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ee Capprigh® 1993 Ingedore Grunfeld Villas Koch “Todos os direitos desta edigio reservados 3 FEditora Contexto (Editora Pinsky Leda.) Revisio Simone D'Alevedo Composigao FA Fabrica de Comunicasio Capa ‘Antonio Kehl Dados Internacionais de Catalogagio na Publicagio (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) —Kodh, Ingedore Grunfeld Vilaga ‘A inter-acio pela linguagem / Ingedore Koch ~ 10.ed., 38 reimpressio.~ So Paulo : Contexto, 2010. Bibliografia. ISBN 978-85-7244-025-7 Le Interagio social 2. Linguagem 3. Sociolingiisica L. Titulo: IL. Série cop-401.4 92-2692 \ Tadices para catilogo sistematico: -Interagio: Linguagem ¢ comunicagio 401.4 Linguagem e comunicagio 401.4 3. Linguagem e agio: Comunicagio, 401.4 Eprrora CONTEXTO Diretor editorial: Jaime Pinsky Rua Dr. José Elias, 520 — Alto da Lapa 5083-030 - Sao Paulo - sr asx: (11) 3832 5838 contexto@editoracontexto.com.br www.editoracontexto.com.br 2010 Proibida a reprodugao total ou parcial. (Os infracores sero, processados na forma da lei. (Ax DEE. =/ LINGUAGEM E ARGUMENTAGAO Quando interagimos através da linguagem (quando nos propomos a jogar 0 “jogo”), temos sempre objetivos, fins a serem atingidos; hd relag6es que desejamos estabelecer, efeitos que pre- tendemos causar, comportamentos que queremos ver desencade- ados, isto é, pretendemos atuarsobre o(s) outro(s) de determinada ‘maneira, obter. dele(s) determinadas reagbes (verbais ou. nfo ver- bais). E por isso que ‘se pode afirmar que 0 uso da linguagem ¢ essencialmente argumentativo: pretendemos orientar os.enuncl- ados que produzimos no sentido de determinadas conclusdes (com exclusio de outras). Em outras palavras, procuramos dotar nos- sos enunciados.de.determinada forca.argumentativa. Ora, toda lingua possui, em sua Gramatica, mecanismos que permitem indicar a orientagao argumentativa dos enuncia- Ducrot,.est4 jnscrita.na_propria. dos: a argumentatividade,. diz ar_marcas. lingua. E a esses mecanismos que lingitisticas da.enunciagdo.ou.da.argumentaraa (como 5° res pgm em sentido amplo — se_costuma-denomin: tomada aqui em sentido amplo). Sio denominados modalizadores— ‘@™ . di ia que ma fangéo de devesminas.o moda coma qe ex a dito (cf. cap. “Linguagem € Ago”). marcas. Neste capftulo, estudaremos al jgumas dessas 2» 30 Os OPERADORES ARGUMENTATIVOS CO rermo operadores argumentativns foi cunhado por O_Ducror, ssindor da Soméntioa Argumensatva (ou Semfntica ds Enuncago), para designat por fungao indi dos, a diregio (sentido).para o.qual apontan. Para explicar seu funcionamento, Ducrot utiliza duas no- goes basicas: as de_escala-argumentativa-e.classe argumentativa, Uma classe argumentativa éconstituida, deum.conjunto deenun- ciados que podem igualmente servir de.argumento.para(apon- tam para: —>)_uma mesma conclusao (a que, por conven¢io, se denomina ). Exemplo: 1. Joio ¢ o melhor candidato. (concluséo A) arg. 1 — tem boa formagéo em Economia classe arg, 2 — tem experiéncia no cargo > argumen- arg. 3 — nao se envolve em negociatas tativa etc. (Todos os argumentos tém 0 mesmo peso para levar 0 alocutério a concluir R.) Quando dois ou mais enunciados de_uma_classe seapre= sentam.em gradacao de forga crescente no sentido de uma mes— ma conclusio, tem-se uma escala argumentativa, Exemplo: 2. A apresentagio foi coroada de sucesso (conclusio R) arg, 1 — estiveram presentes personalidades do mundo artistico arg, 2 — estiveram presentes pessoas influentes nos meio’ ticos rertos elementos da gramatica de.uma Mngua.que tém_ car (‘mostrar’) a forga argumentativa dos.enuncia. arg. 3 — esteve presente o Presidente da Reptiblica (argumento mais forte) Costuma-se representar graficamente a escala argumen- tativa da seguinte forma: R: A apresentacéo foi coroada de sucesso: (arg. + forte) © p”—esteve