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TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
“FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR DIANTE DOS NOVOS
PARADIGMAS EDUCACIONAIS NO SÉCULO XXI”
TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
“Formação De Professores do Ensino Superior diante dos Novos Paradigmas
Educacionais no Brasil no Século XXI”
CDD:
Eva Aparecida de Gois Caio
TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
“Formação De Professores e o Ensino Superior diante dos Novos Paradigmas
Educacionais no Brasil no Século XXI”
BANCA EXAMINADORA
__________________________
Profa. Or. Me. Haydée Diva Traldi Meneses
___________________________
Prof. Me.
____________________________
Prof. Me.
DEDICATÓRIA
Dedicado aos que desejam, acreditam e buscam por meios de alcançar a excelência na
educação, ainda que na adversidade.
Aos que se dedicam à construírem uma sociedade mais integrada, justa e digna em todos os
setores, através do trabalho educacional.
Aos que promovem mudanças em suas atitudes e instigam a melhoria da qualidade de vida.
Aos que contribuíram para a realização deste trabalho, ressaltando minha família.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, João Caetano de Góis e Irene de Góis, alguns amigos e ao meu
esposo, Fábio Aparecido de Gois Caio, pelo apoio e incentivo em todos os momentos, pela
parceria, companheirismo e manifestação de carinho a cada instante da realização da
pesquisa e elaboração da monografia.
Agradeço também à tutora Luciana, que me auxiliou em todos os momentos de dúvida em
relação ao curso como um todo e, especialmente, ao trabalho monográfico.
A educação é uma coisa admirável,
mas é bom recordar que
nada do que vale a pena saber
pode ser ensinado.
Oscar Wilde
Ralph Emerson
RESUMO
Muitas mudanças ocorreram através da história no quadro educacional brasileiro, traduzindo a dinamicidade
social vinculada à alterações em ambientes escolares. Professores mudam suas formas de ensinar, os alunos
aprendem de maneiras diferentes, ambos constroem juntos o conhecimento até então não percebido, e isto tudo
acontece contemporaneamente devido à evolução, invenção e ampliação de acesso às tecnologias de informação
e comunicação (TICs), representadas principalmente pelo computador conectado à internet, que permitem
difusão e disponibilidade de dados a todos, cotidianamente, e que deve auxiliar as atividades escolares em todos
os momentos. Ao professor, neste contexto, cabe educar-se continuamente para atender à demanda e à
necessidade educacional de seu tempo, aproximando-se dos alunos e fazendo destas ferramentas disponíveis suas
aliadas no processo ensino-aprendizagem, pois estará imergindo no mundo real de seus alunos, aproximando o
conhecimento sistematizado da vida particular dos mesmos, dando significado às atividades realizadas nas
escolas. Claramente, como se ensina de modo diferente, também modifica-se a forma de avaliar, os instrumentos
de ensino são outros e os de avaliação também – não se deve julgar o conteúdo reproduzido pelo aluno, mas sua
formação global em relação ao conteúdo trabalhado. A modernização e adequação da educação, conforme o
espaço e o tempo histórico em que ela acontece, contribui para a melhoria da qualidade do processo
ensino/aprendizagem e seus resultados finais, mas para isso precisa acontecer de modo consciente, através do
compromisso docente de formar seres autônomos e capazes de inserir-se na sociedade como um todo, inclusive
no mercado de trabalho. Professores diante de novos paradigmas precisam demonstrar sua atitude de busca da
própria formação para melhor formarem seus alunos, aprender de uma maneira diferente e autônoma para formar
seres igualmente independentes segundo novas metodologias, críticos, reflexivos – outros futuros formadores de
opinião; Deste modo os docentes universitários, não apenas estarão atendendo a uma exigência legal, mas
favorecendo seus alunos e o desenvolvimento de seu próprio trabalho. Reflexões sobre este assunto e a
comprovação das necessárias mudanças educacionais são a essência desta monografia, e acontecerão pelo
levantamento bibliográfico e análise de literatura pertinente ao tema.
Many changes have occurred throughout history in Brazilian education, reflecting the social dynamics linked to
changes in school environments. Teachers change their ways of teaching, students learn in different ways, both
construct knowledge together hitherto perceived, and it all happens simultaneously due to the evolution,
invention and expansion of access to information and communication technologies (ICTs), mainly represented
by Internet-connected computer, enabling data availability and dissemination to everyone, everyday and that
should help the school activities at all times. The teacher in this context it educate themselves continuously to
meet demand and the educational need of their time, approaching the students and making these tools available
in their allied teaching-learning process, because you will be immersed in the real world of their students by
closing the knowledge on the private life of them, giving meaning to the activities performed in schools. Clearly,
how to teach differently, also changes to how to assess the teaching tools are others and the assessment as well -
you should not judge the content played by the student, but his comprehensive training on the content worked.
The modernization and adaptation of education, as space and time in history when it happens, helps to improve
the quality of teaching / learning process and its outcomes, but for that to happen consciously, through the
commitment of teachers to form beings autonomous and able to enter into society as a whole, including the labor
market. Teachers facing new paradigms need to demonstrate their attitude to search the very best training for
graduate students, learn differently and to form autonomous beings equally independent in accordance with new
methodologies, critical, reflexive - other future opinion makers; Thus teachers university, not only will be given
a legal requirement, but encouraging their students and develop their own work. Reflections on this subject and
proof of necessary educational changes are the essence of this monograph, and will happen by the literature
review and analysis of literature concerning the theme.
Keywords: Technology in Education, Teacher Education; new educational paradigms of the XXI Century, new
teaching methodologies; Information Society
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................07
CONCLUSÃO......................................................................................................................54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................57
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INTRODUÇÃO
uma indicação do que pode ser feito através desta máquina – que não deve vir para substituir
o homem, mas para auxiliar sua atividade cotidiana e melhorar os resultados finais.
