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ESPECIALIZAÇÃO POR TUTORIA A DISTÂNCIA – ABEAS/UFV

Curso: Proteção de Plantas

PROTEÇÃO DE PLANTAS

Módulo 1
1.2 Legislação fitossanitária e normas em
fitossanidade

Tutores:
Prof°. Dr. Paulo Parizzi (MAPA/MG)
Prof°. M.S. Ilto Antônio Morandini (MAPA/DF)

Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS


Universidade Federal de Viçosa - UFV
Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Fitopatologia

Brasília - DF
2006

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 1


ESPECIALIZAÇÃO POR TUTORIA A DISTÂNCIA – ABEAS/UFV
Curso: Proteção de Plantas

Ficha Catalográfica

Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS


Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade. Tutores: Paulo Parizzi; Ilto Morandini.
Brasília, DF: ABEAS; Viçosa, MG: UFV; 2006.
120p.: il (ABEAS. Curso Proteção de Plantas. Módulo 1 - 1.2).

Inclui bibliografia. Apêndice.

1. Lesgilação e normas. 2. Normas. I. Parizzi, Paulo. II. Morandini, Ilto. III. Universidade
Federal de Viçosa. IV. Título. V. Série.

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Direitos reservados a ABEAS e ao autor

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Sumário

Pré-Teste, 04
Introdução, 07
1 - Legislação fitossanitária internacional, 11
A - Organização mundial do comércio – OMC, 11
1 - O surgimento do GATT, 11
2 - A OMC e o acordo agrícola, 12
3 - Acordo sobre aplicação de medidas sanitárias e fitossanitárias – SPS, 14
B - Convenção internacional de proteção fitossanitária (CIPF), 16
C - Acordo de Livre Comércio das Américas – ALCA e a fitossanidade, 19
2 - Legislação fitossanitária no âmbito do COSAVE e Mercosul, 20
A - Comitê de Sanidade Vegetal do Cone Sul – COSAVE, 20
B - Mercado Comum do Sul – Mercosul, 24
C - Interação COSAVE/Mercosul, 26
3 - Legislação fitossanitária brasileira,28
A - Legislação básica, 28
B - Legislação complementar, 39
C - Procedimentos operacionais da legislação fitossanitária brasileira, 39
D – Harmonização, 82
E - Diretivas para a análise de risco de pragas – ARP, 90
F - Diretivas para a caracterização de áreas livres de pragas – ALP, 96
Literatura consultada, 100
Questão dissertativa, 101
Respostas do Pré-Teste, 102
Apêndice, 103
A - Glossário de termos fitossanitários, 103
B - Manual de procedimentos operacionais da vigilância agropecuária, 108
C - Regulamento de defesa sanitária vegetal, 108
D - Convenção internacional de proteção fitossanitária – CIPF, 108
E - Organização Mundial de Saúde - 20 questões sobre alimentos geneticamente modificados, 109

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Pré-teste

Antes de você iniciar o estudo deste módulo é preciso que realize uma auto-avaliação de
conhecimentos sobre o assunto.

Responda o Pré-teste abaixo, constituído de perguntas de múltipla escolha.

1. O método de controle legislativo se aplica aos princípios de :


a- ( ) exclusão e erradicação
b- ( ) convivência
c- ( ) OGM’s
d- ( ) controle integrado de pragas
e- ( ) nda

2. A legislação fitossanitária brasileira pode ser dividida em dois grupos normativos :


a- ( ) Legislação Internacional e Legislação Nacional
b- ( ) Legislação básica e Legislação complementar
c- ( ) Normas e Regulamentos
d- ( ) Acordos e Convênios
e- ( ) nda

3. O regulamento de Defesa Sanitária Vegetal, em vigor no Brasil, Decreto 24.114, data de:
a- ( ) 12/04/1945
b- ( ) 31/12/1995
c- ( ) 31/12/1964
d- ( ) 12/04/1934
e- ( ) nda

4. O comércio e o trânsito interestadual de vegetais, são normatizados pelo MAPA através de:
a- ( ) Legislações estaduais
b- ( ) Legislações do Mercosul
c- ( ) Legislação Complementar
d- ( ) Legislação ordinária
e- ( ) nda

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5. De acordo com a Legislação Fitossanitária Brasileira, a função de inspeção e fiscalização do


trânsito internacional de vegetais é uma atividade típica do:
a- ( ) Governo Federal
b- ( ) Governo Estadual
c- ( ) Governo Municipal
d- ( ) Bloco Mercosul
e- ( ) nda

6. A livre circulação de bens e serviços e de fatores produtivos, é uma das características do:
a- ( ) Regulamento de Defesa Vegetal
b- ( ) Codex Alimentarius
c- ( ) COSAVE
d- ( ) Bloco Mercosul
e- ( ) nda

7. Os países que fazem parte do COSAVE são:


a- ( ) Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.
b- ( ) Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
c- ( ) Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Equador.
d- ( ) Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai e Bolívia.
e- ( ) nda

8. O intercâmbio internacional de germoplasmas, geneticamente modificados ou não, para fins


científicos, pode ser feito por:
a- ( ) instituições públicas
b- ( ) universidades
c- ( ) Instituições privadas
d- ( ) Instituições Públicas e Privadas
e- ( ) nda
9. A Organização Nacional de Proteção Fitossanitária do Brasil é:
a- ( ) A Secretaria de Agricultura
b- ( ) O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
c- ( ) O Departamento de Sanidade Vegetal (DSV)
d- ( ) A secretaria de Defesa Agropecuária – SDA
e- ( ) nda

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10. O formulário de Permissão de Trânsito que viabiliza o trânsito interestadual de vegetais é


assinado por:
a- ( ) Técnicos da iniciativa privada;
b- ( ) Especialistas em fitopatologia da EMBRAPA ou Universidades;
c- ( ) Técnicos das Secretarias Estaduais de Agricultura;
d- ( ) Técnicos do Ministério da Agricultura e do Abastecimento;
e- ( ) Técnicos credenciadas para emitir CFO

11. A Norma Internacional de Medida Fitossanitária nº 15 da FAO (NIMF 15), editada em 2002,
sobre embalagem de madeira, foi internalizada no Brasil pela:

a- ( ) Portaria nº 05 de 19/05/2003
b- ( ) Instrução Normativa nº 04 de 06 de janeiro de 2004
c_ ( ) Decreto 24.114 de 1934
d- ( ) Portaria nº 499 de 03 de novembro de 1999.
e- ( ) Portaria nº 146 de 12 de abril de 2000

Parabéns pelo seu interesse e força de vontade.

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Introdução ∗

A produção vegetal está, sob todos os aspectos e qualquer que seja a sua finalidade, sujeita a
um complexo de perdas que responde por um percentual bastante elevado do seu aproveitamento,
quer como insumo para as indústrias, quer dirigida diretamente para o consumo humano e dos
animais.
Desde a fundamentação da safra, com o preparo do solo, o tratamento das sementes ou das
mudas e a semeadura, durante o desenvolvimento das culturas, na ocasião das colheitas, no
beneficiamento, na embalagem, no transporte e no armazenamento da produção, as pragas
consomem ou inutilizam, por vezes, cerca de 30 por cento das colheitas, além do que, durante o
ciclo das culturas, ocorrências climáticas cíclicas anulam uma outra parcela bastante significativa
do que se plantou e do que se pode armazenar.
É notório que a cada dia cresce a demanda de produtos agrícolas, industrializados ou “In
Natura”. Essa crescente demanda é conseqüência do surto populacional que o mundo está
experimentando. Atualmente, calcula-se existir mais de 500 milhões de pessoas subalimentadas,
com estimativas de aumento para 600 a 650 milhões até o final do século 21, em que pesem os
grandes avanços tecnológicos da agricultura, conquistados pela pesquisa agronômica.
Para atender a esse aumento populacional, as estratégias governamentais visam duplicar a
produção de vegetais alimentícios, fibrosos e energéticos. Dois procedimentos poderiam ser
adotados para alcançar este objetivo:

• melhorar os índices de produtividade da agricultura;


• ampliar as áreas cultivadas, abrindo novas fronteiras agrícolas.

A implementação desordenada de qualquer dos casos resultaria no surgimento de outros


problemas, notadamente o aumento de pragas. De fato, a ampliação de áreas de cultivo implica na
introdução de novas espécies ou de novas cultivares, ainda não adaptadas ao ambiente. Também a
obtenção de melhores índices de produtividade promove a introdução de novas espécies, variedades
e cultivares. É exatamente neste intercâmbio de materiais de multiplicação vegetal que o homem
cria as condições de vulnerabilidade para introdução de novas pragas e para disseminação das já
existentes.


*N. do E. – Não houve mudanças na edição 2005 deste módulo por causa de mudanças estruturais no Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA. As possíveis modificações serão discutidas no Primeiro Encontro
Presencial.

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Deve-se somar a esta problemática a globalização da economia onde se pratica um comércio


aberto e a cada dia mais diversificado, intenso em volume e rápido no deslocamento entre países ou
continente, com o previsível aumento da possibilidade de disseminação de pragas exóticas.
As perdas ocasionadas na agricultura em decorrência do ataque de pragas e doenças
remontam desde antes da era cristã, onde a humanidade já sofria com o ataque de gafanhotos. A
mela da batata ocasionada pelo fungo Phytophthora infestans, surgiu pela primeira vez em 1845 na
Irlanda, e causou a morte de milhares de pessoas e também a emigração de outros milhares para os
EUA, uma vez que a batata era, na época, a base da alimentação do povo europeu.
Em 1863 as plantações de videira foram praticamente dizimadas pelo ataque de um
homóptero , na França, praga conhecida como “Phylloxera da Videira”. Devido a essa praga, em
1881 foi criada a Convenção Internacional Contra a Phylloxera da Videira, substituída em 1929, em
Roma, pela Convenção de Roma, da qual o Brasil faz parte como signatário.
Nos EUA, em 1910, surgiu pela primeira vez, na Flórida, o cancro cítrico, doença causada
pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv citri através de mudas cítricas trazidas por imigrantes
japoneses, ocasionando grandes prejuízos aos citricultores e à economia americana . Devido a esta
doença foi criada , em 1912, a Lei de Quarentena Vegetal dos EUA.
A primeira referência de gafanhotos no Brasil data de 1888, quando se verificou grande
infestação de Schistocerca pallens nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. Em 1938, 1942 e
1946 invasões de Schistocerca cancellata que partindo da Argentina atingiram todo Sul e Sudeste
do Brasil. E em 1984 a mais intensa de todas infestações ocorreu em Mato Grosso, com o gafanhoto
migratório Rhammatocerus schistocercoides ocupando uma faixa compreendida entre os paralelos
12 e 15 desde a divisa com Rondônia até o Vale do Rio Araguaia, na divisa com Goiás.
Em 1905 foi detectada a presença da mosca das frutas, Ceratitis capitata (mosca do
mediterrâneo), que atualmente se encontra difundida em todo nosso território. Em 1922 surgiu o
mosaico da cana-de-açúcar e em 1945 outra virose apareceu em pomares cítricos, a Tristeza dos
Citros, provavelmente por material cítrico proveniente da África do Sul ou Argentina. Só no Estado
de São Paulo foram destruídas cerca de 12 milhões de plantas.
Em 1957, também introduzido no Brasil por imigrantes japoneses, surgiu o cancro cítrico,
na região de Presidente Prudente – SP. Hoje a praga se encontra disseminada nos Estados do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas
Gerais. Esta praga é uma grande ameaça a citricultura nacional, principalmente na região produtora
considerada nobre, em São Paulo, responsável pela exportação de US$ 1,5 bilhões/ano em suco de
laranja.
A ferrugem do cafeeiro, Hemileia vastatrix, surgiu pela primeira vez no Brasil em 1970,
Itabuna - BA, causando grande preocupação para a cafeicultura nacional, chegando a ser
erradicados, na época, milhares de pés de café nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São
Paulo. Rapidamente a doença se espalhou para todas regiões produtoras do país.

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O moko da bananeira causado pela bactéria Pseudomonas solanacearum raça 2, foi


identificado no Brasil em 1976 no Amapá, e vem causando sérios prejuízos para a cultura na Região
Norte brasileira.
Em 1983 surgiu o bicudo do algodoeiro, Anthonomus grandis, nas imediações do aeroporto
internacional de Viracopos, Campinas - SP. No mesmo ano foi identificado em Americana -SP e
Campina Grande -PB e hoje se encontra nas principais regiões onde se pratica a cotonicultura no
país.
A vespa-de-madeira, Sirex noctillio, de origem eurasiana, que ataca Pinus spp., foi
constatada no Brasil em 1988 e já atinge os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Outra doença importante introduzida no Brasil é o nematóide de cisto da soja, detectado em
1992 e já espalhado em regiões produtoras dos Estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Goiás e São Paulo.
A mariposa Cydia pomonella, que causa severos danos em rosáceas, foi constatada em 1991
em regiões suburbanas dos municípios de Vacaria -RS e Lajes -SC.
Em 1996, outra praga dos Citros foi introduzida no país, o minador da folha dos citros,
Phyllocnistis citrella, detectada no Estado de São Paulo, e disseminada para quase todos os Estados
brasileiros.
Nesse mesmo ano outras pragas de grande importância pelo seu potencial de dano
econômico foram introduzidas/disseminadas no país, tais como:

• Bactrocera carambolae (Mosca da carambola), introduzida no Oiapoque -AP;


• Bemisia argentifolii raça B (mosca branca), disseminada a partir de SP, observada
atacando cucurbitáceas, solanáceas e plantas ornamentais, entre outras.

Em 1998 constatou-se a ocorrência da Sigatoka Negra (Mycosphaerella fijiensis var.


difformis) em plantios de bananeiras nos Estados do Amazonas e Acre. Atualmente, além desses
Estados, a praga já foi identificada em Rondônia e Mato Grosso. Mais recentemente nas regiões
sudeste/sul onde se localizam as principais áreas produtivas e de exportação.
Estas pragas introduzidas em áreas indenes causaram e vêm causando, grandes prejuízos à
economia nacional. Uma vez introduzidos esses agentes poderão ser disseminados para as mais
diversas regiões, seja pelo próprio homem ou pela natureza.
Daí a necessidade de existirem Normas e Procedimentos (Legislação Fitossanitária
Brasileira), que devemos conhecer em todos seus aspectos, desde o trânsito internacional e
interestadual de vegetais, com o objetivo de salvaguardar a agricultura brasileira.
O Método de Controle Legislativo aplica-se, especialmente, aos princípios de exclusão e
erradicação, através da regulamentação da importação, exportação, comércio e trânsito interno de
vegetais, partes de vegetais, produtos e subprodutos vegetais, além de indiretamente estar envolvido
no controle químico, pois atua no registro, produção e comércio de agrotóxicos. Economicamente,
este método seria o mais viável, pois uma praga uma vez estabelecida numa área torna-se de difícil

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controle, e na maioria das vezes, sua erradicação é quase impossível. A convivência com uma
praga estabelecida em uma área exige diversos métodos de controle que, em geral, são bastante
onerosos para o agricultor e danosos para a economia local, estadual e nacional.

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1 - Legislação fitossanitária internacional

A - Organização mundial do comércio - OMC

O objetivo maior deste capítulo é tratar dos novos atores no cenário internacional, apresentar
a Organização Mundial -OMC e, em especial, o Acordo Agrícola e o Acordo de Medidas Sanitárias
e Fitossanitárias, suas implicações para a produção vegetal brasileira e a inserção do Brasil no
mercado globalizado.

1 - O surgimento do GATT

A primeira tentativa de disciplinar o comércio internacional de mercadorias ocorreu em


1947, no bojo das negociações realizadas ao final da Segunda Guerra Mundial, quando foi instituído
o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT.
O surgimento do GATT se deu no momento que o objetivo maior era instituir uma nova
ordem econômica internacional. Nessa ocasião, reuniram-se 57 países para discutir a elaboração de
regras e a criação de uma instituição (a exemplo do FMI e BIRD, que paralelamente foram criados
na mesma época) que viabilizasse as negociações multilaterais de comércio, ao invés das
negociações bilaterais até então vigentes.
Assim, o GATT, resultado do esforço de reorganização do comércio mundial, passou a ser o
referencial balizador do trânsito internacional de mercadorias. Entretanto, devido às dificuldades
conjunturais da época, o GATT não cumpria a contento sua tarefa uma vez que não chegava a ser
um organismo como o FMI ou Banco Mundial (BIRD) mas apenas um Acordo que estabelecia
princípios a serem seguidos pelos países que aderissem a ele.
A partir de então, através de negociações com base multilateral denominada “Rodadas”, o
Acordo (GATT) passou por inúmeras revisões. Até hoje, ocorreram oito “rodadas”, sendo a última
delas a Rodada Uruguai.
De uma maneira geral as cinco primeiras rodadas tratavam de discutir a redução de tarifas. A
partir da sétima rodada (Rodada Kennedy), ocorrida em 1964/67, é que foram abordadas questões
não exclusivamente tarifárias (discutiu-se um acordo antidumping).
Na Rodada de Tóquio (1973 e 1979), além da redução tarifária foram discutidos outros
Acordos como: subsídios e medidas compensatórias; barreiras técnicas ao comércio; licença de
importação; compras governamentais, valoração aduaneira; lácteos e carnes bovinas; e acordo sobre
aviação civil. Esses Acordos não tiveram uma abrangência ampla uma vez que não foram assinados
por todos os países.

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A última dessas Rodadas, caracterizada como a maior e mais abrangente, foi a do Uruguai
ocorrida em setembro de 1986; planejada para durar quatro anos, estendeu-se até 15/12/1993.
Vale registrar que essa “Rodada Uruguai” ocorreu em meio às transformações da política
agrícola americana, à radical mudança da Política da União Européia, no auge de uma guerra
comercial nos mercados de produtos agropecuários. Aliás, o tema agrícola pela primeira vez era
incluído nas negociações. Essa inclusão gerou sucessivos adiamentos na conclusão da rodada.
Estas dificuldades podem ser explicadas pelo fato que muitas questões vinculadas à agricultura
envolvem aspectos não-econômicos tais como: segurança alimentar; manutenção de estruturas
sociais; questões relacionadas ao meio ambiente e a proteção fitossanitária.
Nessa “Rodada Uruguai”, após sete anos de difícil negociação, em que pesem os temas
polêmicos, os seus resultados foram aprovados por todos os países membros na Reunião
Ministerial de Marrakesh ocorrida no período de 12 a 15 de abril de 1994. Como produto final
dessas negociações foi assinado o “Final act” no qual ficou assentado a constituição de um
organismo responsável pelas regras do comércio mundial denominado Organização Mundial do
Comércio -OMC.

2 - A OMC e o acordo agrícola

A constituição da OMC a partir do “Marrakesh Agreement Establishing the World


Trade Organization”, denominado “WTO Agreement”, foi considerada um marco histórico para
o comércio internacional e passou a vigorar a partir de 01 de janeiro de 1995 para todos os países
que o referendaram em seus respectivos parlamentos.
O Brasil, como país signatário, referendou a OMC através do Decreto Lei nº 30, de
16/12/94 e promulgado pelo Poder Executivo através do Decreto nº 1355, de 30/12/94.
As principais características dessa nova organização desenhada para ser um “fórum”
apropriado para discutir Temas referentes ao comércio internacional são:

• Nova versão do GATT (a OMC veio substituir o Acordo Geral de Tarifas e


Comércio - GATT);
• É uma organização mundial;
• Trata-se de um tribunal de soluções;
• Supervisiona o comércio internacional;
• Examina regulamentos e regimes comerciais dos membros e,
• Atua como consultor em gestões de comércio mundial.

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As principais conseqüências da criação da OMC são:

• regulamentos fitossanitários atualizados;


• ampliação do mercado internacional;
• diminuição de subsídios;
• maior transparência às regulamentações sanitárias e fitossanitárias;
• criação de um sistema de conciliação, quando houver conflitos.

Assim, doravante os países ao formularem suas políticas comerciais agrícolas deverão


considerar os compromissos assumidos junto a OMC, os quais passam a ser os parâmetros de
referência para a elaboração dessas políticas e de toda a Legislação interna de cada país.
É importante salientar que a OMC não dita regras para nenhum país, sendo que as existentes
são resultantes de negociações entre os países membros e, geralmente, as decisões são tomadas por
consenso. Em outras palavras, quem impõe as regras são os países a si próprios.
Os Acordos discutidos e ajustados no fórum da OMC caracterizam-se por serem de
concordância geral de todos os países membros e, portanto, constituem-se em direitos e obrigações
a serem respeitados por todos. Esses Acordos Multilaterais de Comércio de Bens versam sobre
inúmeros temas, tais como:

• Αcordo Geral de Tarifas e Comércio de 1994


• Acordo sobre Agricultura
• Acordo sobre Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias ( SPS )
• Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT)
• Acordo sobre Têxteis e Vestuário
• Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas com o Comércio
• Acordo sobre Inspeção de Pré-embarque
• Acordo sobre Regras de Origem
• Acordo sobre Procedimentos para o Licenciamento de Importações
• Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias
• Acordo sobre Salvaguarda

Outros Acordos de comércio plurilaterais não foram aceitos por todos os membros e, desta
forma, somente têm validade entre os países que os subscreveram. Entre eles destacam-se: Acordo
sobre Compras Governamentais; Acordo sobre Lácteos e Acordo Internacional sobre Carne Bovina.

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Acordo sobre agricultura

O Acordo Agrícola passou a vigorar no mesmo instante em que a OMC substituiu o GATT
como o novo organismo de regulação do comércio mundial, ou seja, a partir de janeiro de 1995.
Este Acordo compõe-se de 21 Artigos e 5 Anexos versando sobre três grandes temas: acesso
a mercados; medidas de apoio interno e subsídios às exportações.
Por Acesso a Mercados entende-se o conjunto de regras que buscam disciplinar a utilização
de medidas de proteção na fronteira para controlar as importações de produtos agropecuários. Está
acordado que nenhum país pode, doravante, utilizar medidas não-tarifárias para proteger o seu
mercado doméstico. Neste sentido todas as medidas existentes foram convertidas em tarifas através
do processo de “tarifação”.
As Medidas de apoio interno são constituídas de regras que disciplinam o uso e a aplicação
de medidas governamentais voltadas para apoiar o setor produtivo doméstico.
Quanto aos Subsídios à Exportação são regras para se evitar que o comércio internacional
de produtos agrícolas seja distorcido pelo uso de subsídios nas vendas ao mercado externo.
Foi criado o Comitê de Agricultura, que tem por função o gerenciamento do processo de
implementação do Acordo Agrícola. Para tanto, os países deverão submeter, regularmente, ao
Comitê notificações contendo informações sobre medidas voltadas para o setor agropecuário que
sejam praticadas pelos países. Este Comitê reúne-se, ordinariamente, quatro vezes ao ano, para
analisar as notificações enviadas.

3 - Acordo sobre aplicação de medidas sanitárias e fitossanitárias - SPS

Este Acordo sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) reafirma que
“nenhum membro deve ser impedido de adotar ou aplicar medidas necessárias à proteção da
vida ou saúde humana, animal ou vegetal, desde que tais medidas não sejam aplicadas de modo a constituir
uma forma de discriminação arbitrária ou injustificável entre Membros em que prevaleçam as
mesmas condições, ou uma restrição velada ao comércio internacional”.
Com a aplicação do SPS o desejo é a melhoria da saúde humana, animal e vegetal no
território de todos os Membros. Entendendo que as medidas sanitárias e fitossanitárias são
freqüentemente aplicadas com base em acordos bilaterais.
O desejo maior é o estabelecimento de um arcabouço multilateral de regras e disciplinas
com vistas a reduzir ao mínimo seus efeitos negativos ao mercado. E, além disso, estimular o uso de
medidas sanitárias e fitossanitárias entre os Membros, com base em normas de organizações como o
Codex Alimentarius, Organização Internacional de Epizootias - OIE, Convenção Internacional
sobre Proteção Vegetal - CIPF, sem que com isso se exija dos Membros que modifiquem seu nível
adequado de proteção da vida e saúde humanas, dos animais e vegetais.

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Para tanto, o Acordo SPS contempla alguns princípios básicos, quais sejam:

• Independência: todo o país Membro pode restringir o comércio quando necessário


para garantir a saúde das plantas, animais, meio ambiente e pessoas;
• Harmonização: os Membros basearão suas medidas sanitárias e fitossanitárias em
normas, guias e recomendações internacionais nos casos em que existirem. Terão o
direito de aplicar medidas mais restritivas que resultem em níveis mais elevados de
proteção sanitária ou fitossanitária, se houver uma justificação científica;
• Equivalência: os Membros têm o dever de aceitar medidas de proteção diferentes
das próprias, se tiverem o mesmo efeito, se o Membro exportador demonstrar
objetivamente ao importador que suas medidas alcançam o nível adequado de
proteção exigido pelo importador;
• Transparência: os Membros terão participação plena nos fóruns internacionais para
notificar as alterações de suas medidas e analisar as notificações de medidas e
adotadas pelos demais;
• Tratamento não-discriminatório: os requerimentos devem ser iguais para países
com iguais condições sanitárias e/ou fitossanitárias;
• Controvérsias: no caso de controvérsias entre os países Membros sobre o Acordo
SPS, envolvendo temas técnicos ou científicos, estes utilizarão procedimentos da
OMC e recorrerão a um grupo especial;
• Avaliação de risco: os Membros assegurarão que suas medidas sanitárias e
fitossanitárias são baseadas em uma avaliação dos riscos à vida ou saúde humana,
dos animais e vegetais, tomando em consideração técnicas de Análise de Risco de
Pragas -ARP, elaboradas por organizações internacionais. Na avaliação dos riscos
deve-se considerar a evidência científica disponível; os processos e métodos de
produção pertinentes; os métodos para testes, amostragem e inspeção; a prevalência
de pragas e a existência de áreas livres de pragas.
• Áreas livres de pragas: os membros garantirão que suas medidas sanitárias ou
fitossanitárias estejam adaptadas às características da área da qual o produto é
originário e para a qual o produto é destinado. Reconhecerão, em particular, os
conceitos de áreas livres de pragas e de áreas de baixa incidência de pragas. A
determinação de tais áreas será baseada em fatores como: geografia; ecossistemas;
controle epidemiológico; e a eficácia de controles existentes. Sempre é necessária a
comprovação científica das evidências garantidas.

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B - Convenção internacional de proteção fitossanitária (CIPF)

A Convenção Internacional de Proteção Fitossanitária – CIPF foi aprovada pela FAO no


sexto período de sessões realizado em 1951 e entrou em vigor em 03 de abril de 1952. A partir de
então foram efetuadas inúmeras revisões, exaustivas e de amplo alcance, em seu texto inicial. Essas
revisões tiveram por objetivo atualizar a Convenção considerando as modernas práticas e
tecnologias fitossanitárias a fim de harmonizá-las com os novos conceitos introduzidos pela
Organização Mundial do Comércio – OMC sobre a aplicação de Medidas Sanitárias e
Fitossanitárias (SPS) e estabelecer um mecanismo, a Comissão sobre Medidas Fitossanitárias, para
o estabelecimento oficial de normas fitossanitárias, que seriam reconhecidas no âmbito do Acordo
SPS, e concretizar também a Secretaria da CIPF.
Este trabalho resultou no novo texto revisado aprovado pela Conferência da FAO, em seu
29º período de sessões, em novembro de 1997.
As partes contratantes,
• reconhecendo a necessidade da cooperação internacional para combater as pragas de
plantas e produtos vegetais e para prevenir sua disseminação internacional, e
especialmente sua introdução em áreas em perigo;
• reconhecendo que as medidas fitossanitárias devem estar tecnicamente justificadas,
ser transparentes e que não devem ser aplicadas de maneira que constituam um meio
de discriminação arbitrária ou injustificada ou uma restrição velada, em particular do
comércio internacional;
• desejando assegurar a estreita coordenação das medidas tomadas a este efeito;
• desejando proporcionar um marco para a formulação e aplicação de medidas
fitossanitárias harmonizadas e a elaboração de normas internacionais com este fim;
• tendo em conta os princípios aprovados internacionalmente que regem a proteção das
plantas, da saúde humana e dos animais e do meio ambiente; e
• tomando nota dos acordos concertados como conseqüência da Rodada Uruguai de
Negociações Comerciais Multilaterais, em particular o Acordo sobre a Aplicação de
Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS);

16 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Conveniaram entre outros os seguintes e principais pontos:


a) Propósitos e responsabilidades:
• para prevenir a introdução e disseminação de pragas e promover medidas
apropriadas para seu controle às partes se comprometem a adotar medidas
legislativas, técnicas e administrativas especificadas na CIPF;
• fazer cumprir todos os requisitos da CIPF dentro de seu território;
• quando apropriado às disposições da CIPF podem ser aplicadas além das plantas e
produtos vegetais, aos lugares de armazenamento, beneficiamento, meios de
transporte, embalagens, solos e qualquer outro organismo, objeto ou material capaz
de albergar ou disseminar pragas em particular no transporte internacional.
b) Relação com outros acordos internacionais: Nada do disposto na CIPF afetará os
direitos e obrigações das partes contratantes em virtude de Acordos Internacionais
pertinentes.
c) Responsabilidade de uma ONPF (Organização Nacional de Proteção Fitossanitária)
• emissão de Certificados referente a regulamentação fitossanitária do país importador
de conformidade com os modelos estabelecidos pela CIPF;
• vigilância de plantas cultivadas e da flora silvestre, de plantas e produtos vegetais
em armazenamento ou transporte, com o fim de informar a presença ou disseminação
de pragas e combatê-las. Inclui a apresentação de informes;
• a inspeção das partidas de vegetais e produtos vegetais que circulam no comércio
internacional;
• a desinfestação ou desinfecção das partidas;
• a proteção de áreas em perigo e caracterização e vigilância de áreas livres de pragas;
• realização de Análise de Risco de Pragas – ARP;
• a capacitação e formação de pessoal.
d) Certificação fitossanitária:
• a inspeção ou outras atividades que conduzam à emissão de certificados
fitossanitários, (CF) será efetuada somente pela ONPF ou sob sua autoridade.
• a emissão de certificados fitossanitários estará a cargo de funcionários públicos,
tecnicamente qualificados e devidamente autorizados pela ONPF para que atuem em
seu nome e sob seu controle;
e) Pragas regulamentadas: As partes contratantes poderão exigir medidas fitossanitárias
para as pragas quarentenárias e as pragas não quarentenárias regulamentadas,
sempre que tais medidas sejam:
• não mais restritivas que as medidas aplicadas às mesmas pragas, se estão presentes
no território da parte importadora; e
• limitadas ao necessário para proteger a sanidade vegetal e /ou salvaguardar o uso
proposto e este tecnicamente justificado pela parte interessada.

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As partes contratantes não exigirão medidas fitossanitárias para as pragas não


regulamentadas.
f) Requisitos relativos à importação: Para prevenir a introdução ou a disseminação de
pragas regulamentadas em seus respectivos territórios, as partes terão autoridade
soberana para regulamentar, de conformidade com os Acordos Internacionais
aplicáveis, a entrada de plantas, produtos vegetais e outros artigos regulamentados e,
com esta finalidade podem :
• impor e adotar medidas fitossanitárias, incluindo, por exemplo, inspeção, proibição
de importação e tratamentos quarentenários;
• proibir o ingresso, exigir tratamento, prescrever a destruição ou retirada imediata do
território, plantas ou partes de vegetais ou produtos vegetais e outros artigos cujos
envios não cumpram com as medidas fitossanitárias estipuladas;
• proibir ou restringir o translado de pragas regulamentadas em seus território.

