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© confronto passaram a se travar entre 0s Catblicos € os Pio- ° onttja Educagao Nova. E nesse momento que a educacio neiforaverte em questio técnica e passam a predominar melo Seiouias, métodos, téenicas, medidas, classficagbes, fe &s dolowias. estio politica da educagio, Todas essas idéias saul Sstas a partir de realidades ovtras tém suas mayne 00 libe- Portas, Eo momento politico brasileiro é até 1937, mar tado por grandes aspiragoes liberais. © movimento dos escolanovistas recupera o antigo idedrio pedagégico liberal ¢ defenderd a democratizacio da escola, pedagosiomra excola transformada & luz deste novo conccito de nas eso.” Neste sentido a escola deveria ser aberta a todos seeidados, comum e tinica, Unica, mas nao uniforme; 3s Giterencas das aptid®es dos alunos ou a necessidade da espe raga determinario o limite da “unidade de ensino” para ramificagdes. posteriores. Deste principio decorre 0 da obrigatoriedade — somente na medida em que o Estado tomar 0 ensino obrigatorio ¢ que ma mieras de instructo se tornargo a realidade tio necesséria Sera industrial. Para que todos pudessem ser obrigados 2 es- 2 usizagdo era fundamental que a escola fosse gratuita. A s¢- fecdo se fara nao mais por diferenciacdo econémica, mas por MSJons inatos”. © principio da laicidade vem garantir a auto- nomia cientifica da escola. Respeitando a pluralidade de cre- Gor coloca-os fora do Ambito da escola. A co-educacio torns- Gla mais econémica a organizacio da escola e enquanto centro Je vivéncia comunitéria que pretendia ser, colocaria homem ¢ mulher em pé de igualdade. Fsses principios apresentados em obras como 0, “Mani: festo dos Proneiros da Educago Nova” lancado em 1932 ov Nuves Caminhos e Novos Fins” de Femando de Azevedo, jé demunciam uma certa rachadura no interior do movimento en- sem acrnais tecnicistas € 08 menos tecnicistas ou os mais de- vecriticos e os menos democriticos. E a explicitacio do au rnetinrismo no pais que Vai exigir que os educadores assumam buas idéias politicas evidenciando a quem clas serviam. G. GF. Cury, Carlos Roberto Jamil. Op. elt 28 2 A PEDAGOGIA TECNICISTA Acacia Zeneida Kuenzer Lucilia Regina de Souze Machado 1. Consideragées iniciais No discurso desenvolvimentista que se prese : do tin da déadn fe 60, a bain Produtvidads Go sistema escolar desempentiow papel fundamental. No momento em que ‘0 desenvolvimento econdmico com seguranca” era 0 carro- -chefe da ideologia do Estado Revolucionétio, a bsixa produ- lividade, expresia por baixos indices de satisfacio da demanda escolar em relasd0 ao total da populagio e pelos altos indices de evasio e repeténcia, era apresentada como um dos entraves 20 atingimento daquele objetivo. Isto porque © produto ina equado do sistema escolar era apontado como responsive por um lado, pela baixa qualificagio da mio-de-obra, e, por. fanto, pela desigualdade de distribuigao de renda, © por outro, pelo despreparo das massas para © processo politico. ° 29 - ne Entre as solugées para o impasse, 0 Estado e grande nime- ro de intelectuais, principalmente (mas nao exclusivamente) os representantes dos interesses oficiais, privilegiaram a tecno- logia educacional. E a febre sistémica assolou o pais As préprias condigdes e os problemas postos pela etapa de desenvolvimento capitalista dependente que o pais atravessava — a consolidacdo da fase monopolista — propiciaram 0 even- to. A demanda de mio-de-obra representada pelas multinacio- ais trazia, em decorréncia da transposicio do modelo de producio, @ importacio do modelo de formacio utilizado na patria-mie. A reproducio das relagdes de producdo na divisio internacional do trabalho na etapa monopolista exige a repro- ducdo das idéias que a suportam. Desta forma, s6 se pode compreender a introducio, 0 de- senvolvimento ¢ as possibilidades da tecnologia educacional no Brasil como uma alternativa para a educacio popular, a partir da reconstrucao histérica de sua génese no seio do desenvol- vimento capitalista que the deu origem — o norte-americano. £ o que se tentaré fazer, de forma sintética, e respeitados os seus limites, neste artigo. 