É relevante considerar, ainda, a existência do feedback, através do qual o aluno
permite que o professor acompanhe seu desenvolvimento e escolha o melhor caminho a seguir
para dar continuidade ao seu trabalho, através da reflexão sobre suas ações e os resultados
alcançados. Deste modo, o professor universitário deve ter claras quais as possibilidades de
avaliar seu aluno, e seu próprio trabalho, a fim de que o sucesso de suas tarefas como
educador, efetivamente, aconteça ao longo do ano letivo, e, para além dele, para a vida do
aluno. Só assim os desafios serão superados e o processo educacional alcançará excelência.
Sob o norte dos textos publicados por estudiosos do assunto como Valente (2000),
Almeida (2002), Dellors (1998), Kensky (2001), Levy (2005), Moran (2004), Assmann
(2000), entre outros, serão utilizados os textos legais supracitados como base de uma revisão e
análise de literatura – metodologia escolhida para construção deste trabalho que tenciona
concluir pela comprovação da necessidade de mudar as formas de ensinar para melhorar a
qualidade de ensino, mudando (para melhor) os resultados de avaliações externas e,
principalmente, a auto-avaliação discente, além da inserção do mesmo no mercado de
trabalho.
O processo educacional da humanidade é um ciclo em que se ensina, se aprende, se
modifica o jeito de ensinar para modificar-se o meio de aprender, e, consequentemente, os
resultados obtidos de modo a satisfazer a sociedade de seu tempo, por isso ela é – tanto
quanto a humanidade – dinâmica e flexível, mas que precisa de pessoas interessadas e
comprometidas com as transformações necessárias.
CAPÍTULO I: DOS INCENTIVOS E INDICAÇÕES LEGAIS
1
Jacques Delors é presidente da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, e organizador do
Relatório para a UNESCO sobre os resultados dessa reunião: “Educação, um tesouro a se descobrir”, publicado
em 1998.
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É necessário que os docentes tenham formação para utilizar novos recursos em suas
atividades educativas cotidianas, a risco de todo o equipamento que o governo se esforça em
providenciar se torne apenas lixo eletrônico, inutilizado antes mesmo de se tornar obsoleto.
Diante disso, além comprometimento do professor com sua profissão de tomar a iniciativa e
capacitar-se continuamente, o governo garante que:
Quando o professor sabe seus direitos (bem como se compromete com seus deveres
assumidos, também acessíveis na legislação vigente), tem como reivindicar que eles
realmente aconteçam, deixando de ser apenas uma garantia impressa para se tornar,
efetivamente, um meio de realização de sua atividade profissional.
Outro fator relevante, neste sentido, é que o professor universitário, formador de
outros professores, precisa ter consciência de que o Ensino Superior tem algumas
particularidades, que visam alcançar finalidades predeterminadas:
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Art. 43. A educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o
desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar
diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores
profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e
colaborar na sua formação contínua; III - incentivar o trabalho de pesquisa e
investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da
criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem
e do meio em que vive; IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V -
suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e
possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão
sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de
cada geração; VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e
estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; VII - promover a extensão,
aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na
instituição. (LEI 9394/96)
a vida, abrindo as portas aos adultos que desejem retomar seus estudos, adaptar e
enriquecer os seus conhecimentos, ou satisfazer seu gosto de aprender em qualquer
domínio da vida cultural; (...) (DELORS, 1998, p.24)
Neste contexto, vale lembrar que através dos sistemas de computação é que as
transações bancárias, pagamentos comerciais e outras atividades são realizadas, ainda que
passe despercebido pelas pessoas. Pelo uso da tecnologia suas relações cotidianas estão sendo
pautadas, inclusive as do mercado de trabalho; Deste modo, percebe-se o quanto a inclusão
digital está ligada à cidadania e à inserção social por meio das relações interpessoais.
Entendendo que a cidadania envolve diversos aspectos, entre outros, o econômico, que
está diretamente ligado ao mercado de trabalho, como comentado acima, este é fator
17
Trata-se de fazer com que os que têm mais necessidades, por serem mais
desfavorecidos, possam beneficiar-se destes novos instrumentos de compreensão do
mundo. Deste modo, os sistemas educativos, ao mesmo tempo que fornecem os
indispensáveis modos de socialização, conferem, igualmente, as bases de uma
cidadania adaptada às sociedades de informação. (DELORS, 1998, p.66)
A referida inclusão digital vem sendo apontada como o caminho mais curto para
acesso à cidadania e para uma possibilidade de se atuar dinamicamente na sociedade, de
tornar-se sujeito de sua própria história e contribuir com a história e desenvolvimento do país
de modo positivo. Entretanto, deve-se entendê-la não apenas como a possibilidade de acesso
às mídias digitais, como o computador, mas seu domínio por parte de quem delas fizer uso: é
preciso que se veja e se saiba dar significado ao uso das ferramentas para que realmente haja
sentido em utilizá-las.
Dizer que inclusão digital é somente oferecer computadores seria análogo a afirmar
que as salas de aula, cadeiras e quadro negro garantiriam a escolarização e o
aprendizado dos alunos. Sem a inteligência profissional dos professores e sem a
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Público (...) que conduzam a, entre outros: (...) III – melhoria de qualidade do ensino; IV –
formação para o trabalho; V – promoção humanística, científica, tecnológica do país.” (art.
214 - CF).
Também na Constituição Federal (1988), em seu art. 218, diz que “O Estado apoiará
a formação e recursos humanos nas áreas de ciências, pesquisa e tecnologia, e concederá aos
que dela se ocupem, meios e condições especiais para o trabalho”. Fica clara, assim, a
preocupação de adequar o ensino à realidade em que se encontra. Não é uma totalidade de
pessoas que possuem as tecnologias de comunicação em seus lares ou à sua disposição
diariamente, mas precisam saber como utilizá-las para, ao ser necessário, não ficar excluso
das situações em que este conhecimento seja imperioso.
