o ta l q u e o losophie positive, p. 10. N eo lo g ism o acei
seu re s u lta d o , q u e n ã o p o d e ser a s s in a la to n a sessão de 8 de ju n h o de 1905, p a ra
d o d e a n te m ã o , s e ja c a p a z d e fa z e r c o ev itar o e q u ív o co de empírico A e B, ex
n h e c e r a n a tu r e z a o u a lei d o fe n ô m e n o perimental A e B.
e s tu d a d o . F a la -se n este s e n tid o n ã o só de O q u e se re la c io n a co m a ex p eriên cia
e x p e riê n c ia física o u p sic o ló g ic a , m a s C o u q u e re p o u s a so b re ela sem n ecessa
ta m b é m d e experiência moral ( R a u h ) . ria m e n te im p lic a r o u so d a exp eriên cia D
D iscu te-se s o b re a q u e stã o d e s a b e r se (experiment ).
a o b serv ação * deve ser o p o s ta à e x p eriên Rad. int.\ E x p erien c.
c ia u n ic a m e n te p e la in te rv e n ç ã o a tiv a d o
“ E X P E R I E N C I A R ” V er as o b s e r
e x p e r im e n ta d o r n e s ta ú ltim a o u se, p a r a
vações.
q u e h a ja v e rd a d e ira m e n te e x p eriên c ia n o
s e n tid o p r ó p r io , se deve a c re s c e n ta r a in E X P E R IM E N T A Ç Ã O D . Experimen
te n ç ã o de v e rific a r p o r seu in te rm é d io tation ; E . Experimentation; F . Expérimen
u m a h ip ó te se já f o r m u la d a o u de fa z e r tation; I. Esperimentazione.
n ascer u m a id éia: “ experiência p a ra v e r” . U so sistem ático d a ex p eriên cia, D .
V er so b re e sta q u e s tã o J . S. M « Â Â , Lógi Rad. ini.: E x p e rim e n ta d .
ca, liv ro I I I , c a p . V II: “ D a o b s e rv a ç ã o E x p e rim e n ta ç ã o m e n ta l D . Gedanken
e d a ex p eriên cia” , e C lau d e B 2 Çτ 2 á , In-
E experiment, M τ T ; F. Expérimentation
7
Sobre "E x p e rie n c iar” — “ F lo u rn o y utilizava freq ü en tem en te este term o nos seus c u r
sos, n o sentido inglês d e to experience (D . Erleben): ex p erim en tar, fazer a experiência
de u m sen tim en to , d e u m a situ ação , e tc .” (Éd. Claparèdé) E ste term o parecer-m e-ia ta m
b ém m u ito ú til; cf. Experiencial, já p ro p o s to , n este sen tid o , n a p rim eira edição d o p re
sente Vocabulário co m o distinto ao m esm o te m p o de empírico* e de experimental*. {A. L.)
S o b re E x p e rim e n ta ç ã o — A lg u n s c o rre sp o n d e n te s p e rg u n ta ra m -n o s p o r q u e e sta
p a la v ra se restrin g e à u tiliz a çã o sistemática d a ex p eriên cia. É v e rd a d e q u e alg um as ve
zes se diz “ u m a e x p e rim e n ta ç ã o ” p a ra u m a e x p eriên cia n o sen tid o D . M as esta u tiliz a
ção d a p a la v ra n ã o nos p arece c o rre ta . A e x p erim e n ta ç ã o é u m m é to d o q u e con siste
em fazer u m a seq u ên cia o u u m c o n ju n to de ex p eriên cias o u experimentos. (A. L.)
E X P E R IM E N T A L 368
perimentale. p e c ia lm e n te 4 7 8 a a 4 8 l b (c a p . X X X IV e
A . Q u e u tiliz a a e x p e riê n c ia , n o s e n X X X V I) e c o n c lu s ã o .
tid o C . V er p o r e x e m p lo o títu lo d a o b r a Rad. int.: E x p ia c .
d e R« ζ ÃI : A psicologia inglesa, escola E X P L I C A R D . Erklären , m ais g eral;
experimental. S e ria m e lh o r d iz e r n e ste v e r Explicativo, C rític a ; E . To explain,
S o b re E x p ia ç ã o — A id é ia d e re m é d io e a d e d o e n ç a p a re c e m d e v e r ser a f a s ta d a s
d o s e n tid o m o d e r n o d e s ta p a la v r a . Expiare, q u e p o d e r ia d iz er-se q u e r d a m á c u la ,
q u e r d a c o is a m a c u la d a , s ig n ific a v a p r o p r ia m e n te to r n a r o d e s a g ra d á v e l a g ra d á v e l
a o s d e u se s. A o c o n tr á r io , P la tã o c o n s id e ra , s o b r e tu d o n o Górgias, a c u r a d a a lm a .
M a s s ã o d u a s c o n c e p ç õ e s d ife re n te s , s e n d o a p r im e ir a p u r a m e n te re lig io s a e a s e g u n
d a s o b re tu d o filo s ó fic a . ( J . Lachelier )
M e sm a o b s e rv a ç ã o d e Boisse, q u e n o ta q u e se d ev e e v ita r d a r a o p la to n is m o , a t r a
vés d e assim ilaçõ es d este g ê n ero , u m a fa c e c ris tã e m ística m u ito suscetível d e falseá-lo .
ç ã o n ã o é m a is d o q u e u m in s tru m e n to
B 7 5 8 . S e ria p re fe rív e l d iz e r n e s te s e n ti
d e e x p lo ra ç ã o d a re la ç ã o f u n d a m e n ta l.”
d o : ju íz o (o u ciên cia) d e c o n sta ta ç ã o . E s ta
Ibid., 95.
p a la v r a n ã o p o ssu i a in d a a d je tiv o v e rb a l,
m a s p o d e r-s e -ia u tiliz a r constativo*. E X P O N Í V E L D . Exponibel·, E . Ex-
Rad. i n t A . K la rig , e tc . (v er Expli ponible ; F . Exponible; 1. Esponibile.
car); B . E x p lik a n t; C . K o n s ta ta n t. L ó ; « T τ . C h a m a m -se a ssim à s p r o p o
siçõ es c o m p o s ta s , m a s e m q u e a c o m p o
E X P L Í C I T O D . Explicit, ausdrück
siç ã o n a o é visív el n a s u a f o r m a , d e m a
lich’, E . Explicit', F . Explicite', 1. Esplicito. n e ir a q u e se é o b rig a d o a “ e x p lic á -la s ”
A . A o fa la r-s e d a s c o isa s : é explícito
o u “ e x p ô -la s ” p a r a a s a n a lis a r lo g ic a
a q u ilo q u e é e x p re s s a m e n te e n u n c ia d o , m e n te . S ã o as ex clu siv as*, as ex cep tiv as* ,
im p líc ito a q u ilo q u e e s tá im p lic a d o * p e a s c o m p a r a tiv a s * , a s in c e p tiv a s* o u
lo q u e se en u n cia e, p o r c o n seq ü ên cia, n e d e sitiv as* ( P o r t- R o y a l, 2? p a r te , c a p . IX
le e s tá c o m p re e n d id o , m a s a p e n a s de m a eX).
n e ira v irtu a l e n ã o a p a r e n te . Rad. int.\ E x p o n ib l.
B . A o fa la r-s e d a s p e ss o a s: q u e se ex
p lica c la ra m e n te ; q u e diz tu d o o q u e é n e E X P O S I Ç Ã O D . Exposition; E . Ex-
cessário p a r a ser c o m p re e n d id o sem e q u í position; F . Exposition; I. Esposizione.
v o c o e sem in d e te rm in a ç ã o . Ló ; «Tτ . O p e ra ç ã o q u e c o n siste e m
V er Implícito. fa z e r c o n h e c e r u m c o n c e ito e n u m e r a n d o
Rad. int.: E x p lic it. e x em p lo s o u c a so s p a rtic u la re s .
O “ silo gism o ex p o sitiv o ” é aq u ele cujo
“ E X P L O R A R ” (T e rm o d a lin g u a te r m o m é d io é u m in d iv íd u o d e te r m in a
gem c o rre n te , m a s n e o lo g ism o n o seu uso d o to m a d o d u a s vezes c o m o s u je ito .
E ste s e n tid o p a re c e c a íd o em d e su so .
S o b re E x p o s iç ã o — É ta m b é m u s u a l tr a d u z ir p o r e s ta p a la v r a Erörterung, p a r t i
c u la r m e n te n a s c éleb res e x p re ss õ e s d e K τ ÇI : Metaphysische Erörterung, Transcen
d e n ta l Erörterung. V er as d e fin iç õ e s q u e ele d á d e la s n a s u a Crítica da razão pura ,
e d . K e h rb a c h , p p . 51 e 5 3 . (E. Van Biéma )
S o b r e E x p r e s s ã o — A d is tin ç ã o e n tr e o s se n tid o s B e C fo i re m o d e la d a c o n fo rm e
a s n o ta s d e René Lacroze. V e r o se u liv ro L a fo n ctio n de l'imagination, p . 7 2 . E le
a s s in a la ig u a lm e n te o u s o e m D τ Â ζ « U d e “ e x p re ss ã o p s íq u ic a ” a o f a la r d o s o n h o ,
E
Sobre Extensão (1) — N ota substituída pela crítica elaborada a partir das obser
v a çõ e s d e F. Rauh e Th. Ruyssen.
EXTENSÃO 372
q u e se e ste n d e m a is o u m e n o s lo n g e: “ A ligível é a g r a n d e z a c o n c e b i d a i n d e p e n
e x te n sã o d o e s p írito , d a m e m ó ria . A ex d e n te m e n te d e t o d a q u a lid a d e s e n s ív e l ta l
te n s ã o de u m a in f lu ê n c ia .” N o te m p o : c o m o e la é o b je to d a Á lg e b ra e d a
“ U m a e x te n sã o d e v á rio s s é c u lo s .” A n á lis e .
C R ÍT IC A
C h a m a -s e ta m b é m em a n a to m ia face
interna à p a r te d o s ó rg ã o s v o lta d a p a r a A lém d o s e x em p lo s in d ic a d o s a trá s ,
o c e n tro d o c o rp o (o u m ais e x a ta m e n te ex istem a in d a certo s u so s m isto s o u c o m
em d ire ç ã o a o p la n o d e s im e tria d o c o r p le x o s. P o r e x em p lo : “ C o m p re e n d o so b
p o n o s a n im a is sim é tric o s); a face exter o n o m e de sensações internas” (e n ã o sen
na é a face o p o s ta . tidos) “ to d a s as sen sa çõ e s q u e c h eg a m à
Por metáfora: c o n sc iê n c ia p o r u m a o u tr a via q u e n ã o a
D . E m p sic o lo g ia , c h a m a -s e interior d o s sen tid o s especiais: v isão , a u d iç ã o , o l
o u interno tu d o o q u e a p e n a s ex iste e n f a to , p a la d a r , t a t o . . . E las d istin g u e m -se
S o b re F a c u ld a d e — História. A d o u tr in a d a s fa c u ld a d e s d a a lm a te m c e r ta m e n te
a s u a o rig e m n o s esco ceses. J o u f f r o y (Des facultes de Tôme humaine, 1828, n a s
M élangesphilosophiques) n ã o a d m ite , p a r a fa la r c o m p ro p r ie d a d e , fa c u ld a d e s m ú l
tip la s e in d e p e n d e n te s . A a lm a , s e g u n d o ele, só tem u m a f a c u ld a d e p ro p r ia m e n te
d ita , o “ p o d e r p e s s o a l” e “ c a p a c id a d e s ” d iv e rs a s , q u e são fa c u ld a d e s n a m e d id a
em q u e o p o d e r p e ss o a l d e las se a p o d e r a e a s d irig e; esse p o d e r p e ss o a l é nous; “ te
m o s a c o n sc iê n c ia d e q u e ele vive m e sm o n o seu r e p o u s o ” , e n q u a n to q u e só c o n h e
cem o s as o u tr a s fa c u ld a d e s o u c a p a c id a d e s em d e c o r rê n c ia e em c o n se q u ê n c ia d a s
su as m a n ife s ta ç õ e s fe n o m e n a is . U m a e o u tr a s são ig u a lm e n te p o r ele d e sig n a d a s c o
m o causas; p o r o u tr o la d o , a p lic a ta m b é m e ste te r m o p a r a as p r o p r ie d a d e s d as c o i
sas m a te ria is (p e so , c a lo r , e tc .), e, p a r a ele, as leis q u e g o v e rn a m o e x ercício d as p r o
p rie d a d e s e d a s c a p a c id a d e s s ã o o m o d o d e a ç ã o q u e se im p õ e à s c a u sa s.
A te o ria d a s fa c u ld a d e s e n c o n tr a a s u a e x p re ssã o sim u lta n e a m e n te rig o ro sa e c â n
d id a n o Tratado das faculdades da alma d e A d . G a r n i e r (1852): “ A a lm a e x ec u ta
a to s in d e p e n d e n te s u n s d o s o u tr o s q u e n o s d ã o a c o n h e c e r n e la p o d e re s in d e p e n d e n
te s... C o m o é q u e o eu é uno e diverso, n ã o o sab em o s d izer, m a s a consciência m o stra -
n o s q u e e la te m essas d u a s q u a lid a d e s . A s fa c u ld a d e s e x istem , p o r ta n to , in d e p e n
d e n te s u m a s d a s o u tr a s , sem d iv id ir a a lm a e sem a m u ltip lic a r .”
G a r n i e r c ita B o ss u e t, c re n d o -s e d e a c o r d o c o m ele, m a s e n g a n a -s e . O s e sc o lá s
tic o s o r to d o x o s , n isso s e g u id o s p o r D e s c a r t e s , p o r B o s s u e t e p e lo s o u tr o s c a r te
s ia n o s , tê m p o r d o u tr in a q u e a s fa c u ld a d e s s ã o a p e n a s nom es diversos d a d o s à a lm a
s e g u n d o as s u a s d ife re n te s o p e ra ç õ e s:
FA CU LD A D E 378
L ÃT3E ta m b é m d e c la ra q u e as fa c u ld a d e s sã o n o m e s e n à o “agentes” . L « ζ Ç« U E
c o n c o r d a : “ N ã o sã o as fa c u ld a d e s o u a s q u a lid a d e s q u e a g e m , m a s a s s u b s tâ n c ia s
p e la s fa c u ld a d e s .” P o d e r-s e -ia c o n tu d o c o n s id e ra r e s ta s ú ltim a s c o m o “ seres re a is
e d is tin to s ” (sem d ú v id a a títu lo d e essências n à o só possív eis, m as ta m b é m realizad as).
E m . C τ 2 Â è , n a p a ssa g e m a c im a c ita d a , r e to r n a , p o r ta n to , à tr a d iç ã o e sc o lá s
7 E
P a re c e -m e q u e ex iste ta m b é m em m im , o u m e lh o r, q u e eu so u u m s ó e m e sm o q u e re r
q u e se se d irig e o r a p a r a u m fim o r a p a r a u m o u tr o , u m a ú n ic a e m e sm a v id a a fe tiv a ,
o u c o n sc iê n c ia a fe tiv a d e m im m e sm o , q u e é m o d if ic a d a p e lo s o b je to s e x te rio re s,
o ra d e u m a m a n e ir a , o r a d e o u tr a . Se a q u ilo a q u e eu c h a m o p e n s a m e n to , s e n tim e n
to , v o n ta d e n ã o fo sse m a is d o q u e u m a s e m e lh a n ç a e n tre f a to s ra d ic a lm e n te d ife re n
tes u n s d o s o u tr o s , c o m o é q u e , p rim e ir o , e s ta s e m e lh a n ç a p o d e ria s e r tã o e x a ta q u e
m e p arecesse ir a té a id e n tid a d e ? E m s e g u id a , o n d e te r ia id o eu e n c o n tr a r a id éia
de eu e d as re la çõ e s desses f a to s c o m o eu l ( J . Lachelier)
A p a la v r a Faculdade p a re c e -m e te r d u a s a c e p ç õ e s: a s faculdades fu n ç õ e s ( p o r
e x e m p lo , a lin g u a g e m , as m e m ó ria s e sp e c ífic a s, e tc .) e as faculdades-modalidades
(in telig ê n c ia, a fe tiv id a d e , e tc .). O e rro d a s a n tig a s p sico lo g ias c o n sistiu em tr a ta r m o
d a lid a d e s c o m o fu n ç õ e s. M as o p sic ó lo g o c o n te m p o r â n e o p o d e re a b ilita r a id é ia de
fa c u ld a d e n o s e n tid o d e fu n ç ã o a o m o s tr a r q u e e x istem siste m a s re a is de p o d e re s
(n u m s e n tid o c o m p le ta m e n te e m p íric o , e v id e n te m e n te ) q u e c o rre s p o n d e m a u m sis
te m a de ó rg ã o s e p re d e te r m in a m c e rto s m o d o s d e a ç ã o . P o r e x e m p lo , a m e m ó ria
é a p e n a s u m a m o d a lid a d e c o e x te n siv a a to d a a v id a m e n ta l, m a s as d ife re n te s m e
m ó ria s esp eciais q u e p a re c e m a b s o lu ta m e n te c o rre la tiv a s à s fu n ç õ e s c o rre s p o n d e n
tes são siste m a s su scetív eis de d o e n ç a s esp e c iais, e tc . (G . Belot)
É c laro q u e se a in d a u sa m o s a p a la v ra faculdades , se a té fa la m o s em faculdades
d a a lm a , j á n ã o p e n sa m o s em p o d e re s q u e resid em n a a lm a e p o ssu e m u m a existência
d is tin ta d a d o s fa to s q u e lh e são a trib u íd o s . Faculdade n ã o é to d a v ia s in ô n im o de fu n
ção. A p sico lo g ia m o d e rn a n ã o te ria d e ix ad o d e ex clu ir u m a p a la v ra , se d e la se faz u m
d u p lo u s o , u m a p a la v ra q u e se p re sta a eq u ív o co s tã o g rav es. C o n se rv o u -a , p o rq u e é
n ecessária. Função d e sp e rta sem p re a id éia d e u m a a tiv id a d e referida a um órgão deter
minado , e n q u a n to q u e faculdade n ã o fa z n e ce ssa ria m e n te p e n sa r n u m s u b s tra to o rg â
n ico . P o r c o n se q ü ê n cia , faculdades da alma e funções psíquicas d e sig n a m a g ru p a m e n
to s de fa to m u ito d ife re n te s. A s fa c u ld ad e s sã o classes de fa to s p síq u ic o s, re u n id a s se
g u n d o as su as a n alo g ia s, d istin g u id a s seg u n d o as su as d iferen ças; as fu n çõ es p síq u icas,
c o m o as fu n çõ es s o m á tic a s, são processos o u complexos d e fe n ô m e n o s d e n a tu re z a d i
fe re n te . A q u ilo q u e se lo caliza nas d iv ersas regiõ es d o c é re b ro , n ã o é a q u i a sen sação ,
ali a m e m ó ria , a co lá o ju íz o . N o c e n tro d a v isão , p o r ex em p lo , ligam -se a sen sação
v isu al, a p e rc e p ç ã o visu al (co m to d o s o s ju iz o s q u e e la c o m p o rta , d isc rim in a ç ã o , assi
m ila ç ã o , lo c aliza ç ão , re c o n h e c im e n to , etc.), a m e m ó ria v isu al, a im a g in a ç ã o v isual, a
a te n ç ã o v isu al, etc. (ver Função). [E. Goblof)
381 F A L L A C IA
em p reg o d a p a la v ra “ c a s a ” )- D e o n d e d e g ra d o , d u r a n te o q u a l se fe ria m e fa z ia m
riv a m d ife re n te s se n tid o s: c o rre r o seu san g u e); D . Fanatiscfv, E . Fa
A . G r u p o d e in d iv id u o s p a re n te s o u na tic; fanatical; F . Fanatique ; I. Fa
a lia d o s q u e viv em c o n ju n ta m e n te . D istin- nático .
g u ira m -s e , n esse s e n tid o , v a rio s tip o s de A . (a n tig o ): M ístic o , q u e a d m ite n o
c u rs o d a s co isas a in te rv e n ç ã o o r d in á r ia
fa m ília : m o n o g â m ic a , p o lig á m ic a , p o
de p o d e re s o c u lto s . “ D e o u tr a m a n e ira
l i a n d r i a , p u n a lu a n a , e tc . — p e rp é tu a ,
n ã o v ejo c o m o é q u e p o d e ria m o s e v ita r
te m p o r á r ia , etc. V er as o b s e rv a ç õ e s .
c a ir n a filosofia fanática, c o m o a F ilo s o
B . O c o n ju n to d e to d o s os in d iv id u o s
fia M o sa ic a d e F lu d d , q u e salv a to d o s os
v iv o s m im d a d o m o m e n to q u e m a n tê m fe n ô m e n o s a trib u in d o - o s a D eu s im e d ia
e n tre si re la ç õ e s d e fin id a s d e p a re n te s c o ta m e n te e p o r m ila g r e ...” L « ζ Ç« U , N o
E
S o b re F a n ta s ia — A rtig o r e to c a d o e c o m p le ta d o s o b as in d ic a ç õ e s d e V. Egger,
Eucken e L. Boisse.
V. Egger c o m u n ic o u -n o s a lé m d isso as s e g u in te s o b s e rv a ç õ e s , “ Φ α ν τ α σ ί α , ima-
go e imaginatio, d a m e sm a ra iz q u e φ α ι ν ό μ ζ ι >ov, etc. S ig n ific a em A 2 « è I ó I E Â E è e
em to d o s os a u to r e s q u e o s e g u ira m im a g e m o u im a g in a ç ã o sem d is tin ç ã o e n tre a
im a g e m -re p ro d u ç ão e a im ag em -in o v ação . E n q u a n to a psicologia se in teressav a ap en as
em d is tin g u ir as operações sensitivas e o entendim ento, a d is tin ç ã o d a s im a g e n s c o
p ia d a s e d a s im a g e n s n o v a s e ra d e im p o r tâ n c ia m ín im a . F azia-se, a e x e m p lo de A ris
tó te le s, a tr ib u in d o à memória a q u ilo q u e , n a im a g e m , e ra r e p ro d u ç ã o . (C f, o in ício
d o ir iQ t μ ν η μ η ς . )
“ F A N T A S M A T IS M O ” 384
tu r a l d a s a ss o c ia ç õ e s.
F A P E S M O M o d o in d ire to d a p rim e i
CRÍTICA r a fig u ra (Lógica de P Ã2 I -RÃà τ Â , 3 a p a r
E n q u a n to e x p re ss ã o filo só fic a essa te , c a p . V III) c h a m a d o Fesapo*, q u a n d o
é c o n s id e ra d o c o m o u m m o d o d a q u a r P or extensão:
ta . E n u n c ia d o so b a f o r m a d ita Fapesmo, C . Q u a lq u e r n e c e s sid a d e o u d e te r
a p re s e n ta a s e g u in te d is p o s iç ã o : m in a ç ã o .
Todo M é P , D . S eq ü ên cia d e co in cid ên cias in ex p li
N enhum S é M. cáveis q u e p a re c e m m a n ife s ta r u m a fin a
L o g o , a lg u m P n ã o é S. lid ad e s u p e rio r e d e sc o n h e c id a e, m a is es
p e c ific a m e n te , série p e rs is te n te de d e s
CRÍTICA g ra ç a s .
V er Figura. E . A c aso * in feliz.
S o b re F a p e s m o — V er n o Apêndice a s o b s e rv a ç õ e s g e ra is so b re o s e n tid o d a p a
la v ra Figura e s o b re a le g itim id a d e d a 4? f ig u r a d o s ilo g is m o ; a re la ç ã o d e Fapesmo
e Pesapo é a í e s p e c ia lm e n te d is c u tid a .
S o b re F a ta lid a d e — A fr a s e c o lo c a d a e n tr e p a rê n te s e s n a Crítica ( “ m e sm o q u e
a q u e le q u e é se u o b je to , e tc .’’) f o i a c r e s c e n ta d a p a r a d a r c o n ta d a se g u in te o b s e r v a
ç ã o d e J . L a c h e lie r: “ P a re c e q u e a id é ia d e fa ta lid a d e n ã o im p lic a n e c e s sa ria m e n te
a d e c o n s tr a n g im e n to . V e ja m -se o s d o is e x e m p lo s d a d o s p o r L a F o n ta in e n a c u rio s a
f á b u la in titu la d a o Horóscopo (V II I, 16):
E n c o n tr a m o s o n o s s o d e s tin o ,
M u ita s vezes p o r c a m in h o s q u e to m a m o s p a r a o e v ita r
É , p o r ta n to , a n o s s a p r ó p r ia v o n ta d e q u e é s e d u z id a , e n ã o s o fre m o s c o n s tr a n g i
m e n t o .” É v e rd a d e q u e n ã o s e n tim o s o c o n s tr a n g im e n to s e n ã o n o ú ltim o m o m e n to
e , p o r a ss im d iz e r , q u a n d o ele se d e s m a s c a ra , a té a í se rv im o -lo c e g a m e n te . M a s n ã o
é m e n o s v e rd a d e q u e a v o n ta d e h u m a n a fa z e sfo rç o s n u m s e n tid o (e s c a p a r a o s le õ es,
a o d e s m o r o n a r d e u m a c a sa ) e q u e esses e s fo rç o s s ã o in e fic a z e s, j á q u e p ro d u z e m ,
n ã o o b s ta n te a s u a d ire ç ã o , o c o n tr á r io d o r e s u lta d o v is a d o . C o n c lu i p o r ta n to L a
F o n ta in e :
N ã o p o s s o d e t o d o a c r e d ita r q u e a N a tu r e z a
T e n h a a m a r r a d o su a s m ã o s e ta m b é m as n o ssa s
A p o n to d e tr a ç a r n o s c é u s a n o s s a s o r te . (A . L .)
O v e rso p ro v e rb ia l: D ucunt volentem fa ta , nolentem trahunt (S é n e c a , Cartas a
Lucilius, C V II, 10) e x p rim e p e rfe ita m e n te a p a r te d e in d e te rm in a ç ã o e o c o n s tr a n g i
m e n to q u e o fa ta lis m o im p lic a d o p o n to d e v is ta d o in d iv íd u o . E s te a g e c o m o lh e
a g r a d a , p o u c o im p o r ta : o u é c o n d u z id o o u é a r r a s ta d o . N ã o se p o d e r ia a f ir m a r m ais
c la r a m e n te a in d e p e n d ê n c ia d o in d iv íd u o e a s u a im p o tê n c ia . (K . Egger)
F A T A L IS M O 386
S o b re F a ta lis m o — O s e n tid o B p a re c e te r s id o u s a d o e sp e c ia lm e n te p o r C h r.
W Ã Â E E . N a s u a o b r a D e differentia nexus rerum sapientis et fa ta lis necessitatis u sa
a e x p re ssã o : “ S p in o z a et fa ta lis ta e ” (p . 17). ( R . Euckeri)
A c h o ú til d is tin g u ir fatalism o e determinismo re s e rv a n d o o p rim e iro te rm o p a r a
o u s o m e ta fís ic o , q u e r d iz e r, c o n s e rv a n d o -lh e o s e n tid o a b s o lu to e a té o n to ló g ic o
q u e e fe tiv a m e n te se lig a à id é ia d e fa tu m , e a tr ib u in d o o s e g u n d o a o u s o c ie n tífic o ,
q u e r d iz e r, a p lic a n d o -lh e a sig n ific a ç ã o m u ito re la tiv a d e u m a id é ia d ir e tr iz , d e u m a
f o r m a d e p e n s a m e n to , q u e e n c o n tr a m o s j á n a id é ia d e d e te r m in a ç ã o (o p o s ta p e lo
p o s itiv is m o à id é ia d e c a u s a ç ã o ). (M. Bernès)
387 F A T A L IS M O
Ver em p a rtic u la r L E « ζ Ç« U , p re fá c io da
Teodicéia o n d e ele distin g u e: Fatum ma-
humetanum, fa tu m stoicum, fa tu m chris- 1. "T rata-se, pois, de um a lei a p rio ri da n atu
tianum\ e o §55 d a m esm a o b ra . reza, segundo a qual nada acontece por acaso cego
(in inundo non datu r casus...) e da mesma forma não
K τ Ç en ten d e p o r Fatum o que aco n
I
existe na natureza necessidade cega, m as apenas uma
teceria em virtude de u m a necessidade ce necessidade condicional, portanto inteligível (non d a
ga pela qual certos acontecim entos seriam tu r f a tu m ) "
c rê , e e n tã o tra ta -s e d e fé d iv in a , o u é n o h o m e m , tra ta n d o -s e e n tã o d a fé h u m a n a . ”
BO SSU ET, Conhecimento de Deus , I , X IV . C f. a su a Lógica I I I , c. X X II e X X I I I ,
e a Lógica de P Ã2 I -R O à τ Â , IV p a r t e , c . X II: “ A c e r c a d a q u i l o q u e c o n h e c e m o s p e
la fé, q u e r h u m a n a , q u e r d i v i n a . ”
A p a la v r a f é é a n a lis a d a e d e f in id a , p a re c e -m e , n u m s e n tid o d e m a s ia d o ex clu si
v a m e n te “ in te le c tu a lis ta ” o u “ o b je tiv is ta ” , q u e r d iz e r, n ã o n o s c o lo c a m o s n e m n o
p o n to d e v is ta d a fé-crença in s tr u tiv a , e n ã o n o p o n to de v ista d a fé-confiança a f e ti
v a e u n itiv a . Se a fé a u m e n ta o n o s s o c o n h e c im e n to n ã o é, a n te s d e m a is e p rin c ip a l
m e n te , e n q u a n to n o s e n s in a , a tra v é s de te s te m u n h o a u to r iz a d o , c e r ta s v e rd a d e s o b
je tiv a s , m a s sim e n q u a n to n o s fa z s im p a tiz a r re a l e p ro f u n d a m e n te c o m u m se r, e n
q u a n to n o s u n e à v id a de u m s u je ito , e n q u a n to n o s in ic ia , p e lo p e n s a m e n to q u e a m a ,
n u m o u tr o p e n s a m e n to e n u m o u tr o a m o r. A c re n ç a (d e o rd e m j á m ais c o g n o sc itiv a
o u m a is ló g ic a ) é n o rm a lm e n te u m a fo r m a d e riv a d a e p a rc ia l d a fé. M as isto n ã o
q u e r d iz e r q u e a fé “ se o p õ e ” a o saber o u à razão: a fé n ã o é n em a n ti-ra c io n a l n em
a -ra c io n a l, n ã o d e sc o n h e c e n e m re n e g a o s a b e r: fu n d a -s e em ra z õ e s ta is q u e a ra z ã o ,
u m a vez c o n s u lta d a , se d e s d o b r a n u m a te s ta d o de c o n fia n ç a de q u e s e ria rid íc u lo ,
e a té o d io s o , e s ta b e le c e r as p ro v a s a tra v é s d e u m ra c io c ín io fo r m a l. “ N ã o se p ro v a
q u e se d ev e ser a m a d o e x p o n d o p o r o rd e m as c a u s a s d o a m o r; s e ria r id íc u lo ” , c o m o
o b s e rv o u P τ è T τ Â ( Pensamentos , a r t. V II, 19). M as e ste a m o r, f u n d a d o n a ra z ã o ,
a in d a q u e n ã o s o b re ra c io c ín io s , é o ú n ic o q u e p o d e re a liz a r em n ó s a re a lid a d e c o n
c re ta d e u m ser e s p ir itu a l, d e u m ser ele p ró p r io c a p a z d e c o n h e c e r e d e a m a r . E is
p o r q u e a fé d e s e m b o c a n o m a is re a lis ta d o s sa b e re s. (Blondel)
F E L I C I D A D E C . E ú ô a t# t< m a n o CRÍTICA
s e n tid o B; L . Felicitas ; D . Glück, Glück
A id é ia g re g a d a fe lic id a d e e stá v e l,
seligkeit n o s e n tid o C ; E . Happiness', F . tvòcufiovía, re s u lta n te d e u m a c e r ta d is
Bonheur ,; I. Felicita. p o sição d a a lm a , fo i re je ita d a p a ra seg u n
A . S e n tid o e tim o ló g ic o : d o te rm o d o p la n o p e la m o ra l c ris tã e p e lo k a n tis
fra n c ê s s o rte fa v o rá v e l (a m e s m a s ig n ifi m o . M as re to m o u u m a im p o r tâ n c ia c o n
c a ç ã o e m Happiness d e Happen, a c o n te sid e rá v e l n a é tic a c o n te m p o r â n e a (cf.
c e r p o r a c a s o ; e em Glück, d e Gelingen, B 2 Ã T τ 2 á , “ A m o ra l a n tig a ” , Revue
7
S o b re F e n o m e n is m o — A p a la v r a fenom enism o fo i d if u n d id a n a F r a n ç a p o r R e
n o u v ie r. P e rg u n to - m e m e sm o se ele n ã o a fo r jo u . E m q u a lq u e r c a s o n ã o c o n h e ç o
n e n h u m e x e m p lo a n te s d ele. (R. Berthelot)
S o b re F e n ó m e n o — A rtig o c o m p le ta d o de a c o r d o c o m as o b s e rv a ç õ e s d e J. La-
chelier e L. Robín.
395 FEN Ô M EN O
d e ipaivóiuvos n o s e n tid o d e a p a r e n te e
e m esp ecial o te x to c ita d o n o a rtig o Ob
a lg u m a s vezes ilu s ó rio ; m a s c h a m a g e ra l
je tiv o , B. m e n te tpoavófievoc, sem in te n ç ã o p e jo r a
C. F a to s u rp re e n d e n te , q u e sai d o c u rtiv a , p a re c e , a tu d o o q u e c a i s o b o s s e n
so o r d in á r io d a s c o isa s; a n im a l o u vege tid o s . O p Õ e-n o , s e ja , c o m o j á P la tã o f a
ta l m o n s tr u o s o , o u p e lo m e n o s e x tr a o r z ia , à q u ilo q u e ex iste d u m a m a n e ira f i
d in á r io . E s te s e n tid o p e rte n c e à lin g u a x a , e sse n c ia l, tòc ovrot, t cc èt\r]6rj·, se ja
M as d iz e m o s fe n ô m e n o s físic o s, q u ím ic o s , b io ló g ic o s , e tc ., e m b o r a se tr a te c e r
ta m e n te d e “ f a t o s ” n o s e n tid o d e fin id o a c im a . O s físic o s d izem ta m b é m m u ito c o r
re n te m e n te “ o fe n ô m e n o d e Z e e m a n n , o fe n ô m e n o d e M ic h e ls o n ” p a r a d e s ig n a r fa
to s g e ra is e p e rm a n e n te s : v er o te x to d e P E « 2 TE c ita d o n o a rtig o Observação.
P a r tin d o q u a s e d o o p o s to d a d is tin ç ã o p r o p o s ta a c im a p o r I . L τ T Â « 2 , G.
7 E E
Dwelshauvers e sc re v eu -n o s:
“ S e g u n d o o s e n tid o p r o p r ia m e n te filo só fic o d a d o a este te rm o p e lo s r a c io n a lis
ta s e c ritic is ta s , ele n ã o se a p lic a a o s d a d o s im e d ia to s d a c o n sc iê n c ia e n q u a n to v iv i
d o s e c o n c re to s , m a s e x c lu siv a m e n te a o f a to c o n sc ie n te p u rif ic a d o d o s e lem en to s sen
síveis d a re a ç ã o in d iv id u a l e tr a n s p o s to em conceito g ra ç a s a o siste m a ló g ic o d a s c a
te g o ria s o u fo r m a s d e o rd e m d o e n te n d im e n to . O fe n ô m e n o é sempre u m p r o d u to
c o n c e p tu a l d a a tiv id a d e m e n ta l; ele é in s e p a rá v e l d a a b s tr a ç ã o . S e ria p o r ta n to rig o
ro s o e c o rre to n ã o c h a m a r fenôm eno a u m d a d o im e d ia to d a c o n s c iê n c ia m a s so
m e n te ao d a d o d a co n sciên cia e n q u a n to o b je tiv id a d e , p o s to d e a lg u m m o d o p elo p e n
s a m e n to p e r a n te si p r ó p r io , e p o r c o n se q ü ê n c ia in s e p a rá v e l d a s leis ra c io n a is o u f o r
m a s de o rd e m p o r m eio d as q u a is o e sp írito in te r p r e ta o m u n d o . O m u n d o d a re a li
d a d e im e d ia ta (o u d a e x p e riê n c ia b r u ta d e K a n t) e o m u n d o d o s fenôm enos (o u d a
e x p e riê n c ia ra c io n a liz a d a ) sã o d ife re n te s.
U m f a to p s ic o ló g ic o se rá ta m b é m c h a m a d o fe n ô m e n o se eu o e n c a r a r , n ã o em
re la ç ã o co m a a tiv id a d e in te g ra l d o s u je ito , m a s d e slig a d o d e sta , em re la ç ã o co m
o s fe n ô m e n o s d a m e sm a n a tu r e z a u n id o s p o r u m a lei, c o m o , p o r e x e m p lo , as idéias
d o s a ss o c ia c io n is ta s.
P a re c e -m e essen cial m a n te r a d is tin ç ã o , p a r a a p s ic o lo g ia e p a r a a m e ta fís ic a , e n
tr e o fa to concreto e o fenômeno·, e ste ú ltim o q u e n ã o se d á sem u m p ro c e sso d e
a b s tr a ç ã o e d e o b je tiv a ç ã o .
M e ta fis ic a m e n te , d e sd e q u e d e ix em o s a ordem dos objetos p a r a c o n s id e ra r a or
dem dos sujeitos (o u d a re a lid a d e v e rd a d e ir a e a tiv a ), o te rm o fen ô m en o não tem
mais sentido·, p o r q u e e n tã o p o d e re m o s fa la r d e f a to s c o n c re to s , de d a d o s , p a r a d a r
a e n te n d e r q u e se tr a ta n e ste c a s o , sim p le sm e n te , n a c o n sc iê n c ia , de re fle x o s d t pro
cessos c o m p le x o s o u c o n ju n to de funções.
P s ic o lo g ic a m e n te , o m e sm o te r m o p o d e e n c o n tr a r -s e , d e a c o r d o c o m o c o n te x to ,
s e ja n o s fenôm enos, seja n o s fa to s concretos ; p o r e x . representação: se este te rm o
d e sig n a u m a a p re s e n ta ç ã o d o o b je to o u u m a id é ia p re s e n te n a m e m ó ria , in d ic a e n
tã o um fe n ô m e n o ; se, p e lo c o n tr á r io , d e sig n a a f u n ç ã o re p re s e n ta tiv a c o m o s s e n ti
m e n to s e n u a n c e s p a rtic u la re s q u e a ele se lig a m , ele q u e r d izer fa to concreto, p r o
cesso m e n ta l.”
397 F E N O M E N O L O G IA
ra r o s e x e m p lo s (v e r a d ia n te ) , só se e n F E R I O 4 ? m o d o d a 1 ? fig u ra d o si
c o n tra v a n a s tra d u ç õ e s o u a n á lise s d e lo g is m o :
o b ra s e s tra n g e ira s . P e lo c o n tr á r io , d e sd e
1920, to r n o u - s e m u ito u s u a l e m u ito s N enhum M é P .
e sc rito res g o s ta m d e a p lic á-la à s su as c o n A lg u m S é M .
c e p ç õ e s, p o r v ezes m u ito d ife re n te s e n L o g o , a lg u m S n ã o é P .
tr e si.
Rad. int .: F e n o m e n o lo g i. F E R IS O N M o d o d a 3? fig u ra q u e se
“ U m g ra n d e n ú m e ro d e filó s o fo s c o n te m p o râ n e o s a d o ta m , m o d if íc a n d o -o m a is
o u m e n o s , o m é to d o h u s s e rlia n o , a p ro v e ita n d o - o p a r a a c o n s tr u ç ã o d o s seus p r ó
p rio s s iste m a s. É a p e n a s n e ce ssá rio s u b lin h a r q u e p a r a H u ss e rl u m a ta l s e p a ra ç ã o
é c o m p le ta m e n te ile g ítim a . E le p r ó p r io n ã o q u is ‘c o n s tr u ir ’ u m s is te m a , m a s s o m e n
te d e sc re v er a q u ilo q u e se p o d e v e r a o a d o ta r u m a c e r ta m a n e ira d e o lh a r . P r e te n d e r
v e r o c o n tr á r io d a q u ilo q u e ete p r ó p r io v ia s ig n ific a v a q u e n ã o se tin h a c o m p re e n d i
d o o v e rd a d e iro s e n tid o d o seu m é to d o .” ( G. Berger)
S o b re a v a rie d a d e de c o n c e p ç õ e s à s q u a is e s ta p a la v r a é a p lic a d a , v e r ta m b é m
H a n s D 2 « E è T7 , Die Phänomenologie und ihre Vieldeutigkeit, C . R . d o 7? C o n g re s,
in t. d e P h ilo s o p h ie , O x fo rd , 1930, p p . 151-158; M a rv in F y2 ζ E 2 , “ L a P h ilo so p h ie
descriptive e t la n a tu re de i ’existence h u m a in e ” , em L ’acüvité philosophique en France
et aux États-Unis (1950), to m o I , p p . 6 7 -9 4 ; J . H E 2 « Ç; , “ L a p h é n o m e n o lo g ie en
F r a n c e ” , n a m e sm a o b r a , to m o I I , p p . 76-95.
las antiintelectualistas, p re fá c io .
O p a s to r Trial a ss in a lo u -n o s a in d a u m o u tr o s e n tid o p a r a fideísm o e m certo s te ó
lo g o s p ro te s ta n te s : a d o u tr in a q u e fa z c o n sis tir a fé n a c o n f ia n ç a e m D e u s, p o r o p o
sição à c re n ç a n o s d o g m a s . V er Fé, o b s e rv a ç õ e s . ( P o r o u tr o la d o , n o p ro te s ta n tis
m o , a o p in iã o m a is g e ra l é a d a in s u fic iê n c ia d a r a z ã o p a r a d e m o n s tr a r o s d o g m a s .)
R e c o n h e ço q u e seria sem d ú v id a ú til, d e c erto s p o n to s d e v is ta , te r u m a p a la v ra
p a r a d e sig n a r a s d o u tr in a s q u e a d m ite m q u e só a r a z ã o n ã o b a s ta p a r a a s n e ce ssid a
des d o h o m e m e q ue d e v e ser c o m p le ta d a p e la fé. Pragmatismo d e sig n a s o b re tu d o
u m a te o ria d a v e rific a ç ã o , m e sm o ra c io n a l, e super-racionalismo, q u e fo i u s a d a n es
te s e n tid o p e lo s te ó lo g o s , seria d e u so d ifícil em filo s o fia . P o r o u tr o la d o , n e n h u m a
d o u tr in a q u e re c o n h e ç a a n e c e ssid a d e d a fé p o d e a c e ita r p a r a si p r ó p r ia o n o m e de
fideísm o, q u e receb eu n a h is tó ria d a te o lo g ia u m a d e te rm in a ç ã o té cn ica b a s ta n te p re
cisa: seria c o m p le ta m e n te d e s a ju s ta d a p elo s m a l-e n te n d id o s in e v itá v eis q u e e sta ex
p re s sã o le v a n ta ria . A lém d o m a is , a s d o u tr in a s c o n te m p o râ n e a s , à s q u a is este n o m e
se a p lic a ria , n ã o sã o e s tr ita m e n te fix a d a s n u m a fó r m u la ; e s tã o , a n te s , em vias de
c o n s titu iç ã o e d e d e se n v o lv im e n to ; e, a este re s p e ito , seria la m e n tá v e l d a r-lh e s u m a
e tiq u e ta c o m o a co isas Finitas e d e te rm in a d a s . (Ed. Le Roy)
401 F ID E ÍS M O
d e H e rd e r o u à d e J a c o b i, a q u e , d e p re a tra v é s d e u m a fa c u ld a d e s u p e r io r e es
fe rê n c ia , c h a m a re m o s sentimentalismo. p e c ia l, 4‘a in te lig ê n c ia ” , q u e n o s d á a in
A . T e rm o p rim itiv a m e n te te o ló g ic o , tu iç ã o d a re a lid a d e e s p ir itu a l, m a s e la
a p lic a d o à d o u tr in a d e H Z E I , d o p a d re p r ó p r ia só p o d e e n tr a r e m a ç ã o to m a n
Bτ Z I τ « Ç e d e Lτ OE ÇÇτ « è : a ra z ã o n a d a d o p o r b a se a re v e la ç ã o , d e q u e n o s p e r
n o s e n sin a s o b re a n a tu r e z a d a s c o isa s, m ite c o m p re e n d e r o s e n tid o e so té ric o .
e la a p e n a s p o d e c la s s ific a r e f o r m u la r as T e n d o sid o e s ta d o u tr in a c o n d e n a d a
a p a rê n c ia s. A v e rd a d e a b s o lu ta o b té m -se e m 1838 p e las a u to r id a d e s ecle siástic a s,
la r iz a r, a p e s a r d o m a u u s o q u e d e la fiz e k ö n n e n n ic h ts a n d e rs im S in n e h a b e n , als
r a m .” Ibid. d ie Fesseln d e r Wissenschaft g a r a b z u w e r
C f. L e ib n iz , Cartas a des Billettes fe n , A rb e it in S p iel, G e w issh e it in M ei
(1697): “ D e sd e q u e se fa ç a a lg o d e c o n n u n g , u n d P h ilo s o p h ie in P h ilo d o x ie z u
s e q u e n te , é -m e in d if e re n te q u e s e ja fe ito v e rw a n d e ln .” 1 Crft. da r. pura, p re fá c io
n a A le m a n h a o u n a F r a n ç a ; p o r q u e e u à 2? e d iç ã o , §16.
d e se jo o b e m d o g é n ero h u m a n o ; n ã o so u
u m v?i\e'XXijj' o u ^ » ι λ ο ρ ω μ α ί ο ϊ , m a s φ ι - N OTA
λ α μ Ο ρ ω π ο ί ” ( Gerh ., V I I , 4 5 6 ). é o p o s to p o r P Â τ I ã Ã a <pi-
Β . B en e fic iê n cia, e n q u a n to c o n sis tin \óao<poi {República, liv ro V , 4 8 0 ). M as
d o n ã o em s o c o rre r in d iv id u a lm e n te o s in n ã o é n o m e s m o s e n tid o : o s p rim e iro s
fe liz es, m a s e m m e lh o r a r a s o rte d o s h o s ã o , p a r a e le , a q u e le s q u e se c o m p ra z e m
m e n s a tra v é s d e m e io s c o m u m a lc a n c e c o m a s a p a r ê n c ia s d a s c o isa s, c o m a m u l
g e ra l, p a r tic u la r m e n te in s titu iç õ e s d e c a tip lic id a d e d o s f a to s p a r tic u la r e s e re la ti
rid a d e . S ó este s e n tid o é h o je u s u a l. v o s, e n q u a n to o s seg u n d o s a scen d em à es
Rad. int.: F ila n tr o p . sên cia e à Id é ia (cf. O p in iã o ). «biXoáo&a,
q u e e x iste ta m b é m e m g re g o , s ig n ific a
F I L Á U C I A (G . φ ι Κ α ν τ ί α , e g o ísm o ;
a m o r d a g ló ria .
a m o r-p ró p rio , n o b o m e n o m a u sen tid o s:
cf. A 2 « è I I E Â E è , Ética a Nicômaco, IX , F I L O G Ê N E S E V e r Ontogênese.
V III).
E ste te r m o é u s a d o n u m s e n tid o la u F I L O S O F E M A D . Philosophem ; E .
d a tiv o p o r RE ÇÃZ â« E 2 : ele o p õ e a “ v e r Philosopheme, philosophem a ; F . Philo-
d a d e filá u c ia ” o u “ a m o r - p r ó p r io esc la sophème; I . Filosofema.
re c id o , a m o r d o s e r ra z o á v e l e m si, à mi- A p a la v r a g re g a ptkoaó<piifta é u tili
sáucia, q u e r d iz e r , a o ó d io d o v e rd a d e i z a d a p o r A ris tó te le s em d o is s e n tid o s : 1?
r o s u je ito m o r a l, d a p a r te ra c io n a l d e si ra c io c ín io c ie n tífic o , d e m o n s tr a tiv o ,
p r ó p r io q u e é o p rin c íp io d e to d a s a s te n o p o s to a o ra c io c ín io r e tó r ic o o u d ia lé ti
d ê n cia s v icio sas” . Ciência da morai , c a p . c o (v e r Epiquirema ) , a o ra c io c ín io e rís-
L X IV . tico * o u s o fís tic o , e a o aporema , ra c io c í
E stes te rm o s s ã o ra ro s e n ã o c re io qu e n io d ia lé tic o q u e a c a b a n u m a c o n tr a d i
misáucia se e n c o n tr e a lg u re s a lé m d e R e ç ã o ( Tópicos , V I I I , I I ; 162? 15-19); 2?
n o u v ie r; q u a n to à filáucia (q u e ex iste em (n o p lu r a l) e stu d o s o u e n s in a m e n to s fi
g re g o ) é u s a d a em v á ria s p a ssa g e n s d e lo s ó fic o s (Do céu, 2 7 9 a30 ).
R τ ζ E Â τ « è , p . ex. Pantagruel, I I I , 29. A tu a lm e n te , d iz -se p o r vezes d e u m
T a m b é m se e n c o n tr a so b a f o r m a philaf- a d á g io o u d e u m a tese filo s ó fic o s . M as
tie n o in íc io d a s M emórias d e M a rg u e ri- a p a la v r a é r a r a e a n tiq u a d a .
te d e Vτ  ë è , c ita d o p o r Sτ « ÇI E -BE Z âE ,
Lundis , V I, 191. F I L O S O F I A G . <pt\o<jo<píct; D . Phi
losophie ; E . Philosophy; F . Philosophie ;
“ F I L O D O X I A ” D . Philodoxie ; E . I. Filosofia.
Philodoxy; F . Philodoxie. P a r a a h is tó ria d e s ta p a la v r a , v e r Fi
P a la v r a c r ia d a p o r Kτ ÇI p a r a d e sig lósofo, te x to e o b s e rv a ç õ e s .
n a r e p a r a re p r o v a r o d ile ta n tis m o in te
le c tu a l q u e se c o m p ra z e m le v a n ta r os 1. “ A queles que rejeitam o seu m étodo (o mé
p ro b le m a s filo só fic o s sem d e s e ja r a tin g ir to do de W olff) e, contudo, tam bém não adm item o
so lu çõ es c ien tífic as e u n iv e rsa lm e n te acei processo da crítica d a razão p u ra não podem te r ou
tra intenção senão a de se desem baraçarem com ple
ta s . “ D ie je n ig e n , w e lch e sein e L e h r a r t tam ente das peias da ciência, de transform ar o tra
u n d d o ch zugleich a u ch d a s V e rfa h re n d er balho em jogo, a certeza em opinião e a filosofia em
K ritik d e r re in e n V e r n u n f t v e rw e rfe n , filodoxia.’’
405 F IL O S O F IA
A . S a b e r ra c io n a l, c ie n c ia , n o s e n ti se ja u m a o rd e m de co n h ec im e n to , seja to
d o m a is g e ra l d a p a la v r a (A 2 « è I ó I E Â E è , do o saber h um ano, a um pequeno n ú
Metafísica , 1, 1, 9 9 3 b 21; X I , 8; 1074b m e ro d e p rin c íp io s d ire tiv o s . “ A f ilo s o
11, e tc.)· E s te s e n tid o c o n se rv o u -s e d u fia d a s c iê n c ia s, d a h is tó ria , d o d ir e ito .”
r a n te m u ito te m p o e n tre o s m o d e rn o s . “ D a í trê s esp écies d e filo s o fia s o u d e sis
“ P h ilo s o p h ia in d iv id u a d im ittit; ñ e q u e te m a s g e ra is d e c o n c e p ç õ e s s o b re o c o n
im p re s sio n e s p rim a s in d iv id u o r u m , sed ju n to d o s f e n ô m e n o s ...” A u g . C ÃOI E ,
n o tio n e s a b illis a b s tr a c ta s c o m p le c ti- Curso de filos, positiva, 1? L iç ã o , § 4.
t u r . . . , a tq u e h o c p r o r s u s o ff íc iu m est a t- E sp ecialm en te, n o sen tid o fo rte (q u e se
q u e o p ific iu m r a tio n is .” Bτ TÃÇ , D edig- c o n fu n d e em certo s p o n to s co m A ): E s fo r
nitate, II , 1 , 4. A ssim , o p õ e -se a historia* ço de síntese to ta l, p a ra u m a co n cep ção de
“ q u a e p ro p rie in d iv id u o ru m est, i.e. q u ae c o n ju n to d o u n iv e rso . “ K n o w led g e o f th e
c irc u m sc rib u n tu r lo co et te m p o re ” ; c o m low est k in d is u n u n ified know ledge; Scien
p re e n d e , p o r o u tr o la d o , a philosophia ce is p a rtia lly u n ified k n o w led g e; P h ilo -
prima*, u rn a Philosophia moralis , q u e s o p h y is th e c o m p letely u n ifie d k n o w le d
tr a t a de tu d o a q u e h o je c h a m a m o s ciên g e .” 1H e rb e rt S ú ÇT 2 , First Principies,
E E
m o n o v o , te n d o c o m p a r a d o a v id a a es c a r a m e m d ú v id a a e x a tid ã o d e s ta tr a d i
sas g ra n d e s fe ira s às q u a is v in h a g e n te d e ç ã o d e q u e H e rá c lid e s d o P o n to lh e s p a
to d a a G ré c ia , u n s p a r a c o n c o r re r n o s j o re c e s e r u m a g a r a n tia p o u c o se g u ra .
g o s , o u tr o s p a r a v e n d e r e p a r a c o m p r a r , S e g u n d o R i t t e r e P r e l l e r , in
o u tr o s a in d a p e lo sim p le s p r a z e r d e v e r “ P y th a g o r a m tr ä n s t u lit H e rá c lid e s q u o d
o e s p e tá c u lo , a c re s c e n ta v a : “ Q u i c ete ris e r a t S o c ra tic a e m o d e s tia e p ro p riu m * ’.
o m n ib u s p r o n ih ilo h a b itis , r e r u m n a tu - H ist, philos. Graecae, 7 ! e d . (1 8 8 8 ), §3 ;
r a m s tu d io s e in tu e r e n tu r , h o s se appella · v er P l a t ã o , Fedro , 278 D , e A pologia ,
re sapientiae studiosos; id est en im p h i- 2 0 , 23.
lo s o p h o s .” K2 Z ; (Allgem eines Handw. P o d e -s e c o n s u lta r u tilm e n te s o b re a
der Phil. Wissensch., I I I , 211) e Z e l l e r h is tó ria d e ste te rm o e d a s p a la v ra s d a m es
(Philosophie der Griechen, I n t r o d ., c a p . m a fa m ília : U e b e r w e g , Grundriss der
I) , a d o ta n d o a s ra z õ e s d e K ru g , c o lo Gesch. derPhilos.y I 10, E in le it., p p . 1-5.
s ó fic o d o q u e de q u a lq u e r o u tr a o rd e m d e fe n ô m e n o s . F a r á a m o r a l p a r te d a f ilo s o
fia ? N ã o , m a s é o seu p rin c ip a l c o r o lá r io , a m a n e ir a p e la q u a l d e v e m o s c o n c e b e r
e c o n d u z ir a n o s s a v id a d e p e n d e n d o in te ira m e n te d a id é ia q u e fiz e rm o s d a re la ç ã o
d o e s p írito c o m a n a tu r e z a , q u e r de m a n e ira g e ra l, q u e r em p a r tic u la r e m n ó s . F a r á
a ló g ic a p a r te d a filo s o fia ? C e r ta m e n te q u e n ã o ; m a s p o d e -se d iz er q u e a ló g ic a c o n
c e b id a à m a n e ira d e A ris tó te le s , a s ilo g ís tic a , s u p õ e a re a lid a d e d o s g ê n e ro s e d a s
esp écies, c o m p re e n d id a n a d a n a tu r e z a . P o d e r - s e - á d iz e r: a filo s o fia d e u m a a r te ,
de u m a c iê n c ia p a rtic u la r? Se se e n te n d e r p o r isso u m e s fo rç o p a r a compreender o
o b je to d e s ta a r te o u d e s ta c iê n c ia , e n q u a n to p e n e tr a d a , p o r seu la d o , p e la ra c io n a li
d a d e u n iv e rs a l. É ser filó s o fo c o n s id e ra r to d a s as c o isa s c o m c a lm a , e n c a ra r os m a
les d a v id a c o m p a c iê n c ia ? S im , se e ssa p a c iê n c ia f o r f u n d a d a s o b re o s e n tim e n to
m a is o u m e n o s o b s c u ro q u e se te m d a r a c io n a lid a d e u n iv e rs a l. Q u a n to às re la ç õ e s
e n tre filo s o fia e re lig iã o , é e m S ch ellin g (n ã o e m V o lta ire ) q u e é p re c is o p ro c u rá -la s .
É o o fíc io d a filo s o fia tu d o compreender , m e sm o a re lig iã o . (X Lachelier )
N e ste c o n c e ito , d o is e le m e n to s d is tin to s e s o lid á rio s p a re c e m s e m p re im p lic a d o s:
c o n h e c im e n to e s p e c u la tiv o d a v e rd a d e v e rd a d e ir a , s o lu ç ã o p r á tic a e s e g u ra d o p r o
b le m a d a d e s tin a ç ã o h u m a n a , n u m a p a la v r a : re g ra d e v id a e d e c a r á te r f u n d a d a s o
b re u m a c e rte z a p e n s a d a , s o b re u m f u n d o d e r e a lid a d e tã o a d e q u a d a m e n te c o n h e c i
d o e tã o re s o lu ta m e n te e n c a r a d o q u a n to p o ssív el. E o p ro b le m a ú ltim o q u e r e s u lta
d e s ta d u a lid a d e e d e s ta s o lid a rie d a d e é a q u e s tã o d e s a b e r se a u n id a d e o u , p o r a ssim
d iz e r, a h o m o g e n e id a d e d o c o n h e c im e n to e d a a ç ã o p o d e ser o b tid a p e la filo s o fia
o u , se n ã o , s a b e r em q u e c o n d iç õ e s e la o p o d e s e r; p o r q u e n ó s te n d e m o s in v e n c iv e l
m e n te p a r a e s ta to ta liz a ç ã o d a v e rd a d e in te g r a d a e m n ó s , assim c o m o p a r a a a d a p ta
ç ã o s a lu ta r d o n o s s o ser a o S er. (M. Blondel)
A filo s o fia e s tu d a o e s p ír ito , n ã o s o m e n te e n q u a n to ele se d is tin g u e d o s seu s o b
je to s , m a s a in d a e n q u a n to ele é u m e le m e n to c o n s titu tiv o d o u n iv e rs o . E n q u a n to
q u e a c iên c ia te m p o r o b je to a re a lid a d e e n q u a n to m a te ria l (é p o r isso q u e a c iên cia
te n d e p a r a as m a te m á tic a s , q u e s ã o a c iê n c ia d a m a té r ia p u r a o u , p e lo m e n o s, d o
e sp a ç o ), a filo s o fia te m p o r o b je to a re a lid a d e e n q u a n to e s p irito . A p a rte m a is e le v a
d a d a filo s o fia , c o m o d izia A ris tó te le s , é u m a “ te o lo g ia ” ; o seu o b je to n ã o é o u tro
s e n ã o o E s p írito a b s o lu to , D e u s. ( C h. Werner)
411 F IM
in tr o d u z ir n o p r ó p r io te x to . P a r a o fa z e r, tiv e de m o d if ic a r a lg u m a c o isa n a s u a f o r
m a e c o m p le tá -la e m a lg u n s p o n to s , c o m o a liá s o a u to r m e h a v ia a u to r iz a d o . I n d i
q u e i p a r tic u la r m e n te a re la ç ã o s e m â n tic a q u e m e p a re c e e x istir e n tre o se n tid o A e
o s e n tid o B , a c e rc a d o s q u a is Rauh c o n s id e ra v a s o b r e tu d o a o p o s iç ã o (p o n to d e v is
t a d in â m ic o , p o n to d e v ista e s tá tic o ). E le p r o p õ e q u e n ã o se e m p re g u e fim , finalida
de\ causa fin a l s e n ã o n o s e n tid o A , “ in s is tin d o n o u s o h is tó ric o d e ste s te rm o s n a
filo so fia c lá ssic a , q u e o filó s o fo a tu a l deve te r p re s e n te a o e s p irito p a r a se r e c o r d a r
q u e p o d e h a v e r siste m a sem q u e e x ista fin a lid a d e n o p rim e iro s e n tid o ” .
O q u e d iz re s p e ito à re la ç ã o d e fin a lid a d e te m p o r a l e fin a lid a d e in te m p o ra l em
K a n t fo i e x tra íd o d as o b se rv a ç õ e s d e J. Lachelier. [A. L .)
F IN A L ID A D E 416
c á lc u lo . É e s ta a idéia diretriz d e C la u d e te s u m a s à s o u tr a s n a c o n s tr u ç ã o d e u m a
Ber n a r d , q u e n ã o c o n c e b e ó rg ã o s s e c a s a , o u o c o n c u r s o d a s d ife re n te s p e ça s
g u n d o as su a s n e c e s sid a d e s, m a s q u e é d e u m a m á q u in a , m e sm o q u e tã o sim p les
p o s ta d e u m a vez p o r to d a s , e c u ja re a li c o m o u m a r c o o u u m a a la v a n c a . S eg u e-
z a ç ã o le n ta o u r á p id a , c o m p le ta o u a b o r se q u e to d a a d a p ta ç ã o d e s te g ê n e ro , d e
ta d a , d e p e n d e a p e n a s d e co n d içõ e s fisico p e n d ê n c ia d a s p a rte s e m re la ç ã o a o to d o ,
q u ím ic a s. É e s ta ta m b é m a c o n c e p ç ã o d e c o n v e n iê n c ia o u h a r m o n ia d e e le m e n to s
c e rto s n e o la m a rc k ia n o s c o m o E im er . d iv e rs o s , a p a re c e -n o s c o m o o e fe ito d e
E x iste e n tã o v e rd a d e ir a m e n te u m a v o n u m a in telig ên cia o rd e n a d o ra , sin al de p re
ta d e sem in telig ên cia, u m a d ire ç ão p síq u i v id ê n cia e d t finalidade. D a í a lig ação d a
ca p u r a , A este s e n tid o d a p a la v r a p e r id é ia d e arte* (c f. a r te s ã o , a r tis ta , a r tif i
te n c e a d e fin iç ã o d a fin a lid a d e q u e c o n s cial) c o m a id éia teleo ló g ica. E s ta c o n c e p
titu i a causalidade da necessidade, o u a ç ã o estática d a fin a lid a d e é a d o s m e ta fí
a ç ã o d a necessidade sem pensam ento (E . sicos c lássico s. É a ssim q u e Leibniz c o n
Go b l o t , “ F u n ç ã o e f in a lid a d e “ , Revue s id e ra c o m o o p r ó p r io m o d e lo d a a ç ã o
philosophique, 1899, II , 635. C f, d o m es d a s c a u s a s fin a is a e sc o lh a in te m p o r a l e
m o a u to r , “ A fin a lid a d e sem in te lig ê n q u a lita tiv a de u m m u n d o e n tre to d o s os
c ia ” , Revue de métaphisique, 1900, 393; sistem as lo g icam en te o u g e o m etric am e n te
“ A fin a lid a d e em b io lo g ia ” , ibid., 1903, p o ssív eis (v er o fim d a Teodicéia ). E s ta
I I , 366, s o b re a d isc u s s ã o e n tre S u l l y e sc o lh a d á c o n ta simultaneamente d e t o
Pr u d h o m m e e C h . Rj c h et ; e a c a r ta d e d o s o s ele m e n to s d e ste siste m a e d o siste
Ch. R ic h et q u e se seg u e a este a rtig o , m a q u e fo r m a m em c o n ju n to to d o s esses
ibid., 379). s iste m a s. D a m e s m a m a n e ir a , n o p o r m e
T o d a s estas co n cep çõ es são , a in d a q u e n o r d a s c o isa s, ex iste causa fin a l to d a s a s
d e u m m o d o d e sig u a l, f o r m a d a s a p a r tir vezes q u e se d e s c o b re u m a h a r m o n ia ,
d o m o d e lo d a a tiv id a d e h u m a n a p s ic o lo u m a re la ç ã o d e c o n v e n iê n c ia e n tre o s te r
g ic a m e n te o b serv áv e l; n o ta r-s e -á to d a v ia m o s “ d is c o r d a n te s ” . A fin a lid a d e d o d e
q u e a ú ltim a , n o g r a u d e s im p lific a ç ã o a s e jo h u m a n o é, seg u n d o L eib n iz , a p e n a s
q u e fo i c o n d u z id a , n ã o d ife re j á em n a u m a e x p re ssã o a p ro x im a tiv a desse m o d o
d a d o e sse n cia l d a s n o ç õ e s q u e a m e c â n i d e s iste m a tiz a ç ã o s u p e r io r. E n c o n tra -s e
c a u s a . U m a f o r ç a , c o m e fe ito , é u m a o m e s m o p o n to d e v is ta e m K a n t , q u e
g ra n d e z a dirigida, q u e te n d e p a r a u m m a is d o q u e q u a lq u e r o u tr o a p ro x im o u
p o n to , q u e p r o d u z o seu e f e ito s e g u n d o a s id é ia s d e a r te , d e b e lo e d e fin a lid a d e .
o s o b s tá c u lo s q u e e n c o n tr a , m a s q u e p o r N a Crítica do ju ízo , d e m o n s tr a a n te s d e
si p r ó p r ia n ã o p o d e r ia p ro d u z ir o m ín i tu d o a u n id a d e s is te m á tic a d a s leis e m p í
m o d e sv io p a r a c o n d u z ir o m ó b il p a r a o ric a s: o s seres v iv o s s ã o a p e n a s p a r a e le
fim a o q u a l se s u p õ e q u e ele te n d a . u m e x e m p lo d e s ta esp é c ie d e u n id a d e , e
N o ta r-s e - á , n e s ta p rim e ira série d e c o n sid e ra -o s m a is n o seu p la n o d o q u e n o
s e n tid o s , a lig a ç ã o d a id é ia d e finalidade seu d e v ir. A e x p lic a ç ã o d a s c o isa s p o r
c o m a s id é ia s d e apreciação*, d e norma* u m a fin a lid a d e in te n c io n a l “ a n á lo g a à
e d e valor*. n o s s a ” é, d e f a to , s e g u n d o ele, u m a es
II. M as a fin a lid a d e p ro p r ia m e n te d i p écie d e fic ç ã o c ô m o d a p a r a n o s r e p re
ta , d e o n d e p a r tim o s , a p r e s e n ta u m a o u sen ta r a o rd e m d o s seres n a tu ra is (ver te x
tr a c a ra c te rístic a . A re a liza ç ão d e u m fim to a b a ix o , n o a rtig o Princípios de fin a
p e la ativ id a d e h u m a n a c o m p o rta em q u a lidade)·, isso se d ev e a o f a to de o n o s so
se to d o s o s caso s a a tiv a ç ã o e a c o m b in a e n te n d im e n to ir s e m p re , p e la s u a n a tu
ç ã o d e v á rio s e le m e n to s o u c o n d iç õ e s si re z a , d a q u ilo q u e e s tá antes n o te m p o
m u ltâ n e a s c o m v is ta a u m e fe ito de c o n à q u ilo q u e e stá depois, n ã o p o d e n d o , p o r
ju n to , p o r ex em p lo , a a d a p ta ç ã o d a s p a r c o n s e q u ê n c ia , e x p lic a r o m e io p e lo fim ,
417 F IN A L ID A D E
q u e p a r a o u t r o . ” J Ã Z E E 2 Ã à , Cour de
droit natural, L iç ã o X X IX , t. I I I .
C RÍTIC A 1. “ O conceito de um a coisa com o algo que è
cm si um objetivo da natureza n ão é pois um concei
E sse p rin c íp io p a re c e te r s id o tir a d o to constitutivo do entendim ento ou d a razão, mas po
d o s e g u in te te x to d e A ris tó te le s: “ ... de servir de conceito regulador para o juizo reflexi
vo e, segundo um a analogia distante com a nossa pró
Μ η θ έ ν μ ά τ η ν v o te i η φ ύ σ α · e v e x á τ ο ν
pria causalidade, na sua tendência geral p ara o bjeti
yag πά ν τ α υ πά ρ χ ε ι τ α φ ύ σ ε ι η vos, servir de guia à investigação de objetos desse gê
σ υ μ πτ ώ μ α τ α ϊ σ τ α ι τ ω ν ε ν ε χ ά τ ο ν Π ίρ ι n e ro .”
F IN A L IS M O 418
C o n tu d o , J . L a c h e l i e r s u s te n to u q u e , F I N I T O D . Endlich (q u er ta m b é m d i
sem te r o c a r á te r a b s o lu to d o p rin c íp io de z er final]; E . Finite ; F . Fini; I. Finito.
c a u s a lid a d e , a e x istê n c ia d e c a u sa s fin a is T e r m o c o n tr a d itó r io d e infinito*·.
n o m u n d o n ã o d e ix a d e s e r u m p rin c íp io a q u ilo q u e p o s s u i u m lim ite .
ra c io n a l, q u e r d izer: 1?, “ u m e le m e n to in A . U m n ú m e ro in te ir o , m a io r d o q u e
d isp en sá v el d o p rin c íp io d a in d u ç ã o ” ; 2? , 1, é d ito fin ito q u a n d o p o d e s e r o b tid o
“ u m a lei q u e re s u lta , c o m o a d a s c a u s a s p e la a d iç ã o d a u n id a d e c o n sig o p r ó p r ia ,
e fic ie n te s, d a re la ç ã o d o s fe n ô m e n o s c o m q u e r seja ú n ic a , q u e r s e ja re p e tid a u m n ú
o n o s so e s p írito ” . J . L a c h e l i e r , D o fu n m e ro d e vezes ta l q u e u m a d e ssa s re p e ti
dam ento da indução , c . V I. ç õ e s s e ja a ú ltim a .
D e u m a m a n e ira m a is rig o r o s a e m a is
F IN A L IS M O D . Finalismus ; E . Fina-
f o r m a l: s u p o n d o d e fin id o s o s n ú m e ro s
lism \ F . Finalisme; I. Finalismo.
c a r d in a is e m g e ra l, o s n ú m e ro s 0 e 1, e
Q u a lq u e r d o u trin a q u e a tr ib u a u m p a
a s o m a d e u m n ú m e ro q u a lq u e r n e 1
p e l im p o r ta n te à fin a lid a d e n a e x p licação
d o u n iv e rs o , e e sp e c ífic a m e n te : (n + 1), a c lasse d o s n ú m e ro s inteiros f i
A . D o u tr in a d a s causas finais*, p r o - nitos é o c o n ju n to d o s n ú m e ro s c a rd in a is
v id e n c ia lism o . c o n tid o s e m t o d a c lasse S q u e c o n te n h a
B . A n te r io r id a d e e s u p e r io rid a d e d a z e ro e q u e c o n te n h a o n ú m e ro (« + 1) se
te n d ê n c ia (n e c e s sid a d e , d e s e jo , v o n ta d e ) c o n tiv e r o n ú m e r o n (q u a lq u e r).
e m re la ç ã o à m e c â n ic a . D iz -se fre q ü e n - A p ro p r ie d a d e im p líc ita n e s te e n u n
te m e n te , n esse s e n tid o , Voluntarismo * c ia d o é c h a m a d a princípio de recorrên
cia o u , a lg u m a s v ezes, princípio de indu
C RÍTIC A ção. C a r a c te riz a o s n ú m e ro s fin ito s p o r
C o m o q u a s e to d o s o s n o m e s de d o u o p o s iç ã o a o s n ú m e ro s in f in ito s , e é e la
tr in a , e ste te r m o é m a u e p re s ta -se fa c il q u e tr a d u z a d e fin iç ã o v u lg a r q u e e n u n
m e n te a o e q u ív o c o . c ia m o s e m p rim e iro lu g a r.
P o d e -s e a in d a d e f in ir o fin ito n e g a ti
F I N I T IS M O D . Finitismus; E . Fini- v a m e n te , c o m o o n ã o - in f in ito . V er In fi
tism; F . Finitisme; I. Finitismo. nito.
A . N o sen tid o g eral: d o u trin a seg u n B . U m n ú m e ro real é d ito fin ito se fo r
d o a q u a l n ã o existe n a d a q u e seja a tu a l in f e r io r a a lg u m n ú m e ro in te iro fin ito .
m e n te in fín ito 4', m a s tu d o o q u e existe o b e C . U m a g ra n d e z a é dita fin ita se fo r
d e ce à “ lei d o n ú m e ro ” . ( R e n o u v i e r , m e d id a , e m r e la ç ã o a u m a g r a n d e z a d a
P i l l o n ; E v e l l i n , e tc .) V er e sp e c ia lm e n
m e s m a esp é c ie, p o r u m n ú m e ro re a l
te C o u t u r a t , Do infinito matemático, li
fin ito .
v ro I I I , o n d e ele p õ e e m c e n a u m d iá lo g o
Rad. int.: F in it.
e n tre o F in itista e o In fin itis ta .
B , R e lativ a m e n te a ta l o rd e m p a rtic u F I N I T U D E N e o lo g ism o , em fra n c ê s .
la r de re a lid a d e , c h a m a -s e fin itism o à te C a ra c te rís tic a d a q u ilo q u e é fin ito . “ P a s
se q u e d e fe n d e q u e e s ta re a lid a d e é fin i s a d o s o s lim ites d a n o s s a fin itu d e , o n d e
ta : p o r e x e m p lo , a o p in iã o d a q u e le s q u e é a m a té ria q u e in d iv id u a liz a e a a ç ã o q u e
c o n s id e ra m fin ito o e s p a ç o . e s c la r e c e ...” G . D τ â à , “ H e n ry B erg
Rad. int.: F in itism . s o n ” , Revue universitaire, 1941, p . 23.
n a E sc o la d e V ien a, p a r a d e sig n a r a d o u -
2. "Q u alq u er proposição d a psicologia pode ser
form ulada em termos d a linguagem da física... Traia-
$e de um a tese parcial d a tese geral d o fisicalismo,
1. A linguagem d a física com o língua universala saber, que a linguagem d a física é um a linguagem
d a ciência. universal."
S o b re “ F is ic is m o ” — T e x to c o m u n ic a d o p o r M , Marsal, assim c o m o a p a s s a
g em seg u in te d e R e n o u v i e r , o n d e e sta p a la v r a ta m b é m é u tiliz a d a , m a s p a r a d e sig
n a r a d o u tr in a d o s “ fís ic o s ” d a E sc o la d a J ó n ia : “ P e rm itim o -n o s a p a la v r a fisicis
m o, tir a d a d o p rim itiv o p o s itiv is m o de S a in t-S im ó n , p o rq u e o te rm o fisio lo g ia , q u e
c o n v iria a q u i p o r s e r a q u e le d e q u e se serv iam o s p r ó p r io s g re g o s , to m o u n a n o s s a
lín g u a u m s e n tid o m u ito m a is e sp e c ial; e n ó s ta m b é m n ã o p o d e ría m o s a p lic a r a d e
n o m in a ç ã o d e empirismo a o m é to d o d e u m a e sc o la tã o e s p e c u la tiv a e a p r io r is ta c o
m o f o r a m as filo s o fia s d e u m A n a x im a n d r o , d e u m H e rá c lito o u d e u m D e m ó c rito .
Histoire et solution desproblèm es métaphysiques, p . 25 (n o ta ). R e n o u v ie r e m p re g a
ta m b é m n este s e n tid o a p a la v r a “ fis ic is ta ” . C f. Transformismo, B.
“ F ÍS IC O ” 420
a r g u m e n to s d e Z e n ã O d e E lé ia d ito s
F IS IO G N O M O N IA D . Pftysiogno-
“ c o n tra o m o v im e n to ” . É a s s im r e fe r i
mik\ E . Physiognomonies; F . Physiogno
d o p o r A r i s t ó t e l e s : se tu d o a q u ilo q u e
monie) I. Fisiognomonia.
o cu p a u m a ex te n sã o ig u a l à s u a e stá em
C iê n c ia d a re la ç ã o e n tre o c a r á te r e o
r e p o u so , e se u m a fle c h a q u e v o a o cu p a
a sp e c to físic o d o s in d iv íd u o s e e sp e c ial
s e m p r e u m a e x te n s ã o ig u a l à s u a , e m c a
m e n te e n tre o c a r á te r e o s tra ç o s d o r o s
d a in s ta n te (o u : n o m o m e n to p r e s e n te , h
to . A r te d e a d iv in h a r o c a r á te r a p a r tir r ã vvv), u m a f le c h a q u e v o a e s tá im ó v e l.
d estes sig n o s e x te rio re s. Física , V I , 9; 23 b . C f. Agutíes.
F I S I O L O G I A D . Phisiologie ; E . F O B IA D . Phobie ; E . Phobia-, F.
Physiology; F . Physiologie ; I. Fisiologia. Phobie ; I. Fobia. (M u itas vezes u s a d o co
A . P r o p ria m e n te , e stu d o d a s funções m o su fix o : agorafobia, e tc.)
d o s c o rp o s v iv o s, p o r o p o s iç ã o a o e s tu T e m o r m ó r b id o d e u m a c e r ta e s p é c ie
d o d a s u a f o r m a e d a s u a e s tr u tu r a , q u e d e o b je to s o u d e a to s.
s ã o o o b je to d a m o rf o lo g ia e d a a n a t o Rad. int.: F o b i.
m ia . “ F is io lo g ia a n im a l; fis io lo g ia vege FO N O RRECEPÇÃ O , FOTORRE
t a l . ” P o r e x te n s ã o , diz-se p o r vezes d o es C E P Ç Ã O D. Phonorezeption, Photorezep-
tu d o d a s fu n ç õ e s m e n ta is, m a s isso , em tion; E. Id.; F. Phonoréception, Pkotoré-
g e ra l, p a r a f a z e r e n te n d e r q u e e sta s f u n ception ; I. Fonorecezione, Fotorecezione.
ç õ es, se fo sse m m e lh o r c o n h e c id a s, se re P a la v ra s in tro d u z id a s p o r B eer, B eth e
d u z iria m às d o siste m a n e rv o s o ; v er p o r e U e x k u ll p a r a d e s ig n a r a a u d iç ã o e a v i
e x e m p lo Physiology and Pathology o f s ã o d o p o n to d e v is ta d a p u r a psicologia
M in d d e M a u d s l e y ( 1 8 6 7 ) . da reação*, fa z e n d o a b s tr a ç ã o d e q u a l
N e ste s e n tid o , a p e s a r d a s u a e tim o lo q u e r f a to d a c o n sc iê n c ia ( Vorschläge zu
g ia c o m u m , fisiologia o p õ e -s e a física , einer objektivierenden N om enklatur in
q u e d e sig n a o e s tu d o d o s fe n ô m e n o s m a der Physiologie des N ervensystem s1,
te ria is n ã o v ita is . Biolog . Centralblatt, a g o s to d e 1899). E s
B . P o r o p o s iç ã o a psicologia e a p si tes te rm o s fo r a m a d o ta d o s p e lo d r. N Z Â E
cológico, fisiologia e fisiológico dizem -se {La visión, P a ris , 1904), assim co m o o u
d e u m a m a n e ira m u ito a m p la d e tu d o o tra s expressões p e rte n c e n te s à m e sm a n o
q u e n o h o m e m é c o n s id e ra d o c o m o p e r m e n c la tu ra . E n c o n tra re m o s a su a d iscu s
te n c e n te a o c o r p o e n ã o a o e sp írito . N es são n o s Archives de Psychologie, ju n h o de
te c a s o , eles p o d e m , p e lo c o n tr á r io , 1905 e m a i o de 1906 (artig o s de C l a -
to r n a r - s e s in ô n im o s de físico (su b st.
m ase, o u a d j.) . F ala-se n o m esm o sen tid o
d a re la ç ã o e n tre o s fe n ô m e n o s fisio ló g i I. Preliminares a uma nomenclatura objetivante na
cos e psicológicos, o u d a re lação e n tre “ os fisiologia d o sistema nervoso.
Russeli) C reio ter visto alg u m as vezes, até em fran cês, “ m eia fo rça v iv a” p o r — m v2.
2
M as é ra ro . (L. Couturaf)
F orça n o s e n tid o C é d e e v ita r . É u m a d a is p a l a v r a s m a i s v a g a s e m a i s o b s c u r a s d a
filo s o f ia . (L . Boisse)
FO RM A 424
NOTA H o u v e n a e sc o lá stic a u m e m p re g o
O s e n tid o p rim itiv o d a p a la v r a f r a n m u ito v a s to , d e riv a d o d o u s a d o p o r A 2 « è
c e sa é in v e n ta r a lg u m a c o is a c o m b in a n t ó t e l e s ; se rv iu p a r a tr a d u z ir : cíó os,
d o e n tr e si o s e le m e n to s . D iz ia-se a o fa μ ο ρ φ ή , ο υ σ ί α , πα ρ ά δ ε ι γ μ α , τ ο τ ι ή ι>
p r ia m e n te a a p a r ê n c ia e x te r io r , e n q u a n to e s ta é u m a c o n s e q u ê n c ia d o c ió o s ; e σ χ ή μ α
a fig u r a ex te r n a , n ã o r e la c io n a d a c o m a fo r m a . V er ta m b é m H a m e l i n , Comentá
rio s o b r e o l i v r o II d a Física d e A r i s t ó t e l e s , p . 4 8 . (Ch. Serrus)
j u n t o d a s re g ra s a se g u ir n o p ro c e s s o , n o s n ã o m a is c o m o u m a s o m a d e elem en
o p õ e -s e a o fu n d o , q u e c o n s titu i o o b je to to s q u e h á q u e , a n te s d e m a is, is o la r, q u e
p a r tic u la r d a q u e s tã o c o n s id e ra d a . D iz- a n a lis a r, q u e d isse c ar, m a s c o m o c o n ju n
se a in d a n o m esm o sen tid o Formalidades. to s (,Zusammenhänge ) q u e c o n s titu e m
C. E m c o n s e q ü ê n c ia d o a m p lo s e n tiu n id a d e s a u tô n o m a s , m a n ife s ta n d o u m a
d o d a d o à p a la v ra a le m ã Gestalt n a “ te o s o lid a rie d a d e in te r n a e te n d o leis p r ó
ria d a f o r m a ” *: e s tr u tu r a (m e sm o in te p ria s . S eg u e-se q u e a m a n e ir a d e s e r d e
rio r), o rg a n iz a ç ã o — a p a la v ra fo rm a , a o c a d a e le m e n to d e p e n d e d a e s tr u tu r a * d o
fim d e a lg u n s a n o s , é ta m b é m u s a d a em c o n ju n to e d a s leis q u e o re g em . N e m p si
fra n c ê s d a m e sm a m a n e ira p e lo s p sic ó lo co lo g icam en te nem fisio lo g icam en te o ele
g o s . V e r P a u l G Z « Â Â τ Z O , A psicologia
E m e n to p re e x iste a o c o n ju n to : n ã o é n e m
da fo rm a , 1937. C f . a c im a Boa* fo rm a m a is im e d ia to n em m a is a n tig o : o c o n h e
e m a is a b a ix o Teoria da fo rm a . É n e c e s c im e n to d o to d o e d a s s u a s leis n ã o p o d e
s á r io n ã o e n te n d e r e sta id é ia d e f o r m a se r d e d u z id o d o c o n h e c im e n to s e p a ra d o
n u m s e n tid o f in a lis ta , m a s n u m s e n tid o d a s p a r te s q u e a í se e n c o n tr a m .” (V e r as
físic o , q u e r d iz e r , b a s e a d o n o m o d e lo d e o b s e r v a ç õ e s .) A lé m d is so , s e g u n d o e s ta
u m s is te m a d e o n d e n ã o se p o d e r e tir a r te o r ia , e x iste p a r a c a d a esp é c ie d e f e n ô
n em a c re s c e n ta r u m a p a r te sem a lte r a r a s m e n o s u m a h ie r a r q u ia d a s f o r m a s p o s s í
o u tr a s o u sem d e te r m in a r u m re a g ru p a - veis n o se n tid o C ; e, q u a n d o a s co n d içõ es
m e n to g e ra l ( p o r e x e m p lo , a re p a r tiç ã o e x te rio re s o p e rm ite m , o p e ra -s e u m a
d a c a rg a e lé tric a s o b re u m c o r p o c o n d u tr a n s f o r m a ç ã o e s p o n tâ n e a e m d ire ç ã o a
to r is o la d o ). Ibid., p . 28. u m a f o r m a “ m e lh o r ” (a m e n o s q u e “ a
Forma fo rte é a q u e la q u e lig a e s tre i m e lh o r ” f o r m a e s te ja j á re a liz a d a ). V er
ta m e n te a s p a rte s de u m to d o n u m a o r Boa* fo rm a e Pregnante e , n o S u p le m e n
g a n iz a ç ã o q u e a p re s e n te u m a u n id a d e e to , Isom orfism o. P a u l G Z « Â Â τ Z O , “ A E
S o b re F o r m a l — O s e n tid o e sc o lá stic o d a p a la v r a a in d a se c o n s e rv a , ta n to em
a le m ã o c o m o em fra n c ê s , em c ertas e x p re ssõ e s d a lin g u a g e m c o rre n te : “ E in f ö r m li
ches C o m p lo t; ein fö rm lich es K u n sw e rk ; fö rm lic h e u n d a u sd rü c k lic h e E r k lä r u n g .” 1
(F. Tönnies)
E m a le m ã o , Formale Logik te m d o is s e n tid o s d ife re n te s : a ) a q u e le q u e a c im a é
in d ic a d o p a ra a e x p re ss ã o Lógica form al; b ) u m a ló g ic a q u e a f a s ta q u a lq u e r c o n si
d e ra ç ã o s o b re as re la çõ e s d o p e n s a m e n to c o m o se r, c o m o a c o n te c e , p o r ex em p lo ,
em K a n t e H e r b a r t. (/?. Euckeri)
Educação form al. P o ssu ir u m a cultura geral sig nifica an tes de m ais sab e r u m p o u c o
de tu d o , te r c o n h e c im e n to s v a ria d o s ; u m a cultura o u u m a educação fo rm a l torna-
nos a p to s a a p re n d e r, c o m p re e n d e r e a g ir em to d a s as o rd e n s de c o n h e c im e n to s . ( V.
Egger)
T e m o a p lic a r a p a la v r a fo rm a l ao s e stu d o s clássico s: e sta p a la v ra te n d e a fa z e r
c re r q u e estes n ã o p o ssu e m c o n te ú d o , e n q u a n to , p elo c o n tr á r io , em tu d o a q u ilo q u e
eles e n sin a m d a h is tó ria e d a filo s o fia a n tig a tê m u m c o n te ú d o m u ito ric o e m u ito
s ó lid o . ( / . Lachelier)
1. A última destas expressões, “ declaração form al e expressa” , é a única que corresponde ao uso fran
cês. A palavra fo rm a l [form et) não teria sentido nesta língua aplicada a um a conjura ou a uma obra de arte,
F O R M A L IZ A R 428
m a is a c im a Form a , B, 3?.
P o r e x te n s ã o , c a r á te r m e tic u lo so e
I. “ U m a m aneira estrita, freqüentem ente peno
m e c â n ic o d o p e n s a m e n to : “ E in sich ge- sa, de se co m p o rtar, restringindo-se a regras deter
n a u , o f tp e in lic h , n a ch b e stim m te n k o n - m inadas e convencionais.”
1. “ Neste agrupar term o a termo de pares antitéticos, com inferência espontânea das propriedades de
um para o outro , ou para outro s, há um procedim ento filosófico m uito usual. F om e de invenção e fome
de erro. P or exemplo, qualidade-quantidade, com preensão-extensão. Inferência espontánea: a m atem ática
tra ta da quantidade; logo os conceitos m atem áticos definem-se pela sua extensão.” (N ota de M. M arsat )
429 F0T1SM 0
S o b re F u n ç ã o — “ P o d e -s e , em p s ic o lo g ia , c la ssific a r a ssim p o r o p o s iç ã o o s s e n
tid o s d e ste te rm o : 1 ? (o p o s to a fenôm eno ): c a p a c id a d e m e n ta l, c o m o a sen sib ilid a d e
(o p o s ta à s e n s a ç ã o ), a m e m ó ria (o p o s ta à re c o rd a ç ã o o u à im a g e m ), a a fe tiv id a d e
(o p o s ta a o s e n tim e n to , à e m o ç ã o , e tc .); 2? (o p o s to à estrutura ): c o n ju n to de o p e r a
çõ es m e n ta is, p ro c e ss o c o n s id e ra d o n o seu c a r á te r d in â m ic o ; p . ex. o ju íz o , a c o m
p a r a ç ã o , o a to d e f a la r; 3? (o p o s to a descrição, análise ): p a p e l, u tilid a d e d e u m fe
n ô m e n o ; sig n ific a ç ã o b io ló g ic a .” (Ed. Claparède )
ç ã o (v e rd a d e ira o u fa ls a , c o n fo rm e as n a id é ia d e q u e o e x ercício d a s fu n ç õ e s
c o n s ta n te s e sc o lh id a s). P o r e x e m p lo , “x é a co n d içã o d o seu d esen v o lv im en to , sen
é h o m e m ” , “ o c h u m b o é ^ ” s ã o fu n ç õ e s d o a o rd e m d e ste d e se n v o lv im e n to p re
p ro p o sic ío n ais sim p les q u e se to rn a m res d e te rm in a d a p e la n a tu re z a , o exercício de
p e c tiv a m e n te p ro p o siç õ e s v e rd a d e ira s p a u m a f u n ç ã o é u m a c o n d iç ã o n e c e s sá ria
ra S ó c ra te s , y = p e s a d o , fa ls a s p a r a p a r a o p o s te r io r a p a r e c im e n to d e c e rta s
j r = P é g a s o , y = v e rm e lh o . U m a fu n ç ã o o u tr a s fu n ç õ e s ; p a r a e x e rc ita r u tilm e n te
p re p o sic io n a l d u p la será, p o r ex em p lo , d a u m a c ria n ç a é n e c e ssá rio c o lo c á -la n a s
f o r m a tlx é h o m e m D x é m o r t a l” . V er con d içõ es p ró p ria s p a ra fazer n a sc e r a n e
Variável. c essid ad e q u e será s a tis fe ita co m esse
Rad. int.: F u n c tio n . ex ercíc io , e m s u m a , q u e a c ria n ç a n ã o é
u m s e r im p e rfe ito d o p o n to d e v ista d a s
F U N C I O N A L D . Funktional ; E . su a s fu n ç õ e s físic as e m e n ta is , q u e se d e
Functíonal\ F. Fonctionnel; I. Funzionale. v e ria le v a r o m ais r a p id a m e n te p o ssív el
A . R e la tiv o a u m a f u n ç ã o n o s e n tid o a p a re c e r-s e c o m o h o m e m a d u lto , m a s,
A . C h a m o u -se psicologia funcional à q u e p e lo c o n tr á r io , u m ser c u jo s e sta d o s p o s
la q u e e s tu d a o s p ro c e sso s m e n ta is d o su e m , c a d a u m p o r si, a s u a p e rfe iç ã o
p o n to de v ista d in â m ic o , e n q u a n to m eio s p r ó p r ia , e de q u e o e d u c a d o r d ev e f a v o
d e certo s fins (e m esm o m ais esp ecialm en recer a p le n a re a liz a ç ã o sem a n te c ip a r a
te , s e g u n d o a lg u n s a u to r e s , e n q u a n to se q ü ê n c ia d o d e se n v o lv im e n to . V er C Â τ -
a g e n te s d e s a tis fa ç ã o d e c ertas n e c e ssid a ú τ 2 è á E , J . - J . R o u ss e a u e a c o n c e p ç ã o
des b io ló g icas). E s te te rm o receb eu a liá s, f u n d o n a l d a in fâ n c ia, Revue de métaphy -
p a rtic u la rm e n te n a A m é ric a , se n tid o s sique, m a io d e 1912. A e x p re s s ã o
m u ito d ife re n te s u n s d o s o u tr o s . V er e m p re g a -se ta m b é m n u m s e n tid o p r ó x i
R Z T3 O« T7 , “ T h e U se o f th e T e rm F u n c m o d a q u e le q u e fo i a c im a d e fin id o a o f a
tio n in E n g lish T e x t-b o o k s o f P s y c h o - la r d a psicologia funcional: “ U m a p e d a
lo g y ” , American Journal ofPsychology, g o g ia f u n c io n a l é u m a p e d a g o g ia q u e se
ja n e ir o d e 1913. O p õ e -se a estrutural*. p ro p õ e d e se n v o lv e r o s p ro c e ss o s m e n ta is
C h a m a -s e teoria funcional da educa le v a n d o e m c o n ta a s u a sig n ific a ç ã o b io
ção à q u e la q u e b a s e ia to d a a p e d a g o g ia ló g ic a ..., q u e v ê o s p ro c e ss o s e a s a tiv i-
S o b re F u n d a m e n to e F u n d a r — O a rtig o Fundar fo i a c re s c e n ta d o n a q u in ta e d i
ç ã o ; o a rtig o fundam ento tin h a s id o m o d if ic a d o n a p rim e ir a c o n fo rm e a s o b s e r v a
çõ es d e J. Lachelier, A . Landry, E. Van Biéma. E s te ú ltim o fe z n o ta r q u e fu n d a
mento n e m s e m p r e d e sig n a v e rd a d e s primeiras , m a s tã o - s ó a s v e r d a d e s ló g icas a n te
rio re s à q u e la s q u e se t r a t a d e fu n d a r : “ D ir-se -á , c re io e u , fundam ento últim o q u a n
d o se q u is e r e x p rim ir c o m rig o r o te rm o d e p o is d o q u a l o e s p írito j á n ã o c o n c e b e
reg ressão p o s sív e l.” Is to é v e rd a d e n o se n tid o A , e a fó r m u la fo i m o d ific a d a de a c o rd o
c o m e sta n o ta ; m a s j á n ã o o é n o s e n tid o B : o “ f u n d a m e n to d a m o r a l” , p o r ex em
p lo , só p o d e s e r o p rin c ip io s u p re m o d a m o ra lid a d e .
A Crítica e as p ro p o s iç õ e s q u e a te r m in a m , a p r o v a d a s p e la m a io r p a r te d o s c o r
re s p o n d e n te s , le v a n ta ra m c o n tu d o a s seg u in te s o b je ç õ e s :
FU N D A M EN TO 436
P a re c e -m e q u e J τ Ç fe z , n o te x to c ita d o , u m u so im p r ó p r io e e q u ív o c o d e f u n
E I
p a r a n ã o se p o d e r c o lo c á -la s e m d ú v id a . a e x istê n c ia d e u m a ló g ic a e s p o n tâ n e a
M a s lo g o q u e e s te e stá g io d e d e se n v o lv i (Lógica naturalis) d is tin ta d e Lógica do-
m e n to é u ltr a p a s s a d o , a d u a lid a d e a p a cens e d e Lógica utens (U E ζ E 2 ç E ; ,
rece: é assim q u e , n a s m a te m á tic a s m o System der Logik, 5? e d ., § 4).
d e rn a s , o c o n ju n to d o s princípios to m a P r o p o m o s , p o r ta n to , e m p re g a r s e m
d o s c o m o p o n to d e p a r tid a se s e p a ra n i p re princípios n o s e g u n d o caso ( p o n to s
tid a m e n te d o estád io d as verdades eviden de p a rtid a ló g ico s) e fundam entos n o p ri
tes q u e se im p õ e m à a d e s ã o ; e a e sc o lh a m e iro (p o n to s de a p o io d a c re n ç a d o a s
d o s p rim eiro s te m p o r fundam ento a exis s e n tim e n to ). É d e s u b lin h a r q u e o u so d a
tê n c ia d o s s e g u n d o s . p a la v r a princípio n o s e n tid o B é j á m u i
3? F in a lm e n te , em m o ra l (e n a s o u to g eral: R Z è è Â Â , The Principles o f M a
E
M τ Â ζ 2 τ ÇT
E 7 E, Conversas sobre a meta F U T U R IS M O D . Futurismus', E . Fu-
física, X IV , I I I . turism; F . Futurisme; I. Futurismo.