Nota importante – Com o fim de minimizar a interferência no comércio internacional, as


ONPF’s se comprometem proceder de acordo com as seguintes condições:
• somente serão tomadas medidas fitossanitárias especificadas se necessárias devido a
considerações fitossanitárias e estejam tecnicamente justificadas;
• é obrigatória a publicação e transmissão dos requisitos, restrições e proibições
fitossanitárias imediatamente depois de sua adoção;
• colocar a disposição dos interessados os fundamentos dos requisitos, restrições e
proibições estipuladas;
• selecionar adequadamente os pontos de ingresso definidos para alguns produtos
específicos e realizar as devidas comunicações;
• a inspeção deverá efetuar-se o mais rápido possível tendo em conta a perecibilidade
dos produtos;
• suprimir as medidas impostas sempre que não sejam mais necessárias;
g) Sobre cooperação internacional:

Está consignado na CIPF que os membros cooperarão entre si para o cumprimento dos
objetivos da CIPF em particular:
• no intercâmbio de informações sobre pragas;
• participar em campanhas especiais para combater pragas que possam ameaçar
seriamente os cultivos e requeiram medidas internacionais;
• cooperar na medida do possível, no repasse de informações técnicas e biológicas
necessárias para a Análise de Risco de Pragas;
Quanto ao possível surgimento de alguma controvérsia a respeito da interpretação ou
aplicação da CIPF ou se uma parte contratante considera que a atitude de outra parte está em

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conflito com as obrigações definidas na CIPF, especialmente no que se refere às razões que tenha
para proibir ou restringir as importações de plantas, produtos vegetais ou outros artigos
regulamentados procedentes de seus territórios, as partes interessadas deverão consultar entre si
com vistas a solucionar a controvérsia.
Somente se a controvérsia não for solucionada entre as partes, estas poderão solicitar ao
Diretor Geral da FAO que nomeie um comitê de especialistas para examinar a questão controvertida
de conformidade com os regulamentos e procedimentos. As partes interessadas compartirão os
gastos com esses especialistas.

C - Acordo de Livre Comércio das Américas – ALCA e a fitossanidade

Muito embora o tema ALCA não seja novo é nos dias atuais que a discussão parece avançar
de forma irreversível.
Não tenho dúvidas que a ALCA é um caminho natural e benéfico para os países das
Américas. A questão central é negociar o melhor acordo possível fazendo valer o peso relevante do
nosso agronegócio, por exemplo, obtendo concessões que, sem a ALCA, nunca virão. Se o Brasil se
isolar como querem alguns a situação ficará pior, pois aí sim é que os mercados dos outros países se
fecharão.
É fundamental que todos os países assinem Acordos Internacionais que os obriguem a
praticar a “boa política econômica”, livrando os seus cidadãos dos delírios de alguns governos que
só trazem sofrimento de tempos em tempos.
A partir do exemplo da União Européia, pode-se afirmar, sem medo de errar, que a
liberalização do comércio nas Américas é certa. Porém, nenhum país abrirá mão dos seus direitos
de proteção sanitária/fitossanitária da sua agropecuária.
Por conseguinte, é natural prever que em todos os Acordos deverá constar um capítulo
especial que tratará das Medidas Sanitárias/Fitossanitárias que regerão o comércio dos produtos e
subprodutos do agronegócio, sem que sejam consideradas barreiras infundadas ao comércio.
Portanto, é fundamental que os governos que tem no agronegócio seu maior peso relevante
nas negociações da ALCA, se preocupem em reestruturar a sua Legislação e Normas internas,
tornando-as adequadas às exigências do mercado globalizado, sem descuidar da necessária proteção
da sua agropecuária.

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2 - Legislação fitossanitária no âmbito do COSAVE e Mercosul

A - Comitê de Sanidade Vegetal do Cone Sul – COSAVE

O Comitê de Sanidade Vegetal do Cone Sul – COSAVE é uma Organização Regional de


Proteção Fitossanitária (ORPF), criada no marco da convenção Internacional de Proteção
Fitossanitária (IPPC) e integrada pela Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.
Esta Organização iniciou suas atividades em 1989 como resultado de um Convênio entre os
governos dos países membros, mas seus antecedentes remontam à 1979. O objetivo principal do
COSAVE é a proteção fitossanitária regional. Em função dos Acordos que resultaram na criação da
Organização Mundial do Comércio (OMC) e da liberalização do comércio internacional, assim
como do estabelecimento do Mercosul, o COSAVE vem desenvolvendo Standards Regionais com o
objetivo de harmonizar os procedimentos e normas fitossanitárias aplicáveis ao Comércio de
produtos agrícolas entre os países membros. A sede da Presidência do COSAVE e de sua Secretaria
Técnica é rotativa, ficando localizada por dois anos em cada um dos países membros. De 1989 à
1991 o Uruguai exerceu a presidência em caráter interino. Em 1992 iniciou-se o ciclo rotativo da
presidência, que se manteve no Uruguai até 1993. Em 94-95 o Brasil esteve responsável, em 97-98
coube ao Chile, em 98/99 foi exercida pelo Paraguai, e no biênio 2000/2001 ficou sob a
responsabilidade da Argentina. No Período 2002/03 a presidência foi exercida pelo Uruguai e o
último período 2004/2005 no Brasil.
As atividades do COSAVE são financiadas por aportes anuais dos países membros, com
apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) através do exercício da
Secretaria de Coordenação, conforme Convênio subscrito entre a Direção Geral do IICA e o
Conselho de Ministros do COSAVE.

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Histórico:

1980 Constituição original (18 de dezembro) como Comitê Ad Hoc, integrado pelos Diretores de
Sanidade Vegetal da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.
1989 Assinatura do Convênio constitutivo do COSAVE (Montevidéu – 9 de março)
1989/91 Processo de ratificação do convênio Constitutivo
1989 – Ratificação do Uruguai
1990 – Ratificação do Chile
1991 – Ratificação do Brasil, Paraguai e Argentina.

1991 Integração do Conselho de Ministros (I Reunião, Piriápolis, Uruguai, 22 de novembro de


1191)
1992/93 Início do funcionamento regular com Uruguai na presidência
1994/95 Sediado no Brasil, e seguindo orientações internacionais, iniciou o desenvolvimento de
Standards, visando a harmonização dos procedimentos fitossanitários regionais.
1996/97 No Chile, se envolveu totalmente no contexto internacional, passando a ter papel de
destaque junto a IPPC e FAO.
1998/99 Com sede no Paraguai, além de continuar seguindo as orientações já estabelecidas, deverá
adotar integralmente o princípio de transparência e melhorar os processos administrativos e
de organização da informação.
2000/01 Sede na Argentina.
2002/03 Sede no Uruguai
2004/05 Sede no Brasil

Objetivo geral do COSAVE: Coordenar e incrementar a capacidade regional de prevenir,


diminuir e evitar os impactos e riscos causados pelas pragas que afetam a produção e
comercialização dos produtos agrícolas e florestais da região, considerando a situação fitossanitária
alcançada, o desenvolvimento econômico sustentável, a saúde humana e proteção do meio
ambiente.
Objetivo específico: Fortalecer a integração regional, através da harmonização dos
procedimentos, normas e requisitos fitossanitários, para facilitar o comércio de produtos agrícolas e
florestais.

Estrutura do COSAVE

Conforme mostrado no organograma abaixo, o COSAVE tem uma estrutura simples,


composta de uma unidade política (Conselho de Ministros), uma unidade diretiva (Comitê
Diretivo), duas unidades técnico/administrativas (Secretarias) e oito unidades técnicas. Em
novembro/99, o Comitê Diretivo criou um novo Grupo de Trabalho, o GTP - Vigilância
Fitossanitária, que tem como objetivo desenvolver e harmonizar as diretrizes técnicas de programas
sistemáticos de Vigilância Fitossanitária, para sua aplicação no âmbito nacional e regional. Esse
novo Grupo ainda não foi ratificado pelo Conselho de Ministros.

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Conselho d e Ministros

Comitê Diretivo

Secret. Técnica Secret. Coordenação

Mét. Analíticos Silvoagrícola

Certificação Não Quarentená rias

Qu arentena Praguicid as

Tratamentos

Figura 1

Conselho de Ministros – CM: Autoridade máxima da Organização, é constituído pelos


Ministros de Agricultura dos países membros. Estabelece políticas e prioridades. Aprova Programas
de trabalho, orçamento e relatório anual. Reúne-se uma vez por ano.
Comitê Diretivo – CD: É formado pelos Diretores de Defesa Vegetal dos países membro.
Executa o programa de trabalho, revisa e aprova os standards desenvolvidos pelos grupos.
Secretaria de Coordenação – SC: Exercida pelo IICA. Administra os recursos e oferece
apoio e assistência às Reuniões.
Secretaria Técnica – ST: Criada em 94. Oferece suporte técnico ao CD e orienta os
GTPs (Grupos de Trabalho Permanentes).
GTP - Certificação Fitossanitária: Desenvolve orientações para o estabelecimento de
sistemas e procedimentos harmonizados para a certificação fitossanitária das exportações agrícolas,
e mantem cadastro atualizado dos fiscais autorizados a emitir certificados, acompanha a aplicação e
uso adequado dos Certificados Fitossanitários (CF), conforme estabelecido pela IPPC.
GTP - Controle Biológico: Harmoniza procedimentos e normas (através de Standards) para
a utilização segura e eficiente de agentes de controle biológico na Região.
GTP - Produtos Fitossanitários: Harmoniza através de Standards, os requisitos e
procedimentos para o registro de produtos fitossanitários (substâncias ativas e formuladas para
avaliação de sua eficiência agronômica, assim como para sua etiquetagem e condições para o
controle da produção, uso e comercialização destes produtos na Região).
GTP - Procedimentos e Métodos Analíticos: Gera Standards para harmonizar
procedimentos e métodos analíticos para o diagnóstico de pragas regulamentadas e para a análise de
produtos fitossanitários e seus resíduos, de modo a garantir a segurança quarentenária e apoiar os
sistemas de certificação fitossanitária das exportações.

22 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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GTP - Sanidade Silvoagrícola: Discute os problemas fitossanitários que afetam as espécies


florestais da Região e determina o Risco de introdução de pragas exóticas. Acompanha o
desenvolvimento de programas de controle de pragas.
GTP - Pragas não Quarentenárias Regulamentadas: Desenvolve critérios harmonizados para a
regulamentação destas pragas e define os níveis de tolerância em materiais de propagação.
GTP - Quarentena Vegetal: Este é um dos mais antigos e mais importantes Grupos
técnicos Permanentes do COSAVE. A principal função é manter atualizadas as listas de Pragas
Quarentenárias A1 e A2 para os países da Região. É responsável pelo desenvolvimento de
propostas para o controle quarentenário e para o manejo de risco de pragas.
SGT - Tratamentos Quarentenários: Este é um Sub-Grupo de trabalho do GTP-QV, de
caráter temporário, para propor tratamentos quarentenários para os produtos comercializados na
Região e opções de manejo do risco.
De um modo geral toda a estrutura do COSAVE atua através do estabelecimento de
Standards. Standards é um documento estabelecido por consenso e aprovado por um Organismo
reconhecido, que estabelece, para uso comum e repetido, regras, diretrizes ou características para
atividades ou seus resultados, com o propósito de alcançar o grau ótimo de ordem em um contexto
dado.
Os Standards possibilitam a harmonização da metodologia e operação dos procedimentos
de proteção vegetal entre os países membros do COSAVE, com o propósito de assegurar que as
barreiras fitossanitárias não sejam utilizadas injustificadamente como travas ao comércio. Para
alcançar isto os standards devem ser usados pelas Organizações Nacionais de Proteção
Fitossanitárias – ONPF’s como diretrizes para a elaboração de suas normas nacionais podendo ser
utilizados como referência técnica para a solução de possíveis controvérsias sobre a aplicação de
normas fitossanitárias.
A ONPF brasileira é o Departamento de Sanidade Vegetal - DSV, vinculado à
Secretaria de Defesa Agropecuária – SDA, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
Nas Américas existem as seguintes Organizações Regionais de Proteção Fitossanitária
(ORPF’s), reconhecidas pela Convenção Internacional de Proteção Fitossanitária (CIPF):

CA: Comunidade Andina de Nações, que agrupa os países andinos da


América do Sul com exceção do Chile e Argentina.
COSAVE: Comitê de Sanidade Vegetal do Cone Sul, formado pela Argentina,
Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai
CPPC: Caribbean Plant Protection Commision, que inclui os países do Caribe
e alguns com acesso ao Caribe, do norte, Centro e América do sul.
NAPPO: North American Plant Protection Organization, cujos membros são
Canadá, Estados Unidos e México.
OIRSA: Organización Internacional Regional de Sanidad Agropecuaria,
integrada pelos países da América Central, México, Panamá e
República Dominicana.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 23


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Em 1987 essas cinco ORPF’s acordaram constituir, com o apoio do IICA e da FAO, o
Grupo Interamericano de Coordenação em Sanidade Vegetal (CICSV), como organismo para
coordenação das ações dirigidas à solução de problemas fitossanitários de caráter hemisférico e de
interesse prioritário para as Organizações integrantes.
A existência do GICSV tem adquirido maior relevância a partir das iniciativas de criação da
Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) pelo papel que poderia desempenhar como foro
idôneo para a harmonização hemisférica das normas fitossanitárias requeridas para o intercâmbio
entre as regiões de produtos agrícolas, desempenhando, num contexto mais amplo o papel do
COSAVE em relação ao Mercosul, definindo as bases conceituais e filosóficas que evitem o uso
das restrições fitossanitárias como barreiras ao comércio.

B - Mercado Comum do Sul – Mercosul

A constituição do Mercosul, objetivo definido pelo Tratado de Assunção, de 26/03/91, e


reafirmado pelo Protocolo de Ouro Preto, de 17/12/94, não apresenta uma ação diplomática
isolada, mas sim o resultado de um longo processo de aproximação entre Argentina, Brasil,
Paraguai e Uruguai.
Foi a criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALADI), em 1980,
que gerou condições necessárias à promoção, em bases mais realistas, do aprofundamento do
processo de integração latino-americana.
O conceito de integração, mola propulsora do Mercosul, insere-se perfeitamente no atual
cenário econômico mundial, marcado por suas correntes complementares de multilateralização das
relações comerciais e de regionalização econômica. A integração é um fenômeno comum no
mundo no final do século 21. Quase todas as grandes economias mundiais encontram-se, de alguma
forma, envolvidas em processos de integração econômica. Estados Unidos (NAFTA), Europa (EU),
América Latina (Pacto Andino e Mercosul), Ásia (CER) e África (Sadec) – a integração está por
toda à parte.
Os processos de integração econômica são conjuntos de medidas de caráter econômico que
têm por objetivo aproximar e promover a união entre as economias de dois ou mais países.
A integração comercial propiciada pelo Mercosul também favoreceu a implantação de
realizações nos mais diferentes setores, como educação, justiça, cultura, transportes, energia, meio
ambiente e agricultura. Neste sentido, vários acordos foram firmados, incluindo desde o
reconhecimento de títulos universitários e a revalidação de diplomas até, entre outros, o
estabelecimento de protocolos de assistência mútua em assuntos penais e a criação de um “selo
cultural” para promover a cooperação, o intercâmbio e a maior facilidade no trânsito aduaneiro de
bens culturais.

24 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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O Mercado Comum do Sul – Mercosul é um processo de integração entre Argentina,


Brasil, Paraguai e Uruguai inaugurado em 1991, com a assinatura do Tratado de Assunção, e que
se encontra, atualmente, em uma etapa de União Aduaneira.
Seu objetivo final é a constituição de um Mercado Comum.
O Mercosul é um agrupamento regional de reconhecida importância econômica, política e
social, que vem buscando aproveitar as oportunidades da globalização e tem atraído, cada vez
mais, o interesse de investidores de todo o mundo, sendo considerado um dos principais pólos de
atração de investimentos. As razões para este sucesso não são poucas: além de ser a Quarta
economia mundial, o Mercosul é também a principal reserva de recursos naturais do planeta.
O Mercosul é uma realidade econômica de dimensões continentais. Somando uma área total
de cerca de 12 milhões de quilômetros quadrados, o Mercosul, representa um mercado potencial
superior a 200 milhões de habitantes e um PIB acumulado de 1 Trilhão de dólares, o que o coloca
entre as quatro maiores economias do mundo, logo atrás do NAFTA, União Européia e Japão. O
comércio regional atinge cifras superiores a 20 bilhões de dólares.
A liberalização comercial do Mercosul proporcionou, um ímpeto sem precedentes no
comércio intrazona. O comércio regional entre membros do bloco cresceu cerca de 312% entre
1991 e 1997, chegando no final do ano passado, à casa dos 20 bilhões de dólares. Resultado natural
dessa nova dinâmica econômica cresceu enormemente o número de parcerias entre empresas da
região.
Nesse contexto, circunstâncias de natureza política, econômica, comercial e tecnológica,
decorrentes das grandes transformações da ordem econômica internacional, exerceram papel
relevante no aprofundamento da integração dos países do sul.
Através de Leis e Portarias, o Governo Brasileiro vem criando os mecanismos e
instrumentos necessários à viabilização de uma ação harmoniosa e justa, na livre circulação de bens
e serviços e de fatores produtivos, que é uma das características básicas do Mercosul.

Estrutura institucional e normativa do Mercosul

O Protocolo de Ouro Preto ou “Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção sobre


Estrutura Institucional do Mercosul”, assinado em dezembro de 1994, dá ao processo de
integração o perfil completo de uma União Aduaneira. A partir de sua assinatura, durante a Cúpula
de Ouro Preto, o Mercosul passa a contar com uma estrutura institucional definitiva para a
negociação do aprofundamento da integração em direção ao ambicionado MERCADO COMUM.
Além disso, o Protocolo de Ouro Preto estabelece a personalidade jurídica do Mercosul, que a partir
de então, poderá negociar como bloco acordos internacionais.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 25


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Atualmente, a estrutura institucional do Mercosul é a seguinte:


• Grupo Mercado Comum (GMC): é o órgão executivo do Mercosul, integrado por
representantes dos Ministérios de Relações Exteriores, Economia e Bancos Centrais
dos Quatro. O GMC reune-se em média a cada três meses. Manifesta-se através de
Resoluções.
• Comissão de Comércio (CCM): órgão assessor do GMC, cumpre o papel de velar
pela aplicação dos instrumentos de política comercial acordados pelos Estados Partes
para o funcionamento da União Aduaneira. Reúne-se mensalmente e manifesta-se
através de Diretrizes.
• Comissão Parlamentar Conjunta (CPC): é o órgão de representação do poder
legislativo dos Quatro. A CPC é composta por igual número de parlamentares de
cada Estado Parte, perfazendo um total de 64.
• Foro Consultivo Econômico e Social (FCES) : órgão de caráter consultivo. O FCES
é o foro de representação dos setores econômicos e sociais.
• Reuniões de Ministros: não têm periodicidade estabelecida, servindo basicamente
para troca de experiências e o tratamento político de temas selecionados pelos
próprios titulares das pastas. Existem, hoje, nove Reuniões de Ministros no
Mercosul.
• Subgrupos Técnicos ( SGTs): órgãos de assessoramento do GMC, os SGTs dividem-
se por temas e se reunem, em geral, duas vezes por semestre. Existem onze SGTs em
funcionamento hoje.
• Reuniões Especializadas: órgãos de assessoramento do GMC, as Reuniões
Especializadas funcionam como os SGTs, sendo que sua pauta negociadora não
emana diretamente desse órgão.
• Grupos Ad Hoc: criados pelo GMC para tratamento de algum tema específico, os
GAH têm duração determinada. Uma vez cumprida a tarefa atribuída pelo GMC, eles
são extintos.
• Comitês Técnicos (CTs): órgãos de assessoramento da CCM, dividem-se de acordo
com os temas tratados. Existem dez CTs em funcionamento hoje.

C - Interação COSAVE Mercosul

A interação COSAVE/Mercosul vem sendo um dos principais fatores de avanço da


fitossanidade regional. O COSAVE, como organização técnica tem suas atividades concentradas
nos aspectos conceituais e filosóficos da fitossanidade. Seus standards são horizontais, isto é, sobre
eles se apóiam standards verticais do Mercosul, que aplicam os conceitos desenvolvidos pelo

26 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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COSAVE no desenvolvimento de normas e procedimentos práticos relativos ao comércio


internacional de plantas e seus produtos.
Embora os standards do COSAVE não sejam obrigatórios, pois os países não têm obrigação
legal de adotá-los, existe um acordo tácito da área fitossanitária do Mercosul e dos países membros
em adotar os princípios aprovados pelo COSAVE.
Assim, enquanto o COSAVE realiza, por exemplo, as fases iniciais de Análise de Risco de
Pragas, identificando quais pragas podem ser consideradas quarentenárias, o Mercosul realiza a
parte final, estabelecendo quais os requisitos fitossanitários serão exigidos para que cada produto
específico, de origens consideradas, possa ingressar nos respectivos países.

O quadro a seguir apresenta as funções comparativas das duas organizações:

COSAVE Mercosul
Organização Técnica Fitossanitária Organização de Integração Comercial
Desenvolve Standards horizontais sobre conceitos, Desenvolve Standards verticais que utilizam modo
critérios, definições (Filosofia da Fitossanidade) e prático os conceitos e critérios técnicos desenvolvidos
procedimentos e métodos gerais para a harmonização pelo COSAVE, para facilitar o comércio regional de
de normas fitossanitárias. produtos agrícolas.

Figura 2

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 27


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Figura 3

3 - Legislação fitossanitária brasileira

A Legislação Fitossanitária Brasileira esta dividida em dois grandes grupos normativos:

• Legislação básica
• Legislação complementar

A - Legislação básica

A Legislação Básica estabelece os princípios fundamentais que orientam toda a conduta


governamental, na área da fitossanidade.

28 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Está constituída pelos seguintes instrumentos legais:

1) Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal – RDSV (Decreto 24.114 de 12/04/1934) –


incluído na íntegra no Apêndice deste módulo, que estabelece as Normas e os Procedimentos
adotados pelo Brasil, para;
• Importação de vegetais;
• Exportação de vegetais;
• Comércio e trânsito de vegetais;
• Erradicação e combate às pragas dos vegetais;
• Desinfecção e desinfestação de vegetais.

2) Convenção Internacional de Proteção Fitossanitária – CIPF,

A CIPF tem como objetivo, assegurar uma ação comum e permanente contra a introdução e
disseminação de pragas dos vegetais, partes de vegetais e produtos de origem vegetal e de promover
as medidas para o seu combate. O Brasil como signatário, e, por conseguinte parte contratante,
compromete-se a adotar as medidas legislativas, técnicas e administrativas especificadas nessa
Convenção e em acordos suplementares propostos pela Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação –FAO, por iniciativa própria ou por recomendação de uma das partes
contratantes.

3) Acordos Sanitários e Fitossanitários Internacionais

Com o advento da OMC e particularmente do Acordo sobre Aplicação de Medidas


Sanitárias e Fitossanitárias, conhecido como Acordo SPS vários países têm implementado a
celebração de acordos com vistas a facilitar o comércio do agronegócio, principalmente aqueles que
têm esse segmento como importância estratégica em suas economias.
A base para esses acordos fundamenta-se no texto do Acordo SPS e nas decisões do Comitê
de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio. Esse Comitê
implementa a discussão de temas como regionalização, equivalência, trato especial e diferenciado,
notificação e transparência, além de ter uma participação importante na solução de controvérsias
entre seus membros nos temas sanitários e fitossanitários.
Nesse sentido, o Brasil vem implementado discussões para implantação de protocolos
bilaterais e bi-regionais que são alterados, ajustados ou extintos em função dos interesses das partes
contratantes. Como exemplo podem ser citados as negociações e Acordos com o Canadá, Estados
Unidos da América, Chile, China, Argentina, entre outros, para a celebração de protocolos de
equivalência e entre o Mercosul e a União Européia nas áreas sanitárias e Fitossanitárias.
Como prioridade manifestada pelo atual Governo brasileiro em relação ao fortalecimento
do MERCOSUL foram agilizados os Acordos do bloco MERCOSUL com diversos países, tais

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 29


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como : Peru, União Européia, África do Sul, Índia, Bolívia, Comunidade Andina das Nações e
Chile.
É importante ressaltar que foi incluído um capítulo especial, chamado de anexo do Acordo
em todos estes Acordos, e dedicado às Medidas Sanitárias e Fitossanitárias.
Os acordos bilaterais são muito relevantes para a integração comercial. A título de exemplo,
informamos que o Brasil tem cerca de 120 acordos bilaterais na área sanitária e fitossanitária com
cerca de 45 países. Muitas vezes a implementação bilateral é mais rápida e traz resultados para o
comércio de forma mais célere, além de facilitar possíveis entendimentos mais abrangentes num
futuro próximo.

4) Lei dos agrotóxicos (Lei nº 7.802 de 11/07/89 e Decreto nº 98.816 de 11/01/90)

Esta Lei substituiu o capítulo VI, do Regulamento da Defesa Sanitária Vegetal, e dispõe
sobre a pesquisa, experimentação, produção, embalagem, transporte, armazenamento,
comercialização, utilização, importação, exportação, destino final dos resíduos e embalagens,
registro, classificação, controle, inspeção e fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins.

5) Legislação para Organismos Geneticamente Modificados – OGM’s (Lei N° 10.814, de 15


de dezembro de 2003)

É fundamental lembrar que neste módulo não temos a pretensão de estabelecer um


posicionamento sobre esse tema novo e altamente controverso, mas tão somente apresentar
algumas informações básicas (vide Apêndice deste módulo) e, especialmente, as normas brasileiras
recentemente estabelecidas que permitem a comercialização da produção de soja da safra de 2003 e
dá outras providências, especialmente por tratar-se de um tema vinculado diretamente à questão de
Proteção de Plantas.

30 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Exposição de Motivos nº 38 - Casa Civil da Presidência da República


Em 25 de setembro de 2003.

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Entre as várias situações que requereram medidas precisas e corajosas do Governo de Vossa
Excelência, quase que imediatamente após sua posse em 1º de janeiro de 2003, destaca-se a crise
em relação à comercialização da soja, colhida pelos produtores rurais no início do ano e plantada,
em algumas regiões do País, com a utilização de sementes geneticamente modificadas, sem o
devido cumprimento dos requisitos legais, em especial os contidos na legislação ambiental.
Essa situação, decorrente de uma cultura de descumprimento, por muitos anos, da legislação
vigente, potencializada por um arcabouço legal com muitos pontos conflitantes, pela omissão no
controle e monitoramento de governos anteriores e pelo desaparelhamento estatal herdado pelo
atual Governo, foi enfrentada com a adoção de algumas medidas que modificaram a própria
legislação e, mais do que isso, estabeleceram novo patamar qualitativo no processo decisório de
governo, focado na interação das diversas visões setoriais e na disposição de passar a controlar
efetivamente o processo de liberação dos organismos geneticamente modificados (OGM) no meio
ambiente e para consumo humano.
Dentre essas, merecem menção o Decreto n° 4.602, de 21 de fevereiro de 2003, que instituiu
Comissão Interministerial para construir uma visão integrada do Governo sobre o tema, a edição da
Medida Provisória nº 113, convertida na Lei nº 10.688, de 13 de junho de 2003, que estabeleceu
normas para a comercialização da produção de soja da safra de 2003, o Decreto nº 4.680, de 24 de
abril de 2003, que estabeleceu regras mais rígidas que as anteriormente existentes, no nível mais
restrito na experiência internacional, sobre a rotulagem de produtos que contêm OGM e, por último,
o encaminhamento ao Congresso Nacional da Mensagem Presidencial nº 349, de 25 de julho de
2003, propondo a adesão do Brasil ao Protocolo de Cartagena, todas medidas voltadas a fortalecer o
poder do Estado no exercício de suas competências sobre a matéria e atender aos interesses da
sociedade. O cenário construído nesses poucos meses difere muito daquele do início de 2003. Além
de superar o risco de crise econômica, deu-se início ao redesenho da estrutura institucional do
Governo e é iminente o envio, por parte do Poder Executivo, de projeto de lei ao Congresso
Nacional, resultado de amplo processo de discussão, que traz nova formatação do marco de
regulamentaçaõ sobre biossegurança de OGM.
Apesar dessa série de iniciativas e das restrições firmadas pela Lei nº 10.688, de 2003,
relativamente ao plantio de soja geneticamente modificada para a safra de 2004, algumas situações
não foram alcançadas pelo exercício do poder de Estado, de forma a adequar a ação de todos os
agentes envolvidos. Com efeito, as dificuldades são expressivas no que se refere à cultura de soja no
País, cuja produção, nos últimos anos, apresenta índices crescentes de participação da soja

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 31


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Curso: Proteção de Plantas

geneticamente modificada, notadamente no Estado do Rio Grande do Sul, onde o ingresso de


sementes foi favorecido pela proximidade geográfica com países que não impõem restrições ao seu
uso.
Em função da situação pré-constituída e de razões econômicas e culturais, na maioria das
vezes relacionadas com sua condição ( de pequenos proprietários) , milhares de agricultores
reservaram sementes da safra colhida em 2003, para plantio da futura safra, ainda que contrariando
as disposições legais, situação que impõe ao Governo a reconsideração de parte dessas disposições,
sob pena de agravamento da crise social nas regiões onde este fato ocorreu.
Não é demais lembrar a importância da cultura de soja para o País e, em função dela,
considerarem-se as seguintes informações relativas ao seu cultivo e às condições dos agricultores
alcançados pela medida provisória que ora se propõe a Vossa Excelência, para justificar a sua
urgência:
a) a soja é a principal cultura agrícola do País, respondendo por parcela considerável do PIB
agropecuário, e suas exportações lideram a pauta comercial brasileira; externalidades negativas
nesta atividade podem gerar empobrecimento no campo e recrudescer o êxodo rural;
b) a produtividade dos cultivos de soja é significativamente afetada pelo calendário de
plantio e atrasos fatalmente reduzem a produtividade a patamares antieconômicos;
c) a semente é insumo agrícola de caráter indispensável, sem a qual é impossível efetivar o
plantio de qualquer cultura agrícola anual;
d) o índice de utilização de sementes salvas ou próprias é maior entre os agricultores de
pequena e média escala. No Rio Grande do Sul, por exemplo, 95% dos plantadores de soja têm área
de cultivo inferior a 50 hectares (IBGE, 1996) e a taxa de uso de sementes certificadas ou
fiscalizadas - além de ser tradicionalmente uma das mais baixas do País - apresenta tendência de
queda acentuada nos últimos anos: a Taxa de Uso de Sementes de Soja, segundo informações do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que era de 65% em meados da década de
noventa, chegou a 43% na safra de 2000/2001 e a apenas 19% na safra 2002/2003, ou seja, mais de
80% dos agricultores gaúchos utilizaram sementes próprias de soja na última safra e presume-se,
em escala significativa, transgênicas.
Assim, a presente proposta de medida provisória visa a atender, em caráter excepcional,
situação específica vivenciada por número expressivo de pequenos produtores que reservaram, para
uso próprio, sementes da safra de soja de 2003 e que, pelos motivos econômicos e culturais já
mencionados, realizarão o plantio da safra de 2004, com risco de perderem-na integralmente, se não
houver dispositivo legal que lhes garanta o plantio, a colheita e posterior comercialização.
Em síntese, propõe-se estender as determinações contidas na Lei nº 10.688, de 2003, pelo
prazo de um ano, mas exclusivamente aos produtores que se utilizam de sementes reservadas para
uso próprio.
Para que essa concessão não se transforme em meio de reprodução da cultura de trabalho à
margem da lei, são introduzidos mecanismos na proposta de medida provisória que permitem ao
Estado aperfeiçoar sua ação controladora, estabelecendo-se a exigência ao produtor de subscrição

32 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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de Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta, fonte excepcional de


informação ao Poder Público sobre a possibilidade de ocorrência de OGM na safra de soja de 2004,
principalmente nas regiões que se presume haver maior incidência desses organismos. Desse termo
constarão as obrigações estabelecidas pelos art. 1º, 2º, 5º, 8º e 9º da proposta de medida provisória,
e, por conseqüência, também as constantes na Lei nº 10.688, de 2003, destinadas a limitar a
comercialização e uso dos grãos oriundos do plantio ora autorizado.
A fim de dispensar das exigências ora propostas os agricultores que cumpriram estritamente
a legislação vigente, atribui-se ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tal como
antes previsto na Lei nº 10.688, de 2003, em seu art. 1º, § 6º, a possibilidade de excluir do regime
de restrições estabelecido pela proposta as áreas do País em que comprovadamente não se verificou
a presença de organismo geneticamente modificado. Do mesmo modo, estende-se a possibilidade,
igualmente prevista na Lei nº 10.688, de excluir dessas restrições os agricultores que obtenham
certificação de ausência de organismo geneticamente modificado na soja plantada, assim como
aqueles que comprovem, mediante notas fiscais ou comprovantes de compra, haver empregado, no
plantio da safra de 2004, sementes fiscalizadas ou certificadas pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
Com o objetivo, ainda, de desestimular o descumprimento futuro das exigências legais,
propõe-se vedação às instituições financeiras oficiais de crédito quanto à aplicação de recursos no
financiamento da produção e plantio de variedades de soja obtidas em desacordo com a legislação
em vigor, para a safra de 2005.
Além disso, manifesta-se, expressamente, a responsabilidade dos produtores que causarem
danos ao meio ambiente e a terceiros, devendo eles responder, solidariamente, pela indenização ou
reparação integral do dano, independentemente da existência de culpa. Do mesmo modo, explicita-
se a responsabilidade exclusiva do produtor de soja quanto a direitos de terceiros decorrentes do
plantio de soja autorizado pela medida provisória em tela.
Por outro lado, propõe-se vedar o plantio de sementes de soja que contenha organismo
geneticamente modificado nas áreas de unidades de conservação e respectivas zonas de
amortecimento, nas terras indígenas, nas áreas de proteção de mananciais de água efetiva ou
potencialmente utilizáveis para o abastecimento público e nas áreas declaradas como prioritárias
para a conservação da biodiversidade, a fim de garantir-se maior proteção a essas áreas.
Propõe-se, ainda, a constituição de Comissão de Acompanhamento, composta por
representantes dos Ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da
Ciência e Tecnologia, do Desenvolvimento Agrário, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, da Justiça, da Saúde, do Gabinete do Ministro de Estado Extraordinário de Segurança
Alimentar e Combate à Fome, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA e do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, coordenada
pela Casa Civil da Presidência da República, destinada a acompanhar e supervisionar o
cumprimento do disposto na medida provisória, com o fito de assegurar a sua aplicação e a adoção

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 33


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de medidas complementares, tempestivamente, de modo a que, doravante, não se reitere a prática


ora excepcionalizada.
Dessa forma, ao mesmo tempo em que se regulariza e viabiliza a utilização das sementes
reservadas pelo próprio agricultor, sem se autorizar o comércio ou importação de sementes sem o
cumprimento dos requisitos legais, estabelece-se medidas de desestímulo à continuidade da situação
que, em caráter urgente, requer as providências propostas pelo presente projeto de medida
provisória.
Por fim, Senhor Presidente, a definitiva revisão do arcabouço jurídico relativo a pesquisa,
introdução, produção e comercialização de organismos geneticamente modificados no Brasil, a ser
oportunamente apresentada a Vossa Excelência na forma de anteprojeto de lei, dará solução a esta
complexa situação, permitindo ao País superar os obstáculos hoje existentes, decorrentes da
legislação inadequada e da insuficiência do aparato institucional destinado a assegurar a proteção do
interesse público em matéria de biossegurança.