A sociedade contemporânea não pede por pessoas que entendam e reproduzam o
conhecimento, mas que consigam buscar dados e construam o seu próprio, só assim ele terá a
oportunidade de não ser incluído na sociedade e terá condições para atuar crítica e
conscientemente no seio da mesma. Isso é função dos “sistemas educativos [que] devem dar
resposta aos múltiplos desafios das sociedades da informação, na perspectiva de um
enriquecimento contínuo dos saberes e do exercício de uma cidadania adaptada às exigências
do nosso tempo”. (DELORS, 1998, p.66)
Por este motivo, serão explicitados alguns conceitos sobre as tecnologias da
informação e da comunicação para depois serem tratados o novo papel do professor e suas
diversas possibilidades de trabalho nos capítulos seguintes.
CAPÍTULO II: ALGUNS CONCEITOS E REFLEXÕES SOBRE
TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
A Tecnologia nem sempre está disponível aos cidadãos, seja pela renda familiar,
pelas condições geográficas (pois muitos lugares não contam com energia elétrica, tampouco
é atendido pelas empresas de serviço telefônico), ou outros fatores diversos. Tal situação
causa distanciamento cada vez maior entre países em desenvolvimento e os desenvolvidos,
podendo desencadear o aparecimento de pólos do conhecimento: um que o gera e outro que o
recebe. Os esforços para que essa distância desenvolvimentista não se alargue ainda mais
devem se voltar para a disseminação do conhecimento e o acesso à informação, assim esta
disparidade atual pode se tornar, de certo modo, vantajosa aos países menos desenvolvidos,
ou em desenvolvimento – como é o caso do Brasil. No relatório feito à Unesco, Delors
comenta que
As inovações que marcaram todo o século XX, quer se trate do disco, do rádio, da
televisão, da gravação audiovisual, da informática ou da transmissão de sinais
eletrônicos por via hertziana, por cabo ou por satélite, revestiram uma dimensão
não puramente tecnológica, mas essencialmente econômica e social. A maior parte
destes sistemas tecnológicos, hoje miniaturizados e a preço acessível, invadiu uma
boa parte dos lares do mundo industrializado e é utilizada por um número cada vez
maior de pessoas no mundo em desenvolvimento. Tudo leva a crer que o impacto
das novas tecnologias ligadas ao desenvolvimento das redes informáticas vai se
ampliar muito rapidamente a todo o mundo. (DELORS, 1998, p. 186)
3
“A Sociedade da Informação é um conceito utilizado contemporaneamente. Busca identificar a sociedade e a
economia que faz o melhor uso possível das Tecnologias de Informação e da Comunicação. Numa Sociedade da
Informação, as pessoas aproveitam as vantagens das tecnologias em todos os aspectos das suas vidas: no
trabalho, em casa e no lazer”. (in http://www2.ufp.pt/~lmbg/livro_ict03.htm). Ainda neste sentido, segundo
Assman, “A expressão “sociedade da informação” deve ser entendida como abreviação (discutível!) de um
aspecto da sociedade: o da presença cada vez mais acentuada das novas tecnologias da informação e da
comunicação. Serve para chamar a atenção a este aspecto importante. Não serve para caracterizar a sociedade em
seus aspectos relacionais mais fundamentais”. (ASSMANN, 2000, p.8)
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Justamente por não ser esta época igual a nenhuma outra do passado, não
desencadeará no futuro nada similar ao que já se conhece, e é por este motivo que as
instituições de ensino não podem se ater a metodologias de ensino anteriores nos dias atuais,
esta prática não condiz com a realidade atual, nem preparará as gerações para o futuro. É
preciso ter consciência que antes os jovens e as crianças não tinham acesso a outras formas de
lazer que não fossem as brincadeiras coletivas, as histórias em quadrinhos ou passeios pelos
parques, praças ou rodas de amigos, mas hoje “A experiência da abundância e da liberdade de
escolha no que se refere à música, à televisão e que aos poucos se estende também a outras
tecnologias informacionais passou a fazer parte do cotidiano de muitíssima gente”.
(ASSMANN, 2000, p.13), tornando até mesmo a individualidade egoísta um risco eminente a
ser combatido com prudência.
Como dito ao início do trabalho, a sociedade está em processo de construção, de
criação, as novidades são muitas, contínuas e crescentes. Principalmente as tecnologias de
armazenamento e transmissão de informação são amplamente utilizadas, e são acompanhadas
por inovações organizacionais, comerciais e jurídicas, alterando os padrões de vida do homem
em todas as suas relações com o outro e consigo próprio. Nem mesmo a sociedade da
informação como um todo, conforme se conhece hoje, está impassível de mudanças, segundo
Assman (2000) “No futuro, poderão existir modelos diferentes de sociedades da informação,
tal como hoje existem diferentes modelos de sociedades industrializadas. Esses modelos
podem divergir na medida em que evitam a exclusão social e criam novas oportunidades para
os desfavorecidos”. (ASSMANN, 2000, p.9).
A intenção de se utilizar destas tecnologias da informação e da comunicação de
forma mais igualitária busca, exatamente, esta transformação social, quiçá para uma
sociedade educativa, como Delors (1998) transcreve na obra analisada, que se baseia na
aquisição, atualização e utilização dos conhecimentos disponíveis, que para ele são as três
funções principais do processo educativo. Para o autor,
Essa utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação dão um caráter ainda mais
particular para tais inovações, dão uma face educacional ao uso das máquinas, que passam a ser
conhecidas como Tecnologias Educacionais devido ao seu uso, conforme tratado no item seguinte.
“A escola é um dos espaços que mais sofrem as consequências das mudanças que
ocorrem na sociedade. Advoga-se que as escolas devem rejuvenescer seus objetivos
e processos de trabalho tidos como defasados em relação às demandas do mercado.
Espera-se que respondam com prontidão aos desafios impostos pelos novos
contextos sociais, que implicam mudanças paradigmáticas na forma de ensinar,
aprender, avaliar. Mesmo concordando com essas premissas, não podemos abster-
nos de examinar com mais rigor essas idéias, de modo a superar análises apressadas
e superficiais dos fenômenos sociais em geral e dos educativos em particular”.