presente o Presidente da Reptiblica p’~ estiveram presentes pessoas influentes nos meios politicos p —estiveram presentes personalidades do mun- do artistico Sea mesma conclusio for negada, invertem-se os elemen- tos da escala: R: A apresentagao nfo teve sucesso: (arg. + forte) @ p” — nao estiveram presentes personalidades do mundo artistico p’— nao estiveram presentes pessoas influentes nos meios politicos p— nio esteve presente o Presidente da Reptiblica Apés esta rdpida explicacao, passamos a examinar aqui os Principais tipos de operadores. A) Operadores que assinalam 0 argumento mais forte de uma escala orientada no sentido de determinada_conclusiio; até, mesmo, até mesmo, inclusi 31 32 No exemplo (2); dirfamos normalmente: “4 aprese foi coroada de sucesso: estiveram Presentes personalida mundo artfstico, pessoas influentes nos meios politicos ¢ g mo, até mesmo, inclusive) 0 Presidente da Repiiblica”, > No caso da escala em sentido negativo, o argumento nA forte viria introduzido por nem mesmo: “A apresentacao nao teve sucesso: o Presidente nao compareceu, nem pessoas influences nos meios politicos ¢ mem mesmo personalidades do mundo artistico” Veja-se a forca do operador mesmo no seguinte trecho de um texto de Bertrand Russell: Ntacig des dy 16 (mes. 3. “O homem teme o pensamento como nada mais sobre a ter- ra, mais que a ruina e mesmo mais que a morte.” R: O homem teme o pensamento como nada mais sobre a terra mesmo p’ — mais que a morte p— mais que a rufna Hi também operadores que introduzem dado argumento deixando subentendida a existéncia de_uma_escala_com_outsos argumentos.mais.fortes.. Sao expresses como.ao_menos,-pelanter 795,.1no.ménim, Por exempl ‘3 ewe © rapaz era dotado de grandes ambigoes. Pensava em ser #0 minimo (pelo menos, Pensava em ser: nO minimo B) Operadores que somam argumentos.a favor de uma.mesma.con- qlusio (isto é, argumentos que fazem parte de uma mesma classe argumentativa): 6 também, ainda, nem.(= ¢ nao), nao, mas também, tattto...COMm0, Alem dew Ae diS$0..u par. “dk... etc. No caso do exemplo (1), terfamos: R: Joio é 0 melhor candidato tem boa tem experiéncia /\ nao se envolve formacio em no cargo em negociatas Economia arg. 1 arg. 2 arg. 3 Algumas maneiras de formular o texto seriam: a. Jodo é o melhor candidato: tem boa formacao em Economia, tem experiéncia no cargo ¢ nfo se envolve em negociatas. b. Joao é o melhor candidato: ndo sé tem boa formagao em Economia, mas também tem experiéncia no cargo ¢ nio se envolve em negociatas. Joao é 0 melhor candidato: além de ter boa formagio em Economia, tem experiéncia no cargo; clue a volve em negociatas. ainda d. Jodo é 0 melhor candidato: tanto tem boa formagio em Economia, como experiéncia no cargos flim ae se envolve em negociatas. a par disso Joao é 0 melhor candidato: a par de uma boa formagio em Economia, também tem experiéncia no cargos além do que, nfo se envolve em negociatas. etc., etc. 33 4 Existe mais um operador, que também intro¢ : mento adicional a. um conjunto de argumentos Ja-enungi. : mas 0 faz de maneira “sub-repticia”: ele é apresentado como se fosse desnecessétio, como se se tratasse de simples “lambujg? quando, na verdade, é por meio dele que se introduz um argu. mento decisivo, com o qual se dé o “golpe final”, resumindo oy coroando todos os demais argumentos. Trata-se-do operadar alids, Veja-se como poderia ficar o texto acima, com o acréscimo de mais um argumento através do alids: £. Joao ¢o melhor candidato. Além de ter boa formacao em Eco- nomia, tem experiéncia no cargo e nao se envolve em negoci- atas. Alids, € 0 Unico candidato que tem bons antecedentes. Um antincio publicitério certa ocasiéo, em um jornal de Sio Paulo, terminava assim: 5. “Esta é uma filosofia de trabalho que levamos a sério hd mais de 50 anos. Alids, muito a