Respeitosamente,
SWEDENBERGER BARBOSA
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República Interino

34 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Lei N° 10.814, de 15 de dezembro de 2003.

Estabelece normas para a comercialização da produção de soja da safra de 2003 e dá outras


providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o Às sementes da safra de soja geneticamente modificada de 2003, reservadas pelos
agricultores para o uso próprio, consoante os termos do art. 2o, inciso XLIII, da Lei no 10.711, de 5
de agosto de 2003, e que sejam utilizadas para plantio até 31 de dezembro de 2003, não se aplicam
as disposições:
I – dos incisos I e II art. 8 e do caput do art. 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981,
relativamente às espécies geneticamente modificadas previstas no Código 20 do seu Anexo VIII;
II – da Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, com as alterações da Medida Provisória no
2.191-9, de 23 de agosto de 2001; e
III – do § 3o do art. 1o da Lei no 10.688, de 13 de junho de 2003.
Parágrafo único. É vedada a comercialização do grão de soja geneticamente modificada da
safra de 2003 como semente, bem como a sua utilização como semente em propriedade situada em
Estado distinto daquele em que foi produzido.
Art. 2o Aplica-se à soja colhida a partir das sementes de que trata o art. 1o o disposto na Lei
no 10.688, de 13 de junho de 2003, restringindo-se a sua comercialização ao período até 31 de
janeiro de 2005, inclusive.
§ 1o O prazo de comercialização de que trata o caput poderá ser prorrogado por até sessenta
dias por ato do Poder Executivo.
§ 2o O estoque existente após a data estabelecida no caput deverá ser destruído, com
completa limpeza dos espaços de armazenagem para recebimento da safra de 2005.
Art. 3o Os produtores abrangidos pelo disposto no art. 1o, ressalvado o disposto nos arts. 3o e
4o da Lei no 10.688, de 13 de junho de 2003, somente poderão promover o plantio e
comercialização da safra de soja do ano de 2004 se subscreverem Termo de Compromisso,
Responsabilidade e Ajustamento de Conduta, conforme regulamento, observadas as normas legais e
regulamentares vigentes.
Parágrafo único. O Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta,
de uso exclusivo do agricultor e dos órgãos e entidades da administração pública federal, será
firmado até o dia 9 de dezembro de 2003 e entregue nos postos ou agências da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos, nas agências da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil S.A.
Art. 4o O Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento poderá excluir do
regime desta Lei, mediante portaria, os grãos de soja produzidos em áreas ou regiões nas quais
comprovadamente não se verificou a presença de organismo geneticamente modificado.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 35


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Parágrafo único. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento poderá firmar


instrumento de cooperação com as unidades da Federação, para os fins do cumprimento do disposto
no caput.
Art. 5o Ficam vedados o plantio e a comercialização de sementes relativas à safra de grãos
de soja geneticamente modificada de 2004.
Art. 6o Na comercialização da soja colhida a partir das sementes de que trata o art. 1o, bem
como dos produtos ou ingredientes dela derivados, deverá constar, em rótulo adequado, informação
aos consumidores a respeito de sua origem e da presença de organismo geneticamente modificado,
sem prejuízo do cumprimento das disposições da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, e
conforme disposto em regulamento.
Art. 7o É vedado às instituições financeiras integrantes do Sistema Nacional de Crédito
Rural – SNCR aplicar recursos no financiamento da produção e plantio de variedades de soja
obtidas em desacordo com a legislação em vigor.
Art. 8o O produtor de soja geneticamente modificada que não subscrever o Termo de
Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta de que trata o art. 3o ficará impedido de
obter empréstimos e financiamentos de instituições integrantes do Sistema Nacional de Crédito
Rural - SNCR, não terá acesso a eventuais benefícios fiscais ou creditícios e não será admitido a
participar de programas de repactuação ou parcelamento de dívidas relativas a tributos e
contribuições instituídos pelo Governo Federal.
§ 1o Para efeito da obtenção de empréstimos e financiamentos de instituições integrantes do
Sistema Nacional de Crédito Rural - SNCR, o produtor de soja convencional que não estiver
abrangido pela Portaria de que trata o art. 4o desta Lei, ou não apresentar notas fiscais de sementes
certificadas, ou certificação dos grãos a serem usados como sementes, deverá firmar declaração
simplificada de "Produtor de Soja Convencional".
§ 2o Para os efeitos desta Lei, soja convencional é definida como aquela obtida a partir de
sementes não geneticamente modificadas.
Art. 9o Sem prejuízo da aplicação das penas previstas na legislação vigente, os produtores de
soja geneticamente modificada que causarem danos ao meio ambiente e a terceiros, inclusive
quando decorrente de contaminação por cruzamento, responderão, solidariamente, pela indenização
ou reparação integral do dano, independentemente da existência de culpa.
Parágrafo único. (VETADO)
Art. 10. Compete exclusivamente ao produtor de soja arcar com os ônus decorrentes do
plantio autorizado pelo art. 1o desta Lei, inclusive os relacionados a eventuais direitos de terceiros
sobre as sementes, nos termos da Lei no 10.711, de 5 de agosto de 2003.
Art. 11. Fica vedado o plantio de sementes de soja geneticamente modificada nas áreas de
unidades de conservação e nas respectivas zonas de amortecimento, nas terras indígenas, nas áreas
de proteção de mananciais de água efetiva ou potencialmente utilizáveis para o abastecimento
público e nas áreas declaradas como prioritárias para a conservação da biodiversidade.

36 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Parágrafo único. O Ministério do Meio Ambiente definirá, mediante portaria, as áreas


prioritárias para a conservação da biodiversidade referidas no caput.
Art. 12. Ficam vedados, em todo o território nacional, a utilização, a comercialização, o
registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso e dos
produtos delas derivados, aplicáveis à cultura da soja.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, entende-se por tecnologias genéticas de restrição
do uso qualquer processo de intervenção humana para geração ou multiplicação de plantas
geneticamente modificadas para produzir estruturas reprodutivas estéreis, bem como qualquer
forma de manipulação genética que vise à ativação ou desativação de genes relacionados à
fertilidade das plantas por indutores químicos externos.
Art. 13. Em relação às safras anteriores a 2003, fica o produtor de soja geneticamente
modificada isento de qualquer penalidade ou responsabilidade decorrente da inobservância dos
dispositivos legais referidos no art. 1o desta Lei.
Art. 14. Fica autorizado para a safra 2003/2004 o registro provisório de variedade de soja
geneticamente modificada no Registro Nacional de Cultivares, nos termos da Lei no 10.711, de 5 de
agosto de 2003, sendo vedada expressamente, sua comercialização como semente.
§ 1o O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério do Meio
Ambiente promoverão o acompanhamento da multiplicação das sementes previstas no caput
mantendo rigoroso controle da produção e dos estoques.
§ 2o A vedação prevista no caput permanecerá até a existência de legislação específica que
regulamente a comercialização de semente de soja geneticamente modificada no País.
Art. 15. Fica instituída, no âmbito do Poder Executivo, Comissão de Acompanhamento,
composta por representantes dos Ministérios do Meio Ambiente; da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento; da Ciência e Tecnologia; do Desenvolvimento Agrário; do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior; da Justiça; da Saúde; do Gabinete do Ministro Extraordinário de
Segurança Alimentar e Combate à Fome; da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA;
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA; coordenada pela Casa Civil da
Presidência da República, destinada a acompanhar e supervisionar o cumprimento do disposto nesta
Lei.
Art. 16. Aplica-se a multa de que trata o art. 7o da Lei no 10.688, de 13 de junho de 2003,
aos casos de descumprimento do disposto nesta Lei e no Termo de Compromisso, Responsabilidade
e Ajustamento de Conduta de que trata o art. 3o desta Lei, pelos produtores alcançados pelo art. 1o.
Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 15 de dezembro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Álvaro Augusto Ribeiro Costa
José Dirceu de Oliveira e Silva

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 37


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MENSAGEM DE VETO

MENSAGEM Nº 741, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2003.

Senhor Presidente do Senado Federal,

Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do § 1o do art. 66 da Constituição, decidi


vetar parcialmente, por contrariar o interesse público, o Projeto de Lei de Conversão no 26, de 2003
(MP no 131/03), que "Estabelece normas para o plantio e comercialização da produção de soja
geneticamente modificada da safra de 2004, e dá outras providências".
Ouvida, a Advocacia-Geral da União manifestou-se pelo seguinte veto:
Parágrafo único do art. 9o
"Art. 9o .................................................................
Parágrafo único. A responsabilidade prevista no caput aplica-se, igualmente, aos detentores
dos direitos da patente sobre a tecnologia aplicada à semente de soja de que trata o art. 1o."
Razões do veto
“Trata o dispositivo de estender a responsabilidade civil, objetiva e solidária pelos danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, aos detentores dos direitos da patente sobre a tecnologia
aplicada à semente de soja geneticamente modificada de 2003”.
A contrariedade ao interesse público decorre do fato de que o dispositivo traz à baila relação
jurídica estranha ao objeto do texto legal, na medida em que pretende responsabilizar os detentores
dos direitos de patente sobre a tecnologia aplicada à semente de soja geneticamente modificada
pelos danos ao meio ambiente e à saúde de terceiros.
Se de um lado há o aspecto positivo em tutelar direitos fundamentais como a vida e o meio
ambiente, responsabilizando todos aqueles que participaram da cadeia produtiva da soja
geneticamente modificada, a redação do dispositivo em comento, a contrario sensu, está a afirmar
os direitos de patente sobre a tecnologia aplicada à semente de soja geneticamente modificada da
safra de 2003.
A matéria referente a direitos e obrigações relativos à propriedade industrial mereceu
detalhada disciplina no texto da Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996, a denominada Lei de Patentes,
e é sob sua égide que deve ser decidida.
Não pode pretender uma lei que se destina a, única e exclusivamente, estabelecer normas
excepcionais para o plantio e comercialização da produção de soja geneticamente modificada da
safra de 2003, criar normas e definir direitos e obrigações de supostos detentores de direitos sobre a
patente da semente utilizada.
Ademais, há que se registrar o caráter ilícito da importação das sementes em questão, o que
torna ainda mais complexa a relação jurídica entre os eventuais detentores de direitos sobre patentes

38 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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e os produtores rurais, matéria essa que deve ser equacionada pelas vias competentes, vale dizer,
pelo Poder Judiciário, tendo em consideração a legislação específica do setor."
Estas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar o dispositivo acima mencionado
do projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do
Congresso Nacional.

Brasília, 15 de dezembro de 2003.


Atenção! Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 16 de dezembro de 2003.

B - Legislação complementar:

A Legislação Complementar estabelece ou regulamenta as normas, procedimentos e


estrutura operativa da Defesa Sanitária Vegetal no país. É constituída por Decreto, Leis, Portarias e
Instruções Normativas, que são atualizadas periodicamente de acordo com as prioridades e
conveniências da fitossanidade nacional tendo por base o status .

C – Procedimentos operacionais da legislação fitossanitária brasileira

1. Trânsito internacional de vegetais

De acordo com a legislação Brasileira e por força de compromissos internacionais


assumidos pelo Brasil, a função de inspeção e fiscalização do trânsito Internacional de vegetais, é
uma atividade tipicamente de União, de caráter indelegável, estando a cargo dos Fiscais Federais
Agropecuários do Sistema de Vigilância Agropecuária – VIGIAGRO, do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento-MAPA, sendo sua execução feita através das Unidades de Vigilância
Agropecuária (SVA’s ou UVAGRO’s), localizados em aeroportos internacionais, em portos
marítimos, portos fluviais, fronteiras rodoviárias e nas aduanas especiais de interior, além de
agências dos correios.
Desta forma a Legislação Fitossanitária Brasileira, estabelece restrições e recomendações,
que deverão ser observadas tanto para exportação, como para importação de vegetais, seus produtos
e subprodutos. Podemos citar que no tocante ás restrições para Exportações, a Legislação
Fitossanitária Brasileira, classifica os vegetais da seguinte maneira:
a) Material de exportação “proibida”: Art. 1º do RDSV
b) Material de exportação permitida com autorização especial:
- todos materiais de exportação proibida, o Ministério da Agricultura se
reserva o direito de autorizar a exportação, através de um ato autorizatório
específico, desde que haja concordância do país importador.
c) Material de exportação permitida com autorização prévia:

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 39


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- sementes e mudas precisam de uma autorização prévia do Setor de Sementes


e mudas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -Portaria
nº93 de 14/04/82.
d) Material de exportação permitida com declaração adicional:
- quando exigida pelo país importador.
e) Material de exportação permitida com tratamento: Arts. 77 e 78 do RDSV

Deve-se observar que para a exportação de vegetais, partes de vegetais e produtos de


origem vegetal, além da nossa legislação, é obrigatório o atendimento das exigências
fitossanitárias do país importador.
Devido a essas condições, os exportadores brasileiros, deverão requerer com antecedência
ao SEDESA, nas Superintendências Federais de Agricultura, nos Estado por onde se dará a
exportação, para que sejam adotadas as providências necessárias, de modo a atender as legislações
que regulamentam este setor.
Por sua vez, quanto a restrições para Importação, a Legislação brasileira, estabelece a
seguinte classificação:
a) Vegetais de importação “proibida”:
Art. 1º do RDSV e portarias complementares.
b) Vegetais de importação permitida com autorização especial:
Para todos os vegetais de importação proibida, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento se reserva o direito de importar ou autorizar a importação, através de uma
autorização especial, em casos especiais e justificados tecnicamente.

1.1 ⇒ Intercâmbio Internacional de Material Destinado à Pesquisa Científica


(Instrução Normativa Ministerial nº 1, de 15/12/98) a seguir:

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


Gabinete do Ministro
Instrução Normativa n. º 1, de 15 de dezembro de 1998.

Aprova as normas para importação de material destinado à pesquisa científica em anexo

O Ministro de Estado da Agricultura e do Abastecimento, no uso da atribuição que lhe


confere o Artigo 87, parágrafo único da Constituição e tendo em vista a Lei n. º 9.712, de 20 de
novembro de 1998 que alterou a Lei n.º 8.171 de 17 de janeiro de 1991 e o disposto no
Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal, aprovado pelo Decreto n.º 24.114, de 12 de abril de
1934:

40 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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considerando a importância do intercâmbio internacional de germoplasma,
geneticamente modificado ou não, de organismos para controle biológico e de solo e
outros fins científicos, necessários à pesquisa agropecuária;
• considerando que este intercâmbio é permitido somente às instituições que ofereçam
condições técnicas de quarentena para garantir a segurança dos recursos filogenéticos
introduzidos;
• considerando a necessidade de se resguardar a vigilância e a segurança desse
intercâmbio, harmonizar e simplificar os procedimentos de inspeção fitossanitária
nas importações desses materiais, sem comprometimento das normas quarentenárias
e de vigilância fitossanitária, conforme propõe o Departamento de Defesa e Inspeção
Vegetal - DDIV, da Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA, e que consta no
Processo n.º 21000.002152/98-68, resolve :
Art. 1º Aprovar as NORMAS PARA IMPORTAÇÃO DE MATERIAL DESTINADO À
PESQUISA CIENTÍFICA, anexas.
Art. 2º Determinar que o trânsito internacional de vegetais se realize exclusivamente nos
pontos onde houver o Serviço de Defesa Sanitária Vegetal.
Art. 3º Determinar que a quarentena seja realizada nas estações quarentenárias credenciadas
pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento.
Art. 4º Revogar as Portarias n. º 148, de 15 de junho de 1992, e n. º 74, de 07 de março de
1994.
Art. 5º Esta Instrução Normativa entrará em vigor sessenta dias após a data de sua
publicação.

Francisco Sérgio Turra

Anexo

Normas para importação de material destinado à pesquisa científica

Disposições gerais

1) Estas normas aplicam-se:


I. Às instituições públicas e privadas;
II. À introdução no País de vegetais e suas partes, geneticamente modificados ou não,
representados por pequenas quantidades de sementes, pólen, plantas vivas, frutos,
estacas ou gemas, bulbos, tubérculos, rizomas, plantas “in vitro", ou quaisquer partes
de plantas com capacidade de reprodução ou multiplicação, destinados à pesquisa
científica;

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 41


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III. À introdução de organismos para controle biológico e outros fins científicos; e de


solo, inclusive substrato, destinados à pesquisa científica, que ficarão sujeitas à
análise do DDIV/SDA; e
IV. Às doações de material destinado à pesquisa científica.

2) Eventuais incorreções ou imperfeições no Certificado Fitossanitário não serão


empecilho para a introdução de material destinado à pesquisa científica no País, desde que
concedida a Permissão de Importação, ficando sujeitas à análise final do Departamento de Defesa e
Inspeção Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
3) Ficará sujeita à aprovação prévia do Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do
Ministério da Agricultura e do Abastecimento a programação anual de importação de material
vegetal que tenha por objetivo o estabelecimento e a manutenção de sistemas de intercâmbio de
materiais entre Centros de Pesquisas credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e pertencentes à própria instituição.
4) Todo o material doado para a pesquisa científica deve ter Permissão para Importação
emitida pelo Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento , deve vir acompanhado de Certificado Fitossanitário, porém, fica isento de
quaisquer Declarações Adicionais.

Procedimentos

5) A parte interessada deverá requerer a Permissão para Importação do material


desejado, de acordo com o formulário constante do Anexo 1, em três vias, ao Departamento de
Defesa e Inspeção Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através das
Delegacias Federais de Agricultura e Abastecimento nos Estados (DFA'S).

6) Os pedidos de importação de vegetais destinados à pesquisa para as unidades da


EMBRAPA deverão ser encaminhados pelo CENARGEN/EMBRAPA ao Departamento de Defesa
e Inspeção Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, acompanhados de
parecer técnico conclusivo.
7) Os pedidos de importação de organismos para controle biológico e outros fins,
destinados à pesquisa das unidades da EMBRAPA, serão encaminhados pelo CNPMA/EMBRAPA
ao Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, acompanhados de parecer técnico conclusivo.
8) Caso a importação pretendida se refira a materiais e/ou organismos geneticamente
modificados e regulamentados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio,
constituirá pré - requisito a instituição interessada estar de posse do Certificado de Qualidade de
Biossegurança (CQB), de modo a permitir ao Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do

42 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o encaminhamento do processo à Comissão


Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio para obtenção do parecer técnico conclusivo.
9) Compete ao Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento emitir ou não a Permissão para Importação, com base no
parecer técnico conclusivo da CTNBio ou de instituição oficial de pesquisa pertencente ao Sistema
Nacional de Pesquisa Agropecuária.
10) O material importado será submetido à inspeção pelo técnico do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento no ponto de ingresso, tanto do ponto de vista documental
como físico da Partida, com vistas ao cumprimento do Decreto n.º 24.114, de 12 de abril de 1934 e
sua legislação complementar.
11) O fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento poderá:
I. Autorizar o despacho da Partida, desde que o material atenda à legislação
fitossanitária brasileira;
II. Com base no Art. 12 do Decreto n.º 24.114/34, sob supervisão e fiscalização do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, prescrever quarentena em áreas
próprias de estação de pesquisa credenciada e sob responsabilidade desta, que estará
sujeita a apresentar relatórios fitossanitários semestrais ao Departamento de Defesa e
Inspeção Vegetal firmados pelo responsável técnico da estação.
III. Prescrever quarentena fechada em instituições credenciada e habilitada pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
IV. Prescrever a destruição do material, caso seja constatada a presença de pragas
quarentenárias, quando não tiver tratamento eficiente ou não houver interesse na
desinfecção ou desinfestação do material por parte do interessado.
V. Liberar os materiais destinados à quarentena fechada para a realização de quarentena
aberta.
VI. Liberar os materiais da quarentena fechada.
VII. Liberar os materiais da quarentena aberta.

a) Vegetais de importação permitida com consulta prévia:


- Sementes e Mudas devem ter consulta prévia ao Setor de Sementes e Mudas
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Portaria nº 94 de
14/04/82
b) Vegetais de importação permitida com declaração adicional:
- Portarias complementares.
c) Vegetais de importação permitida com quarentena:
- Portarias complementares.
d) Vegetais de importação permitida com Termo de Compromisso:
- Portarias complementares.
e) Vegetais de importação permitida com tratamento:

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 43


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- Portarias complementares
f) Vegetais de importação permitida sem Certificado Fitossanitário:
- Vegetais e partes de vegetais que tenham sofrido beneficiamento, secagem,
industrialização ou qualquer processo que os desvitalizem.
“Vide Manual de Procedimentos Operacionais da Vigilância Agropecuária Internacional,
Incluído na Integra no Apêndice deste Módulo”
OBSERVAÇÃO : Este Manual do Vigiagro está em processo de revisão. Foi publicada a
Portaria nº 234, 29/12/2005, que coloca em consulta Pública um NOVO Manual do VIGIAGRO,
que deverá ser publicado em definitivo e, conseqüentemente, entrar em vigência, no primeiro
trimestre de 2006. (Nesse momento estaremos disponibilizando a nova versão).

1.2 ⇒ LEGISLAÇÃO SOBRE EMBALAGENS DE MADEIRA NO COMÉRCIO


INTERNACIONAL

Neste capítulo procura-se abordar a questão da normativa internacional sobre as exigências


de segurança fitossanitária, frente ao risco de disseminação de pragas no comércio internacional de
mercadorias, em geral, via embalagens de madeira.
Este assunto tornou-se relevante na metade da década de 90, quando algumas Organizações
Nacionais de Defesa Fitossanitária passaram a preocupar-se e alertar sobre os riscos e os danos
identificados na disseminação de pragas via embalagens, pallets e madeiras de estiva.
O assunto passou a ser discutido com profundidade a partir da notificação dos Estados
Unidos sobre a introdução, e estabelecimento naquele país, do então chamado besouro chinês
(anaplophora glabripennis), hoje conhecido como besouro asiático. O alerta americano fazia
referência à dificuldade de erradicação da praga a partir do seu estabelecimento e dos milhões de
dólares de custo para seu controle.
Entendendo que este problema era importante na defesa fitossanitária e visando contribuir
para a redução da disseminação de pragas no mundo via embalagens de madeira a FAO baixou, em
2002, a Norma Internacional de Medidas Fitossanitária Nº 15 (NIMF 15).
Antes porém, a Organização Nacional de Defesa Fitossanitária brasileira havia tomado
providência editando as Portarias nº 499/1999 e nº 146/2000, com o objetivo de legislar sobre a
inspeção de embalagens de madeira, pallets ou madeiras de estiva e medidas fitossanitárias
possíveis, no sentido de coibir o ingresso no país de pragas quarentenárias por esta via.
Nos dias atuais o mundo trata este tema como sendo da maior importância, chegando a
constituir-se muitas vezes em barreiras técnicas ao comércio internacional. A maioria dos países já
notificou a adoção da NIMF 15 da FAO e, portanto, passaram a atender e exigir as medidas
fitossanitárias estabelecidas no comércio internacional de mercadorias em geral, no que se refere a
Certificação Fitossanitária das madeiras circulantes.

44 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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O Brasil internalizou a NIMF 15 de maneira emergencial por meio da Instrução Normativa


nº 04 de 2004. Vale salientar que está IN encontra-se em revisão e brevemente deverá ser publicada
uma nova norma sobre o assunto.
Comentamos a seguir, sobre a Legislação que trata do assunto e que estão sendo adotadas no
Brasil.

NORMA INTERNACIONAL DE MEDIDA FITOSSANITÁRIA


NIMF Nº 15, de 2002, DA FAO - CERTIFICAÇÃO FITOSSANITÁRIA

A Norma Internacional de Medida Fitossanitária - NIMF nº 15, editada pela FAO em março
de 2002, estabelece diretrizes para a certificação fitossanitária de embalagens, suportes e material
de acomodação confeccionados em madeira e utilizados no comércio internacional para o
acondicionamento de mercadorias de qualquer natureza.
A exigência consiste, basicamente, na certificação fitossanitária prevista naquela Norma, ou
seja, do Tratamento Térmico e na Fumigação com Brometo de Metila nas embalagens, seus
suportes e material de acomodação, de madeira. Estes, quando constituídos de outro material que
não a madeira ( plásticos, papelões, fibras, etc ) e os constituídos de madeira industrializada ou
processada ( compensados, aglomerados e outras peças de madeira que, no processo de fabricação,
foram submetidos ao calor, colagem e pressão ), não estão sujeitas àquela certificação.
Tendo como foco principal as pragas florestais de interesse agrícola e a condição
excepcional das embalagens e suportes de madeira que circulam no mercado internacional na
veiculação e disseminação das mesmas, a NIMF 15 apresenta recomendações e orientações quanto
ao estabelecimento de medidas fitossanitárias, com vistas ao manejo do risco dessas pragas.
Estarão isentas das exigências da certificação fitossanitária previstas na Norma as
embalagens, seus suportes e material de acomodação constituídos de outro material que não a
madeira (plásticos, papelões, fibras, etc.) e os constituídos de madeira industrializada ou
processada, a exemplo de compensados e aglomerados e outras peças de madeira que, no processo
de fabricação, foram submetidas ao calor, colagem e pressão.
Os tratamentos fitossanitários, internacionalmente reconhecidos, e que podem ser utilizados
com o objetivo de reduzir o risco de introdução e/ou disseminação de pragas quarentenárias
associadas a embalagens e suportes de madeira e levados em consideração no trabalho de
certificação fitossanitária exigida pela Norma são os seguintes:

1. Tratamento Térmico: identificado internacionalmente pela inscrição HT. Neste caso,


embalagens de madeira, seus suportes e material de acomodação devem ser submetidos a um
aquecimento progressivo, segundo uma curva de tempo/temperatura, mediante o qual o centro da
madeira alcança uma temperatura mínima de 56°C, durante um período mínimo de 30 (trinta)
minutos.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 45


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A Secagem de Madeira em Estufa ou Kiln Drying (KD), a impregnação de produtos químicos sob
pressão e outros tratamentos similares podem ser considerados tratamentos térmicos, desde que os
equipamentos utilizados para a sua aplicação cumpram com as especificações exigidas e com os
parâmetros de tempo e temperatura descritos no Tratamento Térmico (HT).

2. Fumigação com Brometo de Metila: identificado internacionalmente pela inscrição MB. O


padrão mínimo internacional para a aplicação desse tratamento é apresentado no quadro a seguir:

Temperatura Dosagem Registros mínimos de Concentração (gramas) a:


(g/m3) 0,5h 2,0h 4,0h 16,0h
21º C ou mais 48 36 24 17 14
16.°C ou mais 56 42 28 20 17
11.°C ou mais 64 48 32 22 19

Para cada 5°C de queda da temperatura ambiente, abaixo dos 21°C, deverão ser
acrescentados 8 g/m³ ao tratamento. A temperatura mínima para realização da fumigação com
Brometo de Metila não deve ser inferior a 10°C e o tempo de exposição mínimo deverá ser de 16
horas. Há países que exigem um tempo mínimo de exposição de 24 horas.
Os tratamentos citados e outros, passíveis de utilização no tratamento de embalagens de
madeira e seus suportes, à medida que tiverem seus procedimentos de aplicação registrados junto à
Coordenação de Fiscalização de Agrotóxicos, serão reconhecidos e liberados, mediante
normatização específica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Embalagens de madeira, seus suportes e material de acomodação que forem submetidos a
tratamentos reconhecidos deverão ser sinalizadas com a marca internacional, aprovada pelo Comitê
Interino de Medidas Fitossanitárias da FAO, conforme ilustração abaixo:

46 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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A gravação da marca internacional na madeira de embalagem, pallets, suportes ou material


de acomodação deverá ser feita com a utilização de tinta indelével, de outra cor que não a vermelha
ou outro processo que garanta a persistência da marca. O espaço preenchido por XX – 000 – YY
deverá conter, nesta seqüência: (1) a sigla do país, de acordo com as normas ISO (BR, de Brasil, por
exemplo); (2) a codificação (número do credenciamento) da empresa que realizou o tratamento
(001, por exemplo) e (3) o tipo de tratamento a que a embalagem, suporte ou material de
acomodação foi submetida HT (Tratamento Térmico) ou MB (Fumigação com Brometo de Metila).
Não há nenhuma prescrição quanto ao tamanho da marca. A única exigência é que seja permanente
e legível.
Países signatários da OMC estão se mobilizando para incorporarem às suas legislações
fitossanitárias as exigências preconizadas, atendendo, dessa forma, as recomendações contidas na
Norma Internacional. A listagem dos países que adotaram a NIMF 15 poderá ser obtida no site da
FAO ou da ONPF brasileira.
O Brasil, ao editar a Instrução Normativa nº 4, de 6 de janeiro de 2004, incorporou à sua
legislação fitossanitária, mesmo em caráter emergencial, as recomendações contidas na Norma
Internacional de Medida Fitossanitária nº 15, da FAO.
Tal normativa tem por objetivo atender a exportadores e importadores que se utilizam de
embalagens e ou suportes de madeira, na comercialização de produtos destinados ou oriundos de
países que notificaram a internalização da NIMF n.° 15, da FAO. É emergencial até que se conclua
a total adequação da NIMF 15 às normas brasileiras.
A NIMF 15, da FAO, poderá ser encontrada no site :
http://www.fao.org/documents/show_cdr.asp?url_file=/docrep/007/y4838s/y4838s00.htm

Com vistas à implementação definitiva das recomendações da Norma Internacional, outras


Normativas já estão em vigor, tais como: (1) Portaria Interministerial nº 499/1999 (Ministérios da
Agricultura e Fazenda); (2) Portaria Conjunta SDA/SRF (Secretaria de Defesa Agropecuária e
Secretaria da Receita Federal); (3) Instrução Normativa SDA – Credenciamento de Empresas de
Tratamentos Quarentenários e Fitossanitários e (4) Instrução Normativa SDA – Normas para a
Certificação de Embalagens e Suportes de Madeira no Trânsito Internacional de Mercadorias.