(SORDE & LÜDKE, 2009, p.13)
compreender as mudanças sociais e quais suas ações necessárias para contribuir com a
inserção social de seu aluno, nos diversos setores a que tem direito de exercer sua cidadania?
Sob esta questão, nota-se que a preocupação com a seleção dos docentes para
adentrar as salas de aula estão cada vez mais rigorosos – o professor precisa atender à sua
sociedade a riscos de não ser mais professor atuante. Porém, não apenas o recrutamento está
sendo mais criterioso, é preciso que – uma vez em sala de aula – o professor receba
capacitação condizente com o que se espera de seu trabalho. Delors (1998) também pontua
este quadro em seu texto salientando que
O princípio de todo o processo educativo formal está na educação básica, que precisa
ser de qualidade a fim de que cada um possa utilizar de todas as possibilidades de aprender e
de aperfeiçoar-se, durante e após a escolaridade. Neste ponto a educação precisa ir ainda mais
longe, deseja-se que na escola o aluno desenvolva ainda mais o gosto e prazer por aprender, a
capacidade de aprender cada vez mais, de aprender a aprender, e este sentimento deve ser
transmitido pela escola. Os alunos formados atualmente precisam ser curiosos, autônomos,
capazes de – em muitas situações – ter seu lugar ‘alternado’ com o professor, tornando o
processo ensino-aprendizagem possibilidade de aprender e de ensinar a ambos.
Sob esta perspectiva, a sociedade se tornaria educativa, onde os indivíduos se
educam uns aos outros, permanentemente, proporcionando maior desenvolvimento social,
político, econômico, cultural, entre outros. Neste sentido, segundo Giardino,
Este desafio pode ser entendido pela falta destas capacitações, seja pelo espaço, pelo
alto custo, ou qualquer outro fator. Diante disto, e da tarefa docente a ser realizada, o
professor não pode desanimar e deixar seu trabalho continuar como está, ou como vem
desenvolvendo há anos. Embora seja legalmente garantida sua formação em exercício – como
comentado no início do trabalho – o Governo não conseguiu ainda abranger os projetos de
formação em exercício para todos os professores, limitando ainda as vagas; Nem por isso o
processo educacional aguarda que novas vagas surjam e que os professores sejam preparados,
a necessidade de mudanças é eminente.
Todavia as mudanças não acontecem apenas pelas necessidades exteriores, mas pela
motivação de cada um. Nesse sentido os próprios professores precisam perceber a realidade
em que estão inseridos e buscar respostas para superar os desafios que aparecerem.
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Pede-se-lhes muito, agora que o mundo exterior invade cada vez mais a escola,
principalmente através dos novos meios de informação e de comunicação. De fato,
os professores têm na sua frente jovens cada vez menos enquadrados pelas famílias
ou pelos movimentos religiosos, mas cada vez mais informados, terão de ter em
conta este novo contexto, se quiserem fazer-se ouvir e compreender pelos jovens,
transmitir-lhes o gosto de aprender, explicar-lhes que informação não é
conhecimento e que este exige esforço, atenção, rigor, vontade. (DELORS, 1998,
p.26-27)
É preciso, enfim, que o ensino superior continue a desempenhar o papel que lhe
cabe, criando, preservando e transmitindo o saber em níveis mais elevados. Mas as
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são, e levar professores e alunos a alcançar níveis de conhecimento que, sem ela, nunca
poderiam atingir” (DELORS, 1998, p.161). Claro que esta dificuldade não diz respeito à
competência de cada um, mas a distância, ao custo, entre outros fatores, são empecilhos que
teriam de ser transpostos pelos mesmos, cuja aproximação presente não se faz possível,
apenas a virtual.
Além disso, o professor pode buscar suprir suas dificuldades pedagógicas através
destas tecnologias, como assistindo um programa educacional de TV, acessando páginas
educacionais, lendo livros on-line, realizando cursos a distancia, entre outras formas de
utilização destes meios, melhorando assim sua competência pedagógica e o nível de seus
próprios conhecimentos.
Ou seja, a introdução das tecnologias educacionais nas instituições de ensino exige
mudanças no quadro educacional, principalmente em relação ao papel do professor que ensina
aos alunos a avaliar e a gerir a informação a que tem acesso de modo prático e significativo,
reflexivo e crítico, diferentemente de sua ação docente anterior de transmissor do
conhecimento. Assim sendo, o processo de educação, hoje, revela-se muito mais próximo da
vida real dos envolvidos do que os métodos tradicionais, começando a surgir em salas de aula
novos tipos de relacionamento, que dependem da postura do professor e de seu entendimento
acerca de suas novas funções e desafios neste novo quadro social.
Se o ensino superior não estiver embasado pela ciência e atualizado com seus
avanços e novas descobertas, ainda ao se formar o aluno já estará obsoleto na sociedade, é
preciso que o professor se dedique e faça parte deste quadro evolutivo, inserindo o aluno neste
mesmo meio para que ele também se torne num pesquisador comprometido com seu próprio
aprendizado. Considerando a realidade do aluno e a política educacional, conforme consta no
Estatuto, a utilização do materiais e as metodologias utilizadas devem estar de acordo com o
tempo histórico em que a educação acontece, bem como o processo avaliativo deve favorecer
o desenvolvimento do aluno, e não apenas classificá-lo segundo o que não sabe – neste ponto
o professor precisa dominar as técnicas de planejamento, reflexão, ação e redirecionamento de
seu trabalho, ajustando as possíveis falhas de modo a suprir as dificuldades dos alunos,
contribuindo para a sua plena formação.