sério.” (isto é, mais “a sério” do que nossos concorrentes) ©) Operadores que introduc o relativa.a.argu- res: portanto, logo, 0 : i a: A e conseguinte, pois, em decorréncia, conseqiientemente; ett XK © custo de vida co: diges de satide do vai de mal a pior, ntinua subindo vertiginosamente; as CON Povo brasileiro sio péssimas ¢ a educagto Portant . ee Pode dizer que o B; tanto (logo, por conseguinte...) Mi rasil esteja prest integra no primei- i ja prestes a se integra no p! | | | D) Operadores que introduzem argumentas alternativos que dee vam a. conclusbes. diferentes ou.opastas:.ou,.ou.entdo, quer. quer, St)... Sef, CLC. 7. Vamos juntos participar da passeata. Ou vocé prefere se omi- tir ¢ ficar aguardando os acontecimentos? E) Operadores que estabelecem relacbes de.comparagao entre ele- mentos, com vistas.a.uma.dadaconclusdo: mais que, menos. _qite, to... como, etc..Por exemplo: scpton 35 3 ‘A: Vamos convocar a Liicia para redigit 0 contrato. | B: A Marcia é t40 competente quanto a Liicia. Note-se aqui que, apesar.de_se_tratar gramaticalmente-de_ um comparativo.de igualdade,.como.demonstrouC. Vogt, argu- _mentativamente.o.enunciado-¢-favordvela Méxcia.c desfavordvel a Licia. F) Operadores que introduzem uma justificativa ou explicagio re-. Jativa.ao.enunciado anterior: porque, que, jd. que, pois, etc. 9. “Nao fiques triste que este mundo é todo teu Tu é& muito mais bonita que a Camélia que morreu”. (“Jardineira”) G) Operadores quecontrapiem.argumentos.orientados para porém,.concudo,-todavia,.no- conclusies.contrdvias:-mas.( : de ” entanto,.etc.),-embora-(ainda-que,-posto-que,-apesar (que); etc.). O esquema de funcionamento do MAS (0 “operador spy mentativo por ¢ exceléncia’, segundo Ducro} t) ede SCUS similares é a3 seguinte: 0 locutor introduz.em seu discurso um ayenmeny, possivel para-uma.conclusio-R; -logo.em seguida, opsedhe um argumento decisivo para aconcluséo.contréria na@o-R(-R), Dy, ctor ilustra esse esquema argumentativo recorrendo & metéforg da balanga: o locutor coloca no prato A um argumento (ou con- junto de argumentos) com o qual nao se engaja, isto é, que pode ser atribufdo ao interlocutor, a terceiros, a um determina do grupo social ou ao saber comum de determinada cultura; a 36 seguir, coloca no prato B um argumento (ou conjunto de argu- mentos) contrario, ao qual adere, fazendo a balanga inclinar-se nessa diregao (ou seja, entrechocam-se no discurso “vozes” que falam de perspectivas, de pontos de vista diferentes — é 0 fend- meno da polifonia, de que voltaremos a falar no item “{ndices de Polifonia”). , pMASq —> n4o-R (-R) arg. p arg. q argumento argumento posstvel para a decisivo a favor conclusio R de nao-R (-R) : Exemplos: Be hor 10. A equipe da casa nao jogou mal, mas 0 adversirio foi melho © mereceu ganhar o jogo, R: Aequipe da -R: A equipe casa merecia ee casa nao me- ganhar ee dae recia ganhar P acquipe da ; oe q © adversétio casa nao ‘ : foi melhor jogou mal 11. Embora 0 candidato se tivesseesforgado para causar boa im- Pressdo, sua timider.e inseguranca fizeram com que nfo fosse selecionado, RO candidato -R: O candidato poderia ter no foi EMBORA sido sclecionado selecionado Po candidato q 0 candidato esforcou-se demonstrou para causar timidez ¢ boa impressio inseguranga Do ponto de vista semantico, os operadores do grupo do _MAS © 0s do grupo do EMBORA tém_funcionamento_seme- thante: eles opdem_argumentos enunciados de perspectivas.dife: rentes, que -orientam, .portanto, para conclusdes.conteérias, A renga entre os dois grupos diz, respeito.d estratdgia argumentatiua. utilizada pelo locutor: no.caso.do.MAS, cle.emprega-(segundo ee Guimaraes) a “estratégia.do-suspense”, isto €, faz, com que vena, 3 interlocutor_a-conclusto-R,-para-depois_introduzir_o argumento (ou conjuncode argument) que i evar conc -R; ao