Instrução Normativa nº 4, de 6 de janeiro de 2004

O SECRETÁRIO DE DEFESA AGROPECUÁRIA, DO MINISTÉRIO DA


AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o art.
15, inciso II, do Decreto nº 4.629, de 21 de março de 2003, tendo em vista o disposto nos Capítulos
I e II do Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal, aprovado pelo Decreto nº 24.114, de 12 de abril
de 1934,
Considerando as novas diretrizes e normas internacionais para medidas fitossanitárias de
manejo do risco de pragas quarentenárias associadas à madeira, utilizada em embalagens e seus

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 47


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suportes para transporte de mercadorias no comércio internacional, e o que consta do processo nº


21000.012879/2003-63, resolve:

Art. 1° Estabelecer, em caráter emergencial, até que se complete o processo de ajustamento


da Legislação Fitossanitária Brasileira, a Norma Internacional e cumprimento dos prazos de
notificação aos organismos internacionais, os procedimentos de inspeção e fiscalização de
embalagens e suportes de madeira utilizados no transporte de mercadorias no comércio
internacional.

Art. 2° Nos processos de exportação, a Fiscalização Federal Agropecuária certificará as


embalagens e suportes de madeira que acondicionem mercadorias destinadas a países que exijam os
procedimentos preconizados pela Norma Internacional de Medida Fitossanitária - NIMF n° 15, da
FAO, avalizando os Certificados de Tratamento emitidos por empresas habilitadas e credenciadas
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.
§ 1° Para países que não exijam o cumprimento dessa Norma, serão mantidos os atuais
procedimentos de inspeção e fiscalização de embalagens e suportes de madeira definidos na
legislação vigente.
§ 2° Somente serão autorizadas para a execução dos tratamentos à base de brometo de metila
e calor, bem como para a identificação dos mesmos, da forma preconizada pela Norma
Internacional de Medida Fitossanitária n° 15, da FAO, conforme procedimentos operacionais
anexos, as empresas prestadoras de serviços de tratamento quarentenário e fitossanitário
devidamente habilitadas e credenciadas nos termos da Instrução Normativa SDA n° 12, de 7 de
março de 2003 (DOU de 11 de março de 2003), cuja relação atualizada encontra-se disponível na
Coordenação de Fiscalização de Agrotóxicos - CFA, do Departamento de Defesa e Inspeção
Vegetal - DDIV, da Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA e no portal do MAPA na Internet
(www.agricultura.gov.br).

Art. 3° Nos processos de importação de mercadorias acondicionadas em embalagens e


suportes de madeira, a Fiscalização Federal Agropecuária adotará os procedimentos de inspeção e
fiscalização, conforme critérios de amostragem, aplicando-se o disposto nos arts. 10 e 11 e seus
parágrafos, do Capítulo II, do Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal, aprovado pelo Decreto nº
24.114, de 12 de abril de 1934, constantes dos procedimentos operacionais anexos, apenas para os
países que notificaram o Brasil e a OMC sobre as suas medidas de internalização da NIMF n° 15,
da FAO, mantendo os procedimentos estabelecidos na legislação vigente para os demais países.

Art. 4° Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.


MAÇAO TADANO

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PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 499, DE 3 DE NOVEMBRO DE 1999

OS MINISTROS DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO E


DA FAZENDA, no uso da atribuição que Ihes confere o art 87, II, da Constituição da República e
nos termos do disposto nos Capítulos I e II. do Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal, aprovado
pelo decreto n.° 24.114, de 12 de abril de 1934.
Considerando que existem pragas florestais exóticas de alto risco, cujo o ingresso no Brasil
pode provocar danos à economia e flora nacionais;
Considerando que a introdução dessas pragas no país podem ocorrer por meio de
embalagens de diversas mercadorias e em peças de madeira como "pallets" e estivas usadas para o
suporte de cargas;
Considerando que durante o transporte, as mercadorias e suas embalagens podem sofrer
infestações provenientes de seus locais de origem ou de trânsito;
Considerando que a casca de madeira e a madeira em forma de lenha são eficientes veículos
de disseminação de pragas;
Considerando que a recente introdução do inseto "Anoplophora glabripennis", conhecido
como besouro chinês, nos Estados Unidos da América, e os prejuízos causados pelas pragas em
algumas regiões daquele país, bem como do "Sirex noctilio",vespa da madeira, na região sul do
Brasil;
Considerando que além do besouro chinês, há o risco da introdução e estabelecimento de
outras pragas, cujas fases jovens são hospedeiras de madeira, sobretudo daquelas utilizadas para
embalagens;
Considerando a necessidade de estabelecer regulações quarentenárias para proteger o
patrimônio florestal do país;
Considerando que é dever do ESTADO garantir a segurança para todos os setores da
economia nacional, resolvem:

Art. 1° A entrada de madeira no Brasil, em forma de lenha, somente será permitida após
análise de risco de pragas, aprovada pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

Art. 2° A entrada no território nacional, de madeira de qualquer espécie, com casca, para
efeito de comercialização, ou casca isolada de coníferas e de latifoliadas dos gêneros botâncicos,
Acacia, Acer, Castanea, Eucalyptus, Fagos, Juglanas, Nothofagos, Populus, Quercus, Salix, Tilia e
Ulmus, somente será permitida após a análise de risco de pragas aprovada pela Secretaria de Defesa
Agropecuária do Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

Art. 3° Permitir o ingresso no país de sementes verdadeiras para Coníferas e Eucalyptus e de


plantas in vitro ou estacas sem folhas para Salináceas, como únicas formas de propagação desses

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 49


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vegetais, caso atendam às exigências da Instrução Normativa M.A.n° 05, de 16 de março de 1999,
publicada no D.O.U. de 18 de março de 1999.

Art. 4° Declarar como preferências para entrar no país embalagens que não utilizam
madeira, bem como aquelas que, muito embora constituídas de madeira, sejam devidamente
tratadas, conforme determina esta portaria, de modo a impedir que sejam hospedeiras de insetos ou
que mesmo não tratadas forem constituídas por madeira processada (compensados, chapas de
partículas como por exemplo aglomerados, isto é, material em cuja fabricação usa-se madeira, cola,
calor e pressão).

Art. 5° Toda embalagem e suporte de madeira não tratada, utilizados nos transportes de
qualquer classe de mercadoria que entre no país, deverão estar livres de casca, de insetos e danos
por este produzidos e caso não atenda a essas exigências deverão submeter-se no previsto do § 1
deste artigo.
§ 1° - As embalagens de madeira que se originaram ou transitaram pela China (inclusive da
região administrativa especial de Hong-Kong), Japão, Coréia do Norte e Estados Unidos da
América, deverão ser incineradas preferencialmente nas áreas primárias e, na impossibilidade de
atendimento desta exigência, deverão ser transportadas ao seu destino dentro dos próprios
containers ou em caminhões fechados, cabendo ao importador o ônus de sua incineração,
acompanhamento dessa ação e todos os demais custos decorrentes.
§ 2° - A incineração poderá ser fiscalizada a critério das delegacias do Ministério da
Fazenda ou do Ministério da Agricultura e do Abastecimento em não havendo o cumprimento da
mesma estará o responsável sujeito às penalidades da legislação em vigor.

Art 6° A madeira de embalagem ou de suporte no transporte de mercadorias, que for tratada


deverá ser transportada por meios que assegurem a impossibilidade de ocorrer uma infestação
durante o trajeto, e vir acompanhada de Certificado Fitossanitário Oficial da Organização Nacional
de Proteção Fitossanitária do país de origem, que garanta, antes do embarque, o seu tratamento por
calor, fumigação ou outra forma de preservação previamente acordada com a sua congênere no
Brasil, dele constando o produto, dosagem, tempo de exposição e temperatura utilizadas para a
fumigação, devendo tal certificado ser aferido no ponto de entrada, por fiscais agropecuários do
Ministério da Agricultura e do Abastecimento.
§ 1° - O tratamento fumigatório deverá ter sido realizado em período não superior a 15
(quinze) dias prévios ao embarque da mercadoria no país de origem.
§ 2° - Na ausência do Certificado Oficial, a embalagem deverá ser submetida ao previsto no
artigo 5°, § 1° desta portaria ou ser fumigada antes do desembaraço aduaneiro por firma
especializada, devidamente cadastrada pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento e
supervisionada por fiscais agropecuários, com ônus para o importador, com a utilização de Brometo
de Metila (80g/m3 durante 24 horas à temperatura mínima de 21° C) ou outro fumigante legalmente

50 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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registrado para esse fim, mas que não ataque metais, ou ainda tratamentos alternativos
comprovadamente eficientes como o da secagem da madeira em estufas a altas temperaturas, de
modo a reduzir o seu teor de umidade a, no máximo, 20%.

Art. 7° - Poderão ser acrescidos novos países no Art.5°, parágrafo 1°, desta portaria, ou
novas determinações relativas ao tema, por ato conjunto das Secretarias da Receita Federal, do
Ministério da Fazenda e da Secretária de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura e do
Abastecimento.

Art. 8° - Fica revogada a Portaria SDA n°. 76 de 16 de junho de 1993.


Art. 9° Esta portaria entra em vigor 60 dias após a data de sua publicação, estando nesse
período sujeita a audiência pública.

MARCUS VINICIUS PRATINI DE MORAES


Ministro de Estado da Agricultura e doAbastecimento
PEDRO SAMPAIO MALAN
Ministro de Estado da Fazenda

Portaria Interministerial n.º 146, de 12 de abril de 2000

O MINISTRO DE ESTADO, INTERINO, DA AGRICULTURA E DO


ABASTECIMENTO e o MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso da atribuição que lhes
confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição, tendo em vista o disposto nos
Capítulos I e II do Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal aprovado pelo Decreto n.º 24.114, de
12 de abril de 1934, e o que consta do Processo n.º 21.000.000353/2.000 – 98, resolvem:
Art. 1º Fica dispensada a obrigatoriedade de apresentação do Certificado Fitossanitário de
que trata a Portaria Interministerial n.º 499, de 3 de novembro de 1999, para as embalagens e
suportes de madeira maciça provenientes dos Estados Unidos da América destinados ao Brasil.
Art. 2º A introdução e estabelecimento da praga Anoplophora glabripennis, também
conhecida como “besouro chinês”, em estado membro dos Estados Unidos da América diverso de
Nova Iorque e illinois, em cujos territórios a praga está sob controle oficial, ou a detecção da praga
no Brasil em material proveniente daquele pais implicará o restabelecimento da obrigatoriedade da
certificação das embalagens e suportes de madeira maciça, provenientes daquele país destinadas ao
Brasil, aplicando-se, no caso, os procedimentos previstos na Portaria Interministerial n.º 499, de
1999.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 51


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Parágrafo único. A certificação mencionada no caput refere-se ao Certificado Fitossanitário


emitido pelo Serviço de Inspeção da Saúde das Plantas e Animais do Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos da América (APHIS-USDA) ou Certificadas de Fumigação ou de Tratamento
por Calor chancelados pelo APHIS-USDA, de acordo com a metodologia estabelecida para o
controle e prevenção da praga naquele pais.
Art. 3º O Certificado Fitossanitário mencionado no art. 6º da Portaria lnteministerial n.º 499,
de 1999,poderá ser substituído pelos Certificados de Fumigação ou de Tratamento por Calor
chancelados pela Organização Nacional de Proteção Fitossanitária – ONPF do pais exportador.
Parágrafo único. A aplicação do disposto no caput deverá ser precedida de troca de
informações com a ONPF do pais exportador e emissão de parecer conclusivo pelo Departamento
de Defesa e Inspeção Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e
do Abastecimento sobre o controle de pragas em embalagens e suportes de madeira maciça
destinados ao Brasil.
Art. 4º A vigência do disposto no art. 1º desta Portaria fica condicionada à realização de
inspeções periódicas, pelo APHIS-USDA, e aos correspondentes procedimentos de redução de risco
fitossanitário nas embalagens e suportes de madeira maciça.
Art. 5º O prazo estabelecido no §1º do art. 6º da Portaria lnterministeriai n.º 499, de 1999,
poderá ser ampliado quando houver controle de insetos no local de armazenamento da madeira
submetida a tratamento.
Art. 6º As fiscalizações fitossanitária e aduaneira serão comunicadas das decisões de que
tratam o art. 2º e o art. 3º e da alteração de prazo referida no art. 5º, desta Portaria, por meio de ato
do Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e do Abastecimento,
considerando a solicitação oficial da Organização Nacional de Proteção Fitossanitária – ONPF do
país interessado.
Art. 7º O art. 7º da Portaria Interministerial n.º 499, de 1999, passa a vigorar com a seguinte
redação:
“Art. 7º O Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e do
Abastecimento poderá alterar as disposições contidas nesta Portaria, inclusive no que se refere à
lista dos países de origem ou procedência das embalagens e suportes de madeira maciça e às
exigências documentais preventivas estabelecidas.
Parágrafo único. Na hipótese de que trata este artigo, a Secretaria da Receita Federal do
Ministério da Fazenda será ouvida previamente à edição do ato, com vistas à avaliação de
potenciais reflexos nos procedimentos e controles aduaneiros e eventual adoção de providências."
Art. 8º Esta Portaria Interministerial entra em vigor na data de sua publicação.

NARCIO FORTES DE ALMEIDA


D.O.U. 14/04/2000

52 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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2 - Trânsito interestadual de vegetais

O Comércio e o trânsito interestadual de vegetais são normatizados através de legislação


complementar, que estabelece restrições e procedimentos, sempre que ocorre risco de disseminação
de uma praga de importância quarentenária, de uma região para outra ainda indene.
Assim, da mesma maneira que para a exportação e a importação, a Legislação Fitossanitária
Brasileira classifica os vegetais quanto ao trânsito interno, da seguinte maneira:
a) Vegetais de trânsito proibido.
b) Vegetais cujo trânsito só é permitido quando acompanhado de permissão de trânsito
ou do certificado fitossanitário de origem.
c) Vegetais cujo trânsito só é permitido quando submetidos à quarentena ou a algum
tipo de tratamento.

A fiscalização do trânsito interno é realizada pelos órgãos estaduais de Defesa Agropecuária


(vinculados às Secretarias de Agricultura) sob delegação da Secretaria de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Está comumente associada a Programas Estaduais ou Regionais ou Campanhas
fitossanitárias, onde esta atividade é extremamente importante para evitar que uma praga seja
disseminada para regiões indenes. Esta ação referente ao trânsito interno é efetivada através de
barreiras fitossanitárias, fixas ou móveis, em pontos estratégicos das rodovias de ligação
interestaduais.
Atualmente, a secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento vem desenvolvendo uma série de esforços no sentido de promover em parceria com
as Secretárias de Agricultura e Institutos de Defesa agropecuária dos Estados, a implantação do
Sistema Unificado de Atenção à Saúde Animal e Vegetal (SUS)
Na Legislação Complementar encontramos inúmeros regulamentos e normas referentes ao
Trânsito Interno. Entre estas destacamos:
Instrução normativa n. º 38, de 14 de outubro de 1999, que estabelece o alerta máximo
para a lista de pragas quarentenárias A1, A2 E pragas não quarentenárias regulamentadas.
Há que se salientar que esta Instrução Normativa estabelece uma lista de pragas que
demandam atenção especial tanto no sentido de prevenir o ingresso das mesmas no país (A1), sendo
assim como a sua disseminação interna (A2 E NQR). Caracteriza-se como alerta máximo o
conjunto de ações que devem ser implementadas no sentido de prevenção, contenção ou controle
das pragas listadas.
A lista de pragas (A1, A2 e NQR) apresentadas nesta IN, não esgota em si mesma e
necessita ser constantemente revisada. Essas listas foram constituídas a partir das listas de pragas
quarentenárias de cada país membro do COSAVE, e com base em indicações de técnicos

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especializados que atuam em defesa fitossanitária no MA, Universidades, Empresas de Pesquisa e


Institutos Estaduais de Defesa.

Instrução Normativa das nº 38, de 14 de outubro de 1999 (EM REVISÃO)

O secretário de defesa agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento, no uso da atribuição que lhe confere o art. 83, inciso IV, do Regimento Interno da
Secretaria, aprovado pela Portaria Ministerial nº 574, de 8 de dezembro de 1998, e considerando:
• A lista de pragas quarentenárias para o Brasil, constante da Portaria Ministerial nº
180, de 21 de março de 1996, publicada no Diário Oficial da União – D. O U. de 25
de março de 1996, suplemento ao nº 58, na qual constam 221 pragas de importância
quarentenária para o País;
• As ocorrências fitossanitárias em países vizinhos ao Brasil e as interceptações mais
freqüentes de pragas nas barreiras fitossanitárias internacionais;
• As novas ocorrências de pragas em outras partes do mundo que podem ser
introduzidas e estabelecidas no País, principalmente em função do crescente
intercâmbio comercial.
• Os princípios de Análise de Risco de Pragas – ARP, adotados pelo Brasil por meio
da Portaria Ministerial nº 641, de 03 de outubro de 1995, D.ºU de 10 de outubro de
1995, propostos pelo comitê da Sanidade Vegetal do Cone Sul – COSAVE;
• O que preceitua a Lei nº9.712, de 20 de novembro de 1998, publicada no D. O U de
10 de outubro de 1995, propostos pelo Comitê de Sanidade Vegetal do Cone Sul –
COSAVE;
• O que preceitua a Lei nº9.712, de 20 de novembro de 1998, publicada no D. O U. de
23 de novembro de 1998;
• Importância da manutenção do patrimônio fitossanitário nacional para preservação
da competitividade da agricultura brasileira e garantia dos procedimentos de
certificação fitossanitária, tanto em nível interno quanto externo;
• A versão da Convenção Internacional de Proteção dos Vegetais, aprovada pela 29º
Conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação –
FAO, em Roma, no período de 7 a 18 de novembro de 1997;
• As notificações de introduções de pragas regulamentadas em áreas indenes do
território nacional;
• A necessidade de implementar dos procedimentos de certificação fitossanitária em
relação às Pragas Quarentenárias A2 e Não Regulamentadas;
• Os comentários recebidos no período da audiência pública e relacionados com a
Portaria SDA nº 181, de 5 de outubro de 1998, D.O U de 8 de outubro de 1998,
resolve:

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Art. 1º Estabelecer a lista de Pragas Quarentenárias A1, A2 e as Não Quarentenárias


Regulamentadas, que demandam atenção especial de todos os integrantes do sistema de defesa
fitossanitária do País, destacando as de alto risco potencial para as quais fica estabelecido o Alerta
Máximo.
§ 1º Caracteriza-se como Alerta Máximo o conjunto ações que devem ser implementadas no
sentido de prevenção, contenção ou controle destas pragas.
§ 2º Declarar em Alerta Máximo as pragas assinaladas (#) nos artigos 2º e 3º desta Instrução
Normativa.
Art. 2º As pragas Quarentenárias A1, entendidas como aquelas não presentes no País, porém
com características de serem potenciais causadores de importantes danos econômicos, se
introduzidas, são:

Acarina
- Acarus siro, grãos armazenados;
• Aculus shlechtendali, maça;
• Brevipalpus chilensis, fruteiras diversas;
- Brevipalpus lewisi, polífaga;
• Eotetranychus carpini, fruteiras diversas;
• Steneotarsonemus spinki, arroz;
• Tetranychus mcdanieli, fruteiras diversas;
• Tetranychus pacificus, fruteiras diversas, ornamentais e algodão;
• Tetranychus turkestani, polífaga;

Coleóptera
• Anaplophora glabripennis, árvores de madeira dura,
- Anthonomus eugenii, Capsicum spp
- Anthonomus pyri, pomáceas;
• Anthonomus pomorum, maçã
• Anthonomus vestitus, algodão;
- Anthores leuconotus, café
- Bixadus sierricola, café
- Brachycerus spp; alho, cebola e ervilha;
- Bruchidius spp; ervilha;
- Chaectonema basalis, arroz e trigo;
- Conotrachelus nenuphar, drupáceas e pomáceas;
- Dicladispa armigera, arroz;
- Diocalandra taitense, coco;
- Epicaerus cognatus, batata;
- Gryctis rhinocerus, coco

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• Leptinotarsa decemlineata, batata;


- Lissorhoptrus oryzophilus, arroz e outras gramíneas;
- Medythia quaterna, feijão
- Odoiporus longicollis, banana
- Ootheca spp., feijão e soja;
- Oryctes spp., coco;
- Othiorhynchus sulcatus, morango e videira;
- Plocaederus ferrugineus, café e caju;
- Premnotrypes spp., batata;
• Prostephanus truncatus, grãos armazenados em geral
- Rhbdoscelus obscurus, cana–de–açúcar;
- Sophoronica ventralis, café;
• Sternochetus mangiferae, manga;
- Trichispa sericea, arroz;
• Trogoderma granarium, grãos armazenados em geral;
- Xylosandrus compactus, cacau e café;

Diptera
• Anastrepha ludens, frutas diversas;
• Anastrepha suspensa, frutas diversas;
- Atherigona orzae, arroz;
- Atherigona soccata, sorgo, arroz, trigo e milho;
• Bactrocera spp.,(exeto B. carambolae), frutas diversas;
• Ceratitis rosa, frutas diversas;
- Chromatomyia horticola, curcubitáceas e hortaliças;
- Contarinia tritici, trigo;
• Dacus spp., frutas diversas e cucurbitáceas;
- Delia spp. (exeto Delia platura), cereais
- Mayetiola destructor, cereais;
- Ophiomya phaseoli, feijão;
- Orseolia oryzivora, arroz;
- Orseolia oryzae, arroz e outras gramíneas;
- Rhagoletis cingulata, Prunus spp.;
• Orseoletis pomonella, frutas diversas;
- Sitodiplos mosellana, trigo;
• Torcotrypana curvicauda, mamão

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Hemiptera
• Aleurocanthus woglumi, citros;
• Aleurocanthus spiniferus, citrus, rosa, videira e pêra;
• Bemisia spp.(complexo de raças e espécies, exceto biótipos A e B), polífaga;
- Ceroplastes destructor, citros e polifaga;
- Cicadulina mbila, milho, trigo, cana-de-açúcar e gramíneas
• Diuraphis noxia, trigo, cevada, aveia e centeio;
• Eurigaster intregriceps, trigo, triticale, centeio e aveia;
- Helopeltis antonii, caju
- Lygus spp., algodão
- Maconellicoccus hirsutus, polífaga;
- Perkinsiella saccharicida, cana- de-açúcar
- Plancoccoides njalensis, cacau e café;
- Pseudococcus comstocki, maçã, pêra, pêssego e café
- Rastrococcus invadens, manga;

Hymenoptera
- Cephus cinctus, trigo, triticale, aveia e centeio;
- Cephus pygmaeus, trigo, triticale, aveia e centeio;

Lepidoptera
- Agrius convolvuli, citros;
- Agrotis segetum, algodão e cucurbitáceas
- Anarsia lineatella, Prunus spp., pêra;
- Amyelois transitella, amêndoas, nozes e laranja;
- Argyrogramma signata, crucíferas, legumes e girassol;
- Carposina niponensis, frutas diversas;
- Cephonodes hylas, café;
- Chilo partellus, sorgo e milho;
- Chilo supressalis, arroz;
- Cryptophlebia leucotreta, frutas diversas;
• Cydia spp. (exceto C. molesta, C. araucariae e C. pomonella), frutas diversas;
• Dyspessa ulula, alho e cebola;
- Eurias biplaga, algodão e cacau;
- Earias biplaga, algodão e cacau;
- Earias insulina, algodão;
- Ectomyelois ceratoniae, nozes e sementes;
- Eldana saccharina, milho, sorgo, arroz e cana-de-açúcar;

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• Erionota thraz, banana e coco;


- Helicoverpa armigera, algodão
- Lampides boeticus, feijão e soja;
- Leucinodes orbonalis, batata e tomate;
- Leucoptera meyricki, café;
- Lobesia botrana, uva, oliva e framboesa;
- Mocis repanda, arroz, milho, cana-de-açúcar e gramíneas forrageiras;
- Mythimna loreyi, arroz e milho;
- Mythimna separata, arroz, milho, sorgo, trigo e cana-de-açúcar;
- Nacoleia octasenama, banana e milho;
- Ostrinia furcanalis, milho;
- Ostrina nubialis, milho;
- Othreis Fullonia, citros, banana e tomate;
- Parasa lepida, abacaxi, café, cacau, coco e outras palmáceas;
- Pectinophora scutigera, algodão e outras malváceas;
- Platynota stultana, polífaga;
• Prays citri, citros
- Scirpophaga incertula, arroz;
- Sesamia inferens, trigo, triticale, aveia e centeio;
- Thaumatopoea pityocampa, Pinus spp;

Nematoda
- Anguina agrostis, Agrostis spp., Dactylis spp., Lolium spp. e Poa spp.;
- Anguina tritici, trigo, aveia, cevada e centeio;
- Bursaphelenchus xylophilus, Pinus spp., bálsamo e cedro;
- Ditylenchus angustus, arroz;
- Ditylenchus destructor, batata e bulbos florais;
- Ditylenchus dipsaci (todas as raças, exceto as do alho), polífaga;
- Globodera pallida, batata, tomate e berinjela;
- Heterodera punctata, milho e trigo,
• Heterodera oryzae, arroz;
• Heterodera oryzicola, arroz;
• Heterodera trifolli, soja;
• Heterodera zeae, milho;
- Meloidogyne chitwoodi, batata;
• Nacobbus aberrans, batata e tomate;
• Nacobbus dorsallis, batata;
- Pratylenchus fallax, frutíferas, rosa, morango e crisântemo;

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- Pratylenchus scribneri, milho, tomate, beterraba, cebola, soja, batata e


orquídea;
- Pratylenchus thornei, trigo, maçã, rosa e ornamentais;
- Ptatylenchus vulnus, banana, citrus e tomate;
- Punctodera chalcoensis, milho;
- Radopholus citrophilus, citro;
- Rotylenchulus parvus, cana-de-açúcar e milho
- Subanguina radicicola, gramíneas;
- Xiphinema italiae, videira, frutíferas e coníferas;

Procariontes
- Citrus greening bacterium, citrus;
- Clavibacter iranicus, trigo;
- Clavibacter michiganensis spp. insidiosus, alfafa e trevo;
- Clavibacter michiganesis spp. sepedonicus, batata;
- Clavibacter tritici, trigo;
- Curtobacterium flaccumfaciens pv. Flaccumfaciens, leguminosas;
• Erwinia amylovora, rosáceas;
- Pantoea stewartii, milho;
- Pseudomonas syringae pv. Phaseolicola, feijão;
- Spiroplasma citri (Stubborn), citros
- Xanthomonas campestris pv. Cassavae, mandioca;
- Xanthomonas axonopodis pv. Citri (Biotiopos B e E), citros;
- Xanthomonas oryzae pv. Orazae, arroz;
- Xanthomonas oryzae pv. Orizicola, arroz;
- Xylella fastidiosa (peach phony disease), pêssego;
- Xylophilus ampelinus, uva;

Phytoplasma, virus e viróides


- African cassava mosaic virus, mandioca;
- Apple chat fruit MLO, maçã;
- Apple proliferation MLO, maçã;
• Banana bunch top virus, banana;
- Barley stripe mosaic virus, trigo e cevada;
• Cadang cadang viroid, coco;
- Fiji disease vírus, cana-de-açúcar;
• Grapevine flavescente dorée –MLO, uva;
• Palm lethal yellowing-MLO, coco e outras palmáceas;
- Pea seed born mosaic virus, ervilha;

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- Peach rosette MLO, pêssego;


- Peach yellow MLO, ameixa;
• Pear decline, MOL, pera;
• Plum Pox virus, ou Sharka virus-PPV, Prunus spp;
• Potato Spindle Tuber viroide – PSTVd, batata;
- Prune dwarf virus, Prunus spp;
- Prumus necrotic ring spot virus, Prunus spp.;
- Sugarcane Sereh disease virus, cana-de-açúcar;
- Swollen shoot virus, cacau;
• Tomato ring spot virus, tomate;

Fungos
- Alternaria vitis, uva;
- Alternaria triticina, trigo;
- Thecaphora solani, batata;
- Thecaphora solani, batata;
• Apiosporina morbosa, Prunus spp.;
• Aureobasidium lini; algodão;
- Cercospora sorghi, sorgo e milho;
- Cladosporium alli-cepae, cebola e cebolinha;
- Cladosporium pisicolum, ervilha;
• Colletotrichum kahawae, café;
- Dactyliochaeta glycines (Pyrenochaeta glycines), soja;
- Entyloma oryzae arroz;
• Balansia oryzae-sativae, arroz;
- Fusarium oxysporium f.sp. elaidis, palma africana;
- Fusarium oxysporium f.sp. radicis lycopersici, tomate;
- Gibberella fujikuroi, arroz;
- Gibberella xylarioides, café;
- Glomerella cingulata, café;
- Glomerella manihotis, mandioca;
• Gtmnosporangiumm spp., pomáceas e rosáceas ornamentais;
• Haplobasidion musae, banana
- Heliococeras ss., arroz;
• Hemileia coffeicola, café;
- Hendersonia oryzae, arroz;
- Cephalosporium gramineum, trigo;
• Moniliophthora roreri, cacau;
- Mycosphaerella zeae-maydis, milho;

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• Nectria galligena, maçã e pêra;


- Oncobasidium theobromae, cacau;
- Oospora oryetorum, arroz;
- Polyscytalum pustulans, batata;
- Gaeumannomyces graminis var.graminis, arroz;
- Periconia circinata, sorgo;
• Phoma exigua var, foveata, batata;
- Phoma tracheiphila, citros;
- Phomopsis anacardii, caju;
- Phyllosticta solitaria, maçã;
- Phymatotrichopsis omnivora, polífaga;
- Physopella ampelopsidis, uva;
- Phytophora boehmeriae, citros;
- Phytophthora cryptogea, tomate;
- Phytophthora erythroseptica, batata;
- Phytophthora megasperma f. sp.glycenea, soja;
- Plamospara halstedii (exceto raça 2), girassol;
- Polyspora lini, algodão;
- Puccinia erianthi, cana-de-açúcar;
- Puccinia kuchnii, cana-de-açúcar;
- Synchytrium endobioticum, batata;
- Tilletia controversa, trigo e cevada;
- Tilletia indica, trigo;
• Urocystis agropyri, trigo;

Plantas daninhas
- Cirsium arvense;
• Striga spp;
• Taenatherum caput-medusae;

§ 1º O Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal – DDIV, desta Secretaria, deverá


providenciar a elaboração dos Planos Emergenciais de Prevenção e Controle para todas as pragas
em Alerta Máximo definidas neste artigo.
§ 2º O DDIV deverá solicitar ao Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, sob a
coordenação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMPRAPA, o apoio para a
realização destes Planos.
§ 3º Os planos emergenciais elaborados, deverão ser encaminhados às Unidades da
Federação para análise e adaptação objetivando sua aplicabilidade às condições locais.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 61


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Caberá às Comissões de Defesa Sanitária Vegetal –CDSV a execução deste procedimento,


como a aplicação dos planos quando da notificação da introdução de praga A1 na sua Unidade da
Federação.
Art. 3º As Pragas Quarentenárias A2, entendidas aquelas de importância econômica
potencial, já presentes no país, porém não se encontram amplamente distribuídas e possuem
programa oficial de controle, são as abaixo relacionadas, com os respectivos estados onde já foram
detectadas:
• Bactrocera carambolae, carambola, manga, maçaranduba, sapoti, goiaba, jambos,
caju, jaca, gomuto, fruta-pão, bilimbi, pimenta picante, abiu, citros, pitanga,
bacupari, tomate, amendoeira, cajá, ingá e jujuba – AP;
• Crinipellis perniciosa, cacau e cupuaçu.- AC, AM ,AP, BA, GO, MS, MT, PA, RO,
RR e TO;
• Cydia pomonella, maçã e frutas da família rosácea. – RS e SC;
• Guignardia citricarpa, citros. – RJ e SP;
• Mycosphaerella fijiensis, banana.- AC, AM, MT e RO;
• Ralstonia solanacearum raça 2, banana e Heliconia spp. – AL, AM, AP e PA;
• Sirex noctilio, Pinus spp.-PR, RS e SC;
• Xanthomonas axonopodis pv. citri, citros. – MS, PR, RS, SC e SP;
• Xanthomonas campestris pv.passiflorae, maracujá.-- PA;
• Xanthomonas campestris pv. viticola, uva.-- BA, PE e PI;
• Xylella fastidiosa, citros. – DF, BA, GO, MG, MS, MT, PA, RJ, RS, SC e SP;

§ 1º As pragas listadas neste artigo deverão ser objeto de Planos de Controle e Planos de
Ações Preventivas elaborados pelas Comissões de Defesa Sanitária Vegetal –CDSV e
encaminhados ao Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal – DDIV, desta Secretaria, para
aprovação.
§ 2º As CDSV dos estados serão também responsáveis pela apresentação de Planos para o
estabelecimento de Áreas Livres ou de Baixa Prevalência de Pragas, quando da existência de
condicionantes que permitam, por meio de evidência científica, sua caracterização.
Art. 4º As Pragas Não Quarentenárias Regulamentadas, entendidas como aquelas não
Quarentenárias cuja presença em plantas, ou partes destas, para plantio, influi no seu uso proposto
com impactos econômicos inaceitáveis, são:
• PVC vírus, batata;
• PVY vírus, batata;
• PLRV vírus, batata;
• PVS vírus, batata;
• Alternaria spp., batata;
• Erwínia spp., batata;
• Fusarium solani (Tipo eumartii), batata;

62 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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• Fusarium spp., batata,


• Meloidogyne spp., batata e café;
• Phytophthora infestans, batata;
• Ralstonia solanecearum, batata;
• Rhizoctonia solani, batata;
• Spongospora subterrânea, batata;
• Streptomyces spp., batata;

§ 1º Os índices de tolerância para cada praga estão estabelecidos em Portarias específicas.