Diante disto, entende-se que o papel de educador como o detentor e único
responsável pela educação já não se corporificar mais: é indispensável que ele próprio se
adapte aos novos meios de ensinar. Conforme se pode analisar no texto de Kenski (2001,
p.95), o ato de ensinar não é discutido como uma função do professor tão somente, mas como
“organizações de aprendizagem”, onde o mérito de ensinar na sociedade da informação seria
voltada para que os alunos consigam utilizar-se dos “bons programas eletrônicos”, não
dependendo diretamente do docente que o aprendizado aconteça – ele orienta e os alunos
através da pesquisa aprendem sozinhos, principalmente a encontrar caminhos para a
construção de seu próprio conhecimento. Assim sendo, o aluno – em continuidade ao
processo educacional, além de ler e escrever precisa se manifestar oralmente a fim de
contribuir com outros acerca de seu aprendizado e propicie ao professor meios de avaliá-lo e
auxiliá-lo na aquisição de seu saber, que igualmente deve fazer uso da fala para instigar os
alunos a buscarem dados e informações, a refletirem, a compreenderem melhor o que estão
lendo, acessando ou usando enquanto ferramenta, com ênfase nas tecnologias (que muitas
vezes ainda são desconhecidas pelos alunos):
A educação ao longo de toda a vida não é um ideal longínquo mas uma realidade
que tende, cada vez mais, a inscrever-se nos fatos, no seio de uma paisagem
educativa complexa, marcada por um conjunto de alterações que a tornam cada vez
mais necessária. Para conseguir organizá-la é preciso deixar de considerar as
diferentes formas de ensino e aprendizagem como independentes umas das outras e,
de alguma maneira, sobrepostas ou concorrentes entre si, e procurar, pelo contrário,
valorizar a complementaridade dos espaços e tempos da educação moderna. Em
primeiro lugar, como dissemos, o progresso científico e tecnológico e a
transformação dos processos de produção resultante da busca de uma maior
competitividade fazem com que os saberes e as competências adquiridos, na
formação inicial, tornem-se, rapidamente, obsoletos e exijam o desenvolvimento da
formação profissional permanente. (DELORS, 1998, p.104)
Em vistas disso pode-se dizer que o profissional que não estiver continuamente, ao
longo de toda a vida, buscando dados novos e adequando-se ao seu tempo e espaço, devido a
velocidade de mudanças proporcionada por esta revolução que a Sociedade da Informação
coloca à população mundial, ficará à margem do processo de desenvolvimento de sua nação,
abrindo mão de sua atuação cidadã que implica, entre outras coisas, em contribuir para a
formação de novas gerações com vistas no passado e perspectivas de futuro conforme a
realidade presente. Deste modo, o conceito de educação ao longo de toda a vida é
fundamental e imprescindível para novas portas serem abertas neste século, possivelmente
todas, segundo o texto de Delors, isto porque este conceito “Ultrapassa a distinção tradicional
entre educação inicial e educação permanente. Aproxima-se de um outro conceito proposto
com freqüência: o da sociedade educativa, onde tudo pode ser ocasião para aprender e
desenvolver os próprios talentos”. (DELORS, 1998, p. 117)
A sociedade educativa, como já citada no decorrer do texto, seria um ideal a ser
alcançado pela sociedade da informação, onde não apenas a informação se difunde pelo
planeta, mas o conhecimento, onde uns educam aos outros e a si mesmo o tempo todo.
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esta realidade não se repita posteriormente, e que todos os alunos, futuros profissionais,
possam retomar seus estudos por prazer, por necessidade, por realização de cada um.
É preciso ainda que não se considere apenas a postura do professor universitário de
formação inicial estimular seus alunos a aprenderem permanentemente, algumas ações
administrativas também devem ser realizadas. Às universidades é fundamental que se criem
políticas de ensino, planejamentos de atividades que atendam à essa necessidade de formação
continuada, que supra a demanda de profissionais da educação que querem e precisam estar
sempre atualizados, pois a qualidade de ensino é determinada tanto ou mais pela formação
continuada dos professores e sua experiência que sua formação inicial, como diz Delors
(1998), e para este fim, concorrem os meios tecnológicos que possibilitam maior integração
entre os professores, discussão de diferentes práticas e acesso a diversos projetos educacionais
e seus resultados espalhados pelo mundo, a fim de que estimulem a reflexão dos professores
em formação e que, se perceberem possibilidade, adéquem o projeto à sua realidade local, à
realidade de seus alunos, dando maior significado à sua atividade pedagógica. Segundo este
autor, as universidades precisam desenvolver tais programas de formação contínua, e podem
contar com algumas ferramentas de baixo custo, como a modalidade de ensino a distância,
que vem ao encontro das particularidades de educandos quem nem sempre podem estar
presentes nas instituições, seja devido ao trabalho, à família ou outros motivos que não
correspondem à alçada universitária. O importante é que o professor em estado de formação
continuada aprimore cada vez mais sua habilidade e sua competência de saber-fazer.
Finalizando esta idéia de formação continuada, mas não esgotando as inúmeras
possibilidades e implicações desta no meio acadêmico, fica a reflexão de Delors sobre
educação durante a vida toda:
Por todas estas razões, parece impor-se, cada vez mais, o conceito de educação ao
longo de toda a vida, dadas as vantagens que oferece em matéria de flexibilidade,
diversidade e acessibilidade no tempo e no espaço. É a idéia de educação
permanente que deve ser repensada e ampliada. É que, além das necessárias
adaptações relacionadas com as alterações da vida profissional, ela deve ser
encarada como uma construção contínua da pessoa humana, dos seus saberes e
aptidões, da sua capacidade de discernir e agir. Deve levar cada um a tomar
consciência de si próprio e do meio ambiente que o rodeia, e a desempenhar o papel
social que lhe cabe enquanto trabalhador e cidadão. (DELORS, 1998, p.18)
Portanto, conforme dito a princípio, a formação continuada envolve muito mais que
o processo de simples atualização, mas de formação do ser humano, do profissional, do
cidadão, enfim, do homem sob suas diversas faces e papéis sociais. É imprescindível que o
professor universitário consiga entender os mecanismos e as novas tendências educacionais,
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Isto acontece pelo fato de que os computadores, ainda, não são de fácil acesso a toda
a população, muitos não tem instalações de energia, atendimento telefônico, poder aquisitivo
para adquirir o equipamento, entre outros fatores – conforme citado anteriormente. A
democratização do conhecimento através das inovações propostas demanda um preparo e
abastecimento de recursos às escolas por parte dos responsáveis por sua organização, sejam
elas instituições públicas ou particulares. A necessidade desta democratização se faz urgente,
pois o uso dos computadores tem abarcado, a cada dia, um espaço maior na sociedade em
seus diversos setores.