2. © desenvolvimento hist6rico da perspectiva tecnolégica da Edueacio A tecnologia educacional, em seus termos mais simples, representa a racionalizacio do sistema de ensino em todas as, suas formas e niveis, tendo em vista sua eficiéncia, medida por critérios internos de economia de recursos escassos, ¢ sua efi- cécia, medida pela adequacio de seu produto as necessidades do modelo de desenvolvimento vigente. Ou seja, significa a absorco, pela educacio, da ideologia empresarial. Colocada desta forma, ela s6 pode ser compreendida no contexto da racionalizacio do proceso produtivo, que se inicia de forma sistematizada somente no fim do século passado € inicio deste, a partir do desenvolvimento da Teoria Geral de Administragao. 30 Esta teoria surge tendo como preocupacio central 0 con- trole do processo produtivo, necessidade gerada pelo desen- volvimento capitalista, que, introduzindo novas relagées de pro- ducdo a partir da compra 'e venda de forca de trabalho, trans- fere 0 controle realizado internamente pelo produtor, a uma instancia superior a ele: a da gerénci 0s trabalhadores, até entdo independentes, nos primérdios do capitalismo industrial, so contratados por tarefa, trazendo intimeros problemas de produgio: desperdicio de _matéria~ -prima, padrdes qualitativos diferentes, tecnologia artesanal, produgio quantitativamente desigual, horirios de trabalho es- tabelecidos diferentemente por cada trabalhador segundo suas proprias necessidades. Conseqiientemente, a produtividade no atingia os niveis aspirados pelo capitalismo: urgia tornar o proceso mais eficiente, racionalizando-o. A partir dai, os tra- balhadores, que até entdo planejavam © controlavam o seu proprio trabalho, passam a ser reunidos num mesmo local, € 0 planejamento © 0 controle, tendo em vista processos dindmicos de trabalho ¢ sua eficiéncia, sdo feitos nfo mais pelo traba- thador, mas pelo gerente. Surge a Teoria Geral de Administrago como primei istematizacio sobre a organizagio do trabalho seu controle; ‘seu 0 primeiro 2 mais importante teérico, cujas idéias perma~ rnecem como fulero dessa teoria até nossos dias, foi Frederick W. Taylor. Suas obras so duas: Shop Management, 1903, © The Principles of Scientific Management, de 1911. Tendo como fundamento a racionalizagio do proceso produtivo pela organizacao do trabalho, ele institucionaliza a divisio manufatureira que separa a decisfio da execucao, frag~ mentando-o em inimeras partes que exigem baixos niveis de qualificacio. © trabalho assim dividido € supostamente re~ construido em sua totalidade ao nfvel da organizacio. Em decorréncia da fragmentacio ¢ do empobrecimento do contet- do do trabalho, que passa a ser automatizado e desinteressan- te, surge a necessidade do controle externo, para assegurar a compatibilidade entre 0 que foi planejado e o que esté sendo executado, bem como a conformidade do trabalhador, dada a 31 ne ae sua alienacio do seu proprio trabalho, Pretende-se, desta for- ma, pelo controle das decisdes sobre o trabalho, impedir que as contradicdes geradas pelo préprio capitalismo inviabilizem seu desenvolvimento. Para tanto Taylor propée: — © estudo detalhado das tarefas pelos especialistas € a separagdo entre o planejamento do trabalho e sua execucdo, dissociando, desta forma, o processo de trabalho das especialidades do trabalhador e permi- tindo que os planejadores usem 0 monopélio do co- nhecimento para controlar cada fase do processo pro- dutivo; — a geréncia, com a funcdo de impor ao trabalhador a ‘maneira de realizar a tarefa e controlar sua execucio; — otreinamento do trabalhador para a execugo de sua tarefa especitica. Contemporaneo de Taylor, Fayol define a func admi- nistrativa, estabelecendo seus elementos e caracterizando, pela primeira vez, 0 processo administrativo: prever, organizar, co- mandar € controlar. Estes enunciados esto presentes como pressupostos in- discutiveis ¢ “naturais” em todo o desenvolvimento da Teoria da Administracdo; a escola de RelagSes Humanas, a Compor- tamentalista ¢ a Estruturalista, a partir das proprias modifica- es do