empregat_o-embora,.o-locutor-utiliza.aestrategia_de “a, Ou se i Jo, que o argumento in- 4 Zo, ou seja, anuncia, de antemio, que ¢ ie cae aria (ver também * todo Onoprostise — Oa se ADs Feel ¢ ‘Ont 7 tds prsupst jn tinde gO Se digo: 12, Paulo mora no Rio. snunciado nao encerra nenhum Se, porém, ey meu €! disser: 13. Paulo ainda mora no Rio. 38 ou (13’) Paulo jd nao mora no Rio. introduzo o pressuposto de que Paulo morava no Rio antes. Jéem: 14, Paulo agora mora no Rio. -O contetido pressuposto é que Paulo nao morava no Rio ante- viotmente (cf. item 2), )) Operadores que se distrib deles funciona numa escala orientada para .afirm tale 0 outro, numa es cala orientada para a - : one = 7s, tais operadores si0 morfologicame S, ©omo é 0 caso de umm pouco e pouco.O Seré que Ana (15a) Ela estud (158) do: Val passar no exame? o "UM Pouco (> tem possib Ela estud, '0U pouco (— provay Graficamente, terfamos as seguintes escalas: ESTUDOU NAO ESTUDOU estudou muitissimo estudou pouqufssimo estudou bastante estudou muito pouco estudou um pouco estudou pouco Vé-se, assim, que 9 emprego de certos operadores obedece aregras.combinat6rias, ou seja, eles nao entram.nos mesmos con: textos argumentativos..E 0 que acontece também_com_quase ¢. apenas (sé,.somente)..Por exemplo: 16. : O voto nao deveria ser obrigatério. (16a) Arg. 1: A maioria dos cidadaos ja vota conscientemente: QUASE 80%. (16b) Arg. 2: Sao poucos, mesmo agora, os que votam conscien- temente: APENAS 30%. Nota-se que também aqui o operador QUASE aponta para a afirmagio da totalidade e, por isso, se combina com a maioria; a0 passo que o operador APENAS orienta para a negacao da tota- lidade, 0 que permite o seu encadeamento com poucos. Existem_aindaoutros tipos de operadores argumentativos, muitos dos quais foram.por-mim.estudados nos livros.A.Caestia Tex tual, nesta mesma colecao,eArgumentagao.e Linguagem, para os quais remeto o leitor para um maior aprofundamento da questo. que é importante ressaltar, mais uma vez, ¢ que todos esses operadores fazem_parte da gramatica da lingua, Mas, como é facil verificar, trata-se de elementos que — por falta de tempo ou por outras razées que nfo cabe aqui discutir — 4ém_merecido_pouca_atencio_nos livros didaticos.e-nas_aulas_de. 39 lingua P portuguests jdque pertencem.s. clases, ‘geamaticai invaig weis | (advérbios, preposigoes, aoe locugées a veri prepositivass conjuntivas) ou, entao, s40 Palavras We; de acondg coma N.G.B. (Nomenclatura Gramatical Brasileira), nig foram huma das dez classes gramaticais, Merecendy inclufdas em nen a i assim, “classificago a parte” (em varias graméticas, sao denoming. das palavras denotativas ou denotadores de incluso, de exclusio, de retificagao, etc.). Acontece, porém, que s4o justamente essa “pala. vrinhas” (tradicionalmente descritas como “meros elementos de relacio, destituidas de qualquer contetido semantico”) as respon. séveis, em grande parte, pela forca argumentativa de nossos textos. EXEMPLIFICACAO Texto | - Caio Domingues & Associados Publicidade ‘ Nos trabalhamos com idéias.As idéias nao tém cheiro, mas algumas sao percebidas de longe.As idéias nao tém ta- manho, mas algumas ocupam bibliotecas. As idéias nao tém duracao, mas algumas nao morrem jamais. Nos trabalhamos com algumas idéias. Idéias que entrem por um ouvido € nd saiam pelo outro. Idéias que acendam a imaginacao. Idéias que sensibilizem as pessoas e logo se transformem em agoes- E um perigo trabalhar com idéias. Tem gente que mor re de medo. Mas quando a idéia é boa, consistente & cheia de grasa, a maioria gosta que se enrosca. E nés ficamos ees Ha 40 anos que estamos nesta luta ee wae eoenieaes Felizmente, enquanto houver a Idee. Mathes © outros bichos na face da terra, hav' que uma boa idéia, s6 outra idéia melhor 4l ‘res Fein tafe ata rr Neorg hoe ea mr Caio