"Fundar lógicamente": A . L ig ar a tr a D o u trin a fu n d a m e n talm en te estética,
vés d e ra c io c ín io s u m a c o n c lu s ã o a o s m a s q u e c o m p o rta ta m b é m ap licaçõ es m o
p rin c íp io s ; d e d u z ir. rais e p o líticas, F o i fo rm u la d a p o r F . T .
B . S er o f u n d a m e n to (n o s e n tid o A ) M τ 2 « Ç « n o Manifesto, p u b lic a d o pelo
E I I
m e s m o r a c io n a l.” D Â ζ Ã è , Phtíosophie
E
p e c ia lm e n te I l e e i ¿Qfii) veías, c a p . IX .
pratique de K ant, p . 607. O s e sc o lá stic o s tr a d u z ir a m e sta s d u a s
2 . N o fra n c ê s fa la d o , e m p re g a -se fre- e x p re ssõ e s p o r fu tu ra necessária, fu tu ra
q ü e n te m e n te basear (baser ) p a r a sig n ifi contingentia. G Ã T Â Ç« Z è , V o. A e x p re s
E
c a r fu n d a r (fonder). E s te n ã o é u m t e r s ã o fu tu ro s contingentes c o n se rv o u -s e
m o c o rre to : n ã o f ig u r a m a is n a ú ltim a m a is u s u a l. “ H o je o s filó s o fo s a c e ita m
e d iç ã o d o Dicionário da Academ ia n e m q u e a v e rd a d e d o s fu tu ro s contingentes
n o s p re c e d e n te s. L ittr é c ita -o , m a s c o m o é d e te rm in a d a , q u e r d iz er, o s fu tu ro s co n
u m n e o lo g is m o in ú til, q u e se e m p re g a tin g e n te s s ã o f u tu r o s , o u q u e eles s e rã o ,
a p e n a s n o s e n tid o f ig u r a d o , n ã o d iz e n d o a c o n te c e r ã o , p o r q u e é ig u a lm e n te seg u
m a is d o q u e f u n d a r . E le a c o n s e lh a e v ita r r o q u e o p a s s a d o f o i . . . ” L « ζ Ç« U , Teo
E
S o b r e G e ra ç ã o — P a r a c a p ta r o e q u ív o c o d e s te te r m o b a s ta c o lo c a r e sta q u e s tã o :
q u a n ta s g e ra ç õ e s h á s im u lta n e a m e n te v iv a s? O u e s ta , q u e é sen siv e lm e n te a m e sm a :
q u a n ta s g e ra ç õ e s se su ce d e m n u m m e sm o séc u lo ? Se p o r “ d a m e s m a id a d e ” se e n
te n d e r “ d o m e sm o a n o ” , a re s p o s ta é: u m a c e n te n a . M as p o r “ d a m e sm a id a d e ”
p o d e -se e n te n d e r “ d a m e sm a d é c a d a ” (c f. as ex p ressõ es: o s d e m e n o s d e tr in ta a n o s ,
o s d e m e n o s d e q u a r e n ta a n o s , e tc .); a re s p o s ta é e n tã o : u m a d e z e n a . F in a lm e n te ,
d o p o n to d e v is ta d a d e sc e n d ê n c ia , c o n ta m -s e trê s . E x iste ta m b é m e q u ív o c o n a m a
n e ira d e d e n o m in a r as g e ra ç õ e s. N o e x é rc ito , “ a classe d e 2 2 ” p o d e a b a r c a r o s r e
c ru ta s c h a m a d o s em 1942, o u o s h o m e n s n a sc id o s em 1922. O s filh o s do século ( “ E ste
séc u lo tin h a d o is a n o s . . . ” ) s ã o ta m b é m “ a g e ra ç ã o d e 1 8 3 0 ” , d a ta d o seu n a sc im e n
to p a r a a v id a p ú b lic a .
E s ta id é ia a in d a v a g a é to d a v ia s e d u to r a : ex iste u m r itm o e c o m o q u e p u lsaç õ e s
q u a s e p e rió d ic a s d a h is tó r ia , seja m a s g e ra ç õ e s a s c a u s a s , o u o s seu s e fe ito s o u as
su as c o n c o m itâ n c ia s e e tiq u e ta s . (Af. Marsaí)
GERAL 444
N ã o v e jo g r a n d e d ife re n ç a e n tre A , b , e B. Q u a n d o se d iz q u e a n u tr iç ã o é m a is
g e ra l d o q u e a lo c o m o ç ã o , o q u e é q u e se p re te n d e d iz e r s e n ã o q u e ex istem m a is es
p écies d e seres q u e p o s su e m a n u tr iç ã o (to d o s o s seres v iv o s) d o q u e a q u e le s q u e p o s
su em a lo c o m o ç ã o ? {G. Belot)
N ã o b a s ta , p a r a f o r m a r u m a classe, q u e u m a p ro p r ie d a d e c o n v e n h a a v á rio s in
d iv íd u o s o u a v á rio s g r u p o s to m a d o s in d iv id u a lm e n te . É n e c e s s á rio q u e c o n v e n h a
apenas a eles. (V e r a trá s a d e fin iç ã o d a p a la v r a classe.) S e m d ú v id a se se p e n s a r além
disso n o s outros in d iv íd u o s n ã o c o m p re e n d id o s n a a f ir m a ç ã o , a p r o p o s iç ã o to rn a -s e
p a r tic u la r , e p a ss a -se a o s e n tid o B ; m a s a id é ia e n tã o m u d a . E , to d a v ia , m e sm o n e ste
c a s o , a c a r a c te rís tic a em q u e s tã o p e r m a n e c e d e r a /n o s e n tid o A ( a in d a q u e a i n tr o d u
z a m o s n u m a p r o p o s iç ã o p a r tic u la r ) . S e se d iz: “ E x iste m v á rio s m e ta is m u ito d e n
s o s ” , denso é p o s to p o r is so m e s m o c o m o u m a c a ra c te rís tic a g e ra l sem q u a lq u e r r e
fe rê n c ia à classe d a s coisas densas e m g e ra l e sem q u e se s a ib a se o s m e ta is e s tã o
aí em m in o ria , em m a io r ia o u n a to ta lid a d e . D a m e sm a f o r m a , q u a n d o se d iz q u e
a n u triç ã o é u m a fu n ç ã o mais geral d o q u e a lo c o m o ç ã o , e n te n d e -s e q u e to d o o ser
d o ta d o de lo c o m o ç ã o o é ta m b é m de n u tr iç ã o e q u e , além disso, c e rto s o u tro s seres
o s ã o ta m b é m , sem q u e $e p o s s a sa b e r se u n s o u o u tr o s c o n s titu e m a m a io r ia n a clas
se d o s seres o u se c o n s titu e m u m a classe in te ir a (a d o s seres v iv o s). (A . L .)
P a r a m im (e c re io q u e esse é o s e n tid o a n tig o ), o g e ra l é a q u ilo q u e é ta l q u e p o d e
ser vários p e rm a n e c e n d o u n o e id ê n tic o a si p r ó p r io ; a p o tê n c ia c o m u m c u jo s in d iv í
d u o s , o u c e r ta s c a ra c te rís tic a s d e v á rio s in d iv íd u o s , p o d e m ser o a to . ( / . Lachelier)
S o b re o u s o a tu a l d a s p a la v r a s geral e universal (se ssão d e 21 d e ju n h o d e 1906):
G ER A LM EN TE, EM G ER A L 446
S o b re G n o s e — rVüJOiT e n c o n tr a - s e e m S. P a u l o , I C o r ., V I I I , 1 , 7 , 10 e 11,
o n d e p a re c e d e s ig n a r o e s ta d o d o c ris tã o esclarecido q u e d is tin g u e c la ra m e n te a s u a
c re n ç a d a d o s p a g ã o s e se d á c o n ta de q u e o s d e u se s d e le s s ã o p u r a fic ç ã o ; n a E písto
la aos efésios, I I I , 19, em q u e o p õ e o conhecim ento à caridade. N ã o e x iste , p o is ,
n e sta s p a ss a g e n s , q u a lq u e r s e n tid o o c u lto .
E m S . M a t e u s , X III , 11, n ã o s e e n c o n t r a a b e m d i z e r a p a l a v r a y võ a t s , m a s d i z -
se q u e fo i d a d o a o s d is c íp u lo s c o n h e c e r (7 » w a t ) o s e n tid o se creto d a s p a r á b o la s e
p a ra a v e n ta r a id é ia d e u m a e s p é c ie d e c r is tia n is m o e s o té r ic o e in a c e s s ív e l à m a ssa .
(X Lachetier)
S o b re G n o s io lo g ía — E s ta p a la v r a te m n e c e s sid a d e d e ser p re c is a d a p o r u m c o
m u m a c o r d o , n a m e d id a e m q u e ex iste m u ita c o n f u s ã o , s o b r e tu d o d e u m a lín g u a
p a r a o u tr a , e n tre Epistemología, Erkenntinislehre, Gnoseology, Dottrina delia co -
noscenza, etc. p a r a d e sig n a r a p a r te d a filo s o fia q u e e s tu d a o f a to d o c o n h e c im e n to
n a s su as c o n d iç õ e s e n o s seu s r e s u lta d o s , a priorí e a posteriori. P o d e r- s e -ia d iv id i-la
e m d u a s p a rte s : 1 ?, M etodologia o u Epistemología ( Wissenschaftslehre ) , e s tu d o c rí
tic o d o s p rin c íp o is , d as leis, d o s p o s tu la d o s e d a s h ip ó te s e s c ie n tífic a s ; 2 ? , Gnosiolo
gía, o u in v e stig a ç ã o a c e rc a d a s o rig e n s , d a n a tu r e z a , d o v a lo r e d o s lim ites d a fa c u l
d a d e d e c o n h e c e r. ( C Ranzoli)
A S o c ie d a d e d e F ilo s o fia n ã o teve te m p o d e d is c u tir e s ta q u e s tã o . S o b re e ste a r t i
g o , a p e n a s re c e b i d u a s o b s e rv a ç õ e s , a q u e a c a b a m o s d e le r, e u m a n o t a p u r a m e n te
fo r m a l d e X Lachelier, q u e d e s a p r o v a , e m p rin c íp io , a c ria ç ã o d e n e o lo g is m o s d e ste
g ê n e ro . Q u a n to à p r o p o s iç ã o d e R a n z o l i , s ó a p o s s o a p r o v a r , u m a vez q u e a p lic a
Gnosiología à te o r ia a b s tr a ta d o c o n h e c im e n to ; m a s Epistemoiogia e Wissenschafts
lehre, q u e s ã o c la r a s e ú te is , p a re c e m -m e p a la v r a s m a is v a s ta s d o q u e M etodologia,
q u e é d a d a c o m o seu s in ô n im o : o e s tu d o d o s m é to d o s é , se se q u is e r , a p a r te p rin c i
p a l, m a s n ã o o to d o d o e s tu d o d a s ciên c ia s. {A. L .)
449 G R AÇA
id é ia de e n c a n to , de a tr a ç ã o ; E . Grace; a b a n d o n o e co m o q u e u m a c o n d escen d ên
F . Grâce\ 1. Grazia. cia. A ssim , p a ra a q u e le q u e c o n te m p la o
A . D o m g r a tu ito ; fa v o r fe ito a u m in u n iv erso c o m o lh o s d e a r t i s t a , ... é a b o n
fe rio r p o r p u ra b e n ev o lê n c ia, rem issão d e d a d e q u e tra n s p a re c e s o b a g r a ç a ... E n ã o
u m a p e n a . E m p a r tic u la r , n a lin g u a g e m é p o r aca so q u e se c h a m a p elo m e sm o n o
te o ló g ic a , f a v o r o u s o c o r ro d e D e u s, li m e o e n c a n to q u e se vê n o m o v im e n to e
v re m e n te d a d o s a d e te rm in a d a s c ria tu ra s n o a to de lib e rd a d e q u e é c arac te rístic o d a
sem q u e e sta s te n h a m q u a lq u e r d ire ito a b o n d a d e d iv in a : o s d o is sen tid o s d a p a la
eles. v ra graça eram u m e o m esm o p a ra Ravais-
B . Q u a lid a d e e sté tic a d o m o v im e n to , s o n .” H . B 2 ; è ÃÇ , N oticesurla vieeiles
E
S o b re G r a f o lo g ia e G r a f o n o m ia — Grafonomia, q u e fo i r e to m a d a e m u ito u s a d a
p o r S. P E Â Â τ I (v er p a r tic u la r m e n te L es lois de 1‘écriture), e n c o n tr a - s e j á n o a b a d e
M i c h o n , Dictionnaire des notabilités de la France , p . 23 B. ( I n f o r m a ç ã o e n v ia d a
p o r D oudon)
S o b re G r a m á tic a — C h . SE 2 2 Z è d e u u m a d e fin iç ã o d a g ra m á tic a q u e c a r a c te ri
z a n itid a m e n te a s u a fu n ç ã o : “ A g ra m á tic a é o c o n ju n to d e re g ra s a tra v é s d a s q u a is
a s p a la v r a s s ã o a g r u p a d a s d e m a n e ira a c o n c o r r e r p a r a a u n id a d e d e u m s e n tid o .”
L e langue, le sens, la pensée, p . 4 . V e r Sentido (2 ). (A . L .)
S o b re G r a n d e z a , A — E x iste u m a g ra n d e z a h is tó ric a q u e é ta lv e z v a g a m e n te e s
té tic a , m a s q u e p o u c o se p re o c u p a c o m s e r m o r a l. O s g ra n d e s h o m e n s , o s g ra n d e s
G R A T U IT O 45 2
temporânea, o p ô s f r e q u e n t e m e n t e a s d u a s p a l a v r a s : a quantidade p a r a e l e é o n ú m e
r o ; a grandeza é g e o m é t r i c a . ( £ . Globot)
S e s e q u i s e r d i s t i n g u i r e s t a s d u a s p a l a v r a s , c h a m a r - s e - á , d e p r e f e r ê n c i a , quanti
dade a u m a g r a n d e z a e n q u a n t o m e d i d a e , p a r t i c u l a r m e n t e , e n q u a n t o m e d i d a p o r u m
n ú m e r o . (G . Darboux, J. Lachelier, L. Couturat )
H
I. “ A está para B assim com o C está para D ” = “ A ita se habet ad B u t C ad D ” . (J. Lacheiier ) C f.,
por outro lado, a expressão; “ ter o hábito d e ...” , que recorda o sentido etim ológico. (A . L .)
H Á B IT O 454
u m te c id o p e r a n te a u m id a d e , o f a to d e q u e se ilu m in a m as flo re s d u r a n te a n o i
a m ã o , u m a v ez a q u e c id a , já n ã o s e n tir te , c o lo c a n d o -a s n o e sc u ro d u ra n te o dia,
o c a lo r d a á g u a ; n u m a o rd e m de fa to s P o d e -s e c o lo c a r n e s ta m e sm a classe c e r
m a is c o m p le x a , to le râ n c ia ao s m e d ic a to s fe n ô m e n o s de h á b ito s so ciais q u e se
m e n to s . p o d e m p r o d u z ir sem q u e a q u e le s q u e d e
2° M ais e sp e c ia lm e n te , o fe n ô m e n o les p a rtic ip a m te n h a m c o n sc iê n c ia d isso :
p ro p ria m e n te b io ló g ico (em to d o c aso , es têm -se ex em p lo s d isso n a lin g u ag em e nos
tr a n h o à co n sc iê n cia ) q u e c o n sis te n a r e c o stu m e s .
p e tiç ã o e s p o n tâ n e a d a q u ilo q u e fo i p r i 3? M a is e s p e c ífic a m e n te a in d a , o fe
m e ira m e n te d e te r m in a d o p o r c au sa s ex n ô m e n o psicológico q u e c o n sis te em a d
te rio re s a o ser c o n s id e ra d o (u m c e n tro q u irir co n scien tem en te p elo exercício a fa
n e rv o s o é, n e ste s e n tid o , exterior a u m c u ld a d e de s u p o r ta r o u fa z e r a q u ilo q u e
o u tro c e n tro n e rv o so q u e ele a c io n a ). P o r p r im itiv a m e n te n ã o se p o d ia fa z e r o u s u
e x e m p lo , o s h á b ito s d a s p la n ta s ta is c o p o r ta r , o u a in d a de fa z e r m e lh o r a q u ilo
m o se m a n ife s ta m n as e x p e riê n c ia s em q u e se fa z ia m a l o u d ific ilm e n te . N e ste
nen, a c o s t u m a r - s e , p a r e c e m d e r i v a r a m b a s s e p a r a d a m e n t e d o a n t i g o a l e m ã o wonen
(iestar, ficar, permanecer, o r i g i n a l m e n t e comprazer-se) s e g u n d o K l u g e , Etymologis
ches Wörterbuch, V o wohnen, 3 9 0 A , q u e a p r o x i m a e s t a r a i z d o s â n s c r i t o vanas ( p r a
z e r ), d o la t im Venus, d o a l e m ã o Wonne ( p r a z e r , d e l í c i a s ) e Wunsch ( d e s e j o ) .
E s ta a n a lo g ia c o n d u z ir ia , p a r a o fra n c ê s , a d u v id a r d a série s e m â n tic a : “ e s ta d o ,
d is p o s iç ã o , d is p o s iç ã o c r ia d a p elo c o s tu m e , c o s tu m e ” e a s u p o r u m a su cessão d ife
re n te , a n á lo g a à q u e la d o s te rm o s g e rm â n ic o s . M a s tr a ta - s e a p e n a s de u m a h ip ó te s e ,
e a a n a lo g ia a s s in a la d a n ã o a d v é m s e n ã o d e u m a c o in c id ê n c ia . (A. L.)
455 H A B IT O
s e n tid o p s ic o ló g ic o , a p a la v r a h á b ito im m in u iç ã o d a c o n sc iê n c ia , a a d a p ta ç ã o , o
p lic a n o r m a lm e n te o e s ta b e le c im e n to de d e se n v o lv im e n to d a n e ce ssid a d e c o rre s
u m e s ta d o m e n ta l de in d ife re n ç a e a té o p o n d e n te , a q u e ele c h a m a hábitos passi
d e s a p a re c im e n to g ra d u a l d a c o n sc iê n c ia vos; e as operações, c a r a c te riz a d a s p e la
p elo p ro g resso d o a u to m a tis m o . M as n ã o fa c ilid a d e , a p e rfe iç ã o , a te n d ê n c ia p a r a
é s em p re esse o caso : o h á b ito d e ag ir c o r a r e p r o d u ç ã o in v o lu n tá r ia , a q u e c h a m a
r e ta m e n te , o d e se d o m in a r , o d e re fle tir hábitos ativos. (Da influência do hábito
a n te s d e f a la r n ã o s ã o in d if e re n te s , n e m sobre a faculdade de pensar, seção I: ‘‘O s
in c o n sc ie n te s. O m e sm o se p o d e d iz e r e m h á b ito s p a s s iv o s ” ; se ç ã o II : “ O s h á b ito s
re la ç ã o a c e rto s h á b ito s d e s e n tim e n to . a tiv o s ” .) E s ta d is tin ç ã o a estes te r m o s
C f. A . á M Z è è , Souvenir: " . . . E n tã o
E E I to rn o u -s e clássica, m as talv ez sem f u n d a
u m d o c e e q u e rid o h á b ito m e m o s tra v a m e n to . V . E ; ; 2 p ro p õ e su b stitu ir-lh e s
E
bito geral — A ex p ressã o hábito geral d e p a ssa g em o seg u in te: ele n ã o fa z d e sta
e n c o n tr a -se em M a i n e d e B i r a n : “ N ã o e x p re ssão o seg u n d o te rm o de u m a a n títe
e x is te d e m o d o a lg u m u m hábito geral q u e se té cn ica , c o m o o fez m a is ta rd e V icto r
n o s d ir ija , o u q u e p o s s a d ir ig ir -n o s n a a r te E ; ; E 2 . E ste d istin g u e o s h á b ito s q u e a p e
d e r a c io c in a r , c o m o e x is te n a a r te d e c a l n as d izem re sp eito a u m a to in te ira m e n te
c u l a r . ” Da influência do hábito sobre a d e te r m in a d o , s e m p re o m e s m o , e o s h á
faculdade de pensar ( 1 8 4 1 ) . A s p a l a v r a s b ito s c u jo a to é v a r ia d o , m a s d e c e r to g ê
e stã o s u b lin h a d a s n o te x to ; m a s d ig a -s e n e ro : u m ta le n to a d q u ir id o , u m a p ro fis -
sã o q u e se c o n h e c e ; o h á b ito d e d e c if ra r C R ÍT IC A
a m ú s ic a , p o r o p o s iç ã o a o h á b ito d e t o 1. A 2 « è ó Â è , e d e p o is d e le a
I I E E
te c o n te s ta d a , n o m e a d a m e n te p o r L é o n tu d e d a su a in é r c ia , p e la s a ç õ e s q u e e le
c e p tív e l, m a s q u e o fa to e s s e n c ia l q u e o c o n s t it u i p r o d u z -s e d e s d e a p r im e ir a m u d a n
ç a e , p o r c o n s e q ü é n c ia , e s s a s c a r a c te r ís tic a s s e c u n d á r ia s n ã o d ev em e n tr a r n a d e fin i
H A R M O N I A D o G . 'A g ^ o r r a , D o u tr in a d e L E « ζ Ç« U , seg u n d o a q u a l
a ju sta m e n to ; D . Harmonie ; E . H armony ; n ã o h á a ç ã o d ire ta d a s s u b s tâ n c ia s c r ia
F. H arm onie ; I. Harmonia. d a s u m a s s o b re as o u tra s , m a s a p e n a s u m
A . Sentido geral. U n id a d e (o rg â n ic a ) d e s e n v o lv im e n to p a ra le lo q u e m a n té m
de u m a m u ltip lic id a d e , q u e r d iz e r, g ê n e
e n tre e la s e m c a d a m o m e n to u m a re la ç ã o
r o p a r tic u la r de o rd e m q u e c o n sis te e m
m ú tu a o r d e n a d a a n te c ip a d a m e n te .
q u e as d ife re n te s p a rte s de u m ser o u as
su as d ife re n te s fu n ç õ e s n ã o se o p õ e m ,
Rad. i n t H a r m o n i.
m as c o n co rrem p a ra u m efeito de c o n ju n H E D O N I S M O (d o G . fjòovv, p r a
to (v er Finalidade*): p o r c o n s e q iiê n c ia ,
z er); D . H edonism us ; E . H edonism ; F .
c o m b in a ç ã o feliz de e le m e n to s d iv e rs o s.
H édonism e; I. Edonism o.
M u ito u s a d a p e lo s filó s o fo s fra n c e se s
c o n te m p o r â n e o s , p a rtic u la rm e n te p o r A . T o d a d o u tr in a q u e to m e p o r p r in
R τ â τ « è è Ã Ç , q u e em m u ito c o n trib u iu c íp io ú n ic o de m o ra l q u e é necessário p r o
p a r a e s p a lh a r o seu u so ; r a r a n a s o u tra s c u r a r o p ra z e r e e v ita r a d o r , c o n s id e ra n
lín g u a s , ex ceto n a e x p re ssã o Harmonia d o n e ste s f a to s a p e n a s a in te n s id a d e d o
preestabelecida (v er m a is a d ia n te ). seu c a r á te r a fe tiv o , e n ã o as d ife re n ç a s d e
B . Sentido especial. 1? C a r a c te rís tic a q u a lid a d e q u e p o d e m e x istir e n tre eles.
e sté tic a d a s e n sa ç ã o p ro d u z id a p ela a u B . E s p e c ia lm e n te , a d o u tr in a d a E s
d iç ã o s im u ltâ n e a d e v ário s sons m u sicais,
c o la d e C ire n e (Escola hedonística).
(O p õ e -se n e ste s e n tid o à Melodia.) 2 o
Rad. int.: H e d o n is m .
C iê n c ia d o e m p re g o d o s a c o rd e s .
“ H E N O T E ÍS M O ” D . Henotheismus c o n tin u o u s s o c ia l e n v ir o n m e n t, th u s p r o
(M τ 7 M ü Â Â 2 ).
E d u c in g tradition"x ( C . L l o y d M o r g a n ,
P o r o p o s iç ã o a m o n o te ís m o * e a p o J. M . B a l d w i n e m Baldw in, V o, 4 7 1 * ).
H E U R Í S T I C O (d o G . evQiaxo), d e s
d e Princípios e n o m e a d a m e n te em Os pri
c o b rir); D . Heuristisch ; E . Heuristic; F.
meiros princípios (First Principies ), c a p .
X IV -X V III. Heuristique o u euristique; I. Euristico.
U m to d o é h o m o g ê n e o q u a n d o to d a s Q u e serv e p a ra a d e sc o b e rta ; d iz-se es
as su as p a rte s a p re s e n ta m as m e sm as p r o p e c ia lm e n te : 1 ?, d e u m a h ip ó te s e d e q u e
p rie d a d e s ; é heterogêneo q u a n d o a s su as se p r o c u r a s a b e r se é v e rd a d e ira o u fa lsa,
d iv e rs a s p a r te s a p re s e n ta m d ife re n ç a s , m a s q u e se a d o ta a p e n a s a titu lo p ro v is ó
q u a is q u e r q u e s e ja m a s s u a s n a tu r e z a s , e rio , c o m o id é ia d iretriz n a in vestig ação d o s
e sp e c ialm en te d ife re n ç a s d e e s tr u tu r a e d e fato s; é m u ito u s a d a n e ste sen tid o ta m b é m
f u n ç ã o . (V er Diferenciação, Evolução.) n a F r a n ç a a e x p re ssão in g lesa working
D iz-se ta m b é m , n o m e sm o sen tid o , de hypothesis ; 2?, d o m é to d o p e d a g ó g ic o q u e
d u a s o u m a is p a r te s d e u m to d o c o m p a c o n sis te e m fa z e r q u e o a lu n o d e s c u b ra
r a d a s e n tr e si. a q u ilo q u e se p re te n d e e n sin a r-lh e.
Rad. int.: H e te r o g e n . Rad. int.: E u ristik .
“ H E T E R O G O N IA D O S F IN S ” D . H IE R A R Q U IA D. Hieratchie; E . Hie-
Heterogonie der Zwecke. N o m e d a d o p o r rarchy ; F. Hierarchie ; I. Gerarquia.
S o b re H ie r a r q u ia — Qualidade, o rd e m , h ie ra rq u ia , e stim a ç ã o , v a lo r, n o rm a : p a la
v ra s d a m e s m a fa m ília e q u e d ife re m a p e n a s p e lo p o n to d e v ista . A h ie ra rq u ia c o n s ti
tu i u m a n o ç ã o a n tic ie n tífic a , m a s e ss e n c ia lm e n te filo só fic a . Q u e m q u e r q u e p e n se
463 H IL Á R Q U IC O
de p e s s o a s , ta l q u e c a d a u m a s e ja s u p e
em 1858, a o b r a de F Z T E 2 è Â
7 ζ Ç
I E , E E
H I P E R B Ó L I C A ( D ú v id a ) N om e da áE B«2 τ Ç .
d o p o r D e s c a r t e s à d ú v id a m e tó d ic a r a B . S u p e rio r , em e x te n s ã o , a o s o r g a
dical cu jas razões estão expostas n a Primei n ism o s m ais e lev ad o s q u e p o d e m o s a p e r
ra meditação; e n ten d e-se p o r isso q u e ta l c e b e r in tu itiv a m e n te c o m o to d o s , m a s d a
d ú v id a fo i le v a d a a o e x tre m o , q u e é a p e m e sm a n a tu r e z a q u e e les, p e lo m e n o s p e
n a s te ó ric a e p ro v is ó ria . “ Ib i ta n tu m ag e- la s s u a s c a ra c te rís tic a s g e ra is. E s te te r m o
465 H IP Ó S T A S E
s o c ie d a d e e
é a p lic a d o , n e s te s e n tid o , à H I P O . . . P r e f ix o u s a d o em c o m p o s i
às fu n ç õ e s so ciais. D iz-se t a m b é m H ip e - ç ã o (n as m esm as c o n d içõ es q u e hiper*...)
r o T g a n i s m o , m a s o te rm o é m a i s r a ro . p a r a d e sig n a r a q u ilo q u e e s tá a b a ix o d o
Rad. i n t S u p e ro rg a n is m . n o r m a l, o u q u e se a p re s e n ta em u m nív el
fraco.
H I P N A G Ó G I C O V er Alucinação.
H I P Ó S T A S E D . H ip o sta se ; E .
H IP N O S E D . Hypnose-, E . Hypnosis ;
Hypostasis; F . H ypostase ; I. Ipostasi.
F . H ypnose ; I. Ipnosi. D o G . bnóoTCtais, s u p o r te , f u n d a
R e ú n e m -se s o b e sta d e s ig n a ç ã o d ife m e n to . E s ta p a la v r a fo i s o b re tu d o in tr o
re n te s e s ta d o s a o m e s m o te m p o s o m á ti d u z id a n a lin g u a g e m té c n ic a d a filo s o fia
co s e p sico ló g ico s, a n á lo g o s a o s o n a m b u p o r P Â ÃI « ÇÃ e p e lo s e s c rito re s c ris tã o s
lis m o e s p o n tâ n e o e c u ja s c a ra c te rís tic a s d a s u a é p o c a , q u e a a p lic a m às três p e s
c o m u n s m a is g e ra lm e n te re c o n h e c id a s so as d ivin as e n q u a n to c o n sid e ra d a s co m o
s ã o : d e se n v o lv im e n to d o s fe n ô m e n o s a u s u b s ta n c ia lm e n te d is tin ta s .
to m á tic o s , m a io r s u g e s tio n a b ilid a d e , a l E m L . substantia (q u e é a su a tr a n s
te ra ç ã o d a s c o n d iç õ e s n o rm a is d a m e m ó c riç ã o ) e, n o L . e sc o lá stic o , hipostasis,
ria , d a p e rs o n a lid a d e e, p o r vezes, d a p e r q u e c o n s e rv a s o b re tu d o o se n tid o d e in
c e p ç ã o ; e, n o s caso s em q u e este e s ta d o d iv íd u o e e sp e c ia lm e n te d e p e ss o a m o ra l:
é p r o d u z id o p e la a ç ã o d e o u tr a p e ss o a , “ in d iv id u a e s u b s ta n tia e h a b e n t a liq u o d
u m a d e p e n d ê n c ia e sp ecial em r e la ç ã o a o sp eciale n o m e n p ra e a liis , d ic u n tu r e n im
h ip n o tiz a d o r . A catalepsia* é c o n s id e ra hypostases vel p rim a e s u b s ta n tia e ” (S.
d a u m a d as fo r m a s d a h ip n o s e . T o m á s d e A q u in o , Sum m . The , I, 29,
H ipnotism o d iz-se ta m b é m n u m sen lc). “ H y p o s ta s is ... ex u su lo q u e n d i h a b e t
tid o m a is g e ra l e m ais v a g o p a r a d e sig q u o d s u m a tu r p ro in d iv íd u o ra tio n a lis n a-
n a r o c o n ju n to d o s fe n ô m e n o s q u e se li tu r a e , ra tio n e su ae ex ce lle n tia e ” (ibid. , 2,
g am à hipnose, os p ro c e ss o s o p e r a tó r io s a d . 1. V er S c h ü t z , Thom as Lexicon ,
q u e a p ro d u z e m , as a p lic a ç õ e s te r a p ê u ti V o , 361).
cas e o u tr a s de q u e ela é su sc e tív e l, etc. A . S u b s tâ n c ia , c o n s id e r a d a c o m o
Rad. int.: H ip n o t. u m a re a lid a d e o n to ló g ic a .
N o 7Γ € ρ ι κ ό σ μ ο υ , o b r a p ro v a v e lm e n te estó ic a q u e d a ta m a is o u m e n o s d a e ra c ris
tã , κ α θ ’ ν πό σ τ α σ ι ν é o p o s to a κ α τ ' 'ό μ φ α σ ι ν p a r a d e s ig n a r o s fe n ô m e n o s celestes
q u e p o s su e m u m a re a lid a d e m a te r ia l ( p o r e x e m p lo , o r a io , a s e stre la s c a d e n te s ), p o r
o p o s iç ã o àq u eles q u e sã o a p e n a s u m a im a g e m ( p o r e x em p lo , u m a rc o -íris). Π ε ρ ί κ ό σ
μ ο υ , 3 9 5 a30 (n a e d iç ã o d e B erlim d a s o b r a s d e A ris tó te le s , a q u e m o u tr o r a e ste t r a t a
d o tin h a sid o a tr ib u íd o ) .
O s e g u n d o s e n tid o n ã o é re a lm e n te d is tin to d o p rim e iro : h á a p e n a s o e r r o d e to
m a r p o r u m a substância a q u ilo q u e n ã o o é. Q u a n to a o v e rb o hipostasiar, p arece
f o r m a d o d e u m m o d o b a s ta n te in fe liz . (J. Lachelier)
H IP Ó T E S E 466
h ip ó te se , a q u a l e s tá ta lv e z m u ito d is ta n te É c o n tr a este m é to d o q u e N e w t o n
d a v e rd a d e; m a s a in d a q u e a ssim se ja , p ro te s ta n o te x to seg u in te, fre q u e n te m e n
a c re d ito te r fe ito m u ito se to d a s a s c o isa s te to m a d o n u m s e n tid o e r r a d o : “ R a tio -
q u e d a í se d e d u z ire m fo rem c o n fo rm e s às n em v e ro h a r u m g ra v ita tis p r o p r ie ta tu m
ex periências!’ ( D e s c a r t e s , Principes, III, ex p h a e n o m e n is n o n d u m p o tu i d e d u ce re ,
44.) C f. ibid.y 45: “A in d a q u e eu s u p o n h a e t h y p o th e s e s n o n fin g o . Q u ic q u id e n im
a q u i a lg u m a s q u e eu creio serem fa ls a s ” ; ex p h e n o m e n is n o n d e d u c itu r, h ip o th e sis
e 47: “A in d a q u e a s u a fa ls id a d e n ã o im v o c a n d a e st; et h y p o th e s e s seu m e ta p h y -
p e ç a d e m o d o a lg u m q u e a q u ilo q u e d e sicae, seu p h y sicae, seu q u a lita tu m occul-
las se d e d u z ir se ja v e rd a d eiro !’ ta r u m , seu m e ch a n ic ae in p h ilo s o p h ia ex-
m issa c a te g ó ric a ; q u e se su b d iv id e a in d a
c h a m a m a e sta s e g u n d a f o r m a silogismo
em d o is caso s: hipotético-categórico ; fin a lm e n te , K à E
I. M odus ponens:
Ç è
E a d m ite este n o m e p a r a a s e g u n d a
Se A é B , S é P . f o r m a , m a s d is tin g u e n a p rim e ira e n tre
O r a , A é B, o se n tid o c o n d ic io n a l e o sen tid o p ro p r ia
Logo, S é P. m e n te h ip o té tic o , ta is c o m o fo r a m a c im a
o u , n o ta n d o as p ro p o s iç õ e s e n ã o o s d e fin id o s n o q u e se re fe re às p r o p o s i
te rm o s : çõ es ( K à Ç è , Formal Logic, 3* p a r te ,
E E
c a p . V ).
Se p é v e rd a d e ir o , q é v e rd a d e ir o
o ra , p é v e rd a d e iro H I P O T É T I C O - D E D U T I V O (M é to
lo g o , q é v e rd a d e iro . d o ) O m é to d o d e d u tiv o * , ta l c o m o foi de-
1- “ A palavra G eschichte reúne n a nossa língua o aspecto objetivo e o aspecto subjetivo: significa tan to
narraç ão dos acontecim entos com o o$ pró prio s acontecim entos; n ão se aplica m enos àquilo que aconteceu
( Geschehen ) d o que à narração daquilo que aconteceu (G eschichtserzãhlung)."
H IS T O R IC ID A D E 472
S o b re H o m a lo id a l e H o m o g ê n e o * — “ A u tiliz a ç ã o d a p a la v r a homogêneo p o r
DE Â ζ ÃE Z E m o d if ic a sem d ú v id a o s e n tid o u s u a l d e s te te r m o , o q u e c o n s titu i u m in
c o n v e n ie n te m a n if e s to , m a s q u e a c o n te c e in e v ita v e lm e n te q u a n d o u m p e n s a d o r d e
id é ia s g e ra is p r o c u r a n a s p a la v r a s u s u a is e x p re ssõ e s p a r a o s seus p e n s a m e n to s ... O
s e n tid o q u e ele a tr ib u i a o te rm o homogêneo é , a liá s, a p e n a s u m a p a r tic u la riz a ç ã o ,
in te ira m e n te c o n f o r m e à e tim o lo g ia , d o s e n tid o c o n s a g ra d o p e lo u s o e m g e o m e tria :
re s e rv a -a a o s e sp a ç o s q u e n ã o s ó s ã o f o r m a d o s p o r p a r te s id ê n tic a s o u ig u a is e n tre
si, d e m o d o q u e é p o ssív e l d e s lo c a r u m a fig u ra sem d e f o r m a ç ã o (o q u e ele c h a m a
e sp aço isógeno, u m te rm o m a is d ire ta m e n te c o n fo rm e à e tim o lo g ia ), m a s q u e sã o fo r
m a d o s p o r p a rte s q u e , a u m e n ta d a s o u d im in u íd a s , q u e r d iz e r, tra n s fo rm a d a s em p a r
tes sem e lh a n te s a si p ró p r ia s , p e rm a n e c e m s e n d o p a rte s d o e sp a ç o c o n sid e ra d o . O r a ,
e sta sig n ific a çã o p a re ce -n o s b em d is tin g u id a d e isogeneidade p e lo te rm o ‘h o m o g ê n e o ’.
“ H O M E O M E R IA S ” 474
“ H O M E O M E R I A S ” G . ?à òpioto- b e rso b r e a s u a f a b r ic a ç ã o ” , e a o H om o
fiegrj, TCtòficnofitQij c f t o l x h c i (ARISTÓTE loquax, “ c u jo p e n s a m e n to , q u a n d o ele
LES); p o s te rio rm e n te a í <5/¿o<,o/¿ege¿cu; L . p e n s a , é a p e n a s u m a re fle x ã o s o b re a su a
Hom oemeria (LZ T2 T« Ã ), no singular, f a la ” . Ibid., 106. C f. L ’évolution créatri-
m as não designando m enos, segundo ce, p . 151, e os c a p ítu lo s “ O hom o fa b er ”
Z E Â Â E 2 , Ã c o n ju n to das¿/uuo/tegij o t o i -
e “O hom o religiosas ” , e tc ., em L .
XtCa (Filosofia dos gregos). B r u n s c h v i c g , De ia connaissance de soi.
N o siste m a filo s ó fic o d e AÇτ 7 ; Ã -
NOTA
2 τ S, e lem en to s m a te ria is p rim e iro s, q u a
A o rig e m d e s ta e x p re ssã o e n c o n tra -s e
lita tiv a m e n te se m e lh a n te s a o s d ife re n te s
p ro v a v e lm e n te n a e x p re ssão d e F ra n k lin ,
to d o s q u e eles fo r m a r ã o p e la su a re u n iã o ,
q u e d e fin ia o h o m em “ a to o l-m ak in g a n i
c o m o o o s so , a c a r n e , o s a n g u e , etc. E s
m a l” , u m a n im a l q u e fa b ric a in s tru m e n
tã o p rim itiv a m en te m istu ra d o s n u m caos,
to s , e p o r o u tr o la d o , n a u tilização de ho
de o n d e o v o ís os faz sa ir a tra v é s de u m a
m o sapiens p a ra d e sig n a r a espécie h u m a
s e g re g a ç ã o g ra d u a l.
n a a tra v é s d e u m n o m e c o m p o s to a n á lo
E ste te rm o p a re c e n ã o te r sid o u tili
g o a o d a s esp écies a n im a is , Canis fa m i-
z ad o p elo p r ó p r io A n a x á g o ra s e d a ta r de
liaris, Canis lupus , Canis vuipes, etc.
A ristó teles q u e , aliás, u sa n o u tra s circuns
tâ n c ia s a p a la v r a ¿ixoioniQijs. (Z e l l e r , H O M O O E C O N O M I C U S L ite r a l
ibid.). m e n te o h o m e m e c o n ô m ic o . E n te n d e -s e
Rad. int.: H o m e o m e ri. p o r isso o h o m e m , ta l c o m o ele s e ria n o
seu c o m p o rta m e n to , se as su as ações n ã o
“ H O M O F A B E R ” (O h o m e m f a b r i
fo ssem d e te rm in a d a s s e n ã o p elo s seus in
c a d o r.) “ C re m o s q u e é d a essência d o h o
teresses e c o n ô m ic o s , e x c lu in d o q u a lq u e r
m e m c ria r m a te ria lm e n te e m o ra lm e n te , m ó b il p a ssio n a l, m o ra l, religio so, etc. V er
f a b ric a r co isas e fa b ric a r-s e a si p r ó p r io . a s o b serv aç õ es so b re Economia*política.
H om o faber, é e sta a d e sig n a ç ão q u e p r o
p o m o s .” BE 2 Tè ÃÇ , L a pensée et le mou- H O M O S A P IE N S É a p rim e ir a d as
vanl, p . 105. E le o p õ e -n o a o H om o sa esp écies d o re in o a n im a l n a c la ssific a ç ã o
piens, “ n a s c id o d a r e ñ e x a o d o H om o fa - d e L in e u .
S o b re H o m o sa p ie n s — E s ta e x p re s s ã o , p a r a d e s ig n a r a esp écie h u m a n a , a p a re c e
n a 10? e d iç ã o d o Systema naturae de L « ÇE Z (1 758). M as d e sd e a p r im e ir a ele in s c re
v ia n a c o lu n a re s e rv a d a às c a ra c te rís tic a s d is tin tiv a s d a esp écie: “ N o sc e te ip s u m .”
E le ju s tific a a p a la v r a sapiens p o r essa c a ra c te rís tic a c o n sc ie n te d a h u m a n id a d e , p e la
fa c u ld a d e de co n h ecer em g eral: “ P rim u s sap ie n tia e g ra d u s est res ip sas n o sse ” {ibid.,
475 HOM OGÊNEO
H O M O G E N E ID A D E (L ei d a) A . E m A . A q u ilo e m q u e to d a s as p a rte s s ã o
Ló ; « Tτ : U m a e x p re ssã o v e rb a l d ev e ser id ê n tic as e n tre si em n a tu re z a e sem q u a l
homogênea* n o s e n tid o B; u m a d e fin i q u e r d ife re n ç a q u a lita tiv a .
ç ã o , em p a r tic u la r , n ã o d e v e n u n c a o m i D iz-se ta m b é m d a s p ró p r ia s p a r te s :
tir o s te rm o s n e ce ssá rio s p a r a q u e o d e fi “ T o d a s a s u n id a d e s q u e c o m p õ e m u m
n id o r se ja d a m e sm a o rd e m q u e o d e fin i n ú m e ro s ã o h o m o g ê n e a s e n tre s i.” A p li
d o (p o r ex em p lo : “ O c e p ticism o é a dou ca-se em p a r tic u la r , e m e sm o n o s e n tid o
trina s e g u n d o a q u a l é im p o ssív el a tin g ir e s tr ito , e x clu siv a m e n te a o espaço* e ao
a v e rd a d e ” , e n ã o “ . . . a impossibilidade número * c ard in a l e n q u a n to fo rm a d o s p o r
de a tin g ir a v e rd a d e ” ). elem en to s rig o ro sa m e n te sem elh an tes e n
B . E m GE ÃOE I 2 « τ (e em Fí è « Tτ , tr e si.
q u a n d o se esta b e le c e u m a f ó r m u la geral, U m e sp a ç o h o m o g ê n e o c a rac te riz a-se
q u e r d izer, q u e deve p e rm a n e c e r e x a ta se p e la p o s sib ilid a d e de d e s lo c a r n ele u m a
j a q u a l f o r o siste m a de u n id a d e s u tiliz a fig u ra sem d e fo rm a ç ã o .
d o ), a f ó r m u la d ev e ser homogênea*, n o B . A q u ilo q u e é f o r m a d o p o r e lem en
sen tid o C , em re la ç ã o a c a d a u m a d as u n i to s q u e p e rte n c e m a u m m e sm o sistem a
d a d e s fu n d a m e n ta is (c o m p rim e n to , te m ló gico e, em p a rtic u la r, p o r elem en to s ex
p o , m a ssa o u p e so ). N o c aso c o n tr á r io , tr a íd o s d a d iv isã o * d e u m m e sm o g ên e
co m e fe ito , a v a lid a d e d a fó r m u la d e p e n r o . E x e m p lo s de fó rm u la s n ã o h o m o g ê
d e ria d o v a lo r n u m é ric o d a s g ra n d e z a s n e a s . “ U m p eso d e d u a s lib ras e cem g ra
m e d id a s e , p o r c o n se g u in te , d a e sc o lh a m a s ” ; “ a p s ic o lo g ia c o m p re e n d e a te o
d a s u n id a d e s d e m e d id a . ria d o c o n h e c im e n to , a a tiv id a d e e a se n
Rad. int.\ H o m o g e n . sib ilid a d e , e t c .”
H O M O G Ê N E O D . H om ogen; glei C . E s p e c ia lm e n te e m m a te m á tic a ,
chartig ; E . Homogeneous', F . Homogè u m a f u n ç ã o / (x, y, z ) d iz-se h o m o g ê n e a
ne', I. Omogeneo. se e x istir u m n ú m e ro m , in te ir o o u f r a
V e r Heterogêneo. c io n á r io , ta l q u e se o b te n h a , q u a is q u e r
C R ÍT IC A I I I , a r t. 9 8 . E s te s e n tid o c o n se rv o u -se a té
Análogo é u m te r m o im p r ó p r io n e s ta h o je e m o b r a s c lá ssica s: “ O b e m m o r a l
ú ltim a o p o s iç ã o ; é p ro v á v e l q u e o e n f r a to m a d ife re n te s n o m e s c o n s o a n te a s re
q u e c im e n to d e s te te r m o , q u e se to r n o u la ç õ e s q u e se c o n s id e ra m . P o r e x e m p lo ,
( P 2 τ 2 T τ ; P Ã ; ; « Ã ; L Ã 2 ÇU Ã
E I E Vτ Â Â τ ; os seus m o d e lo s e os seu s m o d o s , o s seus
E 2 τ è OÃ ; B Z á é ; U lric h á H Z
E Ç
I I E ) e ca e x em p lo s e os seus d e u se s , o seu e sp írito
ra c te r iz a d o p o r u m e s fo rç o p a r a re a lç a r e a s u a lín g u a . U m ta l m o v im e n to , le v a
a d ig n id a d e d o e s p irito h u m a n o e p a r a o d o a té a s su a s e x tre m id a d e s ló g ic a s, te n
v a lo riz a r, r e a ta n d o os la ç o s, d e p o is d a d ia a n a d a m e n o s d o q u e s u p rim ir o fe
Id a d e M éd ia e d a e sc o lá stica , e n tre a c u l n ô m e n o c r is tã o .” P h ilip p e M Ã ÇÇ« 2 , Le
E
liz a çõ e s d a m e sm a p a la v r a . (A. L .)
V á rio s e s c rito re s a d o ta r a m re c e n te m e n te este te r m o , d e fo r m a in d e p e n d e n te , p a
r a d e sig n a r o seu p r ó p r io p o n to d e v ista : 1? E m L ’Expérience humaine et la Causaii-
téphysique (1922), B ru n sch v icg a p lic a e s ta p a la v ra à a titu d e q u e ele vê in iciar-se c o m
S ó c ra te s e q u e c o n sis te e m c o n d u z ir o h o m e m “ à c o n sc iê n c ia d a s u a ju ris d iç ã o p r ó
p r ia , sem d e ix a r as q u e stõ e s q u e p o d e t r a t a r e f e tiv a m e n te , p e la su a a ç ã o e sp e c ífic a
m e n te h u m a n a , p e rd e r-s e n u m a o rd e m d e p ro b le m a s a o s q u a is só d a r á a s o lu ç ã o ilu
s ó ria d e u m d is c u rs o im a g in á r io ” (p p . 576-5 77). N a o rd e m e sp e c u la tiv a , o h u m a n is
m o , q u e se tr a d u z p o r “ id e a lism o c r itic o ” , to m a p o r o b je to “ a a ç ã o e sp e c ífic a m e n te
h u m a n a d o s a b e r ” e “ p e d e a o h o m e m q u e to m e c o n sc iê n c ia d is s o ” , a o in te rd ita r-
lh e u ltr a p a s s a r o h o riz o n te e fe tiv a m e n te p e rc o rrid o p e lo c o n h e c im e n to (p . 610).
B ru n sch v ic g o p õ e o h u m a n is m o a ssim c o m p re e n d id o ta n to a o n a tu ra lis m o co m o ao
a n tr o p o m o r f is m o ; p ro c u ra m o s tr a r q u e e sta c o n c e p ç ã o é ise n ta de q u a lq u e r te n d ê n
c ia s u b je tiv is ta , d ife re n te m e n te d o q u e a c o n te c e c o m o so c ío lo g ism o e o p ra g m a tis
m o . O m e sm o te rm o e n c o n tra -s e r e to m a d o c o m a m e sm a a c e p ç ã o e m Les progrès
de la conscience dans la philos. occidentale (1 9 2 7 ), t . II, p p . 703 e 801 (re m e te n d o
a 696).
2° W a lte r L ip p m a n n , em A Preface to Morais (1929), e x p õ e u m a m o ra l q u e a p re
s e n ta c o m o s e n d o a d o “ h u m a n is m o ” o p o s ta a o te ísm o : e n te n d e p o r isso q u e os h o
m en s q u e já n ã o crêem n u m rei celeste “ m u s t fin d th e tests o f rig h te o u s n e s s w holly
w ith in h u m a n e x p e rie n c e ” 1: “ th e y m u s t U ve... in th e b e lie f th a t th e d u ty o f m a n is
n o t to m a k e h is w ill c o n f o r m to th e w ill o f G o d , b u t to th e s u re st k n o w le d g e o f th e
c o n d itio n o f h u m a n h a p in e s s ” 1 (p . 137). D e ste p o n to d e v is ta , ele d á lu g a r a u m a
“ re lig iã o d o e s p ír ito ” s e m e lh a n te a o e s p in o s is m o q u e e le o p ò e à re lig iã o d e u m
D e u s-rei.
3? S e ria a in d a n e c e s s á rio a s s in a la r o e m p re g o d a d o a e sta p a la v r a p o r a u to re s
a m e ric a n o s c o m o I. B a b b it, P . E . M o re , W . C . B ro w n e ll, q u e se c o n s titu ír a m , de
a c o r d o c o m as te n d ê n c ia s p re d o m in a n te s n o e n s in o n o s seu s p a ís e s , e m d e fe n s o re s
d e u m a esp é c ie d e c la ssic ism o ra c io n a l. C f. L . M E 2 T « E 2 , O m ovim ento humanista
nos Estados Unidos (1 929)2.
4? M e n c io n e -s e fin a lm e n te q u e A n d le r in titu lo u O humanism o trabalhista (1927)
u m a c o le tâ n e a d e e n sa io s em q u e e sb o ç a o p r o g r a m a d e u m “ a lto e n s in o o p e r á r io ” .
N ã o sei se p o d e re m o s a p ro x im á -lo d o The New H um anism (1 930) de L . S a m s o n ,
u m liv ro o n d e se e n c o n tr a e x p re s s o , n o d iz e r d e S c h ille r, “ th e in te lle c tu a l o u tlo o k
o f a h ig h ly c la ss-c o n sc io u s m o d e rn c o m m u n is t” 3 {M ind, a b ril d e 1931, p . 256).
1. “ É necessário que vivam ... n a crença de que o dever d o homem é o de to rn a r a sua vontade co n fo r
m e, nâo à vontade de Deus, mas ao m elhor conhecim ento das condições d a felicidade h u m an a.”
2. Trata-se aquí do aspecto apenas literário e universitário de d o u trin a analisada no artigo acim a citado
na letra D . Ver o livro citado de Christian R « T7 τ 2 á .
3. ‘‘os pontos de vista intelectuais de um co m unista m oderno que tcm urna consciencia de classe altam en
te desenvolvida.”
481 H U M A N IS M O
C. D o u tr in a se g u n d o a q u a l o h o v a r co m D eu s o in fin ito a c im a de q u a l
m e m , d o p o n to de v ista m o ra l, deve lig ar q u e r re a liz a ç ã o d e te rm in a d a , o h u m a n is
se e x clu siv a m e n te à q u ilo q u e é de o rd e m m o exclu siv o d isten d e as en erg ias d a m o
h u m a n a . “ O h u m a n is m o d e sig n a u m a r a lid a d e ... O h u m a n is m o p u r o a c a b a rá
c o n c e p ç ã o g e ra l de v id a (p o lític a , e c o n ô s e m p re p o r c a ir n o n a tu r a lis m o .” R . LE
m ic a , é tic a ), f u n d a d a s o b re a c re n ç a da
SE ÇÇE , O bstade et valeur , p . 258-2 59.
D. N u m s e n tid o q u a se e x a ta m e n te
s a lv a ç ã o d o h o m e m p e las sim p les fo rç a s
c o n tr á r io a o p re c e d e n te , d o u tr in a q u e
h u m a n a s . C re n ç a q u e se o p õ e rig o r o s a
a c e n tu a a o p o s iç ã o , n o h o m e m , e n tre os
m e n te a o c ristia n ism o , e n q u a n to ele é a n
fin s d a su a n a tu re z a p ro p ria m e n te h u m a
te s d e tu d o a c re n ç a em q u e a s a lv a ç ã o
n a (a rte , ciências, m o ra l, religião) e os fins
d o h o m e m d e p e n d e d e D eu s e d a f é .”
d a su a n a tu re z a a n im a l e n tre a “ v o n ta d e
D E R Ã Z ; OÃ Ç
E I , Politique de la person- s u p e r io r ” (higher will, Irv in g B τ 2 ζ « ) e I I
I Em L; « Tτ , 1?, sím bolo da propo leza id eal.” “ U m a m áq uin a ideal, que
sição particular afirm ativa. Ver A; 2?, funcionaria sem a trito .” “ A imagem
sím bolo da proposição m odal em que o ideal = imagem interior, ideal do gênero”
m odo é negado e o d i c t u m é afirm ado. (em V. E; ; E 2 , L a p a r o l e i n t é r i e u r e ,
252). Neste sentido, i d e a l implica quase
ID E A Ç Ã O D. I d e a t i o n · , E. I d e a t i o n ;
sempre que se tra ta de um l i m i t e , em piri
F. I d é a t i o n ; I. I d e a z i o n e .
cam ente inacessível.
Form ação e encadeamento das idéias,
Este term o é m uito utilizado, com es
no sentido D (diz-se sobretudo enquanto
ta acepção, tan to na língua vulgar com o
se vê nesta form ação e neste encadeamen
na língua filosófica, enquanto que I d e i a ,
to de idéias um a “ função n atu ra l” do es
no sentido correspondente, não o é.
pírito, a estudar em piricam ente com o as
Pode-se, co ntudo, aproxim á-lo tam bém
funções fisiológicas do corpo).
da utilização desta últim a palavra para
R a d . i n t .·. Idead.
significar d e s í g n i o , c o n c e p ç ã o a r e a l i z a r .
ID E A L (adj.) D. A . B. C. I d e a l · , A . B. Que apresenta certo caráter de ele
C . I d e e l l · , E. I d e a l · , F. I d é a l · , I. I d e a l e . vação estética, m oral ou intelectual.
A. Que constitui um a idéia, ou um a“ Entregam -se a um grosseiro regabofe,
das determ inações de um a idéia, no sen sem qualquer resultado id eal...” RE ÇÇ ,
tido A desta palavra, ou nos sentidos que D i á l o g o s f i l o s ó f i c o s , III.
a ela se ligam im ediatam ente (Idéia p la A palavra, neste sentido, equivale fre-
tônica, enquanto t i p o p e r f e i t o ) · . “ A be- qüentem ente a e s p i r i t u a l . “ Im plica” , es-
Sobre Ideal (adj. e subst.) — Estes dois artigos fo ram notavelm ente refundidos
considerando as observações de M . B e r n è s , L . B o i s s e , L . B r u n s c h v i c g , E . H a l é v y ,
J. L a c h e lie r , F . R a u h , F . T ô n n ie s .
Sobre Ideal (adj.) — O sentido C , tão raro que é, n ão deixa de ser correto e con
form e à etim ologia. (J . L a c h e l i e r )
Seria útil a d o tar neste sentido i d e i a l ( i d é e l ): evitar-se-iam assim equívocos e con
fusões. I d e a l seria reservado p a ra o sentido A , de longe o m ais difu ndido, e para
o sentido B, que a ele se liga estreitamente. ( M . B e r n è s , L . B o i s s e , B r u n s c h v i c g , R a u h )
E . H a l é v y preferiria em pregar neste sentido c o n c e p t u a l ou n o c i o n a l . Mas estas
palavras só conviriam , parece, ao sentido correspondente a idéia-B (idéia abstrata ,
idéia do entendim ento); traduziriam im perfeitamente i d e a l quando se quer dizer cons
tru ído pelo espírito, representado no espírito. Eu acho que se deveria dizer m e n t a l ,
que não dá lugar a qualquer equívoco to das as vezes que for possível empregá-lo.
(A . L .)
A prim eira redação deste artigo repousava sobre um a distinção dos sentidos da
palavra i d e a l em sentidos a p r e c i a t i v o s (A, B) e num sentido g n o s i o l ó g i c o (C). Refle
tindo, pareceu-m e que essa característica não era suficientem ente im portante para
ser realçada, tan to mais que o sentido A não é exclusivamente apreciativo. I d e a l ,
substantivo, representa, pelo contrário, em todos os casos um juízo de valor. ( A . L . )
IDEAL 484
creve-nos ME ÇI 2 É, “ urna certa am plitu E ncontram -se tam bém alguns textos,
de, proveniente d a elevação do p onto de com o o seguinte, em que a palavra ideal
vista: urna v i d a i d e a l é o contrário de urna se aplica àquilo que é a p e n a s construído
vida estreita, terra a terra, m esquinha ou im aginado pelo espírito, em oposição
m ente u tilitá ria .” àquilo que existe verdadeiram ente; neste
C. C orrespondente ao sentido B daexemplo, a palavra assume até mesmo um
palavra i d é i a (noção, conceito) e, por ve m atiz pejorativo; mas trata-se de algo ex
zes, m as m uito parcialm ente, ao sentido cepcional: “ Ofereceria aos outros apenas
D (tudo o que está no pensam ento). T an concepções que lhes parecessem i d e a i s ,
to num caso com o no o u tro , m as sobre porq ue não teriam apreciado as suas b a
tudo no segundo, esta utilização é rara. ses reais.” A ug. CÃOI E , S í n t e s e s u b j e t i
Tam bém só a encontram os p a ra op o r os v a , I, intro dução.
conceitos m atem áticos aos objetos m ate Em inglês, a palavra i d e a l é , pelo con
riais que sugerem a sua construção: “ A trário , m uito correntem ente usada com o
geom etria não se ocupa dos sólidos n a adjetivo correspondente a i d é i a no senti
t u r a i s · , ela tem por ob jeto certos sólidos
do D: por exemplo, no capítulo de Bτ « Ç ,
intitulad o “ O f Ideal E m o tio n ” , em T h e
i d e a i s , absolutamente invariáveis, que são
E m o t i o n s a n d t h e W ill.
um a sua im agem sim plificada e bem dis
R a d . i n t .: A . P erfekt; B. Ideal; C.
ta n te .” P ë ÇTτ 2 é , A c i ê n c i a e a h i p ó t e
Ideei.
s e , cap. IV. E, mesmo nesta passagem,
alguns dos nossos correspondentes pen ID E A L (subst.) D. I d e a l · , E. A . 1?
sam que i d e a l pode ser entendido no sen I d e a l · , 2 ° S t a n d a r d · , A . B. I d é a l · , F. I d e a l · ,
tido de p e r f e i t o . *1 I. I d e a l e .
truído, quer dizer, o valor relativo ou absoluto da idéia pode deixar de ser um ideal
prático, porq u e então seria um ideal im possível absolutam ente.
Praticam ente se poderá, aliás, falar d e u m i d e a l relativo, quando se encara ape
nas certa ordem de ação (a saúde é um ideal p ara a vida física) ou do I d e a l , quer
dizer, de um ideal universal e praticam ente absoluto (o ideal m oral). (M . B e r n è s )
“ ID EAL (Número)” 486
querda kantiana, nom eadam ente Lange. Talvez tam bém Renán, ainda que o seu pen
sam ento, na citação acim a, se m ostra m uito confuso.
De onde resulta o sentido da palavra I d e a l i s m o : “ D outrina segundo a qual um
ato de conhecim ento capta apenas idéias, e nunca os objetos de que o senso com um
considera que as idéias sejam representações.” O I d e a l i s m o , assim , desdobra-se, da
m esm a fo rm a que a palavra I d e a l assum ia duas significações distintas:
a) D outrina segundo a qual, reduzindo-se filosofia à teoria do conhecim ento, só
se pode alcançar o subjetivo e o fenom enal, e to d a m etafísica, entendida com o o
conhecim ento do objetivo e do ab solu to , é impossível.
b) D outrina segundo a qual, sendo a idéia ou o sistem a de idéias considerados
com o o objetivo e o absoluto, a teoria do conhecim ento ou do pensam ento é por
si m esma a m etafísica. ( E . H a l é v y )
N otar-se-á que n a classificação das diferentes form as de idealismo pós-kantiano,
form ulada p o r Fouillée, e citad a acim a no artigo I d e a l i s m o , esta palavra é tam bém
ap roxim ada da palavra I d e a l , particularm ente no que se refere a Fichte. É necessário
perguntar se este últim o term o é aí tom ado apenas no sentido de I d e a l ( I d é e l ), ou
se não reterá qualquer coisa do sentido norm ativo, que se apresenta m uito n atu ra l
m ente num a d o u trin a com o a de Fichte onde dom in a a idéia do que d e v e ser. Ver
mais adiante as observações de X avier LÃÇ sobre o idealismo de Fichte, que é cha
m ado freqüentem ente, na In glaterra, E t h i c a l I d e a l i s m . ( A . L . )
Sobre Idealism o — H i s t ó r i a . A principal fo nte d a difu são da palavra i d e a l i s m o
na França parece ter sido a o b ra de M me de Stáel, D a A l e m a n h a (1810). Ver a 3?
e 4? partes.
IDEALISM O 488
sobretudo enquanto d o u trin a das Idéias só adm ite com o indubitável apenas um a
(e talvez tam bém en quanto coloca no ci asserção em pírica, o “ eu so u ” ; a segun
mo das coisas a Idéia norm ativa do Bem). da fo rm a é o i d e a l i s m o d o g m á t i c o de
A palavra nunca foi usual ao falar de BE 2 3 E Â E à , “ que encara o espaço, com
Aristotelismo. Ver mais adiante a Crítica. tu do aquilo de que é condição, como
2. A partir do século X V III, este ter qualquer coisa de im possível, e, por con
m o é freqüentemente usado para designar seguinte, rejeita igualm ente a existência
a doutrina de BE 2 3 E Â E à ; mas ele próprio das coisas m ateriais que aí estão conti
se serve, para a qualificar, do termo /m a das” ( C r í t i c a d a r a z ã o p u r a , Anal. tranc.,
t e r i a l i s m o *. W olff, tom ando-a neste sen livro II, cap. II, seção 3: W i d e r l e g u n g d e s
tido, opõe a sua filosofia à dos dois idea I d e a l i s m u s , B 274 ss.).
listas, à dos m aterialistas e à dos cépticos, É de n o tar que os term os utilizados
que cham a “ drei schlimmen Sekten” 1. por K ant ao definir a teoria de D escartes
K l e i n e p h i l o s o p h i s c h e S c h r i f t e n , p. 583. ( z w e i f e l h a f t , duvidosa; u n e r w e i s l i c h , in
3. Kτ ÇI cham a i d e a l i s m o e m p í r i c o à dem onstrável) são historicam ente inexa
doutrina que declara a existência dos ob tos, porq u e se tra ta apenas de um a dúvi
jetos no espaço, f o r a d e n ó s , quer duvi da provisória, e a existência do m undo
dosa e indem onstrável, quer falsa e im m aterial é o objeto de um a d e m o n s t r a
possível. ç ã o precisa (M é t o d o , IV, 8; M e d i t a ç õ e s ,
A sua prim eira form a é, diz ele, o i d e a V I, etc.). A característica daquilo a que
l i s m o p r o b l e m á t i c o de DE è Tτ 2 I E è , que cham am os neste sentido i d e a l i s m o pare
ce ser antes que a existência dos objetos
m ateriais fo ra de nós é nele considerada
1. “ ... três péssim as se ita s” . com o não conhecida de um a m aneira
Esta parte do artigo foi com pletada e retificada a p artir das indicações de R . E u c -
ken, de I . B e n r u b i e de X a v i e r L é o n . N o que diz respeito a Fichte, nom eadam ente,
e à qualificação corrente de “ idealismo subjetivo” aplicado à sua do u trin a, X avier
Léon acrescenta as seguintes notas, dem asiado desenvolvidas p a ra serem inseridas
no texto, m as úteis de se reter: “ A o designar desta fo rm a a T e o r i a d a C i ê n c i a , corre-
se o risco de falsear o sentido do sistem a e vamos ao encontro d a objeção já form u
lada por alguns contem porâneos de Fichte, seus adversários, que pretendiam ver aí
um puro subjetivism o, e que lhe censuravam o querer extrair do E u to d a a realidade
do m undo. Fichte, en quanto vivo, pro testou com todas as suas energias co n tra esta
interpretação do seu sistem a, interpretação que considerava caluniosa. N um escrito
polêmico contra Schelling, que justam ente tinha lançado esta acusação contra a T e o r i a
d a C i ê n c i a (B e r i c h t u b e r d e n B e g r i f f d e r W i s s e n s c h a f t s l e h r e ' , etc., S à m t . W e r k e , Bd.
V III, p. 361), Fichte renega aqueles que fazem da ciência e i n l e e r e r R e f l e c t i r t s y s t e m
um a construção de conceitos artificial e oca; ele m ostra que se, com o o afirm am os
seus adversários, ‘o público quer realidade’, a T e o r i a d a C i ê n c i a está neste ponto
em com pleto acordo com ele. N ão tem de m odo algum a pretensão de c o n s t r u i r to
talm ente o dado (isso corresponderia a voltar ao erro do dogm atism o), pro cura ape
nas explicá-lo, justificá-lo. P a ra o explicar, recorreu, com efeito, a um princípio de
ordem subjetivo, ou m elhor, ao pró prio sujeito (não, bem entendido, ao sujei
to-indivíduo, m as ao Sujeito naquilo que ele possui de puro e essencial); e isso p o r
que o outro princípio de explicação, o objeto, é a seus olhos sempre insuficiente
realidade à m atéria e a nós próprios en sentido de que faz do ideal o princípio de
quanto seres pensantes ( i b i d . , 369-371. to d a existência; é subjetivo porq ue colo
Cf. A n t i n o m i a d a r a z ã o p u r a , seção VI: ca este ideal no ¡sujeito m oral considera
“ D er transcendentale Idealism ais der do com o absdluto... Schelling professa
Schlüssel zur A uflösung der cosmologis- um idealismo objetivo... Q uanto a Hegel,
chen D ialektik” 1; A 490 ss.; B 518 ss.). pro fessará um Idealism o a b so lu to ...”
A segunda edição acrescenta além disso, F Ã Z « Â Â é , H i s t ó r i a d a f i l o s o f i a (1875).
E
em nota, que se pode tam bém cham ar a As duas prim eiras destas expressões vêm
essas duas form as de idealismo i d e a l i s m o de S T Â Â « Ç ; , que cham ou i d e a l i s m o
7 E
duas expressões são até preferíveis para à sua p ró p ria sob o nom e de i d e a l i s m o
evitar qualquer equívoco. o b je tiv o (D a r s té llu n g m e in e s s y s te m s d e r
S T Â Â « Ç;
7 E e de H ; Â e é bastante co
E E
tern ário da m archa das idéias, represen
m um caracterizá-las respectivam ente pe tou o seu pró prio sistem a com o a sínte
los epítetos de idealismo s u b j e t i v o , idea se, de que o de Fichte constituía a tese e
lismo o b j e t i v o e idealismo a b s o l u t o · . “ O o de Schelling a antítese (ver A p ê n d i c e ) .
sistem a de Fichte é cham ado pelos ale M as é de n o tar que Fichte não teria p ro
mães idealismo subjetivo: é idealismo no 1 vavelmente aceito este epíteto, que não se
e n c o n t r a e m nenhum dos seus escritos.
Ele faz profissão de reter o espírito, se
1. “ O id ealism o tran scen d e n ta l, ch av e p a ra re não a letra, do K antism o, e designa a sua
solver a d ialética co sm o ló g ic a ” . própria d o utrina sob o nom e t r a n s c e n -
o u , algum as vezes,
d e n ta le r Id e a lis m u s , do além dos que estão ap to s p ara filoso
W « Â Â O , que pare
K r itis c h e r Id e a lis m u s . fa r, eu acho que estou tão distante q u an
ce o prim eiro a ter difu ndido na França to possível do idealismo..” E n s a i o s d e c r í
as qualificações acim a indicadas, acres t i c a g e r a l , Lógica, tom o I.
centava, aliás m uito justam ente, ao falar 6. Léon B2 Z Çè T7 â« T; deu o nom e de
d a d o u trin a de Fichte: ‘ ‘P oder-se-ia co m i d e a l i s m o c r í t i c o à doutrin a filosófica que
m aior razão cham á-la um e s p i r i t u a l i s m o expôs nas suas obras. Ver em particular o
a b s o l u t o em vez de um i d e a l i s m o s u b j e seu artigo “ A orientação do racionalis
tiv o ." W« Â Â O , H i s t o í r e d e la p h ilo s o p h ie m o” , na R e v u e d e m é t a p h y s i q u e e t d e m o -
a lle m a n d e , tom o II, p. 462 (cf. pp. 398 r a l e , de 1920, p p. 261-343. F . Rτ Z 7 nas
ss.). observações mais adiante (1908) tinha apli
5. R E ÇÃ Z â « E 2 : “ Se cham arm os i d e a cado esta m esma denom inação ao idealis
com o é costum e, aos filósofos que
lis ta s , m o transcendental de K ant, mas esta utili
com o Leibniz e K ant dão ao tem po e ao zação não é generalizada, não obstante os
espaço apenas um a realidade puram ente nomes de “ Crítica” e “ Criticismo” fre-
objetiva” ( = ideal, m ental) “ e encaram qüentemente usados ao falar do kantismo.
o sujeito m aterial pu ro das escolas m ate B . Em M oral e n a linguagem co rren
rialistas com o um a ficção científica... en te: feição do espírito e do caráter que con
tão as teses que p ro p o n h o pertencem ao cede um im portante lugar p ara o i d e a l no
idealismo incontestavelmente. M as, se for sentido B, e crê no poder d a idéia e do
m elhor reservar a qualificação p a ra os sentim ento p a ra refo rm ar aquilo que h á
pensadores c u ja tendência m arcada (pu de m au n a natureza e nas sociedades h u
deram censurá-la a K ant) é a de suprim ir m anas. I d e a l i s t a , subst. e a d j., é partic u
a existência dos sujeitos reais no m un larm ente usado neste sentido.
pensamento. N ada im pede, então, de considerar este único pensam ento como a subs
tân cia com um de que os diferentes sujeitos que sentem são apenas os acidentes. A s
sim, o idealism o, que se apresentava, em prim eiro lugar, sob um a fo rm a psicológi
ca, torna-se um a d o utrina m etafísica: o m e u m undo torna-se o m undo, na m edida
em que o m eu pensam ento se to rn a a verdade, e, a esse título, a substância única
e universal. A ssim se reconciliam , parece-me, os dois sentidos que esta palavra pos
sui, com efeito, n a história d a filosofia.
N ão vejo, pois, nada que im peça adm itir as definições citadas na Crítica, e em
particular a de Bergson. Só faria às duas prim eiras um a ligeira correção: elim inaria
a idéia de sujeitos distintos das suas representações e que seriam ainda, à sua m anei
ra, coisas: diria que, para o idealista, existem apenas representações, um as sensíveis
e individuais, as outras intelectuais e im pessoais.”
Estas observações de J . L a c h e l i e r definem com m uito vigor e clareza u m a d o u tri
n a filosófica à qual não se poderia negar que o nom e de i d e a l i s m o se aplica m uito
bem . M as será a ú n i c a que pode ser ch am ada p o r esse nom e? É certo que, quer his
toricam ente, quer no uso contem porâneo, este term o aplica-se a m uitas teorias que
não apresentam todas as determ inações enunciadas atrás. Deve, p o r o u tro lado,
considerar-se esta definição com o algo que se aplica não à utilização atual, m as à
fu tu ra, e com o um a proposta p a ra restringir de o ra em diante a esta significação p re
cisa o sentido do term o i d e a l i s m o ? Talvez fosse desejável, m as parece m uito difícil
conseguir essa lim itação de um term o tã o freqüentem ente usado e em casos tão di
versos. ( A . L .)
ID EA LISM O 492
pretendido torna-se, p ara ele, signo e sím condição deste Idealismo: por conseqüên
bolo e são de o ra em diante os seus pen cia, a fórm ula não é rigorosam ente apli
sam entos, com as suas leis inflexíveis, a cável. Será um espírito universal, com o
sua inesgotável variedade de form as e de o Deus de Espinosa? A m esma dificulda
co ntorn os, que ele pensa serem as únicas de se põe p a ra definir a relação deste es
verdadeiras existências... Concluirem os, pírito com o espírito individual, cuja exis
axiom a a que se resum e a filosofia idea tência constitui o p o n to de partida do
lista: o que existe das coisas são as idéias problem a.
que o espírito delas p ossui.” U m a m aneira completamente diferen
Com efeito — sem falar dos diferen te de entender o idealism o, cujos exem
tes sentidos que pode receber aqui a p a plos d atam d a A ntiguidade e que se m is
lavra i d é i a s — , o que se entende nesta fór tu ra algum as vezes com a prim eira, con
m ula por e s p í r i t o ? siste em to m ar o e s p í r i t o num outro sen
Será o espírito i n d i v i d u a l do filósofo tido e, p o r assim dizer, em compreensão.
que pensa? É certo que o prim eiro argu Entende-se então por isso um co njunto
m ento do idealism o é, acim a de todos os de características ou de leis de definiriam
outro s, a im possibilidade p a r a o i n d i v í a natureza do pensamento e admite-se que
d u o de sair da sua consciência i n d i v i d u a l . o real se com põe de i d é i a s , quer dizer, de
M as o próprio Berkeley não pensa per essências inteligíveis, que nada têm de
m anecer no solipsismo. Será a som a dos opaco e de im penetrável, de direito, p a
espíritos individuais? A tribui-se com is ra u m espírito d ado que se esforça p o r o
so a esses espíritos um a form a de existên com preender. N este sentido, o platonis
cia em si que serve de base às idéias e, por m o é m uito justam ente cham ado um idea
conseqüência, implica um realismo como lismo. “ Poder-se-ia dizer tam bém ” , es-
idealistas admitem igualmente que o mundo exterior não existe em si, independente
mente de um sujeito.
III. Servimo-nos algumas vezes da palavra i d e a l i s m o para designar doutrinas que
se referem não à relação do sujeito com as coisas, mas à própria natureza do sujeito.
Assim, dir-se-á que o platonismo, o kantismo são idealismos, porque dão um lugar
privilegiado às Idéias. Mas este sentido está, parece-me, regredindo e parece não haver
necessidade de o ressuscitar. Existem outras palavras para designar as doutrinas em
questão, realismo metafísico, para o platonismo, racionalismo formal ou formalismo
para o kantismo, etc.”
Sobre a Crítica — Observações feitas na sessão de 2 de julho de 1908:
L . B r u n s c h v i c g : “ I d e a l i s m o pode ter um sentido muito preciso, com a condição
de não separar a teoria do conhecimento e a metafísica; porque, precisamente, o idea
lismo afirma que toda a metafísica se reduz à teoria do conhecimento. A afirmação
do ser tem por base a determinação do ser como conhecido, tese admiravelmente clara
(salvo análise ulterior da palavra c o n h e c i d o ) por oposição ao realismo, que tem por
base a intuição do ser enquanto ser.”
L . B o i s s e : “ O termo i d e a l i s m o só é vago para o pensamento desregrado, para o
pensamento que não sente necessidade de ligar os seus elementos em síntese sistemáti
cas, e aos poucos caminhar assim até a um centro orgânico. É muito preciso, pelo
contrário, para o pensamento filosófico. Pode-se defini-lo, e foi definido: toda a dou
trina que dá ao pensamento um privilégio sobre as coisas e que considera o espírito,
o sujeito, como privilegiado em relação ao mundo, ao objeto.”
495 ID ÉIA
nesta passagem, que se pode ainda tomar, social manifesta certa lógica; 2? a idéia de
e que ele próprio noutro lugar tomou, a pa que a humanidade, cada vez mais conscien
lavra numa outra acepção.) te, se torna a obreira dos seus destinos e
Estendeu-se mesmo algumas vezes o no substitui por um mundo de razão e de li
me i d e a l i s m o (ainda que muito raramente berdade o estado atual, mecânico e amo
segundo parece) à tese segundo a qual os ob ral dos fenômenos econômicos.
jetos percebidos são, e m s i , da mesma na IDEATO L. escol. I d e a t u m · , F. I d é a t
tureza que o espírito que os pensa, ou seja, (termo raramente utilizado).
à teoriap a n p s i q u i s t a (ver BlNET, L ’â m e e t A. O objeto (em particular a obra de
l e c o r p s , p. 203, onde estes dois termos arte ou de indústria) produzido segundo
são identificados). uma idéia preconcebida. “I d e a t u m e s t v i
Parece pois que se deve fazer o míni i d e a e p r o d u e t u m ” (O ideato é aquilo que
mo uso possível de um termo cujo senti é produzido pelo poder da idéia). GÃTÂE -
do é tão indeterminado. Ver contudo as Ç« Z è , 211 B, segundo Alberto, o Grande.
reservas de A. Dτ 2 ζ ÃÇ e as de A. B. Objeto ao qual corresponde uma
Sú τ « 2 , reproduzidas no Apêndice (S).
E idéia. “ Idea eodem modo se habet objec-
R a d . i n t .: Idealism. tive, ac ipsius ideatum se habet realiter”
" I d e a l i s m o s o c i a l " , E. S o c i a l I d e a l i s m , (A idéia apresenta, na ordem do pensa
aplicado em primeiro lugar às idéias de me mento, as mesmas características que o
lhoramento e de progresso social que ocu seu ideato na ordem da realidade). Eè ú «
param o pensamento de Berkeley e deter ÇÃè τ , D e E m e n d a t i o n e , VII, 41. “ Idea
minaram a obra filantrópica e moraliza- vera debet cum suo ideato convenire” (A
dora à qual se consagrou durante o pe idéia verdadeira deve estar de acordo com
ríodo ativo de sua vida (F2 τ è 2 , B e r k e E
o seu ideato). I d . , É t i c a , Axioma 6 (mas,
l e y , 1871; III, 87). Esta expressão foi to
como ele nota, não é por este acordo que
mada como título de uma obra de Eugé- se reconhece a verdade).
ne FÃZ 2 Ç« 2 E (Alean, 1898). Represen IDÉIA D. A. B. C. I d e e ; D. V o r s t e l
ta para ele: 1? a idéia de que a evolução l u n g · , E. I d e a ; F. I d é e ; I. I d e a .
Uma nova redação do § B foi introduzida na sexta edição para dar conta das
críticas de M a r s a l sobre cr sentido respectivo das expressões c o n c e i t o e i d é i a g e r a l .
A parte histórica foi muito completada, em parte a partir das observações recebi
das de G . B e a u l a v o n , M . B l o n d e l , F . T ò n n i e s e C . C . J . W e b b , em parte a partir
das novas investigações do autor.
V . E g g e r assinalou o fato de BÃè è Z , contrariamente à maior parte dos carte
EI
Id é ia s * r e p r e s e n ta tiv a s .
Crítica do uso de L Ã T 3 por L « ζ Ç « U : “Aè idéias estão em Deus desde toda a
E E
estados de consciência que não são primitivos, mas consistem na repetição ou elabo
ração daquilo que constituía um dado primitivo { i m p r e s s ã o ) . T r a t a d o d a n a t . h u m a
n a , 1? parte, § 1 e nota; E n s a i o , 2? seção.
I d é i a , no sentido A, 2?: “ I d é i a d o d e s p o t i s m o . Quando os selvagens da Louisia-
na querem fruta, cortam a árvore e colhem o fruto. É isso o governo despótico.”
M ÃÇ è I Z « Z
I E E , E s p í r i t o d a s l e i s , V, XIII.
Q u e u s o s e d e v e f a z e r h o je e m d ia d a p a la v r a “ id é ia ” ? .
A primeira redação deste artigo continha, como conclusão da Crítica, a seguinte
passagem:
IDÉIA 498
ramente tem este sentido; mas é muito D. A partir do século XVII (sentido
usual com um complemento: a idéia de mais comum na filosofia moderna): to
mamífero, a idéia de triângulo, a idéia de do objeto de pensamento enquanto pen
valor, etc. samento, opondo-se assim:
C. Pré-concepção, no espírito, de uma 1? quer, enquanto fenômeno i n t e l e c
coisa a realizar; projeto, desígnio. Con- t u a l , ao sentimento e à ação;
“ Hamilton declara que é impossível reservar a esta palavra um uso técnico, e que
na sua época apenas podia ser usada no sentido vago em que ela abarca as represen
tações dos sentidos, as representações da imaginação e os conceitos ou noções do
entendimento; que, aliás, é útil ter assim um termo muito geral que englobe tudo
o que, no espírito, é concebido como correlativo a um objeto. (L ó g i c a , lição VII,
§ 20.) Como as razões que ele dá para essa utilização apenas se tornaram mais fortes
desde essa altura, parece recomendável empregar a palavra sempre no sentido D, ex
ceto no caso em que se trate especialmente da teoria platônica, caso este em que a
maiúscula evitará qualquer confusão.
O sentido B é já muito precisamente designado por c o n c e i t o *. O conceito é neste
sentido uma das espécies do gênero i d é i a . Se se pretender distinguir, com alguns ló
gicos, os verdadeiros conceitos (rigorosos) e os pseudoconceitos (fundados apenas
sobre semelhanças empíricas), seria bom admitir que a expressão ‘idéia geral’ desig
na uns e outros.”
Estas conclusões não foram aprovados pelos membros da Sociedade:
F . R a u h : “ É legítimo apenas chamar idéia a um ato intelectual relativo à sensa
ção, não à própria sensação. A idéia, no sentido correto da palavra, é sempre uma
operação ou uma criação do espírito.”
J . L a c h e l i e r : “ O emprego da palavra idéia para significar não o conceito (porque
há aí um conceito), mas a própria sensação do branco e do vermelho, é i n t o l e r á v e l ,
segundo a justa observação de Kant. Não teria tido origem esta utilização numa con
fusão entre as e l'ó r¡ de P l a t ã o e de Aristóteles e as e l '6 coXo de Epicuro? Seja como
for, penso que é necessário condenar este sentido, que tem o enorme inconveniente
de confundir atos do espírito tais como o conceito (mesmo o de uma qualidade sensí
vel) com simples sensações passivas (as próprias qualidades sensíveis). Creio que a
palavra idéia deve ser conservada, quer no sentido de modelo concebido pelo espírito
499 ID ÉIA
de uma obra a executar (C), quer como sinônimo literário e popular de conceito (B),
para significar a ação do espírito que c o n c e b e um objeto qualquer, que não o perce
be ou não o imagina simplesmente, mas que o põe como v e r d a d e i r o , inteligível, ra
cional em si, ainda que o mais das vezes ele apenas nos seja dado do exterior e empi
ricamente. Estes dois sentidos têm, aliás, um elemento comum de grande importân
cia: o interesse, o d e v e r s e r ou o m e r e c e r s e r deste objeto. Isso é muito claro quando
se trata de idéias ‘exemplares’ dos produtos da nossa atividade, por exemplo, uma
casa a construir; mas a existência de um ser vivo não terá também um interesse, pelo
menos para ele, e mesmo no conjunto da natureza, de que ele é um momento? Não
será um bem que ele seja, que aja, que sinta: e, por conseqüência, a sua existência
não será tão q u e r i d a , ainda que de outra maneira, quanto a da casa? Esta vontade
que, vivendo nele, e sua alma, e que, pensada em nós, é o elemento essencial da sua
id é ia .”
Podemos responder a estas críticas de dois pontos de vista diferentes:
1? De fato, o sentido D não compreende, no uso moderno, e não parece ter com
preendido nos cartesianos, a simples sensação, a de branco e a de vermelho, enquan
to recebida de uma forma puramente passiva pelos sentidos (se é verdade que seja
o que for possa ser recebido pelo espírito a título puramente passivo). Mas uma tal
sensação não constitui nunca o conteúdo mental imediatamente dado à nossa refle
xão. Aquilo que nos é apresentado pelos sentidos são t o d o s concretos; são estes ou
aqueles objetos particulares (que não são necessariamente seres vivos) tais como uma
pedra, uma fonte, uma montanha. Na linguagem moderna, com efeito, aplica-se a
esses objetos o termo i d é i a enquanto são imaginados, ou mesmo enquanto são per
cebidos, mas sempre com o fim de distinguir a percepção atual daquilo que, seja a
IDEIA SOO
nas enquanto elas informam o próprio es Por exemplo, M « Â Â « Ã Z á , “ Ensaio sobre
pírito que se aplica a esta parte do cére a história natural das idéias” , R e v u e p h i
bro.” R a z õ e s q u e p r o v a m a e x i s t ê n c i a d e l o s o p h i q u e , fevereiro de 1908. A palavra,
D e u s , etc., § 2. neste sentido, conserva e até acentua o seu
“ Idea is the object of thinking. Every caráter intelectualista; as “ idéias opõem-
man being conscious to himself that he se às paixões, às necessidades, aos impul
thinks; and that which his mind is applied sos, e, numa certa medida, à vontade. Cf.
about, whilst thinking, being the ideas Id e o lo g ia .
that are there, it is past doubt that men Algumas vezes até a palavra, neste
have in their mind several ideas, such as sentido, se torna quase sinônimo do es
are those expressed by the words whit- pírito, ou pelo menos do conjunto de pen
ness, hardness, sweetness, thinking, mo samentos que aí se encontram: “ Isso nem
tion, man, elephant, army, drunkenness sequer passa pela idéia.” M Ã Ç è I Z « Z , I E E
sive objects, in the mind but what were O sentido B da palavra i d é i a parece de
derived from sense: but there are also be início ser apenas o sentido A despojado
sides these her own acts or operations: do seu caráter metafísico e, por assim di
such are notions.” 1 2 B 2 3 Â à , § 308.
E E E
zer, enfraquecido. Mas é preciso não es
Cf. I d é i a s * r e p r e s e n t a t i v a s . quecer que na língua grega o sentido de
E. E s p e c í f i c a m e n t e : opiniões, teorias. Ι δ έ α é muito mais amplo do que o da I d é i a
platônica. Vimos acima alguns exemplos.
1. “ A id éia é o o b je to d o p e n sam en to . T e n d o
Em A 2 « è ó Â è , é utilizada em três
I I E E
que título for, constitui a realidade do objeto. “ Quando um ignorante vê uma vara
mergulhada na água, a idéia que ele faz é completamente diferente da realidade.”
Mas deve-se sublinhar que não é duvidoso que haja então um a t o do espirito (que
precisamente se revela pela sua imperfeição), e, por conseqüência em nome desse cri
tério, tenhamos o direito de nos servir da palavra i d é i a .
2? P r a t i c a m e n t e , não seria quimérico pretender proscrever expressões como a s
s o c i a ç ã o d e i d é i a s , i d é i a f i x a , i d é i a - f o r ç a , o problema da o r i g e m d a s i d é i a s ? Os nu
merosos exemplos que se encontram da utilização desta palavra nos melhores textos
filosóficos ingleses e franceses, para designar representações concretas e particula
res, dificilmente podem ser considerados como errados. A etimologia, aliás, está de
acordo com a utilização mais ampla desta palavra: no próprio Aristóteles, como já
vimos, ela é tomada nas acepções mais diversas. Talvez a repugnância de Kant e a
sua severidade venham de uma atenção muito exclusiva dada ao sentido platônico:
este sentido era uma restrição muito especial de uma palavra muito mais compreensiva.
501 ID EIA
Mas uma outra consideração deve ser levada em conta. Aquilo que a palavra i d é i a
representa essencialmente, na sua utilização moderna, é o pensamento individual e
atual de um objeto, oposto àquilo que o objeto é em si próprio (cf. I d e a l i d a d e , I d e a
l i s m o , etc.). Quando este “ em si próprio” é concebido de uma forma metafísica,
ontológica, chegamos à teoria das i d é i a s r e p r e s e n t a t i v a s * , e essa utilização explica
o favor que a palavra obteve nos séculos XVII e XVIII. As mesmas razões tornam-
na hoje suspeita, mas talvez sem razão. Porque temos ainda necessidade, no sentido
mais positivo, de opor a representação atual e individual à realidade (definida fora
de qualquer ontologia, enquanto representação normal). Daí a legitimidade do sen
tido D, tal como foi definido mais acima: Idéia serve então para designar um objeto
de pensamento qualquer que ele seja, e n q u a n t o p e n s a d o , quer dizer, por um lado,
enquanto fenômeno intelectual (e não ação ou sentimento); por outro lado, enquan
to representação individual (e não existência real, no sentido empírico da palavra).
( A . L .)
IDEIA 502
saram assim para a linguagem corrente idéias segundo a sua natureza e segundo
(por ex. c a t e g o r i a , e s s e n c i a l , etc.). Este a sua origem .” E ver mais adiante, no a r
alargamento pode ter sido favorecido, nos tigo I d é i a s r e p r e s e n t a t i v a s , a opinião de
letrados, pela recordação do sentido gre A 2 Çτ Z Âá sobre a utilização desta palavra.
go (muito próximo algumas vezes daquele Eè ú « ÇÃè τ conserva, mas adaptando-
que a nossa palavra i m a g e m tem). “ Con- a ao uso cartesiano e à sua própria teo
cipiendum est sensum communem fungi ria, a oposição da i d é i a e do i d e a t u m :
etiam vice sigilli ad easdem f i g u r a s vel “ Idea vera debet convenire cum suo idea-
i d e a s , a sensibus externis puras et sine cor- to.” É t i c a , I, Axioma 6. “ Per ideam in-
pore venientes in phantasia vel imagina- telligo mentis conceptum, quem mens for-
tione veluti in cera formadas.” D è T τ 2 E mat propterea quod est res cogitans. Di-
I E è , R e g u la e , XII. “ Entre essas figu co potius conceptum quam perceptionem,
ras,... não são aquelas que se imprimem quia perceptionis nomen indicare videtur
nos órgãos dos sentidos exteriores,... mas mentem ab objecto pati; at conceptus ac-
apenas aquelas que se traçam na superfí tionem mentis exprimiré videtur.” I b i d . ,
cie da glândula H, onde se situa a sede II, def. III. Mas parece que, de fato, ne
da imaginação e do senso comum que de le permanece qualquer coisa do uso pla
vem ser tomadas por i d é i a s , quer dizer, tônico ou do uso escolástico da palavra.
pelas f o r m a s ou i m a g e n s que a alma ra Porque se a i d é i a humana convém ao seu
cional considerará imediatamente quan i d e a t u m , não é porque ela é a sua cópia,
do, estando unida a essa máquina, ima é porque ambos derivam da Natureza de
ginar ou sentir algum objeto.” I d . , T r a i - Deus, na qual a idéia é por assim dizer
t é d e l ’h o m m e , tomo XI, pp. 176-177. Es o tipo das coisas. De onde resulta que a
te sentido é o mesmo de Hobbes. i d é i a a d e q u a d a pode ser reconhecida em
Encontramo-lo no D i c i o n á r i o f i l o s ó f i c o si própria e intrinsecamente, independen
de V O L T A IR E : “ O que é uma i d é i a ! É temente da sua “ convenientia cum idea-
uma i m a g e m que se desenha no meu cé to” que lhe é exterior, É t i c a , II, def. IV.
rebro” (ed. Beuchot, XXX, 265). B 2 3 Â à analisa e discute este senti
E E E
Estes textos tornam bastante duvido do em várias passagens das suas obras, par
sa a explicação, aliás obscura, que Des ticularm ente P r i n c í p i o s d o c o n h e c i m e n t o
cartes dá acerca da origem do sentido que h u m a n o , § 39, e D i á l o g o s , I e III, onde no
ele atribui a esta palavra: ver a passagem ta que esta palavra “ é agora comumente
das R e s p o s t a s a H o b b e s citada mais aci usada pelos filósofos p ara designar os ob
ma. É verossímil que Hobbes e ele tenham jetos im ediatos do entendim ento” .
tomado a palavra num sentido que já Sobre a legitimidade do sentido D, e
existia na sua época, e que tinha sido de sobre a melhor utilização a fazer atual
terminado, pelo menos em parte, pelo co mente desta palavra, ver mais adiante as
nhecimento da etimologia grega. H τ O« Â observações.
IÃÇ (D i s c u s s i o n s , p. 70) assinala a utili R a d . i n t .: C. Ide.
zação do termo em BZ T τ Çτ Ç , H i s t o r i a
7
idéia é aí usada no seu sentido familiar Idéia adequada, in adequada Ver es
para designar os objetos não só do inte tas palavras.
lecto, mas também da memória e dos
sentidos. Idéia fixa Fenôm eno m ental que con
Este uso é seguido por quase todos os siste n a perm anência m órbida de um es
cartesianos com exceção de B Ã è è Z E I (ver tado de consciência predom inante, que o
as observações). Cf. particularmente L ó curso n orm al das idéias e a ação d a von
g i c a de Port-Royal, 1? parte, cap. I: “ Das tade n ão podem fazer desaparecer.
503 ID EIA
Fouillée, “ se a idéia é chamada força, é gens reduzidas que os objetos enviam aos
porque todo estado mental envolve ao sentidos e que causam a percepção, se
mesmo tempo um d i s c e r n i m e n t o (germe gundo a teoria de D Oó CRITO, dos Epi-
E
do discernimento é força, toda idéia é vir qual, entre o espírito que conhece e o ob
tualidade de movimentos. jeto que é conhecido, não existe relação
“ Finalmente, do ponto de vista da fi imediata, mas apenas relação mediata
losofia primeira, o evolucionismo das através de um t e r t i u m q u i d , a idéia, que
idéias-forças é a doutrina que admite que é ao mesmo tempo, por um lado, estado
a consciência, com as idéias com que se ou ato de espírito, e, por outro, represen
exprime, não é um simples reflexo ou epi tação do objeto conhecido.
fenómeno, mas um fator de mudança, Esta expressão serve comumente mais
uma causa real; mais do que isso, é a pró para criticar do que para expor a teoria
pria realidade, presente a si mesma, em questão. Parece ter nascido na polê
modificando-se, e dirigindo-se pelo pen mica de A 2 Çτ Z Â á contra Mτ Â ζ 2 τ Ç - E
de ter em seguida mudado o sentido des acrescenta que elas só são uma ou outra
te termo na segunda parte do livro III, coisa segundo o espírito de quem as jul
que tem por título: “ Da natureza das ga. A r t e d e p e n s a r , cap. X.
idéias” , e nos E s c l a r e c i m e n t o s . “ Já não
são os pensamentos da alma e as percep IDÊNTICO D. I d e n t i s c h ; E. I d é n t i
ções dos objetos a que ele chama i d é i a s F. I d e n t i q u e · , I. I d ê n t i c o .
c a !·,
derações metafísicas, pode ser considerado como uma lei da experiência. As “ duas
gotas de água” da locução popular só são idênticas se se não lhes exigir nada mais
do que serem gotas d’água. Todos os objetos da nossa experiência estão no mesmo
caso, por vezes idênticos por uma experiência rápida e superficial, quer dizer, idênti
cos em aparência, idênticos porque podem receber a mesma denominação, mas ape
nas semelhantes se os considerarmos mais atentamente. A identidade qualitativa é,
pois, uma concepção do espírito simplesmente sugerida pela experiência.