proceso produtivo, s6 fizeram buscar 0 aumento da eficiéncia daqueles pressupostos, pela introdugio de novas va- ridveis Embora seja ponto central das teorias citadas, ¢ a partir da aplicacdo da Teoria Geral dos Sistemas A organizagio do trabalho, que a racionalizacdo © 0 controle com vistas & efi- citncia, chegam as “raias da perfeicdo”. E no ambito desta que 0s processos racionais de planejamento, decisio, anilise de tarefa, especializagao do trabalho e avaliagio, vistos como modos de aumentar a eficiéncia ¢ eficécia do processo pedagégico © sua administragio, sio percebidos como funda- ‘mentais. Desenvolveram-se processos, modelos, instrumentos, 32 tendo em vista a claboracdo de diagnésticos, tomadas de de- iso sobre 0s objetivos e meios para atingi-los, 0 controle da execucdo, a configuragio do grau de obtengio dos propésitos do planejamento, bem como a identificagdo de desvios € su- gestdo de medidas realimentadoras. No Brasil, esta proposta encontra as possibilidades con- cretas favordveis & sua introdugo ¢ disseminacio no momen- to em que o Estado, a partir da Revolucdo de 64, mobiliza seus esforgos em prol da reorganizacio, entendida como rac nalizagio, 2 principio, do process produtivo, e depois, de todos 0s demais setores da vida social. Essa racionalizacao, pois, assume as feicdes da concepcio dominante de mundo, que permeia todas as relagées soci: Em funcio do novo modelo de desenvolvimento, apoiado ‘nos novos mecanismos de poder exercidos pelo Estado e no crescente controle financeiro e tecnoldgico exercido pelo ca- pitalismo internacional, muitas medidas foram tomadas. Os mecanismos de controle tornaram-se cada vez mais centraliza- dos e a participagéo das massas incorporadas ao processo de producdo foram limitadas, A proposta econémica impunha reajustamentos da estrutura de demanda, maior acumulagdo de recursos para investimentos, definigdo de projetos rentaveis que complementassem a capacidade produtiva existente e a corre- cdo da estrutura de producio. A racionalizacio_atinge o sistema administrativo através do Decreto-lei 200/67 ¢ legislacéo complementar, que, mais do que um conjunto de normas, representa a politica admis trativa do Estado autoritério; através desta legislacdo, redu- zem-se as “disfungées” da burocracia, que, dotada de maior racionalidade, possibilita, em algum grau, a execucio dos pla- nos de desenvolvimento. Isto € possivel mediante a incorpo- tagio, pelo Decreto-lei 200, do processo administrative de Fayol, que legitima a centralizacio normativa, pasando aos niveis de execugio apenas a responsabilidade das decisdes ope- rativas, relativas ao “‘como fazer” No campo educacional, em resposta ao discurso acerca da “ineficécia” do sistema de ensino em todos os niveis, as- 33 a, a siste-se & reorganizagio do ensino superior (Lei 5.540/68) e do ensino de 1.° ¢ 2.0 graus (Lei 5.92/71). Estas reformas buscam a racionalizagao dos aspectos administrativo e pedago- gico, tendo em vista 0 atingimento dos requisitos dos modelos politico e econémico vigentes. Nesta época — fim da década de 60 em diante — a referida ineficiéncia passa a ser combatida com propostas de planejamento educacional, a partir dos estudos dos economis- tas da educacdo, tendo em vista o significative aumento da demanda social, paralelamente A escassez de recursos de toda a natureza. Em resposta ao aumento da demanda, ocorre a expansio ¢ complexificacdo dos sistemas de ensino, cujo con- trole passa a ser cada vez mais dificil. A educacao passa a ser vista como investimento individual ¢ social, em decorrén- cia do que deve vincular-se aos planos globais de desenvol- vimento. A expectativa de que a educacao atenda as necessi- dades econémicas, politicas e socisis, conduz, inicialmente & avaliag&o dessas mesmas necessidades, controle da_execucao dos projetos e a posterior verificacdo do grau de atingimento dos objetivos propostos B a tecnologia educacional, suportada pela Teoria Geral dos Sistemas, que oferece a resposta para os problemas assim colocados; ela j4 havia comprovado sua eficécia nos meios presariais © na pétria-mae; bastava, portanto, transpé-la