§ 2º Outras Pragas Não Quarentenárias Regulamentadas deverão ser definidas por grupo
específico de acordo com a Portaria MA nº 71, de 22 de fevereiro de 1999, publicada no D.O.U. de
23 de fevereiro de 1999, e preparados os seus respectivos planos de controle e prevenção pelo
Grupo Técnico Permanente citado no art. 3º da citada Portaria.
§ 3º As pragas citadas em outras normas e regulamentos relacionadas a material de
propagação e que preencham os requisitos para sua caracterização como Não Quarentenárias
Regulamentadas também deverão ser discutidas pelo grupo citado no parágrafo 1º deste artigo,
quanto à proposição de seus níveis de tolerância.
Art. 5º O Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal – DDIV deverá providenciar o
encaminhamento ao COSAVE dos documentos necessários para caracterização, por aquela
entidade, das pragas que ainda não estejam identificadas como Quarentenárias A2 para o Brasil e
constem da art. 3º, bem como as Análises de Risco de Pragas relacionadas aos organismos que
ainda não constem da lista de Quarentenárias A1, proposta para o Brasil por aquele comitê, e
estejam listados no artigo 2º desta Instrução Normativa.
Art. 6º Estabelecer a obrigatoriedade da notificação ao Departamento de Defesa e Inspeção
Vegetal – DDIV, desta Secretária, de detecção ou caracterização de qualquer praga listada nos
artigos 2º e 3º desta Instrução Normativa ou qualquer outra considerada inexistente no Território
Nacional, por todas as entidades que realizem pesquisas na área de fitossanidade e pelas categorias
profissionais diretamente vinculadas à área de defesa sanitária vegetal de qualquer órgão ou
entidade do Sistema de Defesa Agropecuária.
Parágrafo único. A divulgação da presença de nova praga no país deverá ser feita por esta
Secretaria, após efetuar em levantamento de sua distribuição geográfica e de suas possibilidades de
controle e erradicação, conforme estabelecido pela Portaria Interministerial nº 290, de 15 de abril de
1996.
Art. 7º Determinar ao DDIV que promova a publicação em meio eletrônico e/ou gráfico dos
Alertas Quarentenários ou Alertas Fitossanitários relacionados às pragas listadas no art. 2º desta
Instrução Normativa e dar publicidade aos já editados.
Parágrafo único. As Delegacias Federais de Agricultura, com o apoio das CDSV, deverão
divulgar documentos informativos como os Alertas Quarentenários, além de outros, para seus
fiscais agropecuários, profissionais que atuam na área de controle de trânsito e Certificado

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 63


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Curso: Proteção de Plantas

Fitossanitário de Origem e aos meios de comunicação, interessados no trabalho de prevenção de


pragas regulamentadas.
Art. 8º Determinar ao DDIV que gestione junto aos órgãos públicos que regulamentam o
transporte aéreo, marítimo, fluvial, ferroviário e rodoviário do País, para que informem aos seus
clientes das exigências fitossanitárias para o transporte de produtos vegetais, como certificado
Fitossanitário e Permissão de Trânsito, orientando para que procurem os Serviços de Defesa
Vegetal nos Estados para obtenção de maiores informações.
Art. 9º As pragas listadas nos artigos 2º e 3º desta Instrução Normativa, quando couber,
deverão estar incluídas nos itens de negociação dos protocolos internacionais celebrados por esta
Secretaria.
Art.10 As indicações de produtos Fitossanitários ainda não registrados para as pragas
citadas nesta Portaria, deverão ter prioridade em seu registro ou extensão de uso, conforme o caso.
Parágrafo único. Deverá ser dada prioridade aos procedimentos de importação de material
destinado à pesquisa científica, que objetivem apoiar as ações de prevenção e controle das pragas
mencionadas nos artigos 2º e 3º desta Instrução Normativa.
Art.11 O não cumprimento das disposições desta Portaria sujeitará os infratores ao disposto
no Decreto Lei nº 24.114/34 e ao que preceitua sobre o tema o art. 259 do Código Penal.
Art. 12 Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, ficando
revogada a Portaria nº 181, de 5 de outubro de 1998, publicada no Diário Oficial da União de 8 de
outubro de 1998, devendo ser republicada periodicamente para atualização de seus dados.

Luiz Carlos de Oliveira

Instrução Normativa nº 06, de março de 2000, que estabelece o certificado fitossanitário


de origem - CFO. (EM REVISÃO)
Atrelada à implementação desta Instrução Normativa está um amplo Programa de
Capacitação dos Técnicos da iniciativa privada credenciados a emitir o CFO.

Instrução Normativa nº 6, de 13 de março de 2000 (EM REVISÃO)

O secretário da defesa agropecuária do Ministério Agricultura e do Abastecimento, no uso


de sua atribuição que lhe confere o art. 83, inciso IV do Regimento Interno desta Secretaria,
aprovado pela Portaria Ministerial nº 574, de 8 de dezembro de 1998, tendo em vista o disposto no
Decreto nº 24.114, de 12 de abril de 1934, no art. 2º da Portaria Ministerial 571, de 8 de dezembro
de 1998 e o que consta do Processo MA nº 21000.000002/98-74.
Considerando a exigência da Certificação Fitossanitária pela Convenção Internacional de
Proteção dos Vegetais e a importância da manutenção do patrimônio fitossanitário nacional para

64 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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preservação da competitividade da agricultura brasileira e garantia dos procedimentos de


certificação fitossanitária;
Considerando a necessidade de harmonizar o modelo e os procedimentos da Certificação
Fitossanitária de Origem aprovada pelo Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal- Decreto24.114,
de 12 de abril de 1934, resolve:
Art.1º Alterar o modelo de Certificado fitossanitário de Origem –CFO, bem como instituir o
Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado CFOC, constantes dos anexos desta Instrução
Normativa.
Parágrafo único. Deverá fazer parte do modelo utilizado, a identificação do órgão
controlador do sistema de certificação fitossanitária na unidade da federação.
Art. 2º Os Certificados serão emitidos para atestar a qualidade fitossanitária na origem das
cargas de produtos vegetais.
§ 1º Os Certificados serão necessários para o trânsito de produtos potenciais veículos de
pragas quarentenárias A2 e das não quarentenárias regulamentadas e no atendimento de exigências
específicas de certificação para o mercado interno e externo.
§ 2º Os Certificados subsidiarão, conforme o caso, a emissão das Permissões de Trânsito ou
Certificados Fitossanitários, quando forem exigidos esses documentos para o trânsito interestadual
ou internacional, ou houver exigências específicas de certificação fitossanitária na produção.
§ 3º A origem de que se trata este artigo pode ser a propriedade rural, bem como uma
unidade centralizadora e ou processadora de produtos vegetais, a partir da qual saem cargas
destinadas a outras unidades da federação ou a pontos de saída para o mercado internacional.
§ 4º A produção de material do propagação no Brasil deverá obedecer à sistemática da
Certificação Fitossanitária de Origem, sendo concedido um prazo de 12 meses para adequação às
regras estabelecidas nesta Instrução Normativa.
§ 5º A emissão de CFOC se dará quando da certificação em unidade centralizadora.
§ 6º As unidades centralizadoras, quando da emissão de CFOC, deverão estabelecer lotes
dos produtos recebidos, certificando-se que estes tenham vindo acompanhados de seus respectivos
CFO, ou Permissões de Trânsito quando oriundos de outras unidades da federação.
§ 7º O estabelecimento de lotes só pode ser feito com produtos de mesma espécie e que
tenham preferencialmente características fitossanitárias semelhantes e mesma origem.
Art. 3º Os CFO serão emitidos por Engenheiros Agrônomos ou Florestais nas suas
respectivas áreas de competência, após aprovação em treinamento específico, organizado pela
instituição executora de defesa sanitária vegetal na unidade federativa.
§ 1º A instituição executora deverá submeter o programa de treinamento, com antecedência
mínima de 30 (trinta) dias, ao Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal – DDIV, da Secretária
de Defesa Agropecuária – SDA, deste Ministério.
§ 2º O treinamento referido neste artigo deverá abordar as normas sobre o trânsito de
vegetais e seus produtos, potenciais veículos de pragas não quarentenárias regulamentadas ou

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 65


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quarentenárias A2, bem como os aspectos sobre biologia, sintomatologia, controle e prevenção
dessas pragas e com duração mínima de 16 (dezesseis) horas.
§ 3º O treinamento deverá ser ministrado em segmentos de acordo com as pragas que se
pretende conter a disseminação, sendo o credenciamento específico para cada praga.
§ 4º No ato de inscrição para o treinamento o profissional deverá apresentar comprovante de
seu registro, ou visto, junto ao CREA da unidade da federação onde atuará após o credenciamento.
§ 5º O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento poderá, a qualquer tempo,
requerer à instituição executora da defesa sanitária vegetal a realização de treinamento específico
para determinada praga, por meio da Secretaria de Defesa Agropecuária –SDA, se entender que
existe a necessidade de ampliação do número de profissionais credenciados para emissão de CFO
ou CFOC.
Art. 4º Os profissionais aprovados em cada curso serão credenciados junto aos órgãos
executores da defesa sanitária vegetal nas unidades da federação, que emitirão credencial numerada
e seqüencial.
§ 1º A credencial deverá indicar o ano do credenciamento e siglas da unidade da federação
correspondente.
§ 2º Para recebimento da credencial, o profissional deverá assinar ficha de autógrafo,
objetivando conferência de assinaturas, conforme modelo anexo, estando a partir desse momento
habilitado a emitir os certificados.
Art. 5º Todas as vezes que uma praga classificada como Quarentenária A2 ou não
Quarentenária Regulamentada seja introduzida ou estabelecida em uma unidade de federação ou
região dessa unidade da federação indene, o órgão executor de defesa sanitária vegetal será
responsável pela notificação aos técnicos credenciados para emissão de CFO da sua ocorrência, e da
necessidade de providenciarem a extensão de seus credenciamentos quanto a essa praga.
§ 1º Uma vez credenciados para a emissão de certificados Fitossanitários, os profissionais
habilitados poderão fazer a extensão de seu credenciamento para novas pragas que necessitem de
certificação, sem a necessidade de passarem por curso completo.
§ 2º Para obter a extensão citada, o profissional deverá solicitá-la ao órgão executor de
defesa sanitária vegetal que o credenciou, que por sua vez o encaminhará a um especialista na praga
para a qual se deseja o credenciamento.
§ 3º Os órgãos executores de defesa sanitária vegetal deverão manter, permanentemente,
especialistas em pragas quarentenárias A2 e não quarentenárias regulamentadas, credenciados para
procederem a capacitação e reciclagem dos profissionais que atuam na certificação fitossanitária e
no seu controle.
§ 4º Após o treinamento sobre a nova praga, o especialista credenciado emitirá um
certificado atestando que o profissional está apto a identificar e controlar a praga no campo, nos
seus diferentes estágios de desenvolvimento, para que órgão credenciador emita a extensão do
credenciamento.

66 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Art. 6º Os responsáveis pelas propriedades rurais e unidades centralizadoras ou


processadoras de produtos vegetais que necessitem de emissão de certificados fitossanitários,
deverão manter obrigatoriamente no local, livro próprio de acompanhamento, com páginas
numeradas, para registro de informações pelo profissional credenciado.
§ 1º O livro, citado neste artigo, deverá conter as seguintes informações: a história da
cultura, as datas de inspeção das lavouras ou viveiros que serão objetos da emissão do CFO; as
anotações das principais ocorrências fitossanitárias; as medidas de prevenção e controle adotadas
para saná-las; e outros dados julgados necessários pelo profissional, tais como as condições
climáticas e de solos.
§ 2º O responsável por unidade centralizadora ou processadora de produtos vegetais, deverá
obrigatoriamente manter registro dos lotes, onde deverão constatar o número dos CFO e ou
Permissões de Trânsito oriundos das cargas que os compuseram.
§3º O registro de acompanhamento de que trata este artigo será realizado pelo profissional
credenciado e assinado também pelo produtor ou responsável pelo estabelecimento.
Art. 7º O CFO, terá validade de até 30 (trinta) dias para culturas perenes e de até 15 (quinze)
dias para culturas anuais, a partir de sua emissão em 3 (três) vias, com a seguinte destinação:
I - 1ª via: para o produtor;
II - 2ª via: para a instituição executora da defesa sanitária vegetal na unidade da federação;
III - 3ª via: para o emitente.
Parágrafo único. O CFO só terá validade no original e sem rasuras.
Art. 8º O CFOC, terá validade de até 15(quinze) dias, a partir de sua emissão em 3(três)
vias, com a seguinte destinação:
I - 1ª via: para o proprietário do estabelecimento;
II - 2ª via: para a instituição executora da defesa sanitária vegetal na unidade d federação;
III - 3º via: para o emitente.
Parágrafo único. O CFO só terá validade no original e sem rasuras.
Art.9º As informações sobre o rechaço de produto para o qual foi emitido CFO ou CFOC
deverão ser comunicadas ao órgão responsável pela emissão da Permissão de Trânsito da unidade
da federação correspondente à origem do produto para apuração, o qual deverá informar
imediatamente o fato à representação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento mais
próxima para, orientar sobre as medidas corretivas a serem adotadas.
Art. 10 As faltas verificadas em relação ao CFO e CFOC serão formalmente apuradas pela
instituição executora da defesa sanitária vegetal.
§ 1º A falta de registro no livro de acompanhamento de campo, ou livro de registro de lotes,
acarretará advertência por escrito, sendo a reincidência motiva de descredenciamento.
§ 2º A reincidência de rechaço de carga, de uma mesmo emitente de CFO ou CFOC,
resultará na suspensão do sue credenciamento e na apuração formal dos fatos.
§ 3º Não havendo comprovação de má fé, o profissional poderá ser novamente credenciado
após novo treinamento.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 67


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Curso: Proteção de Plantas

§ 4º Os casos de comprovada má fé resultarão em descredenciamento imediato e em caráter


irreversível, do profissional, sendo notificado o fato ao Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia – CREA e encaminhado processo à esfera judicial para enquadramento
nas penalidades previstas no Ar. 259, do Código Penal Brasileiro.
Art. 11 As instituições estaduais executoras de defesa sanitária vegetal e as Delegacias
Federais de Agricultura – DFA’s das diversas unidades da federação, poderão propor
regulamentação subsidiária ou complementar a esta Instrução Normativa à Secretaria de Defesa
Agropecuária que analisará as proposições e publicará as alterações necessárias.
Parágrafo único. Todas as propostas encaminhadas deverão ter sido apreciadas pelas
Comissões de Defesa Sanitária Vegetal após serem ouvidas as partes interessadas.
Art. 12 Fica revogada a Instrução Normativa SDA nº 246, de 30 de dezembro de 1998.
Art. 13 Esta Instrução Normativa entra em vigor a partir da sua publicação.

Luiz Carlos de Oliveira

68 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Anexo I
(modelo de CFO)
Órgão Controlador do Sistema de Certificação

Certificado Fitossanitário de Origem – CFO Nº

Nome do produtor: cgc/cpf:


Propriedade: município:
Endereço:
Viveirista __ Produtor __ registro nº

Cultura: variedade/cultivar: área/nº mudas: plantio


Colheita:
Praga: nome científico: fase da cultura:
Agrotóxico: ingred. ativo: dose data(s) e modo de
aplicação:

Obs: Certifico, que mediante acompanhamento a(s) cultura(s) acima especificada(s), está(ão) livre(s) de
Pragas Quarentenárias A2 E Não Quarentenárias Regulamentadas.

Declaração adicional:

Este certificado é válido por ________ dias e será nulo se rasurado. A responsabilidade do emitente é limitada
ao período estabelecido e a produção da área acima identificada.

Técnico responsável: CREA nº


Credencial nº:

___________________,____de __________ de____________

__________________________________________________________________
Assinatura e carimbo

Instrução Normativa nº 11, de 27 de março de 2000, que estabelece o modelo de


formulário e regulamenta a permissão de trânsito.

Pode-se considerar esta Instrução Normativa como o principal instrumento regulador do


trânsito interno de vegetais no país, com vistas a impedir ou minimizar a disseminação de pragas de
regiões onde algum foco foi estabelecido para regiões indenes. Foi amplamente discutida com
técnicos que atuam em fitossanidade, notadamente os representantes das Secretarias Estaduais de
Agricultura.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 69


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Instrução Normativa nº 11, de 27 de março de 2000.(EM REVISÃO)

O secretário de defesa agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento, no uso da atribuição que lhe confere o art.83 inciso IV, do regimento Interno da
Secretaria, aprovado pela Portaria Ministerial nº 574, de 8 de dezembro de 1998, o disposto na Lei
nº 9.712, de 20 de novembro de 1998, o que consta do Processo 21000.005811/99-90,
Considerando a importância da manutenção do patrimônio fitossanitário nacional para
prevenção da competitividade da agricultura brasileira e garantia dos procedimentos de certificação
fitossanitária;
Considerando as notificações de introdução de pragas regulamentadas em áreas indenes do
território nacional;
Considerando a lista para o Brasil de pragas quarentenárias A2 e não quarentenárias
regulamentadas, constante na Instrução Normativa que trata do Alerta Máximo;
Considerando a necessidade de fiscalizar os procedimentos de certificação fitossanitária de
origem em relação às pragas quarentenárias A2 e não quarentenárias regulamentadas; e
Considerando a necessidade de harmonizar modelo e procedimentos para emissão da
Permissão de Trânsito pelas Unidades da Federação, resolve:
Art. 1º Estabelecer o modelo único da Permissão de Trânsito, apresentado no anexo I desta
Instrução Normativa, que deverá ser utilizado pelos organismos responsáveis pela defesa
fitossanitária em todas as Unidades da Federação.
§1º Deverá fazer parte do modelo utilizado, a identificação do órgão responsável pela
emissão das Permissões.
§2º A Permissão de Trânsito deverá ser emitida em 3(três) vias de igual teor, sendo:
I - 1ª via, para o interessado;
II - 2ª via, para o técnico credenciado emitente; e
III - 3ª para a instituição executora da defesa sanitária vegetal na Unidade da Federação.
Art. 2º A emissão da Permissão de Trânsito só poderá ser realizada por Engenheiros
Agrônomos ou Florestais, dentro de suas respectivas áreas de competência, pertencentes aos
organismos estaduais de defesa vegetal, que exerçam função de fiscalização.
§ 1º A Permissão de Trânsito terá prazo máximo de validade de 15(quinze) dias a partir de
sua emissão, ficando sua definição a critério do técnico emitente.
§ 2º Não poderá ser delegada a emissão da Permissão de Trânsito a qualquer organismo
estadual que atue na área de assistência técnica ou extensão rural. Em casos especiais, a Permissão
de Trânsito poderá ser emitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Art. 3º A Permissão de Trânsito deverá ser emitida para todos os vegetais potenciais
veículos das pragas presentes na lista de pragas Quarentenárias A2 e Não Quarentenárias
Regulamentadas, sempre que o produto sair da Unidade da Federação onde ocorra a praga, para
outra indene;

70 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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§ 1º Não poderá ser exigida a emissão da Permissão de Trânsito nos casos de Unidades da
Federação onde a praga está presente para outra onde ocorra a mesma praga e não haja programa
oficial de controle aprovado pelo Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal – DDI.
§ 2º Quando os vegetais ou seus produtos, citados no caput deste artigo, tenham que transitar
por Estados indenes e sejam oriundos de áreas com presença de pragas Quarentenárias A2 ou Não
Quarentenárias Regulamentadas, haverá necessidade de emissão da Permissão de Trânsito.
§ 3º A Permissão de Trânsito poderá ser emitida para lotes de produtos, compostos por
cargas certificadas por diferentes CFO’s ou mesmo Permissões de Trânsito, conforme regulamento
específico que trata dos Certificados Fitossanitários de Origem.
Art. 4º Somente será permitida a cobrança de Permissão de Trânsito referente a pragas já
existentes no Estado, quando o organismo oficial estadual comprovar a existência de trabalhos
técnicos para o controle e erradicação destas pragas, junto ao Departamento de Defesa e Inspeção
Vegetal – DDIV, visando o estabelecimento de Áreas livres ou Zonas de Baixa Prevalência das
referidas pragas.
§ 1º A exigência da Permissão de Trânsito por Unidade da Federação onde uma praga está
presente, mas apresentam áreas Livres ou Zonas de baixa prevalência estabelecidas para ela,
aprovadas pelo DDIV, só será permitida para as rotas de risco, ou seja, quando os produtos
transitem pelas respectivas áreas estabelecidas.
§ 2º O estabelecimento de Áreas Livres de Pragas deverá seguir a sistemática estabelecida
pelo Standard do Comitê de Sanidade Vegetal do Cone Sul – COSAVE, que se encontra na Portaria
nº 641, de 3 de Outubro de 1995, publicada no Suplemento do DOU, de 10 de outubro de 1995.
Art. 5º A Permissão de Trânsito deverá ser carimbada e assinada por um fiscal, em cada
barreira fitossanitária, com o carimbo próprio de identificação padronizado, conforme consta no
anexo II.
Art. 6º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogada
o item 8.5, Anexo V-XXV da Portaria nº 151, de 15 de setembro de 1998, publicada no Diário
Oficial da União de 18 de setembro de 1998.

Luiz Carlos de Oliveira

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 71


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Anexo I
(modelo de permissão de trânsito)
Órgão Executor
Permissão de trânsito de vegetais Nº_______________ Série: __________
Credencial Nº__________________

Origem de produto
Nome:_________________________________________________________________________
Estabelecimento: _________________________________________________________________
Endereço:_______________________________________________________________________
Município:_______________________________________uf:____________________________
Produtor: Viveirista Comerciante Registro nº

Produto Vegetal
Espécie:__________________cultivar:___________qte:________________cfo/cfoc_______
Espécie:__________________cultivar:___________qte:________________cfo/cfoc_______
Espécie:__________________cultivar:___________qte:________________cfo/cfoc_______

Destinatário
Nome:__________________________________________________________________________
Estabelecimento:__________________________________________________________________
Endereço:________________________________________________________________________
Município:______________________________________UF:__________________________________

Transportador X itinerário
Veículo:______________________placa nº_____________carreta placa nº____________
Município:__________________________________________________uf:_________________
Itinerário¹:______________________________________________________________________

Documentos que acompanham


Nota fiscal ou do produtor nº______________de ________ de ___________ de ____

Declaração adicional²

Validade: até _____/______/_____ (nula se rasurada)


Local: ______________________________________________data: ______/_____/______
________________________________________
Assinatura/carimbo do Fiscal
¹ No itinerário as rodovias e outras informações que julgar necessárias
² Declarar tratamentos e outras informações relacionados à sanidade da partida

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Instrução Normativa nº 41, de 21 de junho de 2002

O Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento, no uso da atribuição que lhe confere o art. 83 inciso IV, do Regimento Interno da
Secretaria, aprovado pela Portaria Ministerial nº 574, de 8 de dezembro de 1998, nos termos do
disposto nos arts. 29 e 32 do Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal, aprovado pelo Decreto nº
24.114, de 12 de abril de 1934, no Decreto Lei nº 5.478, de 12 de maio de 1943, e o que consta do
Processo n° 21000.004190/2002-84, resolve:
Art. 1º Determinar os procedimentos a serem adotados pelas unidades da federação onde for
detectada a presença da praga Sigatoka Negra - Mycosphaerella fijiensis (Morelet) Deigton.
Art. 2º Aprovar os Procedimentos para Caracterização de Área ou Local de Produção Livre
da Praga Sigatoka Negra - Mycosphaerella fijiensis ( Morelet ) Deigton, constantes do anexo.
Parágrafo único. Nas unidades da federação onde a praga está estabelecida ou vier a se
estabelecer, poderão ser demarcadas áreas indenes e declaradas livres da Sigatoka Negra, desde que
o estado comprove essa condição ao Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal - DDIV, desta
Secretaria, de acordo com os Procedimentos para Caracterização de uma Área ou Local de
Produção Livre da Praga Sigatoka Negra.
Art. 3º O órgão executor de defesa sanitária vegetal em cada unidade da federação deverá
implementar levantamentos periódicos para detectar, no menor espaço de tempo, a possível
ocorrência da praga no seu território.
Parágrafo único. No caso de identificação da praga, delimitar a extensão da área afetada e
implementar imediatamente as medidas preconizadas no Plano Emergencial, objetivando o efetivo
controle da praga.
Art. 4º É obrigatória a emissão de Permissão de Trânsito de Vegetais - PTV, regulamentada
por ato da Secretaria de Defesa Agropecuária, para o trânsito de plantas e partes de plantas de
bananeira (Musa spp. e seus cultivares) entre todas as unidades da federação, ou mesmo
internamente naquelas em que exista área ou local de produção livre, oficialmente reconhecido.
§ 1º Quando a partida for oriunda de unidade da federação indene, a Permissão de Trânsito
deverá garantir que o produto certificado é proveniente de seu próprio território ou, quando se tratar
de partida com produtos oriundos de outras unidades da federação, elas deverão vir acompanhadas
de Permissão de Trânsito, cujo número deverá ser informado na nova PTV.
§ 2º Quando a partida for oriunda de unidade da federação em que a praga está presente, a
Permissão de Trânsito deverá garantir que o produto certificado é proveniente de área ou local de
produção livre, fundamentada em Certificado Fitossanitário de Origem - CFO e no
acompanhamento e supervisão pelo órgão estadual de defesa vegetal, da unidade da federação de
origem da carga, previstos no anexo desta Instrução Normativa.
§ 3º Em função do resultado de auditorias e aplicação dos princípios de análise de risco,
poderão ser estabelecidas outras medidas fitossanitárias para mitigação do risco, mesmo para

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 73


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unidades da federação consideradas indenes, após análise e aprovação dessas medidas pelo DDIV,
desta Secretaria.
§ 4º A obrigatoriedade da Permissão de Trânsito emitida por unidade da federação indene
entrará em vigor 120 (cento e vinte) dias após a publicação desta Instrução Normativa.
Art. 5º Quando se tratar de produtos a que se refere o artigo anterior, não se aplica o disposto
no art. 3º, da Instrução Normativa nº 11, de 27 de março de 2000.
Art. 6º As Secretarias de Agricultura ou órgãos de defesa vegetal nas unidades da federação
deverão fortalecer os trabalhos nas barreiras interestaduais, portos, aeroportos, terminais rodoviários
e postos utilizados no trânsito interno de plantas e partes de plantas de bananeira (Musa spp. e seus
cultivares), objetivando incrementar o cumprimento da presente Instrução Normativa, sobretudo da
certificação fitossanitária.
§ 1º É proibido trânsito de plantas e partes de plantas de bananeira oriundas de áreas
infestadas, para áreas ou locais de produção livres de Sigatoka Negra.
§ 2º Os órgãos estaduais de defesa sanitária vegetal serão responsáveis por garantir que, nas
áreas infestadas, os bananais infestados ou abandonados e as bananeiras abandonadas serão
eliminados, não cabendo aos proprietários, arrendatários ou ocupantes a qualquer título, de imóveis
ou propriedades, indenização no todo ou em parte, das plantas eliminadas por força desta Instrução
Normativa.
Art. 7º O DDIV coordenará as atividades de prevenção e controle da praga Sigatoka Negra
em todo território nacional, visando a impedir o seu avanço.
Art. 8º As suspeitas e ocorrências da praga Sigatoka Negra deverão ser notificadas às
autoridades fitossanitárias mais próximas, sejam de âmbito federal ou estadual, que repassarão
imediatamente as informações ao DDIV, desta Secretaria.
Art. 9° O descumprimento das exigências desta Instrução Normativa configurará os crimes
previstos no art. 259, do Código Penal, e no art. 61, da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e
implicará o cancelamento do reconhecimento oficial de área ou local de produção livre de Sigatoka
Negra.
Art. 10. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 11. Fica revogada a Instrução Normativa nº 23, de 7 de junho de 2001.

Luiz Carlos de Oliveira

Anexo
Procedimentos para caracterização de área ou local de produção livre de Sigatoka Negra

74 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Para efeito destes procedimentos, considera-se:


Local de produção livre de praga - a propriedade ou grupo de propriedades vizinhas que
aplicam medidas similares de manejo e controle fitossanitário, em que uma praga específica não
ocorre, sendo este fato demonstrado por evidência científica e na qual, de forma apropriada, esta
condição está sendo mantida oficialmente por um período de tempo definido.
Área livre de praga - área onde uma praga específica não ocorre, sendo esse fato
demonstrado por evidência científica e na qual, de forma apropriada, essa condição está sendo
mantida oficialmente.
Área tampão - área que mantenha distância de segurança de área infestada na qual a praga
específica não está presente e está oficialmente controlada, estando adjacente a uma Área ou Local
de Produção Livre de Pragas, e onde são adotadas medidas fitossanitárias para prevenir a entrada e
disseminação da praga na área ou local livre.
Área infestada - área urbana ou rural, com a delimitação de seus limites, onde foi detectada a
praga.
Área indene - área onde não se tem relato de ocorrência da praga específica, porém não
demonstrado por evidência científica ou para qual não haja efetivo controle oficial.
Área de provável expansão - área delimitada em torno de área infestada na qual existe a
maior probabilidade de surgimento de novos focos da praga e, portanto, deve ser alvo de
levantamentos mais constantes e apurados.

