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Resumo: O presente artigo tem como tema a mulher negra. Abordando sua luta para inserir-se
no mercado de trabalho em Ituiutaba – MG no final do século XX. Portanto tem como objetivo
geral apresentar a questão da oportunidade da mulher negra no mercado de trabalho fazendo um
parâmetro com a mulher branca a nível nacional e local. O objetivo específico é analisar a
trajetória de luta de mulheres negras no mercado de trabalho na cidade de Ituiutaba MG. A
metodologia utilizada foi a pesquisa teórica (revisão de literatura e dados do IBGE e IPEA) e
pesquisa de campo realizada através de depoimentos de mulheres negras que travaram uma luta
para estudar e conseguiram entrar para o mercado de trabalho público e privado da cidade e por
meio de pesquisa no mercado público e privado denominada como “mapeamento” investigando a
concentração de mulheres negras empregadas nesses setores. A pesquisa de campo por um lado,
reforçou a evidência secular de uma sociedade que ainda é altamente preconceituosa e racista.
Por outro lado mostrou a existência de mulheres que lutaram e conseguiram entrar no mercado de
trabalho em Ituiutaba.
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ANDRADE, Maria Donizeti de. Formada em História pela UEMG/Campus de Ituiutaba MG. Professora da Rede
Estadual de Ensino em Uberlândia MG. Cursando Pós-Graduação em Educação, História e Cultura Afro-brasileira
na Faculdade Católica de Uberlândia MG. Foi professora do PREVESTI (cursinho de preparação para o vestibular
de alunos negros e carentes –Ituiutaba MG).
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SILVA, Renata Costa. Pedagoga, Supervisão Escola, Pós-Graduada em Psicopedagogia-UEMG. Professora
atuante no CIME Sarah Silveira, e na equipe pedagógica da Escola Estadual Arthur Junqueira Almeida Ituiutaba –
MG. Participa do Núcleo de Estudos Étnico-Racial da UFU- Universidade Federal de Uberlândia e Núcleo de Estudo
Étnico-Racial CEMAP (Centro Municipal da Assistência Pedagógica e Aperfeiçoamento de Professores). Núcleo de
Estudo e Alfabetização UFU – NEAB. Fazendo Especialização em Educação, História e Cultura Afro-brasileira na
Faculdade Católica de Uberlândia MG.
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1 INTRODUÇÃO
No Brasil, as discriminações raciais têm atuado como eixos estruturantes dos padrões de
exclusão social. Esta lógica se reflete no mercado de trabalho, no qual as mulheres, especialmente
Esse artigo propõe compreender a luta da mulher negra na sociedade brasileira tendo
Para tanto, tem como objetivo geral apresentar a questão da oportunidade da mulher negra
no mercado de trabalho fazendo um parâmetro com a mulher branca a nível nacional e local e em
forma específica analisar a trajetória de luta de mulheres negras no mercado de trabalho na cidade
de Ituiutaba MG.
pessoas que estão ligadas è educação, visto que o docente é também um formador de opinião e
por isso traz em sua função educacional e social, o compromisso de se debruçar sobre assuntos e
discussões que contribuam para produção de conhecimentos que mudam posturas ainda
preconceituosas e racistas que ora excluem, ora dificultam a inserção da raça negra em forma
Pela compreensão citada é que este estudo se torna relevante, pois trata da mulher negra
na sociedade brasileira apontando dados sobre oportunidade e condição de trabalho, assim como
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prestígio que estiveram relegadas mesmo depois da abolição da escravatura, ou seja, trabalho
IPEA) sobre a condição da mulher negra no país e por uma pesquisa de campo, por meio de
depoimentos3 de mulheres negras que travaram uma luta para estudar e conseguiram entrar para o
mercado de trabalho público e privado da cidade e por meio de pesquisa no mercado público e
empregadas.4
negra abordando as transformações e permanências ocorridas na sua vida ao longo dos tempos. E
através da pesquisa de campo é apresentado e discutido a luta dessas mulheres enfatizando suas
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Os depoimentos aqui utilizados fazem parte da monografia de final de curso de: ANDRADE, Maria Donizeti de.
A MULHER NEGRA E O MERCADO DE TRABALHO EM ITUIUTABA: TRAJETÓRIA, VIVÊNCIAS E
PERSPECTIVAS - 1985 – 2000. UEMG-UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS/CAMPUS
ITUIUTABA. 2002.
