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Princípio do Argumento
Contorno de Nyquist
Exemplos
Problemas Propostos
Introdução
Ao projetar um controlador a principal preocupação do engenheiro ou projetista são as
características de estabilidade apresentadas pelo sistema como um todo, isto é, processo e controlador
operando de forma conjunta. Desta maneira faz-se necessário um estudo prévio sobre a estabilidade do
sistema de controle, que pode ser realizado sob o ponto de vista de estabilidade absoluta ou sob o ponto de
vista de estabilidade relativa.
Em sistema lineares, admitindo conhecimento completo da função de transferência que relaciona o
sinal de saída com o sinal de entrada do sistema, o estudo da estabilidade pode ser realizado em termos
absolutos empregando o critério de estabilidade de Routh-Hurwitz. Admitindo ainda o conhecimento
completo da função de transferência do sistema, informações sobre estabilidade absoluta também podem
ser obtidas utilizando-se o método do Lugar Geométrico das Raízes – LGR, proposto por Evans [1] em
1948.
Contudo, em 1932, o problema de estabilidade em amplificadores realimentados já era objetos de
intensos estudos nos laboratórios da Companhia Bell. Observava-se que, geralmente, o aumento de ganho
implicava instabilidade de amplificadores realimentados. Em algumas situações, entretanto, se o ganho
fosse suficientemente reduzido também observava-se características de instabilidade. O conflito causado
pelas observações, aparentemente contrastantes, motivaram Harry Nyquist a estudar cuidadosamente este
fenômeno, desenvolvendo com base na teoria de varáveis complexas, o critério de estabilidade de
Nyquist [2].
Os resultados obtidos por Nyquist originam-se do princípio do argumento, utilizado para
estabelecer relações fundamentais entre a resposta em freqüência do sistema em malha-aberta com a
estabilidade do sistema em malha-fechada. O critério estabelecido por Nyquist não necessita do
conhecimento explicito da função de transferência do sistema em malha-aberta sendo adicionalmente
empregado para obtenção de informações de estabilidade absoluta e relativa do sistema operando em
malha-fechada.
Princípio do Argumento
Para estabelecer a idéia de como é empregado o princípio do argumento na obtenção de
informações sobre a estabilidade do sistema em malha-fechada, consideremos um sistema descrito pela
seguinte função de transferência de primeira ordem:
(s + 2)
G(s) = (4.1)
(s + 1)
que apresenta um zero z1=-2 e um pólo p1=-1. O estudo de estabilidade utilizando o princípio do argumento
consistirá em estabelecer um caminho fechado no plano s, percorrer este caminho no sentido horário, e
avaliar o mapeamento resultante deste caminho no plano G(s). A Figura 4.1 mostra o diagrama de pólos e
zeros de (4.1) e estabelece um caminho a ser percorrido no plano s.
jw
Plano s
so
2 s
-2 -1
Fig. 4.1: Diagrama de pólos e zeros de (4.1) e o caminho a ser mapeado no plano G(s).
Considerado um ponto inicial sobre o caminho fechado a ser percorrido no plano s, so, verifica-se
jq s o
o mapeamento no plano G(s) dado por G (s o ) e , sendo para o exemplo do sistema (4.1)
(2 + Re(s o ) )2 + (Im(s o ) )2
G (s o ) = (4.2)
(1 + Re(s o ) )2 + (Im(s o ) )2
e
æ Im(s o ) ö æ Im(s o ) ö
q s o = q z - q p = arc tan çç ÷ - arc tan ç
÷
÷
ç (1 + Re(s ) ) ÷ (4.3)
è (2 + Re(s o ) ) ø è o ø
Obtenha o mapeamento do caminho fechado apresentado no plano s, Figura 4.1, no plano G(s).
Considere o caminho fechado no plano s, a ser percorrido no sentido horário, como sendo uma
circunferência de raio 1.0 e com o centro em 2.0+j0.0.
Alguns dos valores no plano G(s) podem ser obtidos substituindo em (4.2) e (4.3) valores de s
relativos ao caminho fechado ilustrado na Figura 4.1. Tais valores são apresentados na Tabela 4.1.
Observe que o caminho apresentado na Figura 4.1 não envolve nenhum dos pólos ou zeros da
função de transferência (4.1) e neste caso, ao ser realizada uma volta completa partindo do ponto so, a
contribuição angular total (4.3) é nula.