1 - Da caracterização da cultura da banana e situação da Sigatoka Negra na unidade


da federação.

1.1 - Descrever a situação da cultura da banana na unidade da federação (área plantada,


variedades cultivadas, estimativa de produção, destino da produção, sistemas de cultivo -
tecnologias aplicadas e procedimentos de colheita e pós-colheita, quantidade de mão-de-obra
empregada na cadeira produtiva - direta e indireta).
1.2 - Levantar, em mapa cartográfico, as rotas de trânsito de banana no estado.
1.3 - Elaborar mapa geo-referenciado, identificando:
1.3.1 - Áreas de produção comercial.
1.3.2 - Focos de ocorrência da praga.
1.4 - Fornecer informações sobre dados climatológicos da região.

2 - Das diretrizes para levantamentos fitossanitários da sigatoka negra

2.1 - Do levantamento para detecção da praga (conduzido pelo órgão executor de defesa
vegetal na unidade da federação, em uma área considerada indene, para determinar se a praga está
presente).

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 75


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2.1.1 - Amostragem das áreas a serem inspecionadas:


2.1.1.1 - Em área indene, inspecionar 1% das propriedades ou quarteirões;
2.1.1.2 - Em área livre, inspecionar 2% das propriedades ou quarteirões;
2.1.1.3 - Em área tampão, inspecionar 5% das propriedades ou quarteirões; e
2.1.1.4 - Em área de provável expansão, inspecionar 5% das propriedades ou
quarteirões;
2.1.2 - Amostragem das plantas a serem inspecionadas.
2.1.2.1 - Em área urbana e área rural não comercial, inspecionar no mínimo 3
plantas adultas, próximas do florescimento, por hectare.
2.1.2.2 - Em área de produção comercial, inspecionar no mínimo 5 plantas
adultas, próximas do florescimento, por hectare.
2.1.3 - Periodicidade dos levantamentos nas propriedades rurais com produção não
comercial e zonas urbanas.
2.1.3.1 - Nas áreas livres, deverão ser realizadas inspeções, no mínimo, a cada
3 meses.
2.1.3.2 - Nas áreas tampão, deverão ser realizadas inspeções, no mínimo, a
cada 2 meses.
2.1.3.3 - Nas áreas indenes, deverão ser realizadas inspeções, no mínimo, a
cada 6 meses.
2.2 - Do levantamento para delimitação da praga (conduzido pelo órgão executor de defesa
vegetal na unidade da federação para estabelecer os limites de uma área considerada como infestada
por uma praga).
2.2.1 - Num raio de até 10 km do foco da praga, inspecionar 3 plantas adultas,
próximas do florescimento, por hectare, em 50% das propriedades.
2.2.2 - Num raio de 10 a 30 km do foco da praga, inspecionar 3 plantas adultas,
próximas do florescimento, por hectare, em 30% das propriedades.
2.2.3 - Num raio de 30 a 70 km do foco da praga, inspecionar 3 plantas adultas,
próximas do florescimento, por hectare, em 10% das propriedades.
2.2.4 - Nas estradas que sejam rotas de risco para a praga, inspecionar 3 plantas
adultas, próximas do florescimento, por hectare, em 50% das propriedades existentes
às suas margens.
2.3 - Do levantamento para certificação da produção e manutenção do reconhecimento de
Área ou Local de Produção Livre de Sigatoka Negra.
2.3.1 - Nos bananais comerciais, o técnico responsável pela emissão de CFO, deverá
realizar inspeções quinzenais, devidamente registradas em livro próprio da
propriedade. O número de plantas inspecionadas deverá ser no mínimo de 10 (dez)
por hectare.
2.4 - Da seleção e inspeção das plantas.

76 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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2.4.1 - A seleção das plantas deverá considerar uma distribuição uniforme e


representativa do lote inspecionado e a premissa de que sejam plantas adultas,
próximas do florescimento e aquelas que apresentem sintomas suspeitos.
2.4.2 - Avaliar todas as folhas de cada uma das bananeiras selecionadas, desprezando
a vela.
2.4.3 - Quando observar algum indício sobre a presença da praga, coletar material e
enviar para análise em laboratório credenciado.

3 - Da delimitação e medidas oficiais adotadas para caracterização da área ou local de


produção livre de sigatoka negra

3.1 - Considerar uma distância mínima de 70 km de possíveis fontes de infestação da praga,


inclusive para rotas de trânsito, estabelecendo uma área tampão.
3.2 - Obedecer aos limites oficialmente reconhecidos (estradas, rios, etc.).
3.4 - Descrever a existência de possíveis barreiras naturais que dificultem o avanço da praga.
3.5 - Documentar os levantamentos oficiais realizados durante um ou mais anos que
antecedem o período em que ocorrerá a declaração de Local de Produção Livre ou Área Livre da
Praga.
3.6 - Elaborar plano emergencial a ser aplicado em caso de surgimento de foco da praga na
área ou local de produção livre da praga.
3.7 - Elaborar mapa geo-referenciado com as propriedades que possuem plantios comerciais
de banana dentro dos limites da área ou local de produção livre de sigatoka negra.
3.8 - Fazer o cadastramento das propriedades da área ou local de produção livre da praga
atendendo os seguintes pontos:
3.8.1 - Nome do produtor;
3.8.2 - Situação fundiária da propriedade;
3.8.3 - Localização da propriedade com GPS;
3.8.4 - Identificação das cultivares e idade dos plantios de banana em produção e
formação.
3.8.5 - Estimativa da produção anual (kg).
3.8.6 - Destino da produção.
3.8.7 - Nome do responsável técnico para emissão de certificado fitossanitário de
origem - CFO.
3.9 - Relacionar os fiscais estaduais agropecuários credenciados para emissão da permissão
de trânsito de vegetais - PTV, designados para atuar na região da área ou local de produção livre da
praga, que deverão:
3.9.1 - Fiscalizar previamente as casas de embalagens para garantir que elas não
tenham processado bananas de nenhuma outra área que não esteja cadastrada.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 77


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3.9.2 - Inspecionar as propriedades cadastradas para verificação da conformidade


com as medidas fitossanitárias estabelecidas por este regulamento.
3.9.3 - Os fiscais estaduais agropecuários deverão emitir as PTV`s no próprio local
de embalagem e carregamento da partida, lacrar o caminhão e anotar o número do
lacre na PTV.
3.10 - Mapa geo-referenciado das barreiras fitossanitárias existentes para o controle do
trânsito com descrição dos recursos materiais e humanos de cada barreira e escalas de plantão.
3.11 - Regulamentação, pela autoridade competente da unidade da federação, de medidas de
prevenção a serem adotadas obrigatoriamente, entre as quais:
3.11.1 - Eliminar bananais ou plantas abandonadas.
3.11.2 - Implantar mecanismos que garantam que os veículos que entrem na área ou
local de produção livre sejam desinfetados.
3.11.3 - Aplicar os métodos de manejo recomendados.
3.11.4 - Introduzir somente material de propagação livre da praga.
3.11.5 - Manter o registro dos procedimentos de cultivo, medidas e levantamentos
fitossanitários executados no período autorizado.
3.11.6 - Notificar ao órgão de defesa estadual qualquer presença suspeita ou efetiva
da praga.
3.12 - A caracterização de local de produção livre de sigatoka negra só poderá se dar quando
este estiver inserido dentro de área em processo de caracterização como área livre de sigatoka
negra.
3.13 - O órgão responsável pela defesa sanitária vegetal na unidade da federação deverá
encaminhar ao DDIV, por meio do SSV/DFA, relatórios bimensais sobre todas as atividades
desenvolvidas na área ou local de produção livre da sigatoka negra e em todas as demais áreas
relativas à praga, definidas por este regulamento.

4 - Da supervisão para manutenção da situação de área ou local de produção livre de


sigatoka negra

4.1 - O órgão responsável pela defesa sanitária vegetal na unidade da federação deverá
supervisionar todos os setores envolvidos no processo de certificação garantindo a realização de
todos os levantamentos e medidas fitossanitárias de controle estabelecidas por este regulamento.
4.2 - O DSV em conjunto com o SEDESA, da Superintendência Federal de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, na unidade da federação, deverá realizar no mínimo 2 auditorias por ano,
nas áreas ou locais de produção livres.

5 - Da identificação do produto e segurança fitossanitária da partida

5.1 - Utilizar embalagens novas, sem retorno.

78 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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5.2 - Identificar, nas embalagens, a origem do produto.


5.3 - Transportar o produto embalado em caminhões lacrados, cobertos com tela fina (tipo
sombrite).

6 - Do reconhecimento e manutenção da situação de área ou local de produção livre de


sigatoka negra

6.1 - O DSV deverá analisar o processo e proceder à auditoria técnica para verificar a
conformidade na aplicação das medidas fitossanitárias estabelecidas por este regulamento.
6.2 - O DSV deverá publicar ato de reconhecimento oficial da situação da área ou local de
produção e dar ampla divulgação a todas as SFA’s e aos órgãos estaduais de defesa vegetal.

3 - Campanhas fitossanitárias

Quando por fatores climáticos, desequilíbrio biológico, algum incidente que predisponha ou
estabeleça condições propícias ao surgimento, erupção ou introdução de pragas, que afetem
determinadas culturas de expressão, causando prejuízos de grande monta para a economia do país,
cabe ao Governo mobilizar os meios necessários, visando o controle desse mal.
Diante desse quadro, surgem as Campanhas fitossanitárias para cuja execução, lança-se mão
de recursos específicos, objetivando uma ação imediata.
Campanha fitossanitária é a união de esforços, visando a prevenção, controle ou a
erradicação de alguma ocorrência de ordem fitossanitária, através de estabelecimento de normas e
procedimentos específicos.
O objetivo básico de uma campanha é o equacionamento emergencial de determinados
problemas fitossanitários, que afetam as culturas de expressão econômica, com vistas a se manter a
rentabilidade destas culturas em determinada região do país.
Atualmente o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da Coordenação
de Proteção de Plantas – CPP/Departamento de Sanidade Vegetal – DSV – MAPA, coordena as
seguintes Campanhas fitossanitárias:
• Campanha Nacional de Erradicação de Cancro Cítrico
• Programa de Controle do Gafanhoto
• Programa de Controle do Bicudo do Algodoeiro
• Programa de Controle da Vassoura de Bruxa
• Programa de Controle da Mosca das Frutas
• Programa de Controle do Moko da Bananeira
• Programa de Controle da Vespa da Madeira
• Programa de Controle da Cydia pomonella
• Programa de Controle do Nematóide de Cisto da Soja
• Programa de Controle da Mosca Branca

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 79


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4 - Programa de estação de avisos fitossanitários

Estação de avisos fitossanitários é um sistema de alerta que visa identificar, através de


monitoramento, as condições climáticas, biológicas e fenológicas favoráveis ou não ao
desenvolvimento de uma doença ou praga em determinada cultura.
A defesa sanitária vegetal, nos países desenvolvidos, especialmente países da Europa
Ocidental e Estados Unidos da América, vem evoluindo há muitas décadas, em direção a uma
tecnologia de trabalho, operacionalizada através de um Sistema de Estações de Avisos
Fitossanitários. Essa atividade, amplamente disseminada nesses países, constitui-se, além de um
instrumento efetivo de luta, numa nova mentalidade na concepção de proteção dos cultivos, onde a
preocupação maior com a racionalização do uso dos agrotóxicos, associa-se a uma preocupação
com a produtividade, os cuidados ambientais e a saúde do agricultor e do consumidor.
Essa atividade existe por mais de uma década em nosso país, constituindo-se numa iniciativa
pioneira e já vitoriosa, tendo conquistado o respeito e a credibilidade junto ao público atendido.
O sistema de avisos fitossanitários que vem sendo implantado no Brasil, é composto por
uma rede de Estações, localizadas em pontos estratégicos do território nacional, de modo a
viabilizar um controle das pragas e doenças que atacam as culturas, de maneira mais eficiente e
econômica.
As estações atuam como verdadeiros escritórios de informações biológicas regionais,
organizadas de tal modo que são capazes de responder diariamente a todo pedido de informação,
referente à evolução presente e futura das pragas e doenças mais importantes da cultura trabalhada.
O objetivo geral é implantar em uma determinada região, um Sistema de Avisos
Fitossanitários, que dê aos agricultores, os mecanismos necessários à realização de um bom
controle das pragas e doenças em suas propriedades, utilizando-se de todos os meios de luta
disponíveis, permitindo-lhes assim, a colheita de produtos sadios, mantendo ao mesmo tempo o
equilíbrio biológico nas culturas.
O papel essencial das estações de avisos, é o de determinar, no decorrer dos anos, para a
maior parte das culturas, os períodos de risco de ataque dos seus principais inimigos. Com esse
trabalho espera-se:

• reduzir o custo de produção, através da utilização racional de agrotóxicos;


• evitar o desequilíbrio biológico, procurando proteger a entomofauna;
• proteger o ambiente do uso intensivo e indiscriminado de agrotóxicos;
• reduzir o nível de resíduos de agroquímicos em produtos para o consumo;
• aumentar a produtividade das culturas através da redução das perdas provocadas por
pragas e doenças.

80 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Curso: Proteção de Plantas

O programa de estações de avisos fitossanitários visa dar organização, continuidade e


sistematização para a obtenção, processamento e análise das informações sobre os métodos e
técnicas dos tratamentos empregados.
Esse trabalho técnico tem como base científica a inter-relação existente entre as diversas
fases do ciclo vegetativo das plantas e a biologia das pragas e patógenos das culturas estudadas,
aliadas às condições climáticas reinantes em cada momento considerado.
Em seguida, utilizando-se de um modelo matemático pré-estabelecido, os técnicos da
Estação, são capazes de detectar com precisão uma futura ocorrência da praga ou da doença
trabalhada.
Com esses dados, são então elaborados os Avisos fitossanitários, que são divulgados através
dos meios de comunicação existentes na região, possibilitando aos agricultores tomarem
conhecimento do iminente ataque às suas lavouras, bem como, dos procedimentos a serem adotados
e dos métodos de controle a serem empregados para evitar possíveis prejuízos econômicos.
Essa tecnologia vem permitindo, nas áreas trabalhadas, uma redução de 60 a 70% do
número de aplicações de agrotóxicos, propiciando uma economia de até 20% no custo de produção,
além de um menor comprometimento do ambiente.
Atualmente o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da Coordenação
de Proteção de Plantas – CPP/Departamento de Sanidade Vegetal –DSV- MAPA, coordena as
seguintes Estações de Avisos:

• Município de Fraiburgo-SC: maçã


• Município de São Joaquim–SC: maçã
• Município de São José–SC: tomate
• Município de Guarapuava–PR: maçã
• Município de São José do Rio Claro-MT: seringueira
• Município de Viçosa–MG: tomate

A implantação de uma Estação de Avisos é um trabalho de médio em longo prazo, que


precisa de muita persistência, participação e esforço técnico, bem como, do apoio incondicional e
constante dos produtores, dos técnicos e das autoridades municipais, estaduais e federais. Pois só
assim, poderemos vir a ter soluções definitivas e econômicas para os problemas fitossantários de
nossas lavouras.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 81


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Curso: Proteção de Plantas

D – Harmonização

a) Princípios de quarentena vegetal

O objetivo básico na formulação dos princípios constantes do Quadro 1, abaixo, é o de


facilitar o processo de desenvolvimento de standards internacionais sobre quarentena vegetal.
Considera-se a adoção destes princípios pelas autoridades fitossanitárias como barreiras ao
comércio.
Adicionalmente aos princípios gerais, existem outros específicos para áreas particulares da
atividade quarentenárias. Os princípios gerais indicam o processo de desenvolvimento de medidas
fitossanitárias aplicáveis ao comércio internacional. Estes princípios específicos apóiam diretamente
a Convenção Internacional de Proteção Fitossanitária –CIPF ou estão relacionados a procedimentos
particulares dentro do sistema de quarentena vegetal. Esta relação está indicada no quadro 1.
A interpretação e a instrumentação dos princípios gerais constantes da CIPF devem ser
coerentes com as previsões relevantes a serem estabelecidas no contexto da Organização Mundial
do Comércio – OMC.

Princípios gerais
1 – Soberania
Com o objeto de prevenir a introdução de pragas quarentenárias em seus territórios, se reconhece que os
países podem exercer o direito de soberania para utilizar medidas fitossanitárias que regulem a entrada de
plantas e produtos vegetais e outros materiais capazes de abrigar pragas vegetais.

2 - Necessidade
Os países poderão instituir medidas restritivas somente quando tais medidas se façam necessárias por
considerações fitossanitárias, para prevenir a introdução de pragas quarentenárias.

3 - Mínimo impacto
As medidas fitossanitárias devem ser consistentes com o risco de pragas envolvidas e deverão representar a
medida da menos restritiva disponível que resulte no mínimo impedimento ao movimento internacional de
pessoas, produtos básicos e remessas.
4- Transparência
Os países deverão publicar e distribuir as proibições, restrições e exigências fitossanitárias, incluindo as
justificativas e fundamentação de tais medidas.

5 - Modificação
Quando as condições se alteram, assim como, quando se dispõe de novas informações, as medidas
fitossanitárias deverão ser modificadas rapidamente por inclusão das proibições, restrições ou requerimentos
necessários para seu sucesso, ou por remoção daquelas consideradas desnecessárias.

82 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Curso: Proteção de Plantas

Princípios gerais
6 - Harmonização
As medidas fitossanitárias deverão estar baseadas, sempre que possível, em standards, diretrizes e
recomendações internacionais desenvolvidas dentro do padrão da CIPF.

7 - Equivalência
Os países deverão reconhecer como equivalentes aquelas medidas fitossanitárias que não sendo idênticas,
mas que tenham o mesmo efeito.

8 - Solução das Controvérsias


É preferível que qualquer disputa entre dois países em relação a medidas fitossanitárias seja resolvida em um
nível técnico bilateral. Se tal solução pode ser alcançada, dentro de um período razoável, poderão ser
iniciadas novas ações mediante um sistema multilateral para solução de disputas.

9 - Cooperação
Os países deverão cooperar para prevenir a disseminação e introdução de pragas quarentenárias e para
promover medidas para o seu controle oficial.

10 - Competência Técnica
Os países deverão dispor de uma organização oficial de proteção vegetal.

11 - Quantificação Do Prejuízo
Para determinar que pragas são quarentenárias e a intensidade das medidas a serem tomadas contra elas, os
países deverão utilizar métodos de análise de risco baseados em evidências biológicas e econômicas, e
quando for possível, seguir os procedimentos desenvolvidos dentro do padrão da CIPF.

12 - Manejo de Risco
Tendo em vista que sempre existe algum risco de introdução de pragas quarentenárias, os países deverão
concordar com a política comum de manejo do risco, quando formulem medidas fitossanitárias.

13 - Áreas livres de pragas


Os países deverão reconhecer a situação de áreas nas quais uma praga específica não ocorre. Quando
solicitados, os países, em cujos territórios se encontram áreas livres, deverão demonstrar este estado,
baseados, quando possível, em procedimentos desenvolvidos dentro do padrão da CIPF.

14 - Ação de emergência
Os países podem, quando estão enfrentando uma situação fitossanitária nova e/ou inesperada, tomar medidas
de emergência imediatas, com base em uma análise preliminar de risco de praga. Tais medidas emergenciais
devem ser de aplicação temporária e sua validez estará sujeita a uma análise/estimativa detalhada do risco de
praga, tão logo seja possível.

15 - Notificação de não-cumprimento
Os países importadores deverão notificar aos países exportadores qualquer falta de cumprimento em relação
às proibições, restrições e requisitos fitossanitários.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 83


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Curso: Proteção de Plantas

Princípios gerais
16 - Não discriminação
As medidas fitossanitárias devem ser aplicadas sem discriminação entre os países da mesma situação
fitossanitária, se tais países podem demonstrar que eles aplicam medidas idênticas ou equivalentes em
manejo de pragas.
No caso de uma praga quarentenária presente em um país, as medidas deverão ser aplicadas sem
discriminação entre as remessas para o estrangeiro ou mesmo doméstica.

b) Pragas de importância quarentenárias

1 - Definição de pragas quarentenárias

Para identificar como quarentenária uma determinada praga, usa-se a definição adotada pela
FAO, cujos elementos básicos incluem considerações sobre a presença ou ausência da praga em
uma área posta em perigo, a distribuição da mesma, sua importância econômica e se está ou não
sendo objeto de controle oficial.
Adicionalmente, leva-se em consideração critérios acerca do potencial de disseminação, da
importância relativa dos meios naturais e artificiais de disseminação, do potencial de
estabelecimento e da adequação climática da área.
Praga quarentenária: aquela que pode ter importância econômica potencial para uma
área posta em perigo, quando a praga ainda não está presente ou, se existente na área, não
está disseminada e se encontra sob controle oficial.

2 - Categorização das pragas quarentenárias

As pragas definidas como quarentenárias são agrupadas nas seguintes categorias:


Lista A1: Pragas exóticas (não presentes em determinada área) e que se ajustam à definição
de praga quarentenária
Lista A2: Pragas que apresentam disseminação localizada e que estão submetidas a medidas
fitossanitárias e respondem à definição de praga quarentenária .

3 - Elaboração e revisão de listas de pragas quarentenárias

• A lista de pragas quarentenárias do COSAVE é estabelecida com base nas


listas nacionais dos países membros.
• A confecção das listas nacionais deve ser realizada pelos países membros de
acordo com as orientações contidas no standard específico.

84 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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• A lista regional só inclui a relação de pragas cujo “status” nas listas nacionais
não tenha sido observado pelos representantes dos países no Grupo de
Trabalho Permanente em Quarentena Vegetal (GTP-CV).
• As listas A1 nacionais só podem incluir gêneros, espécies, raças, patovares
ou biótipos não presentes no país.
• As listas A2 nacionais só podem incluir pragas de distribuição restrita,
sujeitas a controle oficial ativo e eficiente no país membro. O cumprimento
destas condições deve ser fundamentado mediante documentação técnica
correspondente, que deverá indicar o tipo de controle aplicado para cada
praga. As listas nacionais deverão precisar a localização de cada praga.
• As listas A1 e A2 nacionais devem ser submetidas à consideração do
COSAVE (GTP-CV) para efeito de se verificar o cumprimento das condições
estabelecidas e como passo prévio à sua consideração para inclusão na lista
regional.
• O GTP-CV deve considerar as listas nacionais e, no caso destas merecerem
observações, devem ser realizadas por escrito, juntando a documentação
técnica de respaldo.
• As pragas das listas nacionais cujo “status” tenha sido observado no seio do
GTP-CV devem ser mantidas em estado transitório, não podendo incluir-se
nas listas nacionais reconhecidas pelo COSAVE, até que as observações
tenham sido aclaradas mediante o aporte tecnicamente fundamentado do país
interessado.
• A lista de pragas quarentenárias de importância nacional reconhecida pelo
COSAVE e a lista de pragas quarentenárias de importância para a região
devem ser revisadas semestralmente.

c) Requisitos quarentenários para o Mercosul

1 -Codificação de requerimentos

[R1] Sujeito à Inspeção Fitossanitária -IF no ingresso.


[R2] A mercadoria deve vir acompanhada por Certificado Fitossanitário de embarque -CF
ou por Certificado Fitossanitário de Reexportação -CR ( n do AFIDI) e (DAs).
o

[R3] A mercadoria deve vir acompanhada por Certificado Fitossanitário de Origem (n do o

AFIDI) e (DAs).
[R4] Sujeito à análise oficial ao ingresso.
[R5] Requer Certificado do ISTA-CI que declare que o lote está livre de (pragas).
[R6] Requer Certificado de Qualidade -CC

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 85


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[R7] Ingressará com destino (ao domicílio da autoridade fitossanitária do país


importador).
[R8] (Ingresso n ), será apresentado no (Depósito Quarentenário) situado em (endereço),
segundo habilitação (n ).
o

[R9] Sujeito a quarentena pós-entrada -CPE durante (período).


[R10] A madeira deverá estar descorticada.
[R11] As (plantas, bulbos, etc.) devem estar livres de terra e substrato, podendo estar
protegidos por um substrato tipo inerte, especificando no CF seu tipo e tratamento
recebido.
[R12] Deverá dar cumprimento ao disposto no Decreto (n ). o

[R13] O envio deverá cumprir os requisitos estabelecidos no(s) Decreto(s) (n ). o

[R14] Esta autorização deverá estar acompanhada de Certificado da (Instituição


responsável pelo registro de entrada de material de propagação).
[R15] O material de propagação deverá ter ingresso sob forma de gemas em tubos de ensaio
“in vitro” para sua indexação e limpeza sob quarentena fechada; excepcionalmente
poderá ser autorizado o ingresso de gemas em tubos de ensaio sob as seguintes
condições (...).

2 - Codificação de declarações adicionais

DA1 “O (envio, plantas, viveiro, sementeira, região, lugar de produção, lote


etc.) se encontra livre de praga/s”.
DA2 “O (envio, sementes etc.) foi tratado com (produto, concentração,
tempo), para eliminar (praga/s), sob supervisão oficial”.
DA3 “Pragas de Qualidade: na análise oficial o lote não apresentou mais de
(%) de praga/s”.
DA4 “O (viveiro, sementeira) da qual procedem as (plantas, estacas, talos,
gemas estacas com raiz, bulbos, sementes etc.) se encontra sob um
sistema de certificação oficial, aceito (pela autoridade Fitossanitária do
país importador)”.
DA5 “O (cultivo, viveiro, sementeira, lugar de produção etc.) foi
oficialmente inspecionado durante (período) e encontrado livre (de
praga/s)”.
DA6 “As (plantas, estacas, talos, mudas com raiz, gemas) foram analisadas
com indicadores apropriados e/ou métodos equivalentes e encontradas
livres de (praga/s)”.
DA7 “O (produto, viveiro, sementeira etc.) foi (cultivado/realizado) em uma
(área reconhecida pela autoridade fitossanitária do país importador)
com área livre de (a/s praga/s), segundo o Standard 3.2 - Diretrizes para
o Reconhecimento de Áreas Livres de Pragas”.
DA8 “No (país), (a/s praga/s) não se encontra/m presente/s”.

86 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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DA9 “No lugar de produção ou sua vizinhança imediata (raio) não foram
observados sintomas de infecção / infestação por (praga/s) desde
(período)”.
DA10 “As plantas propagadas vegetativamente foram produzidas sob um
esquema de certificação fitossanitário aprovado (pela autoridade
fitossanitária nacional) para (praga/s), utilizando-se indicadores
apropriados ou métodos equivalentes, encontrando-se livres de pragas”.
DA11 “As plantas propagadas vegetativamente foram derivadas em linha
direta de material que foi mantido sob condições apropriadas e que foi
submetido dentro de (período), ao menos uma vez à análise oficial para
(praga/s), utilizando indicadores apropriados ou métodos equivalentes e
encontradas livres de pragas”.
DA12 “O material (plantas, estacas, talos, gemas, etc.) deve provir de
Estações de Quarentena Intermediária (em um terceiro país)”.
DA13 “As plantas mães das quais procedem foram indexadas e se encontram
livres de pragas transmissíveis por sementes (sexual, assexual)”.
DA14 “O envio não apresenta risco quarentenário com respeito a (a/s praga/s)
como resultado da aplicação oficialmente supervisionada do sistema
integrado de práticas de minimização de risco, acordado com o país
importador segundo Protocolo (nº)”
DA15 “O envio se encontra livre de: (a/s praga/s) de acordo com o resultado
da análise oficial de laboratório no( )”

3 - Codificação de categoria de risco fitossanitário

CATEGORIA 1 Produtos de origem vegetal, industrializados, desvitalizados devido a


processos tecnológicos e que se transformam em produtos incapazes de
serem afetados por pragas, porém podem transportá-las em materiais de
embalagem, meio de transporte e armazenagem.

CATEGORIA 2 Produtos vegetais semiprocessados, desvitalizados e que podem abrigar


pragas, exceto o algodão.

CATEGORIA 3 Materiais e produtos vegetais primários (naturais, não desvitalizados),


para consumo/uso direto ou transformação.

CATEGORIA 4 Sementes, plantas ou outros materiais de origem vegetal, destinados a


propagação e/ou reprodução.

CATEGORIA 5 Miscelâneas, turfa, pólen, espécimes botânicos, microorganismos,


agentes de controle biológico, inócuos, formulados ou não, outras
mercadorias.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 87


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c.1) Regime de certificação e verificação em pontos de origem/destino (RVD)

Este standard contém descrição do Regime de Certificação e Verificação em pontos de


Origem/Destino, forma de operação e o subconjunto de produtos vegetais incluídos na
nomenclatura quarentenária que podem amparar-se neste regime.

1 - Objetivo

Oferecer uma maior agilidade às operações comerciais de produtos vegetais entre os Estados
partes do Mercosul, diminuindo substancialmente os tempos consumidos pelos controles
fitossanitários praticados nas fronteiras.

2 - Caracterização

No comércio internacional, os produtos vegetais transitam desde um ponto de origem até um


ponto de destino, normalmente localizados no interior do país exportador e importador
respectivamente. O Regime Normal de Certificação e Verificação Fitossanitária prevê que a
Certificação e Verificação Fitossanitária se realizem nos pontos de egresso/ingresso, o que implica a
realização das atividades de inspeção necessária à Certificação e Verificação de documentos,
mercadorias, condição fitossanitária e qualidade, nas Passagens de Fronteira.
O RVD se diferencia do regime normal de Certificação e Verificação em que a inspeção
fitossanitária e de qualidade é realizada nos pontos de origem/destino estabelecidos pela autoridade
fitossanitária, mantendo-se somente nos pontos de ingresso/egresso as atividades de verificação
documental e de mercadorias, agilizando o trânsito dos produtos e diminuindo as perdas associadas.
Não obstante, dado que a aprovação (liberação) da mercadoria sob este regime só se realiza
após a inspeção fitossanitária e de qualidade no ponto de destino, o mesmo pode significar um
maior risco/custo para os operadores ante eventuais irregularidades que determinem o rechaço das
mercadorias. Por esta razão, o RVD se oferece como opção para o importador.

3 - Âmbito

O RVD é aplicável ao conjunto de produtos vegetais que detalham neste standard de acordo
com a sua origem ou destino, para os países parte do MERCOSUL.
Os produtos incluídos são aqueles que cumprem com os seguintes critérios:
“Pertencem às categorias 1 de risco fitossanitário estabelecidas na nomenclatura
quarentenária do MERCOSUL ” ou “nas restantes Categorias e representam produtos cujos

88 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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requisitos quarentenários já tenham sido harmonizados no MERCOSUL e que não representam


pragas quarentenárias em seu lugar de origem com respeito ao país de destino”.

4 - Operacionalização

4.1 - Para ingresso de produtos

a) Opção: Só para caso dos produtos amparados pelo RVD, o operador comercial poderá
optar entre o regime normal ou o RVD. Esta opção se realizará no momento de solicitar a permissão
fitossanitária de importação (Declaração Prévia ou AFIDI), indicando sua escolha no campo do
formulário previsto para tal feito.
b) Documentação: Dita opção será consignada na documentação emitida pela ONPF do país
exportador e comunicada à Passagem de Fronteira e à ONPF do país importador, quando
corresponda.
c) Ponto de ingresso: Para o embarque em cuja documentação oficial, conste haver optado
pela RVD, os Servidores Fitossanitários do Ponto de Ingresso (P. Fronteira), limitarão sua
intervenção à verificação documental, à verificação de mercadoria e precintado, autorizando o
trânsito até o Ponto de Destino.
d) Ponto de destino: Procederá a verificação de pré-cintados e a inspeção fitossanitária e de
qualidade dos embarques amparados no RVD, emitindo os Certificados de aprovação (liberação) ou
adotando as medidas de intervenção ou rechaço que correspondam.