para a educagio no Brasil. No contexto da Revolucio, estas proposi¢des sitio plena- mente justificadas pela prépria ideologia do regime, expressa pela Escola Superior de Guerra, O desenvolvimento com se- guranca exige 0 aumento da produtividade do sistema de en- sino, pela via da racionalizacdo. Isto porque a educacio é enearada como um instrumento capaz de promover, sem cor tradigfio, 0 desenvolvimento econémico pela qualificacio da mio-de-obra, pela redistribuicao de renda, pela maximizacio da produgio © ao mesmo tempo o desenvolvimento da “cons- ciéncia politica” indispensével & manutencio do Estado auto- ritério. “Assim, a educagdo teria efeitos desmobilizadores, im- pedindo a ecloséo dos antagonismos préprios do modelo vi- gente 34 Por outro ledo, a necessidade de especializacdo que de- corre da prépria natureza sofisticada da tecnologia da educa- do, justifica a divisio de trabalho entre o politico © 0 técnico propalada pela ESG. E perfeitamente compreensivel a consti- tuicio de quadros tecnicamente muito competentes, que prepa- ram as decisdes, cuja especializacao Ihes possibilita uma rela tiva independéncia dos quadros politicos. Iustifica-se, desta forma, a concentracéo do poder, disfarcada pela neutralidade cientifica, 0 controle vigoroso, acima do qual naturalmente si tuam-se as instincias dirigentes. Verifica-se 2 coexisténcia entre um centro de poder em diregio tinica (de cima para baixo) no fluxo das decisdes, 20 Jado de canais de comunicagdo em ambos os sentidos. Esta coexisténcia permitida funciona, ao mesmo tempo, como cole- tora de informagées e como desmobilizadora de possiveis rea~ ges que a centralizacio gere, pela manutencio de uma falsa consciéncia de participacdo dos grupos destituidos de poder. A tecnologia da educacao favorece, pois, a despolitizagio da educagio, segundo as conveniéncias da ideologia da Segu- ranga Nacional. 3. As principais idéias Considera-se como o principio do desenvolvimento pos- terior da Teoria Geral dos Sistemas a publicacéo por Norbert Wiener, matemético alemao, do livro Cybernetics, em 1948, cuja tese central é a exposicio sobre a retroalimentagdo como principio de comunicacao e controle comum a méquinas, ani- mais e homens. Wiener deu particular destaque ao método in- terdisciplinar, considerando-o 0 mais promissor ¢ eficiente para alargar as fronteiras do conhecimento. A seu trabalho correspondem as pesquisas interdisciplina- res sobre 0 comportamento dos sistemas, feitas por Boulding e Bertalanffy; ambos, a0 classificar sistemas fisicos, biol6gicos e sociais em ordem de complexidade, inspiraram a criaclio de um novo campo de estudo: @ Teoria’ Geral dos Sistemas. 35 A partir de suas pesquisas, Bertalanffy mostra que hé uma tendéncia geral no sentido da integracao das varias cign- ccias naturais e sociais, que pode ser centrada em uma teoria geral. Esta teoria pode ser um meio importante para se con- seguir uma teoria exata nos campos nao fisicos da ciéncia e levar & integracio na educacdo cientifica; a partir do desen- volvimento de principios unificadores, esta teoria conduz & propria unificacdo da ciéncia, pela extensdo das teorias fisicas a0 campo da biologia desembocando no conceito de sistema aberto. Garcia (1981), criticando essa posicéio, mostra que a tentago de generalizar, de universalizar 0 conceito de siste- mas abertos presente em Bertalanffy, & irresistivel, conduzindo a uma volta A busca de uma ordem unitéria da ciéncia, e do mundo, A procura do Um, Na tentativa de romper a relacao entre ciéncia e método analitico e casé-la com 0 método sin- tético, acaba por propor uma reconciliagdo em que a sintese € sempre complementar a anélise, “todas as oposicdes se di- Tem, todas as posi¢des se encontram, para fazer surgir o sis- temismo como uma tentativa de aproximacio das linguagens € das metodologias das ciéncias fisicas e 0 das ci nas, passando pelas ciéncias biolégicas e tecnolégicas” (Gar- cia, 1981, p. 202). Esta teoria geral, continua a critica do mesmo autor, se ocupa das caracteristicas formais dos sistemas; hé uma unida- de formal na natuteza, cuja chave é