Considera-se agora o caminho fechado no plano s, apresentado na Figura 4.2, onde o pólo de (4.1)
é envolvido por este caminho. Da mesma forma que no caso anterior, escolhe-se um ponto so arbitrário
sobre o caminho estabelecido, realizando-se uma volta completa no sentido horário.
jw
Plano s
so
s
-2 -1
De forma similar ao caso anterior, a Tabela 4.2 apresenta um conjunto de valores referentes ao
caminho fechado estabelecido no plano s e seu respectivo mapeamento no plano G(s).
O último caso, ainda com base na função de transferência (4.1), diz respeito ao caminho fechado
do plano s que envolve apenas o zero de (4.1), conforme apresentado na Figura 4.3. Neste caso o caminho
fechado a ser percorrido no plano s é uma circunferência cujo centro esta no ponto –3.0+j0.0 de raio 1.5.
jw
Plano s
so
s
-2 -1
Fig. 4.3: Caminho fechado no plano s envolvendo o zero da função de transferência (4.1).
Obtenha o mapeamento do caminho fechado apresentado no plano s, Figura 4.3, no plano G(s).
Considere o caminho fechado no plano s, a ser percorrido no sentido horário, como sendo uma
circunferência de raio 1.5 e com o centro 3.0+j0.0.
Os conjunto de pontos pertencentes ao caminho fechado do plano s apresentado na Figura 4.3 são
mapeados no plano G(s), conforme especificado na Tabela 4.3.
Contorno de Nyquist
A idéia de estabilidade em sistemas lineares operando em malha-fechada será estabelecida com
base no diagrama de blocos apresentado na Figura 4.4, i.e.
+
R(s) G(s) Y(s)
_
H(s)
R®¥
Desta forma, se o caminho fechado no plano s, estabelecido na Figura 4.5, for percorrido no
sentido horário e mapeado no plano 1+G(s)H(s), o princípio do argumento poderá ser plenamente
empregado para determinação da diferença líquida entre o número de zeros e pólos de 1+G(s)H(s)
localizados no semiplano direito do plano s. Observa-se no entanto que a origem do plano 1+G(s)H(s)
coincide com o ponto –1.0 no eixo real do plano G(s)H(s), podendo-se realizar a análise de estabilidade
empregando o princípio do argumento, avaliando-se o número líquido e o sentido dos envolvimentos do
ponto –1.0+j0.0 no plano G(s)H(s).
Admitindo como exemplo um sistema em malha-aberta absolutamente estável, os pólos de
G(s)H(s) estarão todos localizados no semiplano esquerdo do plano s e o caminho fechado apresentado na
Figura 4.5, quando mapeado no plano G(s)H(s), não apresentará nenhum envolvimento do ponto –1 no
sentido anti-horário, resultando em P=0. Adicionalmente, se o referido mapeamento envolver o ponto –1 do
plano G(s)H(s) no sentido horário uma vez, o sistema em malha-fechada será instável possuindo um pólo
do semiplano direito do plano s, isto é, Z=1. Portanto, empregando o critério de estabilidade proposto por
Nyquist, pode-se avaliar a estabilidade do sistema em malha-fechada através da resposta em freqüência do
sistema operando em malha-aberta.
Exemplos
1. O primeiro exemplo apresentado é o de um sistema de primeira ordem, apresentado na Figura 4.6.
+
K
R(s) Y(s)
_ s + 10
Para o sistema apresentado na Figura 4.6, faça os diagramas de Bode de módulo e fase de G(s)H(s),
observando a relação existente entre estes diagramas e o diagrama polar da Figura 4.7.
Fig. 4.7: Diagramas de Nyquist para três valores distintos de K do sistema ilustrado na Figura 4.6.
2. O segundo exemplo trata-se de um sistema de segunda ordem, Figura 4.8, com freqüência natural wn e
coeficiente de amortecimento x.
+
w 2n
R(s) _ s(s + 2xw n ) Y(s)
Y (s) w 2n
T (s ) = = 2 (4.7)
R (s) s + 2xw n s + w 2n
que, admitindo x >0 e wn>0, implicam pólos do sistema em malha-fechada localizados no semiplano
esquerdo do plano s, caracterizando-o como um sistema estável em malha-fechada.