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Vale ressaltar que nem as entrevistas e nem as empresas e instituições pesquisadas permitiram que citassem seus
nomes em função disso foram usadas pseudônimo para as entrevistadas. E não mencionado nome das empresas e
instituições pesquisadas tendo sido estas classificadas em mercado público e privado.
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colocou à margem o seu principal agente construtor, o negro, que passou a viver na miséria, sem
mulher negra que por ser negra, mulher e pobre sua exclusão se dá de forma mais acentuada e
gritante.
prol de vida com dignidade na sociedade brasileira. Assim mesmo sendo a discriminação racial
forma bastante preconceituosa e racista. Nesse contexto estão as mulheres negras e as mulatas
que em geral, sofrem de tripla discriminação: sexual, social e racial. Portanto tudo o que se
(VALENTE,1994 p.56).
realidade vivida no período de escravidão com poucas mudanças, pois ela continua em último
lugar na escala social e é aquela que mais carrega as desvantagens do sistema injusto e racista do
país. Inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que a mulher negra apresenta
menor nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento menor, e as poucas que
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BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, DF: Senado 1988. (Capítulo I:
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. Art. 5º parágrafo: XLII, p.17).
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Segundo Márcia Lima (1995) o fato de 48% das mulheres pretas ...estarem no serviço
doméstico é sinal de que a expansão do mercado de trabalho para essas mulheres não significou
ganhos significativos. E quando esta barreira social é rompida, ou seja, quando as mulheres
negras conseguem investir em educação numa tentativa de mobilidade social, elas se dirigem
A discriminação racial na vida das mulheres negras é constante; apesar disso, muitas
uma força muito maior que outros setores da sociedade, sendo que algumas provavelmente
pagam um preço alto pela conquista, muitas vezes, abdicando do lazer, da realização da
profissional, têm de lidar com o preconceito e a discriminação racial que lhes exigem maiores
social processada em “ritmo lento”, pois além da origem escrava, ser negra no Brasil constitui um
real empecilho na trajetória da busca da cidadania e da ascensão social. Bernardo (1998), em seu
trabalho sobre a memória de velhas negras na cidade de São Paulo, mostra como é difícil a
possibilitando uma percepção profunda das várias dimensões da experiência de vida escolar e
profissional das entrevistadas, visto que a fonte oral possibilita trazer à luz do presente o
significado do vivido no passado conforme Portelli (1997, p. 32) ... a utilidade específica das
fontes orais ... revela o esforço dos narradores em buscar sentido no passado e dar forma às
suas vidas.
Dessa forma tiveram voz algumas mulheres negras que enquanto sujeitos do
processo histórico por um longo período foram deixados de lado pela prática
historiografia oficial brasileira, isto é não eram consideradas agentes ativos da história da
formação da sociedade e economia nacional e sendo assim, não mereciam destaque nas
produções historiográficas.
trabalho (público e privado) em Ituiutaba MG, foi possível observar suas luta para conseguirem
a uma aluna negra que ganha bolsa de estudos em uma escola particular, elitezada e em quase
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MENDES, Letícia Maria. Entrevista realizada em abril de 2001. É formada em Pedagogia, fez supervisão escolar e
pós-graduação. Foi professora da rede pública municipal e estadual, hoje é aposentada, mas ainda trabalha na área de
educação.
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Se meu sonho era de formar no colégio... tudo que elas queriam eu fazia com muito amor. Olha eu
ajudei a limpar o colégio, final de semana: ‘você pode vir amanhã Laura?’ Posso!...
então eu sentia toda , mais podendo servir na mediada do possível... terminei e fui
oradora da turma, eu fui a única que formei como negra, outra desistiu eu fui a
única negra até o 3º normal né?!...
A busca por uma vida melhor acontece em todas as etapas de sua trajetória, vive uma luta
constante. Demonstra uma enorme vontade de modificar seu destino, parecendo não se
incomodar com o fato de ser convidada a limpar a escola no final de semana sem nunca se negar
Demonstrando também a busca por um futuro melhor, outra interlocutora, Mariana7, fala
... estudei no primário foi na Escola Estadual Lions... e o segundo grau eu concluí no
Municipal... E durante esse tempo... eu trabalhava como doméstica, mas era
aquela doméstica assim... bem dedicada, ganhava menos do que a metade do salário
mínimo. E eu sempre pensei grande. Eu nunca me vi a vida inteira como doméstica,
eu não estou desfazendo de quem seja doméstica, mas a gente tem sempre que pensar
grande! Pensar assim que um dia você vai conquistar seu espaço na sociedade.