Dongs & Asociados Pubicdade ) IstoE, 6/10/1982 Toda a primeira parte do texto é construida sobre oposi- 66es assinaladas pelo operador mas: 42 B A As idias nfo tém chelro algumas so percebidas de, ‘As idéias nao én tamanho>> was€algumas ocupam bibliotecas ‘As idéias no em duragao algumas nao morrem jamais entram por um ouvido ¢ (= mas vido entram por um ow . ) nao saem pelo outro ¢saem pelo outto é um perigo trabalhar idéias boas, consistentes ¢ com idéias cheias de graca a maioria gosta que se enrosca Retomando a metafora da balanga, de Ducrot, verifica-se que os argumentos colocados no prato A orientam para a conclu- sao “é um perigo trabalhar com idéias” (j4 que elas nao tém cheiro, nem tamanho, nem duragao, e, portanto, “entram por um ouvido esaem pelo outro”). Os argumentos do prato B, por sua vez, orien- tam paraa conclusao oposta: quando “as idéias s4o boas, consisten- tes e cheias de graca”, “a maioria gosta que se enrosca”, de modo que tais idéias entram por um ouvido e (=mas) nao saem pelo out. E €exatamente com esse segundo tipo de idéias que a Caio Domingues & Asociados Publicidade diz. trabalhar. Observes® {Ns no enunciado inci, dase “nds trabalhamos com ides’ mas, depois de feito o “; : 3 finan! de feito 0 “jogo da balanga”, passa-se a dizer “nds th 10s com algumas idéias”. . ‘aleu mas”) que si idéias”. Quais? Justamente aquelas (6 Aue séo percebidas e nao motrem jamais, das Na segunda de longe, ocupam bibliotece quais “a maioria gosta que se enrosc Parte, tem- , Se nova oposi¢io: um perigo trabalhar quando a idéia é boa, consis- com idéias Mas | ‘Tem gente que € nds ficamos recompensados morre de medo tente ¢ cheia de graga, a mai- oria gosta que se enrosca Isto é, a maioria das pessoas (inclusive as empresas concor- rentes) t¢m medo de trabalhar com idéias (v. “prato” A do esque- ma anterior); s6 tem sucesso quem trabalha com o segundo tipo de idéias (“prato” B) — esse alguém somos “NOS”, que, por isso, ficamos recompensados, tanto que “hd dez anos estamos nessa Juta ¢ guase nao temos reclamagées”. O operador quase exerce importante fungio argumentativa: dizer “nao temos reclamagées” levaria a duvidar da seriedade, da honestidade do locutor, jd que seria impossivel, em dez.anos, nfo ter havido nenhuma reclamagio. Ao utilizar 0 guase, 0 locutor se resguarda de uma posstvel acusagéo de insinceridade, mas diz praticamente o mesmo, pois, como vimos,.o.operador.guase-per- tence Aescala que orientano sentido datotalidade, ou seja, aponta_ para a afirmagio.da totalidade.(“nao.temos.reclamagées”), Os dois enunciados finais, primeiramente, retomam a afir- magio de que idéias todos tém: “homens, macacos ¢ outros bi- chos”, Mas boas idéias (aquelas do “prato” B) s6 sao atributo de uma minoria ~ aqui representada pela Caio Domingues, 0 que the permite, inclusive, comemorar os préximos 10 anos, como sc lé ho espaco intermedidrio entre as duas colunas, Isto porque, por ter aquelas (“algumas") idéias, ela nfo serd jamais ~ agora rela- cionando com a ilustragéio — uma especie ameagada, (lspécie jas banais, as do “prato” A.) ameagada sio aqueles que tém idé oN" Nio sendo uma espécie ameagada, a Cai memorar por antecipagdo os Proximos Pain Pode dez anos que Jd se passaram), mesmo ~~ vats Nao oe boa idéia, s6 outra idéia melhor” ~ eg Cu melhor Que : ter sempre idéias ainda melhores, ie cera de, se e Digitalizada com CamScanner Texto Il - O comeco do fim? O comeco do fim? presidente Fernando Collor jé se iniciou hd algum tempocpas) ta segunda-feira vai se aprotundar perigo- samente, com 0 comico convocado pelo governador do Rio de Janeiro, Leonel Bri zole, quando 0 POT devers fechar questo em favor do impeachment, na esteira das manitestecdes de rua $d¥ala 0 governa- dor baiano Anténio lar do barco, 0 que(alid3) O processo de isolamento politico do pressentir 0 nautrdgio iminente da difadu- "a, passou para 0 lado de Tancredo Neves da Alianca Democrética. Brizola e ACM séo os dois principais su- portes do presidente,Cemborg sejam ad- versdrios polticox@)yivam trocando farpas entre si. diferencas ideol6gi- as, eles apoiam Collor de Mello por razbes parecidas: ambos querem recursos para_seus Estados. 