Na análise de estabilidade deste sistema empregando o critério de Nyquist, deve-se observar
portanto que o caminho fechado estabelecido na Figura 4.5, envolvendo todo o semiplano direito do plano s
deverá ser ligeiramente alterado, de forma a não incluir neste caminho o pólo de malha-aberta localizado na
origem do plano s. Isto é realizado, contornando-se a origem do plano s por um semicírculo de raio
infinitesimal, caracterizado na Figura 4.8 pelos pontos ABC, que deverá ser adequadamente mapeado no
plano G(s)H(s).
jw
D Plano s
R®¥
C
B E
e®0 sw
A
Fig. 4.9: Contorno de Nyquist para sistemas que possuem pólos na origem em malha-aberta.
Considerando o contorno de Nyquist apresentado na Figura 4.9, o mapeamento no plano G(s)H(s)
pode ser feito com base na Tabela 4.4, i.e.
G (- je)H(- je) =
w 2n (
- e 2 + j2xw n e
= w 2n 4
) (4.9)
- je(- je + 2xw n ) (
e + 4x 2 w 2n e 2 )
O valor no eixo real da função (4.9) é facilmente obtido admitindo-se que o semicírculo ABC possui raio
infinitesimal, portanto
æ w 2n e 2 ö
Re[G (s)H(s)] s = - je = lim ç - 4 ÷=- 1 (4.10)
e ® 0ç e + 4x 2 w 2 e 2 ÷ 4x 2
è n ø
O mesmo procedimento é realizado na determinação do valor no eixo imaginário da função (4.9), avaliado
em s=-je, portanto
æ 2xw 3n e ö
Im[G (s)H (s)] s = - je = lim ç j 4 ÷ = j¥ (4.11)
e ® 0ç e + 4x 2 w 2 e 2 ÷
è n ø
A Figura 4.10 representa o mapeamento dos pontos ABCDEF do plano s e destacados na Figura
4.9, considerando a função de malha-aberta do sistema apresentado na Figura 4.8.
Im
Plano G(s)H(s)
*
A
R®¥
B*
D* E* F* Re
2
-1/4x
C*
Fig. 4.10: Mapeamento do contorno de Nyquist apresentado na Figura 4.9 no plano G(s)H(s).
Sob o ponto de vista de análise de estabilidade do sistema de controle em malha-fechada deste
exemplo, conclui-se que para todo valor de x>0, jamais o ponto –1.0+j0.0 será envolvido pelo mapeamento
dos pontos do plano s, especificados no contorno da Figura 4.9, no plano G(s)H(s). Desta forma, uma vez
que P=0 e N=0 implica, conforme a equação (4.4), em Z=0. Conclui-se portanto, que para qualquer valor
de x>0 o sistema em malha-fechada não apresentará pólos no semiplano direito do plano s, caracterizando-
o como um sistema absolutamente estável.
Para o sistema apresentado na Figura 4.8, faça os diagramas de Bode de módulo e fase de G(s)H(s),
observando a relação existente entre estes diagramas e o diagrama polar da Figura 4.10.
3. Neste exemplo será apresentado um sistema de terceira, com pólos em malha-aberta localizados em
s=-1, -2 e –10. Como pode-se observar, todos os pólos de malha-aberta possuem parte real negativa,
caracterizando como um sistema estável em malha-aberta e, portanto, P=0. Adicionalmente, como
pode-se observar pela equação (4.11), o ganho K representa um parâmetro ajustável do sistema.
20K 20K
G (s)H(s) = = (4.11)
3 2
s + 13s + 32s + 20 (s + 1)(s + 2)(s + 10)
Este sistema operando em malha-fechada, Figura 4.11, apresentam pólos cuja localização no plano s
dependerá do valor de K estabelecido, como pode-se concluir através da análise da equação característica
da função de transferência do sistema em malha-fechada (4.12).
+
20K
R(s) _ s + 13s 2 + 32s + 20
3 Y(s)
A análise de estabilidade do sistema representado pela Figura 4.11 pode ser realizada empregando-
se o método proposto por Nyquist, utilizando-se o contorno apresentado na Figura 4.5. Contudo, pode-se
empregar o diagrama de Bode da G(s)H(s), Figura 4.12, para auxiliar no traçado do mapeamento do
caminho fechado estabelecido no plano s no plano G(s)H(s).