[grifo nosso]
Nesse outro trecho relata sua luta para entrar para a Faculdade e a decepção ao se deparar
com a indiferença de sua patroa com relação à promessa que lhe fizera, caso fosse aprovada no
Minha mãe sempre deu muita força pra estudar, meu pai não, na cabeça dele mulher
aprendendo lavar, passar, arrumar e cozinhar é ótimo... i... Deus me ajudou que meu
primeiro vestibular que eu prestei eu passei. E eu trabalhava para uma pessoa e ela
falou que se conseguisse passar no vestibular ela ia dá o material e pagar minha
mensalidade. Mas eu percebi que ela falou aquilo por falar, ela não acreditava no
meu potencial, eu uma simples doméstica tentar um vestibular?... e deu certo eu
passei só que ela não cumpriu com a palavra dela. Aí meus pais ficaram
emocionados por eu ter passado no vestibular e conseguiu o dinheiro da matrícula.
negra no final do século XX e ainda nesse início de século, trata-se do fato de que geralmente a
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OLIVEIRA, Mariana Lima. Entrevista realizada em janeiro de 2002. Formada em Pedagogia e Supervisão escolar e
pós-graduada em Psicopedagogia. É professora da rede pública municipal.
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mulher negra só consegue chegar à formação acadêmica com exclusivo apoio da família, pois a
Vê-se então, a não passividade destas mulheres diante de uma situação que é
historicamente desfavorável à mulher e certamente mais ainda a mulher negra. Como estudar e
trabalhar, por exemplo. A procura pelo estudo que parece ser vista como sendo “a porta que se
Compartilhando do dizer a Yara Aun Khoury (2001, p.80) que nossos sujeitos vivem
Mariana8, fala sobre o fato de ser negra perante a sociedade ... a sociedade é assim,
sabe? Ela cobra mais do negro. Se você é uma excelente profissional, você tem que ser mais
ainda, pra você ter um valor de bom, não um valor de excelente né? [ grifo nosso ]
professora Maria Nilza da Silva (2003) que a mulher negra, portanto, tem que dispor de uma
grande energia para superar as dificuldades que se impõe na busca da sua cidadania. Poucas
Em outro trecho Mariana9 fala sobre a exigência que a sociedade faz ao negro e realça
A sociedade cobra mais do negro ... ela cobra muito você tem que andar na linha
certinha, igual sempre falei! o negro tem que faze de tudo pra ser o melhor pra ser
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OLIVEIRA, Mariana Lima. Entrevista realizada em janeiro de 2002. Formada em Pedagogia e Supervisão escolar e
pós-graduada em Psicopedagogia. É professora da rede pública municipal.
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(OLIVEIRA, Mariana Lima. Ib. id.)
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considerado bom, e Deus me livre se ele der um desvio, aí ele tá com a vida destruída.
[ grifo nosso ]
A fala de Mariana demonstrando sua concepção sobre a cobrança que a mulher quando
negra está submetida demonstra é reforçada por Ana Lúcia Valente (1994, p. 48) ao ressaltar que
os negros:
A todo instante... se vêem obrigados a provar que são os melhores. O fato de alguém ser
negro aparece socialmente como uma característica desabonadora,... è como se os
outros exigissem dos negro uma compensação por esse ‘pecado’. E essa
exigência acaba por criar a necessidade de comprovação.” Então “ o negro não
pode ser apenas bom; ele deve ser o melhor.
Nesse sentido, acabam por carregar em suas trajetórias as experiências que evidenciam
mais uma vez que o negro tem que ser mais que certinho para ser aceito na nossa sociedade,
então deixam transparecer em sua falas uma certa preocupação em estar enquadrando ou
Nesse momento com base no mapeamento e as impressões obtidas no seu decorrer, foi
discutido como a presença da mulher negra é vista pelo mercado de trabalho, a questão da
inserção ou não da mulher negra nesse mercado, sendo demonstrando ainda o preconceito que
muitas pessoas não admitem ter e os meios considerados pela mulher negra, menos difíceis para
sociedade surgiram de forma tão espontânea que ao foi possível perceber está tão enraizada que a
pessoa nem percebe que a forma como elaboram seus relatos estão agindo de forma racista.