O uso dos computadores interfere inclusive no modo de as demais tecnologias, como
por exemplo, as “Câmeras digitais e celulares popularizam a fotografia. Saber tratar e
modificar imagens em softwares de edição é uma competência cada vez mais valorizada. E
programas de desenhos no computador ampliam as formas de criação”. (POLATO, 2009,
p.58). A criatividade explorada neste caso é ponto fundamental, além da habilidade de
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Entende-se assim que o uso do computador, assim como das demais tecnologias, na
educação devem compor um conjunto de ações que primam pelo desenvolvimento integral do
aluno, não devendo ser abandonadas as atividades anteriores, mas demonstrado que há mais
de uma maneira de executá-las. Por exemplo, pode-se criar planilhas de despesas mensais
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com régua, lápis, borracha, caneta, fazer uso de cálculos mentais, assim como se pode auxiliar
a tarefa pela utilização da calculadora posteriormente, pois compreende-se que o aluno precise
aprender a manusear esta ferramenta – tanto quanto deve ser explorado a forma de fazer esta
mesma planilha em espaço digital através de planilhas eletrônicas. O saber não se restringe a
uma única forma de ser construído, suas diversas maneiras devem ser, ao máximo, exploradas
com os alunos: eles terão de ensinar estes valores e saberes aos seus futuros alunos,
independente da área, da disciplina que lecionem. Até mesmo porque nem todas as atividades
desejadas podem ser realizadas presencialmente pelos alunos, como cita Polato (2009): “por
meio das novas tecnologias amplia-se a experimentação e a observação, procedimentos
indispensáveis ao método científico. Comecemos pela realização de experimentos. Por razões
de segurança, não é todo tipo de experiências que dá para fazer no ambiente escolar”.
(POLATO, 2009, p.56)
Devido a esta área ainda ser nova, por isso inovadora, não existe teoria que lhe dê
suporte pleno, por isso ela faz uso de outras no caminho de estruturar a sua própria, como o
construtivismo de Piaget, pois possibilita o desequilíbrio das informações anteriores diante da
disponibilização das novas, promovendo um processo de assimilação, reflexão, e acomodação
de um saber novo, baseado no conhecimento anterior e em consonância com o novo. Também
faz uso do sócio-construtivismo de Levy Vigotsky, que sugere a apreensão de conteúdos
através das interações sociais, tanto com o ambiente quanto com outros seres humanos.
Conforme reflexão que pauta este texto, a realidade é diferente de todas as outras
pelas quais a sociedade mundial já vivenciou, portanto não pode-se manter as mesmas
atitudes no decorrer das atividades. Vale, entretanto, ressaltar que esta mudança de atitude
deve ser coerente com os princípios de ética, de valorização do ser humano, de tolerância com
o outro, de construção de uma sociedade igualitária, pois “o uso inteligente do computador
não é um atributo inerente ao mesmo, mas está vinculado a maneira como nós concebemos a
tarefa na qual ele será utilizado” (VALENTE, 1997). O computador, embora uma ferramenta
espetacular de ensino e inserido em outras atividades humanas, não é capaz de pensar, de
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refletir, de optar por um ou outro caminho a ser seguido – capacidades exclusivamente do ser
humano.
Em continuidade às propostas de trabalho com o computador, da realização de
pesquisas off-line através de recursos multimídia, está o uso da internet, uma das mais comuns
entre as diversas sugestões de uso dos computadores, referindo-se à criação de blogs, troca de
e-mails e mensagens instantâneas. Percebe-se que a comunicação é a principal forma de
utilização do computador para a troca de dados de todas as espécies, inclusive acadêmicos,
dando ares de redescoberta ao processo de oralidade e transmissão de dados, mundialmente:
“O maior estímulo está na possibilidade de realizar videoconferências pela rede mundial (...)”.
(POLATO, 2009, p.56). Tais videoconferências auxiliam o aluno a receberem informações
extra-institucionais, ampliando seus horizontes e possibilidades de reflexão sobre assuntos
comuns ou diferentes dos abordados nas universidades, pois podem ser acessadas por
mediação das instituições ou não.
Entre outros fatores, este é um dos que faz ser tão importante que o computador
esteja conectado à internet; sem ela o computador já é uma ótima ferramenta de trabalho, com
inúmeras possibilidades de uso, conforme visto, mas, quando conectado, sua potencialidade
supera as possibilidades de uso em tão grande escala que se torna imprescindível.
Com o passar dos anos, a internet, assim como os computadores, expandiram suas
potencialidades a descobriram-se novas utilizações devido a inúmeras possibilidades de
trabalho. A transmissão de dados feita para recolher informações sobre os inimigos, percebeu-
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se, poderiam se tratar de quaisquer outros assuntos. Contudo, a troca destes elementos
acontecia de modo lento, não havia especialização de nenhum setor para que a velocidade
fosse alterada, até então. Através de estudos sobre a difusão destas redes de comunicação,
países desenvolvidos passaram a utilizá-la como ferramenta em diversos setores da sociedade,
mas apenas há poucos anos esta tecnologia passou a se espalhar pelos países em
desenvolvimento, até mesmo porque o custo ainda era alto para adquiri-la.
Contudo, a fascinação pelas oportunidades das relações comerciais e as possibilidades
de comunicação do meio científico, a internet expandiu-se violentamente, e passou a fazer
parte do cotidiano das pessoas do mundo todo. Entretanto, embora a disseminação da internet
abranja inúmeras localidades, devido a fatores sociais comentados anteriormente como o
poder aquisitivo ou localização geográfica, muitos estão exclusos de participarem deste
movimento digital; além disso, ainda há um outro entrave: nem todos que tem acesso à
internet sabe, realmente, como utilizá-la. Por este motivo, Lévy (2005) afirma que
Mesmo com tantas dificuldades para que a internet se institua como ferramenta
social, não se pode negar o fato de seu poder de disseminação de informações, de dados
relevantes para a construção do conhecimento – e, portanto – sua ampla potencialidade de
utilização em sala de aula como ferramenta de ensino.