0 governador da Ba hio€0 entant), & mais ambicioso e des lesmse tornar dono do governo. {a manifestacdes no Rio de Janeiro e em {odo 0 Pais pressionaram Brizola a mudar {ue sozinho ngo ted condicdes.dsusten: taro presidente da Repdbica, 25 agremiagdes menores que esto aban: ‘donando 0 governo, o PFL esté rachado. \Brizola € €oro risco da desercéo de ACM, elem Gap das manifes- tages de rua em favor do impeachment, do serd surpresa se o presidente vier a re- func Cemboriptopossa parecer impos. sivel. Ninguém governa sem base parla- ‘mentar. Nao tem consisténcia a idéia de ‘que 0 Pais venha a reviver 0 periodo de ZragGnddomedrontave muita gente. 1922 a 1926, quando 0 entéo presidente Arthur Bernardes governou em permanen- fe “estado de sitio”. Color poderia lancar iméo das Medidas Proviscrias amd fez £m muitas ocasidesch x piste uma Opinido puBl ‘Gorosa, diferente da Republica Vetha e dos anos 20. [= MAS) de pessog& foram ds ruas das capitais bra- sileira Gf Tinal de tudo Emenda Dante de Oliveira Toi vergonhosamente derrotada 1n0 Congresso Nacional. Aq uma diferenga: ditadura estava no fim, Tave-se de um confionto puramente polti- €o, pra nko dnt geo eB ee eek ‘desembocou na eleicdo indireta de Tancredo Neves, jystamente porque mut- tos gayernistas da época saltaram do bar oe Gur daso vontade da Nacdo aca- bow prevalecendo. LEB) Git ressons completamente avessas & participacéo politica se pasico: nam contra a corrupedo, pedem o ates mento do presidente da Repdblcg.¢ ca- dela para PC Farias e seus asseclas Yoan- lescentes enchem ruas e pracas em Brotesto contra a falta de vergonha no 90- verno, hd que se ter a sensiblidade para perceber que os tempos s80 outros. Que 9 sociedade esté farta de tanta ssfadeza NefRuin governo agdenta por mutto tery: 1p0.a rajewco @ 0 repiido do seu povod menas qupacontera um miagre, Sura “rada os empregos que faltsm par trabathadores(e inflacao caia vertiginosa- mente. WAP) Shopping News, 23108/1992 45 No texto Il, essencialmente argumentatiyg © (com, politico), pode-se verificar a importancia dos ©Pperado; is Tes mentativos na constru¢ao do sentido, Tesponsaveis que oe orientagao argumentativa do texto. Além dessas Pe ma enunciativas (que se encontram circuladas), ha Vitias out Teas serio estudadas a seguir — indicadores modais, Marcador que es pressuposicao, indicadores atitudinais e avaliativos, alums, oa las quais estéo também sublinhadas no texto, MARCADORES DE PREsSUPOSIGAO Referi-me, no item anterior, a elemenitos lin ticos ~ no quando presentes no enunciado, introduzem nele contetidos semanticos.adicionais o5 quais, sem.a_presenga deles, nao_existiriam. ti | que-ficam.& margem da discuss4o, costumas! ar-de pressu- postos.e 4s marcas que os.intraduzem, marcadores de pressuposigi, Além_dos operadores a ‘gumentativos j4 mencionados,.existem, outros elementos ingiiisticos introdutores de pressupostos, en- tre os quais se podem citar: caso, os operadores argumentativos — que, 1. Verhos que indicam mudanca.ou permanéncia de estado,com. ficar,. comecar., passar a, deixar de,.continuar, permanttei tornar-se, exc. Por exemplo, em: 16. Pedro deixou de beber 17. Pedro continua bebendo Jéem: 18, Pedro comecou a trabalhar © contetido pressu- posto é: “Pedro no 19. Pedro passou a trabalhar trabalhava’, 2, Verbos denominadosfactiuos”, isto-é,.quesito.comples _mentados pela enunciacdo de um fato(fato.que,-no.caso, é _pressuposto); de modo geral, sao.uerbos.de