a Matemética; o sistema formal € primeiro, sendo os fatos concretos meras ‘aplicacées; “a realidade seria matematizavel; a natureza, a vida, 0 homem, a sociedade, pois em toda a parte s6 existem organizacdes” (Garcia, 1981, p. 203). Define-se, a partir daf, o tipo de relacio que a raciona- lizacdo sistémica mantém com o real; o real € racional. E or- ganizado, ordenado, previsivel; ndo hé lugar para 0 acaso, para imprevisto, para a contradicao; o que nao se ajusta a0 modelo € exorcizado. Exemplo claro dessa afirma estudos que se utilizam dos métodos de programacdo, em que 36 as variveis passivels de quantificacio podem ser utilizadas. As demais, como estrutura de distribuicdo de terra, nivel s6cio- 36 -econémico ¢ outras que teriam maior valor explicativo, néo podem ser consideradas. E 0 que ocorre com a pesquisa de Langoni (1973) sobre a relacéo entre educacio ¢ distribuicéo de renda, duramente criticada por varios autores (Tolipan © Tinell, 1975). Assim, 0 modelo racional, organizado — é tomado pelo real, irracional, imprevisfvel, contraditério, operando-se uma inversiio metafisica: a realidade que deve ajustar-se a0 mo- delo. © especialisia em sistemas € 0 modelizador, confundindo- -se com 0 produtor de imagens; a promessa de eficiéncia que eles contém garantem sua existéncia efetiva (Garcia, 1981). Essa_concepcaio racionalista de mundo operacionaliza-se nos conceitos desenvolvidos pela Teoria Geral dos Sistemas, apresentados brevemente a seguir: — sistema: qualquer entidade, conceitual ou fisica, com- posta de partes inter-relacionadas, interdependentes, interatuantes, que tm um objetivo comum; — meio ambiente: 0 conjunto de todos os objetos que no fazem parte do sistema em questo, mas que exercem alguma influ€ncia sobre a sua operacio; — organizagdo: relagdes entre as partes interdependen- tes que mantém o sistema, F através delas que as partes se influenciam reciprocamente mediante um processo de instrucéo controle, ¢ que objetiva a manutencdo das outras partes ¢ de si mesmas. Esse conceito € fundamental, porque o estudo das partes isoladas néo proporciona informagio adequada so- bre o sistema; os problemas essenciais residem nas relagdes de organizacéo, consideradas tanto como canais quanto resultados de interaco dinamica en- tre as partes; — hierarquia: os clementos constituintes de determina- do sistema podem considerar-se sistemas de ordem inferior (sistema maior e subsistemas); — sistemas abertos e fechados: apresentam ou ndo in- terfases com o meio ambiente; esta distincdo per- 37 — # }} | mite a elaboracdo de uma taxionomia que parte das estruturas até chegar ao nivel mais aberto que € 0 da organizacao social; caixa preta: conceit desenvolvido pelos ciberneticis- tas; & algo cujo interior, ou processo, desconhecemos; ela pode ser estudada ¢ permite alguma previsio pe la andlise das entradas e saidas; homeostase: & a estabilidade, entendida como equi- brio dinémico, que se constitui no ponto crucial da organizagio; 36 0 que & estavel pode ser descrito; todas as perturbagdes na estabilidade dao inicio a reagdes compensadoras, através da retroalimentagio; retroalimentago: qualquer meio pelo qual 0 produto de um processo 6 medido e conferido com um padréo pré-estabelecido, injciando-se ago corretiva sempre que se constate desvio; informago: fornece a base para a retroalimentacio, em busca da homeostase; reduz 0 grau de incerieza através do conhecimento disponivel para uso imedia- to, que permite orientar a aga; representacdo de sistemas através de modelos: sio abstragoes, representacées simplificadas da realida- de, construidas a partir de observagdes © mensura- es; permitem experimentagoes, simulagdes, previ- io. Uma citncia & tanto mais exata quanto maior for a correspondéncia entre os modelos e a realidade; entropia: tendéncia ao desgaste, a desintegragio do sistema; totalidade: 0 todo se sobrepse as partes, que man- tém relagdes de causa e efeito entre si; as alteragoes nas partes causam alteragio no todo; este conceito de totalidade repousa na idéia de homeostasia, de equilfbrio dindmico; as partes se reajustam em busca da harmonia, 0 que leva o sistema a se desenvolver Nao hé lugar para a contradigao, o que faz este conceito se aproximar da concepcéo funcionalista de organizagao social. 