Ituiutaba, mostrou que a sociedade, mesmo não sabendo ou não querendo ser ainda é
ora com um pouco de desconfiança ora oferecendo dificuldades em fornecer os dados, embora
pedidos, pois muitos, quando tiveram que dizer que ali não trabalhou nenhuma mulher negra,
demonstrarem racismo embora certamente nem se dessem conta disso devido a naturalidade com
que falavam.
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A quantidade de mulheres brancas e negras com nível médio e superior que o estabelecimento tinha trabalhando
ali, dentro do período abordado por essa pesquisa: 1985-2000.
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justificando a ausência de mulheres negras trabalho naquele local, uma delas diz respeito a falta
de qualificação. Contudo é sabido que a falta de qualificação profissional constituiu mais um dos
problemas ligados à raça negra conforme salientado por Ana Lúcua Valente (1994).
mulheres negras como uma forma sutil de barrar as aspirações dos negros, em geral, e das
potencial discricionário.
dificuldade gerada à mulher negra que por séculos perdura na sociedade racista e que se torna
explícito no momento em que tenta conseguir um emprego. Viu-se que conforme diz Ana Lúcia
Todo negro tem uma história para contar sobre discriminação que tenha sofrido no
mercado de trabalho. A exigência de “boa aparência” ou o pedido de fotografia nos
anúncios de emprego pode ser traduzida também como ‘não dever ser negro’.
Nessa mesma direção Bruschini (1985, p. 69), argumenta que a discriminação racial...
estende-se a todas as trabalhadoras, sempre concentrada nas ocupações de mais baixo prestígio e
2000
1500 m ulheres
1000 brancas
500 m ulheres negras
0
s etor s etor
privado público
Entre algumas das explicações ouvidas teve umas que foram mais marcantes. Um senhor11
justificou a ausência de funcionárias negras naquele recinto: aqui nunca trabalhou nenhuma
preta, não porque a gente tem alguma coisa contra preto não... [ grifo nosso].
teve, teve morena mais negra não, não existe procura por parte de mulher negra, homens
negro no geral enfrenta dificuldades no mercado de trabalho. É certo que muitos dizem que não
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Para estar referindo às falas ou impressões que tive dos empregadores ou representantes das empresas e
instituições onde foi realizado o mapeamento, está sendo utilizado: Senhor ou Pessoa, pois por exigência da maioria
dos lugares, sob a alegação de que não tinham permissão para estarem fornecendo tais dados e que o lugar tinha
hierarquias administrativas em fim. Foi feito compromisso de não mencionar o nome de nenhum recinto pesquisado,
sendo assim o nome da pessoa que me recebeu também não poderá ser citado.
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há procura é sabido que deve-se levar em consideração que o negro enfrenta dificuldades também
em estudar e com relação à mulher negra a situação certamente não é diferente como foi
percebido através de seus depoimentos ao relatarem suas buscas para entrarem na escola e ou na
faculdade.
Com relação a argumentação de alguns lugares em dizer que não há procura por parte de
mulher negra e que essa “não procura” possa estar relacionada com a falta do estudo. É sabido
que trata-se de uma realidade, mas nesse sentido Valente (1994, p.50), fala do fato do negro não
ser qualificado, mas salienta que isto é apenas uma desculpa, pois a falta de estudos também é
maior parte das mulheres negras com formação no ensino médio e ensino superior estejam
realmente empregadas no setor podendo ser pelo fato como disse Ana Maria de no concurso
Entretanto é válido salientar que se por um lado a grande dificuldade para se qualificar e
alcançar espaço no mercado de trabalho é uma realidade visível e preocupante, por lado há que se
considerar segundo a professora Maria Nilza da Silva (2003) que a pobreza e a marginalidade a
inferioridade, que em muitos casos inibe a reação e luta contra a discriminação sofrida. O
reforçam o estigma da inferioridade em que muitos negros vivem. Contudo, não se pode deixar
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de considerar que esse horizonte não é absoluto e mesmo com toda a barbárie do racismo, é
mostrado aí uma parcela de mulheres negras que conseguiram vencer as adversidades e chegar à
realidade vivida no período de escravidão com poucas mudanças, pois ela continua em último
lugar na escala social e é aquela que mais carrega as desvantagens do sistema injusto e racista do
país. Inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que a mulher negra apresenta
menor nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento menor, e as poucas que
Silva, 2003).