estado, psicolégi-. ¢o,.como-lamentar,Jastimar, sentir,.saber,.ctc. Por exem- plo em: 20. { Lamento| Lastimo f que Maria tenha sido demitida Sinto ou 21. Nao sabia que Maria tinha sido demitida lamenta-se, lastima-se, desconhece-se 0 fitto de Maria ter sido de- mitida (que é, portanto, pressuposto). Cabe observar, contudo, que existe também uma “retéri- cada pressuposigfa” , recurso argumentativo bastante comum em nosso cotidiano, que consiste.cm.apresentar.como.se fosse-pressu- posto justamente aquilo-que-se.esté.querendo-veicular como.in- formagio nova; tratacse-de.uma—manobra”-argumental ntos comerciais, postos riva, E comum encontrarmos, em estabelecime! de gasolina, etc., avisos do tipo: 22. Lamentamos nfo aceitar cheques. 47 48 ou recebermos (por exemplo, de drgios financiadores ) tes tas como: Pos. 23, Lamentamos nao poder atender & sua solicitagao, Nesses casos, 0 fato de nao aceitar cheques ow N40 poder atender a uma solicitagao, que lingitisticamente é dado como pres. suposto, estd, justamente, sendo anunciado, isto é, constitu a informagio principal. Trata-se, em geral, de uma forma de i nuagio”, ou seja, um recurso para veicular de maneira cortés uma informagao que nao atende aos interesses do interlocutor, 3, Certos.conectares.circunstanciais, especialmente quando ora- 40 por eles introduzida vem anteposta: desde que, antes.gue, depois que,.visto gue, etc. Por exempl 24. Desde que Luts ficou noivo, no cumprimenta mais as (pp: Luts ficou noivo) amigas. 25. Antesque Napoledo mandasse invadir Portugal, a corte (pp: Napoleio mandou invadir Portugal) de D. Joao transferiu-se para o Brasil. 26. Visto que vocé jd conhece esse assunto, falemos de coisas (pp: voce jd conhece esse assunto) mais interessantes. Estamos aqui considerando apenas os casos de pressupos S40 lingtiisticamente_matcada, Aqueles que ndo_se-apresentam comalgum tipo demarca lingtifstica, sio, por veves.cli ‘ como subs di . = n° entendidos,-outras.vezes.como_pressuposigaes.cm.set i : “Tine ‘ido amplo ou, Simplesmente, como inferéncias (cf. cap: ie guagem ¢ Aco”), —~ ee Observe-se o seguinte exemplo: 27. Jorge comprou um Rolls Royce zero km, Hi, neste enunciado, varios contetidos implicitos: a. Jorge tem um carro. b. Jorge possufa uma quantia em dinheiro suficiente (dele mesmo ou emprestada, pouco importa) para pagar o carro. c. Jorge € rico. d. Jorge é melhor partido que Afonso. Em ae 6, pode-se falar em pressuposicao lingiifstica. O verbo comprar tem, aproximadamente, a seguinte descricao se- miantica: “fazer passar um objeto da posse de A para a posse de B mediante a entrega, por B a A, de uma certa quantia em dinhei- ro”. Portanto, B passar a ter um carro e B ter tido a quantia sufi- ciente para 0 pagamento sao contetidos pressupostos pelo verbo comprar. Ja em c, exige-se do interlocutor determinado conheci- mento de mundo, isto é, que o Rolls Royce é um dos carros de prego mais elevado, ainda mais em se tratando de um modelo zero km. Quanto a d, é 0 contexto que vai possibilitar essa inferéncia, ou seja, favorecer ou nao essa leitura: se duas garotas esto conversando a respeito de suas uiltimas “conquistas”, exal- tando-lhes as qualidades, ¢ uma delas pronuncia (27), € bem Posstvel que a outra atribua ao enunciado 0 sentido d. Tanto no caso de ¢ como de d, parece preferfvel falar em subentendidos, re Servando 0 termo pressupostos apenas para Os CASS de pressuposi- Ao lingiifstica, 49 Inpicapores Mopals OU INDICES pe MODALIDADE Os indicadores modais, também.chamado: : mane 5, igualmente importantes na construcig do sentido do discurso ¢ na sinalizagao do modo como aquilo que se diz é dito. O-estudo-das.modalidades vem desde a légica clissicg € permeia toda.a semAntica: moderna, Nio pretendo aprofundar. me aqui nos aspectos I6gicos da questao, mas t4o-somente apon. taros meios lingiiisticos por intermédio dos quais as modalidades se apresentam (“lexicalizam”) no discurso. Os principais ti modalidade apontados pela légica sao: necessdrio/possivel. certo/incerto, duvidoso obrigatério/facultativo ‘Um mesmo contetido proposicional (cf. cap. “Linguagem e cao”) pode ser-veiculado sob modalidades diferentes. Por exemplo: 28. E necessitio que a guerra termine. E possvel que a guerra termine. certo que a guerra vai terminar. E provavel que a guerra termine. 