38 Para trabalhar com esses conceitos, a Teoria Geral dos Sistemas utiliza inimeros instrumentos, dentre os quais: jogos, simulagdo, programacdo linear, programacao dinimica, pesqui sa operacional, anélise custo-efetividade, anélise custo-bene! cio, sistema de planejamento e orgamento programa (PPBS), PERT, CPM, estrutura matricial ete. A Teoria Geral dos Sistemas possibilitou uma nova abor- dagem, muito mais sofisticada e coerente com 0 estégio con- temporineo do desenvolvimento empresarial no seio do capi- talismo monopolista. O enfoque de eficiéncia da administra- ‘cdo tradicional, que desdobrava o sistema em partes para oti- mizar ia uma delas, é substituido pelo enfoque sisté que procura otimizar o todo. Descobre-se a natureza dinimica da administragio — a empresa € vista como um sistema so- cial, aberto, inserido num sistema maior com 0 qual troca informacdes. Seus objetivos sio determinados pelo sistema maior ¢ seu produto deve ajustar-se a eles; este € seu critério de eficdcia. Do ponto de vista interno, sua eficiéncia ¢ asse- gurada pela maximizacéo da utilizacio dos recursos de todos 0s tipos; a meta é a méxima produtividade, propiciada pela racionalizacio a partir da divisio do trabalho e do controle sobre ele; ou seja, mudam os meios, mas a matriz continua sendo a filosofia taylorista, Ievada as suas ltimas conse- giiéncias. Estas concepedes, junto com o desenvolvimento compor- tamentalista grandemente influenciado pelo positivismo l6gico, foram transpostas para 0 ambito educacional, do que decorreu uma maneira nova de abordar o processo pedagégico ¢ sua administragdo, tendo em vista 0 atingimento de niveis mais altos de eficiéncia e eficdcia, segundo os requerimentos do modelo de desenvolvimento. © sistema educacional passa a ser visto como um sistema aberto, em permanente interacio com o meio ambiente do qual recebe entradas, que sio processadas e resultam em pro- dutos que so devolvidos a0 meio. Os componentes do Sistema Educacional assim visto sio descritos por Coombs: objetivos © prioridades, administracao, 39 —_ estrutura, programacio no tempo, , realimentagao key $in2lindicador contetido, meios auxiliares ecnologia, controle de qua- sehen objetivo de ensino, professores, instalacdes, t lidade, custos © pesquisa. Culbertson mostra, através d teracdo do Sistema de Ensino com seu ae ected ambiente: processo produto 4. Sistema edueacional—processamento | Insumos da A concepcio de aprendizagem que subjaz ao modelo é a tocledade | Entades Saldes Bitte “oditicasao’ de comportamentos”. Estes 880 expressos_ not tradigses, valo-|objetivos eax | Tn objetivos, que so avaliados de modo a identificar os desvios res, “objetivos | cavionais. individues vida. familiar, para posterior realimentagio, mantendo-se 0 estado de ho- espirite civico, meostase dinamica. emprogo, lazer, autodesenvol- Difundem-se as idéias pedagégicas de intimeros autores; populace a emit dentre os mais relevantes estéo Briggs, Gagné, Bloom, Mager, estudantes | atitudes, valo- | mudancas eo Kaufman (planejamento segundo a metodologia sistémica), | Fes, motivacées| cial. Stufflebeam, Scriven e Stake (modelos de avalia¢o como pro- ‘esorve de méo-| professores | ideres cesso de tomada de decisio; avaliacdo de contexto, de entra- karan Inovadores none gn eco da, de processo ¢ de saida); Pilecki, Willower e Belasco na | iudte. 