Ter-se-á o direito de to m ar com o exemplo de identidade qualitativa, com o foi
feito na prim eira redação deste artigo “ a identidade de duas das unidades que com
põem um m esm o núm ero cardinal” ?
Essas duas unidades são iguais: não são idênticas. A unidade aritmética não dei
xa de ter certo parentesco com a identidade qualitativa, creio eu, mas distingue-se
dela. Dois idênticos, sendo indiscerníveis, formam apenas um. Ora, a unidade arit
mética é de tal forma que 1 e 1 não é 1, mas 2. Creio que esta unidade é filha psicoló
gica da mesmidade1. Mas a alteridade que se opõe a esta mesmidade possui ela pró-
pria uma mesmidade; uma mesmidade e uma mesmidade são duas mesmidades: é
que não se trata da mesma mesmidade. A unidade aritmética é constituída por esta
associação do mesmo e do outro que permite e exige a pluralidade da unidade. Pode-
se, aliás, pensar a mesmidade das mesmidades como tais: é a idéia abstrata e filosófi
ca da unidade; mas esta idéia não tem qualquer utilidade na matemática. Considere
mos a mesmidade das mesmidades: 1 e 1 é 1; a alteridade das mesmidades: l e i são
2. De onde concluo que a igualdade das unidades é uma outra coisa que não a identi
dade qualitativa. ( V . E g g e r )
É incontestável que do ponto de vista da lógica formal a + a = a e a x a = a ; estas
fórmulas são clássicas. Não contesto também que para constituir um “ número con
creto” sejam necessárias unidades concretas, por exemplo, seis bilhetes materiais que,
por conseguinte, não serão rigorosamente indiscerníveis ou qualitativamente idênti
cos. Mas, por outro lado, é abstraindo de tudo o que os distingue qualitativamente
que é possível a d i c i o n á - l o s , e designá-los por um só e único nome. “ Não se adicio
nam feixes de lenha e garrafas” tinha por hábito dizer um excelente professor de
matemática. Se, pois, passarmos ao limite, e considerarmos o “ número abstrato” ,
ele será formado de unidades ideais (no sentido A), rigorosamente intermutáveis, in
discerníveis e múltiplas apenas na medida em que são cronologicamente ou espacial
mente exteriores uma à outra, como são um relativamente ao outro cada um dos
cem decímetros quadrados que formam um metro quadrado. É neste sentido que
eu as chamo “ qualitativamente idênticas” .
Parece-me até que seria legítimo aceitar, ao lado do sentido rigoroso C, que só
é aplicável num limite ideal, o sentido pragmático da palavra i d ê n t i c o e i d e n t i d a d e ,
muito freqüente na linguagem corrente: duas coisas dizem-se i d ê n t i c a s , neste senti
do, quando não diferem em nada r e l a t i v a m e n t e a o s e f e i t o s q u e s e e s p e r a m , às utili
zações que delas se podem fazer: por exemplo, dois exemplares “ idênticos” de um
mesmo livro. ( A . L . )
ID EN TID A D E 508
Identidade (Princípio de) Enuncia-se context, can m ake truth falsehood. If that
comumente sob a seguinte form a: “ Aqui which I say is really tru e, then in stands
lo que é, é; aquilo que não é, não é .” Em for ever.” 1 B2 τ á E à , L o g ic , p. 133. Cf.
notação, a = a; o que não é apenas ver S« ; ç τ 2 I , L o g ik , I, 104-118; J. N. Kτ à -
dadeiro p a ra a igualdade m atem ática, NES, F orm al L o g ic, 451-454, e ver no
m as que quer dizer a D a, podendo a le corpo do Vocabulário os artigos Leis* do
tra a representar aqui quer um conceito, espírito, Princípios* lógicos, R azão. 3? fi
quer um a proposição. É preciso efetiva nalm ente, E. Mτ à E 2 è ÃÇ e, na sua estei
mente distingui-lo do princípio de contra ra, alguns autores contemporâneos enten
dição, segundo o qual o contrário do ver dem por isso a asserção de que aquilo que
dadeiro é falso; e do princípio do tercei existe verdadeiramente permanece sem al
ro excluído, segundo o qual, de duas pro teração. Mas como este princípio seria en
posições contraditó rias, um a é verdadei tão falso (a m enos que fosse to m ad o co
ra e a o u tra é falsa (aa ’ = τ ; (a ’) ’ = a, ou m o um a definição decisória acerca de
ainda s U s ' = v ). “ aquilo que existe verdadeiram ente” ), é
F ora do seu uso puram ente form al, o preciso, se se quiser m anter-lhe um valor,
sentido do p rin cíp io d e identidade não é transform á-lo, como ele o faz, aliás, num
sempre entendido da m esm a form a. P o
ideal p ara o qual a razão tende sem n un
de significar: 1? que os conceitos lógicos
ca poder realizá-lo integralm ente. Ver E.
devem ser determ inados, quer dizer, fi
LE 2 ÃZ 7 , “A è duas faces do princípio de
xos; dito de o u tra fo rm a, na p rática, que
um mesmo term o deve sempre, no decur
so de um raciocínio, representar um mes 1. “ A q u ilo q u e u m a vez é verd ad eiro é se m pre
m o conceito; 2? que o verdadeiro e o fal v erd ad eiro , u m a vez falso , é se m pre falso . A verda*
so são intem porais, não variáveis: “ On- d e n à o é a p e n a s in d e p e n d e n te de m im , m as tam b ém
ce tru e, always true; once false, always n ã o se a p ó ia so b re n a d a d e v ariáv el o u de fo rtu ito .
N e n h u m a m u d a n ç a n o tem p o o u n o esp aço , n e n h u
false. T ru th is n ot only independem o f
m a d ife re n ç a possível de f a to o u d e co n tex to p o d e
me, bu t it does no t depend up o n change to r n a r fa lsa u m a v erd ad e. S e a q u ilo q u e eu d ig o é
and chance. N o alteratio n in space o r ti realm en te verdadeiro, assim perm anecerá eternam en
me, no possible difference o f any event or ,I* t e .”
Sobre Ideologia — Artigo completado segundo docum entos enviados por F. M en-
tré e G. B eaulavon. O sentido C foi introduzido a p artir de um a observação pene
trante de M . W eidlé.
O sentido D foi acrescentado na 6? edição segundo as indicações de M arsal, que
nos com unicou os seguintes textos: “ A ideologia é um processo que o d ito pensador
cum pre com consciência, m as com um a consciência falseada. As forças m otrizes que
o movem são-lhe desconhecidas, senão tal não seria de m odo algum um processo
ideológico. A ssim , im agina forças m otrizes falsas ou aparentes. Pelo fato de ser um
processo intelectual, descreve o seu conteúdo, assim com o a fo rm a do pensam ento
puro, quer do seu pró prio pensam ento, quer os seus predecessores; trabalha só com
a docum entação intelectual, que aceita, sem a enxergar, com o algo que em ana do
pensam ento, e sem a estudar num processo mais longínquo e independente do pen
sam ento.” E Ç ; Â è , C arta a M ehring, 14 de julho de 1893. “ ... um a ideologia, quer
E
dizer, um co n junto de idéias que vivem independentem ente e unicam ente subm eti
das às suas próprias leis. O fa to de as condições de existência m aterial dos hom ens,
no cérebro dos quais prossegue este processo ideológico, determ inarem em últim a
análise o curso desse processo é inteiram ente ignorado p o r eles, senão term inaria to
da ideologia.” E Ç ; Â è , L u d w ig Feuerbach. Cf. o títu lo e o conteúdo da obra d e
E
Sobre “ Idiotism o m o ral” — R. Eucken lem brou que a etim ologia desta palavra
é lÔLÚrtjs (simples particular), e nota que não seria interessante saber com o este ter
m o pôde to m ar o sentido m oderno. N ão encontram os qualquer docum ento acerca
disto. É preciso, aliás, não esquecer que, por princípio, não fazem os aqui a história
dos term os senão na m edida em que essa histó ria é útil p a ra a determ inação e a críti
ca do seu sentido atual, o que não parece ser o caso do term o em questão. (A . L .)
Sobre Igualdade — Este artigo foi com pletam ente refu ndido, n a sua p arte m oral
e política, segundo as observações de Rauh, Lachelier, Brunschvicg, Évellin, P arodi.
E xtrato da discussão na sessão de 8 de ju n h o de 1905: “ R au h. A d o u trin a que
repudia totalm ente a igualdade m aterial e to m a com o regra realizar apenas a igual
dade form al é o liberalismo puro . M as é preciso n o ta r que m uitos socialistas não
adm item com o ideal um a igualização m aterial tã o grande quanto possível; prete n
dem apenas acrescentar à igualdade fo rm al o m ais com pleto grau de igualdade m ate
rial necessário para assegurar a cada um a independência e um m ínim o de bem -estar.
A doutrina socialista consiste, nesse caso, n ão na tendência de to rn a r os indivíduos
tão iguais quan to possível do p o n to de vista pecuniário, m as apenas em estabelecer
um a garan tia contra a opressão pelo controle d a sociedade no seu to d o com base
na distribuição d a riqueza. ” C f. N o ta so b re a idéia d e ju stiç a , 1? Congresso de Filo
sofia, 1900, to m o II, 215.
“ A . L alan de. N ão me parece possível traçar um a linha fixa de dem arcação entre
igualdade form al (que eu preferia cham ar exterior), e a igualdade m aterial, ou real.
Esta distinção depende de um juízo de apreciação m oral e psicológico que opõe aquilo
513 IG U A L D A D E
ções” , que não são proposições, mas fun gundo o qual as prescrições, proibições e
ções proposicionais, que definem um a penas legais são as mesmas para todos os
condição que determ ina um a variável: cidadãos, sem acepção de nascim ento, si
por exemplo, ax = b. tuação ou riqueza (igualdade jurídica).
B. P o r abuso, chama-se igualdade E, O princípio segundo o qual os di
geom étrica à propriedad e que duas figu reitos políticos e, na m edida das suas ca
que con stitu i o pró prio hom em às circunstâncias nas quais este vive, e que fo rm am
p ara ele as condições da concorrência vital. O ra, esse ju ízo to rn a-se cada vez mais
exigente à m edida que a igualdade se realiza mais com pletam ente nas leis. As desi
gualdades que parecem inicialm ente constitutivas do indivíduo acab am p o r aparecer
sucessivamente com o diferenças exteriores, pertencentes às condições em que foram
colocados de m an eira acidental. O desaparecim ento das desigualdades nobiliárias
aparece-nos claram ente com o um a conquista da igualdade form al, porq ue ela está
realizada na França h á um século; o desaparecim ento das desigualdades pecuniárias
parece-nos m aterial ou real, porq ue não é proxim am ente realizável; o desapareci
m ento das desigualdades sociais de ensino parece-nos de um caráter am bíguo, p o r
que está sem dúvida no m om ento de se realizar. Parece-m e, p o rtan to , que a distin
ção entre a igualdade form al e a igualdade m aterial é sempre função de um certo
estado da sociedade e da o p in ião .”
Th. R uyssen m enciona, com o um elemento de igualdade política, o acesso das
mulheres ao voto e às funções eletivas.
P a ro d i faz n o tar, contrariam ente àquilo que se havia dito na prim eira redação
deste artigo, que não existe oposição entre o artigo 6 da D eclaração d o s D ireitos e
o fato de se adm itirem todos no sufrágio universal, sem distinção de capacidades.
E sta adm issão, com efeito, não é nem um a dignidade nem mesmo um a função, mas
um direito prim itivo resultante da própria idéia do contrato social e da “ soberan ia” ,
tal como foi exposta, por exemplo, por J .-J . Rousseau.
ÍL IA C E 514
dos seus interlocutores, m as regressa em sophie und ihre M ethode” 2, § 10. O ilu
seguida a essa distinção, p a ra declarar minismo, diz ele, tem com o organum a luz
que, no fundo, não é por acaso que são interior: a intuição intelectual, da consciên
designados com o m esm o nom e, porque cia superior (höheres Bewusstsein), da ra
os m ísticos, à m aneira de Saint-M artin, zão enquanto conhecimento im ediato, da
não são menos inimigos d a Igreja e do sa consciência de Deus, d a com unhão (Uni
cerdócio do que os partidários das “ lu fik a tio n ), etc. Q uando tom a por base um a
religião, torna-se m isticism o. É um a ten
zes” . C f. Ilum inism o.
dência natural e prim itiva do pensamento
R ad. int: Illum inat.
hum ano. M as não se pode fazer dele um
ILU M IN ISM O D . Illum inism us: E. m étodo filosófico, porque os conhecimen
Illum inism ; F. Illum inism e; I. Illum inis- tos invocados não são comunicáveis.
m o. B. Sinônim o de “ filosofia das luzes” .
(O d icio n á rio de R τ ÇUÃÂ « è ó dá a es Diz-se apenas, neste sentido, em francês,
ta p a la v ra o sen tid o B.)
do movimento dos “ Ilum inados da Bavie
r a ” , sociedade secreta fundada em 1776
A . D outrina daqueles que acreditam
por A dam WE « è 7 τ Z ú I , e cham ada de iní
na “ ilum inação ” interior: ver acim a Ilu
cio sociedade dos “ Perfectibilistas” , mais
m in ado. Em particular, doutrinas de
tard e filiada à franco-m açonaria. Ver a
Sç E áE Çζ Ã2 ; , de Claude, de Sτ « ÇI - passagem de Joseph de M aistre citada no
Mτ 2 I « Ç , de Mτ I « ÇE U P τ è I Z τ Â « è . artigo Ilum inado, e o texto de M me. de
ST7 Ãú E Ç7 τ Z E 2 , tom ando a palavra Stãel nas observações que se seguem. Cf. o
literalmente num sentido muito amplo, faz que ela diz, no mesmo capítulo, da franco-
notar que a filosofia oscilou sempre “ zwis- m açonaria.
chen Rationalism us und Illum inism us, d. R ad. int.: Illuminism.
h. zwischen dem G ebrauch der objectiven
und dem subjectiven Erkenntnissquelle” 1, ILUSÃO D. Illusion, Täuschung ; E. Il
Parerga, to m o II, cap. I. “ Ü ber Philo- lusion-, F. Illusion-, I. Illusione.
Este artigo foi reto cado, na q u arta edição do Vocabulário e nesta, segundo as
observações de M arsal, que cita o seguinte texto de Lτ ; ÇE τ Z : “ A è ilusões dos sen
tidos são m aneiras de perceber que são falsas apenas no sentido de que elas nos re
presentam o ob jeto da nossa percepção de um a m an eira que não é conform e à m a
neira norm al de perceber. N ão é que esta m aneira norm al de perceber seja necessa
riam ente verdadeira, ou até que possa algum a vez ser verdadeira. A percepção no
seu conjunto consiste simplesmente num a m aneira subjetiva de ver as coisas e as idéias.
É um a ilusão acreditar que existe um a m aneira ideal de perceber com a qual todos
os espíritos concordariam . M as se não conceberm os um a m aneira ideal de perceber,
concebem os, contudo, que existem um as melhores do que o u tra s1. É isso que per
m ite distinguir as ilusões dos sentidos dos erros pro priam ente ditos. U m erro é um
juízo objetivam ente falso pelo qual nós afirm am os que algum a coisa existe com tal
natureza determ inada, enquanto o objeto não existe ou não possui essa natureza.
Só existe erro na consciência ab stra ta pro priam ente dita. O erro só provém do racio
cínio. O p róprio do erro é o poder ser refu tado pela experiência e pelo raciocínio.
As ilusões dos sentidos não podem ser assim refu tadas; são apenas m aneiras de per
ceber que não são norm ais. Aliás, m esm o as m aneiras norm ais de perceber são ilu
sões... e tc .” J. Lτ ; ÇE τ Z , C elèbres leçons, pp. 161-162.
“ T oda a unidade deste conceito” , acrescenta M arsal, “ reside num juízo de valor
im plícito, talvez num simples estado afetivo, num a d ecep çã o ... C om o a etim ologia
indica, na ilusão tudo se passa com o se um gênio m aligno nos estendesse um a a rm a
dilha e brincasse conosco. Sem dúvida somos culpados de cair nela, m as somos víti
mas antes de sermos culpados: há circunstâncias aten uantes. N a m edida em que o
daltônico seria apenas vítim a, devemos responder a M entré que o seu erro n ão pode
ser qualificado com o ilusão, senão por referência a um tipo norm al de percepção,
substituído ao do daltônico. Se a ilusão for freqüente, parece norm al, perde o seu
caráter de ilu são .”
Estou inteiram ente de acord o com estas observações, na m edida em que salien
tam com vigor o caráter apreciativo da palavra ilusãoK Parece-me todavia que é ne
cessário acrescentar as seguintes precisões: 1? N ão se é cu lpado por se ser enganado
por um a ilusão, a m enos que não se tenha tido em conta, por negligência ou sufi
ciência, as advertências que se receberam , ou ainda quando '‘nos ilu d im o s” afastan
do do espírito, por razões afetivas, aquilo que poderia retificá-las. 2? A o falar da
crítica de “ realidades físicas” , entendem os aquilo que a linguagem corrente e os físi
cos que não fazem filosofia entendem por “ coisas reais” , realidades que são a ex
pressão do estado atu al dos nossos conhecim entos, e não coisas em si independentes
deste. 3? Neste sentido, a “ realid ad e” não se identifica totalm ente com a percepção
norm al, no sentido C , quer dizer, com a percepção m ais geral: é norm al, é até cons
tante, ver co rtad a, p o r refração, um a vara que é reta “ n a realid ad e” : contudo, este
é o tipo clássico da ilusão sensorial. (A . L .) 1
1. P o d e-se n o ta r aliás q u e iiusâo n a linguagem co rre n te , e até n a s disc ussões filo só fic as, é m u itas vezes
u sa d a p o r delicadeza em vez d e e rro .
IM AGEM 518
qüente, e m uito am pla. D á dele nom eadam ente um a explicação term inológica porm e
norizada no Leviathan, IV, cap. XLV (ed. M olesworth, t. III, 648-650). Ver tam bém
E lem ents o f L a w , ed. Tõnnies, p. ex. parte I, cap. II: “ ... for by sight we have a con-
ception or image composed o f colours o r figure” 1. O sentido equivale sempre ao sen
tido geral da palavra alem ã Vorstellung e compreende: 1? as imagens atuais dos senti
dos; 2? as da m emória imaginativa; 3? as da imaginação propriamente dita. (F. Tõnnies)
A extensão d a palavra im agem a sensações ou grupos de sensações diferentes da
visão é m uito m oderna; ver-se-á m ais adiante q ue, m esm o atualm en te, esta utiliza
ção não é universalm ente aceita.
Em L a p a ro le intérieure (1 f edição, 1881) V. E ; ; 2 aplicava este term o à repre
E
sentação intern a da linguagem . M as, antes de se resolver a isso, ele hesitou: “ Os psi
cólogos” , dizia ele, “ não se entenderam até hoje p a ra designar com um a locução
simples, e daí em diante consagrada, a repro dução, com ou sem m udan ça, das diver
sas sensações ou dos grupos que naturalm ente fo rm a m .” (C ap. IV, § 5.) E sta hesita
ção foi nitidam ente re provada no balanço crítico de B 2 Ã T τ 2 á (R evu e p h ilosoph i- 7
à palavra im agem , que é o term o pró p rio ; pouco im p o rta ... que o vulgo o aplique
especialm ente a sensações visuais.” i.
ção m ental concreta, mas de que certos tou para a psicologia. Em vez do term o
elementos são bastante indeterm inados im agens genéricas, RÃOτ ÇE è utiliza a
para que ela possa convir a toda um a clas palavra ‘recept’ p ara m arcar o seu lugar
se de objetos. “ Este term o foi retirado interm ediário entre o ‘percept’ abaixo e
dos conhecidos trabalhos de Gτ Â I ÃÇ so o ‘co ncept’ acim a.” R« ζ ÃI , E volução
bre as fotografias com pósitas... H ux- das idéias gerais, cap. I.
LEX, no seu livro sobre H u m e, cap. IV, IM AG INAÇÃO D. Einbildungskraft,
parece-me ser o prim eiro que o tra n sp o r P han tasie, um e outro nos dois sentidos
mente externo. A pró pria experiência não ju n to de seres aquilo que neles está co m
é de m odo nenhum um a aquisição de ‘coi preendido e não resulta neles de um a ação
sas’ que nos seriam de inicio totalm ente exterior. A “ ju stiç a im an en te” , as “ san
estranhas... mas, antes, um a passagem do ções im anentes” são aquelas que resultam
implícito ao explícito, um m ovimento em do curso das coisas sem intervenção de
pro fundid ade que nos revela exigencias um agente que delas se distinguiria.
latentes e riquezas virtuais no sistem a do B. Esta palavra é algumas vezes tom a
saber já esclarecido, um esforço de desen d a tam bém num sentido m ais am plo:
volvimento orgânico valorizando as reser entende-se en tão por im anente não só
vas ou despertando as necessidades que aquilo que resulta do ser considerado, e
aum entam a nossa a ç ã o .” D o g tn e e t cri apenas dele, m as tu d o aquilo de que este
tique, pp. 9-10. ser particip a ou para que tende, mesmo
quando esta tendência só pode passar a
IM A N EN TE D . Im m anenf, E. Int- ato por intervenção de um o u tro ser. Ver
m an en t ; F. Im m anenf, I. Im m anente. m ais ad iante observações de B Â Ã Çá Â e E
ο υ θ ε ν y íy v e r a í π α ρ ά τ α ΰ τ η ν έ τ ε ρ ο ν α π ό τ η ! ο ψ ε ω ! ε ρ -γ ο ν - α π ’ ε ν ί ω ν δ ε y í y ν ε τ α ί
τ ι , ο ϊ ο ν α πό τ η ! ο ι κ ο δ ο μ ι κ ή ! ο ι κ ί α π α ρ ά τ η ν ο ί κ ο δ ό μ η σ ι ν .” M etafísica, 1050a 24.
A p ró p ria origem d a palavra im m anens é obscura. Im m aneo n ão existe no latim
clássico. Encontra-se de fato num a passagem de S Ã . A ; Ã è « Ç Ã I I 7 im m anere (no sen
tido puram ente físico): m as este exem plo é con testado, e alguns críticos lêem im m a
nare (D u C ange, Vo).
Este term o foi talvez sugerido inicialm ente pela seguinte passagem d a prim eira
epístola de S. J Ã ã Ã : “ Si diligam us invicem, Deus in n o b is m an et, et charitas ejus
in nobis perfecta est. In hoc cognoscim us quoniam in eo m anem us, et ipse in nobis,
quoniam de spiritu suo dedit n o b is.” (IV , 12-13.) Poder-se-ia aproxim ar-lhe todas
as passagens de S. P τ Z Â Ã onde diz que C risto, ou o E spírito S an to, vivem em nós.
Se assim fosse, o sentido B de im anente, que parece nos nossos dias um pouco fro u
xo e abusivo, seria, pelo co ntrário, o sentido prim itivo, tendo passado pelo desen
volvimento da escolástica para um uso m ais técnico. M as trata-se apenas de um a
hipótese. (A . L .)
bam e repelem perm anecendo ligados inelutavelm ente. Imanência n ão significa, pois,
com o frequentem ente parece crer-se, identificação; e, p o r o u tro lad o , transcendente
não quer dizer necessariam ente separado e espacialm ente exterior. Se ao viver nos
ultrapassam os a nós próprio s, se ao querer querem os mais do que nós próprio s, se
a ação é criadora, não será p orq ue existe um transcendente que nos é imanente? {L.
Laberthonnièré)
o seu objeto com o o fa to de dividir algu te, que o a utor traduz assim: “ Die im m a
m a coisa o u de a aquecer (GÃTÂ E Ç« Z è , nent oder in Innern des Thätigen bleiben
V. Term inus, 1125 B). de T hätigkeit.” 1 Vo A c tio , p. 11, n? 15.
lm m anens não consta do Thom as L e Opõe-se a actio exiens, ou transiens, ou
x ik o n de ST7 ü I U , nem com o palav ra, transitiva.
nem nos artigos actio e causa ; m as encon
tram os aí com o mesmo sentido actio ma- 1. “ A ativ id a d e im a n e n te , o u ativ id ad e q u e per-
nens seu con siten s seu quiescens in agen m anece n o in te rio r d o a g e n te ."
Espinosa distingue, num sentido que duzem ou, noutro s term os, não é preciso
parece ser m uito próxim o, causa im m a- opor Deus e o m undo com o dois seres
nens e causa transiens: “ Extra Deum nul- realm ente distintos. Cf. a encíclica Pas-
la potest dari substantia, hoc est res quae cen di (1908), onde se declara que a p ro
extra D eum in se sit... Deus ergo est om- posição “ Deus é im anente ao hom em ”
nium rerum causa im m anens, non vero tem por conseqüência lógica o panteísmo.
transien s.” Ética, I, 18. Ver A co sm ism o . Ver Im an en tism o.
P arece que a utilização m oderna des R ad. in t .: Im m anent.
ta palav ra, no sentido A , vem daí, mas
com um a espécie de inversão do objeto “ IM A N EN TIS M O ” D. Im m anentis-
considerado: porq ue, em vez de cham ar mus\ E. Immanentism·, F. Imm anentisme;
causa im anente àquela na qual a sua ação I. Im m anentism o.
perm anece, coloca-se antes no p o n to de N eologism o que desem penha um im
vista do ser no q ual se pro duz um efeito; po rtan te papel nas discussões contem po
e opõe-se a ação im anente, não àquela râneas de filosofia religiosa. Os “ m oder
que iria ao exterior (actio exiens, S. TÃ nistas” e seus adversários concordam em
Oá è DE A I Z « ÇÃ ) , m as àquela que viria designar assim a d o u trin a que os prim ei
do exterior. A ssim , quando se diz comu- ros defendem e que os segundos conde
m ente que p a ra o panteísm o Deus é im a nam . Encíclica Pascendi D om inici gregis;
nente ao m undo (ou que é a sua causa L e p ro g r a m m e d es m odernistes, cap. II:
im anente), n ão se pretende dizer que o “ O nosso im anentism o.”
m undo não é n a d a m odificado pela ação M as uns e outro s estão em desacordo
de Deus, mas, inversamente, que Ele con acerca daquilo que é preciso entender por
tém em si m esm o, na Sua natureza, a ra esta palavra: segundo a Encíclica, os seus
zão dos efeitos divinos que aí se produ- dois elementos fundam entais seriam os
ram as palavras im ediato e im ediatam en que subordine a teoria do silogismo à das
te, n a linguagem corrente: logo, sem conseqüências im ediatas, acho-a dupla
dem ora. mente errônea: creio que nenhum a das fi
Em L#; « Tτ , um a proposição im edia guras do silogismo, pelo menos aquelas
ta (irgoracTis a/ieaos, ARISTÓTELES, A n a- que A ristóteles adm itiu, repousa sobre
lít. p o s t., 1, 2, 72a7) é aquela que enun um princípio evidente por si próprio , e
cia um a relação im ediatam ente conheci que as conseqüências a que erradam ente
da en tre os term os que a com põem e por se chamam imediatas, e das quais nos ser
conseguinte não resulta de nenhum a o u vimos p a ra dem onstrar as figuras, são
tra. U m a inferência im ediata é aquela que elas próprias silogismos de três figuras di
não exige term o médio: conversão, subal ferentes.” J. Lτ T7 E Â « E 2 , É tudes su r le
ternidade, contraposição. M as defendeu- syllogism e, p. 5.
se que esta im ediatidade é apenas aparen B. O objeto de um conhecimento ime
te: “ P o r mais geral que seja a opinião diato é ele pró prio cham ado um dado
H . B ergson, a quem estas críticas foram com unicadas, respondeu-lhes com a se
guinte nota:
1? “ P o r que adm itir sem reserva com o verdadeiros e reais os dados últim os da
nossa consciência?”
P orque to d a a filosofia, qualquer que ela sejà, é efetivam ente obrigad a a p artir
destes dados. Se se tra ta r do livre-arbítrio, quer p a ra o afirm ar, quer para o negar,
parte-se do sentim ento im ediato que dele se experim enta. Se se especular sobre o m o
vim ento, parte-se da consciência im ediata da m obilidade, etc. A penas adm ito, p o r
ta n to , aquilo que to d a a gente com eça p o r adm itir. É verdade que a m aior p arte dos
filósofos ensaiando em seguida a d a p ta r a esses dad os im ediatos os conceitos n a tu
rais ou artificiais do espírito, e apercebendo que eles não podem m anter-se no inte
rio r destes conceitos, concluem daí, com o Fouillée, que devemos duvidar do valor
do im ediato. M as tentei m o strar que esses conceitos são com pletam ente relativos à
nossa ação sobre as coisas, m ais particularm en te sobre a m atéria: n ão podem os dar-
lhes (a m enos que os façam os sofrer m odificações p ro fundas) um papel p a ra o qual
não foram feitos.
Dir-se-á que esta m an eira de encarar os conceitos é m uito sim plesmente úm a teo
ria filosófica, e que esta filosofia não vale nem m ais nem menos do que as outras
teorias? Respondo que o im ediato se justifica e vale p o r si m esm o, independente
m ente desta teoria do conceito. C om efeito, to das as filosofias que lim itam o âm bito
d o im ediato com batem -se necessariam ente um as às o u tras, constituindo tantas vi
sões quantas as m aneiras pelas quais tom am os o im ediato colocando-nos em pontos
de vista diferentes, apontan do-lhe categorias diferentes. C ada um a dessas filosofias,
quando nos colocam os no p onto de vista de um a das ou tras, aparece com o um a fo n
te de contradições ou de dificuldades insolúveis. Pelo contrário, o reto rno ao ime
diato suspende as contradições e oposições, fazendo desvanecer-se o problem a em
to rn o do qu al o com bate se dá. Este poder do im ediato, quer dizer, a sua capacidade
p a ra resolver as oposições suprim indo os problem as, é, na m inha opinião, a m arca
exterior pela qual a intuição verdadeira do im ediato se reconhece.
2? “ O últim o n ão é necessariam ente verdadeiro, só é preciso adm iti-lo com o ver
dadeiro sob a reserva d a nossa constituição intelectual e cerebral, é podem os sempre
duvidar do valor absoluto de tal constituição.”
IM EDIA TO 528
feito pelo senso com um , por exemplo, a Term o da linguagem usual que tende
representação corrente do m undo exterior atualm ente a to m ar um lugar im p o rtan
e de nós pró prio s, que é, pelo co ntrário, te n a psicologia e n a sociologia, em p a r
o ponto de p artid a de um a análise críti ticular sob a influência de T τ 2 á E na
ca, e n a qual descobrim os m uito tra b a França (A s leis d a im itação, 1890; A ló
lh o inconsciente e hereditário, de inter gica social, 1895) e de Bτ Â áç « Ç na Am é
p retação e de construção. “ D entro de rica (M en ta l D evelo p m en t in the C h ild
n ó s... um princípio desenvolve-se conti a n d the R a ce1, 1895; S ocial a n d E thical
nuam ente que vai capta r fo ra de nós as Interpretations in M en tal D evelopm en t12,
realidades que o m undo co n tém ... Este 1897).
princípio não se detém à superfície das P è « TÃÂ Ã; « τ . NÃ sentido mais amplo,
coisas, nesses fenôm enos, nesses atrib u to d o fenôm eno psíquico, consciente ou
tos visíveis que no-los m anifestam im e n ão , que tem com o característica rep ro
diatam ente, ele penetra mais longe... num duzir um fenôm eno psíquico anterior.
m undo escondido que a nossa visão não Bτ Â áç « Ç , no artigo m uito com pleto que
vê, que a nossa m ão não poderia to c a r.” consagrou a este tem a (D ictio n a ry, I,
J ÃZ E E 2 Ãà , M élanges p h ilo so p h iq u es, 519-520), distingue entre outras as seguin
Psychologie, I, p. 199. tes expressões:
Cum pre, pois, d ar um a grande aten Im itação consciente, aquele que im i
ção ao equívoco contido nesta palavra. ta sabe que im ita.
Sendo o prim eiro sentido ap oiado pela S ugestão im itativa, aquele que im ita
etim ologia, e o segundo pelo uso cotidia n ão tem consciência de im itar; só existe
no deste term o na sua acepção corrente, im itação p a ra um espectador.
é m uito difícil não deslizar de um p ara o Im itação plástica. “ The subconscious
outro, o que leva a reivindicar para o ime conform ity to types o f thought and ac-
diato (no segundo sentido) um valor epis tions, as in the crow ds.” 3 Este caso p a
tem ológico de verdade que pertence ape rece ligar-se ao precedente.
nas ao imediato (no sentido primeiro); ou, A u to -im ita çã o , ou im itação de si por
inversam ente, a acreditar que não existe si próprio . (C f. tam bém Tτ 2 á E , L eis da
nada de logicam ente prim itivo, porque im itação, cap. IV.)
aquilo que é psicologicam ente prim itivo
está sempre sujeito à crítica e à revisão.
1. O desenvolvim ento m en ta l na criança e na
Cf. D ados.
raça.
R ad. int.: Nem ediat. 2. Interpretações sociais e m orais d o desenvol
vim ento mental.
IM IT A ÇÃ O D . N ach ahm un g; E. 3. “ A c o n fo rm id a d e su b co n scien te a tip o s de
Im itation ; F. Im itation ; I. Im itazion e. p e n sam en to e a aç ões, co m o n as m u ltid õ e s.”
Sobre Im oralism o — A d o utrina que apenas adm ite juízos de fato , não juízos
de valor, nega por isso m esm o a m oral, é pro priam ente o am oralism o. O im oralism o
vai mais longe: não só nega a existência da m oral, m as tam bém pretende que a con
duta deve ser dirigida por valores que estão em o p o sição à m oral, que são antim o-
rais. {A. Fouilléé)
N ada de mais justo se p or “ M o ra l” se entende o conjunto das prescrições de con
d u ta habitualm ente form uladas nos povos cristãos; e era efetivam ente assim que
Nietzsche a entendia. M as se se criticasse esse sentido por ser dem asiado restrito e
se se entender por m oral to d o sistem a de valores categóricos, ou subordinados a um
princípio categórico, a expressão de Nietzsche torna-se i m p r ó p r i a . Ver É tica, C ríti
ca. {A . L .)
Existem doutrinas efetivamente im oralistas, ou que tendem a sê-lo, no sentido de
que tendem a subordinar a consciência m oral a um a realidade social ou hum ana vista
de fora. A consciência, os juízos de valor, são então considerados com o epifenômenos
provisórios que a ciência do real fará progressivamente desaparecer. (F. Rauh)
531 IM P E R A T IV O
1. E m itálico n o livro de P a u l J τ ÇE I .
533 IM P L IC A Ç Ã O
T udo aquilo que se diz d o incognoscível pode ser dito do inconsciente. Se o in
cognoscível é co ntraditó rio , o inconsciente tam bém o é; se o inconsciente pode ser
inferido sem nunca se to rn a r consciente (por exem plo, a atividade intelectual n o tu r
n a que nos faz en contrar, ao despertar, a solução de um problem a), o incognoscível
po de tam bém , com o defendeu Spencer, ser inferido. (M. M arsaf)
A prim eira redação deste artigo term inava com o p arág ra fo seguinte: “ A im por
tância desta crítica (que n ão se pode afirm ar a realidade d o incognoscível sem de
algum a fo rm a o conhecer) é m uito en fraquecida pelo fa to de este term o ter to m ado
sobretudo um a utilização histórica, e quase só se em prega n a exposição das d o u tri
nas designadas m ais acim a, e em particula r a de Spencer. P arece, com efeito, que
a m etafísica contem porânea deslocou o seu ponto de vista mais d o que refu tou o
agnosticism o; ela continua efetivam ente a ter este p o r um a consequência legítim a da
ontologia conceptual e concord a que o nosso pensam ento discursivo apenas pode
capta r aparências e relações; mas aquilo que ela defende é em geral que existe um
o u tro m odo de conhecim ento, pelo qual se alcança o absoluto. Ver B 2 ; è Ã Ç , “ In E
Parece-m e, pelo co ntrário, que, para to d a a gente, um conhecim ento que capta
o seu objeto p e lo interior, que o apercebe tal com o ele se aperceberia se a sua aper-
cepção e a sua existência n ão fossem um a só e m esma coisa, é um conhecim ento a b
soluto, um conhecim ento de absoluto. N ão é o conhecim ento de to d a a realidade,
sem dúvida nenhum a; mas um a coisa é um conhecim ento relativo, o utra é um co
nhecim ento lim itado. O prim eiro altera a n atureza do seu objeto; o segundo deixa-o
intato, captando-lhe apenas um a parte . P enso (e fiz to d o o possível p o r o provar)
que o nosso conhecim ento do real é lim itado, m as não relativo: o limite pode ainda
recuar indefinidam ente.
P a ra provar que um conhecim ento lim itado é necessariamente um conhecim ento
relativo, seria necessário estabelecer que se altera a natureza do eu, por exemplo,
qu ando é isolado do To do. O ra, um dos objetos da E volução criadora é m ostrar
que o Todo é, pelo co ntrário, da m esm a natureza que o eu, e que o captam os por
um ap rofu ndam ento cada vez mais com pleto de nós mesmos. (H . Bergson)
Sobre Incom patível — N a lógica proposicional, diz-se que existe in com patibili
d a d e entre p e q p a ra os pares de valores seguintes de p e de q : q verdadeira e q
falsa, p falsa e q verdadeira, p e q falsas. A relação in com patibilidade difere d a rela
ção exclusão reciproca n a m edida em que esta últim a já não aceita com o valores se
não p verdadeira e q falsa, ou p falsa e q verdadeira.
A incom patibilidade foi posta n a base d a lógica das proposições p o r S heffer, que
reduz a ela to das as o utras relações interproposicionais, e na base d a teoria dedutiva
p o r N icod que reduz to d a a axiom ática a um a só proposição, aliás m uito com plexa,
co m portando apenas incom patibilidades.
N a esteira de Sheffer, designa-se geralm ente a incom patibilidade p o r um traço
vertical entre as proposições p I q . (Ch. Serrus )
541 A C O N D IC IO N A D O
A . Em K τ Ç : Der eingenthümli
I 1? A o fa la r d e um ser.
ehe G rundsatz der V ernunft überhaupt (in A. Q ue não possui qualquer consciên
logischen G ebrauche)... (ist] zu dem be cia (por exem plo, um átom o na filosofia
dingten Erkenntnisse des Verstandes das de Epicuro).
U nbedingte zu finden, womit die Einheit B. Q ue é pouco ou nad a capaz de se
desselben vollendet w ird.” 1 Crítica d a ra debruçar so bre si próprio : “ um incons
zão pu ra, Dial, trans., intr., A 307; B 364. cient e” é um espírito irrefletido, que não
B. Em H τ O« Â Ã Ç , Ã Incondicionado
I
se dá conta do que se faz ou m esm o ape
é o A bsoluto* (cousiniano) cuja existên nas que não sabe julgar-se.
C. (relativamente). Que não tem cons
cia ele rejeita opo ndo à “ Filosofia do In
ciência de tal fato particular: “ U m a al
condicionado” a sua p ró p ria “ Filosofia
m a inconsciente das suas verdadeiras
do Condicionado” . On th ep h ilo so p h y o f
crenças.”
C o n dition ed, Discussões, I. Ver C on di N a linguagem corrente, esta palavra
cionado. aplica-se até (mas talvez erradam ente) à
IN C O N SC IE N TE D. U n bew u sst ; E. ignorância de fatos exteriores, e não só
Unconscious·, F. In con scien t ; I. Incons dos estados internos do sujeito: “ Incons
ciente, incoscio. (A palavra francesa só
ciente do efeito produzido; inconsciente
do p erig o.”
se encontra no D icionário d a A cadem ia
2? A o fa la r d e um fenôm eno·.
a p artir de 1878.)
D . Em sentido geral, que não é cap
tado pela consciência*. Assim, os estados
psíquicos dos nossos semelhantes são para
] . “ O p rin cíp io p ró p rio d a ra z ã o , em geral, n o
seu u so lógico, é encontrar, p a ra o co nhecim en to co n nós inconscientes.
d icio n al d o e n te n d im e n to , o te rm o in co n d icio n ad o E . A plica-se vulgarm ente de um m o
que efetuaxá a u n id a d e d e s te .” do mais particular àquilo que não é cons-
ciente p ara um sujeito e num caso deter pensamento e do qual os indivíduos cons
m inado, sendo ao m esmo tem po suscetí tituem apenas a aparência. É , em relação
vel de se to rn a r consciente p ara ele nou a nós, inconsciente, e em si supracons-
tros m om entos ou sob certas condições: ciente. (P hilosoph ie des U nbew u ssten ,
“ U m a paixão inconsciente, um raciocí 1869.)
nio inconsciente.” Ver C onsciência e
C R ÍT IC A
C a m p o d a consciência*.
A palavra Inconsciente, nesta acep D a m esm a form a que consciente tem
ção, é freqüentem ente aplicada nos nos dois sentidos (consciência espontânea,
sos dias a certos fatos (por exem plo, aos consciência refletida), inconsciente signi
fato s jurídicos, econôm icos, religiosos) fica quer aquilo que escapa à prim eira,
que, aparecendo por vezes sob fo rm a quer apenas aquilo que escapa à segun
consciente, só podem ser estudados cien da. Assim, um a percepção atual o u um a
tíficam ente se foram considerados com o recordação podem perm anecer incons
“ coisas” , tendo um a realidade perm anen cientes ( = n ão notadas pela consciência
te e distin ta dessas aparições. reflexiva) e tornar-se conscientes logo que
F . Substantivam ente: o Inconsciente. a atenção se fixar aí, ou pelo menos de
1? O co n junto daq uilo que não é pois de um m om ento de esforço p ara as
consciente num determ inado sujeito (sen captar; pelo contrário, um trabalho m en
tido E); tal pode efetuar-se de um a tal m aneira
2? N o sentido m etafísico, o ser em si que não se tem consciência dele, m esm o
pelo qual H τ 2 Oτ ÇÇ
I substitui a V onta na reflexão.
d e de Schopenhauer, princípio comum Seria útil reservar as palavras “ sub
único, simultaneamente ativo e intelectual consciente” p ara o prim eiro caso e “ in
que se m anifesta na m atéria, na vida e no consciente” para o segundo.
ria as expressões acim a pro postas. O subcon scien te seria, assim, “ aquilo que é atu al
m ente não percebido, m as que o pensam ento do sujeito (ou um outro pensam ento),
mais tard e ou m ais cedo tem um a qualquer razão p ara afirm ar com o tendo sido cons
ciente, ainda que num nível anteriorm ente m uito fraco: quer se torne claramente cons
ciente mais tard e, quer haja necessidade de o supor com o a condição de fatos subse-
qüentes claram ente conscientes” . O inconsciente seria pelo contrário aquilo que es
capa inteiram ente à consciência, mesmo quando o sujeito o pro cura captar aplican
do a sua atenção. M as é necessário sublinhar que “ a inconsciência propriam ente di
ta não deve ser afirm ada sem crítica nos estados psíquicos an orm ais, e não esquecer
que a am nésia sim ula a inconsciência” . (K. Egger)
Cabe talvez distinguir ainda aquilo que é subcon scien te por fa lta de intensidade
suficiente, com o “ as pequenas percepções” de Leibniz, quer dizer, aquilo que é na
realidade objeto de um a consciência m uito fraca, e aquilo que é radicalm ente incons
ciente, como o são talvez os m odos mais profundos da consciência, o querer-viver,
o querer-ser fundamental. (J. Lachelier ) Proporia distinguir, relativamente a esta ques
tão, a subconsciência como consciência m uito fraca, a que chamei já subconsciência
elem entar, e a subconsciência com o consciência m uito vaga, mas que pode ser num
determ inado caso objeto de um sentim ento bastante intenso, ainda que m uito pouco
intelectualizado: cham á-la-ia de b o a vontade subconsciência afetiva·, sem prejuízo,
bem entendido, dos casos em que estas tendências orgânicas e profundas são p ro
priam ente e radicalm ente inconscientes (quer dizer, inacessíveis à consciência, m es
m o atenta e refletida) com o m uito ju stam ente n o ta Lachelier. (A . L .)
IN CO N SEQ UÊN CIA 544
Com o fim de levar em conta as observações de P radines (ver o seu Tratado d e p si
cologia geral, tom o I, introdução, cap. I) suprimimos na Crítica algumas linhas que
davam como exemplo típico de inconsciente radical, inacessível à reflexão, mesmo atenta,
fenômenos de inconsciência anorm al, tais com o a amnésia, anestesia sistemática, des
dobram ento da personalidade, etc. Ele, pelo contrário, pensa que estes estados são na
m aioria das vezes, senão sempre, subconscientes (no sentido de fracam ente conscien
tes) e que a inconsciência mais completa se encontra, pelo contrário, sobretudo em cer
tos fenômenos normais (“ inconsciente norm al ou de constituição” ). (A . L .)
Cf. m ais ad iante as observações sobre Subconsciente.
G. D v/elshauvers propôs que se classificasse d a seguinte fo rm a os diferentes g ru
pos de fatos inconscientes1:
1? “ O inconsciente no ato do pensam ento” (por exemplo, a atividade sintética
que tran sfo rm a as sensações em representações e estas em conceitos).
2? “ O inconsciente de m em ória na percepção” .
3? “ O inconsciente de m em ória por im pressões e sentim entos latentes” (a razão
que faz aparecer um a reco rd ação determ inada e não qualquer o u tra, perm anece in
consciente).
4? “ O inconsciente por h á b ito ” .
5? “ O inconsciente por vocação” (disposições p ara um a arte, para um a profis
são, m anifestando-se im periosam ente desde a infância).
6? “ O inconsciente na vida afetiva” .
Ver do mesmo autor L a synth èse m entale (A lcan, 1908), pp. 78-114.
Sobre Indefinido — In defin ido deve ser oposto a d efin id o , com o infinito &f in i
to . Q uando a corda do meu relógio se queb ra, percebo que, ao dar-lhe co rda, pos-
A. O posto, poj· um lado, a fin ito , por C. A o falar de juízos ou de pro posi
outro, a infinito. É indefinido aquilo que, ções que os enunciam :
sendo dado com o finito (quer enquanto 1? T radução de âôtogiffros (II çóra-
intuição, quer enquanto elem ento de co ois) em A 2 « è I *I E Â E è : aqueles em que a
nhecim ento lógico), pode ser to rn ad o quantidade não é indicada (e n ão tem ne
m aior do que qualquer quantidade dada. cessidade de o ser, porq ue se entendem
“ P o r oposição ao infinito atu al, o infi em com preensão); p. ex ., “ a ciência dos
nito dos possíveis é aq uilo a que se cha contrários é a m esm a” ou “ o prazer não
m a o in defin ido" , RE ÇÃZ â« E 2 , N o ta s o é o bem ” . P rim . A n a lítL , I, 1: 24a19-22.
bre o infinito d e qu antidade. “ A idéia de O latim escolástico diz nesse sentido in
infinito em potência, quer dizer, de inde fin ita p ro p o sitio .
f in id o ,... de crescim ento continuam ente 2? T radução de u ó q i o t o v ( ß i j / i a ) em
e indefinidam ente possível...” , P « Â Â ÃÇ , Aristóteles: aqueles que têm por predica
“ A prim eira prova cartesiana da existên do um term o indefinido no sentido B. Es
cia de Deus e a crítica do infinito ” , A n - te sentido foi retido p o r Kτ ÇI sob o n o
n ée ph ilo so p h iq u e, 1890, p. 112. m e de ju íz o s in defin idos ( Unendliche ) ou
B. A o falar de term os ou de expres lim ita tivo s (beschränkende ). Crit. d a ra
sões verbais (G. ovo¡ux aÓQiarov, A 2 « è zã o p u ra , A nal. transe., livro I, cap. I,
I *I E Â E è , riíe 'te e íu jm 'a s , 16a32; literal 2? seção. Ver L im ita tivo e Q uantidade.
mente: nome indefinido): expressão cons
T2 +I « Tτ
tituída pela negação pura e simples de um
term o dado, com o, por exemplo, não- O sentido B e o sentido C , 2?, que dele
h om em . deriva, parecem em princípio sem interes-
so girar a chave in defin idam ente. O núm ero dos indivíduos de u m a espécie dad a é
in defin ido, quer dizer, n ão é determ inado pelo conceito de espécie, m as o núm ero
das divisões de um a extensão dad a não é indefinido: resulta, pelo co ntrário, clara
m ente da própria natureza da extensão, não seguram ente que ele seja atu alm ente in
fin ito , o que seria co ntraditó rio — m as que ele vai ao in finito, no sentido de que
a m esm a razão de dividir subsiste sempre. D a m esma fo rm a, o núm ero dos decimais
em certas frações: pode-se, de fato , não os calcular a todos, m as ficam sempre al
guns por calcular: não são apenas possíveis, são exigidos pela p ró p ria natureza da
operação. (/. Lachelier )
A dificuldade em opor em todos os casos in defin ido a d efin id o deve-se ao fato
de a prim eira destas palavras conter a m ais (com o infinito) a noção de um objeto
ilimitado·, enquanto que o n ão-defin ido poderia ser fin ito , ou lim ita d o , quer dizer,
com portar certos limites inferiores ou superiores, perm anecendo indeterm inado en
tre esses limites: assim , o núm ero dos estam es n a m aior p arte das plantas é definido·,
o das folhas não o é: e contudo não se pode dizer que seja in defin ido. (A . L .)
O texto de DE è Tτ 2 I E è ao qual se fez alusão acim a é este: “ ... In tro duzo aqui
a distinção en tre o in defin ido e o in fin ito. E não h á n a d a a que eu cham e pro pria
m ente infinito, senão àquilo que em todas as partes não encontro quaisquer limites,
e neste sentido só Deus é infinito. M as, p ara as coisas em que sob qualquer conside
ração não vejo nenhum fim , com o a extensão dos espaços im aginários, a m ultiplici
dade dos núm eros, a divisibilidade das partes d a quantidade e o u tras coisas seme
lhantes, chamo-lhes indefinidas e não infinitas, porq u e em todas as suas partes não
são sem fim nem sem lim ites.” R esp o sta s às p rim eira s ob jeçõ es, § 10. Cf. P rincípios
da filo so fia , I, 27.
ÍND EM O N STRA V EL 546
se. Schopenhauer pôde m esm o dizer que sentido A, mas sem razão: a dem onstra
os Unendüche U rteil de K ant eram um a ção não é produtora de verdade, mas uni
tolice escolástica, recolhida para fazer camente meio de tran sp o rtar a certeza de
um a falsa jan ela no quadro das catego um a proposição p a ra o u tra. Esta confu
rias. (D ie W elt, Crítica da filosofia k an são deu lugar a m uitos sofismas.
tian a, ed. G risebach, I, 582.) A inda que
Kant, com efeito, justifique bastante mal IN D EP EN D E N T E D. A . Unabehãn-
a sua presença (ver L im ita tivo , Crítica), gig; A . B. Selbständig·, E. Independent-,
é necessário sublinhar, com o próprio F. Indépendant-, I. Indipen den te.
A ristóteles em líeQ ttQ iujveías, 16a30-31, A. Que não depende (de um outro ser,
que um term o negativo não representa um acontecim ento ou condição). A inda que
verdadeiro conceito. A origem desta ex este term o seja frequentem ente utilizado
pressão parece m esm o, diz Bonitz, ter a sem complemento, permanece sempre re
sua insistência no fato de a privação
lativo e subentende, consoante o contex
(are'erjais) ser qualquer coisa de indeter
to , a idéia deste ou daquele term o em re
m inado ou de indefinido ( c i ó q i o t o v ). Fí
lação ao qual aquilo de que se fala é dito
sica, III, 2; 201 b26. “ N ão -h om em ” to
in dependente. “ U m Estado independen
m ado literalm ente com preende as coisas
mais heteróclitas, e vai ao infinito. T am te ” (de qualquer o u tro Estado). “ A m o
bém é útil, na teoria das classes, ou dos ral independente” (de qualquer crença re
conjuntos, ter um a denominação que per ligiosa ou doutrina m etafísica), etc.
m ita excluir de certas propriedades ou de B. A bsolutam ente, ao falar do cará
certas operações lógicas os pseudo- ter: que gosta de n ão depender de nin
conceitos ou pseudojuízos dessa espécie. guém, de ju lgar e de se decidir sem seguir
R ad. in t.: N efinit. a opinião ou os conselhos de outrem .
R ad. int.: A . N edependant; B. Nede-
ÍN D EM O N STRA V EL D. Unerweis- pendem .
lich; E. Undem onstrable·, F. In dem on s
trable·, I. In dim ostrabile. IN D E T E R M IN A Ç Ã O D . U nbes
A quilo que não pôde ser dem onstra tim m theit·, E. Indéterm ination-, F . In dé
do, quer (A) porque não tem necessida termination·, I. In determ in azion e.
de de dem onstração, e serve ele pró prio A . C aracterística daq uilo que n ão é
de princípio; qu er (B) porq ue não é co
determ inado.
nhecida a sua dem onstração (como cer
B. P ro blem a cujos dad os são insufi
tas propriedades numéricas empiricamen
cientes e com porta várias soluções.
te constatadas); quer (C) porq ue se tra ta
C . E stado de um espírito que hesita
de um a hipótese gratu ita p ara a qual não
possuímos nenhum meio de verificação, entre várias resoluções.
mesmo em pírico. Ver para estes três sentidos D eterm i
A o prim eiro sentido pertencem os nação e D eterm in ism o.
“ cinco indem onstráveis” dos estoicos. R ad. int.: A . Nedeterm ines; B. Nede-
Ver as observações sobre h ipotético. term in aj; C . Nedecides.
C R ÍT IC A IN D ET ER M IN ISM O D . In determ i
O teor pejorativo do sentido C re- n ism u s ; E. Indeterm inism ; F. In déterm i
porta-se m uitas vezes por associação ao nisme; I. In determ in ism o.
sentido m ais específico e m ais fo rte des ria da filosofia n ão hav ia nenhum pen
ta palavra. Cf. Livre-arbítrio , C. Este sen sador ao qual se pudesse aplicar esta de
tido é de longe o m ais usual; designa-se signação {ib id ., 530 B). M as trata-se de
algum as vezes sob o nom e de in determ i um exagero: o neo-criticismo admite a pa
nism o absolu to. lavra e a coisa.
B. (mais raram ente). D outrina que Rad. i n t A . M aldeterminism; B. Ne-
afasta o determ inism o, m esm o sem a d determ inism .
m itir atos tem porais de livre-arbítrio ou IN D IFER EN ÇA D. G leichgültigkeit ;
começos absolutos. E « è Â 2 (VÃ 374) pro
E
E . Indifference·, F. Indifférence·, I. Indif-
põe que se em pregue nesse sentido a ex feren za .
pressão indeterm inism o p sico ló g ico . Ver A. E stado m ental que não conteria
D eterm inism o. nem prazer nem dor, nem a m istura de
C. P or extensão, sinônimo de indeter- um com o o u tro . A questão de saber se
m inação*, A. existem esta d o s in diferentes d a sensibili
dade é discutível: ver R « ζ Ã , A p sic o lo I
C R ÍT IC A
gia d o s sentim en tos, prim eira parte , cap.
A palavra foi quase sem pre tom ada V. A sua conclusão é a seguinte: “ Inclinó
no prim eiro sentido, e por conseqüência m e p a ra a tese dos estados de indiferen
utilizada num sentido pejorativo por ç a .”
aqueles que dela se serviram . Ver em B. Indeterm inação: L ib erd a d e d e in
Bτ Â áç « Ç , VÃ 530 B, 531 A, os textos de diferença (L. escol. Liberum arbitrium in-
Sobre Individualidade — Eis antes de m ais a distinção que havia sido pro posta
pelo autor, na prim eira redação do artigo, entre individualidade e personalidade: “ 1?
A in dividualidade é aquilo através do que um indivíduo difere de um outro e dele
se distingue não só de um a fo rm a num érica, m as tam bém nas suas características
e na sua constituição; assim, p ara um ser hum ano, a idade, o sexo, a conform ação
física; as anom alias orgânicas; os gostos, as disposições, o grau de desenvolvim ento
intelectual; aquilo que existe de único na sua m em ória e na sua percepção m ateriais
e afetivas, etc.
2? A person alidade (ou p erso n a lid a d e m oral), quer dizer, a característica que o
to rn a apto p ara fazer parte de um a m esm a sociedade espiritual1 que as outras pes
soas. Esta característica, ainda que desigualmente realizada nos diferentes indivíduos,
é-Ihes, pelo contrário, com um , e age apenas n a m edida desta com unidade.
Confunde-se m uitas vezes com a individualidade:
1? P orq ue se adm ite em geral a tese, cristã e k antiana, segundo a qual todos os
indivíduos, no sentido E , que com põem a espécie hum ana são tam bém , pelo menos
virtualm ente, pessoas m orais, possuindo um a m esm a razão, igualm ente feitas à im a
gem de Deus, igualm ente cham adas a fazer parte de um mesmo reino dos fins;
2? P orq ue sendo ra ra a capacidade e a vontade de julgar pela razão e não pelo
háb ito, confundem -se aqueles que se afastam do conform ism o e d a banalidade por
1. A p rim e ira re d ação c o n tin h a , em vez d e ' ‘e s p iritu a l” , as p alav ras ‘‘m o ra l e ju r íd ic a ” , o que era , p o r
um la d o , d em asiad o estreito , e, p o r o u tro , im p ró p rio , te n d o a o rd em ju ríd ic a precisa m ente p o r razão de
ser a im p erfeição m o ra l d o s in d iv íd u o s, que ela ten d e a re fo rm a r e a co rrig ir parcialm en te.
IN D IV ID U A LID A D E SSO
de; mas dividem-se na questão de saber acerca do m odo de entender essa perso
que conteúdo psicológico deve ser dado nalidade duas opiniões se exprimiram, das
a esta oposição. Concordou-se, com efei quais encontrarem os expostas as razões
to , em reconhecer que, quer no sentido nas observações acrescentadas a este
B da palavra in dividuo (elemento lógico artigo:
indivisível), quer no sentido C (unidade 1? A personalidade opõe-se à indivi
biológica), quer no sentido D (conjunto dualidade com o a unidade interior da
das particularidades individuais), quer até consciência e da reflexão se opõe à uni
no sentido A (realidade dada na experiên dade exterior que vem apenas do organis
cia), a individualidade não tem valor m o m o e é apenas a resultante de forças na
ral, ou só possui valor m oral como meio tu rais, o efeito do seu concurso num cer
de o u tra coisa que não ela pró pria, en to ponto. U m a é a relação do ser com tu
qu anto que a personalidade é aquilo que, do aquilo que o causou, com tudo o que
no homem, possui esse valor m oral intrín age sobre ele do exterior; a o u tra é a sua
seco e deve ser ob jeto de respeito. Mas relação com um ideal espiritual que con-
(se se entender respectivam ente por isso aquilo que na vida tem e não tem valor m o
ral) parece-me ser m uito mais complexa; e, sobretudo, com porta um an tagonism o
ao m esm o tem po que um a ligação. A organização do tipo fisiológico, ainda que per
feita e consciente, enquanto conserva a m esma direção e o m esmo fim, não cria qual
quer personalidade; pelo co ntrário, quando esta se desenvolve, a vida orgânica
encontra-se aí recalcada, e até esgotada sob certos pontos de vista. A quilo que repre
sentaria m elhor a dependência da personalidade p a ra com a individualidade (ainda
que a imagem seja ainda m uito im perfeita), seria a relação do dinheiro com as neces
sidades que ele perm ite satisfazer: gasta-se à m edida que serve; e se acabarm os por
o tom ar com o fim , esta finalidade própria entrava os fins em direção aos quais po
deria ser usado: a avareza im pede de beber e de com er, d a m esm a fo rm a que o culto
da individualidade, sem m ais, paralisa a vida superior d o espírito. A ssim , a depen
dência da pessoa em relação ao indivíduo é condicional, com o a necessidade de ga
n h ar e de gastar. N o limite, a pessoa digeriria to d a individualidade: discute-se p ara
saber se Deus é pessoal, m as aqueles que m ais aproxim am esta personalidade da do
hom em achariam estranho e talvez absurdo cham ar-lhe um in divídu o.
Pela m esm a razão, aquilo que há de mais característico na oposição do pessoal
e do individual parece-m e ser a consciência que tom a o eu, não da sua relação consi
go próprio, mas da sua relação com os seus semelhantes. Antes de m ais, no que se
refere à individualidade, o critério que se propõe é duplo: por um lado, a unidade
orgânica; p o r ou tro , o fato de ser um a resultante; estas duas características concor
dam mal entre si. O fato de ser um complexo de efeitos, um nó de fenôm enos engen
drado segundo as leis da n atureza, não será precisam ente o contrário de um a “ forte
individualidade” ? N ão se encontrará esta característica no m enor jogo de luz ainda
mais visivelmente que num organism o anim al? Teria, antes, por efeito dissolver-nos
na tram a infinita e contínua das coisas. Parece-m e, pelo contrário, que a individuali
dade é qualquer coisa de residual e de irredutível, a expressão mais nítida daquilo
que existe de ininteligível nos dados sobre os quais o pensam ento trabalha. E , por
o u tro lado, consciência e referência a si não bastam para a personalidade m oral: a
sua exaltação mais intensa só leva p o r vezes à loucura. É preciso além disso a razão,
quer dizer, a comunidade na vida do espírito. Consciência e centralização são ainda, do
553 IN D IV ID U A L IS M O
cebe e ad o ta p ara si. A p erso n a lid a d e é, a realização, nos outros seres prim itiva
pois, neste caso, urna característica não m ente diversos, de disposições virtual
m enos única d o que a individualidade. m ente universais, através do que se subs
2? A personalidade é concebida como titui ao antagonism o afetivo, intelectual
o desenvolvim ento, num sujeito pen san e m oral, um acordo verdadeiro, e não só
te diferente dos outro s pelas suas carac um com prom isso e um equilíbrio como
terísticas e prim itivam ente disposto a to na organização diferenciada.
R ad. inl.: Individualis.
m ar como fim esta diversidade, de um eu
suscetível de en trar em com unidade cons IND IVID UA LISM O D. Individualis
ciente de idéias, de sentim ento e de von mus·, E. Individualism·, F. Individualisme·,
tade com outros espíritos. E la é, pois, I. In dividualism o.
p onto de vista no rm ativo, apenas m eios, e extraem to d o o seu valor do fim ao qual
servem.
C om efeito, aquilo que é aqui im portante n ão é o estado d o ser considerado, m as
a sua tendência; tendência p ara a concentração sobre si m esm o, tendência para a
universalização. A vida orgânica tem por regra a m anutenção ou o acréscimo e a
propagação de um tipo, tal com o é d ado, com as suas diferenciações características.
Na sua vida psíquica, mesmo m uito consciente e m uito org anizada, a m aior parte
dos hom ens m ostra-nos um a segunda edição desta tendência orgânica e egocêntrica:
eis o que eu qu eria ressaltar na definição d a individualidade psicológica, por an alo
gia com o uso lógico e biológico desta palav ra. Inversam ente, encontra-se neles um a
tendência contrária, algumas vezes em estado em brionário, m as frequentem ente m uito
nítida, por vezes mesmo notavelm ente desenvolvida: tendência p ara o estabelecimento
de um a representação objetiva das coisas, de um a táb u a dos valores com uns; de um a
vontade descentrada daquilo que cada indivíduo é acidentalmente, entre o nascimento
e a m orte. É essa característica “ pública” que faz deles sujeitos capazes de juízos
m orais (quer se conform em a estes ou não), e que, por conseqüência, me parece es
sencial na idéia de personalidade.
Q uanto às expressões “ doenças, desdobram ento da personalid ade” , ainda que
m uito usuais, parecem-me m uito im próprias. A sua adoção foi sem dúvida determ i
n ad a por razões de com odidade e de eufonía, talvez tam bém pelo desejo de com ba
ter, com o um preconceito, a idéia clássica da unidade e da identidade da alm a. A
expressão ju sta, cujo tam anho e peso não favorecem a utilização, seria a seguinte:
“ D oenças, desdobram ento da unidade psicológica in divid ual.” M as, por outro la
d o, acontece frequentem ente que estas são tam bém , por ricochete, doenças da per
sonalidade. (A . L .)
M arsal acrescenta que o sentido E lhe parece abusivo, “ um uso incorreto que
se presta a um a vil m an o b ra , consciente ou não, com o a exploração d a palavra ‘sen
sualism o’ contra aquilo que deveria ser cham ado ‘sensacionism o’ ” .
Se as teorias se definem mais corretam ente pelo seu ponto de p artid a , eu cham a
ria de b o a vontade teorias individualistas àquelas p a ra as quais o indivíduo é a única
realidade irredutível na ordem ética ou política (o único ab so lu to destas questões),
p a ra as quais, p o r consequência, to das as propriedades d o gru po podem ser reduzi
das a com binações quantitativas das proposiedades dos seus elem entos individuais.
A tendência individualista consistiria então em insistir, em m atéria de ética ou políti
ca, sobre este gênero de reduções (enquanto que a tendência socialista ou solidarista
consistiria em assinalar a originalidade ou irredutibilidade de todas ou partes das pro
priedades do grupo às dos elem entos individuais, em p rocurar n a socialidade um ab
soluto da questão).
A liás, falando acerca desta últim a concepção, pode-se pretender estabelecer que
a individualidade se encontrará elevada ao seu m áxim o de valor relativo pelo desen
volvimento n atural ou através de um desenvolvimento artificial do g rupo; com o, in
versam ente, p artindo da prim eira, se pode pro curar no desenvolvim ento n atural ou
dirigido dos indivíduos a causa d o m aior poder do grupo. ( M Bernès)
Sobre In dividu alism o, Crítica: O mais nítid o equívoco que se encontra na utiliza
ção dessa palavra é aquele que assinala o H a n dw örterbu ch f ü r Staatw issenschaften,
no artigo Individualism us, q u ando m ostra que esta palavra significa ora um a teoria
d a força (M ach tdoctrin ), o ra u m a teoria do direito e d a igualdade. Trata-se, respec
tivam ente, do sentido E e D. (Ch. Serrus)
coisa indivisível m aterialm ente, como um inferior desta série, que já não designa um
átom o de D em ócrito; ou ob jeto de pen conceito geral e já não com porta divisão
sam ento sem partes, com o a unidade); D. lógica. Este term o diz-se singular*.
Individuum , Einzelding, Einzelw esen ; E. Pode-se exprimir esta mesma proprie
Individual·, F. Individu-, 1. In dividu o. dade dizendo que o indivíduo é o sujeito
A . Um individuo, no sentido mais ge- lógico que adm ite predicados, e que não
ral e mais complexo da palavra, é um ob pode ele próprio ser predicado de qual
jeto de pensamento concreto, determ ina quer outro . (LE « ζ Ç« U , D iscurso de m eta
físic a , § 8; segundo A 2 « è I ó I E Â E è , C ate
do, que fo rm a um todo reconhecível, e
gorias, V, 2al l e seguintes, que define de
consiste num real dado quer pela expe
um a m aneira semelhante ο υ σ ί α π ρ ώ τ η ,
riência externa, quer pela experiência in
mas dando, com o exemplo, tal hom em ,
terna. Cf. Individual, A . Este sentido, ain
ta l cavalo.)
da que não seja fundam ental do ponto de C. B« ÃÂ Ã; « τ . Ser vivo cujas partes
vista etimológico, ocupa todavia um a po cooperam de form a durável, estreitamen
sição central em relação aos outros senti te o bastante para que o cessar desta si
dos desta palavra. Ver as observações. nergia im plique o desaparecim ento, ou,
B. Ló ; « Tτ . Se se dispuser um a série pelo menos, um a transform ação conside
de term os num a hierarquia de gêneros* rável das funções que m anifesta. Vemos
e de espécies* subordinadas, chama-se in que neste sentido, com o frequentem ente
divíduo ao ser representado pelo term o o sublinharam os naturalistas, a indivi-
ÇÃ I τ è
animais; L D τ Ç T , A in dividualidade
E I E
gico é to do ser que vive p o r si p róprio e que apresenta um a tal centralização e coor
denação de funções que não pod eria ser dividido sem ser d estru íd o .” (M orfologia
e em briologia gerais, M ilão, 1895.) (C. R an zoli)
Ter-se-á o direito de definir o indivíduo, do p onto de vista sociológico, com o “ a
unidade de que se com põem as sociedades” ? A uguste Com te não deixa de repetir
que “ a sociedade não se co m p õ e de indivíduos” , porque a parte deve ser hom ogênea
ao to do. (F. P écaut) Parece-m e haver aqui um escrúpulo exagerado. É atribuir à p a
lavra co m p õ e m uito mais precisão do que ela possui na sua utilização filosófica. Ela
não pressupõe nem a hom ogeneidade do to d o e das partes, nem a preexistência ou
a i n d e p e n d ê n c ia d a s p a r t e s e m r e l a ç ã o a o t o d o (o que s e r ia u m m a l - e n t e n d i d o a i n d a
mais grave). (A . L .)
“ IN D U ÇÃ O P SIC O M O T R IZ ” 560
Sobre Indução — 1? N o ta s históricas. A fórm ula que define a indução pela “ pas
sagem do particular ao geral” , e de que GÂ Oζ ÃI m ostrou a incom patibilidade
561 "IN D U Ç Ã O P S IC O M O T R IZ ”
logia com o fenôm eno elétrico de indu com efeito, a sua m ão com eça a executar
ção) o fenôm eno de que dá o seguinte irresistivelmente m ovim entos rítm icos de
exemplo: “ Se, considerando um sujeito flexão. O ra, se, em vez de deixar a expe
deste gênero (neuró pata sugestionável), riência chegar a este ponto, a pararm os
lhe pedirm os p ara olhar com atenção os no m om ento em que o sujeito começa a
m ovim entos de flexão que fizermos com ter a sensação do m ovim ento que ainda
a m ão, ao cabo de alguns m inutos ele de não aconteceu, no m om ento em que o
clara que tem a sensação de que o m es m ovim ento estiver no estado nascente,
m o m ovim ento acontece na sua própria colocando-lhe um dinam óm etro na m ão,
m ão, ainda que esta esteja completamente constata-se que a energia da pressão a u
imóvel; e ao cabo de alguns instantes, * § m entou um terço ou a m etad e .” Fé 2 É,
C um pre n o tar que esta recorrência serve não só para dem onstrar, m as tam bém
p a ra definir. Ver P E τ ÇÃ , Form ulário m atem ático (1903), § 10, n? 3: “ Seja S um a
classe, suponham os que zero pertence a essa classe e que, to das as vezes que um indi
víduo pertence a essa classe, o seu seguinte tam bém pertence; en tão , todos os núm e
ros pertencem a essa classe: Cham a-se prin cíp io d e indução a esta p roposição.” Cf.
P ë ÇTτ 2 é , A ciência e a h ipótese, cap. I, § 3: “ D efinição d a adição” , e E Ç2 « I Z E è ,
P ro b lem i delia scienza, cap. III, § 19: “ Fondam enti dell’A ritm etica.”
2? O bservações críticas: H á , parece, com o condição prévia da indução discursi
va, que é a única descrita neste artigo, um a indução im ediata que não tem necessida
de de casos reiterados ou de proposições m últiplas p ara se constituir: ela capta, co
m o diziam os peripatéticos, o universal no pró prio indivíduo. E com o ou por quê?
P orq ue to d a percepção ou toda concepção que se to rn a distin ta e definível só adq u i
re esta precisão lógica na m edida em que reiteram os através de um signo e de um a
representação subjetiva a apresentação inicial; por isso m esm o, to d a noção refleti
da, enquanto é virtualm ente reiterada ao infinito , im plica um caráter de universali
dade, um a tendência espontân ea p a ra erigir em regras fixas as relações que consti
tuem as nossas percepções e as nossas concepções explícitas. N ão se deve deixar crer
que só existe indução onde existem várias experiências ou várias proposições para
co nfrontar. (M. B londel)
Creio que, sob este aspecto, é necessário distinguir: 1? o m ovim ento natural do
espírito que desliza espontaneam ente do fato p ara a lei, quer dizer, concede sem crí
tica um valor universal para a relação sob a qual ele se representou um fato dado.
H á aí um a inferência conjectural no sentido A , sendo a verossim ilhança subjetiva
de um a conjectura suscetível de to da gradação; 2? a operação refletida que dá lugar
a essa observação usual, mas freqüentem ente mal analisada, segundo a qual “ um
só fato bem observado dá o direito de induzir” . E sta só é verdadeira p ara casos em
que não se tem que decidir entre dois m em bros de um a alternativa, ou p ara fatos
m uito especiais, resolúveis em elementos conhecidos, eles próprios já elaborados por
um a indução discursiva de tipo com um . A indução não se refere pro priam ente nesse
caso ao fato único: este apenas fornece um dado m aterial deixado, por assim dizer,
em branco no raciocínio. Q uanto ao papel do prim eiro destes trâm ites intelectuais
no nosso assentim ento científico, ele faz parte do problem a do fundam ento psicoló
gico da in dução, tal com o é definido mais atrás. (A . L í)
A indução não se reduz, com o freqüentem ente se diz, à determ inação de um a
relação causal, m as pode tam bém chegar a determ inar um a figura, um a trajetó ria,
um a função m atem ática; e em certos casos (como na indução que determ ina a traje-
563 IN E R C IA
com um a aproxim ação superior aos er que um p eq u e n o .” Journal des S avan ts,
ros da observação se relacionarm os os 18 de ju n h o de 1691.
m ovim entos a um triedro que tenha por R ad. in t .: Inertes.
vértice o centro do Sol, e cujas arestas es
IN E RÊ N CIA D . In härenz ; E, Inhé
tejam dirigidas p a ra estrelas fixas deter
rence-, F. Inhérence ; I. Inerenza.
m inadas.
A . É inerente a um sujeito dado toda
O enunciado desta propriedad e cha
determinação que é afirm ada deste sujeito
m a-se p rin cíp io d e inércia.
e que só tem existência por ele (quer esta
2? Em que, quando um corpo sofre
determinação seja constante ou acidental,
a ação de um a força, a aceleração que de
própria a este sujeito ou com um a ele e
la recebe é inversam ente proporcional a
a outros). “ W enn m an nun diesem Rea
um coeficiente determ inado, variável para
len an der Substanz (den Accidenzen) ein
os diferentes corpos, e que se cham a a sua
besonderes Dasein beilegt, z. E. der Be
m assa. C ham a-se algum as vezes, neste
wegung, als einem Accidenz der M aterie,
sentido, fo r ç a d e inércia à força fictícia
so nennt m an dieses D asein die Inhärenz ,
que, aplicada a um corpo em m ovim en
zum U nterschiede vom Dasein der Subs
to sob a ação de um a força, deve supos
tanz, das m an S ubsisten z nennt. Allein
tam ente equilibrá-la; ela é, por conse
hieraus entspringen viele M issdeutungen
quência, igual, e de sentido inverso, ao und es ist genauer und richtiger geredet,
p ro d u to da m assa pela aceleração (m 7). wenn m an das A ccidenz nur durch die
O m o m en to d e inércia de um ponto m a A rt, wie das D asein einer Substanz posi
terial obrigado a mover-se em to rn o de tiv bestim m t ist, bezeichnet .” 1 K τ Ç , I
C R ÍT IC A D es B osses, X X I, E rd m , 686b.
B. É inerente a um sujeito dado toda
Só se faz en trar norm alm ente a pri
determ inação, constante ou não , que
m eira dessas duas propriedades na defi constitui um a m aneira d e ser intrínseca
nição de inércia. M as erradam ente: p o r
desse sujeito, e não um a relação com al
que se se co nsultar a utilização feita des gum a o u tra coisa. “ M en o r que V ersail
te term o pelos cientistas, constata-se que les não é com o são ou agradável para ha
não se aplica menos à resposta variável bitar um a m aneira de ser inerente a F o n
dos diferentes corpos a um a m esm a fo r tainebleau. Se Versailles fosse destruído,
ça do que à propriedade constante de con e se Fontainebleau continuasse a existir,
servar a m esm a velocidade. “ O quocien Fontainebleau deixaria de ser m enor do
te da fo rça pela aceleração... é a verda que Versailles, sem que por isso nele al
deira definição da m assa, que m ede a gum a coisa tivesse m u d ad o ... C onviria
inércia do co rp o .” P Ã « Ç T τ 2 é , Science et distinguir estes dois gêneros de p roposi
m éthode, p. 255. Por outro lado, este sen ções cham ando-lhes proposições de ine-
tido complexo da palavra inércia é trad i
cional; L « ζ Ç« U diz da m esm a form a:
E
hipérbole, núm ero m uito grande. “ P o tica, cap. I) com preende todas as opera
der-nos-íamos livrar de um a infinidade de ções m atem áticas que têm por objeto
d o e n ç a s...” D è T τ 2 è , D iscurso do
E I E estabelecer relações entre grandezas fini
m éto d o , V I, 2. tas pela consideração de quantidades in
Infinitude, com o In finidade no sen finitesimais: m edida das grandezas fini
tido A. tas consideradas como limites; determi-
567 IN F IN IT O
nação das grandezas finitas consideradas que apliquei a palavra indefinido, mas pa
com o relação de duas quantidades infi ra significar um a coisa real que é incom
nitesimais (cálculo das derivadas); deter paravelm ente m aior do que todas aque
m inação das grandezas finitas considera las que têm algum fim .” D E è Tτ 2 I E è ,
das com o so m a de um núm ero infinita Carta a Cterselier, A d. et T an n., V, p. 56.
m ente grande de quan tidad es infinita Ver Categorem ático e Sincategoremático.
m ente pequenas (cálculo integral). Especialm ente, um co n junto fo rm a
C. do
P o r extensão, m as im propriam en de unidades distintas é dito infinito se
te: aquilo que é m uito pequeno (em rela fo r “ equivalente a um a p arte de si p ró
ção às grandezas que habitualm ente con p rio ” , quer dizer, se se puder estabelecer
sideramos). um a correspondência term o a term o, uní
R ad. in t .: Infinitesim al. voca e recíproca, entre as unidades que
com põem este co njunto e aquelas que
IN FIN IT IV A A lgum as vezes usada compõem um a das suas partes (por exem
substantivam ente em vez de P ro p o siçã o plo, entre a sequência n atu ra l dos núm e
infinitiva. Ver L exis. ros e a seqüência dos núm eros prim os,
que está ali com preendida). Os “ núm e
1. IN FIN IT O (adj.) D . Unendlich\ E.
ros in finito s” foram tam bém definidos
In fin ite ; F . In fin it ; I . In fin ito. negativam ente: os núm eros (cardinais)
Q ue não tem lim ite, quer no sentido não fa zem p a rte da seqüência ordinal dos
de que é m aior atualm ente do que qual números obtidos pela adição sucessiva da
quer q uantidade d ad a d a m esm a n atu re unidade a si m esm a. O “ m ais pequeno”
za (infinito atual)·, quer no sentido de que desses núm eros é “ o núm ero dos núm e
p o d e tornar-se tal 0infinito potencial). Es ros fin itos” que C τ ÇI Ã2 representou
ta palavra, usada isoladam ente, tem sem por co e W 7 « I E 7 E τ á por a 0· V er C ÃZ I Z -
pre o prim eiro sentido; o segundo perten 2 τ I , D e 1‘in fin i m a th ém a tiq u e, pp.
ce pro priam ente aos term os in d efin id o * , 617-618, L es p rin cip es d es m athém ati-
ou in finitam en te grande. “ N ão me sirvo qu es, cap. II, C.
nunca da palavra infinito p ara significar Cf. Finito e In defin ido.
apenas não ter fim , o que é negativo e a R ad. int.: Infinit.
Sobre In fin ito — Confunde-se geralm ente o infinito relativo, quer dizer, aquilo
que não possui nenhum limite assinalável, com o in finito absolu to (que C antor,
W undt, Lasswitz cham aram tran sfinito), quer dizer, aquilo que não possui qualquer
limite possível. O prim eiro exprime um a simples possibilidade, o segundo exprime
um a efetividade com pleta, que se poderia definir deste m odo: um a totalidade na qual
todos os graus de dim inuição ou de aum ento são dados antecipadam ente. Com o
infinito absoluto estam os, pois, fo ra do conceito de grandeza; en tre ele e o infinito
relativo (infinitam ente grande, infinitam ente pequeno) existe não um a diferença de
quantidade, mas um a diferença de qualidade. Ver C τ ÇI Ã2 , Z ur Lehre von Transfi-
niten, 1890; W Z Çá I , L o g ik (1 8 8 3 ), II, 127-128. A o prim eiro cham a-se ainda infini
to negativo, ou indefinido, ao segundo, positivo ou ilim itado (illim ita to ), tradução
da palavra U nbegrenz usada por D ü 2 « Ç ; na sua N atürliche D ia lek tik , 1865. ( C .
7
R a n zo li)
Cf. a d o utrina de D è T τ 2 è sobre o conhecim ento do infinito: “ A noção que
E I E
possuo do infinito está em mim antes da d e fin ito , p ara o que, pelo simples fato de
eu conceber o ser ou aquilo qu e é sem pensar se é infinito ou finito, é o ser infinito
que concebo; m as, a fim de poder conceber um ser finito, é preciso que eu suprim a
IN F IN IT O 568
qualquer coisa desta noção geral do ser, a qual deve, por consequência, ser ante
rio r.” L ettres, ed. A d. et T a n n ., V, 356. E sta passagem segue-se àquela que citam os
no texto do artig o. F oram -nos assinaladas p o r R . E ucken.
LE « ζ Ç« U , re to m a n d o u m a ex p ressão de origem aristo télica e esco lá stica, ch am a
praedicatum infinitum a um te rm o negativ o tal com o “ n ão -sáb io ” , O púsculos e fra g
m en to s in éditos. V er In defin ido.
Sobre Influência — J. Lach elier assinalou-nos a origem astrológica desta pala
vra, e da palavra ascendente, que é quase sinônim a.
L. B oisse p en sa q u e seria co rre to ch a m a r ex clu sivam ente influência à ação de u m a
c ircu n stân cia o u d e u m a coisa so b re u m a pessoa; ascendente, à ação de u m a pesso a
so b re o u tra ; d o m ín io , a ação d e nós m esm os so b re nós m esm os.
569 IN IN T E L IG ÍV E L
m ente desconhecida: é preciso sem dúvi econômicos, considerados como causa in
da recorrer à onipotência de D eu s... E s consciente de certas concepções. Cf. Ideo
te sistema parece ser mais conforme à ver logia, C.
d ad e.” EZ Â E 2 , Cartas a uma princesa da
A lem an h a, segunda parte , carta XIV.
IN FU SO Ver A d q u irid o .
C f. LE « ζ Ç« U , M on a d o lo g ia , § 51: IN IBIÇÃ O D . Hemmung·, E. Inhibi
“ U m a m ónada criada não poderia ter in tion·, F. Inhibition·, I. In ibizione.
fluência física sobre o interior de o u tra... A ção de p arar; prim itivam ente, ação
Trata-se apenas de uma influência ideal.” exercida por um centro nervoso sobre um
IN FO R M A R D. A . Inform ieren; B. o u tro , que tem com o resultado dim inuir
Unterrichten·, E. To inform ; F. ln form er, ou suprim ir os efeitos produzidos pelo
I. Inform are. acionam ento deste.
A. N a linguagem escolástica e neo- P o r analogia, ação de um fato m en
escolástica, dar um a form a* a um a m a tal que impede outro s fatos mentais de se
téria. produzirem ou de alcançarem a consciên
B. D ar a conhecer qualquer coisa a cia. P τ Z Â 7 τ Ç cham a lei d e inibição sis
alguém. tem ática à seguinte lei: “ T odo fenôm e
no psíquico tende a im pedir que se p ro
NOTA duzam , a im pedir que se desenvolvam ou
A passagem do prim eiro sentido p a a fazer desaparecer os fenômenos psíqui
ra o segundo pode com preender-se a tra cos que não podem unir-se a ele segundo
vés de um a utilização como esta d a pala a lei da associação sistem ática, quer di
vra: “ N ão as cham o aqui com esse nom e zer, que não podem unir-se a ele para um
(não cham o aqui a estas im agens idéias), fim com um .” (L ’a c tivité m entale et les
enquanto existem na fantasia co rporal, élém ents de l ’esprit, livro II, introdução.)
quer dizer, enquanto são figuradas em al R ad. in t.: Inhib.
gumas partes do cérebro, m as apenas en
quanto in fo rm am o pró prio espírito que IN IB IT Ó R IO D. H em m en d -, E. Inhi
se aplica a essa parte do céreb ro .” D E è b ito ry, F. In h ibitoire ; I. In ibitorio.
Tτ 2 I E è , R esp o sta s às 2** objeções, Defi A . Sentido geral: que constitui ou que
nição II. exerce um a inibição*.
Ver tam bém In form ação (S). B. Especialm ente (oposto a D in am o-
gênese*): diz-se das sensações, sentim en
IN F RA -ESTRU TU RA D. Unterbau; tos ou idéias que exercem um a inibição
E. Understructure; F. Infrastructure; I. de conjunto, que dim inuem o tôn u s vi
Infrastruttura. tal, e sobretudo o poder m otor: por exem
E stru tu ra subjacente, e geralm ente plo, a tristeza, certos sons ou tim bres de
oculta ou não n o tada, que qualquer coi sagradáveis, certos odores, etc.
sa de visível e m esm o aparente m antém . R ad. in t.: Inhibiv.
Diz-se em particular: 1? das ações in
conscientes que tornam possível ou deter IN IN T E L IG ÍV E L D . A . U nverstän
m inam um ato consciente; 2° as estru tu dlich·, B. Undenkbar, E. Unintelligible·, F.
ras sociais, e especialmente fenôm enos Inintelligible', I. Inintelligibile.
Sobre Ininteligível — E d. G o b lo t pro pôs que por isso se entendesse “ aquilo que
não satisfaz o princípio d a necessidade” . Opor-se-ia assim ao inconcebível ( - “ aquilo
que não satisfaz o princípio de contradição” ).
A especificação proposta p o r GÃζ Â ÃI é m uito interessante e aceito-a com pra-
IN JU S T O 570
ciência: nidificação, perseguição da caça, ser que o prim eiro é observável do exte
m ovim entos de defesa, etc. rior e a segunda não o é. Neste sentido,
R Ã Oτ Ç è
E (A evolução m en tal nos instinto designa, pois, um a classe de fe
anim ais, cap. X II) cham ou in stin tos p r i nôm enos sem característica distintiva in
m ários àqueles que resultam diretam en trínseca.
te da estru tura prim itiva do ser vivo, ou 3. Esta palavra foi criticada, por ou
que são devidos apenas à seleção; instin tro lado, por BÃ7 Ç (O nascim ento da in
to s secundários àqueles que constituem teligência, cap. X X III). Ele pensa que sob
um automatismo derivado, adquirido por este termo se reúnem fenômenos m uito di
intermédio de adaptações inteligentes que ferentes e, por conseguinte, a oposição do
depois se tornam inconscientes (lapsed in- instinto à inteligência n ão corresponde a
teligence). qualquer noção precisa. H á aí apenas, se
O instinto, psicologicamente conside gundo ele, um a sobrevivência da teoria fi-
rado, difere da inclinação* na m edida em xista das espécies, à qual é impossível dar
que, no primeiro caso, certos atos são eles um sentido definido no estado atual da
próprio s im ediatam ente sugeridos ao ser ciência. P ropõe, p ortanto, que se renun
que age, sem que apareçam com o meios cie totalm ente a esta palavra e o exempli
com vista a um fim , en quanto que no se fica n a citada obra. Pelo contrário, H .
gundo, aquilo para que a inclinação ten BE 2 ; è ÃÇ , na Evolução criadora, renovou
de é conhecido, mas os meios de o atin a oposição tradicional entre o instinto e a
gir não são dados. inteligência, considerando-os como dois
B. T oda atividade (especialmente tomodos
paralelos de conhecimento e de
da atividade m ental) ad a p ta d a a um fim , ação, que se teriam diferenciado ad aptan
que entre espontaneam ente em ação sem do-se, um à vida, o outro ao uso dos ins
resultar da experiência nem da educação, trum entos inorgânicos. Ver cap. II.
e sem exigir reflexão. Diz-se neste senti R ad. in t.: Instinkt.
do de um dom individual, de um a facul
dade n atural de sentir e de adivinhar: IN STRU ÇÃ O D . Unterricht; E. E du
“ Ter o instin to do ritm o .” “ H á quem , cation, instruction·, F. Instruction·, I. Ins-
p o r um a espécie de instinto cuja causa ig truzione.
n o ra m , decida sobre aquilo que se lhes A . A ção de com unicar conhecim en
apresenta, tom ando sempre a decisão cer tos a alguém. Opõe-se, em francês, a edu
t a .” L τ R ÃT7 E E ÃZ Tτ Z Â á , R eflexões, cação, que se aplica sobretu do ao desen
III, 5. volvim ento dos hábitos de co nduta, do
Ver Inteligência. caráter e da m oralidade.
B. Conjunto de conhecimentos adqui
T2 í I « Tτ ridos pelo estudo ou pelo ensino.
1. E sta palavra diz-se bastante fre- Rad. int.: In stru kt.
qüentem ente de um a inclinação p ro fu n
IN ST R U M EN TA L (Causa) L. escol.
da e intensa sobretudo se for inata: “ Ins
Causa instrum atalis.
tin to de conservação: instin to de dom i
A quilo que serve de meio para a p ro
n a ç ã o .” Estas expressões são incorretas.
dução de um efeito. Este term o é hoje em
2. Definimos instinto no sentido A co
dia pouco usado.
m o um co njunto de reações exteriores,
porque, com o notou com razão DZ Çτ Ç “ IN S TR U M EN TA LISM O ” In stru
(P hilosoph ie générale, p. 304), não exis m en talism . U m a das variedades do
te qualquer diferença de natureza entre pragm atism o*: doutrin a de J . DE ç E à ,
aquilo a que cham am os instin to e aquilo cu ja m arca característica consiste em a d
a que se cham a função fisiológica, a não m itir que to d a teoria é um a ferram enta
IN T E G R A Ç Ã O 574
(to o l), um instrum ento p a ra a ação e a Term o particularm ente utilizado por
transform ação da experiência. “ Reflec- Sú E ÇTE 2 , que entende por integração: 1?
tive knovving is instrum ental to gaining a passagem de um estado difuso, im per
control in a troubled situ atio n ... It is al ceptível, a um estado concentrado, percep
so instrum ental to the enrichm ent o f the tível (First Principies, § 94); 2? o aum ento
im médiate significance o f subséquent ex de matéria de um sistema dado (ibid., § 95);
périence .” 1J. DE ç E à , E ssay in E xperi 3? a diminuição de m ovimento interno de
m enta! L o g ic, in tro d ., p. 17. Ver Em m . um sistema m ecânico form ado por vários
L E 2 ÃZ 7 , L e p ra gm atism e, cap. VII: “ A corpos (ibid., § 94, 96).
lógica in strum en tal de Dewey e a Escola O term o oposto é desintegração. Cf.
evolução.
de C hicago.”
P ara o exame destes sentidos e impos
1. IN TEG RA ÇÃ O MAT. D. Integrie sibilidade de os reduzir à unidade, ver A.
ren, Integration-, E. Integration-, F. In té Lτ Â τ Çá E , A dissolução o p o sta à E vo lu
gration-, I. Integrazione. ção, cap. I, § 4-6. M as a palavra foi so
O peração que consiste em determ inar bretu do utilizada m etaforicam ente, até
uma grandeza considerando-a como limi por Sú E ÇTE 2 , p ara designar o estabele
te de um a som a de quantidades infinite cim ento de um a interdependência* mais
estreita entre as partes de um ser vivo ou
simais* cujo núm ero aum enta indefinida
entre os m em bros de um a sociedade.
m ente. O sinal de integração é J: (soma).
Diz-se também d a incorporação de um
R E ÇÃZ â« E 2 (P rin cípios d a natureza,
elemento novo num sistema psicológico an
cap. III, apêndice C) entende este term o
teriorm ente constituído. (Cf. A percepção,
por analogia à som a de séries convergen
no sentido de H E 2 ζ τ 2 I e d a sua escola.)
tes infinitas; m as, apesar d a com unidade O verbo integrar tem freqüentem ente este
do princípio lógico entre as duas o p era sentido, que se liga à idéia física definida
ções, esta utilização d a palavra é dem a atrás no n? 2, 2?.
siado contrária ao uso para ser retida.
Cham a-se tam bém , p o r vezes im pro C R ÍT IC A
d ita çã o , § 2, on de o texto francês acres tem sem pre um valor gnosiológico: indi
centa em duas passagens: “ intelecção Ou ca a “ faculdade de conhecer superio r”
concepção” .) enquanto se opõe à sensação e à intuição.
B. F Â ÃZ 2 ÇÃà propôs que se traduzisE sta palavra tende, aliás, a cair em desu
se p or esta p alavra o term o B ew u ssth eit, so, a não ser em algum as expressões his
criado por A T7 . “ Em francês, diz ele, o tóricas, nom eadam ente In telecto a tivo ,
term o intellection, que Descartes opunha algum as vezes In telecto agen te (G. vovs
à im aginação, exprim e suficientem ente ToojTixos, I. In teliectu sagen s), oposto a
bem esta presença na consciência das coi In telecto p a ssivo (G. vovs iradrinxós', L.
sas sabidas, ainda que dadas não intu iti Inteliectus passibilis). Ver atrás, A tiv o
vam ente, sem im agens.” A rch ives de (Intelecto) e A gente.
p sych o lo g ie, V, 288. R ad. in t .: Intelekt.
IN T EL EC T O G . vov s; L. Inteliectus; IN T EL EC T U A L D. Intellektuell·, E.
D . Verstand (Intellect é tom ado p or Kant Intellectual·, F. Intellectuel·, I. Intellet-
e p o r Schopenhauer, no sentido geral, de tuale.
Inteligência, A); E. Understanding, intel
A . A djetivo correspondente a E n ten
le c t ; F. Intellect', I. Intelleto.
dim en to e a In telecto. O term o oposto é,
Sinônim o de entendim ento*, no sen
então, o ra sensível ou sen sitivo , o ra in
tido B. “ N a m inha opinião, o entendi
tu itivo .
m ento corresponde àquilo que, nos lati
B. A djetivo correspondente a In teli
nos, é cham ado inteliectus e o exercício
gência, A . O term o oposto é então quer
desta faculdade chama-se intelecção, que
a tiv o , quer a fetivo.
é um a percepção distinta acrescentada à
C . A djetivo correspondente a In teli
faculdade de refletir, que n ã o existe nos
gência, B. O term o op o sto é então in
anim ais.” L E I B N I Z , N o v o s ensaios, II,
tu itivo .
21, § 5. C ontudo, através de um a remi
Ver estas palavras e cf. Intelectua
niscência da linguagem d a Idade M édia,
em que inteliectus servia para traduzir lism o.
vo v s em to d a a sua força, e se opu n h a a IN T EL EC T U A L (Intuição) Ver In
ratio, faculdade do raciocínio discursivo tuição.
(ver ST7 ü I U , T hom as L exikon, V's Intel R ad. int.: A . C. Intelektal; B. In-
iectus e R a tio ), a palavra intelecto con teligal.
servou algo de mais metafísico. Entendi
m ento, nos filósofos m odernos, é sobre IN T EL EC T U A LISM O D. Intellek-
tudo um term o psicológico que designa um tualism us; E. Intellectualism ; F. Intellec
conjunto de operações mentais; intelecto tualisme·, I. ln tellettu a lism o .