Na freqüência w=1.24 rad/s, o módulo de G(jw)H(jw) é 0.529K e a fase de G(jw)H(jw) será de –90º. O
mesmo procedimento poderá ser empregado para determinar o módulo de G(jw)H(jw) quando a fase for de
–180º , isto é
é 20K ù
Im[G ( jw )H( jw)] = Imê 3 2
3
ú = 0 Þ (jw ) + 32 jw = 0 ou w = 5.66 rad/s
êë ( jw) + 13( jw) + 32 jw + 20 úû
Na freqüência w=5.66 rad/s, o módulo de G(jw)H(jw) é 0.0505K e a fase de G(jw)H(jw), conforme
calculado, será de –180º. De posse de todos estes pontos, traça-se o diagrama de Nyquist para este sistema,
resultando na Figura 4.13.
K
-0.0505K
-0.529K
Problemas Propostos
1. Para o sistema representado pela Figura 4.5, considerando realimentação unitária, determinar as
propriedades de estabilidade do sistema em malha-fechada admitindo utilizando os métodos do LGR,
Routh-Hurwitz e Nyquist (utilizando a igualdade N=Z-P).
+ E(s) U(s)
1
K
R(s) _ s(s + 1)2 Y(s)
Válvula Controle
Medida de Velocidade
Referência de Velocidade
Medida de Velocidade
Fig. 4.16: Diagrama de blocos do sistema de controle de velocidade esquematizado na Figura 4.15.
Determinar a faixa de valores de K > 0 que o controlador poderá assumir que garantem a estabilidade
absoluta deste sistema empregando os métodos do LGR, Routh-Hurwitz e Nyquist (utilizando a igualdade
N=Z-P).
26 10
22 8
18 6
Phase (deg); Magnitude (dB)
10 2
6 0
0 0
-30 -60
-60 -120
-90 -180
-120 -240
-150 -300
-180 -360
10-1 100 101 102 10-1 100 101
Frequency (rad/sec) Frequency (rad/sec)
Diagrama de Bode em Malha Aberta – sistema 1. Diagrama de Bode em Malha Aberta – sistema 2.
3 3
2 2
1 1
Imag Axis
Imag Axis
0 0
-1 -1
-2 -2
-3 -3
-4 -3 -2 -1 0 1 -3 -2 -1 0 1 2 3
Real Axis Real Axis
Lugar Geométrico das Raízes – sistema 1. Lugar Geométrico das Raízes – sistema 2.
i. Determinar o grau relativo de cada sistema, se cada um deles podem ser caracterizado como
sendo sistema de fase mínima ou fase não-mínima e os respectivos ganhos DC;
ii. Admitindo que cada um destes sistemas irá operar em malha-fechada, com realimentação
unitária e negativa, assinale no LGR a localização dos pólos de malha-fechada;
iii. Realizar a análise de estabilidade de cada um dos sistema, empregando o critério de Nyquist
(desenhar o percurso a ser percorrido no plano s e os respectivos mapeamentos no plano G(s),
e determinar a estabilidade utilizando a igualdade N=Z-P).
Sumário
Apresentou-se neste capítulo o critério de estabilidade de Nyquist. Diferentemente do métodos do
Lugar Geométrico das Raízes – LGR e do critério de estabilidade de Routh-Hurwitz, o método proposto
por Nyquist permite-nos concluir a estabilidade de um sistema de controle linear operando em malha-
fechada através da resposta em freqüência do sistema operando em malha-aberta. Como se sabe, a
resposta em freqüência de um sistema pode ser obtida experimentalmente utilizando uma grande variedade
de geradores de sinais e analisadores de espectro. Portanto, empregando-se o método apresentado pode-se
concluir sobre as características de estabilidade do sistema em malha-fechada sem o conhecimento
explícito da função de transferência de malha-aberta do mesmo.
Bibliografia
[1] Evans, W.R., “Graphical Analysis of Control Systems”, AIEE Transactions Part II, vol. 67, pp. 547-
551, 1948.
[2] Nyquist, H., “Regeneration Theory”, Bell Systems Technical Journal, vol. 11, pp. 126-147, 1932.
[3] Churchill, R.V., Introduction to Complex Variables and Applications”, 2nd ed., New York, McGraw
Hill.
[4] Wolovich, W.A., Automatic Control Systems, Saunders College Publishing.
[5] Nise, N.S., Control System Engineering, Addison-Wesley Publishing Company, Second Edition.
[6] Franklin, G.F., Powell, J.D. & Naeini, E., Feedback Control of Dynamics Systems, Addison-Wesley
Publishing Company.
[7] Dorf, R.C. & Bishop, R.H., Modern Control Systems, Addison-Wesley Publishing Company.