4.2 - Para egresso de produtos

a) Opção: O operador comercial que deseje se amparar no Regime de Certificação e


Verificação em Pontos de Origem (RVO) deverá apresentar ante a ONPF do país exportador
correspondente a solicitação de inspeção.
b) Ponto de origem: Os embarques que foram optados pelo RVO serão inspecionados e
precintados no Ponto de Origem, autorizando o trânsito em direção a Ponto de Egresso (P. de
Fronteira).
c) Ponto de egresso: Procederá a verificação da exatidão da inspeção e precintados, emitindo
os Certificados ou adotando as medidas que correspondam.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 89


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5 - Trânsito entre ponto de ingresso e ponto de destino

O trânsito entre o Ponto de Ingresso e os Pontos de Destino deverá efetuar-se dentro dos
seguintes prazos:

• Argentina: 96 horas
• Brasil: 20 horas
• Paraguai: 48 horas
• Uruguai: 48 horas

O cumprimento de ditos prazos, assim como a integridade dos precintados, é


responsabilidade dos operadores por cuja inobservância estão sujeitos a que se proceda as
respectivas suspensões de inscrição e registros correspondentes.

6 - Pontos de ingresso/egresso autorizados para operar em RVD

Argentina - Brasil: Puerto Iguazu-Foz do Iguaçu e Paso de Los Libres-Uruguaiana


Argentina - Paraguai: Clorinda-Puerto Falcon e Posadas -Encarnación
Argentina - Uruguai: Gualeguaychu-Fray Bentos e Buenos Aires-Colonia
Brasil - Paraguai: Foz do Iguaçú-ciudad del Este
Brasil - Uruguai: Rio Branco-Jaguarão, Riviera-Sta Ana do Livramento e Chuy-Chui

7 - Pontos de destino autorizados para operar em RVD

Mercados concentrados de: Buenos Aires (Argentina)


São Paulo (Brasil)
Assunção (Paraguai)
Montevidéo (Uruguai)

E - Diretivas para a análise de risco de pragas - ARP

Por definição, ARP é um processo de avaliação de evidencias biológicas, cientificas e


econômicas para determinar se uma praga deveria estar regulamentada e a intensidade de e
quaisquer medidas fitossanitárias aplicadas para seu controle (NIMF Nº 05,2002).
Os objetivos da ARP são identificar as pragas de importância quarentenárias e não
quarentenárias regulamentadas, avaliar seus riscos fitossanitários e estabelecer as medidas para

90 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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diminuir o risco, de forma tal que barreiras comerciais alicerçadas em questões fitossanitárias
injustificadas sejam evitadas.
Toda medida fitossanitária regulamentada por um país deverá estar baseada em normas
aprovadas pela CIPF/FAO. No caso da análise de Risco de Pragas deve-se utilizar, principalmente,
o estabelecido nas Normas Internacionais para Medidas Fitossanitária (NIMFs), desenvolvidas pela
CIPF/FAO.
A Análise de Risco de Praga (NIMF nº 11, 2001) consiste em três fases: iniciação do
processo para a análise de risco, avaliação do risco de praga e manejo do risco de praga.
O início do processo envolve a identificação da praga ou vias de ingresso, para as que se
requerem uma ARP.
A avaliação do risco de praga determina quando uma praga identificada como tal, ou
associada a uma via de ingresso é uma praga quarentenária, caracterizada em termos de
probabilidade de ingresso, estabelecimento, dispersão e importância econômica; ou se trata de uma
praga de qualidade ou nociva (caracterizada em termos de sua importância econômica) ou se trata
de praga não passível de regulamentação fitossanitária.
O manejo de risco de praga envolve desenvolver, avaliar, comparar e selecionar opções para
reduzir o risco.
A ARP só tem sentido em relação a uma área considerada em risco. Esta é usualmente
um país, mas também pode ser uma área dentro do país ou uma área que abrange todo ou parte de
vários países.
Com o objetivo de atingir o nível aceitável de risco de risco combinações de duas ou mais
medidas podem ser consideradas. Além disso, outras opções de manejo poderão ser estabelecidas
por meio de acordos bi ou multilaterais, com o propósito de garantir o cumprimento das medidas
fitossanitárias.
À medida que as condições fitossanitárias mudem e se obtenham novas informações, as
medidas fitossanitárias deverão ser modificadas imediatamente, incorporando as proibições,
restrições ou requisitos necessários para sua efetividade ou eliminando aquelas desnecessárias.
A CIPF e o principio da transparência (NIMF nº 01,1995). Exigem que os países
comuniquem, quando solicitados, dos fundamentos dos requisitos fitossanitários. O processo
completo, desde o inicio até o manejo de risco de pragas, devera estar suficientemente
documentado, de maneira que quando se efetue uma revisão ou surja uma controvérsia, possam
demonstrar claramente as fontes de informações 4e os princípios utilizados para adotar a decisão
com respeito ao manejo de risco.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da Instrução Normativa (IN)
Ministerial nº 59 de 21/11/02, publicada no D.O.U. em 22/11/02, estabelece em seu artigo 1º que a
importação de produtos vegetais obedecerão aos requisitos fitossanitários estabelecidos através de
Analise de Risco de Pragas – ARP, e que a mesma obedecera aos procedimentos constantes no
anexo da referida IN. Em seu parágrafo único diz: “Em caso de relevante interesse publico, os
produtos vegetais que não disponham de requisitos fitossanitários estabelecidos poderão,

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 91


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excepcionalmente, ter a sua importação autorizada pelo MAPA, em volumes e por períodos
determinados, com base em requisitos fitossanitários de aplicação emergenciais, estabelecidos pelo
DSV”.
Os produtos vegetais tradicionalmente importados de uma determinada origem, que não
disponham de requisitos fitossanitários específicos regulamentados, poderão continuar sendo
importados, enquanto se conclui a respectiva ARP, sendo necessária a existência de processo
devidamente instruído e protocolado no MAPA. A importação poderá ser suspensa, até que se
conclua a ARP, quando ocorrer a interceptação de praga quarentenária por ocasião da inspeção no
ponto de entrada; quando verificada a relação entre a ocorrência da praga quarentenária no campo e
uma determinada importação; ou quando constatada a alteração da situação fitossanitária do
produto, tradicionalmente importado, no pais de origem, conforme estabelece a IN Ministerial nº 60
de 21/11/02, publicada no D.O.U. de 22/11/02.
As ARPs são realizadas pelo DSV ou em cooperação com Centros Colaboradores
credenciados contratados e indicados pelo interessado. As analises realizadas pelos Centros
Colaboradores deverão ser encaminhas ao DSV para parecer final. Os requisitos fitossanitários
estabelecidos através de ARPs aprovadas pelo DSV são parte integrante das Autorizações
Fitossanitárias de Importação (AFIDI). O resultado das ARPs deverá ser publicado no D.O.U., por
meio de Instruções Normativas da SDA.

ARP para pragas não quarentenárias regulamentadas (PNQR)

Esta categoria de pragas regulamentadas é relativamente nova. Seu conceito foi definido no
ultimo texto revisado da CIPF (novembro, 1997) e poucas referencias existem a este respeito.
Recentemente, foi aprovada a NIMF nº 16 (2002) – “Pragas Não Quarentenárias
Regulamentadas: Conceito e Aplicação”. Esta NIMF descreve o conceito de PNQR e identifica suas
características. Também descreve a aplicação do conceito de PNQR e identifica suas características.
Também descreve a aplicação do conceito na pratica e os elementos relevantes para sistemas de
regulamentação.
A aplicação do conceito compreende os princípios de justificação técnica, analise de risco,
manejo do risco, mínimo impacto, equivalência e transparência. Todos estes fatores devem ser
considerados quando forem definidos os requerimentos para aplicação de medidas para as PNQRs.
O Comitê de Sanidade Vegetal do Cone Sul (COSAVE) desenvolveu o pré - Estândar
Regional de Proteção Fitossanitária (ERPF): “Diretrizes para a Analise de Risco de Pragas Não
Quarentenárias Regulamentadas”, o qual esta em fase final de aprovação (consulta pública). Este
ERPF deverá ser encaminhado, como proposta de NIMF, à Comissão Interina de Medidas
Fitossanitárias/CIPF/FAO, para consideração. Todo trabalho desenvolvido pelo COSAVE seguiu os
princípios e conceitos aprovados pela NIMF nº 16, 2002.
Segundo o PRÉ-ERPF, a analise de risco de PNQRs consta de quatro etapas: Inicio do
Processo, Categorização da Praga, Avaliação do Risco e Manejo do Risco. Em uma ARP para

92 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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PNQRs deve-se considerar em todo o processo, além da praga, o hospedeiro específico e o uso
proposto da planta para plantar (PPP).
O inicio do Processo de ARP é dado pela identificação da praga, de uma PPP ou por uma
decisão política de revisar uma medida fitossanitária.
A categorização da praga define se a mesma é em potencial PNQR.
Na etapa de avaliação do risco de uma PNQR examina-se o risco da praga causar uma
repercussão econômica inaceitável (qualquer perda direta ocasionada pela praga, demonstrada
cientificamente e que se considera inaceitável na área de ARP, como resultado de um juízo) A
etapa de manejo do risco envolve o desenvolvimento, avaliação, comparação e seleção de opções
para reduzir o risco. Nesta etapa, estabelecem-se as medidas fitossanitárias necessárias para reduzir
as chances de uma eventual repercussão econômica inaceitável ocasionada pela PNQR na área.
Diferentemente do exposto para PQ, a área de ARP de PNQRs se refere a um país, uma vez que,
por definição, as PNQRs estão presentes e possivelmente, amplamente distribuídas.
O Brasil já está trabalhando para a categorização destas pragas em sementes. Para tanto foi
instituído, a nível nacional, o “Programa de Sanidade de Pragas Não Quarentenárias
Regulamentadas na Produção e Comercialização de Sementes”.
As figuras 1,2 e 3 mostram as etapas que devem ser seguidas durante uma Análise de Risco
de Pragas
Observação: O Grupo de Trabalho de Pragas não Quarentenárias Regulamentadas do
COSAVE, juntamente com o Grupo de Pragas Quarentenárias, está desenvolvendo um novo
modelo de ARP, com o objetivo de adequá-lo ao novo texto da Convenção Internacional de
Proteção Fitossanitária (29 sessão, nov/97), que criou uma nova categoria de praga: Praga Não
a

Quarentenária Regulamentada.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 93


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Figura 4 - Fase I - Iniciação

94 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Figura 5 - Fase II – Avaliação do Risco

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 95


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Figura 6 - Fase III – Manejo

F - Diretivas para a caracterização de áreas livres de pragas – ALP

O presente standard estabelece as diretivas para a declaração e reconhecimento de uma área


livre e os requisitos que esta deve cumprir.
Uma área livre de pragas pode ser:
• um país inteiro;
• parte não infestada de um país, no qual se apresenta uma área com infestação
limitada;
• parte não infestada de um país situada dentro de uma área com infestação
generalizada ou possivelmente infestada.
• parte não infestada de vários países limítrofes.

O estabelecimento e uso de ALP possibilitam essencialmente o movimento de vegetais e/ou


produtos vegetais desde esta área, sem aplicar medidas fitossanitárias adicionais quando se
cumprem certos requisitos. Em princípio, os requisitos para o estabelecimento e uso de ALPs como
medida fitossanitária podem incluir:
• prospecções (delimitação, detecção, monitoramento);
• regularização e controle;
• auditoria (revisão e avaliação); e
• documentação (informes, planos de trabalho).

96 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Requisitos gerais para as áreas livres de pragas

1 - Extensão geográfica

Uma ALP pode ser definida, em princípio, em qualquer escala, relacionada à biologia da
praga quarentenária em questão.

2- País inteiro

Neste caso, “país livre de uma praga específica se aplica a uma entidade política sobre a qual
a Organização Nacional de Proteção Fitossanitária (ONPF) tem responsabilidade. Podem ser usados
dois sistemas para fornecer garantias”:

2.1- A ausência da praga é verificada por uma prospecção oficial de detecção.

Quando a “ausência da praga verificada” é fornecida por uma Organização Nacional de


Proteção Fitossanitária (ONPF), suas bases podem ser fundamentadas com mais detalhes em
discussões bilaterais por solicitação do país importador. Isto deve incluir:
a) Prospecções: uma prospecção oficial de detecção deve ser realizada em forma tal que
possa detectar a praga a um nível definido e, opcionalmente, pode ser seguida por uma prospecção
de monitoramento.
b) Regularização e Controle: estas podem consistir em regulamentações fitossanitárias do
país que se declara livre da praga para prevenir a introdução da mesma, com controles dos
cumprimentos específicos, nos pontos de ingresso.
c) Auditoria/Documentação: pode incluir evidências em apoio dos resultados das
prospecções oficiais, das regulamentações fitossanitárias, informação sobre a ONPF, e toda outra
informação que possa ser requerida em apoio à declaração “ausência da praga indicada” (ver item
2.2, a seguir).

2.2 - A ausência da praga é indicada pela ausência de registros oficiais ou publicados.

Quando a declaração “ausência da praga indicada” é fornecida por uma ONPF, ela pode ser
documentada com mais detalhe em discussões bilaterais por solicitação do país importador. Deve
existir um fundamento definido para esta declaração, por exemplo, revisão bibliográfica,
informação histórica, mapas de distribuição internacional, bancos de dados internacionais etc.

3 - Parte não infestada de um país no qual ocorre uma área infestada limitada

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 97


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Neste caso a distribuição da praga está limitada a uma parte do país, como estabelece a
ONPF. Utilizam-se controles oficiais para conter e/ou suprimir a população da praga. Quando a
declaração “área livre de praga” é fornecida por uma ONPF suas bases podem ser descritas em
discussões bilaterais por solicitação do país importador. Estas podem incluir:

3.1 - Prospecção: uma prospecção oficial de delimitação para determinar a extensão da


infestação. Adicionalmente, uma prospecção oficial de detecção pode ser requerida para a área não
infestada, de maneira que possa detectar a praga a um nível definido.

3.2.- Regularizações e controle: um exemplo destes são as regulamentações fitossanitárias


para prevenir a introdução da praga na área não infestada, com os controles de cumprimento
associados nos pontos de ingresso. Também podem ser requeridas regulamentações fitossanitárias
para o movimento de material hospedeiro, desde a área infestada até a área não infestada para
prevenir a dispersão artificial da praga.

3.3- Inspeção/Documentação: inclui, por exemplo, evidência em apoio dos controles


oficiais, tais como os resultados de prospecções, as regulamentações fitossanitárias e informação da
ONPF.
O status “ausência da praga indicada” (ver item 2.2) pode ser aplicado, se corresponde, à
parte não infestada de um país no qual ocorre uma área infestada limitada.

4 - Parte não infestada de um país, situada dentro de uma área infestada

Este tipo de ALP se aplica a uma área, dentro de uma área infestada, na qual se estabeleceu a
ausência da praga e se mantém, de maneira que um país exportador possa utilizar este status como
base para a certificação fitossanitária de vegetais ou produtos vegetais.
Em certos casos uma ALP pode ser estabelecida dentro da área cujo estado de infestação não
se verificou. Em tais casos, a área que a rodeia considera-se como infestada para propósitos
práticos.
Quando a declaração “área livre de pragas” é fornecida por uma ONPF, suas bases podem
ser fundamentadas em discussões bilaterais por solicitação do país importador.
Isto deve incluir:

4.1 - Prospecções: estas devem incluir prospecções de delimitações e monitoramento.

4.2 - Regularizações e controle: quando necessário deve buscar-se um acordo entre as


ONPFs envolvidas nas regularizações e controle para assegurar a manutenção do estado da área
livre da praga. As ONPFs necessitam dispor da autoridade legal apropriada para exercer
regularizações e controles.

98 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Curso: Proteção de Plantas

4.3 - Auditoria/documentação: isto se refere à revisão e avaliação da instrumentação do


acordo que possa ser realizado pela ONPF do país importador. A documentação fornece a todas as
partes interessadas um claro entendimento dos termos do acordo, sua operação e dos resultados
esperados.

5 - Bases técnicas dos requisitos

5.1 - Prospecções: deve alcançar-se um acordo entre duas (ou mais) ONPFs envolvidas, em
relação aos detalhes técnicos dos procedimentos apropriados de prospecções. Tais detalhes técnicos
podem incluir:
• O nível de garantia fornecido pela prospecção;
• Métodos de detecção, técnicas de amostragem e análises apropriadas da biologia da
praga;
• Duração da prospecção de acordo com a biologia da praga; e
• Factibilidade operacional.

5.2 - Regularizações e controle: as regularizações e controle para prevenir a dispersão


artificial da praga podem incluir o direito a:
• Ingressar;
• Restringir o movimento dos produtores;
• Restringir o movimento de embarques;
• Inspecionar;
• Confiscar;
• Estabelecer quarentenas; e
• Tomar decisões regulamentares de controle, no caso de detecção de pragas.

5.3 - Auditoria/documentação: a documentação deve incluir:


• O acordo;
• Plano operativo;
• Resultados das prospecções;
• Informes da detecção de pragas e das ações tomadas;
• Informes de auditorias; e
• Certificação fitossanitária.

Um plano operativo fornece detalhes específicos das atividades requeridas na


operacionalização de uma ALP, incluindo as funções e responsabilidades da ONPF exportadora, da
ONPF importadora e dos produtores e indústrias dos países exportadores.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 99


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Curso: Proteção de Plantas

Literatura consultada

ABEAS. Curso de Especialização por Tutoria a Distância. Curso de Proteção de Plantas. Módulo
1.2 - Legislação e Normas. Brasília, 2000.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento/Gabinete do Ministro. Portaria n 641 de o

03 de outubro de 1995. Diário Oficial da União de 10/10/95 (Suplemento).

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento/Gabinete do Ministro. Portaria n 180 de o

21 de março de 1996. Diário Oficial da União de 25/03/96 (Suplemento).

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento/Gabinete do Ministro. Portaria n 364 de o

03 de julho de 1996. Diário Oficial da União de 09/07/96.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Decreto n 24.114 de 12 de abril de 1934.


o

Aprova o Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal. Diário Oficial da União de 04/05/34.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Manual de Procedimentos Operacionais


da Vigilância Agropecuária Internacional. Comitê Gestor da Vigilância Agropecuária
Internacional. Brasília, 1997.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Revista de Política Agrícola. Ano VII-N o

03. Companhia Nacional de Abastecimento. Brasília, 1998.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Legislação Federal de Agrotóxicos e


Afim. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, 1998.

BRASIL. Ministério de Relações Exteriores. O Mercosul Hoje. Site na Internet. Brasília, 1998.
FAO. International Standards for Phytosanitary Measures. Requirements for the establishment
of Pest Free Areas. Rome, 1996.

FAO. International Standards for Phytosanitary Measures. Guidelines for Pest Risk Analysis.
Rome, 1996.

FAO. Revisión de La Convención Internacional de Protección Fitosanitaria. Comissión Interina


de Medidas Fitossanitárias. Roma, 1998.

100 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Curso: Proteção de Plantas

Questão dissertativa

Descreva resumidamente (no máximo uma folha) sobre uma das opções abaixo:

(Sugestão: Word; espaçamento 1,5; letra Arial e tamanho 12).

1 - A IMPORTÂNCIA DOS OGM’S NA PROTEÇÃO DE PLANTAS E A LEGISLAÇÃO


BRASILEIRA QUE AUTORIZA A COMERCIALIZAÇÃO DA SOJA TRANSGÊNICA.

2- IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DO TRÂNSITO INTERNACIONAL DE EMBALAGENS


DE MADEIRA.

3- CERTIFICADO FITOSSANITÁRIO DE ORIGEM

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 101


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Resposta do pré-teste

Questões Respostas
1 a
2 b
3 d
4 c
5 a
6 d
7 a
8 d
9 c
10 c
11 b

102 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Apêndice

A. Glossário de termos fitossanitários

AFIDI Abreviatura de Autorização Fitossanitária de Importação.


ALP Abreviatura para área livre de praga.
ANÁLISE Exame oficial (não visual), para determinar se existem pragas
presentes ou para identificar tais pragas.
ANÁLISE DE RISCO DE Processo de avaliação biológica, cientifica e econômica para
PRAGA determinar se uma praga deveria ser regulamentada e a intensidade de
qualquer medida fitossanitária para controla-la.
AO Análise oficial
APROVAÇÃO (de um embarque) Verificação do cumprimento das regulamentações fitossanitárias.
APROVAÇÃO PRÉ- Certificação fitossanitária e/ou aprovação no país de origem
EMBARQUE realizada por ou sob a supervisão regular da Organização Nacional
de Proteção Fitossanitária do país de destino.
ÁREA Um país, parte de um país ou partes de vários paises, definidos
oficialmente,
ÁREA SOB QUARENTENA Uma área dentro da qual uma praga quarentenária esta presente e
está oficialmente controlada.
ÁREA POSTA EM PERIGO Uma área onde os fatores ecológicos favorecem o estabelecimento de
uma praga, e na qual sua presença pode derivar em perdas
econômicas importantes.
ÁREA LIVRE DE PRAGA Uma área na qual uma praga especifica não ocorre como o demonstra
a evidencia cientifica e na qual quando corresponde, esta condição é
oficialmente mantida.
*ÁREA LIVRE DE PRAGA Mínima unidade político-administrativa, ou sua parte, que possibilita a
efetiva aplicação das medidas fitossanitárias, necessárias para
proteger uma área posta em perigo, em relação com a biologia da
praga.
ARP Abreviatura de Análise de Risco de Praga.
AVALIAÇÃO DO RISCO DE Determinação quarentenária de uma praga e avaliação de sue
PRAGA potencial de introdução.
BULBOS E TUBÉRCULOS Órgãos vegetais subterrâneos, latentes, destinados a plantação.
CATEGORIA DE As espécies de vegetais capazes, sob condições naturais, de ser
HOSPEDEIROS infestada ou infectada com uma praga específica.
*CATEGORIA DE RISCO Classificação dos vegetais e produtos vegetais em relação a seu risco
FITOSSANITÁRIO fitossanitário, em função de seu nível de processamento, forma de
apresentação e uso proposto.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 103


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Curso: Proteção de Plantas

CERTIFICADO Documento oficial que certifica a condição fitossanitária de qualquer


embarque sujeito a regulamentação /regulação fitossanitária.
CERTIFICAÇÃO O uso de procedimentos fitossanitários que conduzem à emissão de
FITOSSANITÁRIA um Certificado Fitossanitário.
CERTIFICADO Um certificado desenhado segundo modelo de certificado da CIPF
FITOSSANITÁRIO
CILINDROS OU TRONCOS Madeira não serrada longitudinalmente, apresentando sua superfície
natural arredondada, com ou sem casca.
CIPF Abreviatura para a Convenção Internacional de Proteção
Fitossanitária.
*CLASSE DE PRODUTO Grupo de produtos que podem ser considerados em forma similar pela
regulamentação/regulação fitossanitária.
CONTENÇÃO A aplicação de medidas fitossanitárias em/e ao redor de uma área
infestada para prevenir a dispersão de uma praga.
CONTROLE (de uma praga) Contenção, supressão ou erradicação da população de uma praga.
CPE Quarentena Pós-entrada
CULTIVO DE TECIDOS Ver vegetais em cultivo de tecidos.
DECLARAÇÃO ADICIONAL Cláusula cuja inclusão no Certificado Fitossanitário é requerida pelo
país importador e a qual fornece informação adicional específica em
relação à condição fitossanitária do embarque.
DESCORTICADO Remoção do córtex da madeira (o descorticado não deixa
(ou Descortiçado) necessariamente a madeira livre da casca).
DETENÇÃO Retenção de um embarque sob custódia oficial ou confinamento por
razões fitossanitárias.
DISPERSÃO Expansão da distribuição geográfica de una praga dentro de uma
área.
EMBARQUE Quantidade de vegetais, produtos vegetais e/ou outros objetos de
normalização movidos de um país a outro e amparados por um só
Certificado fitossanitário (um embarque pode estar composto por um
ou mais lotes).
ENCONTRADO LIVRE O resultado de inspecionar um embarque, campo ou lugar de
produção e considerá-lo livre de uma praga especifica.
EQUIVALÊNCIA A condição de medidas fitossanitárias que não são idênticas, mas que
têm o mesmo efeito.
ERRADICAÇÃO A aplicação de medidas fitossanitárias para eliminar uma praga de
uma área na que se encontra estabelecida.
ESTABELECIMENTO O estabelecimento (perpetuação) de uma praga dentro de uma área
após de seu ingresso.
ESTAÇÃO QUARENTENARIA Estação oficial para manter vegetais ou produtos vegetais em
quarentena.
FITOSSANITÁRIO Relativo à proteção vegetal.
FOCO Uma população de praga isolada, recentemente detectada e com
probabilidade de sobreviver no futuro imediato.
FOLHAGEM,FLORES Partes frescas de vegetais destinadas ao uso decorativo e não à
CORTADAS plantação.

104 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Curso: Proteção de Plantas

FRESCO Vivo, não dessecado, congelado ou conservado de outra maneira.


FRUTAS E HORTALIÇAS Partes frescas de vegetais destinadas ao consumo ou processamento.
FUMIGAÇÃO Tratamento quarentenário com um agente químico que atinge o
produto, completamente ou primariamente em estado gasoso.
GERMOPLASMA Vegetais destinados à utilização em programas de melhoramento ou
conservação.
GRÃO Sementes destinadas exclusivamente ao processamento ou consumo
(ver sementes).
HARMONIZAÇÃO O desenvolvimento, reconhecimento e aplicação por diferentes países
de medidas fitossanitárias, baseadas em standards comuns.
INGRESSO (de um embarque) Entrada em uma área através de um ponto de ingresso.
INGRESSO (de uma praga) Entrada de uma praga em uma área onde não está ainda presente, ou
estando não se encontra amplamente distribuída e está sendo
oficialmente controlada.
INSPEÇÃO Exame visual oficial de vegetais, produtos vegetais ou outros objetos
de normalização, para determinar se existem pragas presentes e/ou
para determinar o cumprimento das regulamentações/regularizações
fitossanitárias.
INSPEÇÃO DE CAMPO Inspeção de vegetais em um campo durante o estágio de crescimento
e reprodução, segundo corresponda.
INSPEÇÃO NO ESTÁGIO DE Ver Inspeção de campo.
CRESCIMENTO
INSPETOR Pessoa autorizada por uma Organização Nacional de Proteção
Fitossanitária para realizar suas funções.
INTERCEPTAÇÃO (de um A recusa ou ingresso controlado de um embarque importado, devido
embarque) ao não cumprimento das regulamentações/regularizaçaõ
fitossanitárias.
INTERCEPTAÇÃO (de uma A detecção de uma praga durante a inspeção de um embarque.
praga)
INTRODUÇÃO Ingresso de uma praga que resulta em seu estabelecimento.
LEGISLAÇÃO Leis básicas que dão a uma Organização Nacional de Proteção
FITOSSANITÁRIA Fitossanitária, a autoridade legal para estabelecer regulamentações
/regularizações Fitossanitárias.
LIBERAÇÃO (de um embarque) Autorização para seu ingresso logo após a inspeção e sua aprovação.
LIVRE DE Aplica-se a um embarque, campo ou lugar de produção, sem
pragas (ou pragas específicas) em número ou quantidades que
possam ser detectadas pela aplicação de procedimentos fitossanitários.
LOTE OU PARTIDA Um número de unidades de um só produto, identificável por sua
homogeneidade de composição, origem etc., sendo parte de um
embarque.
LUGAR DE PRODUÇÃO Qualquer campo ou conjunto de campos operados como uma só
unidade de produção ou cultivo.
MADEIRA Tronco (serrado para tábuas) ou cilindros de madeira serrada, lascas,
ou material de estiva, com ou sem casca.
MADEIRA SERRADA Madeira serrada longitudinalmente, com ou sem sua superfície natural,

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 105


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Curso: Proteção de Plantas

arredondada, com ou sem casca.


MADEIRA DE ESTIVA Madeira usada para separar o sustentar cargas.
MANEJO DO RISCO DE O processo de tomada de decisão para reduzir o risco de introdução
PRAGA de uma praga quarentenária.
MATERIAL DE PROPAGAÇÃO Ver vegetais para plantação.
MEDIDA FITOSSANITÁRIA Qualquer legislação, regulamentação ou procedimento oficial que
tenha o propósito de prevenir a introdução e/ou dispersão de pragas
quarentenárias.
*OBJETO DE Qualquer lugar de armazenagem, (inclui produtos, meios de
NORMALIZAÇÃO transporte, contentores, processos ou serviços) qualquer outro objeto
ou material capaz de abrigar ou dispersar pragas vegetais,
particularmente quando se envolve o transporte internacional.
OFICIAL Estabelecido, autorizado ou realizado por uma Organização Nacional
de Proteção Fitossanitária.
ONPF Abreviatura de Organização Nacional de Proteção Fitossanitária.
ORGANIZAÇÃO NACIONAL Serviço Oficial, estabelecido por um governo, encarregado das
DE PROTEÇÃO funções especificadas pela CIPF.
FITOSSANITÁRIA
PAÍS DE ORIGEM País no qual um embarque de vegetais foi cultivado.
PAÍS DE RE-EXPORTAÇÃO País através do qual um embarque de vegetais passou e pôde ser
dividido, armazenado ou re-embalado e é exportado, sem perder sua
identidade de origem.
PAÍS DE TRÂNSITO País através do qual um embarque de vegetais passou sem ser
dividido, armazenado o re-embalado, sem haver sido exposto à
contaminação por pragas nesse país.
PERMISSÃO DE Documento oficial autorizando
IMPORTAÇÃO a importação de um produto, em conformidade com os requisitos
fitossanitários especificados.
PLANTAS PARA PLANTAR Plantas destinadas a permanecer plantada, a ser plantadas ou
replantadas.
PRAGA Qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetais, animais ou agentes
patogênicos, nocivos para os vegetais ou produtos vegetais.
PRAGA QUARENTENARIA Uma praga de importância econômica potencial para a área posta em
perigo e onde ainda não está presente ou se está, não se encontra
amplamente distribuída e oficialmente controlada.
*PRAGA QUARENTENARIA A1 Uma praga de importância econômica potencial para a área posta
em perigo pela mesma e onde ainda não se encontra presente.
*PRAGA QUARENTENARIA A2 Uma praga de importância econômica potencial para a área posta
em perigo, onde tem distribuição limitada e é oficialmente controlada.
*PRAGA NÃO Praga não-quarentenária cuja presença em Plantas para Plantar
QUARENTENARIA influem no uso proposto destas plantas, com repercussões
REGULAMENTADA econômicas inaceitáveis e que, por tanto, está regulamentada no
território da parte importadora.
*PRAGA NÃO Uma praga que não é uma praga quarentenária para uma área.
QUARENTENÁRIA
PRAGA VEGETAL Ver praga.