Passa-se sem m ud ança deste sentido (salvo no seu teo r prim itivam ente pejo rati
vo, com o acontece em tal caso), para o sentido A d a palavra intelectualism o*. M as
parece que essa passagem foi tard ia. T en do perguntado acerca d a prim eira prova
deste artigo (1909): “ A p artir de que d a ta se pode encontrar esta p alavra?” , obtive
mos as seguintes respostas:
En co ntram o-la em ST7 E Â Â « Ç; , que a opõe a M aterialism o. Ver Sàm t. W erke,
IV, 309. (R . Eukerí)
En co ntram o-la num a passagem em que W alt W « Oτ ÇÇ critica “ o intelectua
7 I
Sobre a Crítica — Este intelectualismo, por ser dem asiado “ simplista” e exclusivo,
de que se faz um insulto filosófico, parece-me um a quim era que não é nem o platonis
m o, nem o espinosismo, nem o hegelianismo. A doutrina dos grandes intelectualistas
não consiste em adm itir apenas elementos intelectuais, mas em afirm ar que a inteligên
cia e o real são inseparáveis no fundo das coisas e que no próprio hom em um elemento
intelectual é inseparável de todo estado ou ato de consciência. Assim entendido, o inte
lectualismo não exclui de m odo algum, mas invoca o voluntarism o. (A . Fouillée )
dical do m undo rea!, cuja essência é gruñ de vista: ST7 Ãú E Ç7 τ Z E 2 , por exemplo,
ólos, sem fundam ento lógico, estranha, adm ite o prim eiro ponto da acusação (cf.
pelo menos em parte, ao princípio de ra os seus ataques contra a Vernunft, quer
zão suficiente; 2? independência e m es dizer, no seu vocabulário, co ntra a facul
mo prim azia de fato das funções ativas dade discursiva e conceptual que se opõe
e afetivas relativas à inteligência; 3? su à intuição); mas vê, pelo contrário, no po
perioridade m oral da ação e do sentimen der negativo da razão, o princípio da m o
to sobre o pensam ento reflexivo. ralidade e da isenção. (N otar, aliás, que,
Opõe-se tam bém a p ra g m a tism o * , neste au to r, a palavra In telekt é tom ada
sendo esta palavra tom ada quer com o num sentido m uito geral, que com preen
equivalente, quer com o oposta a volun de sim ultaneam ente a intuição e o enten
tarism o, designando neste últim o caso a dim ento; o capítulo V dos “ Suplem en
doutrin a segundo a qual a oposição en to s” tem por título: “ Vom vernunftlosen
tre a atividade e a inteligência é artificial In tele k t.” )
e verbal, sendo a verdadeira realidade ao 2. Foi igualm ente com etido um ab u
mesmo tem po um a e outra: “ O fragm en so singular desta palavra na discussão da
tar-se da alm a em faculdades distin tas... teoria de W . J τ OE è e de L τ Ç; E acerca
é o princípio comum do intelectualism o das emoções. Esta teoria parecia opor-se,
e do voluntarism o, sistemas antitéticos, ao mesmo tem po pelo seu caráter fisio
creio eu, mas que possuem a mesma lógico e pelo seu caráter periférico, à de
ra iz ... Se rejeito igualm ente os dois siste H E 2 ζ τ 2 I e de Nτ 7 Â Ãç è 3 « , que é p u ra
m as, é porque rejeito o postulado do qual m ente psicológica, e suporia, se fosse tra
eles sim etricam ente deriv am .” LE RÃà , duzida fisiológicamente, apenas fenôm e
D o g m e et critiqu e, pp. 127-128. nos do sistem a nervoso central. M as, por
outro lado, esta últim a é vulgarm ente
CRÍTICA cham ada intelectualista no sentido B, e
1. Este term o tornou-se m uito usual com razão, na m edida em que os estados
nas discussões filosóficas contem porâ afetivos são aí concebidos com o resulta
neas; existe nele, quase sempre, um sen do do jogo das representações; ver n o
tido pejorativ o, ap arentado à utilização m eadam ente R « ζ ÃI , Psicologia d o s sen
desfavorável que foi feita tam bém da p a tim en tos, prefácio, em que as duas teo
lavra Intelectual nas discussões políticas. rias são cham adas, para abreviar, teoria
U m a e outra implicam com um ente: 1? A intelectualista e teoria fisiológica. Daí re
censura de pensar as coisas de um a fo r sultou que vários psicólogos posteriores
m a verbal e superficial, im pondo à reali tivessem crido que essas duas palavras se
dade quadros artificiais e rígidos, que a opunham em si mesmas, e com preendi
deform am ao pretender representá-la; 2? do sob o nome intelectualista todas as teo
A censura de sacrificar “ a vida” , quer di rias da em oção que não fazem intervir a
zer, a prudência natural e a fecundidade fisiologia. P o r exemplo (entre outros), em
do in stin to, às satisfações do pensam en SÃÂ Â E 2 , L e m écanism e des ém o tio n s, p.
to crítico, que é um a fo rça de freagem, 236: “ Não sou certamente suspeito de ser
de destruição e de inibição. H averia ne um intelectualista e de negligenciar o
cessidade de dissociar estes dois pontos substrato necessário de to d a m anifesta-
ção psíquica, o cérebro; mas devo reco m ento, razão, consciência). Este term o
nhecer que a tese intelectualista, etc.” serve correntem ente para designar um a
Esta utilização resulta apenas de um a das três grandes classes (ou faces) dos fe
confusão , e as designações que a provo nôm enos psíquicos, sendo as duas outras
caram são lam entáveis. A teoria de J a as dos fenômenos afetivos e a dos fe n ô
mes e de Lange deveria, com efeito, ser menos ativos ou m otores.
cham ada intelectualista, tam bém ela, no B. A to de com preender pelo qual se
sentido exato desta palav ra, já que neles exerce num caso dado a Inteligência no
a em oção n ad a possui de específico, sen sentido A . “ A inteligência das verdades
da fé .” M τ Â E ζ 2 τ ÇT7 E , Conversas sobre
do apenas o conhecim ento confuso de um
a m etafísica, V I, II.
conjunto de fenômenos corporais. A ver
C. N o sentid o co n creto (so b retu d o no
dadeira antítese do intelectualista, na teo
século XVII): os seres espirituais e n q u a n
ria dos estados afetivos, seria a teoria que to se o p õ em aos corpos: “ ... pretensas in
os considera com o fenômenos originais, telig ências se p a ra d a s” . L E « ζ Ç« U , N o v o s
irredutíveis a percepções, idéias, ou ju í ensaios, p ró lo g o .
zos; por exem plo, a de Bτ « Ç , ÃZ a de D. (oposto a intuição* e a sensação*).
P τ Z Â 7 τ Ç . Cf. a refutação de J τ OE è no Sinônim o de en ten d im en to * , conheci
E ssai de H τ OE Â « Ç , p. 439. m ento conceptual e racional. “ A inteli
Rad. in t .: A . Intelekteblism; B. C. In- gência é caracterizada pela potência in
telektualism. definida de decom por segundo n ão im
p orta qual lei e de recom por segundo não
IN T E L IG Ê N C IA D. In tellekt, Vers- im p o rta qual sistem a.” H . BE 2 ; è ÃÇ , A
tand; algu m as vezes Intelligenz; E. A. In evolu ção criadora. V er R a zã o .
telligence, understanding, intellectual p o E. (oposto a instinto*). A tividade vo
wers; B. C. Intelligence, understanding; luntária, adaptação deliberada dos meios
D . Intelligence, cleverness; E . A p peh en - aos fins. “ O instinto com pleto é a facul
sion; F. Intelligence; I. Intelligenza. dade de utilizar e até de construir in stru
A. C o njunto de to das as funções que
m entos organizados; a inteligência co m
têm p o r objeto o conhecim ento no senti pleta é a faculdade de fabricar e de utili
do mais am plo d a p alavra (sensação, as zar os instrum entos inorg anizados.” H .
sociação, m em ória, im aginação, entendi BE 2 ; è ÃÇ , A evolu ção criadora. Ver to-
lado. Passando em revista diversas hipó ‘‘Ensaio sobre as sociedades anim ais” ,
teses por eliminações sucessivas conclui-se em L es origines d e société, C entre Inter,
que esses indivíduos atraem-se uns aos ou de Synthèse, 1931, p. 6.
tros: os prim eiros foram conduzidos por
um a série de contingências e atraíram os “ IN T E R D E P E N D Ê N C IA ” D epen
seguintes. A idéia de uma ‘interatração’ so dência recíproca. Ver nas observações a
bressai assim com vigor.” Et. Rτ ζ τ Z á , discussão acerca desta palavra (S).
Sobre “ In terdependência” — A prim eira redação deste artigo foi assim concebi
da: “ P ro pom os cham ar desta fo rm a à solidariedade de tipo orgânico que repousa
sobre a diferenciação das funções e a divisão do trabalho, tal como existe, por exem
plo, entre os órgãos de um corpo vivo ou entre os diversos agentes da vida econôm i
ca num a sociedade.
É útil, com efeito, ad o tar um term o preciso para distinguir esta espécie de rela
ção das outras form as de so lidariedade* , tais com o, por exemplo, a solidariedade
econômica dos trabalhadores de um a mesma profissão, a solidariedade espiritual dos
m em bros de um a m esma com unidade m oral ou religiosa, etc.”
Este term o foi objeto de um a discussão na sessão de 1? de ju lh o de 1909:
D 2 Ã Z « Ç : “ N ada na form a desta palavra sugere esse m atiz especial. Não seria m e
lhor deixá-lo disponível p ara designar a solidariedade em geral, com o f a to ou com o
lei natural, cada vez que pretenderm os afastar as apreciações de valor, a significação
m oral de que a palavra solidariedade se carregou pouco a pouco, e dela não se livrará?”
B 2 Z Çè T â « T ;
7 aceita esta opinião.
J. L τ T Â « 2 : “ Reconheço tam bém que a palav ra solidariedade é equívoca; e
7 E E
creio, nom eadam ente, que será m uito útil ter, com o foi p roposto, um term o especial
p ara designar a dependência recíproca dos m em bros e do estôm ago, a solidariedade
orgânica que resulta da divisão do trab alh o no indivíduo e na sociedade. (A ssen ti
m en to unânim e) M as não gostaria que a Sociedade de Filosofia adotasse p ara esse
uso a palavra interdependência: p o r si p ró p ria , esta palavra n ão evoca naturalm ente
a idéia em questão, mais do que qualquer o u tra fo rm a de solidariedade. D esperta
ria, antes, a idéia de um a ligação m ecânica.”
A . L τ Â τ Çá
E : “ Parece-m e haver de característico o fa to de ela assinalar um a d e
pen dên cia, quer dizer, um a heternonom ia, um constrangim ento externo. A solida
riedade científica, artística, m oral, q u ando é aquilo que deve ser, n ão veicula q ual
quer restrição, qualquer entrave à nossa liberdade. É , antes, até a sua condição.
Q uerem o-la tan to mais quando n ão a tem os, pelo menos a p artir de certo nível de
consciência e de cultura. A diferenciação orgânica, enquanto nos to rn a as o utras ne
cessárias, é, pelo co ntrário, um estado de fato , causa de crises e de lutas n a vida m a
terial, obstáculo e perigo para a vida do espírito. Coloca-nos, face aos nossos seme
lhantes, num estado de dependência e de carência, não de plenitude e de liberdade:
é desse teor a dependência recíproca do consum idor e do fornecedor, do operário
e do p atrã o , etc. O sofism a consiste em a idealizar (com o Sully P ru dhom e no seu
célebre soneto), negligenciando o caráter real de luta e de exploração que ela ap re
sen ta.”
D epois d a época em que esta discussão ocorreu, a palavra Interdependência
espalhou-se m uito, e tom ou sim ultaneam ente, na linguagem da filosofia política, um
sentido m uito particular: é usada aí com o palavra de ordem p a ra aqueles que pen
sam que é impossível estabelecer um a paz d u ra d o u ra e cada nação conservar o direi-
585 INTERESSE
Term o da linguagem corrente a d o ta a qualquer órgão determ inado e aos sen
do por E . DUPRÉEL (A causa e o in ter tidos exteriores...” Em. Sτ « è è E I , no Dic.
valo, 1933; recolhido nos E nsaios p lu ra de F 2 τ ÇT3 , VO Sens, 1581 B. “ A carac
listas, VII) e usado desde então de um a terística essencial dos fenôm enos psico
m aneira técnica por diversos filósofos p a lógicos consiste em estes não se poderem
ra representar o conjunto daquilo que dis produzir sem serem acompanhados de um
tingue o que cham am os causa* do que sentim ento interior im ediato que no-los
chamam os efeito, e, em particular, o des faz perceber; ... foi dado o nom e de sen
vio tem poral entre um a e outro . tido ín tim o a esse sentido que acom pa
R ad. in t. : Interval; em particular. In- nha todos os outros; os escolásticos
tertem ps. cham avam -lhe sin estese.” P au l J τ ÇE I ,
ÍN T IM O D. A . Innern; B. Innig; E. Tratado elem. d e filo so fia , Psicologia,
A. Internal·, B, In m osf, F. Intime·, I. cap. II, § 48. E sta expressão está hoje
In tim o. quase com pletam ente em desuso.
(In tim u s é o superlativo de que In te B. Interior (no sentido em que esta pa
rior é o com parativo. A idéia geral é pois: lavra se opõe a superficial)·, profundo;
aqu ilo que é m ais interior, nos diferentes que é relativo à essência do ser de que se
sentidos desta palavra.) trata ; que pen etra em todas as suas p a r
A . Interior (no sentido em que esta tes: “ Conhecim ento íntimo de um a ques
palavra se opõe a p ú b lico , exterior, m a tão , de um a u to r.” “ U nião íntim a de dois
n ifesto). É íntim o aquilo que está encer corpos de duas qualidades.” “ Convicção
rado, inacessível à m ultidão, reservado; ín tim a.” “ Este sentido d o esforço é de
por conseguinte, aquilo que é individual, tal form a íntimo e tão profundam ente ha
conhecido apenas do sujeito, quer aciden bitual. .. que se obscurece e quase se a p a
talm ente, quer essencialmente e p o r n a g a ...” M τ « ÇE á E B« 2 τ Ç , A percepçõo
tureza. im ediata, 2? parte , § 2.
S en tido in tim o (D. Innere Wahrneh-
m ung) foi utilizado por M aine de Biran CRÍTICA
e pela m aioria dos ecléticos com o sinôni Este term o é perigoso devido à sua du
m o de consciência*, no sentido A . “ Com pla significação: na m edida em que os
preende-se, sob o nom e de sen tid o , dois dois sentidos convêm a o m esmo tem po a
tipos de funções intelectuais: o sentido ín m uitas coisas, são confundidos quase
tim o ou consciência que não corresponde sempre n a “ conotação” desta palavra. In-
Sobre íntim o — Parece-m e que todos esses abusos resultam da aplicação mais
ou m enos feliz da palavra ín tim o , mas não de um a dualidade prim itiva de sentidos.
A expressão “ sentido ín tim o” tem de mal apenas a sem i-assim ilação da consciência
aos sentidos pro priam ente ditos. N ada haveria n o seu interior de falso ou de contes
tável, se os ecléticos tivessem visto na pessoa hum ana o pró prio fa to de dizer eu,
e, na vontade, a pró pria ação de querer: porq ue é isso, e apenas isso, que nos forne
ce o sentido íntim o. É efetivam ente assim que o entendia prim itivam ente M aine de
Biran: o seu substancialism o veio m ais tard e e foi um desvio. (J. Lachelier)
In tim o, no sentido B, e in tim idade são expressões que se tornaram m uito vivas
na linguagem contem porânea da filosofia: “ A ssegurar a nossa intim idade com o ser
( = a nossa interioridade em relação ao ser) através de um pensam ento que, de fato,
está sempre contido no ser, e por direito sempre o contém ... A aquisição da intim i
dade, ou descoberta do eu, consiste precisam ente na sua penetração no interior do
próprio ser.” L. Lτ â E Â Â E , L a presen ce to ta le, pp. 45-47.
IN T R ÍN S E C O 58X
timentos num outro ser, vivo ou não, com dual; 2? quer com vista a conhecer o es
o qual se identifica; por exemplo, quan pírito individual enquanto tipo im ediata
do nos colocam os em im aginação no lu mente observável da alm a hum ana em ge
gar de um a ab ó b ad a, de um arcobotan- ral, ou mesmo de todo espírito, qualquer
te, como se nós próprios sustivéssemos os que seja ele.
pesos que eles suportam . Cf. Sim patia.
CRÍTICA
INTRO SPECÇÃ O D. Selbstbeobach
tung·, E. In trospection; F. Introspection; Term o de origem inglesa em que p er
I. In trospezion e. tence à linguagem com um . É mais raro
O bservação de um a consciência indi e mais técnico em francês; o mesmo se
vidual por si m esm a, com vista a um fim passa com o adjetivo correspondente, uti
especulativo: 1? quer com vista a conhe lizado quase unicamente na expressão m é
cer o espírito individual enquanto indivi- to d o in trospectivo.
Sobre a Crítica — O nosso saudoso colega V íctor E gger com unicou-nos para a
prim eira redação deste artigo as seguintes observações: “ E ste term o, tendo sido ge
ralm ente associado às críticas feitas pela escola positivista contra a possibilidade da
observação intern a (ilusões individuais; falta de generalidade; fa lta de objetividade;
auto-sugestão, etc.), tom ou na nossa linguagem um m atiz pejorativ o. P o r esta ra
zão, proponho que seja substituído:
1? N o sentido geral, pela palavra reflexão-,
2? N o sentido de m é to d o in tro sp ectivo pelas três expressões seguintes, que te
riam cada um a delas a vantagem de se aplicarem apenas a um único m étodo bem
definido: a. M é to d o d o s con ceitos, ou d o s gru pos naturais, que consiste em refletir
sobre o seu pensam ento para analisar e para criticar, socráticam ente, os grupos de
fato s psíquicos qu e se encontram aí espontaneam ente form ados, e que são represen
tados n a linguagem usual pelos term os gerais: alegria, desejo, vontade, háb ito, etc.
Este prim eiro m étodo não difere, pois, m uito da especulação filosófica pro priam en
te dita. b. M é to d o d o s casos excepcionais, que consiste em notar, desde que eles ocor
rem , os fatos d a consciência individuais que se desviam do tipo vulgar sensivelmente
o b astante p ara serem notados: ilusões de percepção, imagens anorm ais, sonhos, etc.
c. M é to d o d o s exem p lo s : com binação dos dois precedentes, que consiste em verifi
car os resultados do m étodo dos conceitos pela consideração dos casos particulares
que um a anom alia m ais ou m enos m arcada to rn o u observáveis.”
A distinção destas três variedades do m étodo introspectivo foi aprovada pela maior
parte dos correspondentes. M as os term os que as designam foram geralm ente criti
cados. “ Estes três m étodos, diz M . Bernès, são m uito distintos; m as não vejo utili
dade em inventar term os técnicos p ara designar três m om entos de qualquer observa
ção científica: 1? isolar dos fatos os grupos de relações estáveis, que são com o que
os centros lum inosos de onde o espírito parte para estabelecer as suas classificações
e as suas explicações; 2? descobrir nos casos isolados os desvios principais do tipo
abstrato form ado pela primeira investigação e, em seguida, aproximar pouco a pouco
IN T R O V E R S Ã O 590
Introspecção experimental D . A usfra- para d entro, atento apenas a seu eu, dis
ge-M eth o d e (cf. Q uestion ários ); F. In traído, cheio de am or-pró prio, freqüen-
trospection expérim entale. tem ente m al ad aptado ao seu meio, opõe-
M étodo psicológico que consiste em se a extroversão, n a q ual o individuo es
subm eter um sujeito a determ inados tá orien tado p a ra o m undo exterior, so
testes* ou a experiências, m as fazendo in ciável, expansivo, dócil à m oda, amigo de
cidir o interesse sobre a descrição dad a to das as novidades.
por esse sujeito do seu estado de espírito B. (novo sentido criado por LE SE ÇÇE ,
d urante um a determ inada pro va, e não que o opõe sim ultaneamente a extrover
sobre o resultado b ru to desta (resposta são* e a introspecção*). Voltar-se sobre si
dada ou reação m anifestada). N a Alem a mesmo não para escapar ao real, nem p a
n h a cham a-se M é to d o d e W ürzburg, do ra observar a si próprio d a mesma m anei
nom e da universidade onde foi m ais am ra que a ciencia observa os fenómenos, mas
plam ente executado; mas B « Ç E I elevou, para captar a sua personalidade enquanto
existência*, ato superior a to da determina
acerca desse pon to , um a reclam ação de
ção particularizada, a todo fenómeno pen
prioridade. Ver A n n ée psych o lo g iq u e,
sado com o objeto. Introspecção e Intro
XV, 1909, p. 8.
versão opõem-se assim como num quadro
R ad. int.: Introspekt.
os porm enores se opõem à "atm o sfera” .
O bstacle e t valeur, p. 198.
IN TRO V ERSÃ O D. Introversion; F.
Introversion. IN T U IÇ Ã O L. Intuitus, intuitio; D.
A . Em J Z Ç; (P sychologische Typen, Anschauung; E. In tuition ; F . Intuition;
Zurique, 1921), tipo de caráter voltado I. In tuizion e.
tiva para designar o conhecim ento no Crítica da razão pu ra, Dial, transe., I, 1:
qual podem os pensar sim ultaneam ente “ Von den Ideen überhaupt.” 2, A 320; B
todas as noções que constituem pela sua 377. Cf. ibid., § 1, A 19; B 33. Prolegó
com binação 0 objeto de pensam ento. menos, § 8. H τ O« Â Ã Ç , M τ Çè Â , D ç à
I E E E
E assim aquilo que existia em nós pela intuição to rn a-se um corpo que se encontra
fora de nós no espaço e que é dotado de certa qualidade sensível. E, inversam ente,
o pensam ento objetivo, por outro lado, não pode produzir-se sem que um a intuição
esteja presente. P orque o pensam ento é um a espécie de objetivação, e p ara a sua
possibilidade é necessário que exista um den tro do qual se possa se p a ra r.” (II, p.
549.) Considero essencial esta passagem.
Cf. tam bém X. LÉON, L a p h ilo so p h ie de Fichte, cap. II, pp. 13 ss. Ele faz no tar
com razão que a intuição de Fichte não é aquela que K ant rejeita — quer dizer, a
intuição de um ser, de um a coisa em si — mas a intuição de um ato; e que, sem esta
intuição, já não é possível com preender a Crítica da razão pu ra.
No que diz respeito a SCHELLING:
A o adm itir p ara a intuição um a definição que se inspira na de Fichte, Schelling
faz dela um a utilização m uito mais am pla, com o se pode ver pela leitura do S istem a
d o idealism o transcendental. Eis a definição que nos dá esta últim a o b ra (tV erke,
3? vol., p. 369). C onstatan do, com Fichte, que o eu é ato puro, Schelling constata
a necessidade, p ara o reconhecer, de um m étodo diferente daquele que se refere ao
conhecim ento de objetos. O conhecim ento do eu deve ser:
“ a) Um conhecim ento absolutam ente livre, precisam ente porque todo o u tro co
nhecimento não é livre, portanto, um conhecim ento ao qual não conduzem nem p ro
vas, nem raciocínios, nem conceitos em geral — por conseqüência, um a intuição.
b) Um conhecim ento cujo objeto não é in dependente do pró prio conhecim ento,
p o rtan to , um con hecim ento que ao m esm o tem po p ro d u z o seu o b je to — um a intui
ção que é produção livre e na qual aquilo que produz e o que é produzido são idênticos.
U m a tal intuição será cha m ada intuição intelectual, por oposição à intuição sen
sível, que não aparece com o p ro d u to ra do seu objeto e na qual, por conseqüência,
o fato de aplicar a intuição é diferente daquilo a que esta intuição se refere.
À intuição intelectual corresponde o eu, porque é apenas p elo con hecim ento do
eu p o r si m esm o q u e o p ró p rio e u com o o b je to é p o s to .”
tuelle Anschauung): “ Das ist eine solche, tem , pelo contrário, que possuímos intui
durch die selbst das Dasein des O bjekts ções intelectuais; mas põem sob esta ex
der A nschauung gegeben wird, und die, pressão idéias diferentes da de K ant, ain
so viel wir einsehen, nur dem Urwesen zu da que dela derivadas, e diferentes entre
komm en k an n .” 1Crítica da razão pu ra, si: ver adiante as observações.
Estética transcendental, observações ge 2? Objetos que nos são fornecidos pe
rais, B 72. F« T7 I E e ST7 E Â Â « Ç; adm i la sensibilidade quer a p rio ri, se se adm i
tir com K τ Ç que estes existem (reine
I
“ O pensam ento transcendental deve p o rtan to ser acom panhado constantem ente
de intuição intelectual.” III, p. 369.
Eis um a o u tra passagem em que a intu ição intelectual é ap oiada por dados mais
particularm ente psicológicos. F oram extraídos da 8.a C arta filo s, so b re o d o g m a tis
m o e o criticism o ( W erke , I, p p . 316 ss.).
“ Possuím os um poder m isterioso e extraordinário de nos retirarm os das m odifi
cações do tem po, no nosso eu mais íntim o, despojado de tudo que vem do exterior,
e, aí, de ter em nós a intuição d a eternidade sob a fo rm a daq uilo que não m uda.
Esta intuição é a experiência m ais íntim a e m ais p ró p ria de nós p róprio s, da qual
apenas depende tu do o que sabem os e crem os de um m undo supra-sensível. Desde
o princípio esta intuição nos convence de que existe algum a coisa, no sentido p ró
prio desta p alavra, enquanto que tu d o aquilo a que atribuím os com um ente o term o
existir é apenas aparência. Distingue-se de to d a a intu ição sensível, n a m edida em
que é produzid a exclusivamente p o r liberdade e é estranha e desconhecida a to do
o indivíduo cu ja liberdade, dom inada pela pressão do poder das coisas, mal basta
para produzir um a consciência. C ontudo, existem tam bém para aqueles que não pos
suem esta liberdade da intuição de si aproxim ações desta intuição, experiências m e
diatas pelas quais ela faz pressentir a sua presença. Existe um certo sentido íntim o
do qual não possuím os plen a consciência e que se tende em vão a ver desenvolver-se.
Jacobi descreveu-o. E existe tam bém um a estética acabada (sendo a palavra tom ada
no seu antigo sentido) que faz executar atos em píricos que são explicáveis apenas
com o im itação deste ato intelectual, e n ão seriam absolutam ente compreensíveis se
não tivéssemos, para falar com P latão, visto um dia o modelo num m undo intelectual.
Sem dúvida que o nosso saber deve sair da experiência; mas toda experiência objeti
va é condicionada por um a outra, por um a experiência im ediata, no sentido mais estri
to da palavra, saindo de si própria e independente de toda causalidade objetiva.
E sta intuição intelectual aparece q u ando deixam os de ser objeto para nós m es
m os e q uando, voltados p a ra si m esm o, o eu que percebe é idêntico ao eu percebido.
N este m om ento d a intuição desaparecem p a ra nós tem po e duração; não estamos
já no tem po, m as o tem po, ou m elhor, a eternidade p u ra e absoluta está em nós.
N ão estam os perdidos n a intuição do m undo objetivo, m as este está perdido na nos
sa in tu iç ão .” I, pp. 318-319.
IN T U IÇ Ã O 5V4
tom a a palavra neste sentido m uito am ção intelectual” e até, p a ra falar a ver
plo e faz dela um a am pla utilização. A s dade, “ to d a intuição é intelectual” , quer
sim entendida, a intuição não nos dá ape dizer, “ põe-nos em presença do real” .
nas as coisas, m as tam bém as suas rela
ções: “ D er V erstand allein erkennt an s I . “ S ó o en ten d im en to co n h ece in tu itiv a m en te,
chaulich unm ittelbar und volkommen die d e u m a f o rm a im e d ia ta e p e rfe ita , a m a n e ira de ag ir
A rt des W irkens eines H ebels, Flaschen- de u m a a lav an ca , d e u m a r o ld a n a , e tc .”
vinhação instintiva (dos fatos ou das re ta ... A faculdade que nos ensina a ver é a
lações abstratas). “ Esse sentim ento, es intuição; sem ela a geom etria seria como
sa intuição da ordem m atem ática que nos um escritor que conhece profundam ente a
faz adivinhar harm onias e relações escon gramática, mas sem idéias.” P ëÇTτ 2 0 ,
d id a s...” P ë ÇTτ 2 0 , “ A invenção m ate Science et m éthode, p. 177.
m ática” , em Science et m éth o d e, p. 47. Sendo o sentido B o mais original des
F. ta
Aquilo que é objeto da intuição nos palavra, aquele que não pode ser subs
diferentes sentidos acim a definidos. tituído por nenhum outro (visão imediata
e atual, apresentando o mesmo caráter que
C R ÍT IC A o conhecimento sensível), propom os que
As duas fontes do uso atual da pala ela seja tom ada apenas nesta acepção; e,
vra intuição, cartesiana e kantiana, intro nos outros casos, que se utilizem tanto
duzem na conotação desta palavra duas quanto possível dos termos evidência, ins
tendências que se combinam ou se disso tinto, adivinhação, etc.
ciam consoante os casos: a prim eira é a Rad. in t .: B. Intuic; D . (no sentido cor
idéia de evidência, de plena clareza intelec respondente) Intuicaj.
tual (cf. videre, intueri ); a segunda é a de INTUICIONISM O D. Intuitionismus;
apresentação concreta, de realidade atual E. Intuitionism ; Intuitionalism ; F. Intui-
mente dada. Enquanto a primeira não con tionisme, intuitionnisme ; I. Intuizionismo.
tém nem adm ite qualquer inferência, a se A. Sentido geral: doutrina que conce
gunda não se opõe necessariamente ao uso de à intuição, sobretudo no sentido B, um
do raciocínio: existe um m odo de aplica lugar de primeira ordem no conhecimento.
ção dos princípios inseparavelmente incor B. Especialmente, diz-se na Inglaterra
porados às coisas sobre as quais se racio e na história da filosofia inglesa das dou
cina (aquilo a que ST7 Ãú E Ç7 τ Z E 2 chama trinas que admitem: 1? que o conhecimen
Verstand) e que constitui um raciocínio in to repousa sobre a intuição, no sentido A ,
tuitivo; por exemplo, a regulação de um de verdades racionais e superiores à expe
aparelho, a dem onstração dada por M ach riência; 2? que a existência de um a reali
do teorem a da hipotenusa, a dem onstra dade m aterial é diretamente conhecida, e
ção taquim étrica do mesmo teorem a, etc. não é nem inferida nem construída. (Es
P or outro lado, e pelas mesmas razões, cola Escocesa, H am ilton e os seus suces
a palavra intuição serve frequentem ente sores, Ecléticos franceses.) “ Intuitionalism
para designar ao mesmo tem po a visão is the basis o f the rational School in Epis
concreta das coisas (enquanto se opõe à temology and in Ethics, as opposed to sen
abstração) e a penetração com a qual se sationalism and utilitarianism .” 1F Â O« Ç; E
m entário e exterior pelo qual a nossa inteligência, na sua utilização vulgar, tom a do
exterior um a série de visões das coisas; m as não se deve desconhecer que esta m aneira
de captar o real não nos é natural, no estado atual do nosso pensamento; para obtê-la,
devemos pois, freqüentem ente, prepararm o-nos através de urna lenta e conscienciosa
análise, familiarizar-nos com todos os documentos relativos ao objeto do nosso estu
do. Esta preparação é particularm ente necessária quando se tra ta de realidades gerais
e complexas, tais como a vida, o instinto, a evolução: um conhecimento científico e
preciso dos fatos é a condição prévia da intuição metafísica que penetra o seu principio.
597 TNVOLUÇAO
Sobre Juízo — E sta palav ra, en quanto designa não um ato, mas um a faculdade,
só se em prega vulgarm ente na F rança (jugem ent ) no sentido C; contudo, foi utiliza
da por Bτ 2 Ç« (que, neste caso, a escreve com um J m aiúsculo) para traduzir
U rtheilskraft, na sua trad ução da Crítica do ju íz o de K ant (1846). A contece muitas
vezes, depois disso, que a palavra seja em pregada nessa acepção m uito especial. O
juízo, nesse sentido, é a faculdade de pensar o “ particu lar” (das Besondere) como
contido no universal, e a esse título o Juízo pode ser, quer determ inante* quer
reflexionante*. E sta segunda função exige, pensa ele, a intervenção d a idéia de fina
lidade, que é o objeto pró prio da K ritik d er U rtheilskraft, dividida em “ Crítica do
juízo estético” e “ Crítica do juízo teleológico” .
Sobre os diferentes sentidos da palavra Ju ízo, ver o “ projeto de artig o ” de Ch.
Serrus na R evu e d e synth èse, to m o X II (1936), pp. 217-224.
A definição psicológica do juízo (form ulada em prim eiro lugar a p artir do citado
artigo de H 2E Eá« Ç; ) foi refo rm ulada a p artir das observações de Lachelier e de
Brunschvlcg, D rouin, Pécaut, Van B ièm a e a p artir da discussão que teve lugar na
sessão de 1? de julho de 1909.
O sentido D foi adm itido sem contestação; mas observou-se que constituía uma
generalização recente, e que certos autores opõem o juízo (propriam ente dito) à as
sunção pura e simples.
JUIZO 600
Podemos incluir este sentido amplo na fórmula de Aristóteles, que parece aplicar-se
antes apenas ao caso em que o juízo constitui um a afirm ação ou um a negação f ir
mes: basta entender po r isso que os juízos adm item ainda, por natureza, a caracte
rística de poderem ser verdadeiros ou falsos, mesmo quando são declarados não ser
atualm ente nem um a coisa nem outra: por exemplo, no caso em que se põe p or “ hi
pótese” que duas retas X, Y se cruzam ; ou quando se adm ite “ por convenção” que
um núm ero colocado à esquerda de um o u tro designa as unidades dez vezes m aiores,
etc.; com efeito, essas mesmas proposições não são m enos suscetíveis, pela sua fo r
m a, de serem afirm adas ou negadas (o que não oco rreria com um a im agem, um sen
tim ento , um desejo, etc.); e a seqüência do raciocínio ou das aplicações tem mesmo
m uitas vezes por resultado conduzir-nos, em definitivo, a conferir-lhes esse caráter
de verdade ou de falsidade firm e s que é o essencial do juízo propriam ente dito. (A.
L .) V e r Lexis.
601 JU STIÇA
juízo lógico, este elemento é sempre con cujo sujeito é o pró prio indivíduo, e não
cebido como tendo um a preexistência ló mesmo a classe (de extensão 1) que con
gica independente. M esm o no juízo ana tém este indivíduo.
lítico, o predicado deve ter um sentido R ad. int.: Judik.
próprio que possa ser considerado em pri
m eiro lugar em si m esm o, fo ra da sua re Juízo de valor Ver A preciação, N o r
lação com o sujeito. m ativo, Valor.
2. Definiu-se freqüentem ente o juízo “ Juízo v irtual” N o T ratado d e lógi
lógico da seguinte form a: a afirm ação de
ca de E. G Ã ζ Â Ã : 1? a proposição sem
I
Sobre Justiça — “ Jus era originalm ente u m a p alavra cujo sentido era religioso;
este sentido subsistiu em ju ra re. A largado ao sentido laico, depois restringido a esse
sentido, ju s deu ju stu s, ju stitia , injuria·, e por com posição ju d ica re, ju d e x , dizer o
direito, aquele que diz o direito ou o ju sto. Tem os aqui, associado a ju s , a raiz que
se encontra em Òíxy. C urioso encontro, porq ue a palavra latina j u z trad u z o grego
bíxrj.
“ A raiz òtx ou ò tix , que existe tam bém em latim e em sánscrito, deu em L . dicere
e em G . òeíxvvfu, m ostrar; ôíxij, donde, através de sufixos, S íxaartjs, Síxcaos òi-
xawovvTi (segundo B 2 é τ Â , D icion ário etim o ló g ico latino- B τ « Â Â à , R a ízes gregas e
latinas). A dm irável exemplo da o ferta d a linguagem . H avia leis escritas, processos,
tribunais, juízes, sentenças. A s palavras atrás m encionadas nom eavam essas coisas.
Vieram os filósofos que quiseram nom ear idéias novas: p ed ira m à linguagem aquilo
que ela lhes podia fornecer. N ão é de adm irar, pois, que a justiça segundo P la tão
e a justiça segundo A ristóteles sejam tão estranhas p a ra a nossa m aneira de pensar.
A palavra grega òíxr\ e a palavra latina pela qual nós a traduzim os, ao serviço de
P la tão, ao serviço de A ristóteles e ao nosso serviço, n ão têm a m esm a utilização.”
(V. Egger)
JU S T IF IC A Ç Ã O 602
tantivo correspondente é, então, ju steza . timo fazer respeitar o u tra pessoa nas suas
“ Ju sto m eio ” , ver M eio. idéias, nos seus sentimentos, na sua liber
2? A o fa la r d o s hom ens dad e, na sua propriedade; bem apreciar
C . (no sentido restrito, em que esta as medidas gerais; por exemplo, as leis,
palavra se opõe mais especialm ente a ca que tendem a perm itir e a proibir certos
ridoso). Que ju lga acerca das suas rela atos, a to rn a r m ais ou m enos favorável
ções com outrem como julgaria acerca d a a situação de certas pessoas; finalm ente,
relação de duas pessoas estranhas; e que, bem atribuir, com propósito e no grau
quando ju lg a entre vários outro s, não se conveniente, os benefícios ou as penas de
deixa guiar por qualquer favor nem qual que se dispõe. O Justo (D. D er Gerech-
qu er ra n co r preexistente. Ser ju sto , nes te; E. The righteous; F. L e juste·, I. Hgius-
te sentido, é, pois, u m a qualidade essen to ) é o hom em de bem , aquele cuja von
cialmente form al, que consiste em se abs tad e é conform e à lei m oral (prim itiva
ter de procedim entos egoístas e juízos m ente e sobretu do, à lei concebida com o
parciais. . divina; cf. Ju stificação, no sentido teo
D . (sentido geral). Q ue possui um lógico). “ O ju sto o p o rá o desdém à a u
bom juízo m oral (no sentido B d a pala sên cia...” A. áE V« ; Çà , O M o n te das
v ra ju ízo * ) e a vontade de a ele se con O liveiras.
form ar. É justo, nesta acepção, o homem R ad. in t.: A . Yust; B. Ju st; C . D .
capaz de reconhecer até que p o n to é legí Yustem.
K
Sobre Lealismo — Num curioso capítulo da sua D eon tologia (1? parte, cap. XVI)
B E ÇI 7 τ
O cham a a atenção do leitor p a ra um a virtude descoberta p o r H um e e cha
m ada p or ele allegiance. É um a “ qualidade que pode torn ar-se virtude ou vício con
soante o seu o b je to ” . Se este objeto for conform e ao princípio da m axim ização da
felicidade, en tão a allegiance (sic) torna-se benevolência efetiva na m ais vasta escala.
Tudo depende da natureza do governo em proveito do qual a allegiance é reclam ada.
P ode ser um a virtude evidente ou um crim e fu n esto ... A palavra emprega-se p ara
obediência; a obediência é b o a quando o governo é bom , m á quan d o este é m au.
D eo n to lo g ia , l f parte. (L. Boisse)
Littré faz n o tar que esta palav ra, aliás pouco utilizada, exceto n a expressão “ ser
m ent d ’allégeance” (“ ju ram en to de fidelidade” ), não tem qualquer parentesco de
sentido nem de raiz com a palavra francesa allégeance to m ad a no sentido de alívio,
de consolação. Vem da m esm a raiz que lige (hom m e-lige, servo d a gleba), term o de
origem germ ânica, e por conseqüência não deve tam bém ser referido ao latim lex,
legis. Parece que se tra ta de um antigo nom e daquilo que mais tard e desem penhou
um certo papel n a filosofia m oral sob o nom e de lealism o* (E. L o y a lty , freqüente-
m ente traduzido por contra-senso por lealdade). (A . L .)
Sobre Legalidade — O sentido é praticam ente o único em que esta palavra é usa
d a em inglês. O sentido B aproxim a-se bastante de um uso teológico desta palavra
m uito com um nos escritores puritanos. (H . W ildon Carr) P aul Cτ 2 Z è propôs, para
o sentido C, as expressões L aw -in determ in edn ess, ou m elhor, L a w d o m (form ada a
partir do modelo de kingdom , freed o m , etc.). Ver Logical a n d M athem atical Thought,
p. 36; The M o n ist, janeiro de 1910.
L E G IT IM O 606
N a prova deste artigo, pusem os a seguinte questão: no sentido C, não seria p re
ferível utilizar a palavra regularidade, que tem o m esm o sentido e que é em francês
de utilização corrente?
“ De fato , pensei tom ar a palavra regularidade para traduzir o term o G esetzm äs
sig k eit” , respondeu E m . M eyerso n , “ mas duas razões afastaram -m e dessa opinião:
a prim eira é que regularidade aplica-se, na prática, àquilo que se passa na m aioria
das vezes, não àquilo que é governado por um a lei; a segunda, na m inha opinião
m uito im portante, é que legalidade vem de lei com o causalidade vem de causa. Esta
simetria antitética parece-me necessária para m elhor compreender esta distinção m uito
útil, mas m uito difícil de capta r e que se perde facilm ente de v ista” (sessão de 7 de
ju lho de 1910).
J. Lachelier, R en é B erthelot, F. M entré, L . B oisse, C. H ém on não aprovam a
utilização de legalidade no sentido C. Este últim o aceitaria de bom grado regularida
de', os prim eiros aceitam que a utilização corrente desta palavra se opõe a que dela
se faça um term o técnico, e preferem utilizar um a perífrase para traduzir G esetzm äs
sigkeit. M Ç 2 é refere particularm ente que a utilização do adjetivo determ inado bas
E I
Sobre Lei — A rtigo com pletado segundo as observações de D rouin e M entré. So
bre a história e sobre os diversos sentidos desta palav ra, ver E Z T 3 Ç , D ie G rundbe E
griffe d er G egenw art, 173-186, e G estige Ström ungen der G egenw art, B, 3.
N a época clássica, na G récia, ν ό μ ο ς tom a um a acepção especial: existem “ por
um lado, as θ ε σ μ ο ί , prescrições tan to rituais com o legislativas; não se sabe a data
da sua origem, mas não há dúvidas de que elas foram estabelecidas desde to da a eter
nidade pelos deuses... São repetidas de século em século pela tradição oral· ... Por
outro lado, existe um a lei que nad a deve à revelação, ο ν ό μ ο ς . A qui tudo é hum ano.
A lei de que se tra ta tem com o característica essencial o fato de ser escrita... aquele
que a faz liga a ela o seu nom e” . G Â Ã U , A cidade grega, p. 158. Poder-se-ia ap ro
I
deve aplicar a lei...; deve publicá-la; ... é a publicação que lhe confere o seu caráter
obrigatório. Os primeiros códigos foram gravados sobre caldeiras 1... (depois) as leis
deviam ser reunidas e afixadas sob a form a de quadros. À lei (fa) opõe-se o chou,
as prescrições (de governo) que devem perm anecer secretas, e tc .” G 2 τ Ç , O p e n E I
1. In stru m en to s d e suplício n a C h in a .
LEI 608
ção, a norm a à qual se deve conform ar A “ lei m ora!” (D. S itten gesetz,
p a ra se realizar. Em particular: Kτ ÇI ; E. M o ra l lavr, F . L o i m o ra le ; I.
1? As “ ¡eis d o espírito" (D. D enkge- L egge m orale) é o enunciado do princí
setze·, E. L a ws o f th ough t; F. L o is d e Ves- pio da ação universal e obrigatória, ao
p r it), no sentido em que esta expressão qual o ser racional deve conform ar os
designa os axiom as fundam entais aos seus atos p a ra realizar a sua au tonom ia.
quais o pensam ento se deve conform ar “ P raktische G rundsätze sind Sätze
p ara ter um valor lógico. Pensou-se d u welche eine allgemeine Bestimmung des
rante m uito tem po que se reduziam aos Willens enthalten, die m ehrere praktische
três princípios de identidade, de contra Regeln unter sich hat. Sie sind subjektiv,
dição e do terceiro excluído; m as é hoje oder M axim en , wenn die Bedingung nur
quase universalm ente adm itido pelos ló als für den Willen des Subjects gültig von
gicos que esses princípios form am apenas ihm angesehen wird; objectiv aber, oder
um a parte do sistem a m ínim o de postu praktische G esetze, wenn jene als objec
lados necessário a qualquer raciocínio. tiv, d. i., für den W illen jedes vernünfti
Ver o artigo L eis d o espirito. gen Wesens, gültig erkannt w ird .” 1Exis
2? Do ponto de vista m oral, a ‘ ‘Lei na te, aliás, segundo ele, apenas um a fórm u
tu ra l” é o princípio do bem tal com o este
la que preenche esta condição e que cons
se revela à consciência. “ Lex n aturae ni-
titui a lei m oral: “ H andle so, dass die
hil aliud est, nisi lumen intellectus insitum
nobis a Deo per quod cognoscimus quid
agendum et quid v itandum .” S. TÃOá è 1. “ O s p rin cíp io s p rá tic o s são p ro p o siçõ es q u e
áE A I Z « Ç Ã , D e d u obu s prae. ch aritatis, contêm u m a d e te rm in a ç ã o geral d a v o n ta d e à q u a l
etc., § 1. “ A lei da luz n atu ra l, que pre e s tã o su b o rd in a d a s v árias reg ra s p ráticas. S ão su b
tende que façam os a outrem aquilo que je tiv o s o u m á x i m a s q u a n d o a estip u laç ão só é co n si
d e ra d a pelo sujeito co m o v álid a pela sua p ró p ria von
querem os que nos fa çam .” M Ã Ç è - I E
tad e; o b jetiv o s, pelo c o n trá rio , o u le is p ráticas, se es
I Z « Z , E sp írito d a s leis , X , 3. Cf. ib id . ,
E
ta s fo rem reco n h ecid as co m o o b je tiv a s, q u e r d izer,
livro I, cap. II: “ Das leis da n a tu re z a .” válidas p a r a a v o n ta d e d e q u a lq u e r ser r a c io n a l.”
M axime deines Willens jederzeit zugleich da vida m ental, consideradas com o sen
als Prinzip einer allgemeinen Gesetzge do análogas às leis naturais: “ A lei do há
bung gelten k ö n n e ” 1 (ib id ., § 7). b ito ” ; 2? das condições im postas previa
3? A s “ leis de um género” em estéti m ente, arbitrariam ente, a certa tran sfo r
ca são as condições que um a o b ra deve mação m atemática: “ Uma quantidade su
preencher p a ra plenam ente realizar o jeita a variar segundo tal lei.” N ão se diz
ideal do género a que pertence. A s “ leis das razões estáticas abstratas: não se fa
da a rte ” são as condições gerais às quais la d a “ lei do q uadrado da hipotenusa”
se adm ite que um a o b ra deve satisfazer nem das “ leis das seções cônicas” .
p ara ter um valor: “ Exprim ir o ideal e o Este term o aplica-se, por extensão, a
to d a fó rm ula geral que resum e certos fa
infinito de um a m aneira ou de o u tra, é
tos n aturais, m esm o se n ão constitui um
essa a lei da a rte .” V. CÃZ è « Ç , D o Ver
enunciado fo rm al, e n ã o perm ite ded u
dadeiro, d o Belo e do Bern, 9? lição.
zir conhecimentos determinados: “ As leis
D. Fórm ula geral (constativa, não imdas
paixões, a lei do pro gresso.”
perativa) tal que déla se pode deduzir a n “ Em virtude da lei d a solidariedade,
tecipadam ente os fatos de certa ordem , existe em cada m om ento d a história to
ou mais exatam ente aquilo que esses fa do um capital social que nenhum dos nos
tos seriam se se produzissem no estado de sos contem porâneos criou, m as de que to
isolam ento: “ A lei de M ariotte; a lei da dos aproveitam diversam ente.” J τ TÃζ ,
queda dos corpos; a lei de O h m .” A p a D everes, p. 222.
lavra, neste sentido, diz-se exclusivamen Acerca destes dois sentidos, ver Louis
te: 1? das “ leis da n atu reza” sugeridas e WE ζ E 2 , “Sobre diversas acepções da pa
verificadas pela experiência, e das leis lavra ‘lei’ nas ciências e em metafísica”, Re
vue philosophique, m aio e junho de 1894.
C R ÍT IC A
1. “ A ge se m pre de m o d o que a m áx im a d a tu a
v o n ta d e possa ser a o m esm o tem p o um p rin cíp io vá 1. Distinguem-se entre as leis (no sen
lido d e legislação u n i v e r s a l / ’ tido D): 1? as leis teóricas ou fu n cion ais
term os; é, porém , verdade que vó/tos designa o mais das vezes a lei escrita, estabele
cida e prom ulgada por um legislador, ou por decreto do povo. (A . L .)
Parece-m e que um a lei, de um a m aneira geral, enuncia que qualquer coisa d ev e
ser ou acontecer, o que pode entender-se de q u atro m aneiras: 1? aquilo que não p o
de deixar de acontecer; 2? aq uilo que se deve fazer, num a arte, p a ra chegar a um
fim ; ou m elhor, aquilo que o verdadeiro artista faz p o r si m esm o através de um a
espécie de in stin to; 3? aquilo que um ser racional e livre se sente obrigado a fazer,
quer esta obrigação resulte da sua p ró p ria natureza de ser racional e livre, quer resul
te da vontade divina; 4? aq uilo que deve fazer com o cidad ão, em virtude d a vontade
do legislador. À prim eira corresponde a lei física ou m atem ática; à segunda, as leis
teleológicas; à terceira, as leis m orais e religiosas; à qu arta , a lei civil. As leis lógicas
são do prim eiro tipo enquanto exprim em um a necessidade im anente aos objetos do
pensam ento; do segundo tipo enquanto o espírito as conhece, e p ode, ainda que in
voluntariam ente, violá-las. (/. Lachelier )
Seria conveniente, parece, distinguir nitidam ente três sentidos e com o que três
contribuições diferentes n a form ação do conceito m odern o de lei: sentidos que pare
ciam prim eiram ente opor-se, m as que tendem a reconciliar-se.
1? A lei é em prim eiro lugar a idéia helénica de u m a distribuição a o mesmo tem
po inteligível e m isteriosa, que se opõe aos pró prio s deuses (j io Zq o i, re/itois, fatum ,
etc.): é constitutiva ou declarativa da p ró p ria razão; exprime-se pelo Xóyos.
LEI 610
que apresentam a form a de um juízo hi esse procedim ento às tradições gregas,
potético da 1? classe (todas as vezes que que são, aliás, as d a m aior p arte dos po
A é B, segue-se que C é D); 2? as leis his vos. P odem os disso aproxim ar o célebre
tóricas, que enunciam que um processo discurso de A ntígona, n a peça do mesmo
resulta num a determ inada m aneira, ou nom e de S5EÃTÂ E è (V. 439-468).
que as coisas se dispõem num a certa o r Se consideram os Deus com o criador
dem , p. ex.: “ A lei d a evolução; a lei de ou com o arquiteto do U niverso, somos
Bode; as leis de K epler.” Alguns lógicos, levados a representar-nos as regularida
particularm ente A drien N τ â« Â Â E , recu des da natureza com o efeito das regras
sam o nom e de lei a esta últim a espécie que ele lhe prescreveu. Daí a idéia de “ leis
de fórm ulas. Ver A n oção de lei h istóri da n atu re za” concebidas prim eiram ente
ca em C om ptes rendus du Congrès d e Ge- como decretos im perativos de Deus, aos
nève, 680-687. quais as coisas algum as vezes desobede
2. Os diferentes sentidos d a palavracem: encontra-se acidentalm ente a doen
lei são escalonados em série contínua, e ça caracterizada em P Â τ I ã Ã pelo fato de
ligados por transições estreitas entre dois O sangue se m odificar Traça t ò u s rijs <pú-
sentidos limites: o de regra im perativa, creúii vó/ious ( Tim eu , 83 E), quer dizer,
an terior aos fatos que rege; o de fórmuJa contrariam ente à idéia do corpo hum a
geral, estabelecida a p o ste rio ri pelo estu no norm al. M as esta expressão só se to r
do dos fatos de que ela é a lei. É visível nou usual n a época dos estoicos. Foi re
que o prim eiro sentido é original e que re to m ad a no início d a filosofia m oderna
sulta de um a reflexão m uito antiga sobre com um significado nitidam ente religio
as prescrições, escritas ou não, que regem so: “ O pus quod o p eratu r Deus a princi
a atividade de todo grupo social. A que pio usque ad finem , sum m aria nempe na-
las cuja origem é desconhecida são refe turae le x ...” (Bτ TÃÇ , D e d ign itate, III,
ridas aos Deuses ou a Deus. É o que já cap. IV .) “ [Deus] m an tém to das as p a r
Só T2 τ I E è fez, na passagem de X enofon- tes d a m atéria na m esm a fo rm a e com as
te indicada mais acima; conform a-se com mesmas leis que lhes fez observar n a sua
cria ção... E não estando Deus sujeito a estudo da m edicina experim ental, 1? p a r
m udar e agindo ele sempre d a mesma m a te, cap. I, e 2? parte , cap. I. Dizemos
neira, podem os chegar ao conhecim en pois, deste ponto de vista, que to d a a lei
to de certas regras a qu e eu cham o a s leis que não seja sem pre obedecida é um a lei
d a n a tu reza .” D E è Tτ 2 I E è , P rin cípios, aproxim ativa; e, a p artir de então, com
II, 36 e 37. C f. M« Â Â, L ógica, livro III, pletam ente despojada de qualquer cará
cap. IV. ter norm ativo, to m a o sentido lógico de
M as, por um lado, o interesse princi finido em D.
pal destas leis, na ausência de u m a causa Estes dois sentidos-limite são precisos
final que nós ignoram os, encontra-se n a e estáveis; mas a utilização d a palavra lei
sua relação com as aplicações e com as é justam ente falaciosa enquanto recobre
previsões que elas perm item ; por o u tro , m uito freqüentem ente conceitos m al de
a experiência m ostra-nos que n ão existe finidos e fluidos, que participam vaga
qualquer desvio que seja análogo em re m ente de um e de o u tro . É este o caso,
lação a essas leis ao que é o crim e o u a particularm ente, no célebre início do E s
fa lta em relação às leis civis e m orais: p írito das leis, de M ÃÇI E è I Z « E Z : “ Aè
“ N ão existe na natureza n ad a de confu leis, na sua significação m ais am pla, são
so nem de anorm al; tudo se passa segun as relações necessárias que derivam da n a
do leis que são absolu tas... A palavra ex tureza das coisas; e, neste sentido, todos
ceção é anticientífica: desde que as leis se os seres possuem as suas leis... H á , p o r
jam conhecidas, não poderá haver exce tanto, um a razão primitiva; as leis são re
ções.” Claude BE 2 Çτ 2 á , In trodu ção ao lações que se encontram entre elas e os
ser qualitativa (leis que exprim em m atem aticam ente m édias ou totais), por o u tro la
do, nada pro va que não h aja relações qualitativas suficientem ente fixas p a ra perm i
tir o enunciado de um a fórm ula hipotética que afirm e que o prim eiro term o é sem
pre acom panhado, ou seguido, do segundo (se um anim al é m am ífero, é vertebrado;
se dois corpos de tem peraturas diferentes forem postos em contato, o m ais quente
cede calor ao mais frio). {A . L .)
A m aneira pela qual Descartes define as leis da natureza m o stra que ele tinha
essencialmente em vista aquilo a que nós hoje cham am os os p rin cíp io s de conserva
ção. A convicção de que essas leis não estão sujeitas a nenhum a exceção, a nenhum a
desobediência análogas àquilo que o crime é em relação às leis civis, é um a convic
ção recente, e p a ra a qual se encontram ainda, em alguns espíritos, exceções. (E . M e-
yerson )
M arsal comunicou-nos um texto de Q Z E è Çτ à , O direito natural, onde estão mis
tu radas intim am ente as diversas idéias representadas ou sugeridas pela palavra: “ As
leis naturais são ou físicas ou m orais. Entende-se aqui p o r lei física o curso ordenado
de qualquer acontecim ento físico da ordem natural evidentemente m ais vantajosa
para o gênero hum ano. Entende-se aqui por lei m oral a regra de qualquer ação h u
m an a da ordem m oral, conform e à ordem física evidentemente mais vantajosa para
o gênero hum ano. Essas leis form am no seu conjunto aquilo a que se cham a a lei
natural. Todos os homens e todos os poderes hum anos devem estar subm etidos a
essas leis soberanas. Instituídas pelo Ser Suprem o, são im utáveis, irrecusáveis, e as
m elhores leis possíveis, por conseqüência, a base do governo mais perfeito, e a regra
fundam ental de todas as leis positivas; porq ue as leis positivas são apenas leis de m a
nutenção, relativas à ordem n atural e v id e n t e m e n t e m a i s v a n t a j o s a p a r a o g ê n e r o h u
m a n o .”
LEI 612
diferentes seres, e as relações desses diver R ad. in t . : (no sentido de lei positiva
sos seres entre si... Essas regras são uma e no sentido de lei física) Leg (Boirac ); (no
relação constantemente estabelecida: entre sentido de regra im perativa ou apreciati
um corpo movido e um outro corpo m o va) N orm .
vido, é segundo as relações da massa e da
velocidade que todos os movimentos são Leis do espírito D . Denkgesetze; E. A .
recebidos, aum entados, dim inuídos, per B. L a ws o f thought; C. M enta! laws; F.
didos; cada diversidade é uniform idade, L o is d e l ’esprit; I. L eg g i d ei pen siero.
cada m udança é constância... Mas é tam A . A xiom as fundam entais aos quais
bém necessário que o m undo inteligente se o pensam ento deve conform ar-se para ser
ja tão bem governado com o o m undo físi válido.
co; porque, ainda que este tenha também B. Os mesmos axiom as, considerados
leis que, pela sua natureza, são invariáveis, com o aplicados necessariamente pelo
não as segue constantemente como o m un pensam ento n a representação que form a
do físico segue as suas... [O homem] p o do m undo exterior, e, por conseguinte,
dia, em todos os momentos, esquecer o seu com o quadros desta representação.
criador: Deus lembrou-lho através das leis C. Leis (no sentido D desta palavra)
da religião; podia, em todos os momentos, que os fenôm enos psíquicos seguem quer
esquecer-se de si mesmo: os filósofos no seu desenvolvim ento (leis genéticas,
avisaram-no através da m oral; feito para quer nas suas relações entre si e com os
viver na sociedade, ele podia esquecer os fenôm enos físicos (p. ex., leis da associa
outros; os legisladores o fizeram voltar aos ção das idéias; leis de Fechner).
seus deveres através das leis políticas e ci
C R ÍT IC A
vis.” Livro I: D as leis em geral, cap. I.
H á n ão só, neste capítulo, assimila A dm itiu-se durante m uito tem po que
ção factícia das “ leis” civis e das “ leis” havia apenas quatro leis d o espírito, no
físicas, m as tam bém destas últim as com sentido A , e que as podíam os dividir em
as “ leis n atu ra is” tom adas no sentido de dois grupos: IP os três princípios de iden
regras morais. Finalmente, essas “ leis na tidade, de contradição, do terceiro excluí
tu ra is” são elas próprias concebidas co do, princípios necessários e suficientes pa
m o realidades sem iplatônicas, que expri ra todos os raciocínios form ais e que,
mem a natureza ou a Idéia do ser ao qual aliás, se consideravam , em geral, com o
se aplicam: “ A ntes de todas estas leis es enunciados diferentes de um só e m esmo
tão as da n atureza, assim cham adas p o r axioma; 2? o princípio de “ razão suficien
que derivam unicam ente d a constituição te ” , de “ possibilidade da experiência” ,
do nosso se r.” (Ib id ., cap. II.) Todos es ou “ de universal inteligibilidade” , con
tes equívocos ainda subsistem n a lingua siderado como o princípio dos raciocínios
gem filosófica contem porânea e contri concretos que se aplicam às coisas reais
buem p ara m an ter a ilusão de um a m o (cf. L E « ζ Ç« U , M o n a d o lo g ia , 31-32;
ral da natureza, de que poderia extrair, Kτ ÇI , Crítica da razão pu ra , A nalítica
de leis científicam ente con statadas , um transcendental, livro II, cap. II; ST7 Ãú E
sistem a de regras n orm ativas de condu Ç7 τ Z E 2 , D a quádrupla raiz da razão su
ta. Cabe, pois, criticar m uito cuidadosa ficien te; H τ O« Â I ÃÇ , L o g ic, I, Lect. V;
mente to das as fórm ulas deste gênero, e E « è Â E 2 , W örterbuch, Vo D enkgesetze, I ?
em particular substituir a palavra lei, sem edição, p. 152).
pre que isso seja possível pelos termos não P E τ ÇÃ , Rü è è E Â , C ÃZ I Z 2 τ I m o stra
equívocos “ princípio” ou “ fórm ula” na ram p ela análise lo gística dos racio cín io s
ordem científica, “ im perativ o” ou “ re q u e, no que diz resp eito à p rim eira cla s
gra apreciativa” na ordem norm ativa. se, os três p rin cíp io s acim a en u m erad o s
613 “ LEXIS”
sâo irredutíveis, e que, p o r outro lado, cia supõe verdadeiras sem delas fazer um a
existem outros, igualmente necessários ao demonstração, pedindo-as de outras ciên
raciocínio e que não se pode, então, li cias (L ogik, § 39). N ão conheço outros
m itar o seu núm ero. Ver particularm en exemplos desta utilização.
te o artigo de L. CÃZ I Z 2 τ I , “ Oè prin R ad. i n t Lem.
cípios das m atem áticas” (R evu e d e m é
LETA R G IA G. \η θ α ρ γ ί α (H « ú ó T2 τ
taph ysique, janeiro de 1904).
IE è ); D. Lethargie, Schlafsucht; E . Le-
Cabe presum ir que o mesmo é válido thargy; trance (mais am plo , diz-se tam
para o princípio de razão suficiente. Ver bém do êxtase, da catalepsia, etc.); F. Lé-
P rin cípio e R azão. thargie-, I. Letargia.
P o r estas razões, e em conseqüência Estado patológico caracterizado pelo
do equívoco que existe entre os sentidos entorpecim ento, o esquecim ento (k-ή θ η ),
A , B e C , a expressão leis d o espírito é a inação (α ρ γ ί α ), a sonolência ou m es
m uito vaga, e deve ser substituíd a sem m o o sono to tal.
pre que seja possível p o r um a fó rm ula Este term o, m uito utilizado nos sécu
que não se preste à confusão. los XVII e X V III n a linguagem m édica,
Lei do interesse Ver Interesse-, lei d e tornou-se m enos usual no século X IX .
Foi retom ado por C 7 τ 2 TÃI , que dividia
Fechner, lei psico física , ver Fechner; lei
os fenômenos hipnóticos em três graus,
d o s grandes n úm eros, ver N ú m ero.
considerados com o estados cada vez mais
LEM A G. aquilo que se tom a profundos da hipnose: letargia, catalep
(como aceito), assunção; algum as vezes, sia*, sonam bulism o*. E sta divisão n ão é
tese. Diz-se em particular das premissas considerada hoje com o correspondente
do silogismo ( T ópicos, V III, 1, lS tM l)1. aos fatos.
D. Lehnsatz', E. Lem m a; F. Lemme-, I. R ad. int.: Letargi.
L em m a.
“ L E X IS ” D o G . Xe£is, palavra, ex
Proposição prelim inar cuja dem ons
pressão.
tração prévia é necessária p ara dem ons Enunciado suscetível de ser dito ver
tra r a tese principal que se pretende esta
dadeiro ou falso, m as que é considerado
belecer. apenas no seu conteúdo, e sem negação
NOTA nem afirm ação atuais; é esse, por exem
plo, o caráter d a p ro posição infinitiva em
Kτ ÇI deu a esta p a lav ra u m o u tro latim : “ Sapientem solum esse b eatu m .”
sentido: os lem as (L eh nsátze, lem m ata) Ed. G Ãζ Â ÃI definiu esta idéia com pre
são, diz ele, as proposições q u e u m a ciên cisão, m as de um a m aneira mais restrita,
sob o nom e de ju íz o virtual, que ele opõe
a ju íz o atual: “ Os juízos virtuais de que
1. Existem n a ed ição B ek k er (ed. d a A cad e m ia
d e B erlim ), à qual se r e p o rta m a s refe rên cias, u m a
acabam os de falar são juízos com pletos:
série de erro s de p ag in ação . A p ág in a c ita d a é , de fa têm o seu sujeito, o seu atributo, a sua
to , a nP 152. cópula, to das as suas características for-
Sobre Lem a — Este term o, retirado da linguagem dos geóm etras, foi prim eira
m ente utilizado, parece, p o r E è ú « ÇÃ è τ (ver É tica, parte II: lem as so bre os corpos).
(F. M en tré )
A utilização kantiana n ão será um a simples extensão da utilização m atem ática
n a m edida em que, nesta, os lem as são estabelecidos fo ra da série das dem onstra
ções, onde em seguida se introduzem ? (C. C. J. W ebb)
L IB E R A L IS M O 614
mais: só lhes falta a crença.” Lógica, cap. poder judicial em relação ao poder exe
II, § 50. M as esta expressão é um pouco cutivo e d ar aos cidadãos o m ais possível
longa para o uso corrente, e apresenta o de garan tias contra a arbitrariedade do
inconveniente de ter também um outro sen governo. Os liberales (prim eira utilização
tido, quando se diz que “ o conceito é um do termo) são o partido espanhol que, por
juízo virtual” (um a função proposicional). volta de 1810, quis in tro duzir na E spa
Os escolásticos utilizavam já esta n o n h a o parlam ento de tipo inglês. O põe-
ção, mas num caso especial (a teoria das se a au toritarism o.
proposições m odais) sob o nom e de dic- B. D outrina político-filosófica segun
tu m *. Ver M odalidade* p ro b lem á tica , do a qual a unanim idade religiosa não
P roposição. Cham avam “ com plexo sig- constitui um a condição necessária de um a
nificabile” ao objeto de pensam ento, real b o a organização social, e que reclama pa
ou irreal, correspondente à lexis como aci ra todos os cidadãos a “ liberdade de pen
m a foi definida. Ver H um bert É Â « E , O sam ento” .
“ com plexo significabile” , tese de d outo C. D o u trin a econôm ica segundo a
ram ento em letras, 1937. qual o E stado não deve exercer nem fu n
LIBERA LISM O D. L iberalism us em ções industriais, nem funções comerciais
todos os sentidos; Preisinn, sobretudo no e não deve intervir nas relações econôm i
sentido C; Freiheitssinn no sentido D; E. cas que existem entre os indivíduos, as
Liberalism; F. Libéralisme ; I. Liberalismo. classes ou as nações. Diz-se m uitas vezes,
A. D outrina política segundo a qualneste sentido, L iberalism o econôm ico.
convém au m entar tanto quanto possível Opõe-se a E statism o, ou mesmo mais ge
a independência do poder legislativo e do ralm ente a Socialism o.
de dúvida, se disso houvesse necessidade, a convergência dos conceitos prim eiram en
te definidos separadam ente; em segundo lugar, porque, neste caso, existe pelo m enos
um caráter diferencial claro, a culpabilidade ou a perversidade possível do ser do qual
se diz que é livre no sentido D , enquanto que não poderia tratar-se de nada disso no
sentido E; finalm ente, as próprias notas de alguns correspondentes, particularm ente
esta: “ O texto citado de M arión corresponde a algo com pletam ente diferente d a li
berdade verdadeira, na acepção m etafísica e integral da palavra: esta exprim e a h ar
m onia total, o equilíbrio perfeito de todas as condições subjetivas e objetivas, espon
tâneas e reflexivas, sofridas ou consentidas, ratificadas ou postas pela vontade de um a
atividade pessoal. Cf. o texto célebre da Q uarta M ed ita çã o , de Descartes, onde ele
opõe esta liberdade perfeita à liberdade de indiferença ‘que parece m ais um defeito
no conhecim ento do que um a perfeição na von tade’. Cf. tam bém E è ú « ÇÃè τ : ‘Illum
liberum esse dixit, qui sola ducitur ra tio n e ’ {Ética, IV, 68). Assim entendida, a liber
dade é ao mesmo tem po a conquista d a hom ogeneidade interior e da adapta ção total,
o sib i constare e o to ti m u ndo et D eo se inserere." (C arta de M au rice Blondet)
Vê-se aqui to d a a diferença (provisória ou não , pouco im porta) que existe entre
o sentido D e o sentido E.
C. H ém on escreve no mesmo sentido: “ Seria necessário consagrar um a divisão
especial à liberdade considerada como libertação interior, conquista e posse de si mes
m o pela reação da vontade ou da inteligência refletida contra as paixões e em geral
contra todas as fatalidades subjetivas; passagem da “ paixão” à “ a ç ão ” , d a servidão
à libertação moral'. 1? no sentido estoico: K iíçtos ε χ ά σ τ ο υ ε σ τ ϊ ν ο τ ώ ν ί ι π ’ ε χ ε ί ν ο ν
θ ε λ ο μ ε 'ν ω ν ή μ η θ ¿Κ α μ ί ν ω ν ε χ ω ν τ η ν ε ξ ο υ σ ί α ν , eis τ ο π ε ρ ι π ο ι ή α α ι η α φ ε λ έ σ θ α ι .
'O a ris ο ΐ ι ν ε λ ε ύ θ ε ρ ο ί ε ί ν α ι β ο ύ λ ε τ α ι , μ ή τ ε θ ε λ ε τ ω τ ι μ ή τ ε φ ε υ -γ ε 'τ ω τ ι τ ω ν ε π ’ ά λ λ ο ι ί
• ε ι δ ε μ ή , δ ο ν λ ε ύ ε ι ν à v á y x η . ( E P I C T E T O , M anual, X I X , 2 ) .
617 L IB E R D A D E
é-se livre de fazer tu d o aq uilo que não é dá-se-lhe geralm ente um valor apreciati
proibido pela lei, e de recusar fazer tu do vo . Esta palavra designa então não só o
aquilo que ela não ordena. “ A livre co grau mais o u m enos elevado de indepen
m unicação dos pensam entos e das opi dência que o indivíduo possui em relação
niões é um dos direitos mais preciosos dos ao gru po social de que faz parte, mas
hom ens; todos os cidadãos podem pois tam bém o grau de independência que se
falar, escrever, im prim ir livrem en te, ex considera n o rm al e d esejá vel com o cons
ceto qu ando isso corresponde ao abuso tituindo um direito e um valor m oral. “ A
dessa liberdade nos casos determ inados liberdade consiste em poder fazer tu do
pela lei.” D eclaração d o s direito s d o ho aquilo que não preju dica o u trem .” D e
m em , de 1789, art. XI. claração de 1789, a rt. IV. “ A liberdade
As “ liberdades políticas” [political li- consiste em depender apenas das leis.”
berties·, M« Â Â, On liberty, I) são os direi VÃÂ I τ « 2 E , P en sam en tos acerca d o g o
tos reconhecidos ao indivíduo en quanto verno, V II. Ver tam bém o texto de Aug.
esses direitos lim itam o poder do gover CÃOI E , citado mais adiante em E. E sta
no: liberdade de consciência, liberdade in palavra, neste sentido, opõe-se, por um
dividual, liberdade de reunião, existência lado, a licença, por o u tro , a opressão.
de um a constituição, self-govern m en t,
exercício do poder por representantes elei 3? S en tido p sico ló g ico e moral:
tos, etc. D. (oposto à inconsciência, ao im pul
C . Pelo co ntrário, quando se to m a a so, à loucura, à irresponsabilidade ju rí
palavra liberdade num sentido absoluto, dica ou m oral). E stado do ser que, quer
2? No sentido espinosista: “ O hom em livre, quer dizer, aquele que vive apenas
segundo os conselhos da razão, não é dirigido n a sua co nduta pelo tem or d a m orte,
mas deseja diretam ente o bem , e tc .” E è ú « ÇÃè τ , É tica, IV, prop. LX V II. C f. todo
o livro V: “ D e lib é rta te.”
3? N o sentido de J. S. M « Â Â : “ ... Este sentim ento do nosso poder de m odificar
o nosso próprio caráter se o quiserm os é precisam ente o sentim ento de liberdade m o
ral de que tem os consciência. U m a pessoa sente-se m oralm ente livre quando sente
que os seus hábitos e as suas tentações não a dom inam , m as que ela os dom ina; q uan
d o , m esm o cedendo, ela sente que poderia resistir-lhes, que se quisesse reprimi-los
absolutam ente não lhe seria necessária um a força de desejo m aior do que aquela de
que é cap az.” J. S. M « Â Â , L ó g ica , V I, cap. II, § 3.
S obre a relação d a liberdade m oral (n o s sen tid o s D e E) co m o indeterm inism o.
A liberdade, aquela que captam os em nós, é a consciência d a ação exercida por
um a idéia, a saber, a idéia do m áxim o de independência que, sob a dupla relação
da causalidade e da fin a lid a d e, pode atingir o eu que concebe o universal.
Esta idéia do máximo de independência possível em relação a todas as outras causas
e a todos os outros fins ten de a realizar-se a o conceber-se e pro duz assim um a inde
pendência progressiva.
A liberdade, segundo esta d o u trin a, n ão é e não pode ser um a realidade já feita
e já d ad a à consciência, é um universal que se realiza, é um progresso (ver A liberda
d e e o determ inism o).
P a ra ser qualificado livre, m ais do que n ão livre, e sobretu do m o ra l, mais do que
im oral, um ato não pode ser estranho à categoria de qu alidade. P a ra estar em rela
ção com o eu, atribuível e im putável m ais ao eu do que a qualquer o u tra causa, não
po de ser estranho à categoria de relação e sobretu do de relação causal ou de causali-
L IB E R D A D E 618
dade. Finalm ente, para ser intencional, inteligente e p o r isso m esm o inteligível, para
ser sobretudo bo m ou m au, não pode ser estranho à categoria de fin a lid a d e. É por
isso que, segundo a d o u trin a exposta em A liberdade e o determ in ism o, a idéia de
liberdade, a idéia segundo a qual os futuro s não são necessariamente causados e d e
term in ados sem a nossa ação e sem a nossa cau salidade pró pria perseguindo um fim ,
é ela própria a categoria suprem a da ação, quer dizer, a idéia diretora de qualquer
ação e sobretudo da ação m oral, idéia que se realiza por um a sem pre crescente a p ro
xim ação e um a crescente reflexão sobre si m esmo. (A . Fouillée)
A palavra liberdade tem para mim um sentido interm ediário entre aqueles que
habitualm ente se dão aos dois term os liberdade e livre-arbítrio. P o r um lado, creio
que a liberdade consiste em a pessoa ser totalm ente ela m esm a, em agir em confor
m idade consigo: isto seria, pois, num a certa m edida, a “ liberdade m o ra l” dos filó
sofos, a independência da pessoa face a tudo aquilo que não é ela. M as não é inteira
m ente essa liberdade, porque a independência que descrevo não tem sempre um ca
ráter m oral. A lém do m ais, não consiste em depender de si com o um efeito da causa
que o determ ina necessariamente. P o r aí eu regressaria ao sentido de “ livre-arbítrio” .
E , todavia, não aceito tam bém com pletam ente esse sentido, n a m edida em que o livre-
arbítrio, no sentido habitual do term o, im plica a igual possibilidade dos dois co n trá
rios, e não se pode, n a m inha opinião, form ular ou sequer conceber aqui a tese da
igual possibilidade dos dois contrários sem nos enganarm os gravem ente acerca da
natureza do tem po. P o d ería, pois, dizer que o objeto d a m inha tese, acerca deste
ponto particular, foi precisam ente encontrar um a posição interm ediária entre a
“ liberdade m o ral” e o “ livre-arbítrio” . A liberdade, tal com o a en tendo, está situa
da entre estes dois term os, mas não a igual distância de um e d o outro . Se fosse
619 L IB E R D A D E
saios, livro II, cap. 21. “ A liberdade ver deixá-la em repouso, ou a movê-la de um
dadeira encontra-se sempre inerente e su lado e não do o u tro , não existe razão p a
bo rd in ad a à ordem ta n to hum ana com o ra um tã o grande efeito senão a sua von
exterior... A nossa m elhor liberdade con tade, pela qual ele me parece soberana
siste em fazer tan to quanto possível pre mente livre.” BÃè è Z E I , Tratado d o livre-
valecer as boas tendências sobre as m ás.” arbítrio, cap. II. “ O hom em crê-se livre:
Aug. C ÃOI E , C atecism o p o sitivista , 4? em outros termos, dedica-se a dirigir a sua
conversa. atividade com o se os m ovim entos d a sua
F . (oposto a determ inism o). consciência, e por conseqüência os atos
1? P oder de agir sem o u tra causa que que dela dependem... pudessem variar pe
não seja a própria existência deste poder, lo efeito de algo que está nele, e que n a
quer dizer, sem qualquer razão relativa da, nem sequer aquilo que ele é antes do
ao conteúdo do ato com etido. últim o m om ento que precede a ação, pre
‘‘Q uanto m ais pro curo em mim mes determ ina.” RE ÇÃZ â« E 2 , Ciência d a m o
m o a razão que me determ ina, mais sin ral, I, 2.
to que não existe o utra senão a m inha A indeterm inação d a vontade relati
vontade: sinto desta fo rm a claram ente a vam ente ao seu objeto sob esta fo rm a
m inha liberdade, que consiste unicamente chama-se em geral liberdade d e indiferen
num a tal escolha. É o que me faz com ça* (ver m ais ad iante a Crítica).
preender que sou feito à imagem de Deus; 2? P oder pelo qual o fundo individual
porque, não havendo n ad a na m atéria e inexprimível do ser se manifesta e se cria
que o determ ine a m ovê-la mais do que a em parte ele pró p rio nos seus atos — po-
der de que tem os consciência com o de menos anteriores, dos quais resulta segun
um a realidade ¡m ediatam ente sentida, e do leis que o determ inam rigorosam ente
que caracteriza um a ordem de fatos em em relação a estes; 2? os fenôm enos as
que os conceitos do entendim ento, e es sim encadeados, não sendo coisas em si,
pecialmente a idéia de determ inação, per m as simples representações, têm , por o u
dem qualquer significação. “ Chama-se li tro lado, causas intem porais que não são
berdade à relação do eu concreto com o fenômenos, e a sua relação com essas cau
ato que ele comete. E sta relação é indefi sas constitui a liberdade: “ Sie müssen
nível, precisam ente porque som os livres: selbst noch G ründe heben, die nicht E rs
analisa-se, com efeito, um a coisa, m as cheinungen sind. Eine Solche intelligibe-
não um progresso; decompõe-se a exten le U rsache aber w ird, in A nsehung ihrer
são, mas não a d u ra ção ... É por isso que Causalität nich durch Erscheinungen bes
qu alquer definição da liberdade d a rá ra tim m t... Die W irkung k an n also in A n
zão ao determ inism o.” H . B 2 ; è Ã Ç , E
sehung ihrer intelligibelen U rsache als
Ensaio sobre o s d a d o s im ediatos d a cons f r e i, u nd doch zugleichen in A nsehung
ciência , p. 167. der Erscheinungen als Erfolg aus densel
G. Liberdade “ inteligível” , “ tra n sben nach der N othw endigkeit der N atu r
cendental” ou “ num enal” , que consiste, angesehen w erden .” 1 C rítica da razão
segundo Kτ ÇI , em que a explicação
com pleta de qualquer fenôm eno dad o é
1. “ Eles p ró p rio s po ssuem razões d e ser q u e não
dupla: 1? enquanto este fenôm eno a p a são fen ôm enos. O ra , u m a tal causa inteligível, n o que
rece no tem po, devemos ligá-lo a fenô- diz respeito à su a causalid ad e, não é d eterm inada por
segundo caso, será o conceito, o raciocínio ab strato , etc. Finalm ente, definiria a li
berdade m etafísica (quer espinosista, quer kantiana) com o sendo a independência
em relação a um a ordem de causas. (E. H a lévy ) P arece-m e difícil excluir do sentido
psicológico (e m oral!) a acepção em que E spinosa to m a a palavra lib erd a d e : e reci
procam ente os epicuristas ou os cartesianos, partidários d a liberdade de indiferença,
vêem aí certam ente um poder m etafísico. Creio que o m esm o se p assa com Bergson.
E, por conseqüência, exceto p a ra K ant, que distingue expressam ente vontade em pí
rica e liberdade numenal, parece-me impossível separar um a da outra estas duas classes
de sentidos. Além do m ais, a definição que faz da liberdade m etafísica a indepen
dência em relação a um a ordem d e causas parece-m e convir a qu alquer liberdade:
a queda livre é a independência em relação às o utras forças que n ã o o peso; a liber
dade política, a independência em relação à arbitrariedade governam ental; a liber
dade estóica, a independência em relação às paixões, etc. D iria antes, partindo daí,
que a idéia de liberdade ab so lu ta , que se poderia ch am ar m etafísica, nom eadam ente
enquanto se opõe à n atureza, consiste num a espécie de p a ssagem ao lim ite:
representam o-nos a ação com o liberta sucessivamente destas e daquelas ordens de
causas, até ao p o n to em que ela se to rn a estranha ao m esm o tem po a to d a s as ordens
de causas, quaisquer que elas sejam . M as é m uito contestável a legitim idade desta
operação. (A . L .)
A confusão assinalada entre os diversos sentidos psicológicos e m orais da p ala
vra liberdade (sentidos D , E, F , 1? e 2?) provém de um erro, pretendido ou não,
da análise; ela produz-se quer nu m a filosofia principalm ente objetiva e intelectualis-
ta que, sem ch am ar a atenção sobre as tendências, sobre a atividade em si m esm a,
se limita a revelar-lhe o caráter tan to racional com o empírico; quer num a doutrina
imediatamente sintética e concreta, para a qual idéia racional e representação são forças
621 L IB E R D A D E
pu ra, A ntinom ia da razão pura, 9? seção, exem plo, quando um hom em não pode
A 537; B 565. C f. K ritik d er p ra k . Ver votar no sentido que lhe conviria, porque
nunft, “ Kritische Beleuchtung” 1, do § 7 perderia um lugar que lhe é necessário.
ao fim ; e ST7 Ãú E Ç7 τ Z E 2 , Ü ber dieF re- E , no caso do pró p rio doente, a im possi
h eit des m enschlichen W illens , cap. V. bilidade de agir desta ou daquela fo rm a
não é, o m ais das vezes, um a im possibi
CRÍTICA lidade física real, m as apenas a am eaça
1. O sentido A é vulgarm ente desig de um agravam ento do seu m al, ou de
nado, no que se refere às ações hum anas, um a com plicação m ortal, se agisse com o
sob o nome de liberdade físic a -, é essa que o faria norm alm ente. A expressão liber
falta ao doente, ao prisioneiro, etc. O ter d a d e externa seria, pois, preferível.
m o é um pouco estreito, porque o fato 2. A liberdade, no sentido C (políti
de não poderm os fazer o que querem os ca), não pode definir-se por um a ausên
devido a um constrangim ento entra fre- cia total de constrangim ento exercido so
qüentem ente na m esma categoria: p o r bre 0 indivíduo, o que seria incom patí
vel com a p ró p ria existência de um a so
ciedade. E la não consiste tam bém , com o
fe n ô m e n o s... A açâo p o d e, p o is, d o p o n to d e v ista freqüentem ente se diz, n a supressão de
d a su a causa inteligível, ser c o n sid e ra d a co m o livre, um constrangim ento anterior qualquer
e c o n tu d o , d o p o n to de vista d o s fen ô m en o s, co m o
um fa to que resu lta dos seus e n cad e am en to s segun
porq ue não é raro ouvir objetar a tal su
d o a necessidad e n a tu r a l.” pressão que esta seria “ não a liberdade,
1. “ E sclarecim ento c rític o .” m as a licença” . O conceito de liberdade,
quer elementares, quer com postas1. N os dois casos um poder p ró p rio resulta p ara
a consciência individual d a substituição nela das idéias claras e distintas ou racionais
às percepções confusas. A gir racionalm ente em vez de agir em piricam ente corres
ponde a aum entar o seu p o d e r efe tivo , porq ue isso é pôr mais unidade em si e m e
lhor harm onizar as suas ações com um a ord em exterior, hum an a, universal ou divi
na. A afirm ação d a liberdade assim entendida é a afirm ação, d o p onto de vista obje
tivo, da superioridade d o universal e do necessário sobre o individual e sobre o con
tingente.
O s sentidos F resultam da dissociação d a idéia e da tendência, do entendim ento
e d a vontade.
O prim eiro, m uito ab stra to , pode estabelecer-se d a seguinte form a: ordem ou de
sordem , racionalidade o u irracionalidade, n o hom em ou no universo, são simples
possíveis que se com param objetivam ente, e que são os objetos dos ju ízos de valor,
um m arcando a perfeição, o o u tro a im perfeição; o indivíduo tem m ais valor quan
do está em h arm o n ia consigo pró p rio e com o universo (racionalidade) do que no
caso contrário (irracionalidade); m as, este p o n to de vista, longe de ser p o r si pró prio
um valor, só o obtém deixando de se distinguir do universo. Se é um valor, o é en
quan to vo n ta d e o u potência, que pode realizar o racional ou n ão o realizar; ser livre
é ser essa p ró p ria potência indeterm inada, que apercebem os claram ente a o separá-la
de qualquer juízo de valor objetivo, por exem plo, na escolha de dois objetos de va
lor igual e que diferem apenas num ericam ente. Essa liberdade de indiferença é assim
um princípio de existência inteiram ente separado pelo pensam ento de princípio das
essências e dos valores objetivos. E sta concepção apresenta-se naturalm ente num a
análise ab stra ta que, depois de ter posto e com parado em prim eiro lugar objetiva
mente as características do indivíduo e das coisas, faz n o tar que perm anece ainda,
depois de term inado este trabalho, p o r fundar a existência dessas características, e
assim in tro duz, fora do entendim ento que concebe o u percebe, um a vontade cujo
único papel é o de realizar.
M as o sentido F pode apresentar-se de o u tra m an eira, de um a fo rm a m ais concre
ta, e não já com o o com plem ento de um a análise an terior. É o que acontece quan do,
aplicando o pensam ento à vida consciente, se n o ta que ela é ao m esm o tem po da d a
com o um a existência e como um valor; que, ao m esm o tem po com o existência (p or
que se abre p ara o futuro ) e com o valor (porque a nossa concepção de um a perfeição,
ao estabelecer-se por com paração, é apenas a de um mais perfeito ou de'u m m enos
im perfeito, de um m elhor), ultrapassa todos os quad ros em que a reflexão, ao fixá-la
m om entaneam ente, pro cura fazê-la m anter-se, e perm anece perfeitam ente incom en
surável a todas as medidas que escolham os para um a utilização instru m en tal; final
m ente, que se qualquer operação pro priam ente intelectual ou reflexiva perm anecer
abaixo da sua realidade, essa indeterm inação relativa de nós pró prio s está contudo
presente à consciência no sentim ento global que intuitivam ente possuím os da nossa
ação. E é então essa m argem em que nascem ao mesmo tem po a representação objeti
va que form am os de nós pró prio s e o sentim ento íntim o do nosso poder, que cham a
mos a nossa liberdade, elem ento essencial e irredutivelm ente individual de nós mes
m os, m atéria nunca esgotada p ara a reflexão que se dedica a isolá-lo do universal.
/
623 L IB E R D A D E
pelo m enos em p arte nos seus efeitos, e os juízos de valor têm por objetivo exprimir
o principal das suas tendências; é sobre .ela que repousam esses juízos, é a ela que
pedem a sua m atéria, e nela que reside a possibilidade de os desenvolver. Ela é, p o r
ta n to , praticam ente, aquele algo de nós que to da ação que se executa acrescenta a
to d a determ inação adquirida; e descobrim os a sua existência de mil m aneiras: dire
tam ente no sentim ento pleno d a vida ativa, indiretam ente na idéia da relatividade
das nossas percepções presentes ou da lim itação de valor das nossas análises e das
nossas construções de conceitos. Em particular, se restringirm os, com o freqüente-
m ente acontece, a sua ação a um a simples escolha entre os valores já definidos, se
a considerarm os, pois, com o um a espécie de arbitragem , podem os cham ar-lhe um
livre-arbítrio. (M. Bernès )
ta utilização d ata de Boécio, segundo gica geral, na qual não pode haver sequer
P E « 2 TE , B a ld w in ’s D iction ary, Vo. term os negativos, é necessária à lógica
R ad. int.: A . Finitec. transcendental; m as, de fato , não retirou
LIM IT A T IV O D. Beschränkend, L i- qualquer utilização delas no estabeleci
m itativ; E. Restrictive; F. L im ita tif ; I. L i m ento das antecipações da percepção que
m itativo. dependem da categoria de qualidade. Ver
A lém do sentido geral desta p alav ra, In defin ido, Crítica.
que não possui caráter especialm ente fi LIM IT A T IV A (P articular*) A quela
losófico, ela en tra em várias expressões que (quer expressam ente, quer devido ao
técnicas de lógica:
contexto) afirm a ou nega o predicado de
“ Lim itativos (conceitos)” D. Grenz- um a p arte apenas da extensão do sujei
begrieffe (Kτ ÇI ). Ver adiante L im ite, A , to ; equivalente, por conseqüência, à as
e observações. serção sim ultânea de I e de O . N a lingua
Lim itativos (juízos) D. Beschränkend gem corrente, as proposições particulares
U rtheile (Kτ ÇI , K r it der reinen Ver são quase sem pre entendidas neste senti
nunft, observações acerca do quadro das do; m as, n a lógica clássica, aceita-se que
form as do juízo, § 2). as particulares sejam sem pre tom adas no
Estes juízos, tam bém cham ados por sentido m inim al*. Sobre a lógica das par
Kτ ÇI in defin idos (unendliche Urt heile), ticularidades limitativas, ver G« ÇUζ E 2 ; e
são os juízos afirmativos de predicado ne CÃZ I Z 2 τ I , R evu e d e m étaphysique, ano
gativo: “ A alma é não-m ortal.” Ocupam de,1913, p. 101; e 1914, pp. 257-260. Diz-
o terceiro lugar na categoria da qualida se ainda, neste sentido, “ particular ex
d e e opõem-se a esse título aos juízos afir clusiva” .
m a tivo s e n egativos.
L IM IT E D . G renze, G ren zw ert (no
CRÍTICA sentido B); E. Lim it; F. Limite·, I. L im ite.
Kτ ÇI explica, na observação citada A. P o n to , linha ou superfície consi
acim a, que esta distinção, inútil para a ló derados com o assinalando a separação
Sobre Lim itativo — H á, contudo, u m a diferença entre “ não ser m entiro so” e
ser “ não-m entiroso” . N o prim eiro caso, o predicado m entiroso é simplesmente su
prim ido; no segundo, é substituído por um predicado oposto, que o exclui. (J. La-
chelier)
Sobre Lim ite — O sentido C nos foi assinalado por B ertran d R ussell, que faz
n o tar sim ultaneam ente que este conceito é mais simples do que o conceito corres
po nden te ao sentido usual B.
R a n zo li desejaria que um artigo especial fosse consagrado à idéia de Grenzbe-
g riff, conceito lim itativo. N ão só, diz ele, esta noção foi frequentem ente utilizada
por K ant, mas tam bém a encontram os em A2 á« ; ó (II noúm eno d i K a n t, pp. 117-146
das O pere filo so fich é) e em H ò E E á« Ç; , F ilosofia da religião, cap. II, 2 í parte, que
tem precisam ente por título: “ Os conceitos lim itativos.”
Crem os dever-nos lim itar a um a simples m enção deste term o, que é extrem am en
te raro em francês. O resum o do livro de A rdigó, L a d o ttrin a spenceriana delVInco-
noscibile, publicado por J. Segond na R evu ep h ilo so p h iq u e de 1? de abril de 1900
(p ara o qual nos rem ete Rτ ÇUÃÂ « ), contém apenas um a única vez e acidentalm ente
a expressão “ conceito lim itativo” . N ão poderíam os em qualquer caso na nossa lín
gua, o francês, em pregar a expressão “ conceito-lim ite” como ele o faz em italiano
( con cetto-lim ite ); o sentido B da palavra lim ite to rnou-se tão preponderante na lin-
L IN G U A 626
entre duas regiões do espaço (prim itiva valores que diferem cada vez m enos de a,
mente, de dois territórios). P o n to que as fazer tom ar a y os valores que diferem ca
sinala a separação entre dois períodos de da vez menos de b , poden do esta diferen
tem po. P o r m etáfora, o p onto que um a ça descer abaixo de to da quantidade dada.
ação, um conhecim ento, etc. não podem C. Sendo d ad a um a classe a contida
transpor. Distinguem-se muitas vezes nes num a série P , se a n ão tiver um últim o
te sentido os lim ites atuais e os lim ites ne term o, chama-se “ limite de a ” ao primei
cessários, ou últim os. “ Esse limite (o nú ro da série P que sucede a todos os ter
m ero dos corpos simples) nunca foi acei mos de a. “ U m núm ero irracional é o li
to pelos quím icos senão como um fato m ite das diversas frações que lhe forne
atuai, que sempre conservaram a esperan cem valores cada vez mais aproxim ados.”
ça de u ltrap a ssa r.” B 2
E I 7 Â Ã
E , A s ori
I Cτ Z T7 à , A n álise algébrica, p. 4.
gens da alquim ia, livro IV, cap. II, 289. E sta noção de limite infinitesim al
N um sentido m uito próxim o, K τ Ç I emprega-se tam bém freqüentem ente p or
cham a ao conceito de núm ero “ ein m etáfora na ordem psicológica e m oral.
G renzbegriff” (um conceito-limite) en “ A natureza é o limite do m ovim ento de
qu anto serve apenas para lim itar {eins- decréscim o do h á b ito .” Rτ âτ « è è ÃÇ , D e
chránken) as pretensões do conhecim en Vhábitude, p. 32.
to sensível, e que tem apenas, por conse- R ad. in t.: Limit.
qüência, um a utilização negativa ( Crít. da
L ÍN G U A D. Sprache·, E. Language,
razão pu ra, A 255: B 311). Esta noção
tongue; F. Langue; I. Língua.
continuou em uso em alguns filósofos
A . Sistema de expressão verbal do
contem porâneos. P ara a crítica do term o
pensam ento que com porta um vocabulá
que a representa, ver as observações.
rio e um a gram ática definidos, relativa
B. “ C ham am os lim ite de um a gran
mente fixos, constituindo um a instituição
deza variável a um a grandeza constante,
social durável, que se im põe ao h ab itan
tal que a diferença entre ela e a variável
te de um país e perm anece quase com ple
possa tornar-se e perm an ecer m enor que
tam ente independente d a sua vontade in
toda a grandeza designada.” DZ 7 τ OE Â ,
dividual.
D o s m éto d o s nas ciências de raciocínio,
B. M aneira de escrever de um autor;
2? parte, pp. 385-386. A segunda condi
m aneira de falar ou de escrever de um
ção, a que consiste em perm an ecer m e
grupo m ais ou m enos restrito. “ A língua
nor do que qualquer grandeza designada,
de A ristóteles, a língua dos cartesianos.
é necessária, com o se faz observar mais
A língua do desp o rte .”
adiante, p a ra que um a variável só possa
C. Acidentalmente, e nos casos raros,
tender p ara um m esm o limite.
diz-se p or m etáfora de sistemas de signos
Mas esta definição não determ ina sob
ou de expressões que não as palavras: por
que lei de variação a variável em questão
exemplo, no título da o b ra de CÃÇá« Â -
se torna e perm anece m enor do que o seu
 τ T , A língua d o s cálculos.
limite. É, p o rtan to , vantajoso precisá-la
R ad. int.·. Lingu.
dizendo que um a função de x (seja y ) tem
por limite um a grandeza fixa b quando Língua universal, ou língua interna
x tende p ara a, se puderm os, dando a x cional (freqüentem ente abreviada L. I.):
guagem filosófica francesa que esta expressão seria quase necessariamente entendida
num sentido com pletam ente diferente do G ren zbegriff! cantiano, pareceria designar
o conceito form ado por um a passagem ao lim ite, e, de fato , foi usada neste sentido
por vários autores. De resto, m esm o em alem ão, G ren zb eg riff foi tam bém tom ado
neste sentido, p o r exemplo em WZ Çá I , L o g ik , II, 4? parte, cap. I, § 4. (A . L .)
627 L O C A IS (Sinais)
Sobre Localização e Sinais locais — A rtigos com pletados a p artir das indicações
de G. D w elshauvers.