29, E cbrigatério.o_uso de ctachds facultative -0-80_de.crachds, Nesses exem, forma de certos advérbios.ou.locusies.adverbiais (alven, _provavelmente, ‘cecramente,-possivelmente, etc.); verbos auxiliares modais (po- des-dever,-etc.);_construches de_auxili vfinitivo [ter de + infinitivo, precisar (necessitar) + infin a etc.]; “oragoes, modalizad (tenho a certeza de qi qivida de que... ha possibilidade di _), Vejam-se os exemplos abaixo: etc. 30. Quem vai ao centro necessariamente passard pelo novo elevado. Quem vai ao centro deverd passar pelo novo elevado. Quem vai ao centro tem de passar pelo novo elevado. 51 31. Possivelmente, viajarei no domingo. Talvez. eu viaje no domingo. Pode ser que eu viaje no domingo. 32. ( Certamente Seguramente ; oa ele traré a encomenda Indubitavelmente Com certeza * | emai que. } ie tl a certeza de que) 33. Provavelmente o délar vai subir de novo esta seman. Acho provdvel que o délar suba de novo Imagino que o délar subiré de novo esta semani- esta semana. ies vars } que 0 délar vai subir de novo SO semana. Creio que pode subir de novo esta semana. A te deve subit de novo esta semana, candidatos deveriio apresentar documento de identi dade 34. an se que OS candidatos apresentem documento de ident. ge dade. : Na Os candidatos rerio de apresentar documento de identidade, He obrigatoriedade de aptesentacao do documento de iden. tidade pelos candidatos. 52 Em_todos-esses_exemplos,_verifica-se_que, ao conteide proposicional, foi acrescentada a indicagao da modalidade sob a qual ele deve ser interpretado. E facil perceber, também, que: a. uma mesma modalidade pode ser expressa através de re- cursos lingiiisticos (= lexicalizagdes) de diferentes tipos; b. um mesmo indicador modal pode exprimir modalidades diferentes, como € 0 caso dos verbos dever € poder nos seguintes exemplos. 35. a. Todos os candidatos devem co: mparecer em traje social (¢ obrigatério), b..O tempo deve melhorar amanha (= € possivel). c. Vamos, a Teuniao deve estar comega: indo (= é provavel). 36. INDICADORES ATITUDINAIS, INDICES DE AVALIAGAO E DE Dominio Além dos indicadores de modalidade, existem tamb. indicadores de atitude ou estado olégico com que o locutor 7 5 caries se representa diante dos enunciados que produz. Sao exemplos: 37. Infelizmente, nao poderei ir a sua festa. 38. _Felizmente, ninguém se machucou na queda. 39. E com prazer (satisfagdo, alegria) que o convido a fazer parte de nossa equipe. 40. Anunciamos, pesarosamente; o falecimento de nosso diretor. 41, Francamente, nao gosto de pessoas exageradas. A atitude subjetiva do locutor em_face de seu enunciado pode traduzir-se também numa avaliagéio.ou-valoracdo dos fatos, estados ou qualidades atribufdas.a.um referente, So, em geral,_ expresses adjeti ivas e formas intensificadoras,.como: 42. O engenheiro realizou um excelente trabalho, 43. O orador foi extremamente feliz em sua exposisio. Hi, ainda, operadores.que delimitam.o.dominiodentra da i qual_o enunciado deve ser_entendido-(exs. 44 ¢ 45)_ou 0 mor como ele ¢ formulado pelo locutor-(exs. 46 ¢ 47): 44, Palit cle esté desmoralizado. 45, raficamente) o Brasil é um dos maiores paises do mundo. 46. , pode-se dizer que a desavenga se deu da se- Buinte maneir: 47. Vou abordar cancisamente esse aspecto da questio. redo 53

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