O computador desconectado não amplia o trabalho do professor em possibilidades
tanto quanto quando este está ligado à rede mundial de computadores. Isto se dá pelo fato de
que lugares recônditos do mundo se tem acesso às mesmas informações que se tem nos
grandes centros, através da mesma ferramenta. O fantástico é que, deste ponto de vista, as
diferenças entre pessoas (sejam financeiras, culturais, étnicas e outras) não existem, todos que
acessam a internet tem as mesmas possibilidades de exploração e de aprendizado por
consequência. Deste modo, o computador não se torna apenas uma ferramenta a mais para o
ensino, mas propicia a promoção da igualdade. Além disso, não há limites para acesso às
informações que trafegam na rede, apenas é necessário que haja orientação quanto ao seu uso:
42
A escola não é o único local privilegiado para que o aprendizado aconteça, saber
aproveitar o cotidiano das crianças e jovens em sala de aula será uma habilidade
imprescindível para o professor do século XXI desempenhar seu papel – e sua formação
precisa trabalhá-la. Valente diz que “A vida das crianças está tão relacionada com o uso
dessas mídias que é inglório tentar competir com a informática” (VALENTE, 1997), portanto,
é preciso que elas percebam na escola um local de discussão sobre as coisas de seu mundo; a
escola não é mais uma ilha em que se discutem assuntos isolados do cotidiano, mas deve
trazer o dia-a-dia para dentro de seus limites e explorá-los para que haja significância no
trabalho realizado.
Neste contexto pode-se dizer que as redes de comunicação é uma parte desta rotina
dos alunos, e eles precisam de orientação sobre o melhor uso da ferramenta que possuem, dos
dados que lhes são disponibilizados, ainda que ao trocar de endereços de sites a serem
explorados os assuntos não sigam linearidade de fatos,
ambos devem contribuir para tal conquista. O docente precisa não apenas instigar a auto-
avaliação, mas indicar qual o procedimento para realizá-la. Deste modo o professor estará em
consonância com seu novo papel no setor da educação, que é antes de tudo orientar seus
alunos visando sua formação, vindo assim, a juntar-se com a auto-avaliação a conduta
chamada de avaliação formativa, que visa formar a totalidade do aluno no que se refere a
todas as aptidões que seu curso deve proporcionar.
A orientação precisa considerar, ainda, que os alunos são seres únicos, provenientes
de diferentes culturas, idiomas e realidades sociais, e por este motivo devem ser trabalhados
em detrimento às fobias preconceituosas, o respeito próprio e o mútuo, além de estabelecer
pontes entre os estudantes que têm acesso ilimitado aos mais avançados
equipamentos e tecnologias e os que dependem exclusivamente do espaço escolar
para ingressar e vivenciar experiências nas novas dimensões de ensino. É assim
capaz de realizar na ação docente interações e intercâmbios entre linguagens,
espaços, tempos e conhecimentos (pontes temporais, sociais, tecnológicas)
diferenciados. (KENSKI, 2002, p. 100)
Com a intenção de competir para uma sociedade mais harmônica e educativa (como
citada por Delors (1998), a avaliação precisa, portanto, atuar como fator de medição do
aprendizado, identificação das dificuldades e orientação ao trabalho do professor atuante sob
os novos paradigmas educacionais, que aliás precisam ser claros ao docente. Assim sendo, o
professor universitário precisa ter em mente quais são estes paradigmas e contribuir para que
os docentes em formação desenvolvam em si o hábito de inovar e adaptar-se às necessidades
de seu tempo.
CAPÍTULO IV: NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS E A EDUCAÇÃO À
DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR
4
“faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc) para
solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações” (PERRENOUD, 2000, p. 19)
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Muitas ainda são as dificuldades para que a educação à distância, mediada pelas
tecnologias de comunicação, sejam realmente efetivadas. Uma delas é a alteração de certos
padrões, que podem ser entendidos também como paradigmas educacionais, ligados
diretamente a organizações, governos e profissionais, além da própria sociedade que resistem
diante das possíveis mudanças.
Outra dificuldade é a falta de acesso, até mesmo à energia elétrica, que impossibilita
o acesso aos recursos tecnológicos, inclusive o aspecto financeiro para aquisição do material.
Estes recursos podem democratizar o acesso à informação, matéria prima para a construção
do conhecimento. Neste sentido, Moran (2002) diz que “Por isso, é da maior relevância
possibilitar a todos o acesso às tecnologias, à informação significativa e à mediação de
professores efetivamente preparados para a sua utilização inovadora. E neste sentido é que a
argumentação deste trabalho se apóia: a necessidade do professor estar bem preparado para
que possa proporcionar aos seus alunos um ensino de qualidade, ainda que não esteja próximo
a ele de modo presencial.
Com objetivo de formar pessoas autônomas, capazes de se auto-formar, de buscar os
dados necessários para construírem seu conhecimento, e assim orientarem seus futuros alunos
52
a fazerem o mesmo, as ferramentas que facilitam este processo devem ser consideradas
grandes aliadas. É através da comunicação que o ensino superior prepara seus futuros
professores para exercerem bem suas funções, e esta comunicação não deve acontecer
somente entre professores e alunos, mas entre todos os participantes deste processo: “As
tecnologias interativas, sobretudo, vêm evidenciando, na educação a distância, o que deveria
ser o cerne de qualquer processo de educação: a interação e a interlocução entre todos os que
estão envolvidos nesse processo”. (MORAN, 2002). Deste modo pode-se dizer que a
educação à distância atende ao que se almeja conquistar dos alunos universitários, que
discutam entre si sobre os assuntos temas de aulas e que, juntos, construam o conhecimento
da turma, que será diferentemente igual para todos os membros do grupo.