629 L O G IC A
Sobre Lógica — O rigem d este term o . N ão se sabe exatam ente p o r quem nem em
que época foi em pregado no sentido m oderno. P 2 τ ÇI Â ( G eschichte d er L o g ik im
A b en d la n d e ', I, 535-536) cita os principais textos referentes a esta questão e supõe,
segundo um a indicação de BÃé T« Ã , que pode ter sido criada pelos com entadores de
A ristóteles para o p o r o seu O rganon à “ D ialética” estóica (talvez n o tem po de An-
dronicus de Rodes). Em to d o caso é utilizado p o r C8TE 2 Ã , D e fin ib u s, I, 7; e a utili
zação que dela é feita em A lexandre de A frodisia e em G aleno parece m ostrar que
se tornou efetivamente corrente na sua época. (Referência comunicada por R. Eucken)
A utilização desta palavra é corrente a p artir dos Estóicos: cf. o texto de Crisipo
(Frag. Vet. Stoic., II, n? 42) que traduz r à K o yix à deogij/ioiTa com o um a das três
espécies de “ filosofia” . (E . Bréhier)
S o b re os d iferen tes sen tid o s da pa la vra Lógica. A questão é das m ais com plica
das: parece-me que os sentidos possíveis — e ao mesmo tem po históricos — da p ala
vra lógica poderiam reduzir-se a três, correspondentes a três sentidos da palavra
verdade.
1? Existe um a verdade objetiva, intrínseca às coisas. Um fenôm eno determ inado
por ou tro , segundo as leis da n atureza, é verd a d eiro ; um fenôm eno que nos aparece
fo ra de qualquer conexão natural é falso e não passa de sonho. Existe, por conse
guinte, um a lógica que é a ciência da verdade objetiva das coisas, ou das condições
a p rio ri de to d a existência: é a lógica transcendental de Kant. 1
Sentido geral. Ciência que tem por ob aesthetics .” 1K à Ç è , F orm al L ogic, in
E E
2? Existe um a verdade subjetiva (a única de que o vulgo tem idéia), que é a con
form idade dos nossos pensam entos com as coisas tal com o estas existem em si m es
mas. Existe, por conseqüência, um a lógica subjetiva, que é o co n junto dos meios
que devemos utilizar p ara conseguirmos representar-nos as coisas tais com o elas são:
por exemplo, os m étodos de Mili.
3? Existe, finalm ente, um a verdade, ou m elhor, um a necessidade de pensar, p u
ram ente hipotética, que consiste em que, sendo determ inada coisa suposta ser verda
deira (mesmo que seja falsa), um a o u tra, que dela deriva, deve tam bém ser tida co
m o verdadeira; e existe um a ciência desta verdade hipotética que é a lógica ou a silo
gística.
Parece-m e que é este terceiro sentido da palavra lógica que é o mais conform e
à etim ologia, sendo a lógica assim entendida a fu nção p ró p ria do Xdyos considerado
em si m esm o, exercendo a sua força dedutiva fo ra de todo o com ércio atual com
as coisas.
Parece-m e tam bém que este sentido é o mais divulgado. É neste sentido que se
diz que não só a linguagem , mas tam bém a conduta de um hom em é lógica.
Poder-se-ia dizer que a verdade hipotética, objeto da silogística, é subjetiva à se
gunda potência; é verdadeira, não p ara um espírito em geral, mas p ara aquele qu e
j á su p ô s q u e ,... etc.
A lógica, no prim eiro e no terceiro sentido, é um a ciência que traz em si mesma
a sua pró pria justificação; no segundo é mais um a arte, e é com posta sobretudo por
procedim entos cujo sucesso estabelece o valor.
É, pois, o sentido definido n a citação de De M organ que proponho que predom i
ne, ou pelo menos se sobressaia, como o mais etimológico e o mais usual. (J. Lachelier)
631 L O G IC A
“ Logic is... the examination o f that 2? L ógica geral (algumas vezes lógica
part o f reasoning which depends upon the material·, m as esta expressão é obscura),
m anner in which inferences are form ed... que tem por objeto determ inar, por entre
It has so far nothing to do with the tru th todas as operações discursivas do espírito,
o f the facts, opinions o r pressum ptions, aquelas que conduzem à verdade e aque
from which an inference is derived: b ut las que conduzem ao erro. Compreende as
simply takes care th at the inference shall sim não só o estudo das implicações rigo
certainly be true, if the premises be true .” 1*1
2 rosas, mas tam bém o das operações indu
DE MÃ2 ; τ Ç , F orm al L o g ic (Elem ents o f tivas, das hipóteses, dos m étodos científi
L ogic), cap. I. cos, etc., considerados do ponto de vista
b) Lógica simbólica·, algoritmo* em que do seu valor probante.
se combinam notações puramente formais, B. M aneira de raciocinar, tal como es
definidas por um a axiom ática decisória e ta se exerce de fato. Diz-se algumas vezes,
abstrata, e tais que o sistema assim consti neste sentido, lógica natural.
tuído seja suscetível de ser aplicado à Ló “ A lógica nascente é rude e grosseira;
gica, definida com o acim a foi feito. Cf. o raciocínio prim itivo está para o raciocí
Á lgebra* d a Lógica. nio dos lógicos como os instrum entos da
O nome próprio deste ram o de estudos idade da pedra para os nossos utensílios
é Logística*. aperfeiçoados. Nessa m istura confusa de
verdadeiro e de falso... um a separação
1. “ A lógica é ... o exam e desta parte d o raciocí estabelece-se entre o raciocínio que encer
nio que rep ousa sobre a m atéria de que as inferências ra a prova e o raciocínio que escapa à p ro
são fo rm a d a s... N essa m edida, n a d a tem a ver com a va, ainda que a simule, entre a lógica ra
verd ad e dos fato s, opin iõ es o u presunções d e o n d e a
inferên cia é ex traída: eia cuida apen as que esta in fe
cional e a lógica dos sentimentos.” Th. Ri-
rência se ja certam en te verdad eira se as prem issas fo ζ Ã
I , Lógica d o s sentim entos, prefácio,
rem v erd ad eiras.” VIII-IX.
Talvez fosse bom levar em co nta expressões que, p o r serem relativam ente novas,
não expressam menos um a verdade im portante que as to rn ará talvez clássicas. Exis
te um a “ lógica social” , um a “ lógica m o ral” , etc.: e, reunidas à lógica intelectual,
essas diversas “ lógicas” do pensam ento e da vida constituiríam a L ó g ica geral. T o
das têm com o objetivo m anifestar a inevitável tendência para a organização e, por
conseqüência, as solidariedades e as repercussões que regulam ou sancionam o devir
das coisas, d a ciência e da ação. Todas as form as do ser são sem dúvida, mas existe
em todas um princípio de seleção, de inteligibilidade, de crítica interna, de a d a p ta
ção ou de ju stiça im anente, cu jo desenvolvim ento real é possível e desejável estudar;
e seria a lógica geral que teria que desem penhar esse papel. (Aí. Blondel)
D efino vulgarm ente a lógica com o a técnica d a s técnicas intelectuais, quer dizer,
o estudo dos processos gerais pelos quais a inteligência destrinça o verdadeiro do
falso. C ada ciência possui o seu m étodo ou a sua técnica. A lógica estabelece a técni
ca geral. E sta definição abarca sim ultaneam ente as definições antigas e as extensões
m odernas da lógica. P erm ite igualm ente determ inar em que m edida a técnica espe
cial de um a ciência dim ana da lógica. Deste ponto de vista, as nossas lógicas aplica
das com etem lam entáveis confusões e espalham o erro segundo o qual a lógica pode
dispensar um a iniciação técnica (por exemplo, em histó ria ou em física). (F . M en tre )
A lógica, segundo a sua significação fundam ental, implica sempre o sujeito pen
sante, a sua vontade, as suas intenções, e isso logo desde o início, enquanto a psico
logia pode com eçar com o pensam ento com o um fa to de natureza im pessoal, com
um certo p en sa (como chove, está ventando) que pode não ser de fato pessoal no
m om ento em qu e é vivido e que só se to rn a pessoal pela análise posterior. Esta dis
tinção pode ser útil nas discussões tão freqüentes na A lem anha neste m om ento
633 L Ó G IC A
aliquid inquirendum esset, naturam peni- prefácio à m esma o b ra , pág. LIX , p arti
tus ante discuterent, ut his purgatis atque cularm ente este: “ Lógica docens dicitur
composits, vel in speculatione veritatis, vel quae praecepta tradit; utens, quae prae-
in exercendis virtutibus uteremur. Haec est ceptis u titu r.” BuRGERSDYCK, Institui-
igitur disciplina... quam Logicen Peripa- tiones logicae.
tetici veteres appellaverunt.” B Ã T « Ã , In
E
3. Elim inam os tam bém a expressão
Top. Ciceronis, I, 1045 A . “ Est autem fi L ó g ica p u ra , porq ue é essencialmente
nís Logicae inventio judicium que ratio-
equívoca. Em prega-se em três sentidos:
n u m .” I á , In Porph yriu m , 74 D. “ Ars
quaedam necessária est, quae sit directiva
ipsius actus rationis, per quam scilicet ho 1. “ O p ap el d a ló gica é o de n o s a ju d a r a pen sar
m o in ipso actu rationis ordinate, faciliter cla ra e o b je tiv a m e n te , a ex p ressar-n o s n ítid a e ex a
et sine errore procedat; haec ars est Lógi tam en te, a ra c io c in a r c o rre ta m e n te , e a av aliar com
ca, id est rationalis scientia.” S. TÃOá è ju ste z a o s e n u n ciad o s e os a rg u m e n to s d e o u tre m .”
1? com o sinônim o de lógica form al·, 2? Esta utilização deu origem à de Hegel:
para opor a lógica pro priam ente dita, “ Die Logik ist die W issenschaft der reinen
norm ativa, à psicologia do entendim en Idee, das ist der Idee, im abstrakten Ele-
to e das outras funções intelectuais que m ente des Denkens ...” 2 L o g ik , Vorbe-
contribuem p ara o conhecim ento (ver p. griff; Encyclopedie, § 19; e à de H τ O« Â
ex. Bτ Â áç « Ç , citado m ais acim a; H us- IÃÇ : “ Logic is the Science o f the Laws o f
S E R L , L ogisch e Untersuchungen, I, 1, Thought as Th ought.” Logic, Lect. I. De
etc.); 3? no sentido kan tiano, p ara desig vemos por isso entender, acrescenta ele,
n ar a análise crítica dos principios “ p u que ela tem por objeto não só as formas
ro s” (reine) do entendim ento, quer dizer, do pensamento por oposição à m atéria,
dos princípios considerados com o inde mas as form as necessárias que constituem
pendentes de qu alquer experiencia (ver a natureza do pensamento, e podem ser
C rítica d a razão p u ra , Lógica transcen cham adas suas leis (ib id ., Lect. II).
dental, introd., § 1; A 52; B 57 ss.). Opõe- Sobre a legitimidade deste sentido kan
se à “ Lógica aplicada” (angewandte), que tiano e pós-kantiano, ver as observações.
tra ta da atenção, das causas do erro, dos LOGICISM O D. Logicismus; E. Logi-
estados de dúvida e de escrúpulo, d a per cism-, F. Logicisme; I. Logicism o, logismo.
suasão, etc., enquanto meios ou obstácu D outrina que atribui à lógica um lugar
los para o conhecim ento da verdade. preponderante em filosofia. “O que atrai
“ Die Logik ist eine V ernunftw issens Kant, na sua doutrina (na doutrina dos m o
ch aft nicht blossen F orm , sondern der ralistas, como Shaftesbury, Hutcheson, Hu-
M aterie nach; eine W issenschaft a p rio ri me), é, por oposição ao logicismo da esco
von den nothwendigen Gesetzen des Den la de Wolff, a idéia de que a m oralidade
kens, aber nicht in A nsehung besonderer não é obra d a reflexão nem do cálculo..!’
G egenstände, sondern aller G egenstände DE Â ζ Ãè , Filosofia prática d e Kant, p. 103.
überhaupt; also, eine W issenschaft des Diz-se, em particular: 1? da filosofia he-
richtigen V erstandes und V ernunftge geliana (segundo Bτ Â áç « Ç , Thought and
brauchs ü berhaupt, aber nicht subjectiv, Things, I, 7). (M as este term o não figura
d. h. nicht nach em pirischen (psycholo no dicionário d o mesmo autor, nem no de
gischen) P rincipen (wie der Verstand E« è Â E 2 . É, aliás, inexato dizer que a dialé
denkt), sondern objectiv, d . i. nach P rin tica hegeliana seja um a lógica, no sentido
cipien a p rio ri (wie er denken soll ).” 1 usual da palavra.); 2? das doutrinas que vi
(Kτ ÇI , L o g ik , Einleitung, § 1.) sam conservar para a lógica a autonom ia
mais absoluta, e a não admitir qualquer in
tervenção da psicologia: “O logicismo de
1. “ A ló g ica ¿ u m a ciên cia d a ra z ã o n ã o só pela
su a f o rm a , m as ta m b é m p ela su a m a té ria ; u m a ciê n Husserl!’ Cf. Psicologism o, texto e Crítica.
c ia o prior: d a s leis n ecessá rias d o p e n sa m e n to , n ã o LÓGICO D. Logisch; E. Logical; E Lo-
d o p o n to d e v ista d e ce rto s o b je to s , m as d e to d o s os
gique·, I. Logico.
o b je to s em ge ral; p o r c o n seq ü ên cia, u m a ciên cia d o
u so co rre to d o en ten d im en to e d a ra z ã o em geral, n ão A. (oposto quer a física, quer a moral).
su b je tiv am en te , q u e r d iz e r, se g u n d o p rin c ip io s em
p íric o s, psicoló gicos (co m o o e n te n d im e n to p en sa),
2. “ A lógica é a ciência d a Idéia p u ra , quer dizer,
m as o b je tiv a m e n te , q u e r dizer, segundo prin cíp io s a
d a Id éia n o elem en to a b strato d o p en sa m e n to ...’1
p rio ri (co m o dev e p e n s a r).”
Sobre Logicism o — Pusem os este term o en tre aspas n a prim eira edição deste Vo
cabulário (fas. 13,1910), a títu lo de neologism o ain d a discutível. O seu em prego era
criticado por H . W. C arr e C. R a n zo li e defendido p o r L . Boisse. M as a p artir desta
época tom ou-se m uito usual e Ranzoli consagrou-lhe ele pró prio um artigo na ter
ceira edição d o seu D izio n á rio d i Scienze filo so fic h e (1926).
“ L O G ÍS T IC A ” 636
do lugar, entenderemos além disso que es sische, rhetorische) Ö rter, G em einplätze;
sa coisa tem tal grandeza e tal figura que E . C om m on place topics; F . L ieu x co m
o pode justam en te preencher.” DE è Tτ 2 m ons; I. L u o g h i com m un i, topici. (Ver
I E è , P rin cipios d a filo s o fia , II, 14. as observações.)
“ Lugar geométrico” , conjunto de pon A . “ A quilo a que os lógicos cham am
tos que gozam de um a mesma propriedade. lugares {loci argum entorum ) são certos ar
“ Lugar interior” , a pró pria extensão tigos gerais, aos quais se podem referir to
de um corpo, que ele leva consigo quando das as provas de que nos servimos nas di
se desloca; “ lugar exterior” , a extensão que versas m atérias que tratam os; e a parte da
ele ocupava, e que se considera como per lógica a que eles cham am invenção não é
m anecendo no local, enquanto que o cor mais do que aquilo que eles ensinam des
po o deixa. DE è Tτ 2 I E è , n a passagem aci ses lugares.” Lógica de Port-Royal, 3? par
m a citada, recorda esta distinção, mas te, cap. XV III.
declara-a fútil e inconciliável com a relati Os “ lugares de gram ática” são a eti
vidade do movimento (exemplo do homem m ologia e as palavras d a m esma raiz.
que se desloca num navio). E la provém Os “ lugares da lógica” são o gênero,
quer da oposição estabelecida por A ristó a espécie, a diferença, o próprio, o aciden
teles entre o τ ό π ο s e o δ ι ά σ τ η μ α μ ε τ α ξ ύ τ ω ν te, a definição, a divisão. Acrescentamos-
ε σ χ ά τ ω ν (Física, IV, 4, 211b7), quer d a lhes as máximas lógicas que a eles se refe
quela que ele reconhece entre o rorros lòios, rem , tais como: “ A quilo que se afirm a ou
a extensão ocupada por um corpo, e o que se nega do gênero nega-se tam bém da
TÓTTOT κ ο ι ν ό s, “ èv ¿J ά π α ν τ α τ α σ ώ μ α τ ά espécie; ao destruir o gênero, destrói-se
ί σ τ ι ν ”, entre os quais é, aliás, possível dis tam bém a espécie; ao destruir todas as es
tinguir um a série de lugares interm ediá pécies, destrói-se tam bém o gênero” , etc.
rios, o país, a te rra , o ar, o céu, etc. que Os “ Lugares de metafísica” são a causa
se contêm respectivamente {Física, IV , 2, ( = a s quatro causas) e o efeito, o to do e
209*31 ss.). a parte, os term os opostos (relativos, con
‘‘L u g a r tra n s c e n d e n ta l” ( T ran s- trários, privativos e contraditórios). Ibid.,
cendentaler O rt, Kτ ÇI ): ver T ópica, B. cap. X V III.
R ad. in t .: Lok. B. N o sentido corrente: banalidades.
Rad. int.: Komun-lok.
Lugares-com uns G . τ ό π ο ι (daí o títu
lo dos τ ο π ι χ ά de A2 « è I 9I E Â E è ); L. L o - LU Z N A TU RA L L. Lum en naturale.
ci communes·, D . (Logische, m etaphy- Sinônimo de razão, enquanto conjunto
1. “Seria útil, com vista à clareza de idéias, empregar aqui algumas expressões técnicas para
representar os termos da teoria de Ricardo.”
M ASSA 644
Sobre M assa — Esta noção clássica da m assa parece estar em vias de se m odifi
ca r sob a influência das novas teorias relativas à constituição eletrônica da m atéria.
P o r um lado, somos levados a crer que nas velocidades m uito altas (raios em anados
pelo rád io , raios catódicos) a m assa aum enta em função d a velocidade; por o u tro ,
tende-se a adm itir que a inércia elétrica, ou self-in duction , é o fenôm eno prim itivo
de onde deriva a m assa vulgarm ente considerada (cf. P Ã « Ç T τ 2 é , Ciência e m é to d o ,
pp. 215 ss.). (M . W inter )
645 M ATÉRIA
rig or, quer enquanto necessidade. Este L. M ateria, m ateries; D. M aterie, S toff;
sentido é fam iliar. E. M a tter, em todos os sentidos; no sen
R ad. in t.: A . M atem atikal; B. M ate- tido p ró p rio , A . Material·, em sentido fi
m atik; C. M atem atik artr. gurado, stu ff; F. M atière\ I. M ateria.
A . Prim itivam ente, os objetos n a tu
“ M A T E O SIO L O G IA ” F. M athéo- rais que o trabalho do hom em utiliza ou
siologie. Term o criado por A Oú 2 pa E E
transform a com vista a um fim; especial
ra designar a teoria da classificação das m ente (L'Xrj, m a teries ): a m ad eira de
ciências, considerada do ponto de vista construção. Daí:
do ensino. E nsaio so b re a filo so fia das B. Nas expressões de origem aristoté
ciências, in tro d. Cf. prefácio, p. X X X I. lica e escolástica (e, neste caso, sempre
Este term o é pouco usado. oposta a forma*)·. 1? aquilo que, num ser,
“ M A TE O SIO TA X IA ” F. M ath éo- constitui o elemento potencial, indetermi
siotaxie. Foi empregado por D Z 2 τ Çá á
n ad o , p o r oposição àquilo que está a tu a
E
J. Lachelier, Pécaut, B londel, B oisse tom aram a defesa desta crítica de Ravais-
son e da definição de A uguste Com te:
Creio que só poderem os penetrar no sentido das palavras m atéria e m aterialism o
partindo d a filosofia de A ristóteles. Parece-m e claro que há em to d o ser: 1? aquilo
que lhe dá o seu sentido e o seu interesse próprios: é a sua idéia ou a sua form a;
2? aquilo que é para esta fo rm a um ponto de apoio necessário, aquilo sem o que
ela seria ab stra ta ou sim plesmente possível. P or exem plo, aquilo que dá sentido a
um a existência hum ana é o fato de pensar; m as o pensam eto supõe, para existr, um
corpo vivo. Se se considerar apenas este co rpo, aquilo que lhe dá um sentido é o
fato de viver; m as esta vida p a ra existir supõe um organism o, etc. Só que não direi,
com Ravaisson, que rem ontando, ou m elhor, descendo sempre assim , acabarem os
por nada encontrar: eu creio que existe um real últim o, que Leibniz via com razão
com o um elem ento indispensável d a sua m ônad a, um princípio de resistência e de
retard am ento sem o qual o esforço se perderia no vazio, ou m elhor, nem sequer nas
ceria; e, de u m a m aneira geral, rem ontando, chegarem os à conclusão de que é sem
pre necessária um a m atéria para um a fo rm a, fatos, por exem plo, p a ra um a co nstru
ção sistem ática, pendores norm ais e suficientem ente enérgicos p a ra a virtude, um
nível suficiente de beleza plástica p a ra servir de suporte à beleza de expressão, etc.
Dir-m e-ão q u e essas coisas a que eu cham o espirituais, com o p ensam ento, vida, be
leza, não são seres, m as m aneiras, p ara um ser, de ter consciência de si mesmo ou
de um o u tro ser simples m odificações; p o r conseqüência, simples predicados. M as
a filosofia de A ristóteles consiste precisam ente em colocar o ser verdadeiro n o p en
sar, n o sentir, etc. e a ver apenas naquele que pensa, ou sente, a condição m aterial
d o pensar e d o sentir; e crer (com o quase to d a a filosofia m oderna) que esta condi
ção é o ser e que o pensar, o sentir, são apenas m odos, é, do ponto de vista da filoso
fia de A ristóteles, a p ró p ria essência do m aterialism o. (J. Lachelier )
O pu ro m aterialism o é um puro sem -sentido. O m aterialism o é menos um siste
m a do que um a tendência, tendência acerca da qual A uguste C om te p ro p u n h a esta
p ro fu n d a definição: “ Explicar o superior pelo in ferio r.” (M . Blondel)
647 M ATERIA
N ão seria bom com eçar pela definição geral dad a p o r A uguste C om te, e passar
em seguida, m as em seguida apenas, aos sentidos A , B, C ? (L. B oisse)
A definição de Auguste C om te parece-m e excelente. 1° É clara. O superior é a exis
tência que tem mais atributos; o inferior é o que tem menos. O pensante é superior
ao caniço, que não pensa. São m aterialistas, por conseguinte, as tentativas para expli
car um a civilização pelo m eio físico ou pela raça; p ara explicar o biológico píelo quí
mico, etc. 2? Tem um grande valor filosófico, na m edida em que define os term os de
um dos m aiores problem as especulativos. A s leis mais simples, com o as leis mecânicas
de atração ou de repulsão em função das distâncas, poderão d ar conta d a riqueza do
m un do em atributos? E é contra a solução m aterialista, tão bem defin ida p o r Comte,
que se ergue a m aior p arte dos filósofos m odernos, p o r exemplo, a d o utrina de B ou
troux, a de Bergson e a segunda filosofia do pró prio Comte. (F. Pécauf)
N a sua definição de m aterialism o, Auguste C om te não m e parece designar p o r in
fe r io r e su perior aquilo que tem m aior ou m enor núm eros de atributos. N ão se tra ta
para ele de um a questão de com plexidade lógica, m as de um a questão de valor, relati
va à classificação subjetiva e aos interesses da hum anidade (ver em particula r o 2° vo
lum e d a P olítica p o sitiv a ). Ele considera sobretudo o m aterialism o com o um a inver
são d a verdadeira escala de valores. (G. M ilhaud)
Parece-me perigoso, e ao m esm o tem po artificial, pro curar um a idéia central e es
sencial que seja com um a to das as acepções da palavra m atéria e m aterialism o. O sen
tido das palavras transform a-se e diversifica-se no tem po por processos que estão bem
longe de se reduzirem às relações lógica do gênero e d a espécie: a sem ântica coloca-
nos de sobreaviso co n tra as tendências d o espírito filosófico, sempre inclinado a siste
m atizar o seu objeto, e a não d a r suficiente im portância àquilo que existe de acidental
e histórico nas coisas. A palavra m atéria diferenciou-se em duas direções divergentes:
um a aristotélica e escolástica, caracterizada p o r u m a espécie de utilização adjetiva e
relativa desta palavra: n ão existe nad a neste sentido que seja « m atéria; m as este ou
aquele dado é m atéria em relação a esta ou aquela form a; a outra, cartesiana e científi
ca, em que a palavra é nitidam ente substantiva: a m atéria é, então, a res extensa, que
se opõe à res cogitans. É deste segundo sentido que provém, p o r sua vez, a principal
acepção d a palavra m aterialism o, que talvez ganhasse em clareza se fosse substituída
pelo nom e corporalism o. M as acontece que m atéria, neste sentido, ao opor-se a espíri
to, tom ou qualquer coisa d a idéia cristã d a carne, d a vid a anim al, enquanto se lhes
op õe tam bém. Falam os de preocupações, de gostos, de interesses “ m ateriais”; diz-se
de um hom em q u e está “ m ergulhado na m atéria” (H yliq u e, vktxós, que para
M ATÉRIA 648
lhes é própria e não pode servir para caracterizar a sua doutrina: porque todo sistema
lógico tem por objeto deduzir do m enor núm ero de hipóteses a m aior variedade possí
vel de consequências. É mesmo por isso que os m aterialistas m odernos, longe de limita
rem a priori, como Demócrito ou como Descartes, o núm ero de propriedades da res
extensa, declaram , pelo contrário, deixar à experiência o cuidado de revelar que deter
minações essenciais será necessário atribuir-lhe; por exemplo:
“ N ão conhecemos de m odo algum os elementos dos corpos, mas conhecemos algu
m as das suas propriedades ou qualidades... Os homens encararam a m atéria como um
ser único, bru to, passivo, incapaz de se m over, de se com binar, de produzir por si p ró
prio; em vez disso deveriam tê-la encarado com o um gênero de seres cujos diversos in
divíduos, ainda que tenham algum as propriedades comuns tais como a extensão, a di
visibilidade, a figura, etc., não devem contudo ser arrum ados num a m esm a classe, nem
ser com preendidos sob um a m esm a determ inação.” D’H ÃÂ ζ τ T7 , Sistem a d e nature
za , I, cap. 2. “ O sistema da espiritualidade, tal com o é hoje adm itido, deve a Descartes
todas as suas pretensas pro vas... foi o prim eiro a estabelecer que aquilo que pensa deve
ser distinto d a m atéria: de onde conclui que a nossa alm a ou aquilo que pensa em nós
é um espírito, quer dizer, um a substância simples e indivisível. N ão seria mais natural
concluir que, já que o hom em , que é m atéria e que só tem idéias da m atéria, tem a
faculdade de pensar, a m atéria p o d e pen sar ? ” (ib id . , cap. VII). (A. L .)
O sentido B não restringirá dem asiadam ente o sentido do m aterialism o psicoló
gico? N a realidade são m aterialistas to das as doutrinas que, mesmo sem considerar
os fatos psíquicos como epifenóm enos, os reduzem aos fatos fisiológicos (vibrações
nervosas, m ovim entos m oleculares, das células corticais). É deste tipo o m aterialis
m o que começa com D em ócrito, Epicuro, Lucrécio, que não possuíam qualquer con
ceito de epifen óm en o, e que, através de La M ettrie e D ’H olbach, chega a Büchner,
M oleschott, K. V ogt, etc. (C. R an zoli)
O m aterialism o antigo parece-me ontológico e não m etodológico; é só quando
a questão de m étodo é p osta em jogo que se pode distinguir um m aterialism o p s ic o
lógico do m aterialism o m etafísico. E a noção de epifenóm eno é precisam ente carac
terística desta visão, quer a palavra seja ou não utilizada por aqueles que a defen
dem . Seria, por exemplo, esse o caso da doutrina de A uguste Com te, segundo a qual
“ a teoria positiva das funções afetivas e intelectuais deve consistir, de o ra em diante,
no estudo dos fenôm enos de sensibilidade interior p ró p ria dos gânglios cerebrais,
o que constitui apenas um prolongam ento da fisiologia” (Curso d e filo s o fia p o siti
va , lição 45), se esta teoria m etodológica n ão fosse corrigida pelo estudo sociológico
da inteligência, do sentim ento e d a atividade hum ana que lhe descobre um a outra
face. (A . L .)
M A T E R IA L IS M O 650
N ão existe ainda, que eu saiba, d o u trin a m aterialista que se funda na teoria atual
segundo a qual a realidade m aterial to m a periodicam ente dois tipos de aspectos, o
do atom ism o, que apoiaria a descontinuidade, e o do ondulatório, que, pelo co n trá
rio, caucionaria a continuidade. Trata-se de um dos parad oxos desta física que não
se vê com clareza até onde nos conduz. Sob um outro ponto de vista ela arrisca-se
a abalar ainda o m aterialism o: este era determ inista (à exceção do sistem a de Epicu-
ro ), e é ponto que mais radicalm ente se opunha ao espiritualism o. A relação de in
certezas parece p ô r tu do em questão no que se refere às relações do espírito com a
m atéria. Com o se diz ju stam ente nas observações, as palavras m udam de sentido,
e é artifical procurar um a idéia central e essencial com um a to das as filosofias m ate
rialistas, m esm o até um a concepção com um d a m atéria. J á pudem os sublinhar, sob
este p onto de vista, um a diferença fundam ental entre o pensam ento antigo e o p en
sam ento m oderno: enquanto os gregos viam n a m atéria o princípio do devir, nós,
ao contrário, fizemos dela o princípio d a perm anência (ver R « âτ Z á , O d evir no p en
sa m en to grego). ( C h . Serrus)
der bekämpfenden Klassen der Gesellschaft jedesmal Erzeugnisse sind der Produktions
and Verkehrs Verhältnisse, m it einem W ort, der oekonomischen Verhältnisse ihrer E po
che; dass also die jedesmalige oekonomische Struktur der rechtlichen und politischen
Einrichtungen sowie der religiösen, philosophischen und sonstigen Vorstellungsweisen
eines jeden geschichtlichen Zeitabschnittes in letzter Instanz zu erklären sind. Hiermit
w ar der Idealismus aus seinem letzten Zufluchtsort, aus der G eschichtsauffassung ver
trieben, eine materialische Geschichtsauffassung gegeben” 1. Fr. E Ç; Â è , Herrn Eugen E
1. "‘A té h o je toda a h istó ria foi a histó ria d a luta en tre as classes, essas classes sociais em lu ta um as com
as o u tras são sem pre o p ro d u to das relações de p ro d u ção e de tro ca, n u m a p alav ra, das relações econôm icas
d a su a época; e assim , em cad a m om en to, a estru tu ra eco nôm ica d a sociedade constitui o fu ndam ento real pelo
qual devem ser explicados, em últim a instância, to d a a su p ere stru tu ra d as instituições juríd icas e políticas, assim
com o as concepções religiosas, filosóficas e outras de q u alquer período histórico. A ssim , o idealism o foi expulso
d o seu últim o refúgio, a co ncepção de história, e foi in stau rad a u m a co ncepção m aterialista d a h is tó r ia /5 A
inversão da ciência p o r Eugen Dühring.
653 M A X IM A
ção social à qual ele dava o nom e de m aterialism o* histórico, usual em M arx, e a
teoria geral do m undo, à qual deu o nom e de ‘m aterialism o dialético’.” Esta distin
ção é nitidam ente indicada n a sua o b ra L u d w ig Feuerbach e o f im d a filo so fia clássi
ca alem ã (ver m ais adiante as observações sobre M etafísica). Foi em seguida ad o tad a
por Lenin, Plékhanov, B ukharin, e encontra-se em m uitas obras alemãs.
N ão posso dizer exatam ente em que m om ento a expressão m aterialism o dialético
se introduziu n a França. A parece naturalm ente nas traduções dos livros russos p u
blicados nas Edições Sociais Internacionais: N . BÃZ 3 7 τ 2 « ÇE , A teo ria d o m ateria
lism o histórico (1927); LE Ç« Ç , M aterialism o e em piriocriticism o (1928). O Feuerbach
de E Ç; E Â è è ó foi traduzido um pouco mais tard e (prim eira trad ução p or Marcel O Â «
â « E 2 , L es revues, 1931).
Sobre M áxim a — Term o m uito utilizado por L ÃT3 E , E ssay, livro IV, cap. VII
e X II, e nos capítulos correspondentes dos N o v o s en saios de LE « ζ Ç« U . Locke en ten
de por isso todas as proposições adm itidas sem pro va, e o mais das vezes, por um a
espécie de convenção tácita, que facilmente dá lugar ao erro. LE « ζ Ç« U restringe o seu
sentido aos axiom as (no sentido de proposições evidentes): “ A dm iro-m e, senhor, de
que vireis contra as m áximas, quer dizer, contra os princípios evidentes, aquilo que
se pode e deve dizer contra os princípios supostam ente g ra tu ito s.” N o v o s ensaios,
IV, X II, 6.
A cerca do uso an terior desta palavra, na E scolástica, ver o D icionário de Bτ Â á
ç « Ç , sub V o.
vista o m ediador sem i-espiritual, sem im aterial de que Larom iguière fa la rá m ais ta r
de: “ U m a substância que estaria presente no espaço de um a m an eira perm anente
( beharrilich : cf. A nalogias d a experiência), m as contudo sem o preencher, com o um
interm ediário (M itteldin g) entre a m atéria e o ser pensante, que alguns pretenderam
in tro d u z ir...” Crit. d a razão p u ra , “ Postu lados do pensam ento em pírico” , esclare
cim ento.
M ED IA TO 658
Sobre Médio — Artigo proposto por Claparède e redigido a partir das suas indicações.
659 M EIO
zer, a raiz ne d o pro d u to dos n núm eros 3? um term o onde ela com eça, porq ue o
que se pretendem substituir p o r um va nom e de meio n ã o se ju stificaria se não
lor único. se situasse entre o princípio e o fim ... A
R ad. i n t M ezvalor. idéia não é nunca o term o inicial; é sem
pre um m eio. A finalidade tem a sua fonte
M ED IT A R, M ED IT A ÇÃ O Ver as nos fatos afetivos, e não em fatos inte
observações sobre R eflexão. lectuais; existe um a finalidade cega e um a
M É D IU M Ver E spiritism o. Sobre a finalidade esclarecida pela inteligência.’’
definição de M édium , M ediunidade, etc., GÃζ Â ÃI , Vocabulário, V o Finalidade,
ver F Â Ã Z 2 ÇÃ à , D es In des à la p la n ète pp. 240-242.
M ars, prefácio, p. X II. R a d . int.: M oyen.
Sobre M eio (1) — Parece-m e que a fin a lid a d e não é a série das causas e dos efei
tos, m as a relação entre os diferentes term os desta série com o term o final, a ação
ideal deste term o sobre os o u tro s (com o a causalidade é a ação real da causa eficien
te). (J . Lachelier)
O sentido p róprio de finalidade é certam ente relação do meio a o fim (ver atrás
F inalidade). M as introduziu-se n a linguagem filosófica corrente u m a tendência para
cham ar por elipse fin a lid a d e a qualquer processo que m anifeste um a finalidade. N ão
é o único caso em que este term o ab stra to acabou por designar o fa to ou o objeto
concreto de que ele é a característica: por exem plo, u m a autoridade, um a m aldade,
um a possibilidade. E sta transform ação sem ântica é sem pre um tan to chocante no
m om ento em que se produz; m as parece conform e ao espírito geral d a língua. (A . L .)
Sobre M eio (2) — O sentido D da palavra m eio, e as expressões com o “ o meio
exterior” , “ os meios sociais” , “ um m au m eio” são certam ente parad oxais e ilógi
cas. M as explica-se facilm ente p o r que cam inhos a expressão passou do sentido C,
ainda m uito correto e próxim o da etim ologia, p ara o sentido D , que dela está tão
longe. A expressão “ meio in terestelar” é m uito antiga; rem onta pelo m enos à época
de N ew ton; esse meio é o in term ediário pelo qual os astro s agem uns sobre os ou
tro s. M as ao m esm o tem po que está entre os corpos, e que, p o r seu “ m eio” , as ações
físicas se pro pagam , é tam bém o flu id o no qual todos os corpos estão m ergulhados,
e, por conseqüência, o seu “ m eio” no sentido D desta palavra. (Resum o das obser
vações de Beaulavon, C ou tu rat, L e R o y)
M ELA N CO LIA 660
B. A quilo que pode ser intercalado A palavra m eio , neste sentido, é até
quer entre duas noções, de tal form a que correntem ente aplicada ao tem po, ao es
elas não partilhem de um a m aneira exaus paço, ou ao espaço-tem po, considerados
tiva o universo do discurso, quer entre com o um a espécie de receptáculos dos fe
duas proposições, de tal fo rm a que não nôm enos.
sejam contraditórias. " O s silogismos dis
juntiv os são falsos apenas pela falsidade C R ÍT IC A
da m aior, na qual a divisão não é exata,
E d . G Ãζ Â Ã
I (V ocabulário, V o M eio)
encontrando-se um m eio en tre os m em
bros op o sto s.” L ógica de P Ã2 I -RÃà τ Â , faz notar com razão que o sentido D é iló
I l l f parte , cap. XH. gico; p o rq u e , diz ele, “ é o ser que está
no m eio daquilo que o rodeia, e a expres
Princípio d o m eio excluído , ou do ter
ceiro excluído: “ De duas proposições são m eio ex terio r pareceria paradoxal se
contraditó rias, um a é verdadeira a o u tra n ão fosse hab itu al” .
falsa” ; ou ainda: " S e duas proposições A cerca d a origem e desenvolvim ento
são contraditó rias, a verdade ou falsida deste sentido, ver as observações.
de de um a im plica respectivam ente a fa l R ad. int.: A . B. M ez; C. Medy.
sidade ou a verdade da o u tra .” Ver C o n
tradição. M EL A N C O LIA D . M elancholic, E.
C. A quilo que, interposto entre dois M elancholia; F. M élancolie; I. M alin-
ou vários corpos, transm ite um a ação fí conia.
sica de um ao ou tro. A . (sentido técnico). Diz-se de todas as
D . C onjunto dos objetos (no sentido perturbações mentais caracterizadas por
m ais am plo desta palavra) no meio dos um a tristeza anormal e crônica. As suas va
quais se produz um fenômeno ou vive um riedades são numerosas. B τ Â á ç « Ç distin
ser. “ M eio físico; meio social; meio in gue seis tipos principais (Vo, II, 61-62).
telectu al.” Cf. A d a p ta çã o . “ Meio inte B. (sentido vulgar e literário). Triste
rio r” diz-se de um organism o considera za leve, acom panhando a reflexão ou o
do na sua relação com os elem entos ce devaneio.
lulares que nele vivem. R a d . int.: M elankoli.
D a linguagem dos físicos esta palavra passou p a ra a linguagem dos biólogos sob
a influência de G eoffroy Sτ « ÇI -H « Â τ « 2 E , de quem um a das idéias dom inantes era
a de tran sp o rta r p ara o estudo dos seres vivos os processos e os conceitos em uso
n a física e n a química. Ele dizia habitualm ente, neste sentido, “ meio am biente” . M e
m órias d a A cadem ia das Ciências, 1833. E studos progressivos d e um naturalista, 1835.
Introduziu-se em seguida n a linguagem das ciências m orais através de duas vias
independentes. A uguste CÃOI E , que a to m ara em prestada ao natu ralista de Blain-
ville, fez dela u m a utilização freqüente. V er principalm ente C urso d e filo so fia p o s i
tiva , lição X L , §13 ss. " M eio ” foi im presso aí prim eiram ente em itálico e só é em
pregado depois de um a prévia explicação da idéia que representa. P o r outro lado,
Tτ « ÇE , que m ais do que qualquer o u tro vulgarizou este term o, tin h a-o extraído da
intro dução à C om édia hum ana de Bτ Â Uτ T (1841), onde este assim ila a sociedade à
natureza e as variedades individuais do hom em às espécies zoológicas, que depen
dem do seu “ m eio” . O próprio Balzac foi buscá-la em Etiénne G eoffroy Saint-Hilaire.
(R . B erth elot )
Ver igualm ente R. EZ T3 E Ç , A s grandes corren tes d o pen sa m en to co n tem porâ
n eo, e Bτ 2 I 7 , D ie P hilosoph ie d er G eschichte als Sociologie, p. 33.
661 M EM O RA B ILID A D E
Sobre M eliorism o — A rtigo com pletado sob as indicações de É lie H alévy, que
nos com unicou os seguintes docum entos:
O sentido B é utilizado p o r Sú E ÇTE 2 : “ ... the m eliorist view ... that life... is on
the way to become such th a t it will yield m ore pleasure th an pain” ' ( C on tem p o ra ry
R eview , julho de 1884, p. 39).
O sentido A é o dado p o r Jam es SZ Â Â à a esta palavra que a popularizou entre
os filósofos. “ By this I w ould understa nd the faith which affirm s n o t merely our
p o w er o f lessening evil — this nobody questions — b u t also our ability to increase
th e a m o u n t o f p o sitiv e g o o d .” 1
2 P essim ism , a H isto ry a n d C riticism , 1877, p. 399.
Ele d eclara n a m esm a passagem que tom ou em prestado esta palavra a George
E Â « ÃI . T en d o p e rg u n ta d o a este se a tin h a inventado, recebeu a seguinte resposta:
“ 1 dont know th a t I ever heard anybody use the w ord m eliorist except myself. But
I begin to think th at there is no good invention o r discovery th at has n ot been m ade
by m ore than one person .” 3 The L ife o f G eorge E lio t, por J. W . C 2 Ãè è , ed. Tauch-
nitz, vol. IV, p. 183.
A palavra encontra-se tam bém n um a o b ra publicada em 1858: H o ra e subsecivae,
L o ck e an d Syden h am , por J. B2 Ãç Ç (prefácio).
LE è I E 2 W τ 2 á (D yn am ic S o cio lo g y, 1883, vol II, p. 468) pro pôs que se desse a
esta palavra um sentido um pouco diferente, que ele define d a seguinte form a: “ hu-
m anitarianism m inus sentim ent... the im provem ent o f the social condition through
cold calculation, thro ugh the adoption o f indirect m eans ” 4(por oposição ao hum a
nitarism o que procura sobretudo aliviar os sofrim entos presentes). Este sentido não
parece ter-se divulgado.
1. “ . . . a visã o m e lio rista ... segun do a qu al a v id a está em vias de se to r n a r tal q u e p ro d u z irá m ais p razer
d o que d o r ” .
2. “ E n te n d en d o p o r essa p a la v ra a cren ça que a firm a n ão só o no sso p o d er d e d im in u ir o m al — o
q u e ninguém põe em d ú v id a — m as tam b ém a nossa cap ac id a d e d e a u m e n ta r a so m a d e bem p o sitiv o .”
3. “ N ã o sei se ouvi alg u ém , a não ser eu , usar o term o m eliorism o. M a s com eço a cre r que n ã o h á b o a
in v en ção ou d e sc o b e rta que n ã o te n h a sid o feita p o r m ais d o que u m a p e s so a .”
4. “ o h u m a n ita rism o m en os a su a se n tim e n ta lid a d e ... o m elh o ra m e n to d a c o n d ição social atrav és de
um cálculo refletid o , pela a d o ç ã o de m eios in d ire to s” .
M EM O RIA 662
hom ônim as do silogismo categórico. Com efeito, a m aior é a prem issa que contém
o term o grande, predicado da conclusão; m as num raciocínio hipotético a “ m aio r”
contém a conclusão com pleta.
E d. G o b lo t considera, pelo contrário, que num silogismo hipotético, tal como
vulgarm ente se enuncia, o term o pequeno é subentendido. Este silogismo só tem sen
tido se fo r assim form ulado:
Se p é, q é;
O ra, no caso S, p é
Logo, no caso S, q é
fórm ula em que a expressão no caso S desem penha exatam ente o mesmo papel, do
po nto de vista do pensam ento, que o term o pequeno dos silogismos clássicos. N ão
só o nome de m enor convém, pois, m uito bem a esta proposição, m as tam bém o
silogismo hipotético, assim com pletado, representa m uito mais fielm ente do que o
silogismo aristotélico a verdadeira relação dos term os e das proposições no espírito.
Cf. E. G Ãζ Â Ã , “ O è juízos hipotéticos” , R evu e d e m étaphysiqu e, m arço de 1911.
I
garítm ica de W eber: se os intervalos en N a Idade M édia, este term o foi apli
tre os excitantes são suficientemente gran cado à σ ο φ ί α ou φ ι λ ο σ ο φ ί α π ρ ώ τ η de
des, constata-se que as sensações crescem A ristóteles (M etafísica, I, 2, 982a4 e se
proporcionalm ente aos excitantes (Éd. guintes), que tinha por objeto t ò ο η ο ν
C Â τ ú τ 2 ÉDE). Esta lei está ela própria na (M et., III, 1, 1003a21; V, 1, 1026a31,
turalm ente sujeita às diversas reservas de etc.), e por ele pró prio definida ή τ ω ν
princípio que sobre a m edida da sensa π ρ ώ τ ω ν α ρ χ ώ ν κ α ί α ι τ ι ώ ν θ ί ω ρ -η τ ι κ ή
ção forem feitas. Cf. Fechner. (sendo essas causas principalm ente o
Tcuyadáv e O τ ο oSi é'vexa) (ibid., 982b
M ESMO V e r O utro e Idêntico. M es- 9-10). C om preende o_conhecim ento da$__ i / '
m id a d e fo i u tiliz a d a p o r V ÃÂ I τ « 2 E . V er coisas divinas ao mesmo tem po que o dos_
a s o b s e rv a ç õ e s s o b re Identidade. principios das ciencias e da ação (cf. Bo-
N I T Z , V o π ρ ώ τ ο ι , 653a23).
M ESO LO G IA D. M esologie; E. M e-
so lo g y, F. M éso lo g y, I. M esologia. S. T ÃOá è á E A I Z « ÇÃ a d a p to u esse
Estudo que tem p o r objeto a relação se n tid o c o m p le x o à d o u tr in a crista, in sis
tin d o s o b re o c a r á te r ra c io n a l (e n ã o r e
entre os seres e o seu meio (pouco usado).
R ad. int.: Mezologi. v e la d o ) d e s te c o n h e c im e n to .
N a utilização m oderna, o sentido da
M ET A F ÍS IC A D. M etaphysik; E. palavra m etafísica diferenciou-se confor
M eta p h ysics ; F. M étaphysiqu e; I. M eta me se acentuava aí quer a idéia de certos
física . seres ou de urna certa ordem de realida
A . Sentido prim itivo: r à g e rà r à φ υ de, objeto especial d a m etafísica, quer a
σ ι κ ά , nome dado à o b ra de A ristóteles a idéia de um m odo especial de conheci
que nós cham am os hoje a M etafísica, m ento, característicam ente seu:
porque, na coleção das obras de A 2 « è I ó 1? Conhecim ento de um a ordem es
I E ÂE è recolhida por A Çá 2 ó Ç« TÃ áE RÃ pecial de realidade:
áE è (1? século a. C .), se seguia a Φ υ σ ι κ ή B. Conhecim ento dos seres que não
α κ ρ ό α σ ή , ou Física. Sob esta form a, se apresentam aos sentidos. “ As ciências
especulativas são a m etafísica, que tra ta sas são em si m esm as, por oposição às
das coisas m ais im ateriais, com o do ser aparências que elas apresentam . “ U nter
em geral, e em particular de Deus e dos M etaphysik verstehe ich jede angebliche
seres intelectuais feitos à sua im agem ; a Erkenntniss, welche über die Möglichkeit
física, que estuda a natureza, etc.” (Bos- d er E rfahrung, also über die N a tu r, oder
S U E T , Conhec. d e D eu s e d e si, cap. I, § die gegebene Erscheinung der Dinge, hi
1 5 ) . Este sentido deriva de S . T Ã Oá è á E
nausgeht, um A ufschluss zu ertheilen
A I Z « Ç Ã . É tam bém o que D è T τ 2 è E I E
über D as w orduch jene bedingt w äre;
dava a esta palavra (ainda que menos pre
oder populär zu reden, über Das, was hin
cisamente): ver a E pístola dedicatória das
M ed ita çõ es, n a qual a m etafísica ou filo ter der N a tu r steckt, u n d sie möglich
sofia prim eira é apresentada com o tendo m ach ... E r (der U nterschied zwischen
p o r objeto o conhecim ento de D eus e da Physik u n d M etaphysik) beruht im All
alm a p o r “ razão n a tu ra l” . gemeinen a u f der K antischen Unterschei
C . C onhecim ento daquilo q ue as coi- dung zwischen Erscheinung und D ing an
A prim eira alteração notável do sentido desta palavra é aquela provocada por
Descartes e os cartesianos, que consideram a im aterialidade com o o traço caracterís
tico dos o bjetos m etafísicos. P a ra D escartes é m etafísico aquilo que não é nem físi
co, nem puram ente form al, com o a geom etria1. D a m esm a m aneira, em M τ Â ζ 2 τ Ç - E
à parte con stru tiva d a filosofia o p osta à Crítica, e “ com preendo to d o o conhecim en
to , verdadeiro ou aparente, que vem d a Razão p u ra ” ; 2°. a “ todo o co njunto da filo
sofia pura, com preendendo aí a C rítica” ; 3? à teoria dos objetos de fé racional; 4?
finalm ente, cham a “ princípios de saber m etafísico” aos princípios reguladores do
pensam ento científico, tais com o N a tu ra non fa c it saltus, etc. M as esta utilização
é secundária, e o prim eiro destes quatro sentidos é o mais im portante.
Jacob adm ite um a m etafísica d a intuição interior, no sentido D. Sobre-Fichte e
Hegel, ver mais adiante. ( R esum o d e u m a com unicação feita por R e n é B erth elot à
Sociedade de Filosofia, sessão de 7 de julho de 1910)
A principal fonte da utilização da palavra m etafísica em Kant é o M anual de Baum-
garten intitulad o M etaphysica (1730), V o K a n t's Term inology, e M Â Â « Ç , VÃ M e- E
taph ysik.
S obre os d iversos sen tid o s da pa la vra “M eta física " . É extrem am ente difícil re
duzir à unidade todos os sentidos que foram dad os, com razão ou sem ela, e m uito
freqüentem ente sem ela, à palavra m etafísica. É necessário, creio eu, p artir de A ris
tóteles, para o qual a π ρ ώ τ η φ ι λ ο σ ο φ ί α era a ciência do ser sim plesmente enquanto
tal, enquanto existe, por oposição ao ser enquanto tendo qualidade, quantidade, etc.:
por conseguinte, a ciência dos elementos e das condições da existência em geral; por
exemplo, todo ser é feito de potência e de ato, de m atéria e de form a; é determ inado
a existir por um a causa eficiente e por um a causa final. M as já , em A ristóteles, à
idéia das condições de existência em geral se acrescenta a de um ser, cu ja existência
é considerada com o a condição suprem a da existência de todos os o u tros, Deus.
A cho que a m etafísica, a p artir desse m om ento e tal como foi entendido, foi sem
pre um a ciência dupla-, 1? a da existência em geral; 2° a de certas existências, com o
as de Deus e das alm as, inacessíveis em si mesmas à experiência, m as consideradas
p ara a explicação quer do conjunto das coisas, quer de certos fenôm enos em p articu
lar, e adm itidas, qu an to ao seu ser e m aneiras de ser, para e segundo a necessidade
desta explicação (por exemplo, alm a d eve ser im aterial, porq ue a consciência que
temos de nós próprios é simples). Pode-se contar com o sendo um a terceira ciência,
ou m elhor, com o um desdobram ento da prim eira, a da totalidade das existências,
ou do M undo. (É finito ou infinito, em duração e extensão? É redutível a elementos
últim os, ou a redução irá ao infinito? C ontém começos absolutos, ou é tudo um en
cadeam ento necessário?) N a era b árb ara da filosofia, quer dizer, no século X V III,
parecendo vãs ou impossíveis todas essas ciências, já se entendeu por m etafísica ape
nas o conhecim ento dos princípios gerais de um a arte ou de um a ciência quaisquer,
ou ainda a dos fenômenos que não são do dom ínio dos sentidos externos, com o a
p ró p ria sensação. N ão sei qual será agora o futuro da m etafísica; gostaria, quanto a
669 M ETA FÍSIC A
m im , que ela voltasse a ser a ciência do ser, no duplo sentido de existência em geral
e de totalidade das existências, m as com a condição nova de que a chave desta ciên
cia deve ser p ro cu rad a na evolução das necessidades internas — ou, num a só p ala
vra, na lógica intern a do pensam ento. Excluo dela form alm ente to d o o conhecim en
to dos seres particulares: as alm as não são p a ra mim seres, m as o pró prio ser, ou
o ato do corpo; Deus e o nosso pró prio destino possível fo ra deste m undo não são
objetos de ciência, mas de fé. (J . Lachelier )
Sobre a defin ição de A . F ÃZ « Â Â é . A análise reflexiva não consiste em ver as coi
E
sas de fo ra, a ver tu d o nelas, exceto elas pró prias; consiste, pelo co n trário , em vê-las
por dentro, em vê-las a elas próprias nos seus elem entos, que são fato s de consciên
cia. Q uanto à síntese, procura relações indissolúveis entre cada realidade e to das as
ou tras. F ora desta dupla operação sobre o real, só pode existir um a m etafísica im a
ginativa, fundada sobre simples aparências im ediatas, apresentadas tais quais com o
realidades. (A . Fouillée)
S obre a defin ição d e Ch. DZ Çτ Ç . N ão creio que um a síntese do conhecim ento
possa ser feita através de um trabalho consciente, voluntário, discursivo. O pensa
m ento m etafísico é essencialm ente espontâneo, em bora precise ser p reparado. C on
siste no ato de p ô r qualquer coisa quer com o fato , quer com o verdade. É por isso
que aparece em tod o s os hom ens e em todos os instantes. É a fo rm a fundam ental
do pensam ento em geral.
P ô r algum a coisa, quer com o existência, quer com o verdade, é, na m inha op i
nião, fazer m etafísica: 1°. porq ue pôr um fenôm eno com o real e existente correspon
de a pô-lo com o parte integrante do to d o das coisas, o qual é infinito, p ortan to tran s
cendente a to d a experiência e absoluto; de m an eira que dizer: este livro existe, é ligá-
lo ao A bsoluto, quan to ao tem po, q uan to ao espaço, qu an to à causalidade, à fin ali
dad e, quanto a tod o s os aspectos que ele apresenta: o que supõe que a idéia de A bso
luto está em nós, e que, sem ser pensável em si m esm a, é o fu ndo, ou m elhor, a fo r
m a (no sentido aristotélico da palavra) de todos os nossos pensam entos. Se, em vez
da existência de um objeto, eu ponho com o verdade um a qualquer concepção do
m eu espírito é a m esm a coisa. Sem pre, quer eu o saiba ou não, a p artir do m om ento
em que afirm o, refiro-m e à idéia de A bsoluto, presente em mim.
M ETAFÍSICA 670
S o b re M é ta m o ra l (2) — A u tiliz a ç ã o d e s ta p a la v r a s u p õ e u m a p o s iç ã o d e d o u tr i
n a , e n ã o é a c e ita p o r to d o s a q u e le s p a r a q u e m a m o r a l já n ã o é a m o ra l se se s e p a ra r
a te o ria d o s seus fu n d a m e n to s . (M . Drouiri)
677 M E T E M P ÍR IC O
S o b re M e ta p s íq u ic o — D e p o is d a p u b lic a ç ã o d o fa s c íc u lo d o Vocabulário q u e
c o n tin h a e ste te rm o (1 911), este re c e b e u u m a g r a n d e p o p u la r id a d e n o Traité de m e
tapsychique, p u b lic a d o p o r C h . R ic h e t (1922); e , p o r c o n s e g u in te , a o u tr a a c e p ç ã o
q u e eu a ssin a le i e n tã o (a q u ilo q u e , n o e s p írito , n ã o é d e n a tu r e z a a ser c a p ta d o p e la
o b s e rv a ç ã o ) p a re c e d e f a to c o m p le ta m e n te c a íd a em d e s u s o . C f. c o n tu d o Parapsi-
quico q u e p a re c e m e lh o r c o n s titu íd o .
O D icionário d e B a l d w i n ( I I , 668 B ), a liá s sem re fe rê n c ia , in d ic a q u e a p a la v r a
M etapsychosis fo i p r o p o s ta e sp e c ia lm e n te p a r a d e s ig n a r o e s ta d o m e n ta l d o perce-
p ie n te n o s f e n ô m e n o s te le p á tic o s . M a s , c o m o o b s e rv o u J. Lachelier n e ss a a ltu r a , e la
p a re c e n e ste c a s o s ig n ific a r tr a n s f e r ê n c ia d e c o n sc iê n c ia , e , p o r c o n s e q ü ê n c ia , é f o r
m a d a co m u m a in te n ç ã o c o m p le ta m e n te d ife re n te d e m etapsíquico.
E s ta p a la v r a p o d e ta m b é m a p lic a r-s e à q u ilo q u e , c o n s e rv a n d o as c a ra c te rís tic a s
d o fa to p síq u ic o , a p re s e n ta certas c a ra c te rístic a s a m ais: p o r e x em p lo , a u n id a d e tr a n s
c e n d e n ta l d a a p e rc e p ç ã o e m K a n t. ( G , D w elshauvers )
O m etapsíquico é a p e n a s u m a esp écie d e q u e m etem pírico, n o s e n tid o d e L ew es,
é o g ê n e ro . Se se c o n s e rv a r e s ta p a la v r a , n ã o s e rá n e c e s sá rio c ria r te r m o s c o rre s p o n
d e n te s p a ra to d a s a s o u tr a s d isc ip lin a s? (L . Boisse)
“ S o b re o te rm o m e ta p síq u ic o , q u e C h a rle s R ich et in v e n to u o u re in v e n to u — , p o r
q u e p a re c e q u e V . L u to sla w sk i j á o tin h a u tiliz a d o n o m e sm o s e n tid o — p o d e r-s e -ia
d is c u tir. L a m e n to , d e m in h a p a r te , q u e e l e n ã o te n h a p re fe rid o Parapsíquico ( p r o
p o s to j á h á a lg u n s a n o s p o r B o ira c , salv o e r r o ) , q u e e x p rim e m e lh o r o c a r á te r à p a r
te , a n o r m a l, n ã o c l a s s i f i c a d o , p r ó p r io d e ste g ê n e ro d e fe n ô m e n o s . T a m b é m n ã o d e i
x a d e te r in co n v en ien tes su g erir u m p a ra le lo e n tre o M etapsíquico, q u e p re te n d e to rn a r-
se u m a c iên c ia p o s itiv a , e a M etafísica, q u e , d ig a -se o q u e se d is se r, c o n tin u a r á a
p la n a r a c i m a d e to d a s a s c iên cias p a r tic u la r e s .” T h . F l o u r n o y , A rchives dep sych o -
logie, V , 1906, p . 298. F lo u r n o y a c re s c e n ta , a liá s , q u e , j á q u e e s ta p a la v r a e s tá la n
ç a d a , é m a is sim p les a d o tá - la . (Éd. Claparède)
çõ es e n q u a n to o s c o n h e c e m o s e e x istem n o n o s so u n iv e rs o ; a s e g u n d a a fa s ta -s e d e sta
re g iã o p a r a c o n s id e ra r u m a o u tr a esp é c ie d e o b je to s , e, n ã o o b s e r v a n d o as c o isa s
ta is c o m o elas s ã o p a r a n ó s , s u b s titu í às c o n tra d iç õ e s id e a is d a c iê n c ia , as c o n s tr u
çõ es id eais d a im a g in a ç ã o . (C . R anzoli)
S o b re M e ta p s íq u k o e M e te m p íric o — E s ta s d u a s p a la v r a s f o r a m f o r m a d a s p o r
c o n tra -s e n s o . F o r a m c o n s tr u íd a s a p a r tir d o m o d e lo d e m etafísica. M a s o p re fix o
m eta n e s ta p a la v r a s ig n ific a depois , em seguida, e n ã o para além. V e r a c im a o in íc io
d o a r tig o M etafísica. (J . Lachelier)
S o b re M e te m p s ic o se — N ã o te r á e sta d o u tr in a p o r tra ç o c a r a c te rís tic o a eterni
dade d a s a lm a s? (L. Boisse) A s d u a s c re n ç a s e s tã o g e ra lm e n te a s s o c ia d a s n a h is tó ria ;
m a s n a d a im p e d e q u e h a j a u m a tra n s m ig r a ç ã o d a s a lm a s fin a lm e n te d e s tin a d a s a
a n iq u ila r-s e o u a a b s o rv e r-s e n u m a re a lid a d e e s p iritu a l n a q u a l p e rd e ss e m a s u a in d i
v id u a lid a d e . (L . Brunschvicg — A . L .)
2? P r o g r a m a q u e re g u la a n te c ip a d a A s p a la v ra s metódico, metodicamente
m e n te u m a s e q ü ê n c ia de o p e ra ç õ e s a exe s ã o q u a s e s e m p re u s a d a s n e ste s e n tid o , e
c u ta r e q u e a s s in a la c e rto s e rro s a e v ita r, im p lic a m u m a p re c o n c e p ç ã o re fle tid a d o
co m v ísta a a tin g ir u m re s u lta d o d e te rm i p la n o a seg u ir.
n a d o . “ C arec e r d e m é to d o . P ro c e d e r co m Especialmente:
m é to d o .” “ C o n s id e ra ç õ e s e m á x im a s de B . P r o c e s s o té c n ic o d e c á lc u lo o u d e
q u e fo rm e i u m m é to d o p e lo q u a l m e p a e x p e rim e n ta ç ã o . “ O m é to d o d o s m e n o
re ce q u e p o s s u o u m m e io d e a u m e n ta r re s q u a d r a d o s .” “ O m é to d o d o P o g g e n -
g ra d u a lm e n te o m e u c o n h e c im e n to e de d o r f f (e m p re g o d o e sp e lh o m ó v el p a r a a
elev á-lo p o u c o a p o u c o a o m a is a lto p o n m e d id a d o s â n g u lo s ) .”
to a q u e a m e d io c rid a d e d o m e u e sp írito C . (so b re tu d o e m b o tâ n ic a ). S iste m a
e a c u r ta d u r a ç ã o d a m in h a v id a lh e p o d e classificação : J o h n Rτ à , M eth o d u s
d e r ã o p e rm itir a tin g ir .” D E è Tτ 2 I E è , plantarum nova, 1682.
Discurso d o m é to d o , I, 3. D isse-se m u ita s v e ze s, n e ste s e n tid o ,
Kτ ÇI o p ô s a M e to d o lo g ia a o c o n ju n M I L A G R E D , W under; E . A . M ira-
to d a L ó g ic a a o d iv id ir a s u a Critica da cie; B . W onder; F . Miracle; I. M iracolo.
razão pura em “ T ran sc e n d e n ta le E lem en - A . E tim o ló g ic a m e n te , f a to s u rp re e n
ta r le h r e ” (c o m p re e n d e n d o a E s té tic a e a d e n te {miraculum, d e mirari, e s p a n ta r-s e ,
L ó g ic a tra n s c e n d e n ta is ) e e m “ T ra n sc e n - a d m ir a r ; c f. W under , d e r w undern, n o
d e n ta le M e th o d e n le h re ” . A p rim e ira tem m e sm o s e n tid o ), n ã o c o n f o r m e à o rd e m
c o m o o b je to e x a m in a r a n a tu r e z a e o v a h a b itu a l d o s f a to s d a m e s m a n a tu r e z a .
B . M a is r a r a m e n te (e c o m u m a p o n ta m ira c le is a v io la tio n o f th e la w o f n a tu -
d e h u m o r , a in d a q u e s e ja u m r e to r n o a o r e ” {Essays, II, 10). “ U m m ila g re é u m
se n tid o etim o ló g ico ): to d o fa to n o tá v e l o u f a to c o n tr á r io à s leis d a n a tu r e z a , u m a
M a s e s ta d e fin iç ã o é a p e n a s fo r m a l e p re lim in a r. P a r a c a r a c te r iz a r p re c is a m e n te
o m ila g re , e d a r u m a d e fin iç ã o q u e f a ç a c o n h e c e r v e rd a d e ir a m e n te a s u a n a tu r e z a ,
é p re c iso e sc la re c e r a a ç ã o e sp iritu a l q u e o c o n s titu i: e la c o n sis te n a e x a lta ç ã o m o
m e n tâ n e a d a p o tê n c ia c u jo ato livre, ta l c o m o é d e fin id o n a filo s o f ia b e rg s o n ia n a ,
r e p r e s e n ta a f o r m a in fe rio r . “ U m m ila g re é u m a to d e u m e s p ír ito in d iv id u a l (o u
d e u m g ru p o d e e sp írito s in d iv id u a is ), q u e a g e c o m o e s p írito a u m n ív el m a is e le v a d o
d o q u e d e h á b ito , r e e n c o n tr a n d o d e f a to , e c o m o q u e n u m re lâ m p a g o , o seu p o d e r
d e d ir e ito .” Ib id ., d e z e m b ro d e 1910, p , 2 4 2 . “ U m m ila g re é o a to d e u m e s p írito
q u e se re e n c o n tr a m ais c o m p le ta m e n te q u e d e h á b ito , q u e r e c o n q u is ta m o m e n ta n e a
m e n te u m a p a r te d a s su as riq u e z a s e d o s seu s p r o f u n d o s re c u rso s . ” I b id ., 247. E s ta
e x a lta ç ã o só p o d e p ro d u z ir- s e p e la g ra ç a , p e lo c o n c u r s o d e D e u s, e n ã o p o d e ser re
c o n h e c id a c o m o ta l s e n ã o e m v irtu d e d e u m a p ré v ia d is p o s iç ã o m o r a l, p o r q u e “ n a
d a d isso é in c o m p a tív e l c o m u m d e te rm in is m o a m p la m e n te e n te n d id o . T r a ta -s e a p e
n a s d e u m a fa c e , d e u m la d o : a q u e le q u e d e sc o b re p o u c o a p o u c o a p s ic o lo g ia d o
in c o n sc ie n te , a p s ic o lo g ia d a s m a ss a s e, d e u m a m a n e ir a m a is d ir e ta a in d a , a p s ic o
lo g ia d a f é ” . Ib id ., 2 4 7 . “ O m ila g re , o fe n ô m e n o fís ic o , é in s e p a rá v e l d a s ig n ific a
ç ã o re lig io s a q u e ele v e ic u la ... A p e rc e p ç ã o d o m ila g re [e n q u a n to ta l] n ã o é u m a sim
p le s c o n s ta ta ç ã o se n s ív e l... O m ila g re é u m s ig n o p ro v e n ie n te d a fé , q u e se d irig e
à fé , q u e só é e n te n d id o p e la f é . ” Ib id ., p p . 236-238.
T u d o is to é e n g e n h o s o , p r o f u n d o a té , e ta lv e z s ó lid o . T r a ta - s e e m to d o o c a s o ,
s e m d ú v id a , d a q u ilo q u e m e lh o r p o d e m o s d iz er p a r a s a lv a r a n o ç ã o d o m ila g re , q u e
h o je j á n ã o se p o d e d e fe n d e r n o seu v e lh o s e n tid o te o ló g ic o e p re c is o , d e v io la ç ã o
d a s leis d a n a tu re z a . ( / . Lachelier)
A d e fin iç ã o d e L E RÃà d e m ila g re é m u ito c o n te s tá v e l. P a re c e -m e p re fe rív e l q u e
n o s in s p ire m o s n a tr a d iç ã o d o s te ó lo g o s . P o r o u tr o la d o , L e R o y n ã o é is e n to d e
c o n tra d iç õ e s . E le d e fin e o m ila g re c o m o “ u m f a to s e n sív e l” e , p o r o u tr o la d o , “ a to
d e u m e s p ír ito ” . E x iste m m ila g re s físic o s e m ila g re s e s p iritu a is . F ilo s o fic a m e n te , a
d e fin iç ã o d e L e R o y c o m p o r ta a s m e sm a s re s e rv a s e a s m e sm a s c rític a s q u e a d e fin i
ç ã o b e rg s o n ia n a d e lib e rd a d e : é u m a d e fin iç ã o a o m e sm o te m p o d e m a s ia d o v a g a e
d e m a s ia d o a m p la . (F. M entrê)
A s teses d e L E R Ãà , a c im a r e s u m id a s , r e p re s e n ta m a p e n a s u m a o p in iã o p a r tic u
la r. N u m a q u e stã o tã o d elicad a, p a re c e necessário , p a r a p e rm a n ec e r objetivo, Ü garm o-
n o s a o s e n tid o h is to ric a m e n te d e fin id o . O r a , a e x p o s iç ã o q u e n o s fo i p r o p o s ta te m
o in c o n v e n ie n te d e s e r e s tr a n h a à tr a d iç ã o e in c o m p a tív e l c o m o e n s in a m e n to c a tó li
co q u e a in d a h á p o u c o re je ito u m a is e x p re ss a m e n te d o q u e n u n c a a id é ia s e g u n d o
a q u a l o m ila g re é “ p ro v e n ie n te d a f é ” , d irig id o à fé , e n te n d id o a p e n a s p e la fé. O s
c o n c ílio s e o s p a p a s c o n s id e ra m -n o c o m o u m s in a l d iv in o , a d a p ta d o à in te lig ê n c ia
d e to d o s , d e s tin a d o a p ro v o c a r o u a c o n f ir m a r a fé , p r ó p r io p a r a se rv ir d e p e d r a de
683 M IL A G R E
M IL E N A R IS T A ( D o u tr in a ) D . M il- B . F e n ô m e n o q u e co n siste em q u e c e r
lenius lehre·, E . Millenerian doctrine, Mil- to s a n im a is re v e ste m -se , q u e r de m a n e i
lenerianism ; F . Doctrine Millénaire o u ra p e rm a n e n te , q u e r m o m e n ta n e a m e n te ,
Millénariste ; I . Millenarismo. d a a p a rê n c ia d o m eio n o q u a l vivem : fo r
A . D o u tr in a q u e a n u n c ia v a o a c o n te m a e c o r d as fo lh a s o u d o s r a m o s , a s p e c
cim e n to d o “ m ilê n io ” , q u e r d iz e r, d o p e t o d o s o lo , etc.
río d o d e m il a n o s p re d ito n o A p o c a lip s e , C . S e m e lh a n ç a s u p e rfic ia l e n tre a n i
e d u ra n te o q u a l o p rin c íp io d o m a l se to r m a is a n a to m ic a m e n te d is ta n te s u n s d o s
n a r ia im p o te n te (ver A pocalipse, X X , o u tr o s , e q u e r e s u lta q u e r d e u m m e sm o
1 -3 ). m o d o d e e x istê n c ia , q u e r d e u m a c a u s a
B . P o r e x te n s ã o (e n u m s e n tid o p e jo c o m p le ta m e n te d ife re n te ( p o r e x e m p lo ,
r a tiv o ) , d iz-se d e to d a s a s d o u tr in a s q u e c e rta s m o s c a s p a re c e m -s e e x te rio rm e n te
d e sc re v em o a p a re c im e n to d e u m a e r a d e c o m a b e lh a s ; su p õ e-se q u e e sta sem e lh a n
fe lic id a d e e d e p e rfe iç ã o {Utopia d e MO- ç a p o s s a ser u m a a d a p ta ç ã o d e fe n siv a ).
R u s, Cidade ideal d e C a l p a n e l l a , Paz
perpétua do abade d e S a i n t - P i e r r e , C R ÍT IC A
e tc .). O s e n tid o B é d e lo n g e o m a is u s u a l,
Rad. int.i M ille n a ri. se n ã o a té o ú n ic o q u e te m c u rs o em f r a n
M IM E T I S M O D . A . Nachahm ung ; cês. O m e sm o n ã o se p a s s a n o s p a íse s d e
B . C . M im ikry, N a c h ä ffu n g ( E i s l e r ) ; E . lín g u a in g lesa. B a l d w i n , S t o ü t e P o u l -
A . M im etism \ B . C . M im etism , M im icry t o n (d e O x fo rd ) p r o p õ e m q u e se d iv i
(este s e g u n d o te r m o é o m a is u s u a l n e s ta d a m to d a s a s s e m e lh a n ç a s em amiméti-
a c e p ç ã o ); F . M imétisme; I . Mimesi. cas e miméticas. A s p rim e ira s se ria m
A , D iz-se d e to d a s a s f o r m a s d e a q u e la s q u e p ro v ê m q u e r d a a n a lo g ia ,
im ita ç ã o * , c o n s id e ra d a s n a s su as c a r a c q u e r d a re p e tiç ã o ; as ú ltim a s seriam a q u e
te rís tic a s g e ra is, e d a s se m e lh a n ç a s q u e las q u e im p licam u m a a d a p ta ç ã o , q u e r a u
p ro d u z e m . to m á tic a (eco lalia, a d a p ta ç ã o m o rfo ló g i
Especialmente; c a im itativ a, m im etism o n o s sentidos B e C
q u e e n c a ra n ã o só o a s p e c to d e q u e o s s e n tid o s , a c iê n c ia o u a m e ta fís ic a se p o d e m
o c u p a r , m a s ta m b é m o s e n tid o e s p iritu a l q u e v e ic u la , a d o u tr in a q u e a p ó ia , a v id a
n o v a q u e s o lic ita . N ã o é, p o is , re c o n h e c id o e in te r p r e ta d o u tilm e n te p o r u m sim p les
tr a b a lh o s u b je tiv o d a te s te m u n h a ; n ã o é p r o d u z id o u n ic a m e n te , c o m o u m fa to o b je
tiv o , p e la f o r ç a e s p iritu a l d o s a to r e s ; n ã o é c o n s titu íd o n e m sim p le sm e n te p e la m a
n e ira p e la q u a l a fé e n c a ra o s a c o n te c im e n to s em q u e se e x p rim e , n e m s im p le sm e n te
p e la a n o m a lia físic a q u e p r o p o r ia a o in c ré d u lo u m e n ig m a d e p s ic o lo g ia re lig io sa .
U rn a c o isa c o m p le ta m e n te d ife re n te e b e m m a is , e , n u m c e r to s e n tid o , b e m m e n o s
d o q u e a f o r ç a n o r m a l d o e s p irito o u d a fé , é o in té r p r e te d e s ta d iv in a ^tXavdQwirCa
d e q u e fa la S. P a u lo , e q u e , a o h u m a n iz a r-s e n a s u a lin g u a g e m e n a s su a s c o n d e s c e n
d ê n c ia s , fa z tr a n s p a r e c e r a tra v é s d e sin ais a n o rm a is a s u a a n o r m a l b o n d a d e . É s o b re
tu d o isto q u e , p a r a a ju iz a r v e rd a d e ir a m e n te , é p re c iso d e c id ir; e é s o b re tu d o isto
q u e a “ I g r e ja , e m vez d e e rig ir c o m o ju íz e s o s o lh o s m a is ex celen tes o u a té o s d e n t i s
ta s mais c o m p e te n te s , o u mais sá b io s filósofos, depois d e se te r s e rv id o das su a s lu
zes, se re s e rv a o d is c e rn im e n to f in a l” . É a ss im , p a re c e , a n o ç ã o c o m p le x a , p re c isa ,
e sp e c ífic a d o m ila g re . (M. Blondel)
L e R o y d is c u tiu u lte rio r m e n te n u m a sessã o d a S o c ie d a d e d e F ilo s o fía as c rític a s
d irig id a s à s u a c o n c e p ç ã o d e m ila g re . E s ta d is c u s s ã o fo i p u b lic a d a n o Bulletin d a
S o c ie d a d e d e m a rç o d e 1912.
685 M IS T É R IO
S o b re M ístic o e M is tic is m o — Q u a lq u e r q u e s e ja o ju íz o g lo b a l q u e se d e v a fa z e r
s o b re o m is tic ism o , é p re c iso re c o n h e c e r , c o m e fe ito , a e x istê n c ia p sic o ló g ic a d e e s
ta d o s c a r a c te rís tic o s , lig a d o s , e x p e rie n c ia d o s d e m ú ltip la s fo r m a s e q u e p o d e m
c lassific a r-se s is te m a tic a m e n te , a g r u p a r e a p re c ia r. E o q u e p a re c e a p r o p r ia d o a es
tes estados é, p o r um la d o , a d e p re c ia ç ã o e c o m o q u e o a p a g a m e n to d o s sím b o lo s
sensíveis e das noções do p e n s a m e n to a b s tr a to e d is c u rsiv o ; é, p o r o u tr o la d o , o c o n
ta to d ire to e im e d ia to d o e s p írito c o m a re a lid a d e , sem in te rm e d iá rio s . O m ís tic o
te m a im pressão de ter n ã o m e n o s m a s m a is c o n h e c im e n to e m a is “ lu z ” . N ã o p o d e
m o s desconhecer este fa to , q u e é u m a re a lid a d e h is tó ric a . E sem d ú v id a n ã o d e v e
m o s apressar-nos a d e s a c re d ita r o m is tic ism o , a d e s p e ito d a s ilu s õ e s e a b u so s q u e
m u ita s vezes e n c o b r iu . O f a to d e a m ú s ic a n ã o te r o g ê n e ro d e c la r id a d e e p re c isã o
q u e oferece a palavra a r tic u la d a n ã o im p lic a q u e o s so n s n ã o p o s s a m e x p rim ir o q u e
a s p a la v ra s , c o m t o d o o s e u v a lo r ló g ic o , ja m a is c o n s e g u irã o tr a d u z ir . É n e ste s e n ti
d o , m u ito sensato e v e rd a d e ir o , q u e B e e th o v e n d isse: “ A m ú sic a é re v e la ç ã o m ais
e le v a d a do q u e a s a b e d o ria e a filo s o fia ” (c f. R o m a in R o l l a n d , Vie de Beethoven).
E n tr e a c iê n c ia m ís tic a e o c o n h e c im e n to te o ló g ic o , m e ta fís ic o o u físic o h á u m a d ife
r e n ç a a n á lo g a à q u e la q u e s e p a r a c o m o p o r u m a b is m o a im p re s sã o d e u m m ú sic o
e s c u ta n d o u m a s in f o n ia e o c o m e n tá rio lite rá rio q u e q u a lq u e r h o m e m c u lto , q u e r
e le n ã o te n h a o u v id o m u s ic a l o u n u n c a te n h a o u v id o u m a n o ta , p u d e ss e c o m p re e n
d e r im a g in a n d o ta lv e z te r d a o b r a tr a n s p o s ta em lin g u a g e m liv resca u m a c o m p re e n
s ã o s u p e r io r à d o m ú s ic o .
É a o p s e u d o -D io n ís io , o A e r o p a g ita , q u e se deve a p a la v r a m ís tic o (N o m s divins,
I I , 7 , e Teol. m íst., I , 1), e a m a io r p a r te d o s te rm o s q u e se to r n a r a m clássico s n a
“ m ís tic a ” . A p ó s te r m o s tr a d o q u e p a r a c h e g a r a o ser é p re c iso u ltr a p a s s a r as im a
g en s sen sív eis, a s c o n c e p ç õ e s e o s ra c io c ín io s d o e sp írito , ele a f ir m a , fu n d a n d o -s e
n u m a e x p e riê n c ia q u e n a d a te m d e d ia lé tic o , m a s p a re c e a e x p re ss ã o d e u m c o n ta to
in tim a m e n te e x p e rie n c ia d o , “ esse p e rfe ito c o n h e c im e n to d e D eu s q u e se o b té m p o r
ig n o râ n c ia e m v ir tu d e d e u m a in c o m p re e n s ív e l u n iã o ; e isto se p a s s a q u a n d o a a lm a ,
d e ix a n d o tu d o e e sq u e c e n d o -s e d e si p r ó p r ia , se u n e à c la rid a d e d a ‘g ló ria d iv in a ’ ” .
M I TO 688
D . M e n ta lid a d e d e o n d e d e riv a o m i c re n ç a s e g u n d o a q u a l o fu n d o d a s c o i
t o n o s e n tid o A . V e r Suplemento. sas é n ã o só in d iv id u a l e m ú ltip lo , m a s
“ M N E M E ” D . Mneme; F . M nèm e.
T e rm o
u tiliz a d o p o r S e m o n (Die 1. A mnem e, enquanto prin cipio d e conservação
n o d ev ir d o orgânico.
Mneme, ais erhaltendes Prinzip im Wech-
2. A s im pressões m nêm icas.
in c e s s a n te m e n te e m m o v im e n to , em V er A m abim us.
tr a n s f o r m a ç ã o c o n tín u a e sem leis fix a s, B . H a m i l t o n ( Lecturas on Logic,
u ltr a p a s s a n d o e to r n a n d o in e fic a z q u a l c a p . X IV ) c h a m a m o d a l a q u a lq u e r p r o
q u e r te n ta tiv a d e o rg a n iz a ç ã o ra c io n a l. p o s iç ã o c u ja c ó p u la re c e b a u m a d e te r m i
n a ç ã o c o m p le m e n ta r.
M O D A D . M ode, E . Fashion; F . M o
de; I. M oda. NOTA
C onjunto de usos, d e a titu d e s, de o p i “ P r o p o s iç õ e s m o d a is ’* d iz -se v u lg a r
niões q u e m o m e n ta n e a m e n te re in a m n u m e n te a p e n a s n o s e n tid o A ; m a s o s e n ti
m a sociedade e ao qual se lig a u m a p r e d o a m p lo te n d e a tu a lm e n te a in tr o d u z ir -
sunção d e s u p e rio rid a d e , aliás sem p re su se n a u tiliz a ç ã o d a p a la v r a Modalidade*.
je ita a c o n te s ta ç ã o . E ste c o n c e ito fo i p a r Ver a s n o ta s e a s o b s e rv a ç õ e s d e s ta p a la
tic u la rm e n te a n a lis a d o p o r T τ 2 á E e p o r
vra.
ele o p o s to a o c o n ce ito d e costume. O p ri Rad. int.: M o d a l.
m eiro é c a r a c te riz a d o p e la im ita ç ã o d o s
c o n te m p o r â n e o s , e o s e g u n d o p e la im i M O D A L D. M odal; E . Modal; F .
ta ç ã o d o s p re d e c e s s o re s . (Lois de Vimi M odal; I. Modale.
tation, c a p . V IL ) Que se refere a o s m o d o s , s e ja q u a l fo r
Rad. i n t M o d . o s e n tid o . D e s c a rte s c o n s a g ro u tr ê s c a p í
tulos d o s Princípios (I) à a n á lis e d a : “ 1 °.
M O D A IS (P ro p o siçõ e s) D . Modal; E .
d is tin ç ã o r e a l” ; 2° “ d is tin ç ã o m o d a l” ,
M odal ; F . Modales; I. M odale. d a s q u a is ele a d m ite d o is tip o s : u m e n tre
A . “ (E n tre a s p ro p o siç õ e s co m p lex as)
o m odo e a substância; o o u tr o e n tre o s
o s filó s o fo s a s s in a la r a m fr e q ü e n te m e n te
d ife re n te s m o d o s d a m e s m a s u b s tâ n c ia ;
a q u e la s a q u e eles c h a m a r a m modais,
e 3? a distin ção “ q u e se fa z p e lo p e n
p o rq u e a a firm a ç ã o o u a n e g ação é a í m o
s a m e n to ” .
d if ic a d a p o r u m d e ste s q u a tr o m o d o s :
M a s e ste u s o d a p a la v r a c a iu e m d e
possível, contingente, impossível, neces
s u so ; M odal s ó se e n c o n tr a n o s n o s s o s
sário”. Lógica d e P o r t - R o y a l , 2? p a r
d ia s n o s e n tid o ló g ic o : v e r o a rtig o a n
te , c ap . V III. S ã o , p o r ta n to , modais n este
te rio r.
s e n tid o as p ro p o s iç õ e s q u e n ã o c o n c e r
n e m a p e n a s s im p le sm e n te TÒ vw áçxeiv, M O D A L ID A D E D . M odalität; E .
m a s q u e a firm a m o u n e g a m q u e r a neces M odality; F . M oda lité; I. M odalith.
s id a d e , q u e r a p o s s ib ilid a d e d a re la ç ã o A . N a ló g ic a c lá ssic a , c a r a c te rís tic a
e n u n c ia d a . d a s p ro p o s iç õ e s s e g u n d o a q u a l a re la ç ã o
Boisse , “ s ã o b e m m e n o s a c o n c lu s ã o d e to d o o d e se n v o lv im e n to m o d e r n o q u e a re s
ta u r a ç ã o d e u m s is te m a t ã o v e lh o c o m o o m u n d o filo s ó fic o , q u e e n c o n tr o u e m H e -
rá c lito e e m a lg u n s c é p tie o s g re g o s u m a d a s su as m a is c o m p le ta s e x p re s s õ e s .” É essa
u m a d a s ra z õ e s q u e n o s le v o u a m a n te r a q u i e ste n e o lo g is m o , c u ja u tilid a d e e in te
re s se tin h a m s id o p o s to s e m c a u s a p o r v á rio s m e m b ro s d a S o c ie d a d e . P la tã o e A ris
tó te le s a lu d e m fr e q ü e n te m e n te a o s d o is g ra n d e s s iste m a s p ré -s o c r á tic o s q u e a m b o s
re je ita m p o r s e re m s im p lis ta s d e m a is ; o π ά ν τ α η ρ β μ ε ΐ ν e o π ά ν τ α χ ι ν ζ ϊ σ θ α t. (Meta
física, I I I , 8; 101 b24; Física, V I I I , 3 ; 2 5 3 b, 6, e tc .) N ã o é p o r ta n to in ú til a c e ita r u m
te r m o , a liá s b e m f o r m a d o , p a r a r e p r e s e n ta r e s ta c o n c e p ç ã o . (A . L .)
té lic o , é in te r p r e ta d a o b je tiv a m e n te ; e la
1. “ n ão contribui em n ad a p ara o conteúdo do
juízo, m as refere-se apenas ao valor da cópula na sua é u m a p r o p r ie d a d e d a s r e la ç õ e s ; p a ra
1. “ Os juízos problem áticos são aqueles aos quais a afirm ação ou a negação são consideradas com o
aquelas possíveis (como podendo acrescentar-se à vontade)·, os juízos assertóricos, aqueles em que um a ou
o u tra é considerada com o efetiva (verdadeira).
M O D A LID A D E 692
d o ju íz o , m a s à s u a re la ç ã o c o m a e s tr u te s e n tid o , n e m a p re v is ã o p r o f é tic a d o
t u r a d o n o s s o c o n h e c im e n to . A in d a q u e f u tu r o , n e m a te le p a tia lh e p a re c e m p o s
ele declare n a c ita d a p assag em q u e ela n ã o síveis {ibid., A 222; B 2 6 9 ); 3? à lexis*,
é d e m o d o a lg u m “ o b je tiv a ” , é c o n tu d o , q u e e n tr a sem a sse rç ã o n u m a p ro p o s iç ã o
n a s u a o p in iã o , v á lid a p a r a q u a lq u e r in c o m p o s ta o u n u m ra c io c ín io .
te lig ê n cia h u m a n a . O q u e ele c o n s id e ra , É im p o r ta n te q u e se d is tin g a b e m :
a liá s , c o m o o c rité rio d e o b je tiv id a d e * . a) a m o d a lid a d e n o s e n tid o o b je tiv o ,
A lé m d o m a is , se se a p r o x im a r d o te x to c o n c e b id a c o m o a a s s e rç ã o v á lid a p a r a
e m q u e s tã o a q u ilo q u e m a is a d ia n te é d i q u a lq u e r e sp írito , d e q u e d e te rm in a d o o b
to em “ O s p o s tu la d o s d o p e n sa m e n to e m je to d e c o n h e c im e n to e x iste d e f a to , o u
p ír ic o ” , v e m o s a n o ç ã o d e p o s sib ilid a d e , q u e e x iste n e c e s s a ria m e n te , o u q u e s e ja
a p lic a d a n e le a trê s id éias m u ito d ife re n p o ssív e l (e sta e x istê n c ia , n e c e s sid a d e o u
te s: 1? à q u ilo q u e n ã o c o n tr a d iz as c o n p o s sib ilid a d e p o d e m ser elas p r ó p r ia s e n
d iç õ e s fu n d a m e n ta is d a e x p e riê n c ia ; 2? te n d id a s , q u e r n o s e n tid o a b s o lu to , q u e r
à q u ilo q u e c o n c o r d a su fic ie n te m e n te co m n o s e n tid o fe n o m e n a l);
o s n o s s o s c o n h e c im e n to s a tu a is : n e s b ) a m o d a lid a d e , n o s e n tid o d e a ti-
tu d e d e u m e s p írito d e te r m in a d o , in d iv i b e rto s o u d a s id é ia s m a is re c e n te m e n te
d u a l, em fa c e d e u m a p ro p o s iç ã o : a ss e n fo rm u la d a s , a u sê n c ia d e p re g u iç a e d e r o
tim e n to o u e x c lu sã o ju lg a d o s d e ta l f o r tin a ); q u e r p e jo r a tiv o (lig eirez a, p r e o c u
m a q u e to m a in ú til q u a lq u e r re c u rso à ex p a ç ã o co m a m o d a , a m o r d a m u d a n ç a p e
p eriên cia; asse n tim e n to o u ex clu são resu l la m u d a n ç a , te n d ê n c ia p a r a a b a n d o n a r
ta n te d e u m a e x p e riê n c ia ; d ú v id a , etc. se, s e m ju íz o n e m in te lig ê n c ia d o p a s s a
N o ta r-s e - á o p a re n te s c o d e s ta a c e p ç ã o d o , à s im p re s sõ e s d o m o m e n to ). V e r R .
c o m a q u ilo a q u e c h a m a m o s m o d o e m E Z T3 E Ç , Geistige Ström ungen der Ge
lin g ü ístic a . genwart, seção D , § 2, a p ên d ic e : “ O c o n
2 . O s e n tid o d a p a la v r a m odalidade c eito d o m o d e r n o .” O a u to r in d ic a a í os
te n d e a tu a lm e n te a am p liar-se em d u a s d i p rin c ip a is u s o s q u e f o r a m d a d o s à p a la
re ç õ es: v ra m o d e rn o e d is tin g u e , c o m v ista à u ti
a) A p lic a -se n ã o só à a f ir m a ç ã o o u à lização a tu a l, p o r u m la d o , u m a ju s ta m o
n e g a ç ã o d e u m d a d o e n u n c ia d o (lexis*), d e rn id a d e c o rre s p o n d e n te às tra n s fo rm a
m a s , d e u m a f o r m a g e ra l, a q u a lq u e r v a çõ es re a is, p ro g re s siv a s e n e ce ssá ria s d o
lo r d e v e rd a d e q u e este a ssu m a , p o r ex em p e n s a m e n to ; p o r o u tr o , u m a m o d e rn id a
p lo , n o seu g r a u d e p r o b a b ilid a d e . V er d e d e su p e rfíc ie (ein Flachm oderne) q u e
C h. SE 2 2 Z è , Traité de logigue, c a p . c o n sis te n a ig n o râ n c ia d a tr a d iç ã o , o
V III . H á n e c e s sid a d e d e c o n s id e ra r, em a m o r d a n o v id a d e q u a lq u e r q u e e la s e ja ,
p a rtic u la r, n a e s tr u tu ra d e u m a te o ria d e a a g ita ç ã o , o re c la m e e a d e m a g o g ia .
d u tiv a , a q u ilo q u e é estabelecido (q u e r d e B . N o s e n tid o té c n ic o , o p o s to a m e
u m a m a n e ira d ecisiv a, p o r p rin c íp io ax io dieval (e a lg u m a s vezes, e m sen tid o in v e r
m á tic o , o u p o r h ip ó te s e , q u e r p o r d e d u so , a contemporâneo): a “ h istó ria m o d e r
ç ã o a p a r tir d e ste ); a q u ilo q u e é excluí n a ” é a h is tó r ia d o s f a to s p o s te rio re s à
d o ; a q u ilo q u e é não estabelecido, sem ser to m a d a d e C o n s ta n tin o p la em 1453; a
e x clu íd o . “ filo s o fia m o d e r n a ” é a d o séc u lo X V I
b ) A p lic a-se a to d a s as d e te rm in a ç õ e s e d o s sécu lo s seg u in tes, a té o s n o sso s dias.
q u e se a c re s c e n ta m à c ó p u la , e n te n d id a C o n tu d o , Bτ TÃÇ e DE è Tτ 2 I E è são fre
c o m o o sim p le s e n u n c ia d o d e u m a r e la q ü e n te m e n te c h a m a d o s o s fu n d a d o re s d a
ç ã o su sc e tív el d e s e r a f ir m a d a o u n e g a filo s o fia m o d e r n a .
d a , o u , p o r o u t r a , a to d a s a s c ir c u n s tâ n R ad, int.: M o d e rn .
cias q u e p o d e ria m se r s u b tr a íd a s a e ste,
M O D I F I C A Ç Ã O D . M odification,
sem s u p rim ir o c a r á te r d e u m a lex is. V e r
J e a n áE Lτ H τ 2 ú E , L a logique de l ’as-
Abänderung-, E . M odification; F . M o d i
sertion puré (1 9 5 0 ). fica tio n ; I. M odificazione.
A . ( n o s e n tid o e tim o ló g ic o ). R ela ç ã o
E ste m o v im e n to s e m â n tic o exig e q u e
d o m o d o (s e n tid o C ) c o m a s u b s tâ n c ia
n ã o se u tiliz e e ste te r m o sem p re c is a r a
q u e e le d e te rm in a ; p o r e x te n s ã o , d iz-se
e x te n s ã o q u e p re te n d e m o s d a r-lh e .
d o s p r ó p r io s m o d o s p sico ló g ic o s q u e
Rad. in t .: M o d a le s .
“ m o d if ic a m ” a a lm a , o u s ã o c h a m a d o s
M O D E R N O L . esco l. M odernus (a “ m o d if ic a ç õ e s ” (q u e r d iz e r m a n e ira s d e
p a r tir d o s éc u lo V I); d o la tim m o d o , re ser a c id e n ta is ) d o eu c o n s id e ra d o c o m o
c e n te m e n te ; D . N euer, M o d ern ; E . M o s u je ito p e rm a n e n te .
dem·, F . M o d ern e ; I, M oderno. B . M u d a n ç a q u e n ã o a lte r a a essê n
A . T e rm o fr e q ü e n te m e n te u s a d o a cia d a q u ilo q u e m u d a . D o n d e , n a lin g u a
p a r tir d o sécu lo X n a s p o lê m ic a s f ilo s ó g e m c o r r e n te , lig e ira m u d a n ç a , m u d a n
fic a s o u re lig io sa s; e q u a s e s e m p re c o m ça de p o rm e n o r.
u m s u b e n te n d id o , q u e r la u d a tiv o ( a b e r C . B io l o g ía e p s i c o l o g ía . M u d a n
tu r a e lib e rd a d e d e e s p ír ito , c o n h e c im e n ç a in d iv id u a l e a d q u ir id a (o p o s ta à v a ria
to d o s fa to s m a is re c e n te m e n te d e s c o ç ã o d e o rig e m c o n g ê n ita ). A d o ta d a nes-
M ODO 694
S o b re M o lé c u la e M olecular — A r tig o c o m p le ta d o s e g u n d o a s o b s e rv a ç õ e s de
R . Berthélot, M . D rouin.
M olécula fo i n itid a m e n te d is tin g u id a d e átom o p e la p rim e ir a v ez p o r Gτ è è E Çá« :
“ H iñ e ex a to m is c o n f o r m a n p r im u m m o lé c u la s q u a s d a m in te r se d iv e rs a s , q u a e s in t
se m in a re ru m d iv e r s a r u m .” A nim adversiones in X libr. Diog. Laertii, I, 195. (R.
E ucken). C f. Geschichte der philosophie Term ., p . 86.
