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Para quem gosta de jingles

julho 29th, 2010 | Autor: josuebrazil


Outro artigo muito legal que encontrei entre os vários textos que vou arquivando. É de
20/03/2008, mas está bastante atual. E foi publicado na já saudosa Gazeta Mercantil.
Às vezes me pego pensando se é verdade quando dizem “a arte de fazer um jingle é um
trabalho para poucos”, talvez seja, afinal. Você tem que ser apaixonado por música e, ao
mesmo tempo, conseguir que seu jingle provoque emoção e entre na vida das pessoas.
Mas sabe o que é mais belo em tudo isso? É o rádio. Isso mesmo, o rádio. Aquela
caixinha de música cheia de surpresas que nos faz sonhar, imaginar…
Quando uma agência procura minha produtora com o briefing da campanha e me
pedem para criar um spot (forma não cantada, acompanhada de trilha ou não) ou um
jingle (forma cantada, com ritmo, letra e melodia), sem letra ou sugestão de estilo
musical, sento no meu estúdio e fico tentando descobrir o que o público espera daquela
propaganda, daquele produto. As melodias vão surgindo naturalmente, às vezes
pesquiso diversos estilos musicais (um produtor não pode jamais ter preconceitos com
músicas), se necessário até recorro ao dicionário de rimas.
Mas, algo que para algumas pessoas pode parecer impossível de criar em três dias
ou menos, acaba ocorrendo naturalmente. Talvez os músicos nasçam com uma alma
abençoada ou pelo menos sensitiva…
Mas parando um pouco de filosofar sobre jingle, quero contar um pouco da história do
rádio e o porquê da propaganda neste meio ser tão importante.
Antes de qualquer coisa, o rádio é (para alguns era) o meio de comunicação mais
importante, pelos seguintes fatores: rapidez, mobilidade, alcance e público. Você pode
ouvir rádio em sua casa, andando, parado, no carro, no ônibus, pelo radinho de pilha,
walkman, e, nos últimos anos, pela internet, celular, MP3, iPod, iPhone, e tudo ao vivo.
Foi do rádio que saíram os melhores apresentadores e atores deste País. Foi também
do rádio que foram revelados tantos talentos que fazem parte da história da música
brasileira.
Mas já que estamos falando de jingles, vamos entender a evolução dos comerciais no
rádio.
A propaganda foi permitida no rádio em 1932, e neste ano, precisamente na rádio
Phillips, foi apresentado o 1° jingle nacional Pão Bragança – “Oh! Padeiro desta rua
tenha sempre na lembrança. Não me traga outro pão, que não seja o pão Bragança”,
criado por Antônio Nássara e veiculado no programa de Ademar Casé. Ele era cantado,
sem acompanhamento de instrumentos ou melodia, como se fosse uma marchinha.
O jingle se tornou um meio de vender um produto de maneira agradável e sutil, era
anunciado durante o programa como se fizesse parte dele.
O rádio teve sua época de ouro na década 40 e com a evolução dele, os jingles passaram
a ganhar novas versões com instrumentos, mas sempre com uma mensagem final
enfática para a venda do produto. Como o do sabonete Lifebuoy, em que uma voz
masculina alerta que o suor pode exalar odores desagradáveis e tal… Não podemos
nem comparar ao trabalho feito hoje, mas é engraçado. Quando a televisão chegou
nos anos 50, o rádio assumiu outro papel. De um lado, as radionovelas e do outro o
radiojornalismo, como na Rádio Bandeirantes de São Paulo na qual havia um noticiário
intensivo a cada 15 minutos.
A partir dos anos 60, os jingles ganharam mais criatividade. Vinham embalados no
estilo samba-chorinho, rock, marchinhas, que acabaram se tornando ícones como o da
dedetizadora Dddrin com a história da pulguinha e o pernilongo, Café Seleto, Cornneto,
Pra Frente Brasil (Copa de 70), Duchas Corona, Estrela (”toda criança tem uma estrela
dentro do coração”), Lu Patinadora, Varig….
Os jingles também ganharam força nos filmes publicitários, agregados à imagem e
grandes efeitos. Mas independente da imagem, eu acredito muito no poder da música.
Ela faz parte do universo da propaganda. Sem dúvida é uma das armas mais efetivas
da publicidade na hora de sensibilizar o público. David Ogilvy, um dos nomes mais
importantes do mercado publicitário já dizia; “Se você não tem nada para dizer, diga
cantando”.
Nos anos 90 e 2000, a presença do jingle voltou a ser requisitada pelo mercado
publicitário. Nesse período apareceram jingles que acabaram virando hits como: Moto
Honda (”Eu acordei, tirei meu pijama, fui pra minha cama e depois dormi. Aí eu fui
tomar café e deitei na cama, peguei o meu pijama e eu fui logo pra cama yeah, yeah”);
Guaraná Antártica (”Eu quero ver pipoca pular, pipoca com guaraná”), Parmalat (”Trate
seus bichinhos com amor e Parmalat”, uma das campanhas mais elogiadas).
Mas, como a propaganda tem que se renovar e acompanhar as tendências do mercado,
os jingles deixaram de ser referência por algum tempo, até que uma ação de marketing
incrível criada pela agência TBWA/BR ressuscitou o verdadeiro espírito do jingle:
transmitir a mensagem sem dizer o nome do produto de uma maneira que penetre na
mente das pessoas e fazendo-as cantarolar. É quando ele vira um hit.
“Será que é pra mim” interpretada pela banda fictícia “The Uncles” chegou ao 9 lugar
dos vídeos mais visitados no YouTube e esgotou os carros nas concessionárias. Seu
refrão, “Não tem cara de tiozão, mas acelerou meu coração”, é tão maravilhoso que
despertou minha paixão chegou à programação das rádios, aos toques de celulares e a
voz de muitos motoristas, mas principalmente, provou que uma melodia unida a uma
boa letra somada ao estilo musical ideal pode fazer história e, até mesmo, marcar uma
década.
Engraçado, mais uma vez me pego pensando se criar um jingle é uma arte ou um dom.
Na verdade, talvez não seja nem um, nem o outro. Enquanto você fica pensando, eu vou
voltar ao meu estúdio, quem sabe não nasce um jingle sobre este artigo.
Algumas das criações para o gênero viraram ícones, como as da D.D.Drin, Café Seleto,
Duchas Corona e Varig
Serginho Rezende – Produtor musical e proprietário da Comando S Audio,
especializada em jingles.

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