Dentro de processos de educação à distância ou semi-presenciais, é comum haver
espaços nos sites para contribuição dos alunos, para chats e conferências diversos, permitindo
que não apenas os métodos de trabalho sejam diferentes de outros tempos, o próprio conceito
de curso e aula também mudam:
Hoje, ainda entendemos por aula um espaço e um tempo determinados. Mas, esse
tempo e esse espaço, cada vez mais, serão flexíveis. O professor continuará "dando
aula", e enriquecerá esse processo com as possibilidades que as tecnologias
interativas proporcionam: para receber e responder mensagens dos alunos, criar
listas de discussão e alimentar continuamente os debates e pesquisas com textos,
páginas da Internet, até mesmo fora do horário específico da aula. Há uma
possibilidade cada vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos
tempos e espaços diferentes. Assim, tanto professores quanto alunos estarão
motivados, entendendo "aula" como pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel
do professor vem sendo redimensionado e cada vez mais ele se torna um supervisor,
um animador, um incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento
(MORAN, 2002)
De agora em diante, as práticas educativas, cada vez mais, vão combinar cursos
presenciais com virtuais, uma parte dos cursos presenciais será feita virtualmente,
uma parte dos cursos a distância será feita de forma presencial ou virtual-presencial,
ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, intercalando períodos de pesquisa individual com
outros de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos poderemos fazê-los
sozinhos, com a orientação virtual de um tutor, e em outros será importante
compartilhar vivências, experiências, idéias. (MORAN, 2002)
Assim, pode-se dizer que os novos caminhos que o ensino superior vem assumindo
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nesta última década disponibiliza aos alunos atuais e futuros uma verdadeira revolução quanto
ao entendimento das formas de ensinar.
Professores não são mais sucumbidos a espaços de salas de aulas e podem auxiliar,
ao mesmo tempo em que trabalha em ensino presencial, o processo educativo de quaisquer
lugar em que esteja diante de um computador conectado à internet, lançando discussões
pertinentes aos assuntos que foram ou ainda serão tratados com os alunos na modalidade
presencial de ensino. Esta mistura, como citado por Moran, não faz parte de uma realidade
ainda inexistente, mas estão cada vez mais presentes nas faculdades e universidades, tomando
conta de todos os espaços e exigindo preparo e flexibilidade dos professores para adaptarem-
se à esta nova realidade.
As tecnologias da comunicação e informação não podem representar ameaças ao
trabalho do professor, mas uma possibilidade metodológica a mais que pode ser usada
exclusivamente isolada, ou em conjunto à presencial. Porém, de qualquer modo os alunos
precisam ter contato com tais tecnologias para realizarem suas pesquisas, acessar a
informações indicadas pelo professor.
Estas ferramentas devem ser exploradas a todo momento por professores e alunos e
estão sendo cada vez mais: é raro ver-se uma instituição de ensino superior sem um
laboratório de informática conectado à internet, ou mesmo sem midiatecas (ainda que em
construção).
O ensino superior, ainda que de modo bem acanhado diante das mudanças ocorridas
no ensino fundamental e médio, passa por esta transformação para adequar-se à sociedade e
tempo em que está inserida. Cabe aos professores buscarem por conhecerem novas
possibilidades e adequarem sua prática pedagógica a estas mudanças para não sucumbirem e
serem profissionais de qualidade.
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CONCLUSÃO
rever suas práticas e principalmente seu papel, superar o paradigma tradicional e buscar
incorporar o paradigma da complexidade, que atende as necessidades do momento histórico
em que se vive. O paradigma da complexidade tem origem no próprio homem, complexo.
Suas relações e descobertas, tão complexos quanto ele, exigem mudanças de posturas, uma
prática inovadora que se conquista a partir da construção destes mesmos paradigmas.
Esta mudança de posturas, por sua vez, implicam na implementação e mesmo
transformação das universidades conforme se conhece até o momento. Já em fase de
transição, lenta na verdade, as instituições de ensino superior estão assumindo novas formas
de ensinar para terem resultados diferentes de outros tempos – os alunos não são passivos, não
são reprodutores de conhecimento: eles agem diante das situações e produzem soluções para
os problemas, e a tecnologia é uma importante aliada neste processo. Conclui-se que,
comprovadamente, a sociedade não admite mais formatos educacionais ultrapassados, que
remetem a reprodução de conteúdos e de uma mesma sociedade, que mesmo sendo educada
sob este formato, se transformou.
A escola é dinâmica tanto quanto a comunidade mundial, seu curso histórico não pode
ficar parada no tempo, e um dos maiores contribuintes para este movimento de mudanças é a
modalidade do ensino superior devido a possibilidade de pesquisa e à cientificidade da
mesma, portanto, estes aspectos não podem ser desconsiderados. A formação do professor
para que o Ensino Superior bem desempenhe seu papel diante dos novos paradigmas, é
fundamental.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Moderna, 1996.
MORAN, José Manuel. Mudar a forma de ensinar e aprender com tecnologias. Disponível
em: http://eca.usp.br/prof/moran. Acesso em: 15/08/2009.
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MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez,
2000.
OLIVEIRA, Eloiza da Silva Gomes de; NOGUEIRA, Mário Lúcio de Lima. Educação a
distância e formação de professores: desafios e perspectivas. In Tecnologia Educacional,
Revista Brasília de Tecnologia Educacional. Ano XXX, Abril a Setembro/2002, nº 157/158.
(p.95-103)
POLATO, Amanda. A Tecnologia que ajuda a ensinar: Um painel para todas as disciplinas
mostra quando – e como – as novas ferramentas são imprescindíveis para a turma avançar.
In Revista Nova Escola, Abril: Ano XXIV, nº 22, jun/jul 2009.
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Acessado em: 20/05/2010.
SORDI, Mara Regina de. LÜDKE, Menga. A Avaliação nos novos contextos e paradigmas
educacionais. In Revista Pátio Pedagógica: Ano XIII, nº 50, MAI/JUL, 2009.