Assim como é uma realidade que pobreza e a marginalidade a que é submetida a mulher
baixíssimos reforçam o estigma da inferioridade em que muitos negros vivem. Contudo, não
pode-se deixar de considerar que esse horizonte não é absoluto e mesmo com toda a barbárie do
racismo há uma parcela de mulheres negras que conseguiram vencer as adversidades e chegar à
universidade, utilizando-a como ponte para o sucesso profissional (Maria Nilza da Silva, 2003).
Por este contexto entendeu-se pertinente trazer para o presente trabalho o exemplo de luta
e vitória na adversidade, trata-se de mulheres negras que têm toda sua história de vida na cidade
de Iuiutaba MG. Lutaram, estudaram e atualmente ocupam espaço que não os considerados de
Adirce Maria dos Santos - Professora de História, faz parte do grupo de estudo Consciência
Oneida Auxiliadora Costa Silva – Diretora da Escola Estadual Arthur Junqueira de Almeida.
Pedagoga.
Luciane Riberio Dias Gonçalves – Pedagoga. Mestra em Educação pela Universidade Federal
Contudo a luta dessas mulheres é uma constante. O fato de conseguir romper com o lugar
que a sociedade dominante vem determinando por séculos ás mulheres negras (doméstica,
faxineiras, por exemplo) não confere a elas plenitude em seus direitos. Na realidade quando
conquistam cargo de trabalho melhores, iniciam uma outra luta, a de permanecer e ser respeitada.
salientar que as mulheres negras que conquistam melhores cargos no mercado de trabalho
despendem de uma força muito maior que outros setores da sociedade, sendo que algumas
provavelmente pagam um preço alto pela conquista, muitas vezes, abdicando do lazer, da
competência profissional, têm de lidar com o preconceito e a discriminação racial que lhes
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Pesquisar sobre relações raciais, discutir as lutas da comunidade e das mulheres negras e
dar visibilidade aos sujeitos sociais não implica em um trabalho a ser realizado na sociedade em
forma geral, implica mudança cultural em uma nova postura profissional, numa nova visão das
relações que permeiam o cotidiano social e profissional. Significa, também, a ampliação dos
trabalhos e discussões que abrem a mente e mudam a forma de pensar e agir das gerações.
manifesta explicitamente nas práticas cotidianas é uma tarefa difícil. Essas mulheres negras, que
conseguiram cursar ensino médio ou superior, “saíram do seu lugar”, isto é, do lugar predestinado
por um pensamento racista e pelas condições sócio-econômicas da maioria das mulheres negras
brasileira, o lugar da doméstica, da lavadeira, da passadeira, daquela que realiza serviços gerais
A história de vida dessas mulheres negras mostra que é preciso reconhecer e respeita-las.
7 - FONTES
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Graduada em Psicopedagogia.
8 - REFERÊNCIAS
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BERNARDO, Terezinha. Memória em branco e negro: um olhar sobre São Paulo. São Paulo:
Educ, 1998.
BRUSCHINI, Cristina. Mulher e trabalho: uma avaliação da década da mulher. São Paulo:
Nobel: Conselho Estadual da Condição Feminina, 1985. (Década da mulher).
KHOURY, Yara Aun. Narrativas Orais na Investigação da História Social. Projeto História –
História e Oralidade. N 22. São Paulo: EDUC, 2001, p. 79-104.
PORTELLI, Alessandro. O que faz a História Oral diferente. PROJETO HISTÓRIA, São
Paulo, nº 14, pp. 25-39, fev/1997.
SILVA, Maria Nilza da. A Mulher Negra. Revista Espaço Acadêmico. Ano II, nº 22. Março de
2003. Disponível em < http://www.espacoacademico.com.br/022/22csilva.htm>. Acesso em
18/05/2006.
VALENTE, Ana Lúcia E. F. Ser Negro No Brasil Hoje. 11ed. São Paulo: Moderna, 1994. 87p.
Col. Polêmica.