E s ta d is tin ç ã o fo i fix a d a p o r A v o g a d ro (1813) e A m p è re (1814); m a s A v o g a d ro
d a v a o n o m e d e m olécula integrante à q u ilo q u e o s q u ím ic o s c h a m a m h o je m o lé c u la ,
e o n o m e d e m olécula elem entar à q u ilo q u e a g o r a se c h a m a á to m o . N u m a rtig o a n ô
n im o d a B ibtiothèque universelle, X L I X (1 832, to m o I), o n d e se re m e te p a r a u m o u
t r o a r tig o d o s A n n a les de chim ie e t d e p hisique (L V III, a n o 1835, p . 4 3 3 ), A m p è re
fix o u d a s e g u in te f o r m a o s e n tid o d a s p a la v r a s partícula : a m e n o r p a r te d e u m c o rp o
q u e c o n se rv a a s m e sm a s p ro p r ie d a d e s físicas d e ste (s ó lid a se este f o r s ó lid o , líq u id a
se f o r l í q u i d o , e tc .) ; m olécula’, u m a r e u n iã o d e á to m o s m a n tid o s à d is tâ n c ia p e las
M OLECULAR 696
a lte r a r a s u a n a tu r e z a q u ím ic a . C f . Á t o g ra m a s , o p e so d esse c o rp o o c u p a n d o , n o
m o, A tô m ic a {Teoria). e s ta d o g a s o s o , o m e sm o v o lu m e q u e d o is
E sta s p a rtíc u la s h ip o té tic a s , c u ja exis g ra m a s d e h id ro g ê n io . E sses p e s o s m o le
tê n c ia é s u g e r id a p e lo f a to d e o s c o rp o s c u la re s s ã o , p o is , p o r c o n s e g u in te , p r o
se c o m b in a re m e m p ro p o r ç õ e s sim p le s e p o rc io n a is à s d e n s id a d e s .
d e fin id a s , c o n s titu iria m p e la s u a a g re g a
NOTA
ç ã o o s c o rp o s m a te ria is visív eis e s e ria m
elas p r ó p r ia s fo r m a d a s p o r á tom os (q u e r E ste n o m e p ro v é m d a h ip ó tese de
d iz e r, d a s m a is p e q u e n a s q u a n tid a d e s d e A âÃ; τ á2 à e AMPÈRE (1 8 1 3 , 1814), qu e
m a té r ia q u e p o d e m e n tr a r e m c o m b in a a d m itia m q u e volum es iguais de gases d i
ç ã o q u ím ic a ). P a r a u m p e q u e n o n ú m e ro ferentes co n têm o m esm o n ú m ero d e m o
d e c o rp o s (H g , Z n , C d ), a m e n o r q u a n ti léculas. M as a p ro p rie d a d e essen cial d es
d a d e q u e p o d e e x istir e m e s ta d o liv re é ses peso s m olecu lares (a sa b e r, q u e o s p e
ta m b é m a m e n o r q u a n tid a d e q u e p o d e ser sos d o s d ife re n te s c o rp o s q u e se c o m b i
d e slo c a d a n u m a re a ç ã o q u ím ic a ; c o n sid e n am e n tre si são p ro p o rcio n ais a esses n ú
r a m o s , p o is , q u e a s u a m o lé c u la se ja f o r m e ro s, o u a m ú ltip lo s sim ples desses n ú
m a d a p o r u m s ó á to m o , e s ã o d ita s m o m eros) é u m fa to de experiência, in d ep en
noatómicas·, o m a is d a s v ezes, a s e g u n d a d en te d e q u a lq u e r h ip ó te se de e s tru tu ra .
q u a n tid a d e é a m e ta d e d a p rim e ir a ( cor M O L Y N E U X (P ro b le m a d e) Ver P ro
p o diatóm ico ); p a r a a lg u n s ( P h , A s ), e la blema.
é o q u a r to (c o rp o tetratôm ico).
R ad. int.: M o le k u l. M O M E N T O D . M o m e n t ; E . M o-
m e n t ; F . M om ent; I. M o m en to .
M O L E C U L A R D . M olekular; E . A . P o d e r d e m o v e r, c a u s a d o m o
Molecular, F . Moléculaire ; I. Molecolàre. v im e n to .
A , Q u e se re fe re à s m oléculas. “ A a . Física: “ M o m e n to d e u m a f o r ç a ,
c o n s titu iç ã o m o le c u la r d e u m c o r p o .” e m a is g e ra lm e n te d e u m v e to r, e m r e la
B . Pesos moleculares: co eficien tes c a ç ã o a u m p o n t o ” ( p r o d u to d a in te n s id a
ra c te rís tic o s d o s d ife re n te s c o rp o s , sim d e d esse v e to r p e la d is tâ n c ia d o p o n to à
p le s o u c o m p o s to s . O p e so m o le c u la r d e d ire ç ã o d e ste . E sse m o m e n to é u m v e to r
u m c o r p o é o n ú m e ro q u e re p re s e n ta , em p e rp e n d ic u la r a o p la n o d e fin id o p e lo ve-
fo r ç a s a tr a tiv a s e re p u ls iv a s p r ó p r ia s d o s á to m o s ; átom o: c a d a u m d o s p o n to s m a te
ria is , in d iv isív e is, d e o n d e e m a n a m essas fo r ç a s . G E 2 7 τ 2 á I , r e to m a n d o o s p r in c í
p io s d a te o r ia d e A v o g a d ro -A m p è re , a d o to u n o se u Tratado d e quím ica orgânica
a p a la v r a m olécula , q u e d e sd e e n tã o fo i u n iv e rs a lm e n te u tiliz a d a n esse s e n tid o p e lo s
q u ím ic o s . N o s seu s p rim e iro s e s c rito s , se rv ia-se , n e s te s e n tid o , d a p a la v r a equivalen
te. (Wü 2 I U , H istoire des doctrines chim iques, p . 134.) {René B erthelot — A . L .)
S o b re M ô n a d a — N o s p la tô n ic o s d o séc u lo X I I (T h ie rry d e C h a r te s , D o m in ic u s
G o n d is a lv i, A la n u s d e In s u lis ), M onas d e sig n a D eu s e n q u a n to é o se r a b s o lu ta m e n te
sim p le s. V er B τ Z O; τ 2 Ç 2 I E , Alanus de Insulis, p . 120. (R. Eucken)
M O N IS M O 698
1. “ Contrariam ente ao nosso monismo, com o concepção unitária do m undo, existem· outros monismos
que procuram a unidade do m undo não n a unidade d a verdade, mas na unidade de unfe subsunçâo lógica
das idéias.”
699 M O N I SM O
ex em p lo : W τ 2 Ç ζ 2 ; , Die monistische
I E E verse, L e c tu re II: “ M o n istic I d e a lis m .”
Weltanschauung, m it besonderen Bezie C. D e u m p o n to d e v ista s im u ltá n e a
hung a u f L o tze12, L eip zig , 1900. F . C . S. m e n te c ie n tífic o , filo só fic o e m o ra l:
S T « Â Â 2 , L o tz e ’s M o n ism , Phil. R e
7 E D o u trin a d e H τ T 3 Â , re s u m id a p o r
E E
m u n id a d e s m o n is ta s ” (ibid., c a p . X V III:
Our M onism (1892); L lo y d M Ã 2 ; τ Ç ,
“ U n se re m o n is tis c h e R e lig ió n ” 2); e , de
Three Aspects o f M onism , (1894); W o -
ODS H Z I T 7 « Çè Ã Ç , The H oliness o f f a to , o e n tu sia s m o dos seus a d e re n te s to
Instinct1 (1896), etc. m a fr e q ü e n te m e n te o caráter d e u rn a fé
E . D iz-se a in d a , n u m sen tid o m ais res religiosa.
tr ito , d e to d a d o u tr in a q u e a f ir m a , para D ev e-se p o r ta n to usar a p e n a s co m
um domínio limitado d e id é ia s o u d e f a m uita re s e rv a u m term o c u jo s s e n tid o s
to s , c e rta u n id a d e d e e x p licação (red u ç ão s ã o a o m e sm o te m p o tã o d iv e rso s e tã o
a u m só p rin c íp io , a u m a só c a u s a , a u m a e sp e c ia liz a d o s. N o s e n tid o C , naturalis
só te n d ê n c ia o u d ire ç ã o : “ M o n is m o es m o (de q u e ta m b é m H τ E T3 E Â se s e r
té tic o ; m o n is m o m o r a l” ). N o s p a íse s d e ve) c o n v iria m e lh o r p a r a d e sig n a r a b s tra -
lín g u a in g le sa, e s ta p a la v r a é fre q ü e n te - ta m e n te o c a r á te r filo só fic o d a s u a d o u
m e n te a p lic a d a à c h a m a d a te o r ia d o p a tr in a .
ra le lis m o p sic o físic o . Rad. in t.: M o n ism .
Sobre M onoteísm o — A prova deste artigo era acom panhada das notas seguintes
e de um a n o ta que cham ava particularm ente a atenção dos m em bros e correspon
dentes da sociedade p ara as opiniões que m encionava: “ A . S. P 2 « Ç ; Â - P τ « è Ã Ç E I I
dualista. O panteísm o, pelo contrário, poderia ser en carado com o um m on ism o es
p iritu alista. (O. K arm in )
Filológicam ente, teísm o deveria ser o gênero, m on o teísm o , p a n teísm o , p o lite ís
m o , etc., as espécies. (L . C o u tu ra t — L . B oisse) M as a história das palavras opõe-se
a isso: ver em K τ Ç , Crítica da razão p u ra (A 631; B 659), a definição que ele dá
I
será tão m onoteísta com o Descartes? D izer que h á apenas um Deus n ão corresponde
a decidir se ele é im anente ou transcendente. O “ segundo sentido” distinguido no
D icionário de B τ Â á ç « Ç parece-m e ser o sentido usual da palavra. (E . G o b lo t)
Sendo dadas a utilização e a significação d a palavra nàvos (Unico, só , e n ão indi
visível), não posso adm itir o segundo sentido indicado no D icionário de Bτ Â áç « Ç .
(M. Bernes)
N ão conheço exemplo preciso do segundo sentido indicado por P ringle-P attison
e O rm ond. M as somos conduzidos m uito logicamente de significação numérica e quan
tita tiv a de um a palavra à sua significação qualitativa. Saber que existe apenas um
Deus ensina-nos já , de algum a form a, sobre os seus atributos.
N ão há qualquer dificuldade em distinguir entre m onoteísm o e politeísm o; m as
existe em distingui-lo do panteísm o. Pode-se, contudo, creio eu, conform em ente ao
espírito tão p rofundo do espinosism o, dizer que para o panteísm o (que não é um a
d o utrina d a radical identidade) o m un do não existiria sem Deus, m as D eus tam bém
não existiria sem o m undo. O m onoteísm o, pelo co ntrário, adm ite que o m undo cer-
tam ente n ão pod eria existir sem Deus; mas adm ite tam bém qu e D eu s p o d eria su bsis
tir sem o m u n do. Exclui a dependência bilateral, qu e é característica essencial d o
p a n teísm o . (L . B oisse )
O term o h en oteísm o, pro posto por M ax M üller, responde a um a necessidade real
do pensam ento. N ão se com preende que n ão se lhe tenha dado m elhor acolhim ento
n a França. Veja-se, por exemplo, que confusão a fa lta desta distinção verbal pro vo
ca em to do o tom o I da H istória d e Israel, onde R enán se esforça p or explicar a fase
prim itiva (politeísmo eloísta), a fase clerical (henoteísm o javeísta), a fase evoluída
(m onoteísm o p uro ) da religião ju daica. Esta chegou quase que de prim eira à concep
ção de um Deus único, espírito quase inefável, bem distinto dos deuses do espiritua
lismo e do m aterialism o ariano (Zeus, Júpiter). M as este Deus é ainda um Deus local;
703 M ORAL
Deus uno, m as n osso Deus (ver RE Çá Ç , ib id ., I, 173). N ão quer dizer que a cidade
antiga, com o seu Deus p ro teto r, seja tam bém h en oteísta (Olím pia, D elfos, A tenas).
Esses deuses, obra da im aginação artística e m edida dos gregos, n ad a têm em co
m um com a concepção extraordinária e única de Jahvé, concepção que o gênio greco-
latino nunca pôde assim ilar. (E . Blum )
R a n zo li cita o dicionário de K « 2 T Ç 2
7 e M iC H A E L is, p ara quem o panteísm o,
E
O m oralism o com eça onde o ato é considerado mais im portante do que a inspiração
de on de d eriv a.” A . N . B 2 2 τ Çá , T ém oins, p. 59. E sta utilização pejorativa p are
E I
ce m uito pouco recom endável, sobretudo com o duplo sentido que pode receber. So
bre a independência da m oral, m esm o filosófica, face a todo “ fu ndam ento” de fa
to , ver L a raison e t les n orm es, cap. VI.
707 M O T O R (T ip o)
m ental onde predom inam os elementos m o “ m otivo inconsciente” , que seria la
intelectuais, e de tal fo rm a que, se fosse mentável que se proibisse; 3? correspon
apenas ele que estivesse em jogo, deter de a um a classe que não é útil constituir,
m inaria um a certa ação voluntária. porq ue raram ente se tem de encarar co
m o um todo.
C R ÍT IC A
R ad. int.: A. M otiv.
M o tivo e m ó vel fo ram utilizados de
um a m an eira pouco constante n a lingua 1. M O T O R (subst.) D. Beweger; E.
M o ver, F. M o tea r; I. M o to re.
gem filosófica. Ver mais adiante a análi
N o sentido geral, aquilo que se m o
se e a Crítica desta últim a palavra; e cf.
ve. J á quase só é utilizado p a ra traduzir
E « è Â 2 , VÃ M o tiv. Seria desejável que se
E
o G. κ ι ν ο ύ ν , nas expressões de A 2 « è ó I
reservasse m o tivo p ara o sentido B, que
I E Â è :
E t ò πρ ώ τ ο ν κ ιν ο ύ ν , τ ο κ ιν ο ύ ν
é já predom inante.
α κ ί ν η τ ο ν , ο prim eiro m o to r, ο m otor-
B τ Â á ç « Ç e S ÃZ I(B a ldm n ‘s D ictio-
I
imóvel, quer dizer, Deus, ou o ato puro
nary, sub V o) afastam a seguinte defini
que é a causa de to d a m udan ça e de todo
ção: “ to do fim que se considera en trar
devir no m undo, mas sem estar ele p ró
n a determ inação de um ato v o luntário” .
prio sujeito à m udança (M etafísica, III,
Pode-se adm itir, com efeito, que esta de
8; X I, 6-7; etc.): “ κ ι ν ε ί y à ç ώ $ ε ρ ώ μ ε -
finição não está de acordo com o uso, ao
v o v .” Ib id ., 1072b3; τ ο κ ι ν ο ύ ν κ α ι κ ι -
aplicar-se m o tivo a um a idéia, ao conhe ν ο ύ μ ε ν ο ν , ο m otor móvel, que não tem
cimento de um fato , tan to quanto ao fim em si mesmo a causa da sua tran sfo rm a
de que este conhecim ento d ita os meios. ção, mas que é por sua vez causa da trans
A definição que eles propõem é a seguin form ação de um o u tro ser. Cf. M ó v e l e
te: “ A ny conscious element considered as M o vim en to .
entering into the determ ination o f a voli-
tio n .” 1 A póiam -se na auto rid ad e de 2. M O TO R , M O T R IZ (adj.) D. Be-
B Ç τ O , que deu um a definição m ui
E I 7
wegend; B. M otorisch ; E . M oving, M o
to sem elhante (In trodu ction to th e Prin tor; F. M o teu r, M o trice ; I. M otore.
cipies o f M o ra l a n d L egislation , cap. X , A . Sentido geral: que m ove. “ F orça
§ 1). M otivo seria então o gênero que m o triz.”
compreenderia os móveis (affects ), os fins B. Especialmente, em psicologia: que
pensados, e todos os outros fenôm enos se refere ao m ovim ento (enquanto opos
acessórios que contribuem p ara a volição. to à sensação): “ Nervos m otores; centros
M as esta fó rm ula não parece ser mais sa m otores” ; ou que tendem p a ra o m ovi
tisfatória: 1? é dem asiado am pla, envol m ento: “ N ão existe um só estado de cons
veria fatos com o um cálculo ou um a com ciência que não contenha em algum ní
p aração de m otivos, ou um a hesitação, vel elem entos m o to res.” R« ζ ÃI , M atad,
todos eles elem entos que concorrem p a d e la vo lo n té, cap. III (15? edição, p.
ra a ação, m as que nunca foram cham a 111) .
dos “ m otivos” em francês; 2? excluiria Id eo m o triz* , cf. Idéias-forças.
a p rio ri a utilização de um a expressão co- R ad. int.: M ovant.
M O T O R (T ipo) D . M o to risch er
1. “ T o d o elem en to co n scien te q u e se co n sid era T yp u s ; E . M o to r type; F. M o teu r type;
e n tra r n a d e te rm in a ç ã o d e u m a to v o lu n tá rio .’’ I. T ipo m o to re.
psicologia.
D eus e d e si p ró p rio , III, II (Didot, 59 B).
M Ó V EL (subst.) D. A . Beweglisches; “ Chama-se, em sentido figurado, p rim ei
B. P rim u m m o b ile ; C. Beweggrund·, D . ro m ó vel de algum a coisa aquele que lhe
Triebfeder, E. A . M o va b le b o d y, m o b i dá o impulso e m ovim ento.” F Z 2 « è 2 , E I E
M o tivo (da mesma form a que prim eiro m óvel) disse-se em francês, no século XVII,
tan to das pessoas com o dos sentim entos ou das idéias. Cf. D ictionn aire d e l ’A c a d é
m ie (1694); Furetière (1690).
d u ta do hom em e determ inam -na: as ten de m otivos. Q uando são da ordem da sen
dências da sua natureza e as idéias da sua sibilidade, são cham ados de preferência
inteligência sobre os diferentes objetivos m óveis. Os m otivos ordenam ou aconse
aos quais aspiram essas tendências. Q uan lham ; os móveis cativam ou envolvem;
do obedece à prim eira dessas influências, m as seja qual fo r a sua fo rm a de ação,
que é instintiva e cega, age passionalm en o hom em não pode determ inar-se sem
te; qu ando obedece à segunda, que é es eles.” P . J τ Ç , T raité d e p h ilosoph ie,
E I
clarecida e refletida, age racionalm ente.” Psicologia, cap. VI (4? ed., p. 311).
J Ã Z E E 2 Ã à , “ Reflexões sobre a filosofia
C R ÍT IC A
d a h istó ria” , § 1 (M élanges ph ilo so p h i-
qu es, III). Este último sentido é o mais usual. Foi
D. M ais especialm ente, a prim eiraadotado pelo próprio Jouffroy (ainda que
dessas causas de ação: tendência im pul com exceções) n o Cours d e d ro ií natural.
siva e afetiva. Ver, em p articula r, as 2 ! , 3? e 4? lições.
“ Todos os hom ens, ao agir, obede Ele fez nisso consistir a diferença en
cem a m otivos de que têm ou não cons tre a presença o u a ausência d a liberdade
ciência. Q uando esses m otivos são de o r m oral, não no fato de o agente ser in de
dem intelectual, quer dizer, são idéias, to term inado ou determ inado, m as na deter
m am então m ais particularm ente o nome m inação por m o tivo s (refletidos) ou por
Sobre M ovim ento — N o sentido A , colocam o-nos sob um ponto de vista já deri
vado e, por assim dizer, o b jetiva d o . M as, antes desta acepção da palavra definida
em term os físicos, existe um sentido anterior e só por ele o sentido A se to rn a possí
vel e inteligível. Só existem, com efeito, posições sucessivas e contínuas de um m ó
v e l, na unidade da r e p r e s e n t a ç ã o d e um m ovim ento, pela síntese q u e os e n v o lv e , os
situa e dos quais Leibniz dizia: Totum estp riu sp a rtib u s. O m ovimento só é realm en
te dado por este ato sintético; a duração e a extensão só aparecem à análise com o
aspectos solidários ou condições da p ró p ria consciência que tem os do m ovimento.
(M . Blondel)
O § D foi acrescentado por pro p o sta de D w elshauvers.
711 M U LTID Ã O
nosso organism o social, quando nos limi A . A to pelo qual um sujeito perm a
tam os a encará-lo acim a de tu d o num es nente se m odifica ou é m odificado em al
tado puramente estático, abstraindo o seu gumas ou alguma das suas características.
m ovim ento n ecessário...” A ug. C Ã O I E , B. T ransfo rm ação de urna coisa em
Curso d e filo so fia p o sitiv a , 51! lição: o u tra , ou substituição de urna coisa por
“ Leis fundamentais da dinâm ica social.” o u tra.
D. “ M ovimento do espírito” , seqüên- NOTA
cia de representações no pensam ento:
Estes dois sentidos foram nitidam en
“ C ontinuo et nullibi interrupto cogitatio-
te distinguidos p o r K τ Ç n a C rítica da
I
nis m o tu ...” D è T τ 2 è , R eg. a d dire,
E I E
ra zã o pura·, atribui exclusivamente à p a
in g., V II. Cham a-se em particula r M o v i
lavra Veränderung o sentido A , e à pala
m ento dialético ao trâm ite do espírito que
vra Wechsel o sentido B (Analogias d a ex
passa de um a idéia p a ra o u tra em virtu
perien cia, 1? analogia, A 187; B 230).
de das relações de participação, de impli
A inda que o prim eiro, pela sua etim olo
cação ou de oposição que as unem.
gia, evoque m ais, com efeito, a idéia de
C R ÍT IC A alteração, e o segundo a de alternância,
esta especialização não pertence à lingua
Servim o-nos quase sem pre de m o vi
gem vulgar: para “ m udar de roupa” , tan
m ento para traduzir a palavra κ ί ν η σ ή em
to se pode dizer “ Seiner Kleider wech
Aristóteles; m as erradam ente. “ M ovi seln” com o “ Seine K leider verändern” .
m en to” , em francês (desde o século É necessário, de resto, notar que mes
XV II, e provavelmente antes), diz-se p ro m o no sentido B é preciso, senão um te
priam ente apenas daquilo que A ristó te m a, pelo m enos um q u ad ro , um contex
les cham ava φ ο ρ ά ( = κ ί ν η σ α τ ό θ ι ν π ο ϊ , to definido e que permaneça o mesmo pa
É tica a N icõm aco, X , 4; 1174a30). “ M o ra que possam os falar de transform ação
vim ento: transferência de um corpo pa ou de substituição.
ra outro lugar, m ud ança de lu g ar.” Fu- Ver A çã o , A ltera çã o , D evir, P erm a
R E T IÈ R E , D ictionn aire, 1690. O D ictio n
nência, Substância.
naire d e l ’A ca d ém ie de 1694 dá um a de R ad. int.: C hanj.
finição equivalente.
R ad. int.\ M ov. M U LTID Ã O D. M enge, Volksmasse;
E. C row d; F . Foule (em francês, prim iti
M U D A N Ç A D. A enderung, Verän vam ente, operação que consistia em pi
derung, W echsel (ver nota); E. Change sar o p ano ou o feltro; lugar onde se pisa
(nos dois sentidos); alteration (no senti [foule]; de onde pressão que se produz pe
do A); F. Changement·, I. C am biam en- la reunião de um grande núm ero de in di
to , m u tazion e. víduos); I. Folia.
d a por indivíduos reunidos por acaso (por exem plo, num a estação, no m om ento da
partid a de um trem ) e a m ultidão-reunião voluntária. Ib id ., p. 83. P a ra D Z ú é Â E
“ um a m ultidão é propriam ente um grupo social m arcado por esta trip la característi
ca: ( 1?) é constituíd a por relações sociais elas próprias caracterizadas pelo contato
im ediato dos indivíduos que são os seus termos; este grupo é efêmero, de onde se segue
que, por um lado, (2?) no início, é um grupo no estado nascente, e, ( 3?) está a p o n to de
M U L T IP L IC A Ç Ã O L O G IC A 712
acabar, quer p o r deslocação simples, quer pela sua transform ação em q ualquer coi
sa de mais orgânico” . Ib id ., 116. P o r o u tro lado, é heterogêneo, m antém com ou
tros grupos sociais um a relação de interpenetração. P a ra H enri BE 2 2 , resum indo a
discussão, “ o q ue constitui a m ultidão é a com unhão m om entânea, a unanim idade,
aliás instável: é um estado de crise em que se pro d u z a ‘a b e rtu ra’, a fusão de elemen
tos m ais ou m enos heterogêneos, p o r aproxim ação de um núm ero m ais ou menos
considerável de seres hum anos” . Ib id ., p. 137.
É tien ne R a b a u t opõe a m u ltidão à so ciedade pelo fa to de “ a m ultidão depender
de um a atração exterior aos indivíduos: ... é um a reunião provocada por um exci
tan te ex terno” . Pelo contrário, n a sociedade há interatração; no parasitism o, a tra
ção de um único lado. Ver E ssa i su r les sociétés anim ales, em L es origines d e la so-
ciété, 2* sem ana de síntese, 1931. C f. M u ltid ã o e sociedade, do m esm o a u to r, em
Sciences, revista da A ssociation Française po u r l’Avancem ent des Sciences, junho
1943. Ver In teratração, texto e observações.
Sobre “ M ultidão psicológica” — “ A idéia é ju sta e im portante; m as a expressão
não é feliz. N ão é a m ultidão que é psicológica, m as sim o ponto de vista a partir
do qual a co nsid eram os.” (J. L achelier — E. C hartier)
Sobre M ultiplicação lógica — Este term o parece cair em desuso; é substituido
p o r “ pro d u to lógico” e sobretu do p o r “ co njunção” . (R enè Poirier )
713 MUNDO
variis mundis varia ratione creatis...” senta antes de qualquer crítica científica
LZ T2 E T« Ã , V, 528. Cf. II, 1024-1089 (em ou filosófica.
particular para o sentido laudativo de M u n d o inteligível, co njunto das rea
m undus). lidades correspondentes às aparências
B. A T erra (parte central e principal sensíveis, e tais que a reflexão racional
do m undo sublunar) e as grandes divisões conduz à sua representação (xóafios vor
geográficas da Terra: “ As cinco partes do IÃè , m uito usual a partir da época neopla-
m undo; o m undo conhecido dos Antigos; tônica para designar o m undo das essên
o N ovo M u n d o .” A este sentido ligam- cias, o m undo das Idéias). “ Conhecem-
se as expressões: “ Vir ao m undo, deixar se as coisas corporais pelas suas idéias,
o m undo” p ara nascer e m orrer. Ver as quer dizer, em D eus, porq ue só Deus en
observações. cerra o m undo inteligível onde se encon
O ou tro m undo (por oposição a este tram as Idéias de to das as coisas.” Mτ -
mundo): lugar que as almas supostamente  E ζ 2 τ ÇT7 E , Procu ra da verdade, livro
habitarão depois da m orte; por conse III, 2? parte, cap. VII. Ver Inteligível.
guinte, conjunto dos espíritos diferentes M u n d o exterior, ver E xterior, E.
do dos homens atualmente vivos (mortos, E. A vida social dos homens, por opo
anjos, demônios). sição: 1? à vida religiosa: “ E ra preciso
C. O conjunto de tu d o o que existe, o u tro ra sair do m undo p a ra ser recebido
o Universo: ST7 Ãú E Ç7 τ Z E 2 , D ie W elt na Igreja, ao passo que hoje se e n tra na
ais Wilte und Vorstellung. Mais especial Igreja ao m esmo tem po que no m u n d o .”
m ente, em LE « ζ Ç« U , um dos sistemas P τ è Tτ Â , “ C om paração dos cristãos dos
com pletos de compossíveis que podiam prim eiros tem pos com os de h o je” , P en
receber a existência, e dos quais apenas sam entos, ed. Brunschv., 201. O m undo,
um foi efetivamente realizado. Teodicéia, neste sentido, é considerado o dom ínio
2? parte, § 414-416; 1? parte, § 8. dos desejos carnais, fonte de dissipação
A lm a d o m u ndo, ver A lm a . e de pecado; 2? à vida solitária, ou m es
D. Vasto conjunto de coisas de um a m o apenas rural: “ Viver longe do m un
mesma espécie. “ O m undo físico, o m un d o ” ; 3? á v id a profissional; o “ m u n d o ”
do m o ral.” “ O m undo das Idéias.” é então o conjunto de pessoas que usu
M u n d o sensível, co njunto das coisas fruem do lazer, e que se reúnem para se
que são ou que podem ser objetos de per distrair: “ H om em do m undo; freqüentar
cepção, tais como o indivíduo os repre o m u n d o .”
N AÇÃO D . N ation , Volk; E . N ation; B. G rupo social unido por uma com u
F . N ation ; I. N azion e. nhão de raça* ou pelo m enos de civiliza
A . C o njunto de indivíduos que cons ção, um a tradição histórica, aspirações
tituem um E stad o (no sentido A desta p a com uns (mesmo que este gru po n ão fo r
lavra), considerados enquanto corpo so m e um E stado). Ver DZ 2 3 7 E « O e MÉ-
cial e p o r oposição ao governo. “ O p rin TIN, L ib res en tretiens d e I’union p o u r la
cípio de to d a soberania reside essencial vérité, 10 de dezem bro de 1905.
m ente na nação. N enhum corpo, nenhum R ad. int.: A . N acionales; B. N acion.
indivíduo pode exercer autoridade que de 1. N A D A D . N ich ts, N ichtseiendes;
la não emane expressam ente.” D eclara E. N on-being; F. N éan t; I. N on-essere,
ção d o s direitos d o hom em d e 1789, art. 3. nulla.
B. Sinônim o de N acion alidade, B. A. O que n ão existe, seja absoluta
R ad. int.: N acion. m ente (em bora a legitimidade do concei
to do n ada absolu to seja discutível), seja
N A C IO N A LID A D E D . N ationalität, relativam ente a um universo do discurso
Volkstum ; E. N ation ality; F. N ation ali determ inado. Cf. E xistência. “ Eu podia
té; I. N azionalità. acreditar que [estas idéias] eu as tirava do
A . C aráter jurídico que possuem os nada, quer dizer, que elas estavam em
indivíduos enquanto cidadãos ou súditos m im p or m eu defeito.” DE è Tτ 2 I E è , M é
de um Estado. to d o , IV, 4.
Sobre N ação — A nação é um gru po de hom ens politicam ente unidos de fato
e de vontade. Se a união de fato falta, pode haver u m a nação ideal, um a p átria, não
um a nação real (Polônia); se é a união de vontade que falta, a nação desvanece-se
po rq ue se divide em nações tão num erosas quantas as frações no interior das quais
se encontra a união das vontades (Á ustria-H ungria). Só existe um a nação no sentido
pleno do term o se as duas condições estiverem reunidas (França, A lem anha). (E . Van
Biém d)
Sobre N ada (1) — A pro va deste artigo citava, adotando-as, as críticas de Berg-
son contra a idéia do nada absoluto. “ A idéia do nad a ab soluto” , diz ele, “ entendi
da no sentido de um a abolição de tu do, é um a idéia que destrói a si pró pria, um a
pseudo-idéia, um a simples palavra. Se suprim ir um a coisa consiste em substituí-la
por um a o u tra, se pensar a ausência de um a coisa não é possível senão pela represen
tação mais ou m enos explícita da presença de qualquer o u tra coisa, enfim , se aboli
ção significa prim eiro substituição, a idéia de um a abolição de tudo é tão absurda
com o a de um círculo q u ad rad o ... H á m ais, e não m enos, na idéia de um objeto
concebido com o ‘não existindo’, do que na idéia desse mesmo objeto concebido co
m o ‘existindo’, po rq ue a idéia do objeto ‘não existente’ é necessariamente a idéia
do objeto ‘existente’ mais a representação de um a exclusão deste objeto da realidade
atual no seu to d o .” A evolu ção criadora.
M . B lon del aprovou esta crítica e lem brou que n a A ctio n (pp. 31-39) m ostrou
não só que não podem os ter um a representação ou um pensam ento real do nada,
717 N A O -E U
mas tam bém que, “ procurando, aqui com o em qualquer o u tra parte , o segredo das
necessidades intelectuais nos m ovim entos m ais íntim os e m ais inevitáveis d a vonta
de, se não se concebe o n ad a, é porq ue não o querem os e não o podem os q u erer” .
J. L achelier escreveu, pelo co ntrário: “ Se o espírito e o pensam ento são alguma
coisa, e se existir é ser posto pelo espírito, este pode, com a m esm a liberdade, pôr
qu alquer ser o u recusar-se a pôr o que quer que seja (ou pelo m enos conceber-se por
abstração, com o não pondo n ad a, conceber a sua p ró p ria liberdade fo ra de qual
quer exercício atual dessa m esm a liberdade). A observação de Bergson é singular
m ente pro fu n d a e perfeitam ente ju sta do p o n to de vista do seu realism o, m as ela
se volta contra esse m esm o realism o. A idéia de n ad a im plica e verifica a de ‘liberda
de’ (no meu sentido desta palavra e não no dele).” {J. Lachelier) C f. N atu reza, ob
servações, e N egação.
Observações análogas de L . Brunschvicg.
N Ã O -S E N T ID O 718
rá te r in d iv id u al n o sen tid o g eral (der Charakter der Person): 1?, Das N aturell o d er
N aturanlage ; en te n d e p o r isso o fa to de se ter b o m ou m au c a rá te r, b o m o u m au
co ra ç ã o ; 2?, D as Tem peram ent, o fa to de se ser san g u ín eo , m ela n có lico , colérico,
n eu m ático ; 3?, D er Charakter (schlechthin), o der D enkungsart (caráter p ro p riam en te
d ito , n o sen tid o que ele d efin e; esta p ro p rie d a d e d a v o n tad e p ela q u a l o su jeito se
719 N A T U R A L IS M O
N A T U R A L IS M O D . N aíuralism us ; CRÍTICA
E . N aturalism ; F . N aturalism e; I. N a tu O sen tid o B m erece ser retid o ; ele re
ralismo. p resen ta u m a ten d ên cia filo só fica m u ito
A . F « Â Ãè ÃE« τ ; E 2 τ Â . D o u trin a p a ra m arcad a: an ticristian ism o , an tik an tism o ;
a q u a l n ã o existe n a d a f o ra d a N a tu re z a p rim azia m o ra l d a vida e d a p erp etu ação
(no sen tid o H o u J ), q u e r diz er, q u e n ã o d a vid a; h o m o g en eid ad e d o s fin s h u m a
se red u z a u m en c a d e am e n to d e fato s se n o s e an im ais; ev o lu cio n ism o ; p rim azia
m elh an te s àqueles d e que tem o s expe in telectual das ciências experim entais; eu
riência. d em o n ism o e o tim ism o ; ao s quais é ne
B. ÉI « Tτ . D o u trin a segundo a q u al a cessário ju n ta r n o rm alm en te o em pirism o
v id a m o ral é ap en as o p ro lo n g a m e n to d a e o ag n o sticism o . C f. M o n ism o .
v id a b io ló g ic a, e o id eal m o ra l, a ex p res O n a tu ra lism o , assim co n ceb id o , foi
são das necessidades e d o s in stin to s que até o p resen te u m a d o u trin a que tem co
co n stitu em a v o n ta d e-d e-v iv er. “ O v er m o v alo r fu n d a m e n ta l a saú d e, a fo rç a
d ad eiro idealism o n ão difere d o verdadei e a sobreviv ência dos individuos. M as
ro n a tu ra lism o , p o rq u e é a p ró p ria n a tu existem ig u alm en te d o u trin a s q u e tra n s
reza que tr a ta de p en sar o id eal e de ferem este v alo r p a ra a saú d e, a fo rç a e
realizá-lo a o p e n sá -lo .” A . FÃZ « Â Â é E , a so b rev iv ên cia d a so cied ad e co n sid era
L ’idée m o d e rn e d u droit, 1 V , cap . V, p. d a co m o u m to d o (ver p o r ex. E . D Z 2 3 -
340. C f. A . C2 E è è ÃÇ , L es bases de la H E iM , Regras do m éto d o sociológico,
m orale naturaliste. cap . III). É fo rç o so d esig n á-lo s tam b ém
C . Eè I EI « Tτ . D o u trin a q u e p ro scre p o r naturalistas? É d e d u v id a r. A d m itin
ve q u alq u er idealização d o real, e q u e até d o a o p o sição d u a lista d o s fins egoístas
se esfo rça, p o r reação , p o r v a lo riz a r so e d o s fin s so ciais, a lu ta d a v id a in ferio r
b re tu d o o s asp ecto s d a v id a g eralm en te e d a v id a su p e rio r, elas elim in am p reci
a fa sta d o s p o r serem baix o s o u grosseiros sam ente o tra ç o m ais característico d aq u i
e q u e , n o h o m em , p ro v êm d a N atu reza lo a q u e h a b itu a lm e n te c h am am o s na-
ideal n ã o é aq u i senão u m real já existente, e m ais com pleto do que o preten so real que
lhe op õem : passar do real ao ideal é passar de u m a representação mutilada a u m a repre
sentação com pleta daq u ilo que já existe atu alm en te e ob jetiv am en te; é sim plesm ente
corrigir u m erro , no sentido que esta p alav ra tem n a ciência o bjetiv a. Se esta concepção
é a de D u rk h eim , n ão vejo n en h u m a razão p a ra n ão ch am á-lo natu ralista. E u ch am aria
naturalismo a to d a d o u trin a p a ra a q u al a realidade, co m p o sta , aliás, de n ã o im p o rta
que elem entos, está com pletam ente fe ita , e qu e, p o r conseguinte, n ão p o d e reconhecer
u m v alo r p ró p rio irredutível ao conceito de ideal', p a ra o n atu ralism o tu d o é, à nascen
ça, tu d o aq uilo que p o d e ser; só qu e, p a ra co n co rd ar com a experiência, é preciso ad m i
tir que o conhecim ento n ão se id en tific a com o ser dos seus o b je to s, p o r o u tras p a la
v ra s, que h á co nhecim entos falso s precedendo o conhecim ento verdadeiro e que todas
as diferenças se redu zem àq u ela q u e existe entre o conhecim ento id êntico ao ser e o
conhecim ento n ã o id êntico a o ser. Isto equivale a dizer qu e o n atu ralism o sem pre levou
a ad m itir pelo m enos u m a exceção a o seu princípio: o conhecer n ã o é à nascença tu d o
o q u e po d e ser, é u m dev ir, m as u m devir que tem o seu acab am en to , a su a perfeição,
n a identificação com a realid ad e existente. (M. Bernès)
S o b re N a tu re z a — E u re p re se n ta ria , em g eral, d e b o m g ra d o , a ev o lu ção d a p a
la v ra natureza d a seguin te m a n e ira . O sen tid o fu n d a m e n ta l é a id éia d e u m a existên
cia q u e se p ro d u z , o u pelo m en o s d e te rm in a a si p ró p ria , n o to d o o u em p a rte , sem
721 NATUREZA
te r necessid ade d e u m a c a u sa estra n h a . D e sd o b ra ria em seguid a três vezes este sen ti
d o a p lican d o -o : 1?, a u m a co isa p a rtic u la r, o u a o c o n ju n to d a s coisas; 2 ? , a o p rin cí
p io in te rn o d e p ro d u ç ã o o u d e d e te rm in a ç ão , o u à co isa p ro d u z id a o u d e term in ad a;
3 ? , a u m e a o u tr o , c o n sid erad o s n a q u ilo q u e eles p o d e m te r, seja d e m a te ria l e d e
m ecân ic o , seja d e teleoló gico e de fo rm a l (sen d o este seg u n d o se n tid o o m e lh o r, e
sen d o o p rim eiro , n o fu n d o , a p ró p ria n eg ação d a id éia d e <pvcis). A n a tu re z a co m o
p rin cíp io fo rm a l p o d e rá co m p reen d er, n o p ró p rio h o m e m , o q u e nele existe de su p e
rio r à an im a lid a d e , o q u e é d e o rd e m in telectu al e m o ra l, desd e q u e se reco n h eça
q u e a í se m istu ra se m p re a lg u m a co isa que já n ã o é “ n a tu re z a ” , q u e já n ão é sim ples
v id a, m as que é ra z ã o , esp írito , e que p ro p o n h o c h a m a r liberdade. A o p o sição en tre
N ATUREZA 722
tex to cita d o d e Séailles). e Direito natural, “ Lex natu rae nihil aliud
4?: P o r desenvolvim ento da idéia de est nisi lu m en in te llectu s in situ m n o b is a
o b jeto percebido: D e o , p er q u o d co g n o scim u s q u id agen-
I. O in u n d o visível, e n q u a n to se o p õ e d u m et q u id v ita n d u m .” S . TOMÁS á E
1. S o b re a origem d o s te rm o s N a tu ra na N E C E S S Á R IO D . N o tw en d in g ; E.
tu ra n s e N a tu r a n a tu ra ta . N ecessary ; F . Nécessaire·, I. Necessário.
C R ÍT IC A
S o b re N e o ... — E ste p refix o deveria ser u tilizad o ap en as com rad icais d e orig em
grega. P a la v ra s com o n eo v italism o são de m á lin g u ag em . (7. Lachelier )
1. “ E sta d o u trin a , e n q u a n to recu sa u m a re a lid a d e substancial à ex istê ncia fen o m en al de que estam os
co nscientes, cham a-se N iilism o. D o N iilism o positivo ou d o g m á tic o ... te m o s um ilu stre ex em plo em H u m e,
e o céleb re F ich te ad m ite que os p rin cíp io s especulativos d o seu p ró p rio id ealism o , se n ã o fossem corrigidos
p ela su a m o ral, ch eg ariam a o m esm o r e s u lta d o .“
“ N H L IZ A R ” 732
ao s nosso s co n ceito s e, co n seq ü en tem en te, às leis cien tíficas. Se isto n ão é o q u e visa
esta d o u trin a , ela n a d a m ais tem d e esp ecífico. (L. Couturat)
P o d e m o s a firm a r q u e a s te o ria s q u e ex pus so b re a n a tu re z a d a ciência chegam
a essas co n clu sõ es. M as, q u a n to a m im , n ã o o creio . N u n c a m e servi neste sentido
d a p a la v ra n o m in alism o e la m en to q u e te n h a sid o u sa d a . A liás, e sto u lo n g e d e re c u
sa r q u a lq u e r v alo r ao s co n ceito s e às leis cie n tíficas. A d m ito q u e a ciência n ã o tem
so m en te u m a fu n ç ã o u tilitá ria , q u e nem tu d o é a í artific ia l, n em co n v en cio n al, que
ela ex p rim e n a su a linguagem certas necessid ades o b jetiv as. V er, p a ra u m a exposi
ção m ais c o m p leta destas teses, o Bulletin da la Soc. d e p h ilo s., sessão d e 1? d e ab ril
de 1909, p p . 176-189. (E . L e R o y)
N O M O G RA FIA 736
do de bom e ju sto . “ U m a o rd em n o rm al
T e rm o m u ito eq u ív o co , que se p re sta
de coisas su b o rd in a ria o su p érflu o ao n e
m u ito à confusão: p o rq u e o ra designa um
c e s s á rio ..., o ra , o cap italista in v erte esta
fa to q u e se p o d e c o n sta ta r cie n tífic am en
h ie ra rq u ia n a tu ra l e ra cio n al d as necessi
te, o ra u m v alo r a trib u íd o a esse fa to p o r
d a d e s.” J τ TÃζ , Devoirs, 251. “ A h eran
aq u ele q u e fa la , em v irtu d e de u m ju ízo
ç a ... p õ e o b stácu lo s à d istrib u iç ã o n o r
d e ap re c ia çã o q u e faz p o r su a c o n ta . A
m al das funções sociais: a m aio r p arte das
p assag em d e u m sen tid o a o u tro é fre
funções elevadas são acessíveis ap en as
qu en te nas discussões filosóficas: ela é fa
àqu eles c u jo s p ais têm a lg u m a f o r tu n a .”
cilitad a n ã o so m en te pelo sen tid o d as p a
Ib id ., 257 >.
lav ras norm a, n orm ativo, m as tam b ém
C . É norm al, n o sen tid o m ais usu al p ela trad ição realista segundo a q u al a ge
d a p a la v ra , a q u ilo q u e se e n c o n tra n a
n eralid ad e observável é o sin al de u m a es
m aio ria dos casos de u m a d eterm in ad a es sência ou de u m a Idéia; a p a rtir daí, o que
pécie, o u o qu e constitui seja a média, seja é n o rm a l, n o sentido C , n u m a espécie d e
o m ódulo* d e u m asp ecto m en su ráv el. te rm in ad a, p erten ce à Id éia d esta espécie;
“ A te m p e ra tu ra n o rm a l” ( = m éd ia das e, co m o a p erfeiç ão de u m ser consiste na
te m p e ra tu ra s o b serv ad as n u m a m esm a realização d a su a Id é ia , este asp ecto c o
d a ta du ran te um g rande n ú m ero d e anos). 1 m u m é , a o m esm o te m p o , co n sid erad o
u m id eal q u e é b o m a tin g ir.
U m a c o n fu sã o a n á lo g a existe n a lin
1. E sta s fó rm u la s n ã o exprim em a p ró p ria d o u
tr in a d e J a c o b ; elas s ã o e x tra íd a s d a exposição que
guagem m édica, em q u e a expressão “ es
ele fez d a tese so cialista à qual, em seguida, ele ad ian ta d o n o rm a l” d esig n a, p rim e iro , o e sta
t a restrições. d o h a b itu a l dos ó rg ão s o u d o espírito ; de-
p o is, c o m o o restabelecim ento deste es ju stific a r so b certo s p ressu p o sto s d o u tri
ta d o h a b itu a l é o o b je to o rd in á rio d a te n as que n a d a têm d e evidente a priorí (ver
ra p ê u tic a , é c o n sid e ra d o c o m o u m id eal, a c rítica d a p a la v ra N atureza e a o b je ç ã o
co m o o e sta d o p e rfe ito co rre sp o n d e n te à d e L. Lévy-Bruhl à expressão Ciência nor
essência d o organism o h u m an o (cf. em in m ativa). D eve, p o rta n to , n o ta r-se b em
glês o d u p lo sen tid o d a p a la v ra so u n d ). q u e o c a rá te r n o rm a l d e u m fa to , se se
Vê-se a diferen ça d as d u a s id éias q u a n d o en te n d er p o r isso a su a g en eralid ad e, n ã o
se o p õ e a o p o n to de v ista d o clínico o d o im p lica de m o d o alg u m q u e ele seja b o m
h ig ie n ista , p o r ex em p lo , a o p in ião de o u desejável. É “ n o rm a l” , n o sen tid o C ,
M etc h n ik o ff de que to d o s os velhos a tu al que um perseguido apresente alucinações,
m en te são d o en tes e q u e a v id a h u m a n a q u e o s co m ercian tes esco n d am d o s co n
d ev eria “ n o rm a lm e n te ” u ltra p a ssa r um su m id o res a orig em d o s p ro d u to s que
século. vendem e q u e lhes a trib u a m q u alid ad es
A d isp o sição co m u m p a ra a im itação im ag in árias; p ro d u z-se a cad a a n o certo
e a ausência d e crítica favo recem tam bém n ú m e ro “ n o rm a l” d e su ic íd io s, d e m o r
tes p o r tu b ercu lo se o u alco o lism o : m as,
este equív oco: a o p in iã o p ú b lic a erige de
p ara servir d e “ re g ra ” , ta l n ão será a m e
bom grado com o ju stificação m o ral a fó r
lh o r via.
m u la: “ T o d a a g en te faz is s o .” N o rm a l
R ad. int.: B. B o n ; C . K u stu m a t.
é en tã o u m sinônim o de “ n a tu ra l” to m a
do no sentido J , o u m esm o n o sen tid o K. N O R M A T IV O D . N orm ativ (n o sen
M as esta passag em , p o r m ais g eral que tid o C , normgebend)·, E . N orm ative\ F.
seja, n ã o é m en o s so fística; só se p o d e ria N o rm a tif ; I. N orm ativo.
to com um em filo so fia, e d a qu al, vulg ar em p rim eiro lu g a r, que cad a h o m em , to
m en te , n ão se n o ta o eq u ív o co . 1?, diz- m a d o in d iv id u alm en te, n ã o d eseja u m a
se ta n to n o sen tid o lato d a h u m an id ad e coisa d evid o a o seu v a lo r, m as cria o seu
n o seu to d o , co m o dos c o n tem p o rân eo s valor ao desejá-la; o que n ã o está de a co r
ou dos co m p atrio tas daquele que fala, ou d o com to d o s os fa to s: deseja m o s m u i
a in d a dos filósofos qu e pro fessam a m es tas vezes coisas que n ã o d esejaríam o s se
m a d o u trin a que ele; finalm ente substitui- n ã o tiv éssem os a p re n d id o , p rim eiro , in
se, po r discrição, a eu; 2? (e este é a m aio r telectualm ente, que elas têm u m valor (va
fo n te de co n fu sã o ), o ra se diz n o sen tid o lo r de o p in ião o u v alo r eco n ô m ic o ). M as
d istrib u tiv o , p a ra en u n cia r u m a p ro p o si p o d e sig n ific ar ta m b é m (e este segundo
ção que diz respeito a cad a hom em to m a se n tid o , o b scu ram en te p erceb id o , c o n
d o sin g u larm en te, o ra , pelo c o n trá rio , se tém , sem d u v id a, o p rim eiro ): aq u ilo que
ap lica aos h o m en s to m a d o s em co n ju n to se ch am a bem e m al d ep en d e n ecessaria
(neste caso este c o n ju n to p o d e ser a in d a m en te de u m a ten d ên cia, d e u m q u erer
u m qu alq u er do s grupos que enu m eram o s fu n d a m e n ta l, o d a h u m a n id a d e ou o d a
m ais acim a). P o d e fin alm en te visar o ti n o ssa so cied ad e, tom ada no seu con ju n
po ideal ou o tip o m édio dos hom ens, que to. T ese to ta lm e n te d iferen te d a p rim e i
n ã o é ex atam en te realizad o em n en h u m ra , e q u e , v e rd a d e ira o u fa lsa , a d m ite e
in d iv íd u o . S eja, p o r ex em p lo , esta tese: explica o caso p reced en te.
“ N ão é p o r terem v alo r as coisas que nós A contece o m esm o com as c o n tro v é r
as d esejam o s, m as p o rq u e n ó s as d eseja sias c o n te m p o râ n e as em q u e uns d izem :
m os que elas tê m v a lo r.” P o d e significar, “N ó s fazem o s a v e rd a d e ” , o u tro s: “ A
!. “O número é a unidade [resultame] da sínte Z ah len d ü rfe n w ir zu n äch st als eine Rei
se do múltiplo de uma intuição qualquer [composta]
de elementos homogêneos, enquanto faço aparecer he w illkürlich gew ählter Zeichen b etrach
o próprio tempo na apreensão desta intuição.” ten , fü r w elche n u r eine bestim m te A rt des
w enn je n e als o b je c tiv , d .i. fü r den W il d a verdade é um fenôm eno objetivo, es
len jedes v ern ü n ftig en W esens gültig er tran h o ao eu, que se passa em nós sem
k a n n t w ird .” 1 I d ., R a zã o prá tica , I, 1, nós, um a espécie de precipitado quím ico
§ 1. que devemos contentar-nos em olhar com
“ T e rã o estas relaçõ es u m v alo r o b je cu rio sid ad e.” RE Çτ Ç , Feuilles déta-
tiv o ? Q u er d izer: serão estas relações as chées, 402.
m esm as p a r a to d o s? S erão a in d a as m es F . O p o sto a su b jetivo (n o sen tid o de
m as p a ra aq u eles q u e vierem d ep o is de consciente, m ental). “ H á d u as ord en s de
n ó s? ” “ E stas re la ç õ e s... n ã o p o d eriam verdades o u d e n oções, um as conscientes,
ser con cebid as f o ra d e u m esp írito q u e as in terio res o u s u b je tiv a s ...” A s p rim eiras
concebe o u sen te. M as elas sã o to d a v ia d eco rrem de p rin cíp io s d e q u e o esp írito
o b jetiv as p o rq u e sã o , se to rn a rã o o u p er tem co n sciên cia e trazem -lh e o sen tim en
m an ecerão c o m u n s a to d o s os seres p e n to d e u m a evid ência a b so lu ta e n ecessá
s a n te s .” P ë ÇTτ 2 é , L a valeur de la ria , p o r ex em plo , nas m ate m áticas; as se
S c ie n c e , 267 e 271. g u n d as dizem resp eito “ a o m u n d o o b je
D . F a la n d o d o s esp írito s: q u e vê as tiv o o u ex terio r” e devem ser “ tira d a s d a
coisas de m an eira objetiva (no sentid o C ), o b serv ação e d a ex p eriên cia” . C lau d e
q u e n ã o se d eix a in flu en ciar pelas suas BE 2 Çτ 2 á , Jntrod. ao estudo da m edici
p referên cias o u h á b ito s in d iv id u ais. na exper., i? p a rte , cap . II, § 1.
E . In d e p e n d e n te d a v o n ta d e , co m o o M u itas vezes, designa-se p o r m éto d o
sã o os fen ô m en o s físicos. “ A p ro d u ç ã o subjetivo, em p sic o lo g ia g eral, o m é to d o
d e o b serv ação q u e faz ap elo à consciên
cia (ver Introspecção) e o põe-se a o m é
1. ‘‘O s p rin c íp io s p rá tic o s sã o su b je tiv o s (m áxi todo ob jetivo , q u e é o d a o b serv ação ex
m as) q u a n d o aq u ilo q u e eles e stip u lam só é co n sid e te rio r. E m p sicolo gia zo o ló g ica, ch am a-
ra d o pelo su jeito com o válido p a ra su a p ró p ria v o n
se m é to d o su b jetiv o , n u m sen tid o um
ta d e ; são o b jetiv o s (leis p ráticas) q u a n d o esta esti
p u lação é re conhecida com o objetiva» q u er dizer» v á p o u c o d ife re n te , àq u ele q u e p ro c u ra re
lid a p a ra a v o n tad e de to d o ser ra z o á v e l.” p resen tar p o r an a lo g ia o esta d o de cons-
L. Brunschvicg calcula que o tex to d e P ë ÇTτ 2 I c itad o com o exem plo d o sen ti
d o C “ n ã o é d e m a n eira n e n h u m a u m a defin iç ão d a o b jetiv id ad e q u e se pudesse re
co lh er num V o c ab u lário , m as u m a teoria so b re as co n d içõ es d a o b je tiv id a d e ” .
T a l co m o ele, p en so q u e P ëÇTτ 2 I teve n esta p assag em u m a in ten ção crític a e
n ã o a c red ito u constatar a existência d o sen tid o C , co n scien tem en te d efin id a co m o
ta l no esp írito do s seus leitores; m as ele quis dizer, p arece, q u e p a ra d ar a esta p a la
v ra u m co n te ú d o real suscetível de aplicações efetivas, p a ra saber o que se d iz q u a n
do é em p reg ad o , é-se levado a ac h a r que este critério é sem p re re fe rid o m ais o u m e
nos cla ram en te. A liá s, é q u ase sem p re assim : a d efin ição de K a n t, n a su a ép o ca, e ra
ig u alm en te u m a in te rp re ta çã o n o v a d e u m a id éia p reex isten te. O sen tid o falso que
P o in c a ré a fa s ta e que n ó s p ró p rio s a fa sta m o s m ais acim a é o sen tid o B (o b je ti
vo = existente em si, in d ep en d en tem en te de q u alq u er p en sam en to ); o sen tid o q u e ele
ad m ite é p recisam en te o sen tid o C , do q u al Lτ T7 E Â « E 2 faz acim a u m a exposição
tã o clara. Sem d ú v id a, P ëÇTτ 2 I n ã o se serve ex p ressam en te das p alav ras valor de
direito, valor norm ativo ; m as n ã o po d em o s d u v id ar que ta l seja o fu n d o d o seu p en sa
m ento , sobretu do se o relacionarm os com o texto seguinte, tirad o d a m esm a obra: “ U m a
realid ade com pletam ente in d ep en d en te d o espírito q u e a concebe, a vê ou a sente é
u m a im possib ilidade. U m m u n d o tã o exterior, se chegasse a existir, seria p a ra nós
sem pre inacessível. M as aquilo a que cham am os a realidade objetiva é, em últim a
O B JE T IV O 752
do o segundo sentido só um interesse real, reso lv id a, a liá s, p o r ele p ró p rio n o sen ti
tanto n a ordem do conhecimento como na d o d a n eg ativ a). Ib id ., liv ro II, cap . I e
da ação, não haveria inconveniente em pas II; cf. cap . X III, p . 351.
sar de um a ou tro, tal como se passava do O u tro s sen tid o s, m ais o u m enos a fa s
sentido antigo ao sentido novo de m etafí ta d o s , fo ra m a in d a d ad o s a estas p a la
sica·. o sentido ontológico eliminar-se-ia por v ras: é assim que A u g u ste C o m te (cren
si mesmo com o tem po, um a vez que era d o , aliás, desenvolv er o sen tid o k a n tia
supérfluo. Aliás, ele não se prendia muito no destes term o s) d efin e o b jetiv o co m o
a dar aos term os um sentido único e defi “ a ex ata rep resen tação d o m u n d o re a l”
nido de um a vez por todas. M as a história (qu er dizer, com o o m o stram os exemplos
da filosofia e as suas próprias obras pare d a d o s, d o m u n d o tal co m o o rep resen ta
cem m ostrar que não é tão fácil eliminar o senso co m u m , re tific a d o pelas ciências
a idéia de coisa em si independente de qual d a n a tu re z a ), e o su b je tiv o p e la co n sid e
quer conhecimento e não só deste ou da ra ç ã o “ d o s re su lta d o s n a tu ra is d a n o ssa
quele conhecimento individual (cf. Coisa, ev o lu ção m e n ta l, a o m esm o te m p o in d i
E m si, N úm eno ). De fato , durante todo o v id u al e co le tiv a, d estin ad o s à satisfação
século X IX , n a França, encontra-se a par n o rm a l d e q u a isq u e r d a s n o ssas necessi
do sentido critico de objetivo exemplos fre- d a d e s” . D iscurso sobre o espírito p o siti
qüentes desta palavra usada no sentido on vo, § 20.
tológico: ver p. ex. F2 τ ÇT3 , artigo Obje V ê-se q u e c o n fu sã o re in a n o em p re
tivo·, P. J τ ÇE I , Traité de ph ilo s., 4? ed., go deste te rm o . P ro p o m o s n ã o o em p re
§ 662, 667, etc.; E . Bë 2 τ T , C o u rsd e p h i g a r se n ão n o sen tid o C , q u e r dizer, re d u
los., 18? ed., livro IV, cap. I, not. página zir sem p re a o p o sição d o su b jetiv o e d o
o b je tiv o à d a s id éias o u d o s fins so m en te
415, em que objetivo é tom ado como si
in d iv id u ais e d a s id éias o u d o s fin s u m
nônim o de absoluto, etc.
v ersalm en te válidos (q u e r sejam o u n ã o
L« τ 2 á , em L a science p o sitive e t la
reco n h ecid o s c o m o ta is n o m o m en to em
m étaphysique (1879), que desem penhou
que se fala). E sta o p o sição é precisa, cen
o papel quase que de um trata d o clássico
tra l, c o n fo rm e a o uso d o s h isto riad o res
de filosofia geral, entende, pelo contrá
e d o s cien tista s; ela p e rm ite d istin g u ir o
rio , p o r “ leis objetivas d o conhecim en
su b je tiv o d o o b je tiv o , n a m aio r p arte dos
to ” as leis constitutivas do espírito hum a
caso s, p o r u m critério experiencial in co n
n o , graças às quais “ as sensações se to r
testad o . E além disso co n tém v irtu alm en
nam objetos ao revestir as form as a priori
te tu d o o q u e h á d e só lid o n as o u tra s d is
d a sensibilidade e do entendim ento” ; e
tinções às qu ais estas p alav ras fo ram ap li
propõe-se exam inar “ se as leis objetivas
ca d a s. C f. Sinôm ico.
d o pensam ento não encerram o absolu
R ad. int.: O b je k tiv ; D . O b je k tiv em .
to , se os princípios da física n ão condu
zem quem os segue sem rodeios, para O B JE T O D . O bjekt, Gegenstand; E .
além do físico, ao m etafísico” (questão O bject; F . O bjet; I. O bbietto, oggetto.
Sobre O bjeto — O sentido B torn ou-se, em inglês, o m ais usual, m esm o que o
não seja na linguagem técnica d a filosofia: object é quase sem pre tom ado no sentido
O B-REPÇA O 754
de purpose ou end. E ste u so p arece vir das frases n as q u ais se fala d a coisa p a ra a
q u ai te n d em o desejo o u a v o n tad e. P o r exem plo , S. T o m ás de A q u in o escreve: “ O b
je c tu m eju s (sc. v o lu n tatis) est fin is.” C ontra gentiles, L X X II. A cerca do u so d esta
p a lav ra em g eral po d e-se v er sir W . H τ O« Â Ã Ç , n o ta s à ed ição d e R eid , p p . 807 ss.
I
(C . C. J. W ebb)
O sen tid o D é ev id en tem en te a b u siv o e d iretam en te c o n trá rio a o sen tid o etim o ló
g ico de o bjectum . E le im p lica a fa lsa te o ria d o c o n h ecim en to q u e K a n t ch a m a d o g
m atism o . ( J . Lachelier)
155 O B R IG A Ç Ã O
1. O brigação.
2. N ecessid ade inevitável.
3. P o ssib ilid a d e m o ra l, perm issão.
4. P o d e r, po ssib ilid ad e d e fa to .
O BSCU RA N TISM O 756
D e onde o sentido especial de com prom is co n stran g er. “ O b rig ar u m a criança a tr a
so assum id o, de dívida, e as m etáfo ras d a b a lh a r .” N a lin g u ag em p o p u la r, obriga
linguagem co rren te que d aí derivam : “ T er d o e obrigatório sã o m esm o em p reg ad o s
u m a o b rig a ç ã o p a ra co m alg u ém , ser seu co rre n te m en te em vez d e necessário, in e
d ev ed o r ( = reco n h ecer p a ra co m ele u m a vitável: “ U m a co n seq ü ên cia o b rig a tó
dívida d e reco n h ecim en to ), e tc .” r ia .” “ É o b rig a tó rio q u e isto q u e b re .”
B . Obrigação m oral: aq u e la q u e n ã o H á em to d o s estes fa to s sem ân tico s u m a
re su lta d e u m a c o n v en ção , m as d a n a tu ten d ên cia m u ito lam en táv el p a ra a co n
reza d o h o m em , e n q u a n to ser cap az d e fu sã o d e d u a s id éias q u e im p o rta d istin
esco lh a e d a existência d o b em e d o m al; guir bem ; e esta co n fu são é tan to m ais pe
c f . D ever. É o b rig a tó rio a q u ilo q u e , m a rig o sa q u a n to m ais fa v o re c id a, p o r o u
terialm en te, p o d e ser feito o u n ã o ser fei tr o la d o , p elo em p reg o d a expressão ne
to , m as q u e é ta l q u e o ag en te n ã o p o d e cessidade moral* no sentid o de obrigação.
o m itir a su a efe tu a ç ão sem se to r n a r cul R ad. in t .: O blig.
p a d o . A obrigação, neste se n tid o , o p õ e-
se à necessidade*, q u e r d izer, à q u ilo que O B S C U R A N T IS M O D . Obskurantis
é de tal m an eira, que é ab so lu tam en te im m u s ; E . O bskurantism ; F . Obscurantis
possível à v o n ta d e d e la se s u b tra ir. mo, I. O scurantism o.
C . A to q u e é o b je to de o b rig a ç ã o nos T e rm o p e jo ra tiv o , q u e serve p a ra de
sen tid o s A e B. N esta acep ção em p reg a- sig nar u m a d o u trin a e u m a po lítica o p o s
se m u ita s vezes n o p lu ra l. tas a o “ p ro g resso d as lu zes” , q u e r dizer,
à d ifu sã o em to d a s as classes sociais dos
NOTA
con hecim ento s científicos e d a a titu d e ra
Obrigação diz-se às vezes, p o r ab u so , c io n alista q u e elas exigem .
d aq u ilo q u e se é lev ad o a fazer, n ã o d e E ste te rm o é assin a la d o p o r L n rR É
u m a m a n eira ab so lu ta m e n te irresistív el, co m o u m neolo gism o. N asceu n a A lem a
m as p o rq u e n ã o o fazen d o se ch eg aria a n h a n o século X V III so b a in flu ên cia d o
co nseqüências ju lg a d a s a in d a pio res. A ufklärung·, p arece ter-se ex p an d id o n a
Necessidade*, e necessidade m oral*, F ran ça, n a época d a R estauração, nas p o
dizem -se ta m b é m neste sen tid o . M as n ã o lêm icas so b re o en sin o p o p u la r.
p erten cem p ro p ria m e n te à lin g u ag em fi
lo só fica. O B S C U R O D . Dunkel·, E . Obscuro,
N a lin g u a g e m c o r r e n te , o b r ig a r F . O bscur, I. Oscuro.
p ren d e-se m u ita s vezes ao sen tid o de *I, V er Claro, D istinto, C onfuso.
cartes o u L eib n iz , com v ista a a n a lisa r o real e estab ele cer u m crité rio d a v erd ad e;
p o r o u tro la d o , o p ro b le m a d e ló gica a p lic a d a , d e m é to d o p rá tic o , q u e co n siste em
p ro c u ra r q u e co n d iç õ es deve p reen ch er u m a ex p o sição p a r a ser in telig ível e m esm o ,
se possível, facilm en te assim ilável.
N ó s seguim os esta in d icação n a re d a ç ã o d efin itiv a deste artig o .
S o b re O b serv ação — A p resen tei n o tex to o sen tid o d e Z im m e rm a n n e de C lau d e
B e rn a rd a m ajore parte·, m as, n a re a lid ad e, n u m e n o u tr o , existe u m uso b a sta n te
co m p lex o d o te rm o ; Z « OOE 2 Oτ ÇÇ diz ta m b é m , n o sen tid o q u e C l. B ern ard a c a b a
r á p o r co n sid e ra r c o m o p re p o n d e ra n te : “ U m a ex p eriê n cia d ifere d e u m a o b serv ação
n a m edid a em que o conhecim ento que u m a o bservação nos fornece parece apresentar-
se p o r si p ró p rio , e n q u a n to q u e aq u ele q u e u m a ex p eriên cia nos fo rn ece é o fru to
d e a lg u m a tentativa que se faz co m o desígnio de saber se um a coisa é ou não é.
U m m édico q u e reg istra to d o o cu rso d e u m a d o en ça com ate n ç ã o faz, p o rta n to ,
o b serv açõ es; e aq u ele q u e , n u m a d o e n ç a , a d m in istra u m rem éd io e a te n ta ao s efeito s
q u e ele p ro d u z , faz u m a ex p e riê n c ia.” T ra ité d e 1‘expérience, tra d . fra n c e sa , p . 43.
A p rim e ira m e ta d e d esta c itação é re p ro d u z id a p o r C l. B e rn a rd , q u e a critica, a in d a
q u e se ap ro x im e m u ito d a su a te o ria ; sem d ú v id a p o rq u e o c o n tex to p o d e p arecer
fav o ráv el a o m éto d o clínico, q u e ele p ro c u ra c o m b a te r acim a d e tu d o , e n ã o lhe p a
rece v isar co m su fic ie n te n itid ez a m ed icin a d e la b o ra tó rio .
S o b re O b serv ação e E x p eriên cia — Observação d esig n a n ã o so m en te u m a o p e ra
ç ã o o u u m c o n ju n to d e o p eraçõ es q u e se p o d em m ais o u m en o s a rtificialm en te o p o r
à experiência o u e x p erim en tação , m as ta m b é m o p ró p rio a to de o b se rv a r, q u er d i
zer, u m m om en to n ecessário em q u a lq u e r o p e ra ç ã o ex p erim en ta l. E ste a to n ã o m u
d a de c a rá te r, q u e r te n h a p o r o b je to fa to s n a tu ra is o u fato s ex p erim en ta d o s. P o r
ex em p lo , P a s te u r “ o b se rv a ” q u e n a experiência de P o u c h e t se atrav esso u a su p erfí
cie d o m ercú rio in tro d u z in d o o ra m o d e ervas secas, assim com o “ o b se rv a ” a co r
OBSERV AÇÃ O 760
diferente do solo no p o n to on d e se e n te rra ram anim ais m o rto s pelo carb ú n cu lo . O espí
rito ou o ta len to “ de o b serv ação ” deve assim definir-se in dependentem ente d as suas
fo rm as de aplicação. D e resto , é m u ito p rovavelm ente este sentido ( = a to d e o b servar),
que constitu i o cen tro d as idéias de Cl. B e m a rd , p o rq u e , ap esar d e certa oscilação n a
ap licação , em v irtu d e d a p en etração recíp ro ca das diferentes questõ es q u e se sucedem
n o 1? c a p ., liv ro I, d a Introdução, Cl. B ern ard q u er dizer antes d e tu d o q u e a “ o b ser
v ação ” é o m o m en to d e co n sta ta ç ã o , p o r oposição à “ exp eriência” , que é a in fo rm a
ção resu ltan te d o tra b a lh o de co n fro n ta ç ão das co n stataçõ es. (Aí. Dorollé)
A d istin ção in d ic a d a n a C rític a en tre os caso s em q u e se c o n sta ta m fa to s sin g u la
res e aq u ele em q u e se c o n sid e ra o fa to p erceb id o co m o a m a n ife sta ç ão de u m a lei
p arece-m e co m e feito essencial. M as n ã o m e p arece possív el reserv ar a p a la v ra “ o b
servação” p a ra o prim eiro caso e a p alav ra “ experiência” p ara o segundo. C o m efeito:
a) O c ien tista o b serv a, m esm o n o seg u n d o caso , q u a n d o c o n s ta ta “ a re a ç ã o d o s f a
to s , q u e resp o n d e à q u e stã o ” e q u a n d o se d ed ica a e stu d a r a re sp o sta d a n a tu re z a
e a “ n ã o resp o n d er p o r e la ” , segundo as palavras d e C lau d e B ernard; b) E x p erim en ta
se p o r vezes p a r a p ro c u ra r a cau sa d e u m fa to sin g u lar: o m eu reló g io p a ro u ; e sta rá
q u e b ra d o ? D esm o n to -o p a r a sa b e r. N ã o é isto u m a experiência? (/?. Daude)
O fa to de a o b serv ação assim d e fin id a ser u m m o m e n to n ecessário d a experiência
n ã o se ria re d ib itó rio ; m as a seg u n d a ra z ã o in d ic a d a p o r D a u d e p arece-m e, co m efei
to , m o stra r u m a u tilização d a p a la v ra q u e n ã o deve ser c o m b a tid a . V er Experiência,
o b serv açõ es. ( A . L .)
A o p o sição e n tre o b serv ação e experiência d esap arece, o u p elo m en o s to rn a-se
secu n d ária, q u a n d o se d istin g u e a observação co m u m d a observação m etódica. A
p rim eira n ã o é sen ão o sim ples exercício e sp o n tâ n e o d o s sen tid o s; a seg u n d a é esse
m esm o exercício assistid o com m eio s esp eciais q u e a u m e n ta m o seu alcan ce, q u e lhe
co rrig em as im p erfeiç õ es, atra v é s d e racio cín io s q u e o v alo rizam , seg u n d o reg ras ló
gicas co n sta n te s, graças à esco lh a dos o b je to s e d a s co n d içõ es o p o rtu n a s d o exam e.
761 “ O BSTRU TIV O ”
de D eus é infinita; 2?, em que ele está p re reg ad o d e u m su fix o im p ró p rio nesta
sente in teiram en te em to d a p a rte ; 3?, em acepção. C f. Psíquico e Psicológico e ver
q u e n a d a d o q u e é, foi ou será lhe é des Ô ntico (S).
co n h ecid o . Ver esp ecialm ente L E í ζ Ç« U , R ad. int.: O n tal.
Teodicéia, e su a c o rresp o n d ên cia com
“ Ô N T IC O ” V er Suplem ento.
CÂ τ 2 3 E .
Rad. int.: O m n o p o v ; O m n o p rezen te s O N T O G Ê N E S E o u O N T O G E N IA
(U b iq u es); O m n o sav . D . Ontogénesis; E . O ntogénesis, onto-
geny; F . O ntogénèse, ontogénie; I. On-
O N ÍR IC O D . Traum ...; E . Oneirical;
togenesi, ontogenia.
F . Onirique; I. Onirico. D esen v o lv im en to d o in d iv íd u o , q u e r
Q u e diz respeito aos sonhos. A “ cons m en tal, q u e r físico, desd e a su a p rim eira
ciência o n íric a ” (cf. J τ è I 2 Ãç , L e sub- fo rm a e m b rio n á ria até o estad o a d u lto ,
conscient, tra d . f r ., 1908) é o estad o d a em o p o sição a o d esen v o lv im en to d a es
consciência n o s so n h o s. pécie (filogênese o u filogenia). O p rin cí
Rad. in t .: S o n j. p io seg u n d o o q u al a ontogênese re p ro
“ O N IT U D E ” (L. O m nitudo). N eolo duz a filogênese fo i s o b re tu d o p o p u la ri
gism o utilizado p o r alg uns escritores co n z a d o p o r H τ E T3 E Â , q u e o q u alificav a
“ lei b io g en ética fu n d a m e n ta l” . M as es
te m p o râ n e o s: T o d o , to ta lid a d e . C f.
te p rin cíp io é, h o je, m u ito c o n te sta d o .
Kτ Ç : “D as A ll (om nitudo) der Reali
I
V er as o b serv açõ es.
t ä t . Dialec. transcend., A 628; B 656.
Yves D elage, n u m a n o ta a o artig o On-
L. B2 Z Çè T â « T; o b s e rv o u q u e era
7
togeny (B aldw in , 202 A ), in d ic a, sem o u
preciso distinguir om nitudo conceptus, a
tr a ex p licação , q u e ontogenia é m ais es
un iv ersalidade, e om nitudo com plexus, o
pecífico q u e ontogênese. M as n o artig o
c a rá te r d aq u ilo q u e fo rm a u m to d o n o
Ontogénesis, J . M . Baldw in e P o u lto n (de
s e n tid o c o n c re to , o rg ân ico . C f. Univer
O x fo rd ) in d icam p elo c o n trá rio q u e on
sal* concreto.
togénesis, q u a n d o n ã o é sin ô n im o de on-
“ ONTAL” O p o sto a fenom enal (Jam es togeny, tem u m sen tid o re strito e ap lica
Wτ 2 á , The R ealm o f E n d s 12, p. 389). se esp ecialm en te à o n to g e n ia d e u m ó r
E ste n eo lo g ism o p arece ú til e ra z o á g ã o , de u m a fu n ç ã o o u d e u m a c aracte
vel p a ra design ar o q u e diz respeito ao ser rística c o n sid erad o s iso lad am en te.
em si, em o p o siç ã o a o fen ô m en o o u à Rad. int.: In d iv id u al genesi.
ap a rê n c ia. O ntológico, q u e se em p reg a O N T O G É N IC O D . Ontogenetisch;
m u itas vezes neste sen tid o , está so b recar E . Ontogenis; F . Ontogénique; I. O n to
génico.
1. “ O to d o ( o m n i t u d o ) d a re a lid a d e .” A . Relativo à ontogênese. “ T eo ria o n
2. O r e in o d o s f i n s . to g é n ic a .”
B. Q u e en g en d ra o ser (p o r o p o sição
a s o u tr a s to m a m e m p a r te o s seu s p r in c í
a o n to ló g ico n o sen tid o su b jetiv o = r a p io s; c h a m a -s e ontologia, o u c iê n c ia d o
cio cín io o u co n ceito relativ o a o ser). “ O ser, o u m etafísica geral’.' D ’A Â E Oζ E 2 I ,
pensam ento ontológico m o strar-se-á final Disc. prelim . da Enciclopédia, § 71.
m en te m u ito in ferio r a o p e n sa m e n to o n B . E stu d o o u co n h ecim en to d o que
tog énico, m u ito m en o s c a p a z d e legitim ar são as coisas em si m esm as, en q u a n to
a a firm a ç ão d o sed ’ G h . SE 2 2 Z è , Essai su b stân cias, n o sen tid o c artesian o e leib-
su r la signification de la logique, p. 154. n iz ia n o d a p a la v ra , p o r o p o sição a o es
O N T O L O G IA D . Ontologie; E . On- tu d o das suas aparências o u dos seus a tri
tology; F . Ontologie-, I. O ntologia. b u to s. “ E s ta id éia a b s tra ta e geral (a do
A. P a rte d a filo so fia qu e especula so b stra c tu m ou d e su b stâ n c ia )... a p e d ra
su
b re “ o ser e n q u a n to se r” , seg u n d o a ex a n g u lar d e ta n to s siste m as, o fu n d a m e n
p ressão de A ristó teles: “ E st q u aed am to d e tu d o o q u e se ch a m a ontologia, n ã o
scientia q u a e c o n te m p la tu r ens q u a te n u s tem , p o r m ais q u e se d ig a, privilégio q u e
ens est, hoc est, in q u a n tu m co m m u n em a su b tra ia a u m ex am e c rític o .” COUR-
q u a m d a m in tellig itu r h a b e re n a tu r a m ... NOT, Fondem ents, I, c a p . IX , § 135. C f.
[quae] ó m n ib u s e t sin gulis en tib u s su o O ntológico.
m o d o in est. E a vulg o m etap h y sica, sed C R ÍT IC A
ap tiu s Ontologia vel Scientia cath olica (ei-
K τ Ç , a o m esm o tem p o q u e m o d ifi
I
ne allgemeine W issenschaft) e t p h ilo so -
cav a n u m sen tid o id ealista e crítico o uso
p h ia un iv ersalis n o m in a tu r .” J . C Â τ Z -
d a p alav ra metafísica, q u e ria d a r u m sen
ζ E 2 ; , M etaphysica, 1646, c a p . I, 1-2.
E le diz ta m b ém n o m esm o sen tid o O nto- tid o nov o à p alav ra ontologia-, a esta a tri
sophia (p refácio e su b títu to d a m esm a b u ía a fu n ção d e d eterm in ar o sistem a de
o b ra). to d o s os co n ceito s e p rin cíp io s do e n te n
Só o n o m e é n o v o ; q u a n to à p ró p ria d im en to q u e são , aliás, n a su a d o u trin a ,
ciência, ela existia já nos escolásticos, com o equiv alente do s transcendentia escolás
a m esm a d efin ição : cham a-se transcen ticos (ver Crítica da razão p u ra , M eto d o -
d endo às d eterm in açõ es co m u n s a to d o s log. tra n sc e n d ., cap . I I I , A 845; B 873).
os seres. C f. tam b ém Bτ TÃÇ , D e dignit., M as este u so n ão p rev aleceu e, nos n o s
III, 1, § 4-5, em q u e lh e ch am a philoso- sos dias, a p a lav ra ontologia serve so b re
p h ia prim a, sive, sapientia. A d efin ição tu d o , pelo c o n trá rio , p a r a d esig nar sem
de C lauberg foi reto m ad a, quase nos m es equívoco a m etafísica sub stancialista, que
m os te rm o s, p o r W ÃÂ E E , q u e m uito co n se p ro p õ e co m o o b jeto ap reen d er, sob as
trib u iu p a ra d ifu n d ir esta p a lav ra (ver es ap arên cias, as coisas em si, p o r o p o sição
p ecialm en te O ntologia, § 1 e 8). “ T en d o à m etafísica n o sen tid o crítico , q u e r d i
os seres, ta n to espirituais co m o m ateriais, zer, ao c o n ju n to dos co n h ecim en to s que
algum as propriedades gerais, com o a exis p o d em ser estab elecid o s a priori em cad a
tê n cia, a p o ssib ilid ad e, a d u ra ç ã o , o exa o rd em de co n h ecim en to s. V er M etafísi
m e destas p ro p ried ad es fo rm a desd e lo ca, esp ecialm ente n o s sentidos G e H .
go este ra m o d a filo so fia de que to d as Rad. int.: B. O n to lo g i.
O N T O L Ó G IC O D . Ontologisch·, E . O N T O L O G IS M O D . Ontologismus·,
Ontological, F . Ontologique-, I. Onto- E . O ntologism ; F . O ntologism e; I. On-
logico. tologism o.
Q u e diz resp eito à o n to lo g ia , ou que A . T en d ên cia de esp írito favorável à
p erten ce à o n to lo g ia. O n to lo g ia, e n te n d id a co m o a in v estig a
A . P rova ontológica (d a existência de ção d as características e d a n a tu re z a do
D eus): aq u e la que con siste em p ro v a r a ser em si o u dos seres em si.
existência de D eus p ela sim ples análise d a B. D outrina de V. G« Ãζ E 2 I « , que se
su a essência ou d a sua definição. Sto. A n opõe àquilo que cham a “ psicologismo” ,
selm o de C a n te rb u ry , P roslogium , ed. quer dizer, à tendência que subordina o
M ig ne, to m o C L V III, col. 223; D E è Tτ 2 ser à idéia.
I E è , Discurso do m étodo, 4? p a rte ; M e
Rad. int.: A . O n to lo g ism .
ditações, V , 2-3. O n o m e de p ro v a o u de O n to lo g ista P a rtid á rio d a O n to lo g ia
argum ento onto ló gico não se en co n tra em no sen tid o B (C ÃZ 2 ÇÃI , Es sai sur Ies
D escartes; é a p lic a d o a este R acio cín io fo n d em en ts de nos connaissances, I, 307).
p o r Kτ ÇI , Crít. da razão pura, D ial.
tra n se ., livro II, cap . III, 4? seção: “ V on O N U S P R O B A N D I “ A incum bencia
d er U n m ö g lich k eit eines o n to lo g isch en d a p ro v a ” , exp ressão latin a de origem ju
Beweises vom D asein G o tte s .” 1 O põe-se rídica: q u a n d o , de dois litigantes, u m ale
à pro va cosmológica* e à p ro va psicoteo- ga u m fa to e o o u tro o n eg a, q u al deles
lógica* q u e , seg u n d o ele, fo rm a m com deve p ro v a r o q u e diz p a ra g a n h a r a c a u
elas as três únicas fo rm as possíveis de a r sa? A d m ite-se g eralm en te q u e, à fa lta de
gu m ento p a ra a existência de D eus (ib id ., p resu n ção * legal c o n trá ria , d ev erá ser o
seção 3, ad. fin .). p rim eiro , co n fo rm e a reg ra: “ P r o b a d o
in cu m b it, ei qui dicit, n o ei q u i n e g a t” (a
B. Oposto por RE Çτ Ç a fenom enal:
p ro v a cab e àq u ele q u e a firm a , n ã o à q u e
“ Fazer desta diversidade fenomenal (dos
le que nega). D igeste, X X II, III, 2. M as
fenômenos físicos e psíquicos) sinónimo de
a q u e stã o deu lu g ar a co n tro v érsias: ver
um a distinção ontológica é cair num gros
BÃÇÇ« E 2 , Traité des preuves, revisto p o r
seiro realismo e im itar as antigas hipóte
Lτ 2 Çτ Z áE , § 39 ss.
ses das ciências físicas que explicavam atra
A q u estão d o onus p ro b a n d i esten-
vés dos fluidos reais e substanciais os fa
deu-se d a í p a ra m u itas discussões cien tí
tos em que uma ciência mais avançada ape
ficas o u filo só fic as: “ N ã o é a nó s q u e
nas viu ordens diversas de fenôm enos.”
com pete d em o n strar a im possibilidade do
L ’avenir de la Science, p. 478.
m ilag re, m as ao m ilagre d e m o n stra r a si
Rad. int.: O n to lo g ial. p r ó p r io .” RE ÇJÇ , Carta a A d . Gué-
roult, 1862. “ A tese do paralelism o é urna
1. “ D a im p o ssib ilid ad e d e u m a p ro v a o n to ló g i p u ra h ip ó te se m etafísica, à q u al in c u m
ca d a existência d e D e u s .” b iria em estrita ju stiç a o onus pro-
Sobre O posição — A 2 « è I ó I E Â E è cham a ctvT ixd jicv a (opostos): 1?, aos term os
relativos um ao outro (dobro e m etade); 2?, aos term os contrários; 3?, aos term os
que exprim em respectivam ente a privação e a p o sse (e£ts, m uitas vezes traduzido
por hábito ) de um a m esma característica; 4?, aos term os em que um afirm a o que
o ou tro nega, quer atualm ente (xáfhjzai., ov xádr¡6ai), quer virtualm ente, ou, com o
nós diriam os, sob fo rm a de léxis* (xadrjoBai, ov xa0r¡a6ai). Categorias, cap. X e
X I; M etafísica, I, 4. Ver o estudo e a crítica desta classificação em H τ OE Â « Ç , L e
systèm e d ’A risto te, IX lição; p a ra a concepção d a oposição n o pró prio H am élin, c f.
o seu Essai s u r les élém ents princip a u x de la représentation, cap. I.
O RA 770
n a n te s .” ra ç ã o , p a ra os a u to re s , n ão é o u tra coisa
D . C o n ju n to de pessoas d a m esm a ca sen ão o m é to d o , q u e é o o b je to d a q u a r
teg o ria social e q u e fo rm a m um co rp o . ta p a rte d a su a Lógica.
“ A o rd em do s a d v o g a d o s .” “ A s três o r C. “ O rd en ar p a r a ...” , dirigir p a ra um
dens (N obreza, Clero, T erceiro E sta d o ).” fim , su b o rd in ar com o m eio p a ra u m fim:
É nu m sentido análogo que se fala d o pes “ O co n h ecim en to é o rd e n a d o p a r a a
soal que en sin a n a “ o rd e m das le tra s” e a ç ã o .” E ste uso d a p a la v ra é b a sta n te r a
n a “ o rd em d as ciên cias” . ro ; en co n tra-se so b retu d o n a filo so fia re
E . M a n d a m e n to , p rescrição . “ A s o r ligiosa.
dens d a ra z ã o , d a c o n sciên cia.” (S) É , p arece, u m a tra n sc riç ã o literal d a
Rad. int.\ A . B. C . O rd in ; D . K las; exp ressão latin a usu al n a Id ad e M édia or-
E . Im p er. dinare in fin e m aliquam . V er, p o r exem
p lo , o te x to d e S. T o m á s cita d o n o a rti
O R D E N A Ç Ã O (M éto d o de) N o m e go Im anência, 1?.
d ad o p o r É d. C Â τ ú τ 2 è áE a u m teste psi D . D ar u m a o rd em , n o sen tid o E des
co ló gico q u e consiste em fazer o su je ito ta p a la v ra .
classificar u m a série de objetos suscetíveis R ad. int.: A . B . O rd in (a r); D .
de u m a classificação serial o b je tiv a c o Im p er(ar).
n h ecid a pelo e x p e rim e n ta d o r e em m ed ir
p o r m eio d e u m a fó rm u la a p ro p ria d a o O R D IN A L D . O rdinal-...; E . O rdi
desvio en tre a o rd em v e rd ad eira e a o r nal; F . Ordinal; I. Ordinale.
d em e sta b e le c id a . (É d . C Â τ ú τ 2 è á E , A . R elativ o à o rd e m , n o sen tid o A ,
N ouvelle m éthode de m esure de la sensi- 1?. E m p a rtic u la r, diz-se dos n ú m eros e n
q u a n to d esig n am u m g rau d e su cessão:
bilité et des processuspsychiques, A rc h i
ves des Sciences P sy ch iq u es e t N atu relles p rim e iro , seg u n d o , te rc e iro , etc.
de G enève, m a rç o d e 1912.)
B. “ P ro b a b ilid a d e o rd in a l” , ex p res
são p ro p o s ta p o r R ené B 2 E I 7 Â Ã
E Ip a ra
Rad. int.·. O rd in a d .
d esig n ar o q u e C o u rn o t ch am av a, com
O R D E N A R D . A . B. C . Ordnen; E . u m te rm o tid o p o r d em a sia d o vago,
Befehlen; E . To order, F . O rdonner, I. “ p ro b a b ilid a d e filo só fic a ” (Un rom an
Ordinaire. tism e utilitaire, I, 2? p a rte , cap . V ). V er
5. P roblem a da origem do m al. “ Sig in á ria , p ela q u al o esp írito está sem pre
D eus est, un de m alu m ?” V em os que tam p ro p e n so a s u b stitu ir a h istó ria real,
bém neste caso a q uestão é p rim itiv am en q u a n d o fa lta m os d o c u m e n to s, o u q u a n
te d e o rd em teoló gica. d o n ã o se p re sta m a u m a c o n stru ç ã o que
M as, além d as d ificu ld ad es in erentes satisfaça a im ag in ação .
a cada u m destes prob lem as, é preciso n o 2?: O fato de esta p alav ra im plicar fa
ta r que em to d o s estes casos origem p o cilm ente q u er a assu n ção tá c ita d e u m a
d e receb er do is sen tid o s: 1?, p o r elipse, origem única de o n d e as coisas saíram por
p a r a origem absoluta; e é neste sen tid o d iferen ciação , q u er a assu n ção tá c ita de
q u e a p ro sc riç ã o d e q u a lq u e r in vestig a u m a orig em tem poral, d e u m a d a ta a n
ção “ so bre as origens” se to rn o u u m a p a tes d a q u a l o q u e se e stu d a n ã o existia.
lavra de ordem d a filosofia positivista; 2?, (C f. o se n tid o d a d o p o r R o u sseau à céle
b re q u e stã o d a A cad em ia de D ijo n :
no sen tid o rela tiv o , c o n ju n to de tu d o
“ Q u al a orig em d a desig u ald ad e en tre os
aq u ilo q u e explica a a p a riç ã o de um fato
h o m en s, e se ela é a u to riz a d a p ela lei n a
no vo: m ateriais p reex iste n te s, cau sas e
tu r a l? ” ) O esp írito cien tífico e filosófico
circu n stân cias q u e o p ro d u z ira m . É evi
p ro c u ra esp o n ta n e a m e n te a u n id ad e; daí
d en te qu e, neste seg u n d o sen tid o , n e n h u
a ten d ên cia p a ra ex p licar o div erso m o s
m a o b jeção de p rin cíp io po d e ser le v an
tra n d o co m o ele se p ro d u z iu a p a rtir do
ta d a c o n tra o estu d o d a orig em ou das
u n o , p a ra d a r u m a rep resen tação d e tu
orig ens. E xistem , c o n tu d o , m esm o neste
do aq u ilo que existe e, em p a rtic u la r, tu
caso , do is p o n to s em q u e o em p reg o d es do a q u ilo c u ja existência nos c au sa a d
ta p a lav ra se p re sta a o so fism a e à p eti m ira ç ã o , com o se tivesse tid o a su a “ o ri
ção de p rin cíp io im plícita: g e m ” n u m m o m en to d e te rm in a d o d o
1 ?: A in d eterm in ação d a ép o ca assim te m p o . M as tra ta -se d e u m a q u e stã o q u e
d esig n ad a. E ssa irreso lu ção é so b re tu d o n ã o deve ser n u n c a reso lv id a com a n te
sensível n a ex p ressão m u ito c o m u m e cedência n em im p licitam en te; o s fa to s,
m u ito vaga: na origem , a q u al os filó so em caso s n u m ero so s e im p o rta n te s,
fos m o d ern o s fazem m u ita s vezes d esem im p õ em -n o s, p elo c o n trá rio , a conclu são
p en h ar u m p ap el a n álo g o àquele que tem d e qu e tem os d e tr a ta r seja com c o n sta n
n o século X V III o “ e sta d o de n a tu re z a ” . tes às q u ais n ã o p o d em o s in d icar u m a
E la está en tre as fó rm u las que servem p a “ o rig em ” , seja com u m a “ o rig em ” m ú l
r a a exposição d a h istó ria a b s tra ta , im a- * 1 tip la , p o lig en ética, em relação à q u al o
E sta p a lav ra foi u tilizad a, pela p rim eira vez, parece, pelos p ad res jesu ítas, de Tré-
vo u x , re d ato res das M ém oires p o u r 1’histoire des Sciences et des beaux-arts, n a rese
n h a d a Teodicéia de LE « ζ Ç« U ; aplica-se esp ecialm en te à te o ria seg u n d o a q u a l, se
g u n d o ele, o m u n d o é um optim um ou um m áxim um . “ E m term os d a a rte, ele cham a-
lhe a razão d o m elh o r, ou m ais sab iam en te a in d a , ta n to teo lo g icam en te co m o geo
m etricam ente, o sistema do O ptim um ou do O tim ism o.” M émoires, fevereiro de 1737;
o te rm o está in clu íd o n o D ictionnaire d e Trévoux (1752) e foi a d o ta d o p ela A cad e
m ia fran cesa em 1762. O ro m a n c e d e V o ltaire C ândido o u o O tim ism o (1758) c o n tri
b u iu m u ito p a ra d iv u lg ar esta p a la v ra . (R. E ucken — C. C. J. W ebb)
É p reciso acrescen tar q u e V o ltaire, c ren d o c ritic a r L eib niz, n a realid ad e re je ita
a tese seg u n d o a q u al tu d o é essen cialm en te b o m , n ã o sen d o o m al sen ão u m a ilu são
e u m a a p a rê n c ia, o que co n stitu i, aliás, a d o u trin a de P o p e (que se liga, atrav és de
B o lin g b ro k e, a E sp in o sa). A v e rd a d e ira origem d o Cândido está , a liás, n a q u erela
en tre V o ltaire e R o u sseau ; é u m a re sp o sta à Carta sobre a providência, d irig id a a
V oltaire p o r R ousseau p a ra re fu ta r o Poem a sobre o desastre de Lisboa (1756). (A. L .)
So bre O u tro — Ch. W erner le m b ra q u e P la tã o , n o Sofista, d efin iu o O utro co
m o d iferen te d o Ser, e reestab eleceu , c o n tra P a rm ê n id e s, a ex istên cia do n ão -ser.
P
im aginada num o bjeto, o pro cura ou d e E ste ú ltim o sen tid o p arece h o je bem
le se afasta. Se tenho fom e, busco com estab elecid o en tre os psicólo gos alem ães
paixão o alim ento necessário; se queim a e franceses. É m ais d ifícil, p arece, fazê-
do pelo fogo, tenho um a forte paixão de lo ad m itir em in glês, o n d e passion c o n ti
dele me a fa s ta r.” BOè è Z F I , Conh. de n u o u , n a língua corrente, m u ito m ais p ró
D eus e de si próprio, I, 6. x im a d o sen tid o q u e lh e d av am D escar
B. E m OÇD« Â Â T , K ÇI , H F ; F Â
tes e os seus sucessores im ediatos: “A pas
(ver esp ecialm ente Enciclop., § 472-474)
sion o f tears, a passion o f g rief, u m a cri
e n o s psicólo gos m o d e rn o s, u m a p aix ão
se de c h o ro , u m a crise d e tristeza; in a
é u m a ten d ên cia com u m a certa d u ra ç ã o ,
a c o m p a n h a d a p o r estad o s afetiv o s e in passion, com a rre b a ta m e n to ; fits o f p as
te le ctu ais, p o r im agens em p a rtic u la r, e sion, acessos de c ó le ra .” P o r isso, os psi
su fic ie n te m en te p o d e ro sa p a ra d o m in a r cólogos ingleses em geral a elim in aram da
a vid a do esp írito (p o d en d o este m an ifes sua n o m e n c la tu ra . T o d a v ia , o D icioná
tar-se q u er p ela in ten sid ad e dos seus efei rio de *Z 2 2 τ à , assim co m o I OZ I e
to s , q u er p ela e stab ilid ad e e p e rm a n ê n Bτ Â W « Ç (Baldw in’s D ic tio n ., II, 257 A )
cia d a su a ação ). “ A p a ix ã o é u m a in cli m en cio n am os dois sen tid o s e d ão co m o
n a ç ã o que cai no exagero, s o b re tu d o qu e exem plo d o seg u n d o a p a ix ã o pela m ú si
se in sta la d em o ra d a m e n te, se faz cen tro ca (a passion f o r m usic), u m a devoção
de tu d o , que su b o rd in a as o u tras inclina ap aix o n ad a pela verdade (a passionate de
ções e as a rra s ta a trá s de s i.” *τ Â τ + votion to truth). A expressão a ruling pa s
PERT, É lém ents du caractère, 229; citad o sion (u m a p aix ão d o m in a d o ra ) é clássica
e a d o ta d o p o r R« OI , E s sai su r les pas-
(PÃú E ). E sp eram o s q u e este em prego
sions. C f. Em oção, Inclinação.
p o ssa g en eralizar-se. C f. Passividade.