106 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Curso: Proteção de Plantas

PLANTIO (incluído Qualquer das operações para colocar vegetais em um meio de


REPLANTIO) crescimento, para assegurar seu subseqüente crescimento, reprodução
ou propagação.
POTENCIAL DE Ver Potencial de Dispersão.
DISSEMINAÇÃO
POTENCIAL DE DISPERSÃO Probabilidade de dispersão de uma praga, em um futuro previsível.
POTENCIAL DE Probabilidade de estabelecimento de uma praga.
ESTABELECIMENTO
POTENCIAL DE INGRESSO Probabilidade de ingresso de uma praga.
POTENCIAL DE Probabilidade de introdução de uma praga.
INTRODUÇÃO
PRATICAMENTE LIVRE Aplica-se a um embarque, campo ou lugar de produção, que como
resultado da inspeção, se encontrou sem pragas (ou uma praga
específica) em número que exceda ao que se espera que resulte da
aplicação de boas práticas agrícolas e de manipulação, empregadas na
produção e comercialização do produto.
PROCEDIMENTO Ver Procedimento Fitossanitário.
QUARENTENÁRIO
PROCEDIMENTO Qualquer método oficialmente prescrito para realizar inspeções,
FITOSSANITÁRIO provas, prospecções ou tratamentos em conexão com a quarentena
vegetal.
PRODUTO Mercadoria, tipo de vegetal, produto vegetal, ou outro artigo regulado
que está sendo movido por razões comerciais ou outros propósitos.
PRODUTOS ARMAZENADOS Produtos vegetais não manufaturados, destinados ao consumo ou
processamento, armazenados em forma seca (isto inclui em particular
grãos, frutos e hortaliças secas).
PRODUTO VEGETAL Material não manufaturado de origem vegetal (incluindo grãos) e
aqueles produtos manufaturados que, por sua natureza ou a de seu
processamento, podem criar um risco de dispersão de pragas.
PROIBIÇÃO Uma regulamentação/regularização fitossanitária proibindo a
importação ou movimento de pragas ou produtos especificados.
PROSPECÇÃO Procedimentos metódicos para determinar as características da
população de uma praga ou para determinar que espécies ocorrem na
área.
*PROSPECÇÃO DE Uma prospecção conduzida para estabelecer os limites de uma área
DELIMITAÇÃO considerada infestada por uma praga ou livre dela.
*PROSPECÇÃO DE Uma prospecção periódica que se realiza para verificar as
DETECÇÃO E características populacionais de uma praga numa área.
MONITORAMENTO

REGULAMENTAÇÃO/ Normas oficiais para prevenir, conter, controlar ou erradicar pragas,


REGULARIZAÇÃO através da regulamentação da produção, do movimento,
FITOSSANITÁRIA armazenamento de produtos ou outros objetos de normalização da
atividade das pessoas, assim como o estabelecimento de esquemas
para a certificação fitossanitária.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 107


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Curso: Proteção de Plantas

RECUSA Proibição do ingresso de um embarque ou outros objetos de


normalização quando falham no cumprimento das
regulamentações/regularizações fitossanitárias.
REGIÃO Os territórios combinados dos países membros de uma Organização
Regional de Proteção Fitossanitária.
REPLANTIO Ver Plantio.
SEMENTES Partes vegetais destinadas a semeadura ou plantação (ver Grãos).
STANDARD Documento estabelecido por consenso e aprovação por um organismo
reconhecido, que fornece para uso comum e repetido, regras, diretivas
ou características para atividades ou seus resultados, com o propósito
de alcançar o grau ótimo de ordem em um contexto dado (ISO/IEC
Guide 2: 1991 definition).
SUPRESSÃO A aplicação de medidas fitossanitárias em uma área infestada para
reduzir a população de pragas e conseqüentemente limitar sua
dispersão.
TRÂNSITO Ver País de trânsito.
TRANSPARÊNCIA O princípio de fazer disponíveis, a nível internacional, as medidas
fitossanitárias e seu fundamento.
TRATAMENTO Procedimento oficialmente autorizado para exterminar, remover ou
tornar infértil as pragas.
VIZINHANÇA IMEDIATA Campos ou lugares de produção adjacentes a outro determinado.
VEGETAIS Plantas vivas e suas partes, incluindo sementes.
VEGETAIS EM CULTIVO DE Vegetais em um meio asséptico claro confinados em um recipiente
TECIDO transparente.
VIA Qualquer meio que permita a entrada ou dispersão de uma praga.
*USO PROPOSTO Destino final do vegetal, ou suas partes, que pode ser a propagação, o
consumo, a transformação ou a industrialização.
(*) Termos não incluídos no Glossário da FAO.

B - Manual de Procedimentos Operacionais da Vigilância Agropecuária Internacional


(Portaria n 51 da DAS/MA, de 15/09/98 - DOU de 18/09/98). (ESTE MANUAL ENCONTRA-SE
o

EM REVISÃO – FOI PUBLICADA A PORTARIA Nº 234, DE 29/12/2005, QUE COLOCA EM


CONSULTA PÚBLICA A NOVA VERSÃO DO MANUAL DO VIGIAGRO).

C - Regulamento de defesa Sanitária Vegetal

D - Convenção Internacional de Proteção Fitossanitária – CIPF

Atenção: Estes últimos documentos relacionados acima constam de um apêndice


incorporado neste módulo e destina-se ao aprofundamento do estudo da Legislação
Fitossanitária.

108 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Curso: Proteção de Plantas

E - Organização Mundial de Saúde - 20 Questões Sobre Alimentos Geneticamente


Modificados

Organização Mundial de Saúde

São 20 questões sobre alimentos geneticamente modificados.

(Texto traduzido para o português a partir de original em inglês que pode ser obtido no
endereço: http://www.who.int/foodsafety/publications/biotech/20questions/en/ )

Estas perguntas e respostas foram preparadas pela Organização Mundial de Saúde – OMS,
em resposta às questões e preocupações de diversos Estados Membros da OMS acerca da natureza e
segurança dos alimentos geneticamente modificados.

Q1. O que são organismos geneticamente modificados (GM) e alimentos GM?

Organismos geneticamente modificados (OGMs) podem ser definidos como organismos nos
quais o material genético (DNA) foi alterado de uma maneira que não ocorreria naturalmente.
Normalmente, esta tecnologia é denominada "biotecnologia moderna" ou "tecnologia genética",
algumas vezes também pode ser denominada "tecnologia de recombinação de DNA" ou ainda
"engenharia genética". Esta tecnologia permite que genes individuais selecionados sejam
transferidos de um organismo para outro, inclusive entre espécies não relacionadas.
Estes métodos são usados para criar plantas GM – que são, então, usadas para o cultivo de
alimentos.

Q2. Por que são produzidos os alimentos GM?

Os alimentos GM são desenvolvidos – e comercializados – porque há uma certa vantagem


para o produtor ou para o consumidor destes alimentos. Isto deve ser entendido como um produto
com preço reduzido, maior benefício (em termos de durabilidade ou valor nutritivo) ou ambos. No
início, os criadores de sementes GM queriam que seus produtos fossem aceitos pelos produtores,
então se concentraram em inovações que os agricultores (e a indústria alimentícia de uma maneira
mais geral) apreciariam.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 109


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Curso: Proteção de Plantas

O objetivo inicial para o desenvolvimento de plantas baseadas em organismos GM era


melhorar a proteção à lavoura. As culturas GM que se encontram atualmente no mercado são
basicamente direcionadas para um maior nível de proteção através da introdução da resistência
contra as doenças das plantas que são principalmente causadas por insetos ou vírus ou por um
aumento da tolerância aos herbicidas.
A resistência aos insetos é conseguida incorporando-se na planta o gene para a produção da
toxina da bactéria Bacillus thuringiensis (BT). Esta toxina atualmente é usada como um inseticida
convencional na agricultura e é segura para o consumo humano. As lavouras GM que produzem
permanentemente esta toxina têm demonstrado exigir menores quantidades de inseticidas em
situações específicas, ex. onde é alta a pressão exercida pela praga. A resistência do vírus é
conseguida através da introdução do gene de alguns dos vírus que podem causar doenças nas
plantas. A resistência do vírus torna a planta menos suscetível às doenças causadas por estes vírus,
resultando em lavouras com maior produtividade.
A tolerância ao herbicida é obtida através da introdução de um gene de uma bactéria que
leva à resistência a alguns herbicidas. Em situações onde a pressão exercida pelas ervas daninhas é
alta, o uso destas lavouras tem resultado na redução da quantidade dos herbicidas usados.

Q3. Os alimentos GM são avaliados de maneira diferente dos alimentos tradicionais?

De uma maneira geral, os consumidores consideram que os alimentos tradicionais (que têm
sido consumidos há milhares de anos) são seguros. Quando novos alimentos são desenvolvidos
através de métodos naturais, algumas das características existentes dos alimentos podem ser
alteradas de uma forma positiva ou negativa. As autoridades nacionais podem ser chamadas para
examinar os alimentos tradicionais, mas este nem sempre é o caso. Na verdade, as novas plantas,
desenvolvidas através de técnicas tradicionais de concepção podem não ser rigorosamente avaliadas
utilizando-se as técnicas de avaliação de risco.
Com alimentos GM a maioria das autoridades nacionais considera ser necessária uma
avaliação específica. Foram criados sistemas específicos para uma rigorosa avaliação dos
organismos e alimentos GM tanto com relação à saúde humana como com o meio ambiente.
Geralmente, os alimentos tradicionais não são submetidos a avaliações similares. Portanto, há uma
grande diferença no processo de avaliação para estes dois grupos de alimentos antes de serem
comercializados.
Um dos objetivos do Programa de Segurança Alimentar da OMS é auxiliar as autoridades
nacionais na identificação de alimentos que deveriam ser submetidos à análise de risco, incluindo os
alimentos GM, e recomendar avaliações corretas.

110 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Curso: Proteção de Plantas

Q4. Como são determinados os potenciais riscos para a saúde humana?

A avaliação de segurança dos alimentos GM geralmente analisa: (a) os efeitos diretos na


saúde (toxidade), (b) a tendência de provocar reação alérgica (alergenicidade); (c) componentes
específicos que se acredita terem propriedade nutritivas ou tóxicas; (d) a estabilidade do gene
inserido; (e) efeitos nutritivos associados à modificação genética; e (f) quaisquer efeitos
indesejáveis que poderiam resultar da inserção do gene.

Q5. Quais são os principais pontos de preocupação quanto à saúde humana?

Embora discussões teóricas tenham coberto uma ampla gama de aspectos, os três principais
pontos debatidos são as tendências em provocar reação alérgica (alergenicidade), a transferência do
gene e a mutação externa.
Alergenicidade. Como uma questão de princípio, a transferência de genes de alimentos que
normalmente são alergênicos é desencorajada a menos que se possa demonstrar que a proteína, que
é produto da transferência do gene, não é alergênica. Embora os alimentos criados de maneira
tradicional não sejam testados quanto à alergenicidade, os protocolos para testes de alimentos GM
foram avaliados pela Organização de Alimentos e Agricultura dos Estados Unidos (FAO) e pela
OMS. Nenhum efeito alérgico foi detectado com relação aos alimentos GM que estão atualmente no
mercado.
Transferência de Gene. A transferência do gene Alimentos GM para as células do corpo ou
para a bactéria encontrada no trato gastrintestinal seria motivos de preocupação se o material de
transferência genética afetasse de maneira adversa a saúde humana. Isto seria particularmente
relevante se genes com resistência a antibióticos, fosse transferidos no desenvolvimento de OGMs.
Embora a probabilidade de transferência seja baixa, o uso da tecnologia sem genes resistentes a
antibióticos foi desencorajado por um recente painel de peritos da FAO/OMS.
Mutação Externa. A mutação dos genes de plantas GM para culturas convencional ou
espécies relacionadas na natureza (denominado "cruzamento externo"), bem como a mistura de
culturas derivadas de sementes convencionais com aquelas cultivadas usando culturas GM, pode ter
um efeito indireto sobre a segurança dos alimentos. Este é um risco real, como foi demonstrado
quando traços de uma tipo de milho, o qual somente foi aprovado para uso como ração apareceu em
produtos para consumo humano nos Estados Unidos da América. Diversos países adotaram
estratégias para reduzir a mistura, incluindo uma clara separação dos campos onde são plantadas
culturas GM e culturas convencionais.
Encontra-se em discussão a possibilidade e os métodos de monitoramento de segurança pós-
comercialização de produtos de alimentos GM.

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 111


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Q6. Como é feita a análise de risco para o meio-ambiente?

As avaliações de risco ao meio ambiente abrangem a preocupação com o OGM e o com o


meio ambiente que potencialmente o recebe. O processo de avaliação inclui as características do
OGM, bem como seu efeito e estabilidade no meio ambiente combinada com as características do
ambiente onde ocorrerá a introdução.
A avaliação também inclui efeitos não desejáveis que pudesse resultar na inserção de um
novo gene.

Q7. Quais são os pontos de preocupação com relação ao meio ambiente?

Os pontos de preocupação incluem: a capacidade do gene escapar e ser potencialmente


introduzido em populações selvagens; a persistência do gene após o OGM ser colhido; a
susceptibilidade de organismos não objetivados (ex. insetos que não são pragas) ao gene do
produto; a estabilidade do gene; a redução no espectro das plantas incluindo a perda de
biodiversidade; e o aumento do uso de produtos químicos na agricultura. Os aspectos de segurança
ambiental das culturas GM variam consideravelmente de acordo com as condições locais. As
investigações atuais enfocam: o efeito potencialmente danoso a insetos benéficos ou uma
introdução mais rápida de insetos resistentes; o potencial desenvolvimento de novas patogenias das
plantas; potenciais conseqüências maléficas à biodiversidade e à vida selvagem e uma redução no
uso da importante prática de rotação da lavoura em algumas situações locais; e a mutação de genes
com resistência a herbicidas para outras plantas.

Q8. Os alimentos GM são seguros?

Diferentes organismos GM incluem genes diferentes inseridos de maneiras diferentes. Isto


significa que cada alimento GM e sua segurança devem ser avaliados caso a caso e que não é
possível fazer afirmações genéricas sobre a segurança de todos os alimentos GM.
Os alimentos GM, atualmente encontrados no mercado internacional, passaram por
avaliações de risco e provavelmente não apresentam riscos para a saúde humana. Além disso,
nenhum efeito à saúde humana foi demonstrado como resultado do consumo destes alimentos pela
população em geral nos países onde foram aprovados. O uso contínuo da análise de risco com base
nos princípios do Codex e, quando apropriado, incluindo monitoramento pós-comercialização,
devem ser a base para a avaliação da segurança dos alimentos GM.

112 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


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Q9. Como os alimentos GM são regulamentados nacionalmente?

A forma como os governos regulamentam os alimentos GM varia. Em alguns países os


alimentos GM ainda não estão regulamentados. Os países com uma legislação neste sentido
enfocam, principalmente, a avaliação de risco para a saúde do consumidor. Os países que têm
disposições sobre alimentos GM geralmente regulamentam também os OGMs em geral, levando em
consideração os riscos ambientais, bem como assuntos relacionados aos controle e a
comercialização (como possíveis normas para análises e rotulação). Em vista das dinâmicas dos
debates acerca de alimentos GM, é provável que a legislação continue progredindo.

Q10. Quais tipos de alimentos GM estão internacionalmente no mercado?

Todas as culturas GM encontradas no mercado internacional hoje em dia foram projetadas


usando-se uma de três características básicas: resistência aos danos causados pelos insetos;
resistência a infecções virais e tolerância a certos herbicidas. Todos genes usados para modificar as
culturas derivam de micro-organismos.

Culturas Características Áreas/Países com aprovação


Milho Resistência a insetos Argentina, Canadá, África do Sul,
Estados Unidos, Comunidade
Tolerância a herbicidas Européia, Argentina, Canadá,
Estados Unidos, Comunidade
Européia
Soja Tolerância a herbicidas Argentina, Canadá, África do Sul,
Estados Unidos, Comunidade
Européia (apenas para
processamento)
Óleo de Colza Tolerância a herbicidas Canadá, Estados Unidos
Escarola Tolerância a herbicidas Comunidade Européia (somente
para fins de criação)
Moranga Resistência a vírus Canadá, Estados Unidos

Q11. O que ocorre quando os Alimentos GM são comercializados internacionalmente?

Atualmente, não existem sistemas regulatórios específicos. Contudo, diversas organizações


internacionais estão envolvidas na criação de protocolos para os OGMs.
A Comissão Alimentarius Codex (Codex) é uma organização conjunta da FAO/OMS
responsável pela compilação de padrões, códigos de práticas, orientações e recomendações que
constituem o Codex Alimentarius - o código internacional de alimentos. A Codex está
desenvolvendo princípios para a análise de riscos à saúde humana para os Alimentos GM. A

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 113


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premissa destes princípios determina uma avaliação antes da inserção no mercados, realizada caso a
caso e incluindo a avaliação tanto dos efeitos diretos (a partir do gene introduzido) como dos efeitos
indesejáveis (que podem surgir como conseqüência da inserção de um novo gene). Os princípios
estão em um estágio avançado de desenvolvimento e espera-se que sejam adotados em julho de
2003.
Os princípios do Codex não têm um efeito compulsório sobre a legislação nacional, mas são
referidos especificamente no Acordo de Sanitariedade e Fito-sanitariedade da Organização Mundial
do Comércio (Acordo SPS), e podem ser usados como referência em caso de disputas comerciais.
O Protocolo de Cartagena sobre Bio-segurança (CPB), um tratado ambiental legalmente
compulsório para suas Partes, regulamenta as mutações de organismos vivos modificados (OVMs).
Os alimentos GM somente são incluídos no escopo do Protocolo se contiverem alguns
OVMs capazes de transferir ou replicar material genético. O fundamento do CPB é uma exigência
de que os exportadores busquem o consentimento dos importadores antes da primeira emissão dos
OVMs que se pretende lançar no meio ambiente. O protocolo entrará em vigor 90 dias após o 50
país o ter ratificado, o que pode ocorrer no início de 2003, tendo em vista a rapidez das declarações
registradas desde Junho de 2002.

Q12. Os produtos GM que estão no mercado internacional foram submetidos a uma


avaliação de riscos?

Todos os produtos GM encontrados atualmente no mercado internacional passaram por


avaliações de risco realizadas por autoridades nacionais. Em geral, estas diferentes avaliações
seguem os mesmos princípios básicos, incluindo uma avaliação do risco ambiental e para a saúde
humana. Estas avaliações são completas e não indicaram nenhum risco para a saúde humana.

Q13. Porque tem havido tanta preocupação acerca dos Alimentos GM entre alguns
políticos, grupos de interesse público e consumidores, especialmente na Europa?

Desde o início de sua introdução no mercado em meados de 1990 de um importante


alimento GM (soja resistente a herbicida), há uma crescente preocupação acerca destes alimentos
entre políticos, ativista e consumidores, especialmente na Europa. Diversos fatores estão
envolvidos.
No final dos anos 80 – início dos anos 90, os resultados de décadas de pesquisas moleculares
atingiu o domínio público. Até aquela época, os consumidores normalmente não tinham muita
consciência do potencial destas pesquisas. No caso dos alimentos, os consumidores começaram a
pensar na segurança porque perceberam que a biotecnologia moderna estava levando à criação de
novas espécies.

114 Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade


ESPECIALIZAÇÃO POR TUTORIA A DISTÂNCIA – ABEAS/UFV
Curso: Proteção de Plantas

Freqüentemente, os consumidores perguntam, "o que há de importante nisso para mim?"


Quando se trata de medicamente, muitos consumidores aceitam mais rapidamente a biotecnologia
como um benefício para sua saúde (ex. medicamentos com tratamento potencialmente melhores).
No caso dos primeiros alimentos GM introduzidos no mercado Europeu, os produtos não tinham
nenhum benefício direto aparente para os consumidores (não eram mais baratos, não tinham
validade prolongada e não tinham um sabor melhor). A possibilidade de as sementes GM
resultarem em maior produtividade por área cultivada deveria reduzir os preços. Contudo, a atenção
pública se concentrou no aspecto do risco da equação risco-benefício. A confiança do consumidor
nos alimentos na Europa diminuiu de maneira significativa como resultado de diversos surtos
relacionados aos alimentos ocorridos na segunda metade da década, o quais não estão relacionados
aos alimentos GM. Isto teve um impacto nas discussões acerca da aceitação dos alimentos GM. Os
consumidores questionaram a validade das avaliações de risco, tanto com relação a riscos à saúde
do consumidor como ao meio ambiente, mantendo um enfoque especial nos efeitos em longo prazo.
Outros tópicos para debate pela organização dos consumidores incluem a alergenicidade e a
resistência antimicrobiana. As preocupações dos consumidores dispararam uma discussão sobre a
necessidade de se rotular os alimentos GM, permitindo assim uma escolha informada. Ao mesmo
tempo, ficou comprovado ser difícil detectar traços de OGMs em alimentos: isto significa que
concentrações muito baixas nem sempre podem ser detectadas.

Q14. Como essa preocupação afetou a comercialização de alimentos Geneticamente


Modificados na União Européia?

A preocupação do público com alimentos geneticamente modificados em geral tem um


impacto significativo sobre a comercialização de produtos geneticamente modificados na União
Européia. Na verdade, ela acabou resultando na chamada moratória de aprovação de produtos
geneticamente modificados a serem colocados no mercado. A comercialização de produtos
geneticamente modificados em geral está sujeita a extensa legislação. A legislação da Comunidade
foi instalada desde o início da década de 90.
O procedimento para aprovação da liberação de Organismos Geneticamente Modificados é
bastante complexo e, basicamente, requer o acordo entre os Estados-Membros e a Comissão
Européia. Entre 1991 e 1998, a comercialização de 18 Organismos Geneticamente Modificados foi
autorizada na União Européia através de uma decisão da Comissão.
A partir de outubro de 1998, nenhuma autorização adicional foi concedida e há atualmente
12 solicitações pendentes. Alguns Estados-Membros invocaram a safeguard clause [cláusula de
salvaguarda] para banir a colocação de produtos de milho e de óleo de colza geneticamente
modificados no mercado de seus países. Há atualmente nove casos em andamento. Oito desses
foram examinados pelo Scientific Commitee on Plants [Comitê Científico de Plantas], o qual em

Módulo 1: 1.2 - Legislação fitossanitária e normas em fitossanidade 115


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todos os casos considerou que as informações submetidas pelos Estados-Membros não justificavam
o banimento.
Durante a década de 1990, a estrutura de regulamentação foi, posteriormente, estendida e
aperfeiçoada em resposta às legítimas preocupações dos cidadãos, organizações de consumidores e
operadores econômicos (descritos sob a Pergunta 13). Uma portaria revisada entrará em vigor em
outubro de 2002. Ela atualizará e fortalecerá as normas existentes em relação ao processo de
avaliação de riscos, de gerenciamento de riscos e de tomada de decisões no que diz respeito à
liberação de Organismos Geneticamente Modificados no ambiente. A nova portaria também prevê a
monitoração obrigatória dos efeitos em longo prazo associados à interação entre os Organismos
Geneticamente Modificados e o ambiente. Na União Européia, a rotulação de produtos derivados da
moderna biotecnologia de produtos que contenham Organismos Geneticamente modificada é
obrigatória. A legislação também aborda o problema de contaminação acidental de alimentos
convencionais por materiais Geneticamente Modificados. Ela apresenta um limiar mínimo de 1%
para DNA ou proteína resultante de modificação genética, abaixo dos quais, a rotulação não é
exigida.
Em 2001, a Comissão Européia adotou duas novas propostas de legislação sobre
Organismos Geneticamente Modificados no que diz respeito à rastreabilidade, reforçando as normas
atuais de rotulação e otimizando o procedimento de autorização para Organismos Geneticamente
Modificados em alimentos e na alimentação e para sua liberação deliberada no meio ambiente.
A Comissão Européia é da opinião que, essas novas propostas, estruturadas sobre a
legislação já existente, tem por objetivo tratar da preocupação dos Estados-Membros e fortalecer a
confiança do consumidor na autorização de produtos Geneticamente Modificados. A Comissão
espera que a adoção dessas propostas vá preparar o terreno para dar prosseguimento à autorização
de novos produtos Geneticamente Modificados na União Européia.

Q15. Como anda o debate público sobre alimentos Geneticamente Modificados em outras
partes do mundo?

A liberação de Organismos Geneticamente Modificados no meio ambiente e a


comercialização de alimentos Geneticamente Modificados resultaram em um debate público em
muitas partes do mundo. É certo que esse debate continuará, provavelmente no contexto mais amplo
de outros usos da biotecnologia (por exemplo na medicina para tratamento de pessoas) e suas
conseqüências para sociedades humanas.
Embora os temas em debate sejam normalmente bastante parecidos (custos e benefícios,
questões de segurança), o fechamento do debate difere de um país para outro. Em questões tais
como a rotulação e rastreabilidade de alimentos Geneticamente Modificados como forma de tratar
de assuntos que preocupam os consumidores, até hoje não há nenhum consenso. Isto ficou claro
durante discussões com a Codex Alimentarius ao longo dos últimos anos. A respeito da falta de

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consenso sobre esses tópicos, um significativo progresso tem sido alcançado na harmonização dos
pontos de vista sobre a avaliação de riscos. A Codex Alimentarius Commission está prestes a adotar
princípios sobre avaliação de riscos em fase de pré-comercialização, e as disposições do Protocolo
de Cartagena sobre Bio-segurança também revelam uma crescente compreensão em âmbito
internacional.
Mais recentemente, a crise humanitária na África do Sul chamou a atenção para o uso de
alimentos Geneticamente Modificados em situações de emergência. Vários governos na região
levantaram questionamentos sobre os receios em relação à segurança ambiental e a de alimentos.
Embora tenham sido encontradas soluções viáveis para a distribuição de grãos processados em
alguns países, outros países restringiram o uso de recursos para alimentos Geneticamente
Modificados e obtiveram produtos que não contêm Organismos Geneticamente Modificados.

Q16. As pessoas têm diferentes formas de encarar os alimentos, nas diferentes partes do
mundo?

Dependendo da região do mundo, as pessoas têm diferentes formas de encarar os alimentos.


Além da questão relativa aos valores nutricionais, os alimentos muitas vezes têm conotação cultural
e histórica e, em alguns casos, podem ter importância religiosa. A modificação de alimentos e da
produção de alimentos por meio da tecnologia pode causar reações negativas entre os
consumidores, especialmente se não houver informações suficientes sobre os esforços realizados
para avaliar os riscos envolvidos e sua relação custo-benefício.

Q17. Existem implicações quanto aos direitos de os agricultores serem proprietários de


suas lavouras?

Sim, direitos de propriedade intelectual são provavelmente um dos elementos a serem


discutidos na questão dos alimentos GM, e afetam os direitos dos agricultores. Direitos de
propriedade intelectual (DPIs), especialmente as obrigações patentárias estabelecidas no Acordo de
TRIPS (um acordo feito no âmbito da Organização Mundial do Comércio, relativo a aspectos
comerciais dos direitos de propriedade intelectual) vêm sendo discutidos à luz de suas
conseqüências para o aumento da diversidade de lavouras. Sob o ponto de vista do uso da
tecnologia genética na medicina, a OMS analisou o conflito existente entre os DPI e a igualdade de
acesso a fontes genéticas, e o compartilhamento de seus benefícios. Essa análise levou em
consideração possíveis problemas de monopólio e dúvidas sobre novos regulamentos de patentes no
campo das seqüências genéticas na medicina humana. Essas considerações provavelmente afetarão
também as discussões sobre alimentos GM.

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Q18. Por que alguns grupos têm-se preocupado com a crescente influência da indústria
química na agricultura?

Alguns grupos estão preocupados com o que eles consideram ser um nível indesejável de
controle dos mercados de sementes por algumas poucas indústrias químicas. A agricultura
sustentável e biodiversidade beneficiam-se do uso de uma ampla variedade de culturas agrícolas,
tanto em termos de boas práticas de proteção das lavouras quanto do ponto de vista da sociedade,
como um todo, e dos valores atribuídos aos alimentos. Esses grupos temem que, como resultado dos
interesses das indústrias químicas nos mercados de sementes, as variedades usadas pelos
agricultores possam ficar reduzidas principalmente a culturas GM. Isso impactaria a cesta de
alimentos de uma comunidade e, em longo prazo, a proteção das lavouras (por exemplo, com o
desenvolvimento de resistência contra insetos daninhos ou determinados herbicidas). A exploração
exclusiva de culturas General Meeting tolerantes a herbicidas poderia também tornar o agricultor
dependente desses produtos químicos.
Esses grupos temem uma posição de dominação da indústria química no desenvolvimento
da agricultura, uma via que eles não consideram ser sustentável.

Q19. Que outros desenvolvimentos podem ser esperados na área de OGMs?

No futuro, Organismos GMs provavelmente incluirão plantas com maior resistência a


doenças e à seca, culturas com maiores índices de nutrientes, espécies de peixes com melhores
características de desenvolvimento, e plantas ou animais que produzam proteínas com importância
farmacêutica, tais como vacinas.
Em nível internacional, as respostas a novos desenvolvimentos poderão ser encontradas em
consultas especializadas organizadas pela FAO e pela OMS em 2000 e 2001, e pelo trabalho
posteriormente realizado pelo Codex da Força Tarefa ad hoc sobre Alimentos Derivados da
Biotecnologia. Este trabalho resultou em um arcabouço mais aprimorado e harmônico para a
avaliação dos riscos de alimentos General Meeting, de modo geral. Questões específicas, tais como
a avaliação dos níveis alergênicos de alimentos General Meeting ou de seguranças dos alimentos
derivados de microorganismos General Meeting foram também abordadas e uma consulta a um
especialista será organizada pela FAO e pela OMS em 2003 e falará sobre alimentos derivados de
animais GM.

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Q20. O que a OMS tem feito para melhorar a avaliação dos alimentos GM?

A OMS terá participação ativa com respeito a Alimentos GM, principalmente por duas
razões: (1) sob o argumento de que a saúde pública poderá beneficiar-se enormemente do potencial
da biotecnologia, por exemplo, com o aumento do teor nutritivo dos alimentos, menor
alergenicidade e produção mais eficiente de alimentos; e (2) em razão da necessidade de analisar os
potenciais efeitos negativos que o consumo de alimentos produzidos por meio de modificações
genéticas pode trazer à saúde humana, também em nível mundial. Parece claro que as tecnologias
modernas precisam ser extensamente avaliadas para que possam constituir um verdadeiro
aperfeiçoamento da forma como os alimentos são produzidos. Essas avaliações devem ser holísticas
e exaustivas e não podem ser interrompidas em sistemas de avaliação previamente segmentados,
incoerentes e que consideram apenas e isoladamente a saúde humana ou efeitos sobre o meio
ambiente.
A OMS está portanto trabalhando para apresentar um trabalho mais amplo sobre a avaliação
de alimentos General Meeting, a fim de permitir que outros fatores importantes sejam levados em
consideração. Essa avaliação mais holística de Organismos GM levará em consideração não apenas
a segurança do ponto de vista da saúde mas também do ponto de vista de segurança estratégica,
social e aspectos éticos, acesso e capacitação. A realização de trabalhos internacionais nessa nova
direção pressupõe o envolvimento de outras organizações- chave nessa área. Num primeiro passo, a
Diretoria Executiva da OMS discutirá o conteúdo de um relatório da OMS sobre esse assunto, em
janeiro de 2003. O relatório está sendo desenvolvido em cooperação com outras organizações
chave, principalmente a FAO e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP).
Espera-se que esse relatório possa constituir a base para futuras iniciativas na direção de uma
avaliação mais sistemática, coordenada, multi-organizacional e internacional de determinados
Alimentos GM.

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Tutores:
Ilto Antonio Morandini
Engenheiro Agrônomo / Fiscal Federal Agropecuário
Chefe do Serviço de Vigilância Agropecuária Internacional-Vegetal da Coordenação Geral
do sistema de Vigilância Agropecuária – CGS/VIGIAGRO, SDA/MAPA
Fone/Fax: (61) 3218-2829 / 3218-2831
E-mail: morandini@agricultura.gov.br
Brasília-DF

Paulo Parizzi
Fiscal Federal Agropecuário - SFA/MG-MAPA
Fone: (31) 3891-1742 / 9278-1959
Fax: (31) 3891-1742 / 3899-2722
E-mail: parizzi@homenet.com.br / pauloparizzi@yahoo.com.br / pparizzi@vicosa.ufv.br
Viçosa-MG

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