CRITICA Kτ ÇI e, d ep o is d ele, v ário s p sicó lo
P ode-se ver a passag em d o sen tid o A gos alem ães d efin em a p a ix ã o pelo fa to
a o sen tid o B, em LE « Ç« U !N o v . ens., II, de ela p a ra lisa r a a ç ã o n o rm a l d a ra z ã o
X X , § 9). so b re a c o n d u ta . “ L e id e n sc h a ften ... ge-
q u alq u er d e term in ação d a v o n ta d e p o r p rin c íp io s .” nésie philosophique, 1769), p ara quem es
2. “ A essência das paixões co nsiste em que re
ta id éia está estreitam en te lig ad a às de
lativ am en te a u m a classe d e vo liçõ es po ssu ím o s efe
tiv a m e n te u m a m áx im a, m as a n o ssa v o n tad e “ e v o lu ç ã o ” e d e ap erfe iço a m e n to . D e
d eterm in a-se c o n tr a e s ta .” a c o rd o com su a d o u trin a , q u e ele rela-
b ro de 1915.
P A N L O G IS M O D . P anlogism us ; E .
P A N C O S M IS M O E. Pancosmism; F. Panlogism , pallogism ; F . Panlogism e ; I.
Pancosm ism e. Panlogism o.
D o u trin a seg u n d o a q u al o m u n d o é D o u trin a seg u n d o a q u al tu d o o que
tu d o o que existe; n âo existe realid ad e é real é in teg ralm en te intelig ível, e p o d e
tra n scen d en te. T erm o criad o p o r ( 2 Ã - ser c o n stru íd o p elo esp írito seg u n d o as
I E p a ra d esig nar o p an teísm o m ateria- suas p ró p ria s leis. E sta p a la v ra fo i c ria
da p o r J . E. E2 áOτ ÇÇ p a ra d esig nar a
d o u trin a de H egel: “ D er p assen d ste N a
J . “ T eo ria genética d a realid ad e que co nstitui as
m e w ird fü r seine L eh re P a n lo g ism u s
con clusões da Ló gica genética ( Thought and Things,
o u G enetic Logic: o u tra o b r a d o m esm o a u to r) en
heissen. Sie s ta tu irt n ich ts W irkliches als
q u a n to desem bo ca na te o ria estética d a realid ad e cha n u r die V ern u n ft; dem U n v ern ü n ftig en
m a d a P ancalism o” . v in d ic irt sie n u r v o rü b erg eh en d e, sich
fav o ráv el: “ O s m esm os esp írito s q u e ta n ta s vezes a ed u cação religio sa o u o h á b ito
lev aram a n ã o se su rp reen d er n a d a co m o s p receito s d e ren ú n cia a b so lu ta d o E v a n
gelh o, e a a c red itar que eles são eficazes, rev o ltam -se c o n tra o s p a ra d o x o s estoicos,
que e n tre ta n to ap en as d en o tam o ex trem o esfo rço d a ra z ã o p o r seu lad o , ta l com o
d a ca rid a d e p elo la d o cristão , p a ra triu n fa r d a sensib ilid ade e d a irrita b ilid a d e in im i
g a s .” Philos. analytique de / ’hisloire, III, 237. Cf. M anuel dephilos. ancienne, II, 286.
S o b re o sen tid o e o p ap el d a n o ç ã o de p a ra d o x o em K ierk eg aard , ver J. W τ 7 Â ,
É tudes kierkegaardiennes , cap. X : “ A existência e o p a ra d o x o .”
789 P A R A L E L IS M O
nen Vernunft) o u , n o sin g u lar, o paralo Term o criado por VOGEL (1772); re
gism o psicológico (D . D erpsychologische tom ado por Kτ 7 Â ζ τ Z O (1863), e depois
Paralogism) são o s racio cín io s dialéticos p o r num erosos alienistas co ntem porâ
p elo s q u ais a p sic o lo g ia ra cio n al crê (er neos: ver Baldw in, sub V o.
radam ente) p o d er dem o n strar: 1?, a subs- A . A lien ação m e n tal, em geral.
ta n c ia lid a d e d a a lm a; 2 ? , a su a sim plici B . L o u c u ra ra c io c in a d o ra sistem áti
d a d e ; 3?, a su a p e rso n a lid a d e ; 4 ? , “ a c a , q u a lq u e r q u e seja a su a n a tu re z a ,
id entidade” das suas representações (quer aco m p an h ad a o u n ã o de alucinações (per
d izer, o c a rá te r p ro b le m á tic o , d u v id o so , seguição, d elírio ro m a n e sc o , antigas m o
d e q u a lq u e r existência q u e n ã o a d o su n o m a n ia s d e Eè I Z « 2 ÃÂ , e tc.). U tilizad o
je ito p en san te). Krit. der reinen Vern., A p a r tic u la r m e n t e n e s te s e n tid o p o r
341-405; B 399-427. K2 τ E I -Eζ ζ « Ç; (L ehrbuch der Psychia
R ad. in t .: P a ra lo g ism . trie, 1879).
C . K2 τ E ú E Â « Ç desm em brou recente
P A R A M N E S IA D . Paramnesia; E .
m ente a p aran ó ia assim entendida e fo r
Paramnesia; F . Param nésie; I. P a
m ou duas classes:
ramnesia.
1?: Paranóia verdadeira, estados p a
Ilu são d a m em ó ria que consiste em
ranóicos: d elírio s siste m ático s d a ra z ã o ,
ju lg ar reconhecer até o ú ltim o p o rm en o r,
sem alu cin açõ es n em en fraq u ecim en to
com to d a s as circu n stân cias de lu g ar, de
n o tó rio da in telig ên cia n o seu to d o , p r o
te m p o , de estad o afetiv o e in te lectu al, o
g red in d o com o tem p o , m as n ã o atin g in
c o n ju n to psicológico que fo rm a o co n teú
d o a demência*.
d o to ta l e a tu a l d a consciência n u m m o
2°: Estados paranoides, fo rm a sp a ra -
m e n to d a d o , co m o se se revivesse in te
nóides d a “ d em ên cia p reco ce” : delírio s
g ralm en te u m in sta n te já vivido.
sem elh an te s aos p reced en tes, m as a c o m
CRÍTICA p an h ad o s de alucinações, e resu ltan d o n a
C o n fu n d iu -se m u ita s vezes este fen ô d em ên cia. E le co n sid era-o s se m p re lig a
m eno com o reconhecim en to errô n eo p ro d o s a u m esta d o de e n fraq u ecim en to in
v en ie n te q u e r d e u m d istú rb io fu n cio n al te le ctu al g eral, p o rém su fic ie n te m en te
e g eral d a m e m ó ria , q u e r d a existência fra c o , nos p rim eiro s e stád io s, p a r a n ã o
real d e u m a le m b ran ça p ró x im a ; e estes ser n o ta d o d esd e o in ício .
diversos fenô m enos fo ram indistintam en A p a ra n ó ia p ro p ria m e n te d ita seria
te qu alificad o s seja de “ p aram n ésia” , se c o n stitu tiv a , e re su lta ria d a h ip e rtro fia
ja de “ falsa m em ó ria” . Seria útil n ã o em n a tu ra l de certas ten d ên cias; os estad o s
p re g a r o p rim eiro destes term o s sen ão no p a ra n o id e s seriam ad q u irid o s em conse-
sen tid o d efin id o acim a e n o o u tro caso q ü ên cia de p ro cesso s d e in to x icação que
d izer Pseudom nésia*. p ro d u z e m u m eretism o d o s cen tro s n e r
R ad. int.: P a ra m n e si. v o so s, a c o m p a n h a d o de alu cin ações.
P A R A N Ó IA D . Paranoia; E . Para T2 I « Tτ
noia; F . Paranoia; I. Paranoia. O s alienistas franceses (particularm en-
Princípio de sim plicidade diz-se m ais esp ecialm ente d a fo rm a co sm o ló g ica, p rin
cípio d e parcim ônia ou de econom ia d a fo rm a ep istem o ló g ica d e sta id éia. ( A . L.)
795 P A R T IC IP A Ç Ã O
d o p ró p rio das p ala v ras, em estu d ar a gê C iência d a cria n ç a , m ais p a rtic u la r
nese ou o fu n cio n am en to d o s sistem as de m ente, ciência d a cria n ça co nsid erada co
ed u cação ; o ra , n ã o é isso q u e se q u er d i m o um ser cujas reações e desenvolvim en
zer a o fa la r d e p ed ag o g ia. A p ed ag o g ia to ob ed ecem a leis b io ló g icas, psico ló g i
é u rn a “ te o ría p rá tic a ” , q u er d izer, u m a cas e sociológicas especiais, diferentes das
te o ria q u e tem p o r o b je to refletir so b re q u e se ap licam a o s a d u lto s e, p o r co n se
o s sistem as e so b re os p ro ced im en to s de g u in te, devem ser e stu d a d a s s e p a ra d a
e d u c a ç ão , a fim d e ap re c ia r o seu v alo r m en te. (V er E . BIum “ L a p éd o lo g ie,
e atrav és disso esclarecer e d irig ir a ação 1’id ée, le m o t, la ch o se” , A n n é e psycho-
d o s ed u cad o res. logique, 1899; S ur les divislons et ta mé-
P o d eríam o s, p o rta n to , to m an d o a p a thode de la pédologie, C o n g rès d e philo -
lav ra normativo* n o sentido em qu e a d e so p h ie, G e n eb ra, 1904, em q u e ele p r o
fin im o s m ais a trá s , d e fin ir a p ed ag o g ia: p õ e d iv id ir e s ta ciência em sete p a rte s,
a ciência n o rm a tiv a d a ed u cação . corresp ond entes a sete p erío dos principais
NOTA n o d esen v o lv im en to d as crian ças.)
A p a lav ra pedagogo, n a lite ra tu ra C R ÍT IC A
francesa clássica, desde o século X V II até
E ste te rm o fo i cria d o p o r O . C 2 « è - 7
P E D O L O G IA D . Paidologie ; E . Pai-
dolo g y ; F . Pédologie', I. Pedología. 1. O estu do d a criança, n o v o ram o d a educação .
psicologia da criança é equ ív oco e p erig o so , p rim eiro p o r estar lig ad o à ped ag o g ia
trad icio n al e p o r ser m á esta alian ça, e n tre u m a ciência em vias d e co n stitu iç ã o , m as
p o sitiv a, e u m a a rte im precisa. A lém d isso , e so b re tu d o , o em p reg o d este term o c o n
firm a esta id éia m u ito d iv u lg ad a de que a p sic o lo g ia d a crian ça é u m c a p ítu lo d a
p sicolo gia do a d u lto . C om ete-se assim u m erro : a c ria n ç a é u m ser su i generis do
p o n to d e v ista fisioló gico e p sico ló g ico , e n ã o u m h o m em em m in ia tu ra . P o r fim
a p a la v ra pedagogia im p lica u m a a rte , p reo cu p açõ es fin alista s e n o rm a tiv a s q u e n a
d a têm a ver com a in v estig ação e a in stitu iç ã o d e leis cien tíficas. (E. BIum )
A p a la v ra P edotecnia fo i p re fe rid a a Pedagogia p ela S ociedade b elg a q u e tem
este n o m e, p o r ser m ais a m p la , ten d o o uso re strin g id o pedagogia à técn ic a p u ra
m en te esco la r, e à ed u cação d as c rian ças, s o b re tu d o n o p e río d o d a esco la p rim á ria .
A ciência d a crian ça p o d eria, p o rta n to , ser d iv id id a em Pedología e Pedotecnia, com
p re e n d e n d o esta ú ltim a a Pediatria, a Pedagogia experim ental, etc. Sem d ú v id a, esta
ú ltim a espécie de estu d o s te m p o r o b je to a in v estig ação , a d esco b erta d as reg ras, n ã o
a su a a p licação . M as esta ex ten são d a p a la v ra é le g itim ad a p ela an alo g ia: a electro
tecnia, p o r ex em p lo , co m p reen d e a in v estig ação e m p írica d o s m eio s p rá tic o s p a ra
o b te r o m elh o r re n d im e n to d e u m a p ilh a , d o s p ro cesso s in d u striais p a r a a fa b ric a çã o
de lâm p ad as, etc ..A d ife re n ç a e n tre tecnia e logia resid e, p a r a m im , n o seguin te fato :
as logias visam estabelecer leis gerais, científicas, racio n ais, etc.; as tecnias contentam -
se com estab ele cer reg ras p rá tic a s, receitas, sem se o c u p arem d a su a c o o rd en ação .
(Éd. Claparède )
801 PEN A
P E R S O N A L ID A D E D . Persönlich tr a ta e so b a fo rm a c o n c re ta , são o s ú n i
k e it ; m ais ra ra m e n te e n o se n tid o a b s tra cos recom endáveis. N o sentido legal, co n
to apenas Personalität·, E . Personality-, F. vém acrescen ta r, com o geralm ente se faz,
Personnalité; I. Personalità. o ep íteto p e rso n a lid a d e jurídica o u civil.
1?: N o sentido abstrato: O s sen tid o s D e E são felizm ente p o u co
A. B. C a ra c te rística d o ser q u e é umuasu ais e n ã o existem v e rd ad eiram en te de
pessoa m o ral, ou u m a pessoa ju ríd ic a (ver m a n e ira c o rre n te sen ão n o a d jetiv o p e s
Pessoa, A e C). soal (ain d a q u e h a ja alg u m as reserv as a
C . F u n ç ã o p sico ló g ica p ela q u al um fazer so bre este p o n to ). O sentido G , q u a
in d iv íd u o se co n sid era co m o u m eu* u n o lificado d e neolo gism o p o r L ittré, é fra n
e p e rm a n e n te . “ A s d o en ças d a p e rso n a cam en te d e m au uso : “ U m a p e rso n a lid a
lid a d e .” V er C rítica. d e em b a ra ç o sa; u m a p erso n a lid a d e bem
D . P reo cu p ação hab itu al e d o m in an te p arisien se.” A dvém d e u m a falsa conver
pela sua p ró p ria pesso a (n o sentido C ), são : pelo fa to d e os e sp írito s e o s c a ra c
egoísm o. A ug uste CÃOI E opõe m intas ve teres q u e se elevam acim a d o nível m éd io
zes, neste sen tid o , personalidade e socia se fazerem m u itas vezes n o ta r e n ã o se
bilidade, o u simpatia. P . ex., Catecismo rem “ c o m o to d a a g e n te ” , chegou-se à
positivista, 4? d iálo g o , ad fin em ; D iscur id éia de q u e é b o m em si n ã o ser com o
so sobre o co n ju n to d o positiv ism o, 87. os o u tro s , e qu e tu d o o q u e n o s d istin g u e
E . O rig in alid ad e, n o sen tid o fa v o rá o u faz so b ressair é u m v alo r su p erio r;
vel d esta p a la v ra . c o n tu d o , u m a an álise m ais ex a ta m o stra
2?: N o sentido concreto:
q u e u m a v e rd a d e ira p e rso n a lid a d e d ife
F . P esso a m o ra l e esp ecialm en te p es
re do s o u tro s h o m en s n ã o p elo im p rev is
so a que realiza com elevado g ra u as q u a
to d as su as id éias, d o s seus g o sto s o u do s
lid ad es su p erio res pelas q u ais a pesso a se
seus sen tim en to s, p e la su a fo rç a o u c a
distin gue d o sim ples in d iv íd u o biológico.
p acid ad e d e u s a r os o u tro s p a ra o seus
G . H o m em que se d estaca n a so cie
fin s, m as, p elo c o n trá rio , p e la a lta re a li
d a d e de alg u m a m a n eira; em v irtu d e das
zação de q u alid ad es ou ta le n to s q u e to
funções que o c u p a o u d a in flu ên cia q u e
dos os h o m en s p o d e ria m d esenvolv er,
exerce, o u pelas suas in trig as, p ela sua
ta m b ém eles, sem p ro d u z ir c o n flito s ou
turb ulência; ou m esm o sim plesm ente pela
c o n trad içõ es. V er o tex to de P a u l J τ ÇE I
su a p resen ça h a b itu a l n o s lo cais o n d e é
citado nas observações so bre o artig o Im
v isto , etc. A p a la v ra , neste sen tid o , p e r
pessoal e cf. À . Lτ Â τ Çá E , Précis raison-
de a fo rç a , ch eg an d o às vezes a d esig nar
n é de m orale pratique, § 54-55.
u m in d iv íd u o q u a lq u e r.
Q u a n to às expressões “ d o en ças de
CRÍTICA p erso n alid ad e, d e sd o b ram en to d a p e rso
O s sentid os A e F , que aliás exprim em n alid ad e” , que a influ ência de T h. RlBOT
u m a só e m esm a id éia sob a fo rm a ab s fez a d o ta r q u ase un iv ersalm en te (D . Per-
tu d o , a vid a vale a p e n a ser vivida? O u p rim e o seu c a rá te r e que ele deve ser tr a
en tão que o n a d a vale m ais que a existên ta d o co n seq ü en tem en te. (A p a la v ra p e s
cia, qu alq uer que seja o prazer que se p o s soa, m esm o no sen tid o físico, n ã o p o d e
sa ex p erim en tar nesta? ria aplicar-se ao co rp o de u m an im al.)
Rad. in t .: P esim ism . D o n d e: in d iv íd u o h u m a n o ; alg u ém ,
n o sen tid o m ais am p lo . A este sen tid o
P E S S O A D . Person, Persönlichkeit-,
m u ito clássico (ver L « I I 2 é ) ligam -se to
E . Person; F . P ersonne ; I. Persona.
dos os usos com uns desta palavra: “ a su a
D o la tim persona, m á sc a ra de te a tro ; p esso a, a vo ssa p e sso a ’ ’ p a ra ele m esm o,
d o n d e p erso n ag em , p ap el, c a rá te r: fu n vós m esm os; “ a p esso a de u m a u to r ” ,
ção , d ig n id ad e; pesso a ju ríd ic a . Q u a n to p o r o p o sição às suas o b ra s; “ a pesso a de
à etim o lo g ia p rim eira e à h istó ria d esta u m h o m em de E sta d o , de u m re fo rm a
p a lav ra, ver T 2 E Çá E Â E Çζ Z 2 ; , Z u r Ges d o r ” , p o r o p o sição ao s seus ato s, à su a
chichte des W ortes Person (K ant Studien, d o u trin a , às co nseqüências d a sua ação
1908, o u , em inglês, M onist, ju lh o de histórica; “ p esso a” n o sentid o in terro g a
1910), e R. E Z T3 E Ç , Geistige S trö m u n tiv o ou n eg ativ o , etc.
gen der G egenw art , seç. D ., § 5. O põe-se C. Pessoa jurídica. Ser q u e p o ssu i d i
em to d o s os sen tid o s a coisa*. reito s o u d everes d e te rm in a d o s p e la lei.
A . Pessoa m oral. Ser in d iv id u al, en ‘ ‘O e sc ra v o ... n ã o é u m a p esso a n o E s ta
q u a n to p o ssu i as características que lhe d o : n e n h u m b em , n en h u m d ireito se lhe
p erm item p a rtic ip a r d a so ciedade intelec p o d e a s s o c ia r.” BÃè è Z E I , Cinquièm e
tu a l e m o ra l do s esp írito s: consciência de avertissement aux protestants (éd. D id o t,
si, ra z ã o , q u e r d izer, ca p a c id ad e de d is IV , 404).
tin g u ir o v erd ad eiro e o falso , o bem e o
m al; capacid ade de se determ in ar p o r m o CRÍTICA
tiv os pelo s quais se p o ssa ju stific a r o v a 1. O u so d e sta p a la v ra tem d u as o ri
lo r p e ra n te o u tro s seres razoáveis. V er gens: p o r u m la d o , a id éia estó ica d o p a
LE « ζ Ç« U , Teodicéia, I, 89; Kτ ÇI , G rund p e l que o hom em desem p en h a neste m u n
legung zu r M et. der Sitten, 2? seção, § 84 d o {itQÓou-Kov, persona; cf. M anual de
e 96-99. C f. Ind ivíd u o . E picteto, 17; Conversas, 1 ,2 9 , e tc.), u so
B. Pessoa física diz-se d o co rp o de um a o q ual se liga o sentido ju ríd ic o d esta p a
h o m em , e n q u a n to este c o rp o é co n sid e lav ra em latim ; p o r o u tro , o em p reg o fei
ra d o com o m anifestação, com o “ fenóm e to p e la teo lo g ia, esp ecialm en te n as c o n
n o ” d a su a pessoa m oral, e n q u a n to ex trovérsias so b re a T rin d ad e, em que serviu
no caso de um ditador rom ano regular fa to que com porta ele p ró p rio um gran
m ente designado pelos cônsules, em vir de núm ero de variedades, que podem ir
tu de de um a decisão do senado), ou ain d a autoridade m oral ou d a influência po
da perm anente (como n o caso de um so lítica até a tirania. Ver as observações.
berano absoluto e hereditário), e que p o
de, por outro lado, estar limitado por cer P E T IÇ Ã O D E P R IN C ÍP IO G . rò í |
tas reservas jurídicas. ctQXijs ou rò l v ècQxij a h é iv ou a lr tla -
b) P oder de um hom em de Estado 8oa 2 « è I I E Â E è ); L. P etitio principie,
que, sem p ara tal ser legalm ente solicita D. E . Id .; F. P étition d e p rín cipe; I. Pe-
do, reúne nas suas m ãos, devido a sua as tizion e d e prin cipio.
cendência pessoal, ou em conseqüência de A . E rro lógico que consiste em tom ar
circunstâncias excepcionais, poderes su por estabelecida, sob um a form a um pou
periores àqueles de qualquer o u tra au to co diferente, a própria tese que se tra ta
ridade existente no país. de dem onstrar (ARISTÓTELES, Prim. anal.,
É preciso distinguir com cuidado en I, 23; 40b30-33; II, 16 por inteiro, etc. S.
tre este “ p oder pessoal” de d ireito, que TÃOá è áE A I Z « ÇÃ , D e Fallaciis, cap.
n a prática se pode reduzir a um a ficção X III). Este sentido agora é o único usual.
(p. ex., no caso de determ inado sobera B. E rro lógico que consiste em apoiar-
no hereditário), e esse “ poder pessoal” de se sobre u m a m aior sem ter dem onstrado
B. D outrina segundo a qual os seres 1?: D aquilo que pode tom ar várias
que compõem o m undo são múltiplos, in form as, ou produzir vários efeitos dife
dividuais, independentes, e não devem ser rentes, sem que se possam assinalar con
considerados com o simples modos ou fe dições determ inantes para cada um dos
nóm enos de um a realidade única e abso diversos casos: “ A tendência elem entar
luta: LÃI UE parece ter sido o prim eiro a é um a form a plurivalente e transponível.”
em pregar a palavra neste sentido, na sua A . BZ 2 Â ÃZ á , L e caractere, p. 22.
M etafísica (1841). Diz-se habitualm ente, 2?: De um cálculo lógico que adm ite
na A lem anha, da d o utrina de H E 2 ζ τ 2 I , para as proposições outro s valores além
em oposição às de Schelling e de Hegel. de verdadeiro e fa lso .
Este term o aplica-se tam bém à filosofía
de RE ÇÃZ â« E 2 (ainda que ele pró prio PLU R ÍV O C O D. M ehrdeutig; E.
não o tenha utilizado para qualificar a sua Plurivocal; F. P lu rivoqu e\ I. P lu rivoco.
doutrina), às de W . J τ OE è (ver particu Que tem vários sentidos.
larm ente /! Pluralistic Universe, 1909), de
F. C. S. ST7 « Â Â E 2 , etc. Opõe-se geral PLU T O C R A C IA D . P lu to k ra tie ; E.
m ente a M on ism o* no sentido B. P lu tocracy e plo u to cra cy; F. P loutocra-
tie; I. P lu tocrazia.
NOTA A . Situação social n a qual o poder
A palavra plu ralism o foi entendida pertence de fato aos ricos, ou mais exa
num sentido um pouco diferente por tam ente, nas sociedades m odernas, aos
BÃE 7 -BÃ2 E Â (J.-H . Rosny, prim ogéni dirigentes das grandes sociedades finan
to). Ele designa por ela a tese segundo a ceiras, industriais ou com erciais. É pre
qual a diversidade, a heterogeneidade, a ciso notar que este term o não designa, co
descontinuidade vencem na ordem cien m o aristocracia* ou dem ocracia*, um
tífica a identidade, a hom ogeneidade, a princípio de governo aceito e definido,
continuidade. {Le plu ralism e, 1909.) m as um estado de fato, que contém atual
R ad. in t.: Pluralism . m ente um a conotação nitidam ente pejo
rativa. E , m esmo contrariam ente à obser
PL U R A L IT Á R IO P o r pluralista em vação de P la tão (ver A ristocracia), não
R E , Philosophic ancienne, 1 , 162.
ÇÃZ â« E 2 existe neste caso qualquer term o laudati
P L U R A T IV O E . P lu r a tiv e ; F . vo que designe a m esma situação políti
P lu ratif. ca, com a idéia de que este poder se exer
Designa-se p o r p ro p o siçã o p lu ra tiva ça no interesse público.
um a proposição p lural, m as não univer “ Cham o plutocracia um estado de so
sal, na qual a extensão do sujeito é de ciedade em que a riqueza é o nervo prin
term inada por expressões tais como: pou cipal de todas as coisas, em que n ão se
co, m uito , a m aior parte , alguns... so pode fazer nada sem ser rico, em que o
m ente. Distingue-se p o rtan to d a particu objeto principal d a am bição é tornar-se
lar, na qual a quantidade do sujeito é re rico, em que a capacidade e a m oralida
presentada p o r alguns (quer dizer, pelo de se calculam geralm ente (e com m aior
m enos um ). P o d e m esm o adm itir um a ou m enor justeza) pela fortuna, de tal m a
quantificação num ericam ente definida, neira, por exemplo, que o m elhor crité
com o em m atéria estatística. Ver KE à rio p a ra reconhecer a elite d a nação é o
ÇE è , F orm al L o g ic, § 68, e cf. P ro b a b i
cen so .” RE Çτ Ç , L ’aven ir d e la science,
lidade. 415.
B. Os indivíduos que exercem este p o
PLURIVALENTE Neologismo. A o pé der. “ U m a plutocracia pouco cultivada.”
da letra, que tem vários valores. Diz-se: R ad. int.: Plutocrati.
P N E U M Á T IC O 818
“ P aulo pode v ir” pode significar: 1?: fi to m ar à sua responsabilidade tu d o o que
lhe m aterialm ente ou m oralm ente possí julgar útil para descobrir a verdade.” C o
vel vir; 2?: Eu permito-lhe que venha; 3?: d e d ’instruction crim inelle, a rt. 268. D aí
N ão sei se virá ou não (é preciso conside o sentido concreto: docum ento que con
rar nas minhas previsões o caso de ele vir). fere a alguém o direito de agir em vez e
‘‘Poder-se-ia d izer...” , fórm ula m ui no lugar do que m anda.
to freqüente nas discussões filosóficas, em C. A utoridade; especialmente, no sen
que tem um duplo sentido: 1?, para anun tido concreto, corpo constituído que exer
ciar um a objeção que se re fu ta rá em se ce esta autoridade, o governo. “ Existem
guida; 2?, para propor um a tese ou um a em cada E stado três espécies de poder, o
objeção que se considera ju sta, mas dei poder legislativo, o poder executivo das
coisas que dependem do direito das gen
xando entender que não se coloca aí ani
tes, e o poder executivo daqueles que de
mosidade pessoal ou se tom a partido, que
pendem do direito civil.” MÃÇI E è I Z « E Z ,
se está disposto a escutar a resposta, se
E spirito d a s leis, X I, 6.
algum a houver.
Em m uitos casos, esta palavra serve NOTA
apenas p ara atenuar a asserção, p a ra in E sta palavra tem sem pre um sentido
tro duzir nela algum a reserva ou algum a forte; ela nunca corresponde aos sentidos
dúvida, ou para denotar um elem ento de apagados do verbo p o d e r .
escolha decisória no pensamento: “ Pode- R ad. in t .: A . P o v .; B . D arf.
se dividir os fenôm enos psicológicos em
P o d er pessoal Ver Pessoal.
três classes: a fetivos, ativos, representa
tiv o s .” “ P o d er pró xim o” Ver P ró x im o .
R ad. int.\ Ter a f o r ç a , Pov; ter o d i
PO L Ê M IC A D . P olem ik; E. P o le
reito, D arf.
mics·, F. P olém iqu e; I. P olém ica.
2. P O D E R (subst.) D . A . B. Vermö Troca m ais ou menos pro lo ngad a de
gen, F äh igkeit ; B. C . Gewalt-, B. Recht-, escritos a favor e contra um a opinião ou
E. P o w er, F. P o u vo ir, I. P o ten za , um a doutrina.
p o testa. R ad. int.: Polem ik.
Sinônimo de potência* em todos os PO L Ê M IC O (do G . wóXe/ios, guerra;
sentidos desta palavra, exceto no sentido B. m as a p alavra nunca tem o sentido p ró
A . Capacidade ou faculdade n atural prio correspondente a esta etimologia); D.
de agir. “ Q uanto m ais o poder au tô n o Polem isch, S treit...; E. Polem ic, po lem i
m o fo r perfeito num ser, ta n to m ais este cal·, F . Polémique-, I. P o lem ico .
ser é um a pessoa.” J ÃZ EE 2 Ãà , “ D as fa Relativo à discussão ou que constitui
culdades da alm a h u m an a” , M élanges um a discussão pública. “ O bra polêm i
ph ilosoph iques, III, v. Esta palavra com c a .” “ A rgum ento polêm ico.”
p o rta sempre um a idéia de atividade:
M étodo polêm ico C o njunto dos p ro
RE )á (E ssays on A c tiv e P o w ers, I, cap. cedimentos de discussão (o ral ou escrita)
III) criticou vivam ente a expressão P as enquanto se pode nela distinguir os argu
siv p o w e r, utilizada por LÃT3 E , e que m entos o u as atitudes legítimas daqueles
aliás LE « ζ Ç« U tin h a traduzido p o r p o tê n que apresentam um caráter incorreto ou
cia p a ssiva (cham ando a atenção p a ra o falacioso.
sentido aristotélico desta palavra).
B. Faculdade legal ou m oral, direito PO L IG Ê N E SE Ver S uplem ento.
de fazer alguma coisa. “ O presidente das POLIGENETISM O, POLIGENISM O
audiências está investido de um poder dis D. Polygenismus; E. Polygenism ; F. Poly-
cricionário em virtude do qual poderá génétisme, polygénisme-, I. Poligenismo.
P O L IM A T IA 820
nervosos dos sistemas reñexos são assi epissilogism o em relação ao prim eiro
miláveis ao cérebro sob a tripla relação (KE à ÇE è , F orm al L ogic, III, 7).
histológica, organológica e fisiológica, as O Sorite* é um polissilogismo resumi
sim como é adm itido por toda a gente nos do que subentende as conclusões interm e
nossos dias; negar, ao m esm o tem po, co diárias e as prem issas que constituem a
m o o faz a fisiologia clássica, que estes repetição.
cérebros inferiores estejam anim ados de R ad. in t.: Polisilogism .
atividade psíquica, quer dizer, d a cons
P O L IT E ÍSM O D. P olitheism u s ; E.
ciência do eu, é tão irracional com o fa P olytheism ; F. P o lyth éism e ; I. P o li
zer do eu o atrib u to pró prio do cérebro teísm o.
do hom em , excluindo o cérebro de todas Religião ou filosofia que adm ite a
as outras espécies anim ais.” Ib id . Cf. os existência de vários deuses. “ A s nossas
outros escritos de DZ 2 τ Ç (áE G2 Ãè ), es especulações sobre a crença m oral,
pecialmente: O n tologie et p sych ologie conduzindo-nos à tese da im ortalidade
p h ysiologiqu e, Q uestion s d e p h ilo so p h ie das pessoas, abriram-nos antecipada e ne
m orale e t sociale, etc. cessariamente a via do p o liteísm o através
“ P O L IR R E A L IS M O ” Term o utili de apoteoses: o progresso da vida e da vir
zado no seu ensino por F. Rτ Z 7 , para tude enche o universo de pessoas divinas,
designar a d o u trin a segundo a qual exis e seremos fiéis a um sentim ento de reli
tem várias ordens de realidades entre as gião antigo e espontâneo quando cham ar
quais não h á m edidas com uns: realidade m os Deuses àquelas que acreditam os p o
sensível, realidade lógica e m atem ática, derem h o n ra r a natureza e bendizerem as
realid ad e m oral, etc. suas ob ra s... M as é um a indução m uito
natural tam bém situar no céu, quer dizer,
PO L IS S E M IA D. P o ly sem ie ; E. nas regiões superiores da consciência e da
P o lysem y, F. P olysém ie; I. P olisem ia. natureza, séries de seres que ultrapassam
A. Propriedade que um a palavra pos o hom em em inteligência, organização,
sui (num a dada época) de representar vá poder, m oralidade. Enfim este politeísm o
rias idéias diferentes: opõe-se a Polilexia, está longe de ser inconciliável com a uni
p o r vezes utilizada pelos lingüistas con dade de D eus... porq ue o Deus uno,
tem porâneos para designar a existência de Deus, seria então a prim eira destas pes
vários sinônimos que exprimem a mesma soas sobre-hum anas, rex h om inum deo-
idéia. ru m qu e.” RE ÇÃZ â« E 2 , Essais de crit. g é
B. Fenôm eno sem ântico pelo qual nérale, II, “ Psicologia ra cional” , cap.
um a palavra se estende de um sentido pri XXV.
m itivo a vários outros. R ad. in t.: Politeism .
Ver B2 ,τ Â , E ssai d e sém an tiqu e, PO LITE LISM O “ Propom os cham ar
cap. XIV: ‘‘A polissem ia.” p o r analogia (com polissem ia*) p o litelis-
R ad. int.: Polisemi. m o à m ultiplicidade de fins que um m es
PO LIS SIL O G ISM O D . P olysyllogis- m o meio perm ite atin g ir.” C. BÃZ ; Â é ,
m us; E. P o lysyllo g ism ; F . P olysyllogis- “ N o ta sobre o politelism o” , R ev. m é
me; I. P olisillogism o. ta p h ., setem bro de 1914. C f., do mesmo
autor, L ‘évolution des valeurs, pp. 89-90.
Cadeia de dois ou vários silogismos,
Este termo, desde então, parece ter-se to r
tais que a conclusão de cad a um deles se
nad o corrente.
torne um a das premissas do seguinte. De
R ad. int.: Politelism .
dois silogismos consecutivos num a cadeia
deste tipo, o prim eiro é dito prossilogis- 1. P O L ÍT IC A (adj.) D. P olitisch; E.
m o em relação ao segundo, o segundo P o litica l ; F. Politique·, I. P olítico.
P O L IT IC A 822
sentidos das expressões α ν τ ι χ ε ΐ σ θ ο α (ser tem ente usado por A uguste C ÃOI E : ca
oposto), t íq ó t íq o v (anterior), α μ α (si racterística daquilo que é positivo, no sen
multaneamente), κ ί ν η σ η (mudança ou, co tido complexo que ele d á a esta p alav ra;
m o geralmente se diz, m ovimento), tx eiv m ais especialm ente e de um a m aneira
(ter). Com o a explicação destes term os foi mais concreta, o pró p rio espírito positi
feita depois do estudo das Categorias* ou vo: “ Eu voltei im ediatam ente (após a cri
predicam entos*, receberam o nome d e pós- se patológica de 1862) à m inha positivi
predicam entos. dade a n te rio r.” P o lít. p o s it., I ll, 75. “ A
Os termos latinos consagrados para os positividade pode instituir diretam ente a
designar são: o ppositio, prius, sim ul, m o- unidade d efin itiv a...” Ib id , IV, 45. “ A
tus, habere. positividade deve, po rtan to , elaborar sis
tem aticam ente, p ara as propriedades fí
CRÍTICA
sicas, quím icas e m esm o vitais, meios
Existe nesta enum eração um duplo equivalentes àquele que o espaço nos fo r
emprego inexplicado: exeiv é já um a das nece espontaneam ente no dom ínio m ate
dez categorias (Categorias, cap. VI, l b27 m ático .” Ib id ., IV, 54.
e 2 a3); é reto m ada um a prim eira vez, no
capítulo IX , para dizer que não há razão PO SITIV ISM O D. P ositivism us; E.
para nela insistir (1l bl 1 e seguintes); de Positivism·, F. Positivism e; I. Positivism o.
pois passa-se para àvnxeícrfai, etc; e con A. N o sentido próprio: 1?, conjunto
tudo, mesmo no fim, o capítulo XV é de das doutrinas de Auguste CÃOI E , tal co
novo consagrado à análise dos sentidos m o foram expostas essencialmente no Cur
so d e filosofia po sitiva (1830-1842); no D is
de exeiv.
R ad. i n t P ost-predikam ent. curso so b re o espírito p o s itiv o (1844); no
C atecism o p o sitivista (1852); no Sistem a
“ P O S m V ID A D E ” Term o freqüen- d e p o lítica p o sitiv a (1852-1854); 2?, esco-
Sobre Positivismo — A palavra p o sitivism o foi utilizada pela prim eira vez, tan to
q u an to sei, n a escola de Saint-Sim on: “ Este m étodo é o verdadeiro m étodo científi
co; é ao em pregá-lo, subordinado aliás à existência de um a concepção geral, que um a
ciência ganha o caráter de exatidão e de p o sitivism o que parece hoje atribuir-se ex
clusivam ente ao em prego das balanças ou das tábuas de lo garitm os.” D a religião
sain t-sim on ista. A os alunos d a Escola politécnica. E xtrato d a E x p o sitio n d e la D o c
trine, 2° ano (1830) (c f. a observação sobre p o sitiv o ). A palav ra é u sad a num sentido
pejorativo p o r G Z é 2 ÃZ Â , “ Sistem a de Charles F ourier” (G lobe, 27 de m arço de
I
1832); ele inclui Fourier no núm ero daqueles que, “ estigm atizados com o título de
sonhadores pelo positivism o do século, dificilm ente conseguiram as boas graças ju n
to de alguns espíritos esclarecidos, ávidos de novidade e invenção” . Tam bém F o u
rier (La fa u sse industrie, 1835; vol. I): “ D urante m uito tem po a m oral pregou o des
prezo pelas riquezas pérfidas; o século X IX é inteiram ente devotado à agiotagem e
à sede do o u ro ... Tal é o precioso fruto do nosso progresso em racionalism o e em
p o sitiv ism o .”
A preciação desta palavra por A uguste C ÃOI E : “ Estou encantado com as boas
inform ações que vos forneceu o nosso jovem colega, o sr. Blain, sobre os progressos
do positivismo n a Escócia. A propósito desta indispensável expressão, espontanea
m ente apresen tad a a cada um de nós, sabiam que a nossa filosofia com um é verda
deiram ente a única que tom a p o r nom e, num uso universal, um a denom inação dog
m ática, sem que o seu nom e seja tirado de um a u to r, com o sem pre se fez desde o
platonism o até o fo urierism o?” (Élie H a lévy )
825 P O S IT IV IS M O
fia com o na ciência, só pode evitar o ver Vers le positivism e absolu p a r l ’idéalisme,
balismo ou o erro n a condição de se ater in 1903.
penderem , e que não é senão a sua a ç ã o .’ M as isto não o im pedia de insistir n a estrei
teza do positivismo pro priam ente d ito, que teve o m érito, a m eu ver, de ligar as duas
noções de positividade e de ação efetiva, m as que erro u ao restringir o caráter de
positividade aos resultados de um a ação totalm ente p rática e de algum m odo indus
trial. P o r isso não assum o de m odo algum a designação de n eo p o sitivism o . ” E xtraí
do de um a ca rta de E d. L e R o y (cf. observações sobre P ragm atism o ).
O positivismo é, antes de m ais, um a tendência de espírito bastante simples: é um a
vontade m ais ou menos consciente de se lim itar aos fato s, de nunca os ultrapassar.
É u m estreitam ento sistem ático do horizonte intelectual. N ão foi de m odo algum o
com tism o que popularizou esta disposição de espírito; ele é, an tes, um a dependência
e um a extensão desse tem peram ento filosófico. (L. Boisse)
Sobre P ositivo — A palavra é m uito usual em alem ão nos sentidos A e B; por
exemplo, os teólogos protestantes de tendência antiliberal qualificam de p o sitiva s a
sua tendência e a sua teologia. D aí que, e no m esm o sentido, ela tam bém se diga
das pessoas; m as, salvo este caso, n ão se em prega nesta acepção. (F. Tõnnies)
O texto de A uguste C Ã O I E citado no sentido B contém um erro histórico e um
contra-senso acerca do emprego d esta palavra feito antes dele. Se ele conhecesse a
história d a linguagem filosófica, teria podido, parece-m e, justificar m uito m elhor
do que o fez o em prego das palavras p o sitiv o e p o sitivism o . “ Bacon, teria ele podido
dizer, co m para os fatos últim os, que é preciso renunciar a explicar e a com preender,
às leis p o sitiva s d a natureza. Q uanto a m im , afirm o que nad a pode ser com preendi
d o e que, por consequência, tudo deve ser considerado como impossível de determ i
n ar pela p u ra lógica ou de adivinhar com antecedência, assim com o a vontade arbi
trá ria de um legislador.” (7. Lachelier)
827 P O S IT IV O
losophi principia rerum quem adm odum gas, cap. II. “ N os trabalhos d o espírito,
in n a tu ra inveniuntur non receperu nt... ele proscrevia com severidade tudo o que
u t doctrinam quam dam p o sitiv a m ...” n ão tendesse p a ra a descoberta de verda
Ib id ., 81. Cf. L ei natural. des positivas, tu do o que não fosse de uti
D onde, m ais tarde, num sentido pu lidade im ed iata.” C Ã Çá Ã 2 T E I , E logio
ram ente lógico, em que a idéia de legis d e d ’A lem b ert. O eu vres, t. I ll, p. 81.
lação desaparece: real, atual, efetivo. “ Este term o fundam ental indica o con
“ C onsiderada prim eiro n a sua acepção traste entre o útil e o ocioso; lem bra, n a
mais antiga e mais com um , a palavra p o filosofia, o destino necessário de to das as
sitivo designa o real p or oposição ao qui nossas sãs especulações para m elhorar
mérico; sob este aspecto, ela convém ple continuam ente a nossa verdadeira condi
nam ente ao novo espírito filosófico, as ção intelectual e coletiva, em vez da vã
sim caracterizado pela sua constante con satisfação de um a curiosidade estéril.”
sagração às investigações verdadeiram en A ug. C Ã O I E , D isc. so b re o espírito p o
te acessíveis à nossa inteligência, com a sitiv o , § 31.
exclusão perm anente dos im penetráveis D. O posto a n eg a tivo :
m istérios de que se ocupava sobretudo a 1?: Nas ciências m orais, designa aqui
sua in fân c ia.” A ug. C Ã O I E , D iscurso lo que tem um conteúdo real, aquilo que
so b re o espírito p o sitiv o , § 31. não é som ente a supressão de um a tese,
vo do seu D icionário começa assim : “ 1?: Sobre o qual se pode p ô r, contar, que está
assegurado, co n stante.” E cita, neles se ap oiando, os textos seguintes: “ N unca se
pode conseguir nada de positivo sobre o espírito do S en h o r.” R U , M é m ., t. III,
E I
p. 318. “ As cartas nada dizem de positivo, porq ue não se sabe n a d a .” M me. de SÉ-
V íG N É , 140. “ Sem nada pedir de positivo, ela conseguiu fazer ver os horrores do seu
estad o .” I d ., 276. M as, por o u tro lado, p o s itiv o quer dizer, etim ológicam ente, qu e
é p o s to ou qu e p o d e ser p o s to (por ex.: órgão positivo, quer dizer, p o rtátil, que pode
ser colocado sobre um móvel; L « 2 é , ibid.); com o veio a dar-se-lhe o sentido:
I I
“ aquilo sobre o qual se pode p ô r” ? N ão deveria ser antes: “ o que pode ser posto
(no sentido de: o que pode ser assegurado ); o que se m an tém , o que está bem estabe
lecid o ” ?
P O S IT IV O 828
Q uanto ao uso desta palavra na p ró p ria escola positivista, com eça com o opús
culo publicado por A uguste Com te em 1822 no C atecism o d o s industriais de Saint-
Simon, reeditado em 1824 sob o nome de Sistem a d e p o lític a p o sitiv a e de que Littré
disse, em bora erradam ente, parece-m e, que “ não continha a filosofia positiva, m es
m o em esboço” . Ele acrescenta: “ Já há m uito tem po que na escola de Saint-Simon
era usada a palavra sem se ter a coisa; testem unha-o esta frase escrita por ele em
1808: ‘Com que sagacidade dirigiu Descartes as suas investigações! Ele sentiu que
a filosofia positiva se dividia em duas partes igualm ente im portantes, a física dos
corpos brutos e a física d o s c o r p o s organizados.’ (O euvres, I, 198.) P a ra S a i n t - S i m o n ,
filo so fia p o sitiv a é apenas um nom e genérico do co njunto da ciência, e é provável
que para Com te, em 1822, ainda seja apenas isso: pelo menos o opúsculo não vai
mais longe... A filosofia positiva, com o sentido especial que tem , segundo Com te,
é explícitam ente enunciada nos opúsculos de 1825 e de 1826, inseridos no P rodu c-
teu r." ( L « 2 é , A u g . C o m te et la ph il. p o s ., p. 3 1 . Cf. p . 83.)
I I
829 P O S S IB IL ID A D E
n ente.” I b id ., § 30. Ele acrescenta que, télico l?is (habitus ) quando utilizado no
sendo tam bém a consideração do relati sentido transitivo. “ 'Έ ξ ι ? ôè \ è y e rat ero
vo e a eliminação do absoluto um a das μ έ ν τ ρ ό π ο ν olov έ ν έ ρ γ α ά Tis τ ο ν ε χ ο ν τ ο ϊ
características fundam entais da nova fi x a l í \ o μ ό ν ο υ ...” M e ta f., V, 20; 2°: N o
losofia, necessariam ente este sentido se sentido jurídico: “ A posse é a detenção ou
ju n tará aos outros na compreensão da pa o usufruto de um a coisa ou de um direito
lavra positivo ( ib id ., § 33); o que parece, que temos ou que exercemos por nós p ró
com efeito, ter-se realizado no uso con prios ou por outrem que a tem ou que a
tem porâneo , m as tam bém cada vez mais exerce em nosso nom e.” C o d e civil, titre
vago, da palavra p o sitiv o . X X , art. 2228 (no sentido técnico, p o sse
R ad. i n t Pozitiv. opõe-se a propriedade).
No figurado: “ A posse de si pró prio.”
“ P O S P O R ” L . P o stp o n ere , colocar “ E star em plena posse das suas faculda
em segundo plano, fazer vir depois. Es des, das suas idéias.”
ta palavra é utilizada no m esm o senti B. Coisa possuída.
do p o r L « ζ Ç « U : “ ... H ouve fortes ra
E
C. Estado daqueles que se crêem — por
zões, ainda que talvez nos sejam desco eles mesmos ou pelos outros — governa
nhecidas, que o fizeram pospor este bem dos por um poder sobrenatural (particu
que procurávam os a um qualquer outro larmente por um demónio), que lhes reti
m a io r...” Teodicéia, I, 58. ra a livre disposição das suas palavras e dos
PO SSE D . A . Besitzen; B. B e sitz ; C. seus atos e deles faz instrum ento da sua
Besessenheit; E. Possession·, F. P osses vontade.
sio n ; I. P ossession e. R a d . int.: A . P osed.; B. Posedaj; C.
A. Fato de possuir. 1®: No sentido fi (D em on-) posedes.
losófico. P osse, neste caso, serve p arti PO SSIBILIDA DE D. Möglichkeit-, E.
cularm ente para traduzir o term o aristo- P o ssib ility, F. Possibilité·, I. P ossibilità.
CÃZ 2 ÇÃI d á deste term o um a definição que remete ao mesmo tem po para o sen
tido B e o sentido C (que, aliás com o já indicam os, estão ligados um ao outro de
um a m aneira quase contínua): são positivas, diz ele, as ciências ou as partes das ciências
cujos resultados, tenham ou não sido obtidos a p rio r i, “ são suscetíveis de ser con
trolados pela experiência” . C orrespon d. d e 1’algèbre et d e la géo m étrie, cap. X VI,
§ 140. Cf. Traité, I, 1, § 5, em que ele observa que, apresentando essa característica,
as m atem áticas são ao m esm o tem po “ racionais” e “ positivas” .
Sobre “ P o sp o r” — Este term o hoje tão pouco usado encontra-se assim nas M e
m órias de S τ « Ç - S « OÃ Ç , particularm ente ao falar do caráter da duquesa do M aine:
I
Sobre P ostu lado — Dentre as proposições que se tom am por princípios sem de
m onstração, A ristóteles distingue o al'rr)¡j.a d a vródtais, em que o prim eiro não é
conform e à opinião do aluno, que a este repugna aceitar, e do ctÇíuna, no qual este
não se im põe, com o este últim o, ao espírito, mas é dem onstrável (ainda que nos dis
pensemos de o dem onstrar), ou teria necessidade de um a dem onstração {Anal. p o s t.,
I, 10, 76, 23-24). {L. R obin )
A palavra opõe-se ainda a axiom a*, um a vez que p o stu la d o se diz de preferência
de um a proposição n ão dem onstrada concernente a um ponto de fa to , e, especial
m ente em m atem áticas, a existência ou a unicidade daquilo que é definido. Ver M« Â Â,
L ógica, livro II, cap. V III, § 5. “ (O postulado) é u m princípio, se quiserm os; mas
em todo caso n ão se tra ta de um princípio com um , à m aneira dos axio m as... É um
princípio no sentido em que o teo rem a dem onstrado se to rn a o princípio dos teore
mas a d em o n strar.” L « τ 2 á , L o g iq u e, livro II, cap. II, p . 7 6 .
833 POSTULADO
A expressão o em prego d a régua e d o com passo não seria o resum o dos três p ri
m eiros “ postulados” de Euclides? Não se tra ta de afirm ações teóricas mais ou m e
nos próxim as da evidência: Euclides não pede que lhe concedam os a verdade de um a
proposição qualquer, mas que lhe perm itam os executar certas operações de que terá
necessidade p a ra dem onstrar os seus teorem as. As ou tras proposições que encontra
mos em Euclides sob o nom e de “ postulados” não apresentam as mesmas caracte
rísticas. (J. Lachelief)
Wallis (crendo dem onstrar o quinto postu lado), e depois C arnot e Laplace, de
m onstro u que se podia colocar o postu lado sob a fo rm a de um a exigência análoga:
“ P oder construir em qualquer escala d ad a um a figura sem elhante a um a figura d a
d a .” (A . L .)
Dá-se tam bém o nom e de p o stu la d o a um a verdade a d o tad a de im ediato pelo
simples fato de ser pensada, e sem dem onstração, porq ue ela parece evidente por
si própria à razão. Assim se diz: “ É um postulado necessário do conhecim ento disto
ou d aq u ilo . . . ” N ão é tam bém este o sentido que resulta da teoria das N atu rezas sim
p le s e da In tuição racional nas R egulae de D escartes? O postulado, neste sentido,
é co rroborado por qualquer dem onstração subsequente e esta seria, inversamente,
impossível sem ele. (G. D w elshauvers )
P O T Ê N C IA 834
pressão em p o tên cia (G. A w á /ie i; L. es- de com andar. “A potência devia portan to
col. In p o te n tia , poten tialiter): “ N a Di alargar-se a o m aior núm ero possível e a
vindade... n a d a se encontra apenas em aristocracia transform ar-se pouco a p ou
potência, m as tu d o nela está atualm ente co num estado popular!’ MÃÇI E è I Z « E Z ,
e de fa to .” DE è Tτ 2 I E è , 3 ? M editação, Grandeza edecad. d o s rom anos, cap. VIII.
19. “ A potência em geral é a possibilida
C R ÍT IC A
de d a m u d an ça .” LE « ζ Ç« U , N o v o s en
saios, II, cap. X XI, § 2. Diz-se muitas ve N a linguagem m oderna, este term o
zes neste sentido: p o tên cia passiva. contém cada vez mais um a idéia de ativi
C. Força ativa, fonte original da ação, dade, de eficácia. RE /á (E ssays on A c ti
causalidade eficaz (cf. Causa, C). “ A po ve P o w er, I, cap. III) criticava já viva
tência ativa é to m ad a por vezes num sen mente a expressão p a ssive p o w er, utiliza
tido m ais perfeito quan do, além da sim da por LÃT3 E e que L E « ζ Ç« U traduzira
ples facu ld ad e, tem a tendência; e é as por p o tên cia p a ssiva (cham ando, aliás, a
sim que a encaro nas m inhas considera atenção p ara o sentido aristotélico que a
ções din âm icas.” LE « ζ Ç« U , ibid. “ E ntre palavra recebia nesta expressão). E ssay e
o m ais pro fundo d a natureza e o m ais al N o v o s ensaios, II, cap. X X I, § 2. M as é
to ponto da liberdade reflexiva, existe preciso n o tar que Locke em pregara esta
u m a infinidade de graus que m edem os expressão apenas para ch am ar a atenção
desenvolvimentos de um a só e mesma po p a ra os sofism as aos quais ela se presta,
tên cia .” Rτ âτ « è è ÃÇ , D e Vhabitude, 47. em virtude do seu duplo sentido.
D. Característica daquilo que pode, e, A expressão “ em potência” é, com
quando a palavra é tom ada absolutam en efeito, m uito equívoca, porq ue designa,
te, daquilo que pode m uito. “ A potên por um lado, no sentido B, o que é ape
cia do exemplo. A potência do in stin to.” nas possível, sem nenhum a tendência pa
Em particular, autoridade social; direito ra a realização, tal com o a possibilidade
m os bem que a contradição está no fu ndo deste princípio de unidade, um a vez que
A ristóteles ainda é levado a realizar a m atéria. M as, por um lado, é ju sto lem brar
que ele quis resistir a isso: porq ue ele identificou a m atéria com a potência, decla
rou-a impossível de ser apreendida em si m esm a, disse que ela era apenas o term o
de um a relação. P o r o u tro lado, fin alm en te..., se ele só resolveu im perfeitam ente
o problem a d a alteração, pelo menos colocou-o bem ” . P o r outras palavras, para
que a noção de potência obtenha a plenitude da sua significação, é preciso que os
contrários, de que ela representa a igual possibilidade, não se sucedam simplesmen
te, é preciso que se im pliquem e mesmo que h aja progresso de um p ara outro. Foi
isto que A ristóteles entreviu quando disse d a m atéria, com o o observa H am elin, que
ela é um a relação, F ís., II, 2, 194b, 9: t w v t t q ó s n ij iJXij · a k \w y à g eíôei aXXr/
l/Xrj. Se a m atéria e a fo rm a são correlativos, é porq ue a potência é um a tendência
p a ra o ser e m esm o para um certo ser. (L . Robirí)
N o texto seguinte, Descartes parece ligar o sentido B e o sentido C e m arcar essa
transição. A visão, diz ele, representa-nos apenas pinturas, o ouvido apenas sons;
além disso, tu do o que nós concebem os com o as coisas significadas p o r essas p intu
ras ou por esses sons nos é representado “ per ideas non aliunde advenientes quam
a n o stra cogitandi facultate, ac proinde cum illa nobis innatas h. e. potentia semper
existentes. Esse enim in aliqua facultate non est esse actu, sed potentia duntaxat, quia
ipsum nom en facultatis nihil aliud quam potentia designat” . N o ta e in pro g ra m m e
qu oddam (resposta ao opúsculo de Regius), ad. art. XIV, ed. G arnier, IV, 61, 88. (Id.)
P O T E N C IA L 836
po r exemplo, nas fórm ulas SaP, SeP, S itten, 2er Absch. “ A história pragm áti
etc.; e mais recentem ente para pacien te ca” (quer dizer, aquela que se propõe
(o sujeito de um a experiência). Ver P.
Usou-se p or vezes tam bém para P ro
1. “ U m a h istó ria é c o m p o s ta p rag m aticam en te
p o s iç ã o p r im e ir a (n o s e n tid o de
q u a n d o to rn a p ru d e n te , q u er d izer, q u a n d o m o stra
Princípio*, de A x io m a * , B); m as, pela ao m u n d o de hoje co m o pode cu id ar m elhor dos seus
m esm a razão, é preferível em pregar nes in teresses, o u pelo m en os tã o b em q u a n to o m u n d o
te caso P pr. de o u tr o r a .”
Encontram os em M τ Â ζ 2 τ ÇT
E 7 E Ã sentido C sob a sua form a mais enérgica: “ Eu
não posso falar-vos senão devido à eficácia da sua potência (a potência de D eus)...
Infelizes daqueles que a põem a serviço de paixões crim inosas! N ada é mais sagrado
que a potência, nada é mais divino. É um a espécie de sacrilégio dela fazer usos p ro
fa n o s.” C on versas so b re a m etafísica, V II, XIV. (C. Serrus)
837 P R A G M A T IS M O
p artir do pedido que este lhe fizera. M as cia de um a experiência possível que será
ele já a em pregava na conversação havia ou não conform e à antecipação do espí
m uito tem po e assim ela tin h a se divul rito . Podem os co n fro n tar esta tese com
gado de um a fo rm a anônim a (C. S. a passagem em que Descartes declara que
P « 2 T , “ W hat P ragm atism Is” , M o -
E E espera “ encontrar m uito m ais verdade
nist, abril de 1905). A sua tese fundam en nos raciocínios que cada um faz relativa
tal é assim form ulada: “ Consider what m ente aos assuntos que lhe interessam , e
effects th at m ight conceivably have prac cuja ocorrência o deverá punir em segui
tical bearings we conceive the object of da se julgou m al, do que naqueles que faz
our conception to have. Then, our con um hom em de letras no seu gabinete re
ception o f these effects is the whole o f our lativam ente a especulações que não p ro
conception o f the o b ject .” 1 duzem nenhum e fe ito ...” M é t., I, 7.
Esta regra, na intenção de C. S. P « 2 E Esta form a de pragm atism o está tam
T E , não tinha o u tra finalidade senão de bém representada por V τ « Â τ « e por M A
I
logom aquia, distinguindo com um crité m ente à de W . Jam es. (Ver as observa
rio preciso as fórmulas vazias e as fórm u ções.) Tendo constatado, mais tarde, que
las verdadeiram ente significativas. Os sob este nom e de p ra g m a tism o se in tro
efeitos práticos a que visa são a existên duziram tendências novas que lhe pare
ciam contrárias ao espírito da ciência,
Peirce declarou renunciar, para a sua
1. E sta fó rm u la é difícil de tra d u z ir litera lm e n d outrina, ao nom e de p ra g m a tism o , e
te. P o d em o s fazê-lo livrem ente assim : “ C o n sid ere ad otar o de pragm aticism o (“ W hat Prag-
m o s o o b je to de u m a d a s nossas idéias, e rep re sen te m atism Is” , M o n ist, 1905, 167).
m o -n o s to d o s os efeitos im agináveis, que po ssam ter
um q u a lq u e r interesse p rático que a trib u ía m o s a es
B. D outrina segundo a qual a verda
te o b jeto : digo q u e a n o ss a id éia d o o b je to é ap e n a s de é um a relação inteiram ente im anente
a so m a d as id éias d e to d o s estes e f e ito s ." à experiência hum an a; o conhecim ento é
colocado sob a form a de n o ta, porq ue o p ró p rio au to r declara expressam ente re nun
ciar a esta palavra, para evitar qualquer confusão, e, com efeito, a sua d o u trin a é
totalm ente estranha àquilo a que se cham a hoje correntem ente com esta palavra. “ Eu
pro testo energicam ente” , escreve-nos Blondel, “ co n tra o pragm atism o dos anglo-
saxões, de quem não adm ito de m odo algum o antiintelectualism o e o em pirism o
im anentista; q u ando em preguei este term o era num sentido com pletam ente diferen
te. Q uer se considerem as condições corporais que supõem ou que engendram a es
peculação m ais ideal; quer se encare, no seio do agente psicológico e m oral, a opera
ção p ro d u to ra de um a intenção ou de um a obra; quer se exam inem as repercussões
d o meio que vêm instruir e com o que rem odelar o pró prio agente, nele se incorpo
ra n d o parcialm ente, d urante to d o o seu curso, a ação traduz-se constantem ente p or
um conjunto de relações su i generis, form alm ente distintas dos outro s fatos, que não
são consideradas com o atos: estas relações com portam , p o rtan to , o serem m etodica
m ente estudadas com o o objeto específico de um a disciplina científica. E assim co
m o existe um a Física p a ra enc arar do seu p o n to de vista os fenôm enos da natureza,
tam bém po de e deve haver um a P ragm ática para estudar o determ inism o to tal das
ações, os seus processos originais, a solidariedade dos ingredientes que as constituem ,
a lógica que governa a sua história, a lei do seu crescim ento, da sua repro dução e
do seu acabam ento.
839 P R A G M A T IS M O
um instrum ento a serviço d a atividade, o espíritos sobre aquilo que verificam os fa
pensamento tem um caráter essencialmen tos objetivos, constatados em com um ,
te teleológico. A verdade de um a p ro p o traz-se o pragm atism o para um a atitude
sição consiste, p o rtan to , no fato de “ ser singularm ente vizinha d a do racionalis
útil” , de “ ser bem-sucedida” , de “ dar sa m o. E ntre estes dois limites escalonam-
tisfação” . W . J τ OE è , The W illto B e lie - se todos os m atizes interm ediários. W.
ve (1897); H um anism an d Truth, M in d, J τ OE è , depois de se te r inclinado p ara o
1904; Pragmaíism (1907), etc. Ver H um a primeiro sentido, aproximou-se do segun
n ism o. Estas fórm ulas são suscetíveis de do nas suas últim as obras.
um a série contínua de sentidos que se es Para um a análise mais com pleta des
tas diversas form as do pragmatism o, ver
tendem largam ente. Se entenderm os este
A. L τ Â τ Çá E , “P ragm atism o e pragm ati-
êxito no sentido de um proveito ou de
cism o”, R evue ph ilosoph iqu e, fevereiro de
um a ap rovação qualquer, obtida por
1906; “ Pragmatismo, hum anism o e verda
aquele que adere a um a pro posição, te
de”, ibid., janeiro de 1908; “A idéia de ver
mos o pragm atism o mais céptico, no qual dade segundo W. Jam es”, ibid., janeiro de
a noção de verdade é inteiram ente absor 1911. R. BE 2 I 7 E Â ÃI , Un rom an tism e u ti
vida pela de interesse individual: um a litaire, étu d e su r le m o u vem en t pra g m a
m entira útil é u m a verdade; o que é erro tiste, introdução, not. § 1: Sobre o sen ti
p ara um é, com o m esm o fu ndam ento, d o d a pa la vra pragm atism o. D. P τ 2 Ãá « ,
verdade p ara o u tro . E sta fo rm a extrem a “A significação do pragm atism o”, Bulle
da tese foi particularm en te defendida na tin d a Soc. de Fil„ julho de 1908.
Itá lia (revista L e o n a rd o , F lo ren ça ,
C R ÍT IC A
1903-1907). Se, pelo contrário, entender
mos por êxito o acord o espontâneo dos T am bém se cham ou pragm atism o à
“ E sta ciência perm ite precisar e alargar o m étodo que a filosofia em prega, em
proveito da teoria do conhecim ento do qual ‘desloca o centro de gravidade, para
o tran sp o rtar da concepção ou da intenção ideal para a operação to ta l’ (L ’a ctio n ,
p. 151); e tal com o eu notava em dezem bro de 1901 num a carta dirigida à R evu e
du C lergé fra n ça is e publicada no núm ero de 15 de fevereiro de 1902 (pp. 652 ss.),
‘talvez o nom e de P ragm atism o, que há mais de doze anos tinha pro posto a mim
p ró p rio , seja conveniente p a ra designar o que se cham ou a filosofia da ação: porque
é ao estudar a ação que se é levado não som ente a considerar na sua solidariedade,
vida e consciência, sentim entos e idéias, volições e operações que são em nós os ele
m entos integrantes do agir, mas é-se tam bém conduzido ainda a d a r conta, na ação
de qualquer agente, dos cooperadores que precedem, m odificam , ultrapassam o sen
tim ento ou o conhecim ento que dele pode te r’.
“ É , p o rtan to , num sentido etim ológico, literal e positivo (que distingue irQãygxn
de t t q &Zl s e que diferencia p ra g m a tism o de ‘p ra x io lo g ia ’ (L ’a ctio n , p. 206) ou de
tecnologia artificialista, term o proposto por Espinas (R evu ep h ilo so p h iq u e, 1890, II,
p. 114), que eu tin h a originalm ente utilizado este neologismo a fim de designar um a
doutrina desejosa de sintetizar m etodicam ente o que existe de eferente e de aferente
no nosso conhecim ento, um a doutrina que, reservando a lição original das ações efe
tuadas, em que entra sempre um a cooperação instrutiva, coloca assim o problem a da
nossa integração pessoal n a ordem to tal, da nossa relação entre as fontes autônom as
e as origens heterônom as d a nossa ação, o p roblem a do nosso destino. M as, quando
um pouco m ais tard e prevaleceu o costum e de aplicar este term o novo a um conjun
to de do utrinas de inspiração e teor diferentes, renunciei e requeri que se renunciasse
P R A G M A T IS M O 840
a designar por esta palavra, a partir de en tão fixada, a epistem ología crítica e o dog
m atism o m oral, m etafísico e religioso ao qual o P e. L aberthonnière e eu nos ligamos
(cf. BuUetin d a Sociedade F rancesa de F ilosofia, sessão de 7 de m aio de 1908; carta
a P arodi sobre ‘a significação de P ragm atism o’, pp. 293 ss.). Reporta-se igualm ente
a este Bulletin: núm ero de ju lh o de 1902, 190 e 191.” (M . Blondel)
“A palavra p ragm atism o”, escreve-nos por seu lado Ed. Le Roy, “ tem no uso que
dela fiz um sentido m uito diferente daquele que os anglo-am ericanos colocaram em
m oda. Para m im não se tra ta de m odo algum de reduzir ou de sacrificar a verdade
à utilidade, nem de fazer intervir na investigação das verdades particulares quaisquer
considerações estranhas à procura da verdade. Eu creio apenas que, na ordem científi
ca assim com o na ordem m oral, um dos sinais da idéia verdadeira é a sua fecundidade,
a sua aptidão para ‘render’, para ‘trab alh ar’ eficazmente; que esta aptidão não se m a
nifesta senão pela experiência, quer dizer, pela prova de concretização, da utilização
(um a experiência, bem entendido, cuja qualificação seja hom ogênea à d a idéia em cau
sa); e que esta experiência não pode ser realm ente verificante senão na condição de
ser um a experiência realm ente efetuada, realm ente praticada. Eu creio, num a palavra,
que a verificação deve sersem pre um a obra e não som ente um discurso. Seguramente,
é sempre necessário que a razão crítica acabe por ser satisfeita e sempre ela a julgar
em últim a instância. M as esta razão soberana não está toda pro nta em nós antecipa
dam ente; ela deverá form ar-se gradualm ente, e só se to rn a com petente decisiva
m ente após ter-se transform ado, ou antes, in fo rm ado pelo próprio efeito da experiên
cia que viveu. Dir-me-ão, talvez, que en tão o seu trabalho de form ação não com-
841 P R A T IC O
p o rta nenhum critério. A meu ver, existe aqui entre a experiência e a razão m u tu a
m ente in fo rm ad oras um dos círculos contínuos com o os apresenta a vida em to d a
p arte que se tornam viciosos quando se procura um a solução estática do ponto de
vista da análise discursiva, mas que a ação sabe resolver porq ue o seu próprio m ovi
m ento a salva a cada instante do perigo de contradição. N o fim das contas, é preciso
dizê-lo, mas num sentido m uito elevado, e, portanto, m uito diferente do sentido am e
ricano que diz que o critério suprem o é o sucesso: o pensam ento fica satisfeito q u an
do sai da prova experim ental m ais forte, mais lum inoso e m ais rico. A verificação,
num a palav ra, é como que um a crise de crescim ento do pensam ento. É nesta m edida
que aceito e nesta m edida que recuso a denom inação de p ragm atism o.” Extraído
de um a carta de E d. L. R o y. Cf. as observações sobre P ositivism o .
O pragm atism o de Vailati, que é tam bém aquele que aceito, opõe-se ao de W.
Jam es enquanto este últim o é um psicologismo e aquele um a teoria m etodológica
do conhecim ento; o de Jam es um subjetivism o e um personalism o e o de Vailati um
objetivism o no sentido mais com pleto do term o. (M . Calderoni)
P R A X IS , P R A X IS M O 842
nheiro ou de carreira; um esp írito p rá ti que, por um a aplicação mais especial, es
co é, neste sentido, um espírito desprovi te term o seja m uitas vezes utilizado como
do de ideal; “ caráter p rá tic o ” é m uitas sinônimo de m oral.
vezes um íitote p ara designar um caráter
C R ÍT IC A
egoísta que só pensa nas vantagens m a
teriais, por vezes até pouco escrupuloso B τ Â á ç « Ç e S ÃZ
I I (B aldw in’s D ictio
qu an to aos meios. nary, sub V«) fazem n otar que, se se tom a
B. N um a acepção favorável, diz-se da prático no sentido de m oral ou de ética, nos
quilo que é engenhoso e simples, de um privam os de um a palavra que seria m uito
procedim ento, de um instrum ento côm o útil para designar in genere tudo o que per
do e bem adaptado ao seu fim; falando dos tence à esfera dos valores ou dos ideais, no
hom ens, daqueles que sabem organizar a sentido mais am plo. É verdade, acrescen
sua casa, os seus negócios ou os seus tra tam eles, que parece desde logo difícil
balhos de m odo eficaz e econômico, ju l abranger com esta palavra o juízo estético
gar as coisas não por fórmulas abstratas e e o sentimento da beleza. Contudo, sendo
gerais, mas por um a visão direta d a situa dado o estreito e real parentesco da ética
ção. “ Ter senso prático, ter falta de senso e da estética enquanto ciências de valores,
prático” são m uito usuais nesta acepção. não lhes parece impossível fazer adotar este
C. Que determ ina a conduta, que pres uso. Mas um a dificuldade inultrapassável,
creve o que deve ser. “ Um dos primeiros no francês, adviria d a conotação pejorati
e mais práticos (dentre os princípios da m o va do sentido A e mesmo do sentido B.
ral) é que é preciso procurar a alegria e evi Aliás, para o conceito em questão, norm a
tar a tristeza.” L « ζ Ç« U , N o v o s ensaios, I,
E tivo convém perfeitamente.
2, § 1. “ Ein praktischer, d. i. zur Willens- Rad. int.\ Praktikal.
bestim mung hinreichender G ru n d ...” 1 P R A X IS , P R A X IS M O V er S u
Kτ ÇI , Krit. d erp ra k t. Vernunft, 1 , 1. Daí plem en to.
1. “ U m fu n d am en to p rático , quer dizer, suficien PR A ZE R D. Vergnügen; E. Pleasure;
te p a ra de term inar a v o n ta d e ...” F. Plaisir; I. Piacere.
Sobre P razer — H τ O Â « Ç , particularm ente, pensa que o prazer pode ser defini
E
através de um a definição causal. A sua definição é causal. Aliás, o valor desta é fun
ção daquilo que ele entende p or tendência. Desse m odo ele não poderia designar um
começo de m ovim ento, porq ue, nesse caso, o que significaria satisfação? Dos dois
term os p ra zer e tendência, um é necessariam ente o prim eiro. E na ordem do conhe
cer, na psicologia, é o prazer que deve ser retido com o indefinível.” (M . M arsal )
843 P R E C IS O
A . Um dos tipos fundam entais de eles estão sempre sujeitos a serem viola
afecção*. Discute-se sobre a questão de dos, ignorados ou mesmo negados. “ O
saber se pode ser definido. Ver as obser valor é precário, pelo fato de apenas ter
vações. Não deve ser confundido com ale valor para um su jeito .” Esquisse d ’une
gria nem com felicid a d e. Ver estas pala Philosophie des valeurs, p. 91. Ver sobre
vras e cf. igualm ente D o r, onde indica a consistência e a precariedade, 1? parte,
mos as especificações de sentidos propos 3? seção, cap. I.
tos por J. M. Bτ Â á ç « Ç , M Z Çè I E 2 ζ E 2 ; , Esta expressão tornou-se bastante co
F Â ÃZ 2 ÇÃà e V« Â Â τ . m um nos filósofos de língua francesa,
B. No sentido restrito (particularm en ainda que ela evoque antes um a idéia de
te em m oral): gozos sensuais, distrações; fragilidade.
divertim entos. “ U m hom em de p ra zer.”
“ Viver para os prazeres.” PRE C IS Ã O D. Präzision, B estim m t
heit, Genauigkeit·, E. Precision·, F. P ré-
T2 í I « Tτ cision; I. P recizione.
Além da dualidade de sentidos indi Amigamente, ação de abstrair. N a lin
cada acim a, que origina m uitos equívo guagem m oderna, característica daquilo
cos na questão da “ m oral do prazer” , de que é preciso.
verão assinalar-se os dois sofismas seguin P or vezes, no sentido concreto, deter
tes, que se devem à dificuldade, senão à minação ou indicação precisa. (Cf. o sen
im possibilidade, de definir o prazer: tido do verbo precisar.)
1?: Confunde-se a satisfação objeti
PR EC IS O (adj.) D . Sem equivalente
va da tendência com a idéia e a previsão
exato; diz-se p o r vezes präzis·, aproxim a
do estado afetivo que daí resulta; estado
tivamente bestim m t, genau·, E. Precise·, F.
afetivo que, aliás, é tam bém designado
Précis·, I. P reciso.
por “ satisfação” . Pelo fato de os homens
Propriam ente, cortado; daí, até ao sé-
agirem segundo as suas tendências,
culo X V III, abstrato·, separado de um to
conclui-se qu e pro cu ra m o seu “ prazer”
do dado n a intuição. “ A precisão é a ação
enquanto satisfação consciente e im agi
que pratica o nosso espírito ao separar
n ad a antecipadam ente.
através do pensam ento coisas que são in
2P: Confunde-se o “ p ra zer” , sensual
separáveis.” BÃè è Z E I , L ogiqu e, I, 22.
ou não, mas resultante das tendências na
turais e espontâneas do ser, cujo exercí C f. P Ã2 I -R Ãà τ Â , I, 5: “ A bstração ou
cio n ão exige esforço, com a aprovação precisão.” P orém já aí o contexto pare
que a consciência reflexiva dá a certa con ce assinalar que este sentido se tornou an
d u ta que determ ina a vontade a agir nes tiquado.
se sentido, m esm o com grande esforço. Sentido atu al (pertencente já ao latim
Conclui-se então que o pró p rio hom em praecisé): que n ão deixa lugar a nenhu
que se dom in a o faz porq ue, afinal de m a indecisão do pensam ento. U m term o
contas, sente mais “ pra zer” em agir as preciso é aquele cu ja extensão e com
sim do que d a m aneira oposta e, por is preensão são nitidam ente determ inadas.
so, o seu m ecanism o m ental é o mesmo U m a m edida precisa é aquela que está
do hom em que se deixa levar pelas suas com preendida den tro de estreitos limites
inclinações. de aproxim ação. O term o oposto é vago.
R ad. in t.: Plezur. C R ÍT IC A
regra e que dela não se afasta de m odo al P o r fim , um defeito bastante corren
gum (q u o d a d norm am aliqu am exactum te do estilo filosófico, que basta assina
est ) ou ainda aquilo que está de tal form a lar, consiste em reforçar certas expressões
acabado, term in ad o, que é rigorosam en ou em ressaltar certas palavras pela ad i
te aquilo que deve ser; é preciso aquilo que ção deste adjetivo, enquanto que à noção
foi tirado de um a m assa m ais extensa, de de p recisã o , no sentido pró prio d a p ala
fo rm a que o corte seja nítido e que aqui vra, nad a com pete na circunstância. P a
lo que se quis conservar se distinga clara rece m esm o, em certos casos, servir ape
m ente daq uilo que se quis abandonar. nas p a ra equilibrar a frase.
N este sentido, exato diz-se daquilo que é O advérbio precisam ente (D. Eben; E.
norm al na ordem lógica, quer dizer, ver Just; F. Précisém en t ) está ainda mais en
dadeiro; quer se trate de um a verdade de fraquecido pelo uso, e mais sujeito a este
fato: “ U m a narrativa exata” ; quer se trate abuso. A m aior p arte das vezes só serve
de um a verdade de im plicação: “ U m ra para sublinhar um a coincidência ou um a
ciocínio exato.” U m a asserção precisa po concordância entre duas séries de fatos ou
de ser inexata (falsa) e um a asserção vaga de idéias distintas um a da outra. Especial
po de ser exata (verdadeira). “ A precisão m ente, emprega-se para assinalar que
dos porm enores, que m uitas vezes ilude, um a réplica se extrai das p ró prias razões
pro va sim plesm ente a fo rça da im agina invocadas num a objeção: “ É precisamen
ção do narrad o r; ela é apenas um a ap a te isso que constitui a fo rça desta teo
rência de ex atid ão .” S « ; ÇÃ ζ Ã è , L a mé-
E r ia ...” P o r conseguinte, serve por vezes
th o d e h isto riq u e ..., p. 66. p u ra e sim plesmente p a ra anunciar a ré
2?: Q uando se trata de grandezas, exa plica e p ara fazê-la valer. Estas duas p a
to , com o, com razão, observa G oblot, lavras servem assim, em muitos casos, pa
distingue-se ainda de p reciso , mas num ra d ar ao discurso filosófico um ap a ren
outro sentido. É exata a m edida que não te vigor lógico que é totalm ente verbal.
com porta nenhum a aproximação: a soma Rad. int.: Preciz (no sentido próprio).
dos três ângulos de um triângulo de 180°;
P R E Ç O (D. Preis, M arktpreis) é
seno de 30° = 0,5. É p recisa a m edida
oposto por Kτ ÇI a “ v alo r” (W ert) ou
aproxim ada que difere pouco da m edida
“ dignidade” (W ürde). F undam entação
exata, que é “ exata com um a aproxim a
da metafísica do s costum es, II, § 103-104.
ção n " ;é assim que se fala em avaliar um
M as a palavra francesa foi tantas vezes
com prim ento com um a m aior ou m enor
usada por m etáfora n a ausência de um
precisão. É deste ponto de vista que se
com posto do gênero de M arktpreis, ex
classificam as m atem áticas puras de ciên
ceto quando se fazia uso de algum a ex
cias exatas e que se cham a in stru m entos
pressão com o preço m aterial, preço de
d e p recisão àqueles de que se serve o físi
venda, que dificilm ente se com preende
co; m as, neste sentido, acontece todavia
ria nesta acepção. C. Bouglé empregou
p o r vezes que preciso se confunde com neste sentido as expressões “ valor eco
exato. Assim, d ar a conhecer a d a ta “ pre
nôm ico” e “ valor ideal” . L içõ es d e so
cisa” de um acontecim ento histórico é di
ciologia so b re a evolu ção d o s valores,
zer “ exatamente” o ano (ou, em certos ca
cap. VI.
sos, o dia) em que este acontecim ento te
ve lugar; a posição precisa do sol no equi PRE D E ST IN A Ç Ã O D. P rädestin a
nócio é um po nto “ exatam ente” determ i tion; E . P rédestination; F . P rédestina
nado por considerações geom étricas, etc. tion; I. P redestinazion e.
Deveria evitar-se esta indeterm inação A. N o sentido teológico, que é o mais
substituindo preciso por rigoroso quan antigo, a doutrin a da predestinação é
do possam existir equívocos. aquela segundo a qual cada individuo está
845 P R E D IC A Ç Ã O
destinado, de modo infalível e eternamen sendo totalm ente determ inada por um a
te verdadeiro, a ser salvo ou condenado. razão suficiente interior ao agente? — ao
“ Pode-se distinguir entre destinação e do p redeterm in ism o — com o é que a de
pred estin a çã o , porq ue a predestinação term inação de qualquer ato por razões
parece conter em si um a destinação a b anteriores, por fatos passados que já não
soluta e anterior à consideração das boas estão em nosso poder, pode conciliar-se
e m ás ações daqueles que ela co nsid era.” com a liberdade, que exige que o ato , no
L « ζ Ç « U , Teodicéia, I, § 81.
E pró prio m om ento da ação, esteja no p o
M as mais acim a: “ O pró prio Calvi- der do sujeito ( in dem A u gen blicke des
no e alguns outro s dos m aiores defenso Geschehens in d er G ew alt d es S ubjects
res do decreto absoluto com razão decla sei)! R eligion innerhalb der Grenzen der
raram que Deus teve grandes e justas ra blossen Vernunft, l es Stück; ed. Ro-
zões para a eleição e p ara a distribuição senkr., p. 57, nota.
das suas graças, em bora estas razões nos Este term o hoje está quase ab a n
sejam desconhecidas em porm enor; e é donad o.
preciso julgar caridosam ente que os mais
rígidos predestinadores têm demasiada ra PR ED IC A Ç Ã O D. P ràdikation; E.
zão e dem asiada piedade para se afasta P rédication; F . P réd ica tio n ; I. P redi-
rem deste sentim ento.” Ib id ., 79. Cf. I, cazione.
80-84; II, 158-169; e III, 405-417. A ção de afirm ar ou de negar um pre
B. Sinônimo de fa ta lism o , no senti dicado de um sujeito. M as designa-se
do A . “ Este príncipe não conservou dos mais especialmente ju ízo de predicação ou
seus prim eiros princípios senão o de um a ju íz o predicativo:
predestinação absoluta, dogm a... que jus A . (Em oposição quer às simples defi
tificava as suas tem erid ades.” VÃÂ I τ « nições ou denominações; quer aos juízos
2 E , H istoire de C harles X II, livro V III
indivisos ou impessoais, nos quais o pre
(ed. D idot, 1817, p. 424). dicado não é distinguido do sujeito; quer
R ad. int.: Pre-destin. finalmente aos juízos de relação*, nos
quais a decomposição não se faz em dois
PR E D E T E R M IN A Ç Ã O D . Praede- term os, mas em três, não sendo o terceiro
termination; E. Predetermination·, F. Pre possível de afirm ar ou negar do primeiro.)
determ ination·, I. P redeterm in azion e.
Juízo elementar (não com posto de juízos)
D eterm inação de um fato ou de um e cuja cópula, se é expressa separadamen
ato por causas ou razões anteriores ao te, pode ser representada por D , £ , ou =
próprio m om ento que precede m ais ime- (no sentido lógico). Ver Ser, B.
diatam ente este fato ou este ato. Cf. Pre- B. Mais especialmente: o juízo no qual
determ inism o.
o sujeito é considerado em extensão, quer
U tiliz a d o p o r BÃè è Z E I c o m o s in ó n i
dizer, como um ser ou um conjunto de se
m o de prem o çã o * .
res, e no qual o predicado é um a ação ou
R ad. int.: P re d e te rm in a d o , -eso).
um a característica que se afirm a ou se ne
PRE D E TER M IN ISM O D. Pradeter- ga desses seres. P or exemplo, KE à ÇE è ,
minismus', E. P redeterm inism : F. Prédé- F orm al L ogic, pp. 179, 183. Chama-se
terminisme', I. P redeterm in ism o. também a estes ju ízo s de inerência (por
A . Sinônimo de determ inism o, no exemplo, L τ T7 E Â « E 2 , É tudes su r le syllo
sentido C, mas sobretudo en quanto esta gism e, p. 44); ou ju ízo s atributivos.
necessidade eterna dos acontecim entos é Ver P redicado, Crítica.
considerada como resultante da prescien
C R ÍT IC A
cia e da onipotência de Deus.
B. K τ ÇI o p õ e o p ro b le m a d o deter A m elhor terminologia seria adotar
m inism o — p o d e r á a v o n ta d e se r liv re, sempre o sentido A , quer dizer, aplicar
P R E D IC A D O 846
I, 78-86, onde são indicadas outras referências. A m elhor m aneira de dizer, em tais
casos, parece ser a de reconhecer que existem juízos globais que n ã o têm sujeito nem
predicado e que eles se devem distinguir dos juízos de predicação, onde a asserção
é analisada. (.A . L .)
Segundo J. L τ T Â « 2 , as proposições ditas d e relação (P edro é filho de P au lo ;
7 E E
Fontainebleau é m enor que Versalhes) n ão têm predicado pro priam ente falando. Os
term os destas proposições são Pedro, Paulo, Fontainebleau, Versalhes. “ Porém , destes
dois term os n ão se pode dizer que o segundo seja predicado do prim eiro ... A verda
de é que estas espécies de proposições não têm predicado e que se com põem apenas
de sujeitos, um a vez que os dois termos representam igualmente seres... Durante muito
tem po julgou-se que todas estas relações podiam e deviam consistir em relações de
inerência: ‘Filho d e ’ fo rm a com ‘P a u lo ’ e ‘m enor q u e ’ com ‘V ersalhes’ um predica
do do gênero daqueles a que se cham a com plexos. N ão se afirm a de Fontainebleau
que é m enor que Versalhes, com o se afirm a que é são e agradável de se m orar? Sim,
m as ‘m en or que V ersalhes’ não representa com o ‘são ’ ou ‘agradável de se m o ra r’
um a m aneira de ser inerente a F o n ta inebleau...; exprim e apenas u m a relação que
não reside nele, que tam bém n ão reside em V ersalhes, que n a realidade só existe no
nosso espírito, e no m om ento em que nos apetece instituir um a com paração entre
estas duas cidades. P o rta n to , não é um predicado; são, pelo co ntrário, as palavras
‘m enor q u e’ que constituem a có p u la... A diferença dos dois gêneros de proposição
é, no fu ndo, esta: a proposição, no prim eiro gênero, é a análise de um a existência:
o sujeito representa esta existência em si p ró p ria e no seu fu ndo, o predicado
representa-a na sua determ inação ou n a sua fo rm a ... Pelo contrário, um a pro posi
ção do segundo gênero opera um a simples aproxim ação entre estes dois seres exte
riores um ao o u tro .” É tu d es su r le syllogism e, p p . 41-44.
“ Poder-se-ia talvez dizer com razão” , escrevia-nos J. Lachelier, “ que onde não existe
predicado tam bém não existe sujeito. M as eu queria inculcar essa idéia de que um sujei
to é sempre um ser e que um ser pode sempre tornar-se sujeito, m as nunca predicado. ”
“ Poder-se-ia talvez tam bém dizer” , escreve P a ro d i, “ que em tais proposições o
sujeito é complexo; aqui, que é duplo , constituído ao m esm o tem po pelas duas idéias
847 P R E D IC A T IV O
aos predicados. “ Linha predicam ental” , tação usual na qual o sujeito é pensado co
L. escol. Linea praedicam entalis: sequên m o um ser ou um grupo de seres, o p red i
cia dos termos que permitem , partindo de cado com o u m a característica do sujeito.
um conceito e de gênero em gênero, chegar B. Q ue enuncia separadam ente um
até o gênero supremo. “ Simple ideas and predicado, p o r oposição às proposições
their ñames... have but few ascents in linea nas quais sujeito e predicado estão con
praedicam entali (as they cali it) from the fundidos num a só palav ra.
lowest species to the sum m um genus .” ' C. N um sentido o posto ao preceden
LÃT3 E , Essay, livro III, cap. V, § 16.1 te, chama-se “ verbo predicativo” ao ver
bo ser, no sentido A , enquanto contém
ao mesmo tem po um a cópula e um p re
1. “ A s idéias sim ples e o s se us n o m e s ... p o d em
dicado. Este sentido pertence, aliás, mais
ser descritas com o j á se disse n a iinea praedicam en ·
talis, q u er d izer, desde a espécie m ais sim ples a té a o à gram ática do que à lógica (S).
su m m u m g e n u s ” Rad. int.: A. Predikan t;B . Predikatiz.
de Fontainebleau e de Versalhes, das quais seria afirm ada com o predicado a desi
gualdade... Psicologicam ente, parece ser apenas quando as duas idéias estão presen
tes sim ultaneam ente no espírito que eu posso ter n ítid a consciência da relação que
é a razão de ser d a aproxim ação, relação até en tão im plícita e n ão isolada. O que
é verdadeiram ente inadmissível n a lógica clássica é o considerar-se sempre relações
de sujeito com atrib u to , de substância com m odo; m as resta contudo que to d o juízo
im plica que algum a coisa seja afirm a d a de algum a coisa; por m ais irredutíveis que
sejam os diversos gêneros de afirm ação, quer dizer, as categorias, existe m esm o as
sim um a certa unidade form al dos ju ízos, porque existe sempre e em todos os casos
a sem elhança de serem pelo m enos atos de pensam ento. Se é apenas em certas p ro
posições que existe, com o diz Lachelier, ‘a análise de um a existência’, em to das exis
te a análise desse ato de pensam ento; as coisas nas quais se pensa podem sempre,
então, ser consideradas com o sujeito, e aquilo que delas se pensa, ou 0 simples fa to
de se pensar qualquer coisa, pode ser considerado com o pred ic ad o .”
Ver igualm ente L Z I Z , E ssai d ’une logique systém a tiq u e et sim plifiée (1913),
E I
not. p. 87, on de ele afirm a que “ agradável de se m o ra r” é tão relativo aos hab itan
tes eventuais qu an to “ m enor que V ersalhes” a Versalhes; donde conclui que este úl
tim o term o é efetivam ente, com o o prim eiro, um predicado e até um atributo.
P R E D IC Á V E L 848
Sobre “ P reg n an te” — Pedi a P aul G uiltaum e porm enores sobre o sentido da p a
lavra P regnância n a Teoria da form a, e a relação deste sentido com a etim ologia da
palav ra: praegnan s (prenhe, no sentido em que Leibniz dizia que o presente está p re
nhe de futuro). Ele respondeu-m e: “ N ão vejo exatam ente com o se pôde passar deste
sentido àquele que os G estaltistas dão à palavra pregnan te. A pregnância é a quali
dade pela qual um a estrutura se im põe com o privilegiada (ausgezeichnet ), típica: é
a ela que reportam os todas as o utras que se afastam deste m odelo p o r excesso ou
p o r fa lta (p. ex. um ângulo de 92° é um m au ângulo reto). As form as distinguem-se
pelos seus graus de pregnância (Prägnanzstuferi). M as este fa to empírico é interpre
tad o , na teoria da form a, p o r meio d a lei da b o a form a; pelo menos tenta-se sempre
fazê-lo, quer dim inuindo a im portân cia da pregnância de origem puram ente em píri
ca, quer m ostrando que ela m esm a obedece à lei da boa fo rm a .”
N ão terá havido influência sem ântica de prägen (im prim ir, “ fazer im pressão” ),
m uito utilizada em alemão no sentido figurado: “ Etwas in das G em üt, in das G e
dächtnis prägen” , im prim ir algum a coisa no coração, na m em ória?
P R E M IS S A 850
(Veneza, 1540), A ppendix, col. 89: “ N ullibi enim S. Thom as dicit liberum arbitrium
m overi concursu physico sive gratia efficaciter physice praedeterm inante liberum a r
bitrium ; si tam en attente legatur, in re non videtur ab ista Bannesii sententia au t m o
do loquendi distare.” (H . D elacroix )
851 PRESEN ÇA
A . A parte do tem po que está presen m om ento em que se fala (presente verda
te no sentido C. “ O presente está prenhe deiro: “ Chove” ); quer que aquilo de que
de fu tu ro .” LE « ζ Ç« U , P rin cípios d a natu se fala é estranho ao tem po (intem poral:
reza e da graça, § 13. Ver Specious*
“ U m núm ero que divide dois outros nú
presen t.
B. N o sentido lingüístico: o tem po de m eros divide tam bém a sua som a e a sua
um verbo que exprime quer que aquilo de diferen ça” ).
que se fala existe ou acontece no pró prio R ad. int.: Prezent.
lidades de um a natureza dada (como se m ovim ento, aos quais se acrescenta por
ria para um hom em respirar dentro da vezes a resistência. Ver Q ualidades.
água, o que é natural p ara um peixe). Ver C . Formação prim ária. Diz-se quer na
Sobrenatural. ordem psicológica, quer na ordem física
(solo prim ário) para designar o que é mais
PRE V A LÊ N C IA D. Überwiegen; E. antigo, ou o que é com posto do m enor
Prevailing·, F. Prévalence; I. P revalenza. núm ero de elementos.
C aracterística de um valor que é su D. Ensino prim á rio (por oposição ao
perior a outro . “ Sob todas as suas for ensino secundário e ao ensino superior),
m as, a invenção m anifesta a prevalência aquele que se dirige à m assa da nação e
da existência sobre as determ inações.” R. que tem por objeto divulgar os conheci
LE SE ÇÇE , O bstacle et valeur, 206. m entos m ais indispensáveis, aqueles que
“ P R IM A L ” Term o pro posto por devem necessariamente preceder todos os
DZ 2 τ Çá áE G 2 Ãè (A perçus d e taxinom ie
outros no desenvolvim ento do espírito.
genérale, pp. 136-137) p ara distinguir os Designado mais recentem ente por ensino
dois sentidos da palavra prim ário em m a do prim eiro grau (na França).
téria de classificação. Ver P rim ário. E. P rim ário, caracterología, ver Se
cundário.
P R IM Á R IO D . Erste-, E lem en ta r...,
C R ÍT IC A
por vezes P rim a r, E. E lem entary, p r i
mary·, F. Prim aire; I. P rim ario. Poder-se-ia utilm ente aplicar esta p a
Sinônimo de p rim eiro , em algum as lavra àquilo que é dito prim eiro psicolo
expressões que apenas são determ inadas gicam ente, no sentido E.
pelo uso, e que nem sempre escapam ao DZ 2 τ Çá áE G 2 Ãè , nos seus A p erçu s
equívoco. de taxinom ie générale, assinala com o
A. D ivisões prim árias, num sistema de m uito em baraçoso o equívoco do senti
classificação p or ordem de generalidade, do A . P ara o rem ediar, propõe o em pre
diz-se, quer das divisões que têm a m aior go do adjetivo primai, que se oporia a pri
extensão, quer das divisões que têm a ex mário: “ Estes dois epítetos aplicam-se aos
tensão m enor. primeiros term os de um a divisão progres
B. Qualidades prim árias (da matéria), siva, mas prim ário designará especialmen
ou qualidades prim eiras: a extensão e o te os prim eiros term os de divisão que se
Sobre P rim ário — Poder-se-ia, sem introduzir ainda um a nova palavra, com a
m esm a raiz, deixar de cham ar p rim ário ao que tem m enos extensão e cham ar-lhe
últim o. N a com paração de D urand de G ros poder-se-ia m uito bem dizer que os ra
mos que term inam pelas folhas são os últim os da árvore. Ninguém adm itirá que os
grossos ram os que partem do tro nco sejam últim os. (J. Lachelier) M as, no caso em
que se procede de indivíduos p a ra as classes superiores, as classes elevadas são aque
las em que se chega em ú ltim o lugar: o equívoco reapareceria. E de fato o espírito
parte quase sem pre das classes ou dos axiom as médios para se estender, nos dois sen
tidos, para as generalidades m ais am plas e p ara as especificações m ais restritas. O
m elhor seria, p o rtan to , ter p ara estes extrem os designações de sentido estático, cuja
etim ologia n ão pressupõe a ord em seguida para os atingir: superior e inferior são
côm odos em alguns casos, m as não excluem to d a e qualquer anfibologia. (A . L .)
N a linguagem m oderna francesa, um p rim á rio é um hom em que leciona no ensi
no prim ário: ou ainda alguém sem mais cultura do que a fornecida pelo ensino p ri
m ário. (R B erthelot)
P R IM A Z IA , P R IM A D O 856
encontram procedendo por síntese” (quer fixos tais como V o r..., U r ...,A n fa n g s ..„
dizer, p artindo dos indivíduos p a ra che etc.; E. G eralm ente: First; fo r m e r se só
gar às classes com m aior extensão), “ e se tra ta de dois term os; no sentido cro
p rim a l será exclusivamente atribuíd o aos nológico, diz-se p o r vezes early quan d o
prim eiros que se apresentam procedendo se quer falar do que pertence ao prim ei
pela análise. Os três ou q u atro grandes ro período; no sentido G , prim e·, F. Pre-
ram os que form am a prim eira parte do mier; I. P rim o , em todos os sentidos.
tronco de um carvalho são os ram os p r i Q ue não é precedido por nada.
m ais desta árvore; os seus ram os p rim á I o: N a ordem cronológica:
rios são os inum eráveis ram inhos extre A . O que é mais antigo num a suces
m os; term inando por folhas e fru to s.” são tem poral dada, ou num a ordem se
Ib id ., cap. IX , § 89. rial que pode ser assim ilada a um a suces
R ad. int.: P rim ar e Prim ai. são: “ Os primeiros séculos da era cristã.”
“ As prim eiras letras do a lfa b eto .”
P R IM A Z IA , P R IM A D O D. P rim a i ;
2?: N a ordem lógica·, falando de ter
E. P rim acy, F. P rim a u té ; I. P rim ato.
mos: que não se define por meio de ou
Supremacia; característica do que pri
tros term os; falando de proposições: que
m a, do que ocu pa o prim eiro lugar, quer
não se deduz de outras proposições. O
do ponto de vista da potência, quer do
po nto de vista do valor. que pode entender-se em dois sentidos:
B. D o ponto de vista do fun dam en to*
U sado sobretudo nas expressões: P ri
m ado ou p rim a zia da razão p rá tica (D.
dos nossos conhecim entos, o que se im
P r im a i d e r p r a k tis c h e n V e rn u n ft,
põe ao espírito de tal m aneira que não ha
ja nenhum a razão para dele se duvidar,
K τ Ç ), pela qual ele entende: 1?, que o
I
ao que é obtido em últim o lugar num a de; o que, num a ordem qualquer, p re
análise regressiva, além do que não se po cede um outro term o; o que é superior
de rem ontar (mesmo quando este resíduo em dignidade. A crescenta ainda acesso
ú ltim o não contém virtualm ente aquilo riam ente a razão de ser ontológica de
donde foi tirad o , tal com o os princípios um a proposição verdadeira. P a ra as o u
contêm conseqüências). tras passagens, ver o Index de B Ã Ç « U ,
I
L A
859 P R IM IT IV O S
Sobre P rim ord ial — E sta palavra não pode evocar senão a idéia de um com eço;
ela vem de ordiri. A creditou-se, por acaso, que pro vinha de o r d o l Em todo o caso,
o sentido B deve-se proscrever absolutam ente. (J . Lachelier)
Sobre Princípio — A redação do § B foi m odificada de acordo com as observa
ções de J. L achelier e E . M eyerson para ressaltar a im portân cia da idéia de potência
ativa, ou de virtude, n a concepção aristotélica e escolástica da m atéria e das suas
propriedades. “ O sal, o enxofre e o mercúrio dos filósofos” , diz E. ME à E 2 è ÃÇ , “ são
menos corpos no sentido m oderno do que ‘princípios’ de incombustibilidade, de com-
bustibilidade, de volatilidade. O mesmo acontece com o flogisto.” “ Existe aí” , acres
centa J. Lτ T7 E Â « E 2 , “ um resto de aristotelism o. D entre os elem entos constitutivos
de um corpo, uns sâo passivos e m ateriais, outros ativos e form ais. Os p rin cíp io s
são estes elem entos inform adores.” Sessão de 10 de ju lh o de 1913. É preciso, contu
d o, n otar tam bém que os átom os são designados, p rim o rd io rerum , prin cip ia (p or
ex. em LUCRECIO, II, 293: “ Clinam en principioru m ” ; cf. 574, 722, etc.), a filosofia
atom ística agiu de um m odo suficientem ente forte so bre o desenvolvim ento da quí
m ica para que este sentido tenha podido influenciar um uso da palavra com o o de
Lavoisier. (A . L .)
N o sen tid o lógico: “ Em linguagem científica, esta palavra é vaga; m as são neces
sárias palavras deste gênero, e p rin cíp io parece-me dever continuar a ser um a delas.
Ela não d á nen hum a indicação sobre o papel lógico d a proposição considerada. Um
‘princípio’ pode ser um axioma ou um teorem a, se se tra ta de m atem áticas; um fato
experimental, um a generalização de fatos experimentais, assim como o resultado de uma
dedução, se se tra ta de física. Precisamente porque os princípios são proposições fun-
861 P R IN C ÍP IO
p írito d a s leis, III, 1. M uitas vezes apli D. Mais geralmente, chamam-se p rin
cada neste sentido à causa prim eira ou às cípios de um a ciência ao conjunto de p ro
causas prim eiras das coisas: “ É im possí posições diretivas, características, às quais
vel que Deus seja o fim, se não for o prin to d o o desenvolvim ento ulterior deve ser
cípio... Se existe um único princípio de subordinado. P rin cípio, neste sentido, e
tu d o , [existe] um único fim de tudo; tu p rin cip a l evocam so bretu do a idéia do
do p or ele, tudo para ele.” P τ è Tτ Â , Pen que é prim eiro em im portância e, na o r
sa m en to s, ed. B runsch., 488, 489.
dem do assentim ento, d o que é “ fu n d a
P rin cípio vita l, ver V italism o, A .
m ental” . “ Isso está de acordo com os
B. P o r conseguinte, e mais geralm en
meus princípios, porque naturalm ente na
te: o que d á co n ta de um a coisa, o que
contém ou faz com preender as suas p ro da en tra no nosso espírito vindo do exte
priedades essenciais e características: “ O rio r...” LE « ζ Ç« U , D iscurso d e m etafísica ,
princípio de um a instituição.” P o r vezes cap. XXVI. M uito freqüente no título de
mesmo este sentido m aterializa se e p rin obras filosóficas: DE è Tτ 2 I E è , O s p rin cí
cípio torna-se então sinônimo de elemento p io s d a filo so fia ; NE ç I ÃÇ , Philosophiae
com posto e concreto, cujas propriedades naturalis p rin cipia m athem atica: SPEN-
ou “ virtudes” explicam as do composto; TE 2 , F irst P rin cip ies, P rin cip ies o f
finalm ente, de elem ento constitutivo, no P sych o lo g y, etc.
sentido m ais geral. “ As pro porçõ es dos 3?: N o sen tid o norm ativo:
princípios que entram n a com posição do E . Regra ou norm a de ação claramen
açúcar são m ais ou menos as seguintes: te representada ao espírito, enunciada por
hidrogênio, 8 partes; oxigênio, 64; carbo um a fó rm ula. “ Os princípios da a rte .”
no, 2 8.” Lτ âë è « E 2 , Traité élém entaire “ Proceder por princípios.” “ Todas as re
d e chim ie, I, 100.
ligiões adm itiram o valor e a eficácia prá
2?: D o p o n to de vista lógico:
tica dos bons princípios, das doutrinas
C. Proposição posta no início de uma
verdadeiras, sem negar com isso a in
dedução, não sendo deduzida de nenhu
fluência do coração e da vo n tad e.”
m a o u tra no sistem a considerado e, por
conseguinte, colocada até nova ordem fo FÃZ « Â Â é E , L a p e n s é e ..., p. 41.
ra de discussão. D ita tam bém proposição “ Em princípio ” diz-se do que deve
prim eira (P pr ). “ Q uando um a lei recebeu ser, conform e a um a no rm a geral (mas
um a confirm ação suficiente da experiên anuncia de ordinário que se vai opor a es
c ia ..., pode ser erigida em princípio, sa norm a algum as exceções justificadas
adotando-se convenções tais que a p ro ou toleradas).
posição seja certam ente verdadeira. P a
ra isso, procede-se sempre da m esm a m a CRÍTICA
neira, etc., e tc .” Pë ÇTτ 2 É, L a valeur de Com o já salientam os, os sentidos dos
la Science, 239. Cf. Fundam ento, term os filosóficos form am geralm ente
dam entais, o seu lugar lógico pode estar particularm ente exposto a m udar no curso
da evolução cien tífica.” C arta de J. H adam ard, lida na sessão de 10 de ju lho. Todos
os m em bros da sociedade presentes na sessão, particularm ente J. Lachelier, L . Cou-
turat, E. M eyerson , M . W inter, foram unânim es em reconhecer que, com efeito, es
ta palavra não tinha qualquer precisão na linguagem científica, mas tam bém em pensar
que, do po nto de vista lógico, era m uito útil sair desta indeterm inação e ter um ter
m o para designar as posições iniciais de onde parte a dedução, na ordem d a im plica
ção p u ra , e abstração feita das questões de evidência ou de assentim ento que fazem
com que tais ou t a i s proposições tenham o caráter de axiom as, de postulados, de
fundam entos experim entais, etc.
P R IN C IP IO 862
qu alquer o u tra, a palavra prin cíp io m a Analítica dos princípios, cap. II, § 2; com
nifesta esta característica; os escolásticos, um a ligeira restrição que não atinge, aliás,
e W olff depois deles, distinguiam já o o fundo das coisas.) N ão cabe negar-se
prin cipium essendi, o prin cipiu m fie n d i a priori a possibilidade desta reunião; mas
e o prin cipiu m cogn oscen di ; m uitas ve deve-se ter consciência dela e não postulá-
zes é difícil saber se, nesse texto, o au to r la sem justificação.
visava sobretu do a ordem de implicação R ad. int.: Princip.
ou a d a ação, a constativa ou a norm ati
va. O sentido B, particularm ente, ju n ta- Princípios lógicos Designa-se geral-
se por transições insensíveis ao sentido D; m ente assim:
um e outro parecem igualmente incluídos 1?: O prin cípio d e id en tidade*: “ O
num a fórm ula com o a do título P rin cí que é, é; o que n ão é, não é .”
p io s da filo so fia , de DE è Tτ 2 I E è , ou 2?: O prin cíp io d e contradição* (ou,
P rin cípios da natureza, de RE ÇÃZ â« E 2 . mais exatam ente, de contrariedade*): “ O
E qu ando se fala dos “ princípios” de contrário d o verdadeiro é fa lso .”
identidade, de causalidade, de substância, 3 ?: O p rin cíp io d o terceiro excluído*
etc., entende-se quase sempre ao mesmo (ou, m ais exatam ente, de co n tradição *):
tem po premissas no sentido C e regras de “ De duas proposições contraditórias uma
pensam ento que têm um valor norm ati é verdadeira e a o u tra fa lsa .”
vo, no sentido E. E por vezes acrescenta-se:
Dentre estes sentidos estreitamente en 4?: O p rin cíp io d o silo g ism o *: “ Se a
cadeados, deve-se recomendar particular im plica b e se b im plica c, a im plica c .”
m ente o emprego do sentido C , que tem
C R ÍT IC A
a vantagem de ser técnico, bem definido
e de representar um a idéia geralm ente ne 1. Estes princípios não são suficien
cessária. O hábito contraído pelos físicos, tes p a ra dem onstrar to das as proposições
pelos m atem áticos e pelos lógicos m oder de lógica form al. U m inventário mais
nos de fazerem rem ontar tão longe quan com pleto foi pro posto p o r L. COUTU-
to possível os sistem as hipotético-dedu R A T , “ Os princípios das m atem áticas” ,
tivos teve com o resultado dissociar duas R evu e d e m étaph ysiqu e, janeiro de 1904
idéias o u tro ra confundidas: a dos funda (ver particularm ente p p. 46 e 47). N um e
m entos d a certeza, por um lado, quer di rosas tentativas foram feitas a partir dessa
zer, das proposições às quais o espírito época p ara estabelecer um a lista destes
adere sem hesitação e que garantem con- princípios mas ainda não existe um a axio
seqüências menos evidentes; e, por outro m ática lógica geralm ente adotada.
lado, a das proposições adm itidas com o 2. Estes “ princípios” não podem ser
p o n to de p artid a à frente de um sistema conservados sob a sua form a usual se qui
deste gênero, e que o espírito só adm ite sermos d ar a esta palavra o sentido estri
precisam ente po rq ue servem p ara org a to que acim a foi definido. A adoção de
nizar e un ificar as suas consequências. E um a notação lógica uniformemente aceita
a estas últim as que m elhor convém o n o seria necessária p a ra atingir este resulta
me de p rin cíp io s que, aliás, elas já geral do; ela está ainda em vias de constituição,
m ente têm . e parece-nos que levanta questões dem a
Os princípios de contradição, de subs siado complexas p ara poderem ser discu
tância, de causalidade, etc., eram consi tidas aqui. Ver o artigo já citado de L.
derados ta n to pelo cartesianism o, q u an C ÃZ Z 2 τ
I I ; e cf. P τ á Ã τ , “ A lógica de
863 P R IV A Ç A O
Sobre Princípios lógicos, princípios racionais, etc. — Ver tam bém os artigos Leis*
d o espírito e R a zã o .
Verneinung” '; e mais recentemente J.-P . vative connote tw o things; the absence o f
Sτ 2 I 2 E , O ser e o nada (1943); Ed. certain attributes, and the presence o f
MÃ2 ÃI -S« 2 , L a p en sée négative (1947). others, from which the presence also o f
B. Falta de qualquer coisa útil ou van the form er m ight naturally have been ex
tajosa que deveria ser norm alm ente p o s pected .” 1 2 J. S. M« Â Â, S yst. o f L o g ic, li
suída por um sujeito, ou que a possui an vro I, cap. II, § 6. P o r extensão: ‘‘Pelo
teriorm ente. “ A privação dos direitos ci fato de um hom em ter perdido a vista
vis.” C o d e civil, livro I, títu lo 1. disse-se que ele era cego; e depois olhan
C. Falta do que é desejado; sofrim en do a cegueira com o um a espécie de ser
to ; que resulta desse desejo. p riv a tiv o , disse-se que ele tinha em si a
R ad. in t.: Privac. cegueira. M as tudo isso é im p ró p rio ...”
BÃè è Z E I , L ógica, 1 , 15. C f. observações
P R IV A T IV O D. P riv a tiv ; E . P riva- sobre P rivação.
tive; F. P riv a tif; I. P riva tivo . R ad. int.: Privaciv.
L5; « Tτ . Um term o privativo é aque
PRO BA BILID A D E D. W ahrschein
le que m arca a ausência de um a caracte
lichkeit; P robabilitä t (pouco usado); E.
rística que o sujeito deveria norm alm en
P ro b a b ility; F. P robabilité; I. P roba-
te possuir no m om ento em que é consi
bilità.
derado: “ Such is the w ord blin d , which
is not equivalent to n ot seeing or to n o t
capable o f seeing... The ñames called pri- 2. “ E ste term o , cego, nào equivale a não-vidente
o u in cap az de v e r... O s n o m es d ito s prim itivos c o
n o tam d u as coisas, ausência d e certo s a trib u to s e pre
sença de o u tro s, devido a esta ú ltim a , poder-se-ia es
1. P riv a ção e c o n tra rie d a d e com o fu n d am en to p erar n a tu ra lm e n te q ue os p rim e iro s estivessem ta m
d a negação. b ém p re se n te s .”
(privação d a vista na to upeira); 3?, que o sujeito ain d a não possui, m as que possuirá
quando fo r o m om ento (privação da vista no em brião ou em certos pequenos ani
m ais nos prim eiros dias de vida); 4?, que o sujeito n ão possui, ainda que seja feito,
de qualquer m aneira, p a ra o possuir e ainda que tenha atingido o m om ento pró prio
do seu desenvolvim ento (privação da vista num hom em cego). C f. M e ta f., V, 22,
início; X, 4, 1055b, 4-6; C a t., 10, 12b26-12a5. O últim o sentido é o único no qual
a noção de privação é definid a com to d a a precisão que ela com porta. É claro, por
o u tro lado, que no aristotelism o a significação desta noção n ão é som ente lógica,
m as tam bém ontológica e física. P a ra além disso, ela tem um lugar notável n a teoria
da geração, d ad o que o p o n to de p artid a de toda geração é a privação d a form a fu
tu ra num sujeito que está apto a possuí-la e que aspira a possuí-la (ver em P o sse
o texto citado de M e ta f., X , 4). (L. R o b in )
Sobre P rivativ o — A rtigo acrescentado p or p roposta e, em grande p arte , c o n fo r
me as indicações de L. R obin .
Sobre Pro babilidade — As expressões “ probabilidades dos efeitos” e “ p ro b a b i
lidade das causas” , ainda utilizadas pelos m atem áticos, datam de Bernouilli; elas têm
o inconveniente de confundir as relações de dependência m atem ática e as relações
cronológicas. Seria m elhor, e se ainda estivermos a tem po, renunciar a estas expres
sões cuja am bigüidade corre o risco de confundir a questão. (R . Berthelot)
S obre as relações da idéia de indução e de pro babilidade, ver J. M . K à Ç è , A E E
àquela que constitui no sentido geral o pro que todos os casos são igualm ente p ro
blema da probabilidade das causas (M« Â Â, váveis?... Deveremos em cada aplicação
Lógica, III, cap. XVII e XV III; CÃZ 2 fazer convenções, dizer que consideramos
ÇÃI , Essai, cap. IV; P Ã « Ç T τ 2 é , L a Scien tal e tal caso como igualm ente prováveis.
ce et l ’hypothése, cap. XI; D τ 2 ζ Ã Ç , L 'ex Estas convenções não são totalm ente a r
plica t ion m écanique et le nom inalism e, 2? bitrárias, m as escapam ao espírito do m a
parte, cap. II). Ver nas observações os tí tem ático que não terá de as examinar des
tulos de obras recentes sobre este assunto. de que sejam adm itidas. Deste m odo,
b. N a determinação racional d a condu qualquer problem a de probabilidade ofe
ta a ter. A inda que tenham os contestado rece dois períodos de estudo: o prim eiro,
que este term o tenha sentido quando se m etafísico, por assim dizer, que legitima
aplica a um acontecimento único, que ape tal ou tal convenção; o segundo, que apli
nas se produz um a vez (ver por exemplo: ca a estas convenções a regra do cálcu
LE D τ ÇI E T , D e l ’hom m e à la Science, pp. lo .” Calcul des p ro b a b ilités, 1? lição, §
234 ss.; “ Os matemáticos e a probabilida 5. Cf. ib id ., 11.a lição, o exemplo do des
de” , .Rev.pM ., 1910,11, pp. 356-360), p a conhecido que devolve o rei no carteado,
rece pelo contrário que a noção de pro ba e em L a S c ien ce e t l ’hypothése, o cap. X I,
bilidade tira a sua razão de ser da necessi particularm ente § 5. A . Dτ 2 ζ ÃÇ (na
dade de escolher inteligentemente ali onde o b ra citada m ais acim a) tentou m ostrar
nad a pode ser provado rigorosamente; e que a noção de acaso não intervinha na
talvez mesmo devamos considerá-la como indução senão p ara ser elim inada; m as se
um esforço para resolver a antinom ia en esta solução fosse aceita, deixaria subsistir
tre a ação necessária e a incerteza teórica a dificuldade de passar d a ordem da apre
que subsiste na m aior parte dos casos. ciação instintiva para a da prova lógica.
‘‘N ão estando as ações da vida sujeitas ge No caso da conduta, a dificuldade não
ralm ente a nenhum a dem ora, é um a ver é m enor. D ado que nunca se sab e se as
dade m uito certa que urna vez que não es diferentes com binações elementares são
tá em nosso poder discernir as mais ver “ igualm ente possíveis” , até que ponto se
dadeiras opiniões, devemos seguir as mais pode ter p o r tais, de acord o com o p rin
prováveis...” D E è Tτ 2 I E è , Disc. d e la mé- cípio de Laplace, os diferentes casos acer
thode, III, 3. Existe ai um último fato, sem ca de cu ja possibilidade esta m o s igual
dúvida pouco satisfatório p ara o espirito, m ente indecisos'! Esse parece-m e ser um
m as que parece praticam ente inevitável. procedim ento que n ad a justifica e que
Cf. Possível, Crítica. postular essa igualdade é definitivam en
M as a grande dificuldade, tan to num te rem eter-se ao acaso.
caso com o n o u tro , é substituir p o r um a A noção de probabilidade continua,
regra bem definida a apreciação do sen p o rtan to , a ser um a das m ais obscuras e
so com um das probabilidades quer in du pior definidas do p onto de vista da rela
tivas, quer prospectivas. Talvez mesmo ção entre a lógica e a prática.
esta substituição não seja possível. “ A de
finição com pleta da pro babilidade” , diz PRO BA BILISM O D. Probabilism us;
P ë ÇTτ 2 é , “ é p o rta n to um a espécie de E. P ro b a b ilism ; F. P robabilism e; I. P ro-
petição de princípio: com o reconhecer babilism o.
Problema de Molineux “ Neste m o 1. “ O s juízos pro blem átic os são aqueles em que
m ento, propor-lhes-ei u m problem a que se ad m ite a afirm açã o o u a negação co m o ap en as pos
o sábio M olineux, que em prega tão util sível, q u er dizer, com o po d en d o apenas ser escolhida
arb itrariam en te pelo espírito .*' (É esse pelo m en os,
mente o seu gênio para o avanço das ciên
parece-m e, o sentid o que é preciso atribuir à beliebig.
cias, com unicou ao ilustre sr. Locke. Eis C f. m ais ad ian te a defin ição que K τ Ç d á d a possibi
I
Sobre Processo — A definição dada parece-me m uito lim itada. Seria preciso,
parece-me, indicar que esta palavra designa um co njunto de funções que estão se
m anifestando e ressaltando a natureza a tiva do processo. Parece-me tam bém que 0
processo físico se em prega tan to quanto processo psicológico. Processo opõe-se a
fen ô m en o ; fenôm eno é o p roduto; p ro cesso é a função ativa cujo resultado, inter
p re ta d o p eta s leis racionais d o saber, se cham a fen ô m en o . (G. D welshauvers)
PRO GRESSÃ O 870
B. T Ã 2 « τ á Ã T Ã Ç T « O Ç Ã
E 7 E E . “ Oè
I
propen sões são aí distinguidas, por um la
Estoicos cham avam a esses princípios do, dos apetites (que dim anam do corpo
p ro lep ses (os princípios que a alm a con e são periódicos, enquanto que as propen
tém originariam ente e que os objetos ex sões dim anam do coração e agem com
ternos despertam som ente em cada oca continuidade), por o u tro lado, das p a i
sião), quer dizer, assunções fundamentais x ões (que não são congênitas, enquanto
ou o que se to m a por concedido anteci que as propensões são prim itivas). Esta
p adam ente.” L « ζ Ç « U , N o v o s ensaios,
E
palavra foi p articularm en te utilizada pe-
p re f., § 3. C f. N oções* com uns.
los frenólogos, por Fourier, Saint-Simon, ção am pla, tanto mais que os próprios ló
A ug. Com te. gicos sempre designaram por proposições
R ad. in t.: Inklin. o antecedente e o conseqüente de um ju í
zo hipotético, ainda que neste caso a as
P R O P O S IÇ Ã O G . ’Airó<pctv<ns, serção se refira som ente à sua relação e
ènro<pavnxòs Xóyos (A2 « è I ó I E Â E è , Ileg i que cada u m a delas considerada isolada
k(¡nriv., 4 e 5); rrgóraois, m as sobretudo m ente não possa ser d ita nem verdadeira
quando se tra ta das premissas de um si nem falsa. C f. P ro blem ático.
logismo; L . P ro p o sitio \ D. Satz, P ro p o - RZ è è E Â e W7 « I E 7 E τ á , nos Principia
sition; E. P ro p o sitio n ; F. Propositiorv, I.
m ath em atica, adm item que to d a p ro p o
P roposizion e.
sição representada por notações será con
P ro priam ente, enunciado verbal sus siderada com o reduzida à sua lexis e que,
cetível de ser dito verdadeiro ou falso e, p a ra a tran sfo rm ar em asserção, se deve
por extensão, enunciado algorítmico equi rá fazê-la preceder do signo t - .
valente a um enunciado verbal deste gé
nero, por exem plo a = b. NOTAS
Esta definição vem de Aristóteles, que 1. P a ra a distinção das P p predicati
designa esta característica pela palavra vas e das P p de relação, das P p atrib u ti
a pofân tico (ver a palavra). O Xóyos árro- vas e não atributivas, das P p de inerên
<potvTLxós é urna das espécies do género cia, de inclusão, de pertença, etc., ver es
Xóyos orifictvnxós (palavras com um sen tas palavras. É preciso notar que estas di
tido); opõe-se às outras espécies deste, tais versas designações dim anam de pontos de
com o a enunciação de um nom e isolado, vista diferentes, e que algumas dentre elas
um desejo, um a ordem , etc., às quais não estão su bord inad as a outras, e não coor
convém a designação de verdadeiro ou denadas com elas.
falso (ibid., 17M ss.). Alguns lógicos contemporâneos tom a
P o r consequência, a proposição po ram a pofân tico com o sinônim o de atri
de tam bém ser definida com o o enuncia b u tivo . Sendo este uso da palavra m uito
do de um ju ízo * , pelo m enos virtual. mais restrito do que em A ristóteles, têm
“ The unit o f language which represents o duplo inconveniente de se prestar à con
a judgem ent is called a pro p o sitio n .” 1 fusão, e de deixar sem designação própria
BONSANQUET, L ogic, 1, 74. Ver no mes um a idéia im portante.
m o capítulo a discussão dos outros sen 2. As quatro proposições predicativas
tidos dados à oposição das palavras ju í clássicas são m uitas vezes representadas
z o e p ro p o siçã o . nos lógicos ingleses p o r SaP, SiP, SeP,
M as, falando de um enunciado que SoP, correspondendo respectivam ente a
p o d e ser dito verdadeiro ou falso, perm a A*, I*, E*, O*. E sta notação é côm oda
nece um a ambigüidade: incluir-se-ão aí os p a ra a expressão das conversões*,
enunciados que contêm a m atéria de um a equipolências*, etc.
asserção, qu ando em virtude do seu p a R ad. int.: Propozicion.
pel no contexto eles não são ditos nem
verdadeiros nem falsos (lexis *)? É esse o P R O PO S IC IO N A L D. S a tz...; E.
caso das que os gram áticos designam por P ropositional; F. Propositionnel; I. P ro-
proposições infinitivas, condicionais, in p o sizio n a le.
terrogativas, optativas, relativas, etc. Cre Que diz respeito às proposições e mais
m os que se pode a d o tar esta interp reta particularm ente às proposições enquan
to opostas aos conceitos. M uito com um
em várias expressões de lógica m oderna:
1. “ A u n idade língüística q ue rep re sen ta um ju í Interpretação conceptual (I. C.), interpre
zo c h am a-se u m a p ro p o siç ã o .” tação pro p o sicio n a l (I. P .), para caracte-
P R O P R IE D A D E 874
rizar os dois sentidos de u m a fórm ula lo I EÂ èE (T ó p ico s, livros I e V), e cuja dis
gística, como por exemplo a — b; ver Im tinção foi resum ida p o r P Ã2 E I2 « Ã com o
plicar, C. Função preposicional, expressão se segue (Isagoge, IV; 4a14 ss.):
verbal ou algorítmica que contém um a ou 1?: O que pertence a um a espécie, ape
várias variáveis, e que se to rn a um a nas a ela, e n ão a to das as espécies; por
proposição* se essas variáveis forem subs exemplo, ao hom em , ser geóm etra.
tituídas po r valores fixos; ver Função. 2?: O que pertence a to d a a espécie,
P R O P R IE D A D E D . A . B. Eigen- e não som ente a ela; por exemplo, ao ho
schaft; C. D. Eigentum ; E. A . P ro p erty, m em , ser bípede.
B. P ropriety, C. P roperty, ownership-, D . 35: O que pertence a to d a a espécie e
P ro p erty, F. P ropriété; I. P roprietá. som ente a ela, mas de um m odo m om en
Prim itivam ente, o que é próprio , no tâneo; p o r exemplo, ao hom em , ter ca
sentido A . Esta acepção caiu em desuso. belos brancos n a velhice.
Ver o texto de P Ã2 I -RÃà τ Â (livro 1?, 4?: O que pertence a to d a a espécie e
cap. V III, § 4), citado no artigo P ró p rio , apenas a ela, em qualquer tem po; por
Crítica. exemplo, ao hom em , poder rir.
A. Característica que pertence a todos Os autores d a L ó g ica de P Ã2 I -
os seres de um a espécie (mas que pode R Ãà τ Â (1? parte , cap. V II) reproduzem
também pertencer a outros). “ P roprieda esta classificação m udando apenas o úl
des físicas: o hidrogênio é um gás inco tim o exem plo e que enunciam assim: “ É
lor e sem odor, e tc .” T2 ÃÃè I , P r é c is d e pró p rio do círculo, só do círculo, e sem
chim ie, § 150. Cf. P ró p rio (subst.), sen pre, que as linhas que vão do centro à cir
tido 2. cunferência sejam iguais.” Aliás só este
B. Característica do que é p ró p rio , no sentido é p o r eles considerado verdadei
sentido D. “ P ro priedade de u m term o; ram ente fundam ental: “ Q uando desco
propriedade d a linguagem .” brim os a diferença que constitui um a es
C . D ireito daquele que possui ou p o pécie, quer dizer, o seu principal atrib u
de reivindicar um a coisa em virtude d a lei to essencial que a distingue de to d as as
ou pelo m enos em virtude de um direito outras espécies, e se, considerando m ais
natural. “ A propriedade é o direito de go particularm ente a sua natureza, nela en
zar e de dispor das coisas da m aneira mais contram os ainda algum atributo que es
absoluta, desde que se não faça delas um teja necessariamente ligado a esse primei
uso proibido pelas leis ou regulam entos.” ro atributo, e que, por conseqüência, con
C o d e civil, livro II, títu lo II, 544. A p ro vém a to d a essa espécie, e som ente a ela,
priedade, que é um direito, opõe-se à o m n ie ts o li, cham am os-lhe propriedade-,
p o sse * , que é um estado de fato. ... e porq ue convém tam bém a todos os
D . A quilo que é objeto desse direito. inferiores da espécie, e a única idéia que
Rad. in t .: A . P ro p raj; B. P ropres; C. dela tem os, um a vez fo rm ad a, pode re
D . P ropriet, ad j. presentar essa propriedade onde quer que
se encontre, temos então o quarto dos ter
1. P R Ó P R IO (subst.) G. Ί δ ι ο ν ; L.
m os com uns ou universais.” I b id ., § 4:
P ro p riu m ; D . (Das) Eigene; E. (T h e)pro-
“ D o p ró p rio .”
p e r , F. P ro p re\ I. P ro p rio .
O exemplo acim a citado (do círculo)
Característica ou co n junto de carac
não é claro, porque a igualdade dos raios
terísticas pertencentes a todos os seres de
é precisam ente a característica que geral-
um a classe (já definida) e só a eles.
mente serve para a definição d o círculo
C R ÍT IC A e constitui a sua diferença específica re
Esta palavra apresenta na Antigüidade lativam ente às curvas planas fechadas.
vários sentidos, distinguidos por A 2 « è I ó - Essa igualdade apenas seria um p ró p rio ,
875 P R Ó P R IO
Sobre P róprio — A ristóteles distingue sob este nom e: 1?, aquilo que, sem expri
m ir a essência d a coisa, lhe pertence todavia e se recipro ca com ela: só do hom em
é pró prio ser geóm etra e, reciprocam ente, um geóm etra n ão pode ser senão um h o
m em {T o p ., I, 5, 102a18-30, P o rfirio , 1?); 2?, o que pertence à coisa sempre e por
si: assim o hom em é, p o r natureza, um anim al não selvagem (P orfirio , 2?); 3?, o
que pertence à coisa não por si, m as através da sua relação com um a ou tra: é, p o r
exem plo, pró p rio d a alm a com andar e do co rpo servi-la; 4?, que pertence sempre
à coisa, m as pela relação com o u tras coisas em que se encontra um a p a rte do mesmo
p róprio ; assim, o pró prio que caracteriza o deus relativam ente ao hom em e ao an i
m al é o fato de ser um im ortal vivo; ou o hom em em relação ao cavalo e ao cão,
é o fato de ser bípede (Porfirio, 2?); 5?, o que pertence à coisa, mas som ente num certo
m om ento, e, p o r conseqüência, em relação a outro s m om entos e a outros indivíduos:
assim , para um homem passear n o G in á s i o ou n a A gora ( P o r f i r i o , 3 ? ; T o p ., V , 1,
128bl 5-21; cf. 24 ss., 35 ss., 37-39; 129a4 ss., 8-16). Se suprim irm os a terceira cias-
P R O P R IO 876
se, que exprime som ente de m odo geral que certos pró prio s não são κ α θ ’α ΰ τ ά (tal
parece ser pelo menos o pensam ento de A ristóteles), apercebem o-nos facilmente do
paralelism o exato desta classificação e da de P orfirio. Resta saber que im portância
tem a distinção em questão. O ra, podem os perguntar-nos com efeito se todos os p ró
prios por si não são na realidade p róprios relativos. É , aliás, o que reconhece A ristó
teles quando define o próprio κ α θ 'α áró com o um a característica que convém à coi
sa em relação a qualquer o u tra (IIIò è ά π α ν τ α ) e a distingue de qualquer outra: as
sim, para o hom em , o ser um m ortal vivo ap to a receber a ciência (128», 34-36). Is
to vale igualm ente para este outro exemplo de pró prio por si: para o homem ser um
anim al não selvagem (17 ss.). Inversam ente, um pró prio p o r relação, com o aquele
que caracteriza a alma ou o corpo encarados em sua relação, exprim e verdadeira
m ente no aristotelism o um a determ inação essencial para um a e p a ra o u tra, porque
a alm a é κ α θ ’ α υ τ ό a fo rm a de um corpo organizado que tem a vida em potência,
e ter a vida em potência é aspirar a receber a fo rm a da alm a. Vemos além disso até
que po nto é flu tuante a distinção estabelecida aqui p o r A ristóteles en tre o pró prio
e a essência (a qüididade, τ ι íji> e iv a i), ou entre o p ró p rio e a definição, opos (cf.
Predicáveis). D o mesmo m odo, um pró prio tam bém não deveria ser u m a diferença
específica: com o é que o fato de ser im ortal pode ser dito pró prio de deus em relação
aos outros viventes, ou a aptidão p a ra receber a ciência p ró p ria d o hom em , se ela
0 distingue dos ou tro s anim ais m ortais? M as a distinção não é m enos incerta entre
0 pró prio e o acidente, σ υ μ β ΐ β η κ ό ^. Seguram ente, se se trata r de u m a relação nor
m al e freqüente (¿s e n τ ο π ο λ ύ κ α ί èv t o Zs π λ ε ΐ σ τ ο ΐ ί ), m as n ão universal nem ab
solutam ente constante (èv ά π α σ ι κ α ί ceei, 129a6 ss.), este pró prio que pertence à
razão que é co m andar o coração o u o apetite pode desaparecer p o r acidente (a,
10-16), e deste m odo o pró prio e o acidente aparecem distintos. M as, por o u tro lado,
o que é pró prio num certo m om ento (τ ο Te) não será um verdadeiro acidente? Será
verdadeiram ente um pró prio p a ra um hom em passear no G inásio ou na A gora, ou
ter cabelos brancos ao envelhecer? M esm o que se encontrem , o que n ão é im possí
vel, melhores exemplos, não deixarão alguns pró prio s de ser ao mesmo tem po aci
dentes. De resto, a palavra σ υ ^ β ΐ ) χ ό τ , que significa acidente, serve tam bém a A ris
tóteles para designar atributos próprios que, se n ã o estão im ediatam ente na essên
cia, dela decorrem pelo m enos necessariam ente e dela podem ser deduzidos, τ α κ α τ ά
σ υ μ ßeßη κ òs l'Sia, ΐ δ ι α π ά θ η (D e A n ., I, 1, 402a, 15). Em resum o, a elaboração d a
noção de p ró p rio é, pois, insuficiente. A ristóteles percebeu, e bem , que ela com por
ta um a grande quantidade de graus. M as um a análise demasiado form al e m uito pouco
ap rofundada não lhe perm itiu determ inar com precisão o núm ero e a hierarq uia des
tes graus, desde as diferenças específicas pro fundas, às quais se ligam características
derivadas cu ja necessidade e, por conseguinte, universalidade e estabilidade vão de
crescendo, até o m ar infinito dos acidentes puram ente individuais, objetos co ntin
gentes da p u ra sensação, determ inados unicam ente por circunstâncias de lugar e de
tem po, e de que podem os dizer com o próprio A ristóteles (An. p o s t., I, 35, inicio)
que eles são TÓôe τ ι κ α ί π ο υ κ α ί ν υ ν . (L . R obín)
877 P R O S P E C T IV O
Sobre “ Prospecção” — E sta palavra designa o pensam ento orientado para a ação,
o pensam ento concreto, sintético, prático, finalista, que en cara o complexo to tal d a
solução sem pre singular a que o desejo ou a vontade se referem , p o r oposição à “ re-
tro specção” ou “ reflexão analítica” , que é um pensam ento dobrado sobre si m es
m o, especulativo ou científico, não desligado, é certo, de aplicações possíveis e de
fecundidade prática, mas que apenas alcança indiretam ente essa utilidade e passa pri-
m eiram ente pelo conhecim ento genérico e estático com o p o r um fim autônom o. Es
ta s duas form as de conhecim ento não se separam nunca com pletam ente u m a da ou
ra e n ão se reduzem tam bém nunca um a à o u tra: harm onizam -se no realism o supe
rio r desta ciência possuid ora ou dessa intuição adquirida a que, p o r oposição ao co
nhecim ento p e r n o tio n em , os escolásticos cham avam p e r con n aturalitatem et unio-
nem . Além disso, a prospecção, ta n to com o a retrospecção, com porta um a atenção,
um a reflexão su i generis e não deve ser confundid a com a espontaneidade ou o im
pulso dos atos diretos. (M . B londet)
P R O S S IL O G IS M O 878
PRO SSILO G ISM O D . P rosyllogis- nar aquilo que se considera como erro ori
m u s; E. P rosyllogism ; F. P rosyllogism e; ginal do qual derivam to das as conse-
I. P rosillogism o. qüências que se ju lg am falsas num a d o u
A . Silogismo cuja conclusão serve de trina. E sta expressão vem de A 2 « è I ó I E
prem issa a um o u tro silogism o. Cf. L e  E è , P rim eiros analíticos, B, 66 b, 18;
m a, P olissilogism o. mas nesta passagem ele a entende simples
B. P or vezes, sinônimo de Polissilogis m ente com o a prem issa falsa que se en
m o*. Este uso, raro aliás, provém de Aris co n tra necessariam ente em todo raciocí
tóteles CPrim. anal., 42b25), que designa nio correto c u ja conclusão é falsa.
assim o que mais tarde se chamou sorite*.
“ P R O T Ó T E S E ” D . P rototh èse; F.
PRO TENSIVO D. P rotensiv, F. Pro-
P ro to th èse.
tensif.
Q ue ocu pa um a duração, que se p ro T erm o pro posto p o r W . O è I ç τ Â á
longa na duração. O uso filosófico desta para designar as hipóteses “ suscetíveis de
palavra tem a sua origem na passagem se verificação no estado atual da ciência”
guinte: “ Glückseligkeit ist die Befriedi p o r oposição às hipóteses inverificáveis
gung aller unserer Neigungen, sowohl ex com os meios de que dispom os. Ver, es
tensive, d er M annigfaltigkeit derselben, pecialm ente, D ie E nergie, § 68.
als: intensive, dem G rade, als auch p r o
C R ÍT IC A
tensiv, der D auer n ac h .” 1 K τ Ç , K rit. I
O peração que leva a inteligência de trária. “ U t potero, explicabo; nec tam en,
um a m aneira indubitável e umversalmen ut Pythius A pollo, certa u t sint et fixa
te convincente (pelo menos de direito) a quae dixero; sed u t hom unculus, proba-
conhecer a verdade de um a proposição bilia conjectura sequens.” CÍCERO, Tus-
antes considerada com o duvidosa. cu l, I, 9 (epígrafe do T ratado d a s sensa
A prova é, em geral, um raciocínio, çõ es de CÃÇá« Â Â τ T ). “ E stas consciên
m as nem sempre: pode consistir num a cias, cuja existência é mais p ro v áv el...”
ap resentação de fa to que afasta a dúvi R e n a n , Fragm ents p h ilo so p h iq u es, p.
da. D aí que esta palavra, num sentido, 1 8 1 .0 advérbio p ro va velm en te tem sem
por assim dizer, m aterial, se aplique tam pre este sentido.
bém a o fa to , ao docum ento, que prova P o r extensão, diz-se das próprias coi
algum a coisa. sas: “ U m acontecim ento provável.”
P o r o u tro lado, a p rova distingue-se, C . (relativam ente). Q ue apresenta tal
pelo seu caráter de verdade, das form as o u tal grau de credibilidade. “ U m erro
é ta n to m enos provável quanto m aior
d o raciocínio hipotético-dedutivo, onde
fo r .” “ O valor a que cham am os m éd ia ”
simplesmente se m ostra que existe um a li
(e que geralm ente designam os p o r erro
gação necessária entre certas premissas e
p ro vá vel) “ é efetivam ente m enos p ro
certas conseqüências, sem n ad a p ro n u n
vável d o que qualquer valor m e n o r.”
ciar assertoricam ente sobre estas. A idéia
C o u r n o t , Théorie d es chances e t d es
de p ro v a pertence à m esm a ordem de no
p ro b a b ilités, cap. III, § 34.
ções lógicas com o as de dúvida, refu ta
D . N o sentido m atem ático, ver P ro
ção e certeza.
b a b ilidade, 2?.
P ro v a c o sm o ló g ic a , o n to ló g ic a , R a d . int.: P ro babl.
físico -teológica. Ver estas palavras.
“ PROVERSIVO” V oltado para o fu
P ro v a pelo ab surdo Ver A b su rd o . tu ro . T erm o genérico que designa, de
R ad. in t.\ Pruv. um a m an eira m ais am pla, aquilo de que
pro sp ectivo assinala somente o aspecto in
PROVÁVEL L. Probabilis (de p ro b a telectual. E sta palav ra, tal com o p ro ver-
ré), que pode significar, quer admissível, sã o , é pro p o sta p o r L e S e n n e , e por ele
quer verossím il, quer estimável; D. A . oposta a retroversivo e retroversão: “ A
Probabel·, B. C. Wahrscheinlich-, E. P ro m oral é p ro versiva . A cada instante so
bable-, F. Probable-, I. P robabile. mos solicitados ou levados por um a ou
A. Que pode ser aprovado (e não p r o o u tra de duas tendências: um a que nos
vado), que nad a tem de absurdo ou de volta p ara aquilo que já é, que prolonga
contrário à auto ridade. É neste sentido o passado no presente, a natureza, para
que os casuistas adm itiam que duas o pi descobrir em que consiste; a outra, pelo
niões contrárias podem ser am bas “ p ro co ntrário, nos faz virar as costas ao pas
váveis” . Este sentido caiu em desuso. sado p ara nos encam inharm os para o fu
B. (absolutam ente). Verossímil, que tu ro ainda indeterm inado, a fim de o as
merece mais crédito do que a opinião con- sinalar com a chancela do ideal e de o de-
term inar através da m ediação deste. A o relativam ente a Deus um a lei que jam ais
prim eiro m om ento é cóm odo aplicar o se dispensa.” Mτ Â E ζ 2 τ ÇT7 E , M e d ita
nome de retroversão; ao segundo, o de çõ es cristãs, VII m ed., § 17.
p ro v e rsã o .” T raité de m orale genérale, B. “ A Pro vidência” : Deus enquanto
introdução. exerce o poder providencial acim a de
finido.
PRO V ID E N C IA G . w çó vo ia (Eè I ë R ad. int.: Providenc.
TÃè ); D. Vorsehung ; E . Providence', F.
Providence·, I. P ro vvid en za . 1. P R Ó X IM O (adj.) D. N ächst; E.
A . Ação que Deus exerce sobre o N ext; F. Prochain; I. P rossim o.
m undo enquanto vontade que conduz os O que está mais perto . É sobretudo
acontecim entos p a ra os seus fins. Se se utilizado n a expressão gên ero p ró x im o :
considerar que a organização perm anen o m ais fraco, em extensão, dos que com
te das coisas, o estabelecimento de leis fi preendem um a espécie dada.
xas cujos efeitos benfazejos foram p re P o d er pró x im o , term o sobre a defini
vistos, e em virtude dos quais essas leis ção do qual trata a Prim eira provin cial de
foram escolhidas, essa ação é designada P τ è Tτ Â ; tem , segundo ele, dois sentidos
p ro vid ên cia geral·, a intervenção pessoal, diferentes e inconciliáveis, de tal m odo que
o u , pelo m enos, análoga a de um a pes aqueles que o admitem estão de acordo
soa, no curso dos acontecim entos suces apenas quanto a um a palavra; 1?, ter o po
sivos, é d ita p ro vid ên cia particu lar. “ A der próxim o de fazer algum a coisa “ é ter
providência de Deus consiste principal tudo o que é necessário para o fazer, de tal
m ente em duas coisas. A prim eira... em m odo que nada falta para ag ir” ; 2?, ter o
ter com eçado, ao criar o m undo e tudo poder próxim o para fazer alguma coisa “ é
estar por si próprio em condições de o fa
o que ele contém , a m over a m atéria de
zer, mesmo que falte algum a coisa para
m aneira que há o menos possível de de
agir” ; p. ex.: “ Um hom em de noite, sem
sordem n a natureza, e n a com binação da
nenhum a luz, tem o poder próxim o de
natureza com a graça. A segunda, em que
ver... se não fo r cego.” E. H avet, pp. 8-9.
Deus rem edia através de milagres as de
sordens que acontecem em conseqüência 2. P RÓ X IM O (subst.) G. IlXi/mos; L.
da sim plicidade das leis n atu rais, desde P roxim us; D. (Der) N ä ch ste ; E . Neigh-
que a ordem o exija; porq ue a ordem é b o u r ; F. Prochain; I. (II) p ro ssim o .
Sobre Psicofísico — Esta palavra, enquanto adjetivo, foi já usada por Ch. BÃÇ
ÇE I(Príncipes philosophiques, 1754): “ ... as relações que existem entre as flores e a
constituição psicofísica das abelhas” . (Éd. Claparêde)
88S P S IC O L O G IA
P sicognosia foi já utilizada por A O - Ver P sicografia. Este term o tam bém
ú E para designar a psicologia critica
è2 se aplica ao gráfico construído segundo
(M etodologia, Ideogenia); mas este uso o processo do “ perfil psicológico” ; ver
parece não ter deixado nenhum rastro. Perfil.
R a d . i n t . : Psikognosi, psikotekni. “ Psicograma profissional” , expressão
proposta por Éd. C Â τ ú τ 2 è á E (L ’orien
PSIC O G R A FIA D. Psychographie;
tation profession n elle, 1922) para tra d u
E. P sychography, F. Psychographie-, I.
zir o que os alemães cham aram Berufs-
Psicografia.
psychographie, os psicólogos de língua in
A . Descrição dos fatos psíquicos.
glesa O ccupational psych ograph s, Job
“ A ntes de pensar em explicar um fenô
analysis (exprimindo “ gráfico” o valor
meno intelectual, é preciso dar em primei
respectivo das diversas aptidões exigidas
ro lugar um a idéia clara deste fenôm eno
por um a profissão).
e das diferentes circunstâncias que apre
senta. Foi o que fez A m père para as di PSIC Ó ID E D. Psychoid-, F. P sy
ferentes espécies de idéias, acrescentan ch o id.
do para cada um a as investigações ideo- N om e dad o pelo biólogo alemão
gênicas às determ inações psicográficas.” H ans D 2 « E è T7 ao fato r que, segundo o
Relatório de um a aula de Ampère, por ele seu sistema neovitalista, governaria o
mesmo publicado como intro dução ao crescimento e a adaptação dos organis
E s s a i s u r l a p h i l o s o p h i e d e s S c i e n c e s , p. mos (Die S e e k ais elem entarer N atu rfak-
LVI. N o quadro das ciências zoológicas to r12, 1903).
anexo a esta obra, a psicografia é a pri
m eira divisão da psicologia, correspon “ P S IC O L E P S IA ” N om e dad o por
dendo ao p onto de vista autóptico*. Pierre J τ ÇE I às quebras d e tensão psico
B. Descrição psicológica de um indi lógica, particularm ente (mas não exclu
víduo; arte de proceder a essa descrição sivamente) q u ando se produzem sob a
(O è I ç τ Â á , P sych ograph isce Studien, fo rm a de crises rápidas, de depressão
A n n . d er N atu rph ilosoph ie, 1907-1908; brusca. L e s obsessions e t la psychasténie,
W . Bτ τ á E e SI E 2 Ç , Ü ber A ufgabe und I, 501; L es névroses, p. 365.
Ánlage der Psychographie, Z. f ü r Angew . R ad. int.: P sik o lep si.
P sych .1, III, 1909). A descrição resultan
“ P SIC O L E X IA ” T e rm o p ro p o sto
te de um a psicografia, a enum eração de
p o r É d . C Â τ ú τ 2 è á E p a r a d esig n ar o es
tod o s os caracteres psíquicos de um indi
víduo, é designada pelos mesmos autores tu d o q u alitativ o e descritivo dos fen ô m e
n o s p síq uicos (p o r o p o sição a Psicom e-
psicogram a.
tria*).
R ad. int.: Psikografi.
1. S o b re o p a p e l e o c a rá te r d a p sic o g rafia, R e
vista de psicologia aplicada. 2. A alm a enq u a n to fa to r natural elementar.
Sobre Psicologia — Parece-m e que seria bom reto m ar, transform ando-a, a g ran
de divisão de W o lff e dizer que a psicologia tem , com efeito, duas partes bem distin
tas: 1?, o estudo direto, pela consciência, ou mesmo indireto, pela observação de
signos exteriores, de todos os fenômenos afetivos ou sensitivos, a m em ória e a asso
ciação, consideradas fora de qualquer intervenção do eu; 2?, o estudo, não da alma-
P S IC O L O G IA 886
De um a m an eira geral, pode-se defi pro var o seu valor. O exercício sistem á
nir a psicologia com o a ciência da alm a tico desta faculdade cham a-se p sicologia
ou do espírito. M as esta definição é p ou reflexiva ou p sico lo g ia crítica.
co satisfatória, prim eiro porq u e espírito D. Q uando a observação do espírito
se to m a em m uitos sentidos; em seguida p o r si pró prio tem p o r objeto descobrir,
porque certos psicólogos contemporâneos p ara além dos fenôm enos, um a realida
se aplicaram em elim inar dos seus estu de substancial e perm anente de que estes
dos n ão só a noção de alm a, mas mesmo são apenas m anifestação, ela constitui a
tam bém a de espírito consciente de si pró psico lo g ia on tológica, ou ainda a p s ic o
prio. Na realidade, a palavra psicologia logia racional (no sentido em que WÃÂ EE
reúne vários estudos diferentes que devem e Kτ ÇI tom avam o term o). M as esta úl
ser definidos separadam ente. tim a expressão foi tam bém utilizada por
1?: E nquanto ciência: Renouvier num sentido totalm ente dife
A . Os seres vivos, em particular os rente, m uito próxim o do que acim a cha
animais superiores e o hom em , têm um a mamos psicologia reflexiva. (Essais de cri
certa m aneira de se com portar, de reagir tique genérale, II, Psicologia racional,
às impressões que recebem e de m odifi cap. I, onde m enciona e afasta o sentido
car estas reações com a experiência (D. tradicional deste term o.)
Verhalten ; E. Behaviour ): a psicologia de 2?: P o r vezes, no sen tido concreto:
reação é o estudo deste “ com portam en E. O conjunto dos estados e das dis
to ” , de tu d o o que ultrapassa as funções posições psíquicas de um ser ou de um a
regulares e relativam ente fixas que o fi- classe de seres. “ A psicologia de um a r
siologista estuda. tista, de um hom em político .”
B. C ada pessoa tem consciência de Com parar, num sentido análogo, ana
certas idéias, emoções, afecções, tendên tom ia, fisiologia.
cias e ações que considera constituir a ela
m esm a e representa as o u tras com o ten CRÍTICA
do um a consciência sem elhante: a p sic o A palavra Psicologia data do século
logia d a consciência ou d e sim p a tia tem X VI. (Ver A . L τ Â τ Çá E , introdução ao
po r ob jeto o estudo destes fatos, a sua Traité d e psych ologie d e G. D Z Oτ è ÃZ
descrição, a sua classificação e a busca de N ouveau traité publicado sob a direção do
regularidades em píricas que eles podem mesmo au tor, 1.1 .) M as só se tom ou usual
m anifestar. no século X V III, com a Psychologia em
C. Os pensam entos (tan to os que pírica e a Psychologia rationalis de WÃÂ EE
constituem o m undo exterior como os que (1732-1734). A sua grande difusão na Fran
se relacionam com o eu) podem ser o o b ça é devida a M aine de Biran e à Escola
jeto de u m a reflexão crítica, pela qual se eclética que dela fez um a das quatro divi
propõe determ inar as suas características sões principais do seu ensino. Ver particu
verdadeiras (por oposição àquelas que a larm ente J ÃZ EE 2 Ãà , D a organização das
prática e o hábito tornam desde logo apa ciências filo só fic a s, D a distinção da p s i
rentes), descobrir as suas condições e li cologia e da fisio lo g ia , D a ciência p sic o
gações necessárias e, por conseqüência, lógica, etc... recolhidos nas M élanges e
substância, m as da alm a tal com o Descartes parece entendê-la nas suas Cartas à prin
cesa Elisabeth, d o pensam ento pro priam ente dito, do eu; ou (porque é a m esm a coi
sa, a m eu ver) do que a escola de Cousin cham ava a “ ra zão ” . E sta divisão, a verda
deira segundo me parece, está já em C on hecim en to d e D eu s e d e si p ró p rio de Bos
suet, sob os nom es de operações sensitivas e operações intelectuais. (J . Lachelier)
887 P S IC O L O G IA F IS IO L O G IC A , P S IC O F IS IO L O G IA
ma a Crítica das expressões prim eiro * p si rân ea” , R evu e de m éta p h ysiq u e , 1906,
cologicam ente, p rim eiro logicam en te ; e pp. 319-320. Ver igualm ente Ed. H us-
p sicotogism o, adiante. èE2 Â , Logischen Untersuchungen, t. I
R ad. int.: Psikologial. (1900).
PSICO LO G ISM O D. Psychologis- C R ÍT IC A
mus\ E. Psychologism; F. Psychologisme; Tal como muitos nomes análogos, p si
I. P sicotogism o. cologism o emprega-se apenas para desa
Tendência para fazer predom inar o provar ou evitar um a atitude à qual al
“ ponto de vista psicológico” , num dos guém se opõe; ninguém a aceita para de
sentidos acim a definidos, sobre o ponto signar a sua própria doutrina. S « ; ç τ 2 , I
de vista específico de qualquer outro es por exem plo, recusa aceitar para a sua
tudo (particularmente da teoria do conhe concepção da lógica a qualificação de p si
cimento ou da lógica). “ O psicologismo cologism o (L o g ik , 4? ed., I, 25). A inda
é a pretensão da psicologia em absorver que m uito comum nas discussões alemãs
a filosofia ou pelo m enos em servir-lhe contem porâneas, tem um a extensão bas
de fundam ento... A psicologia tornou-se tan te m al definida. E « è Â 2 , que lhe con
E
Sobre Psíquico (2) — Este term o é b árb aro e de sonoridade desagradável. P aul
Janet criticava-o m uito energicamente e fazia n otar com razão que se designa m uito
bem os fenôm enos pelo adjetivo tirad o do nom e da ciência que deles se ocupa: não
se diz fenôm enos geicos, m as sim geológicos, nem fatos ástricos m as astronôm icos
e assim por diante. A distinção é, p o rtan to , inútil. (F. A b a u zit ) A escola de Cousin
sempre recuou diante de p síq u ico e contentou-se com p sico ló g ico , tão admissível,
mesmo no sentido m ais extenso, qu an to fisiológico. M as p síq u ic o persistiu; está h o
je consagrado pelo uso. Basta, p o rta n to , seguir a distinção m uito ju sta acim a indica
da. ( /. Lachelier)
893 PURO
A palavra tom a-se a m aior parte das 2 ° : Ciencias consideradas sem relação
vezes no m au sentido. Existe todavia um com as suas aplicações. “ M athem aticae
psitacism o legitim o e m esm o necessário. purae, m athem aticae m ixtá e.” Bτ TÃÇ ,
C f. S u rd o , e ver a o bra de M . DZ ; τ è , O D e dign. et augm entis, liv. III, cap. VI.
psita cism o e o p en sam en to sim bólico (es 3?: De um a faculdade do espírito en
pecialm ente o prefácio). quanto não depende de o u tra faculdade.
R ad. int.: Psitacism . “ E sta particular contenção do espirito
m ostra evidentemente a diferença que
P U R G A Ç Ã O DAS P A IX Õ E S T ra existe en tre a im aginação e a intelecção
dução consagrada do G. κ ά θ α ρ σ ή τ ω ν ou concepção p u ra .” D E S C A R T E S , M e-
■ πα θ η μ ά τ ω ν , A R I S T Ó T E L E S , P o é tic a , d it., V I, 2. “ P o r esta expressão, enten
1449b27-28, etc. “ A lei d a pu rgação das dimento pu ro , pretendemos designar ape
p aixões..., indicada por A ristóteles, é nas a faculdade que o espírito tem de co
urna das descobertas mais pro fundas que nhecer os objetos de fo ra sem deles fo r
lhe devemos e m erece ser objeto de an á m ar imagens corporais no cerebro p ara
lise pelos m odernos. Consiste, em sum a, os representar p a ra si.” Mτ Â E ζ 2 τ ÇT7 E ,
neste fato geral de a paixão ser, por as Recherche d e la verité, livro III: “ D o en
sim dizer, im aginada, dissim ulada, ‘im i tendim ento ou do espirito p u ro ” , cap. I.
ta d a ’, com o dizia A ristóteles, ‘no estado B. Kτ ÇI d á prim eiram ente a esta p a
desinteressado’, com o nós dizem os..., lavra o sentido geral; depois restringe-a
tem a virtude de purgar a paixão; e en àquilo que não depende da experiência.
tendo a palavra pu rg a r no duplo sentido “ Es heisst jed e Erkenntnis rein d ie m it
que ela permite: purificação dos elemen nichts Frem dartiges vermischt ist. Beson
tos passionais que não são m au s...; eva ders aber w ird eine Erkenntnis schlech
thin rein gen annt, in die sich überhaupt
cuação da parte pecam inosa das afecções
keine Erfah ru ng oder E m pfindung ein
ou do seu exercício.” RE ÇÃZ â« E 2 , Scien
m ischt, welche m ithin völlig a p rio r i m ö
ce d e la m orale, livro III, cap. X LI.
glich ist .” 1K rit. der reinen Vern., Ein
PU R O D. A . B, C. Rein\ D . Bloss; leit., § V II. “ Ich nenne alle V orstellun
E. Pure; F. Pur; I. P uro. gen rein, im transcendentalem Verstände,
P a ra a história desta palavra, ver Eu- in denen nichts was zur E m pfin dung ge
C K E N , Geistige Ström ungen, B, 1. Termo hört, angetroffen ist .” 2 Krit. der reinen
m uito usado em filosofia, particularm en Vernunft, Transe. Esth., § 1. Existe assim:
te depois da Renascença. 1?, um a intuição pura do tem po e do es
A. Que não contém em si nada de es paço, dos conceitos puros do entendimen
tranho. ‘‘Corpo quimicamente puro. Cul to , das Idéias da Razão p ura; 2 ? ,p rin ci
tu ra p u ra .” Diz-se em particular: p io s puro s, que se reportam , é verdade, 2 1
1? : Do prazer a que não está associa
da a d o r. “ 'Η δ ο ν α 'ι α μ ί χ τ α ι , χ α θ α - 1. “ C h am a-se p u r o a to d o co n h ecim en to que
n ã o e stá m istu ra d o co m n a d a d e es tra n h o . M as diz-
ρ α ί ” , P Â τ I 7Ã , FUebo, 50E-52 c. BE Ç - se em p a rtic u la r d e u m c o n h ecim en to q u e é a b s o lu
I7 τ O (Principies o f M o rá is a n d L egisla ta m e n te p u ro q u a n d o nele n ã o se m istu ra nen h u m a
tio n , I, cap. 4) define d o m esm o m odo ex periencia ou se n saçã o e, p o r co n seq u ên cia, ele é
possível in teira m e n te a p río r i."
a p u reza do prazer ou da d o r das quais
2. “ C h a m o p u r a , n o se n tid o tra n sc e n d e n ta l, a
faz um dos pontos a considerar no seu q u a lq u e r re p re se n ta ç ã o n a q u a l n ã o se e n c o n tre n a
cálculo utilitário. d a d a q u ilo q u e p e rte n c e à ex p e riê n c ia ."
tu do o que po de ser afirm ado de um sujeito, ela contém quantidade e relação; mas
é preciso colocar então ao lado d a qu alidade-qu antidade e da qualidade-relação um a
qu alidade p u ra m en te q u alitativa que está relativam ente a estas com o um a espécie
relativam ente a outras espécies. Distinguimos claram ente a variação quantitativa (de
um centím etro quadrado de azul para dois centím etros quadrados do mesmo azul)
e a variação qualitativa (de um centím etro q uadrado de índigo p a ra um centím etro
quadrado de azul turquesa). Cf. o artigo Q u a n tita tivo , acrescentado sob pro posta
e segundo a redação de G. D w elshauvers.
897 Q U A L ID A D E
presentação (que é por natureza múltipla) tido, bem entendido, senão um pelo outro;
num a intuição (Krit. der reinen Vernunft, de onde se segue que um só é o que é, sob
A 79: B 105). D o ponto de vista da fo r todos os aspectos de qualidade, relativa
m a lógica do juízo, a qualidade é para ele mente ao outro, e que eles podem, em prin
um dos q u atro “ títu lo s” sob os quais es cípio, trocar os seus papéis, não alterando
tes se dispõem: ela compreende, além dos esta m udança essa oposição. É tom ando
juízos afirm ativos e negativos, os juízos sob estas reservas os termos opostos da
indefinidos o u lim itativos ( unendliche, qualidade que chamaremos a um po sitivo ,
beschränkende Urtheile. Ver L im itativo). ao outro negativo; a sua síntese será o D e
A estas três form as correspondem , sob o terminado, quer dizer, a relação entre o p o
m esm o títu lo, n o q uadro das categorias, sitivo e o n e g a t i v o E n s a i o so b re o s ele
as idéias de realidade, de negação e de li m entos principais da representação.
mitação. CRealität, N egation, Lim itation.)
E sta correspondencia é a origem das Qualidades primeiras ou primárias (da
A n tecipações* da percepção, assentando m atéria) D . E rste Qualitäten; E. P rim ary
sobre o fato de que a qualidade da sen qualities; F. Qualités prem ieres ou prim ai-
sação é sempre puram ente em pírica (d ie res; I. Q ualita prim arle. Elas opõem-se às
Q u alität d er E m p fin d u n g ist je d e rze it qualidades segun das ou secundárias. (D.
b lo ss em pirisch), m as que se pode to d a sekundäre; E . secondary; F. secon des ou
via afirm ar a p rio r i que esta qualidade secondaires; I. secon darie.)
tem um a grandeza intensiva, quer dizer, E stas expressões, aplicadas pelos es
um grau, e que pode variar apenas de colásticos à distinção das quatro qualida
um a m aneira contínua. K rit. d er reinen des fundam entais (o quente, o frio , o se
Vern., A 166; B 207 ss. co e o úm ido) e das que delas derivam ,
A definição da própria qualidade con foram transpostas por B Ã à Â para a dis
E
creta, que fica de fora da análise de Kant, tinção das propriedades geom étricas ou
foi retom ada por H τ OE Â « Ç , que a expõe mecânicas dos corpos e das propriedades
assim: “ [A qualidade é] sempre constituí sensíveis que, do ponto de vista cartesia
da pela oposição de dois contrários... no, se reduziam a estas (ver E Z T 3 Ç , E
Dois contrários qualitativos não têm sen Phil. Term ., 94 e 196). Este sentido foi
Sobre Q ualidades prim eiras ou prim árias — M en tré assinala um emprego parti
cular desta expressão pelos físicos, particularm ente por Pierre DZ 7 E O , de quem ci
ta o texto seguinte: “ Considerando um a propriedade como prim eira e elem entar, não
pretendem os de m odo algum afirm ar que esta qualidade é p o r natureza simples e
indecom ponível; nós proclam arem os apenas um a verdade de fato : declararem os que
todos os nossos esforços para reduzir esta qualid ad e a outras falh aram , que nos é
impossível decom pô-la.” L a th éorie p h ysiq u e, p. 201.
Vários correspondentes pensam que é im portante n o ta r aqui que a distinção re
presen tad a pelos term os qu alidades prim eiras, qu alidades segundas d ata da A ntigui
dade, ainda que aí n ão se encontrem term os técnicos análogos: D em ócrito foi o pri
m eiro a dizer que a cor e as outras qualidades sensíveis eram vóftui, e apenas os á to
mos e o vazio, èrírj.
Q U A L IF IC A Ç Ã O 898
Q ualidades prim eiras deviam ser: 1? qualidades independentes das nossas sensa
ções; 2? qualidades que dariam conta de todas as outras. M as nen hum a destas con
dições é preenchida. O azul pode correspon der a certas vibrações do éter, mas não
se resolve em vibrações, é tã o prim eiro no seu gênero como o m ovim ento. P o r outro
lado, o que é verdadeiram ente em si e f o r a de n ó s l Descartes responde: “ A exten
sã o .” E isto é verdadeiro no sentido em que ele n ão nos afeta e não é senão um obje
to para o nosso entendim ento; mas estará ele bem certo de que ela subsiste p o r si
própria e é diferente de um abstrato da cor do qual é, de fato , inseparável? Leibniz
responde: “ A força” , com mais razão talvez, porq ue um a resistência oposta ao nos
so esforço é real e fisicam ente exterior a este esforço, ainda que apenas se conceba
na sua relação com ele. (J. Lachelier)
Ver sobre esta últim a questão e sobre os postulados im plícitos que ela contém
o artigo E xterior e o artigo N ó s. P o r o u tro lado, n ã o creio que se possa ter com o
certo que a extensão seja inseparável da cor, e seja u m a sua abstração. P o r m ais que
se queira invocar sobre este ponto um a evidência introspectiva, a extensão parece-
m e um a noção essencialm ente táctil e m otora; e é-o com certeza p a ra os cegos. Ver
V « Â Â à , O m u n do d o s cegos, particularm ente cap. X . (A . L .)
E
899 QUALQUER
a expressão “ crime qualificado” e n o ta que ela se em prega falando dos crimes g ra
ves, mas não indica o sentido literal. A A cadem ia tam bém não explica, m as menciona-a
logo após a expressão: “ as pessoas m ais qualificadas” no sentido de: “ as pessoas
mais consideradas” . Dτ 2 OE è I E I E 2 , H τ I UE E Â á e T 7 ÃOτ è citam “ ro u b o qualifica
d o ” e definem -no “ aquele que reúne todas as condições que, segundo a lei, consti
tuem o ro u b o ” . N ão pudem os encontrar esta expressão no C ode; M . W inter escreve-
nos que tam bém procuro u sem sucesso, m as que a expressão “ ro u b o qualificado”
é m uito freqüente na ju rispru dên cia; por exem plo, no R ép erto ire d u d ro it fra n ça is
de Cτ 2 ú E ÇI « E 2 e F. áZ Sτ « ÇI (vol. 36, p. 1.255, a rt. 449; Vo vol.), a seção III
intitula-se: “ Roubos qualificados de crim es.” A í se lê: “ Os roubos são p o rtanto q u a
lificados em função d a qualidad e do seu a u to r, do tem po em que fo ram com etidos,
do lugar em que foram perpetrados, enfim , das circunstâncias que acom panharam
a sua execução” (C7 τ Z âE τ Z e H 8Â « E ). P o r exemplo: roubos qualificados em função
da qualidade do agente: os ro ubos com etidos pelas dom ésticas, hoteleiros, etc.; em
função do tem po em que são com etidos roubos executados à noite; em função do
lugar: os que são com etidos nas casas habitadas, na via pública, etc.; em função das
circunstâncias d a sua execução: aqueles que são com etidos por várias pessoas; com
escalada, com chaves falsas, etc. M . W inter crê que o adjetivo qu a lifica d o se em pre
ga no sentido atrás citado (pelo m enos pelos jurisconsultos) apenas agregado à p ala
vra rou bo. Ter-se-ia estendido d ai, por um falso sentido, às expressões “ crime quali
ficado” , “ m entira qualificada” ? O u teria havido d o is empregos d a palav ra, origi
nalm ente distintos, em que o segundo teria vindo, p o r analogia, d o s outros em pre
gos da palavra onde m arca a excelência ou a im portância daquilo que se trata? {A. L .)
Sobre Q ualquer — Pode-se ler num artigo de Ed m ond GÃζ Â ÃI (“ Sobre a indu
ção em m atem áticas” , R e vu ep h ilo so p h iq u e, jan eiro de 1911, p. 65) a seguinte a n e
dota que m ostra bem este duplo sentido d a palavra qualquer. “ O hábito de não perder
Q U A N T ID A D E 900
jam ais de vista esta distinção (entre os elem entos gerais das figuras, postos p o r hipó
tese, e os elem entos próprio s a tal figura individual desenhada no q uadro e sobre
a qual se raciociona) é um a parte da educação m atem ática. Lem bro-m e do meu es
p an to q uando, aluno d o 4? an o , um dia o meu professor me disse: ‘O triângulo que
você está desenhando no q uadro não é um qualquer, é isósceles.’ Eu respondi-lhe:
‘U m triângulo qualquer ta n to pode ser isósceles com o não isósceles.’ O professor
zangou-se, m as estava errado; devia ter-m e dito: ‘É im prudente associar no seu espí
rito a propriedade que quer dem onstrar com a im agem de um triângulo isósceles,
porque ela poderia n ão lhe ocorrer ao espírito quan d o dela tiver necessidade a pro
pósito de um outro triân g u lo .’ ”
Sobre Q uantidade — N o sen tid o lógico. A ntes de m ais nada, seria necessário dis
tinguir na quantidade lógica dois casos profundam ente diferentes: 1? aquele em que
o sujeito representa seres individuais cujo predicado é afirm ado diretam ente, tal co
m o “ esta árvore” , “ certas árvores” , “ to das as árvores da flo resta” ; 2? o caso em
que o sujeito representa um a natureza ou essência com a qual o predicado é colocado
901 Q U A N T ID A D E
1. N ã o , certam en te, q u e o p red icad o se ja alg u m a vez a firm a d o d e u m a essência c o n sid erad a em si mes-
m a; n ào é o hom em em si q u e é m o rta l, e n ão existe h o m em em si; m as é-o de u m a essência e n q u a n to esta
se realiza num q u a lq u e r in d iv íd u o d a espécie que eia c o n stitu i, ou, m elh o r a in d a , desse in d iv íd u o e n q u a n to
realiza essa essência, É este indivíduo qualquer q ue rep re sen ta p ro p ria m e n te o sin g u lar o m n is (to d o hom em )
e tam b ém o sin g u lar aliquis (alg um h o m em ), q u a n d o se tr a ta n ã o de u m a inclusão n ecessá ria, m as d e u m a
nâo-exclusão o u d e u m a co incidên cia possív el. (N o ta de J. Lachelier)
Q U A N T IF IC A Ç Ã O D O P R E D IC A D O 90 2
portanto, aquilo a que Boyle e Locke cha espécies de juízos: singulares, p articula
m avam “ qualidades prim eiras” . “ O pri res, universais, às quais correspondem
meiro resultado da nova ciência (cartesia respectivam ente os conceitos de unidade,
na) foi o de co rta r o real em duas m eta de p lu ra lid a d e e de totalidade', o núm ero
des, qu a n tid a d e e qu alidade, das quais é considerado p or ele o ra com o u m a das
um a foi entregue aos corpos e a o u tra às form as d a totalid ade (K rit. d er reinen
alm as. O s antigos não tinham levantado Vern., B 111), o ra com o o esquem a da
sem elhantes barreiras nem en tre a quali quantidade em geral. (Ib id ., A 142; B
dade e a quantidade, nem en tre a alma 182.)
e o co rp o ... Nem o corpo se definia en 2. D o ponto de vista m atem ático, não
tão pela extensão geom étrica, nem a al existe diferença rigorosam ente estabele
m a pela consciência.” BE 2 ; è ÃÇ , L ’évo- cida no uso entre grandeza e quantidade,
lution créatrice, p. 378. Ver M ecânica, exceto em algum as expressões consagra
particularm ente C, D e Crítica. das, tais com o qu a n tid a d es negativas,
quantidades imaginárias. F o ra destas ex
NOTAS pressões, é em geral a eufonía que decide
1. Do p onto de vista lógico, é clássi (ver as observações sobre G randeza).
co considerar os singulares determ inados C ontudo, a diferença indicada por Cour-
com o universais; há, neste caso, apenas not no texto citado m ais acim a tende a
duas quantidades (A, E; I, 0). M as isso estabelecer-se. Foi aprovada por CÃZ I Z -
2 τ I , D τ 2 ζ ÃZ 7 e Lτ T7 E Â « E 2 (ibid.).
é identificar o indivíduo com a classe de
que é o único m em bro (classe singular, Sobre a questão de saber se existem
elem ento) e os lógicos m odernos m ostra quantidades com as quais n ão se pode fa
ram que havia interesse em distinguir en zer corresponder números, cf. Intensidade.
tre eles. Ver nom eadam ente P τ áÃτ , L a Rad. int.: Q uantes.
logique déd u ctive, § 44. QUA NTIFICAÇÃO D O PRED ICA
Kτ ÇI , na sua tábua das Categorias, D O D. Q u a lifik a tio n d es P rädikats ; E.
assimila os sentidos A e B, adm itindo três
núm eros puros, aos núm eros que designam coleções de objetos individuais, a denom i
nação de quantidades, qualificando-as de quantidades discretas ou descontínuas’.' Deve,
segundo ele, chamar-se-lhes quotidades*. Ibid. M as este em prego das palavras, ainda
que, com efeito, mais conform e à etim ologia, não prevaleceu. Encontrarem os um a ra
zão para isso no texto de L. C ou tu rat citado mais à frente no artigo q u otidade. As
expressões qu antidades contínuas, qu antidades descon tín uas continuam a ser m uito
usuais. Q uando se diz que a quantidade é um a categoria, ela é entendida então no
sentido lógico e no sentido m atem ático lato, com o o fazia Kτ ÇI . (A. L.)
N o sen tid o m etafísico. O parágrafo C foi acrescentado a p artir d a proposta e das
indicações de Victor D elb o s e de L. Brunschvicg.
A divisão d e K ant acim a referida não é hom ogênea. A particularidade e a univer
salidade dos juízos dizem respeito à relação d o predicado com o sujeito; o m esm o não
acontece com a singularidade e a pluralidade. Ver Particular, texto e observações.
Sobre Q uantificação d o predicado — Creio que seria necessário resolver a questão
com u m a negativa ab soluta e dizer que um predicado n unca tem nenhum a espécie de
quantidade porque não representa nem um a coisa, nem um a classe de coisas, m as sem
pre, e somente, um a maneira d e ser, que n ão é em si m esm a senão qualidade pura,
idealidade pura. (J. Lachelier)
903 QUANTUM
Quantification o f the predícate·, F. Quan- são tom ados por obrigação umversalmen
tiflcation du p rédicaf, I. Q uantificazione te, e os das afirm ativas particularm ente.
d ei p red ica to . R a d . in t.: Q uantifik.
Reform a lógica p ro posta por H τ O« Â
I ÃÇ : consiste em enunciar expressam en Q U A N T IF IC A R D . Q uantifizieren;
E . T o q u a n tify, F . Q uantifier, I. Q uan
te nas proposições a quantidade d o pre
tificar e.
dicado, de m aneira a poder tran sfo rm ar
a cópula irreversível num a cópula simé A tribuir um a quantidade a um term o.
R a d . in t.: Q uantifik.
trica. Assim, ele distingue as proposições
em to to -totais*, toto-parciais, parci- QUA N TITA TIV O D . Quantitativ, E.
parciais* e parci-totais*. Quantitative-, F . Q u a n tita tif, I. Q uanti
NOTA ta tivo .
A . Q ue diz respeito à quantidade.
O predicado tam bém é quan tificado B. Q ue apenas tem em conta a quan
pela lógica clássica, mas: 1° a m ín im a, tidade (e n ã o a qualidade). “ H edonism o
quer dizer, sem excluir um a quantidade q u an titativ o .”
m aior do que aquela sobre a qual se tem R a d . int.: Q uantesal.
direito de co ntar d o ponto de vista for
m al; 2? im plicitam ente, quer dizer, sem Q U A N TU M Term o latino freqüente-
enunciar a quantidade através de um de m ente utilizado ta l e qual n a linguagem
term inante expresso: fica entendido que filosófica.
os predicados das proposições negativas A . P a ra designar certa quantidade fi-
n ita e determ inada. “ Das Q uantum der qualquer convenção, nem da parte daque
Substanz w ird in der N a tu r weder ver le que se obriga, nem da parte daquele em
m ehrt noch verm indert .” 1K τ Ç , Crítica I relação ao qual se é o b rigado” . C o d e ci
d a razão p u ra , B 224, desenvolvendo a vil, 1370. Ele resulta de um ato volu ntá
fó rm ula de B τ T Ã Ç : “ Q uantu m naturae rio do hom em , por exemplo, ao gerir be
nec m in uitu r nec au g e tu r.” D e dig n it., nevolam ente os negócios de alguém na
III, I, § 5. sua ausência e ao assum ir deste m odo o
B. P a ra qualificar o que é suscetível com prom isso tácito de continuar a ges
de quantidade no sentido B. Kτ ÇI cha tão com eçada até que o proprietário pos
m a ao tem po e ao espaço os dois quanta sa fazê-lo novam ente, e, reciprocamente,
originários da nossa intuição, “ die zwei o proprietário cujos negócios foram bem
ursprünglichen Q uanta aller unserer Ans adm inistrados, mesmo sem ele saber, de
chauung” . K rit. d er reinen Vern., A nti ve cum prir os compromissos que o geren
nomie, § 1, A 411; B 438. te contraiu em seu nom e e reem bolsá-lo
C. “ Q u a n ta ” . A m aior parte dos fí de to d as as despesas úteis. (Ib id
sicos contem porâneos consideram que a 1371-1375.)
energia varia nos fenômenos de um a m a Léon B Ã Z 2 ; Ã « è
E generalizou este
neira descontínua, sendo as unidades des conceito propondo substituí-lo pelo de
sa variação designadas por quanta. H. C o n tra to na idéia de laço social. (La s o
P Ã « ÇT τ 2 é , “ A hipótese dos q u a n ta ” , lidante', 1896. Cf. C h. A Ç á Â 2 , “ Do
E
constante universal, d ita “ constante de P lan ck ” . E sta noção ainda é obscura. P ara
evitar certas dificuldades de ordem lógica e experim ental, P lanck pôs-se a questão
se não se poderia ab a n d o n ar a hipótese de um a ab sorção descontínua da energia,
m anifestando-se a descontinuidade apenas n a em issão. O “ q u an tu m ” poderia en tão
ser considerado como um pacote clássico de ondas concêntricas, em itidas pela fonte
sendo um a simples consequência de um a disposição e s t r u t u r a l dos elementos do á to
m o nas suas relações com a energia radiante. Einstein, pelo contrário, concebe os
quanta com o grãos de energia lançados pela fonte em to das as direções: pacotes de
ondas m uito cu rtas e m uito estreitas, isoladas um as das outras à m an eira dos feixes
lum inosos dos projetores. Certos fatos não podem com preender-se senão desse m o
do. Tenta-se ham onizar as duas concepções. (A . R ey) Cf. Á to m o .
905 Q U IE T IS M O
pede a alguém p ara a com pletar no pri bre o valor dos questionários em psico
m eiro caso, afirm á-la ou negá-la no se logia” , Journal d e P sych ., 1904, 1.
gundo caso.
NOTA
Ignorância da questão Ver Ignorân N ão se deve co nfundir o m étodo dos
c ia * d o assunto. questionários assim definido com o m é
Q uestão m al posta (Sofism a da) to do da introspecção experim ental dito
Designa-se sob este nom e, alargando um A u sfra g em eth o d e, cujo nom e alemão se
pouco o sentido literal d a expressão gre poderia prestar à confusão.
ga, o sofism a ao qual A ristóteles cham a R ad. int.: Q uestionar.
nXeico ¿ Q W T iífia r a t v i t o i d v (L. escol. Q Ü ID ID A D E L. escol. Q uidditas,
Sophism a plu riu m qu aestionu m ) ¡le g i traduzindo o t ò t í y v d voa de A ristóte
oo<pi<rnx<j)v e h ty x u v , V, 167b 38 ss. P o r les; D . Q u idditàf, Washed·, E . Q uiddity;
exem plo, diz ele, p a ra to m ar um a ques F . Q uiddité; I. Q uiddità.
tão cujo absurdo salta à vista, será a ter Termo introduzido pelas traduções la
ra que é o m ar ou será o céu? M as por tinas de A vicena (EZ T3 E Ç , Gesch. der
vezes tam bém este vício é difícil de desen phil. Term inologie, p . 68).
redar, como quando se pergunta se tal gê O que responde à questão q u id sit, por
nero de coisas é bom ou m au, havendo oposição à questão an sit: a essência*, en
entre elas coisas boas e m ás. Este sofis qu an to distin ta d a existência*. Exprím e
m a é tam bém discutido em várias outras se na definição.
passagens do m esm o tra ta d o , V I, 169a6 A palavra é tom ada p o r S. Tom ás de
ss.; X X X , 181 a36 ss., etc. A quin o com o sinônim o de fo rm a, de es
Podem os incluí-lo no “ sofism a do sência, de natureza, etc. (ST7 ü I U , Tho
universo m al concebido” ( o / th e ¡11- m a s L ex ik o n , sub Vo.)
con ceived universé) segundo H . A . Ai-
3 « Çè . The p rin cip ies o f L ogic, cap. XX.
NOTA
Sobre Quietismo —- “ A paixão pura está longe de ter obtido nos sistemas um lugar
com parável ao do entendim ento puro . Este últim o sem pre foi a quim era dos pensa
dores. T odavia, se consentirm os em ver n o quietism o e nas seitas análogas um a esco-
Q U IE T IV O 906
estado de contem plação feliz e inativa. dava nos T ópicos, I, V, 101b38 e seguin
R ad. int.: Quietism. tes: a defin ição*, o gênero*, o p ró p rio *
e o acidente*.
Q U IE TIV O D . Q uietiv; E . Q uietive;
F . Q uiétif; I. Q uietivo. Q U IN TA N A D. R em pfah l·, E. Quin
A quilo que dá à alm a calm a e repou tain; F. Q uíntam e; I. Q uintana.
so. “ ... W elche E rk enntn iss... a u f dem P rim itivam ente, poste ou m anequim
Willen zurück w irkend, nicht wie jene a n que se erguia para depois tentar furá-lo
dere M o tive für denselben liefert, sondern ou abatê-lo a golpes de lança.
im Gegentheil ein Q u ietiv alles W ollens D outrina im aginária que se atribui a
geworden is t.” 1 S T Ã ú Ç τ Z 2 , D ie
7 E 7 E
um adversário fictício p a ra d a r a si pró
W elt, § 48. Todavia ele não subscreve o prio a ocasião de a refutar.
quietism o* propriam ente dito e a este Q U IN TE SSÊ N C IA D. Q uintessenz ;
opõe a necessidade de um ascetismo*·. E. Q uintessence ; F. Quintessence; I.
“ Indessen dürfen wir doch nicht m einen Q uintessenza.
alm a: “ N am ut illa n a tu ra coelestis et terra vacat et hum ore, sic utriusque harum
rerum hum an us anim us est expers. Sin autem est quinta quaedam n atu ra , ab Aristo-
tele inducta prim urn, haec D eorum est et an im o ru m .” Tuscul., I , 2 6 . Cf. L Ã T 3 , E
907 Q U O T ID A D E
T hird letter to the B ishop o f W orcester (sobre a natureza da alm a e sobre a questão
de saber se a Q uinta essentia poderia pensar). R eproduzida em n o ta em LOCKE, E s
sa y IV , 3. (ed. de 1760, tom o II, p. 161). (A . L .)
“ Paracelso adm itia, além dos qu atro elem entos... um a quinta espécie de m até
ria, resultante da reunião dos outro s quatro sob a sua fo rm a mais perfeita; porque,
segundo ele, o fogo não é exatam ente o calor, a água não é a hum idade e considera
possível depreender a qualidade da fo rm a ... É esse o elem ento predestinado, a quin
ta essência de R aym ond Lulle, qu in ta essen tia... Ele procura descobrir esse elemento
predestinado, ou pelo menos algum a coisa que se aproxim asse dele. É o que acredi
tava fazer ao ver exaltar-se um a qualidade q ualquer num corpo, acrescentar-se a ele
um a propriedade m édica, por exemplo, assim p ara ele a quinta essência do vinho
é o álcool. ” J.-B . DUM A S, L eçon s su r la ph ilo sp h le chism ique, p. 43. (Texto c o m u
nicado po r M . M arsal.)
R
G récia, 1? parte : “ A ra ç a .”
etc.
C. C onjunto dos ascendentes e dos P o r outro lado, alguns biólogos con
descendentes de um a m esma família. “ A sideram as variedades como combinações
raça de A d ã o .” “ N ão há quem se canse de “ ra ç a s” mais elementares, caracteri
de o ouvir e gabar-se da sua bravura e do zadas por u m a hereditariedade simples e
brilho da sua ra ç a ." M Ã Â « 2 , O m isan
E E
invariável (p. ex. as espécies jo rd an ianas
tro p o , I, I. Cf. a expressão d e raça. em botânica).
D . (im propriam ente m as m uito co R ad. int.·. Ras.
vue du m o is, janeiro de 1906. (M . W inter) Com a condição de entender raça num
sentido m uito lato, p o r exem plo, raça branca, raça am arela; porém Q uételet encon
tro u u m a curva deste tipo p a ra u m a porção de cem mil conscritos franceses, to m a
dos de todas as regiões do país, e que form am p o r conseqüência um a m istu ra d e vá
rias “ raças” sensivelmente diferentes, no sentido estrito desta palavra. E, na sua opi
nião (mas talvez estivesse errado), chegar-se-ia a um resultado sem elhante com pa
ra ndo as medições efetuadas sobre u m a m istura de belgas e de chineses; ele n ão hesi
tava em concluir que um a das mais curiosas aplicações da teoria das probabilidades
aos fenômenos relativos ao hom em é a dem onstração direta da unidade da espécie
hu m ana e d a possibilidade de dem arcar o seu tipo. H τ Â ζ ç τ T è , L a th éorie d e
7
tid o B, d a ta pelo m enos d o século X V II. der blossen V ernunft, cap . I: “ Ü b er das
“ Em píricos form icae m o re congerere tan- r a d ik a l B ö se in d e r m e n sc h lic h e n
tu m et uti, R atio n ales au te m ara n e a ru m N a tu r .” 12
m o re telas ex se c o n ficere.” Bτ TÃÇ , Co Rad. int.: R ad ik al.
gítala et visa (Eli e S p ed d ., III, 616). “ The
R atio n alists are like to spid ers, e tc .” T E - R A D IC A L IS M O F IL O S Ó F IC O E .
Çí è ÃÇ , Baconiana (1679). Ib id . , V II, 177. Philosophical radicalism ; F , Radicalisme
M as a té o século X IX , o sen tid o teo ló g i philosophique.
co E parece ter sido o m ais difundid o, Ver
E « è Â E 2 , sub Vo, e E Z T3 E Ç , Term inol., p. 1. “ U m a n o v a se ita cresceu en tre eles (os P re s
173, n o ta , o n d e cita entre o u tro s este te x biteria nos e os In dependentes); são os Ra cion alistas.
to : “ T here is a new sect sp ru n g up am ong A q u ilo que a su a ra z ã o d ita relativ am en te à Ig reja
e a o E sta d o é tid o co m o b o m , até se co nven ce rem
th em (P resb y terian s a n d In d ep en d en ts)
que h á m e lh o r.”
a n d th ese a re th e R a tio n alists; a n d w h at 2. A religião nos limites da sim ples razão: “ S o
th eir reaso n d ic ta te s th em in C h u rch or bre o m al rad ical n a n a tu re z a d o h o m e m .”
R A IZ 912
1. “ A cresc en taria d e b o m g ra d o o seguin te: a q u ilo q u e p erm ite dar co n ta , ver n u m relance, dep o is de
tê-lo n o ta d o p o n to p o r p o n to , o c o n ju n to d o seu o rç a m e n to , o u m esm o d a su a ca rre ira . P o rq u e o ‘livro
d e ra z ã o ’ n ã o se co n fu n d ia co m o liv ro d e c o n ta s d iá ria s; e freq ü e n te m e n te se rv ia p a r a a n o ta r ta m b é m fa to s
im p o rta n te s p a ra a h istó ria d a fam ília: n a scim en to s, casam en to s, m o rte s, m u d a n ç a s d e situ a ç ã o o u de fu n
ções, qu e, aliás, estav am ligadas, em m u ito s ca so s, a conseqüências p e c u n iá ria s.” (A . L .)
RAZÃO 914
sa do sentido A : o hom em ap aix o n ad o ra sim ples an im ais e nos faz te r a R azão e
ciocina m al, c o n tra ria m en te às leis ló gi as Ciências, elevando-nos ao conhecim en
cas; e do m esm o m o d o o lo u c o , p elo m e to de nós p ró p rio s e de D e u s .” L « ζ Ç « U ,
E
m a no sen tid o D , q u er d izer, tu d o o que E m pirischen entg egen” 1. Krit. der reinen
n o p e n sam en to é a priori, e n ã o vem d a Vern., A 835; B 836. C f. in tro d u ç ã o , §
experiência, “ Ich verstehe hier u n ter V er
1. “ E n te n d o aq u i p o r R azão to d a a facu ld ad e
n u n ft das ganze obere E rkenntn issv erm ö- de co n h ecer su p e rio r, e o p o n h o , p o r co nseqüência,
gen , u n d setze also das R atio n a le dem ra c io n a l a em p íric o ” .
1. “ A usser d e r V e rn u n ft ist nichts, u n d in ihr ist a lle rs... D ie V ern u n ft ist das A b so lu te , sobald sie ge
2
d ach t wie w ir es bestim m t h a b e n ” (“ F o ra d a Ra â o , n a d a h á, e tu d o está n e la ... A R a zão é o A b so lu to ,
q u a n d o é e n te n d id a d a fo rm a que dissem os” , q u er dizer, e n q u a n to ra z ã o a b so lu ta , p o r o p o siç ão à razão
919 RAZAO
vações so b re o p erig o e o e rro d e esten d er as d iferen ças até fazer delas co n trad içõ es;
m as n ã o p o d e ria co n clu ir a p a rtir d aí q u e o p ro g resso d a ra z ã o é u m a m a rc h a em
d ireção ao in d iv id u al. D este m o d o , e p a r a re to m a r u m d o s exem plo s q u e ele p ró p rio
c ita , n ã o le v ará este p ro g resso a u m a assim ilação das classes sociais h ere d ita riam e n
te d iferen ciad as m ais d o q u e a u m a h a rm o n ia o n d e seriam m a n tid a s as suas o p o s i
ções? E u d iria , an tes, q u e o esp írito , o u p elo m en o s u m a d as fu n çõ es essenciais d o
e sp írito , co n siste n a ten d ên cia p a r a a id e n tid a d e . O m esm o vale m ais d o q u e o o u tro ,
co m o já d izia P la tã o ; e este ju íz o , d e c a rá te r n o rm a tiv o n o seu fu n d o , p arece-m e
ser o que se a p ro x im a m ais d e ex p rim ir a ra z ã o co n stitu in te . E sta te n d ê n c ia n ã o p o
de a tin g ir o seu o b je tiv o in te g ra lm e n te , u m a vez q u e a id e n tid a d e p u ra , p a ra o n o sso
m o d o a tu a l d e p e n sa m e n to , seria o n a d a ; m as ela p o d e p ro g re d ir sem cessar nessa
d ireção , assim ilan d o g ra d u alm en te as div ersidades dadas, cu ja presen ça efetiv a co n s
titu i o “ real” , n o sen tid o C . C a d a c a te g o ria , c a d a p rin c íp io fo rm u la d o são c o m p ro
m issos e n tre esta ten d ên cia e ta l o u ta l p a rte d a ex p eriê n cia q u e a ela se p re sta m ais
o u m en o s facilm en te (e talv ez se p re ste m ais à m e d id a q u e ela p ró p ria se tra n s fo r
m a). D ei disso u m exem plo n o artig o Causa* (C rítica e o b serv açõ es). N o tas a n á lo
g as p o d e ria m ser feitas so b re o te m p o , o esp aço , a su b stâ n c ia , a m a té ria , o n ú m ero .
N ã o te m o s, p o r ta n to , u m p o n to d e p a rtid a fix o , u m c a p ita l ra c io n a l, p o rq u e à m ed i
d a q u e recu am o s a ra z ã o co n stitu íd a é c a d a vez m en o s firm e, c a d a vez m enos coe
ren te. T am b ém n ã o te m o s p rin cíp io s im p lícito s que se esclareceriam c a d a vez m ais
c o m o a d m itia L eib n iz (pelo m en o s ex o téricam en te, n o s N o v o s ensaios), m as u m a
v e rd ad eira c o n stru ç ã o , q u e retém d a m a té ria q u e ela o rg a n iz a u m elem en to de in in -
telig ib ilid ad e e m esm o d e c o n tra d iç ã o co n cep tu al. N o n ú m e ro ca rd e a l a b s tra to , p o r
ex em p lo , as u n id ad es devem , a o m esm o te m p o , n ã o d ife rir em n a d a u m a d a o u tra ,
p o rq u e só se p o d e m to ta liz a r te rm o s e strita m e n te h o m ô n im o s, e to d a v ia elas devem
p erm an ecer d istin ta s, p o rq u e sem isso elas se c o n fu n d iria m , ta l c o m o n a lo gística,
em q u e a + a = a. M as se ria d e m a sia d o lo n g o ex p o r a q u i co m p le ta m e n te esta in te r
p re ta ç ã o , q u e , aliás, c o n stitu i o o b je to d e to d o o cu rso c ita d o m ais acim a e cu ja a p li
c ação e n c o n tra rem o s em L a raison et les norm es (1948). {A. L .)
S o b re R azoável — R azo áv el ex p rim e fre q ü e n te m en te a id éia d e q u e n ã o se vai
a té o ex trem o d o s d ireito s q u e c a d a u m tem , p o r m o d e ra ç ã o o u b en ev o lên cia. D iz-se
REAÇAO 922
d a p elo uso : p o d er-se-ia fa la r d a “ re c o rrê n cia ” c o n tra o racio n alism o cien tífico , a
p ro p ó sito de B a lfo u r e d e B ru n etière? R e co rrên cia, n o sen tid o A , é u m gênero do
q u al re ação , n o sen tid o B o u C , é u m a espécie. V er m ais à fren te a análise d esta id éia.
M esm o lim ita d a aos sen tid o s C e D , m o \ R ealism o crítico (W Z Çá I , n o sen ti
a p a la v ra c o n tin u a tã o v a g a q u e os filó d o de realism o filo só fico, e n ã o ingenuo);
so fo s lh e acre sc en ta ra m os ep íte to s m ais R ealism o hipotético (H Ãá; è ÃÇ ); Realis
variado s p ara lem brar convencionalm ente m o arrazoado (LE ç E è ), etc.
o sen tid o especial que d a v a m a essa p a E n c o n tra re m o s a e n u m e ra ç ão , a d e
la v ra , ou p a ra a c e n tu a r aq u ele que lhe finição e a crítica de m u itas etiq uetas des
atrib u íam falan d o de um adversário: rea te gênero em C. Rτ ÇUÃÂ « , II linguaggio
lism o transcendental (designação p o r d e ifilo so fi, p p . 87-104. A s únicas usuais
K a n t do p o n to de vista d o g m ático segun parecem ser:
do o q u al o te m p o , e o esp aço , os fe n ô R ealism o ingênuo (D . N aiver Realis-
m enos percebidos são coisas em si; opõe- mus; E . Crude realism; F. Réalism e na'ifi,
se-lhe o seu p ró p rio p o n to d e v ista so b o I. Realism o volgare ou ingenuo). C ren ça
n o m e de realismo em pírico, im p lican d o do senso co m u m que ad m ite, sem críti
u m idealismo transcendental. K ritik der ca, a existência de u m m u n d o de o b jeto s
reinen Vernunft, A 369; cf. A 490; B 519). m ateriais e de su je ito s conscientes, com
El