8 administracio educacional. Sao elaboradas inimeras pesquisas renda nacional | finangas Tiibaese — dissertacdes de mestrado, cursos de treinamento. Introduzem- jeobra | atendimento as se as andlises de custo/beneficio, de que alguns estudos de aes Castro so exemplo; discutem-se as possibilidades do planeja- manos e desen mento segundo 0 método do célculo das necessidades de mao- volvimento so. -de-obra (Harbison ¢ outros economistas da educacdo) que cial, influenciam a reforma do ensino de 2.0 grau. O PPBS entra reserva, de oo conti resultados ‘éenica definitivamente no planejamento estatal, institucionalizado pelo de pesquisa | nhecimentos, decreto-lei 200/67; as possibilidades dos recursos audio- indstria unidedes ee visuais criam uma nova euforia que mostra ser 0 fracasso es- fisleas inteaclonel, lepers es re colar mera questio de método. | stonats, "=" Na construgio de modelos de instrucdo tendo como ob- jetivo a utilizagdo da tecnologia do ensino, € importante res- que assume, para essa abordagem, a saltar © enfoque sist8mico nas suas propostas de didatica. operacionais, relacionados Oe ee cxpreme em seus termos No Brasil, duas obras desempenharam papel relevante na avaliagdo ¢ realimentacio com visies ree a eosblldades. de divulgacio de um modelo de instrucao baseado na teoria dos thn 0 prdfeg sat as a eficiéncia, como mos- sistemas: Teenalegia Fducacional: teorias da instrucio de OLI- VEIRA, J.B.A. ¢ “Modelo de um sistema de instrucio”, in ED aL Um dos conceitos maior relevancia, € 0 de Tecnologia insrucional , 1-B.A.'e OLIVEIRA, M. Rocka, mice de OLIVEIRA, een de totaidade, que, em hala eee ; a camente determinada. mento de sistemas de instru yg ttibui Propo no. devenvotv. instrugao, quanto a Planejamento, ae cao de teenoloias ligados a baixa efi- plementagio e implants e implanagao; na, fades educacionais ¢ na identificagao de fat es I ciéncia no ensino. sors I © 0 controle. Requer tank a implemen Se recentrole. Requer também avaliagdes periédiens nn sta o resultado da aprendizagem eo fice zagem © 0 funciona, S em termos operacionais © comportamen, explicacio pela ner, rhesmo sem contribuigao a ca ce, entreianto, antribuicdo a eta proposta de didtica Hi ds won inga ontudo, que a abordagem sistimica da educasion «tee & portato, alt: detve-se da proposta de Bertalanty (ingle), damentada'na woaeordagem que Se pretende totalizadoras fay: 34 a linha Skinneriana de tecnoto, abordagem behavinnees ae, gia educacional é uma embora se utilize da cibernética 42 le _ ——— no pode ser considerada sistémica. £ preciso apontar, con- tudo, que as ducs abordagens acabam por misturar-se no discurso da 5.692/71; conforme afirma Saviani, por um lado verificam-se tentativas de integracdo, no préprio texto de lei fe dos pareceres; por outro, as propostas dos livros didéticos so fragmentados em nome de uma suposta eficiéncia. © conceito bisico a partir do qual Skinner trabalha ¢ 0 de comportamento operante, que se caracteriza basicamente ppelas relagdes que estabelece com 0 meio ambiente, a0 rece- ber deste influéncias determinantes. Dois aspectos so fundamentais para caracterizar as raizes epistemol6gicas do modelo skinneriano. Em primeiro lugar, a anélise que faz das relagées entre meio ¢ individuo, a partir de uma visio determinista, permite perceber as suas vinculagdes com o materialismo mecanicista. Em segundo lugar, ao tra- balhar uma psicologia meramente descritiva, operacional ¢ agnéstica no sentido de que a mente nao é capaz de captar a realidade objetiva, situa-se na concepco positivista da ciéncia, © enfoque sistémico vai ser mais contundente que o skinneriano no que se refere aos critérios de como os objetivos devem ser definidos e de como o controle deve ser efetivado tendo em vista a eficigncia e a eficacia do ensino. O nivel de detalhamento dos objetivos deve ser tal, que atenda nao s6 as necessidades de implementaco pratica e mensuragio para ava~ liagio, como também sejam capazes de serem discriminados em objetivos terminais ¢ parciais, intermediérios, mediatos imediatos. A didética proposta exige, portanto, uma intencio- nalidade a priori, explicitada de forma consciente, consistente ¢ objetiva, a qual ndo podem fugir os agentes envolvidos, sob pena de sacrificar 0 modelo proposto, a nao ser que seja possivel uma remodelagio a todo ¢ qualquer momento em que o processo de aprendizagem o exigir. Verifica-se, no entanto, como preocupagéo fundamental 0 ajustamento dos objetivos do ensino as demandas do sistema social, dentro dos critérios de maximagao dos rendimentos ¢ (© problema da educacio passa a minimizagio dos custos ser fundamentalmente uma questio metodolégica e as relacdes 43 cntee educasio e sociedade 1 uestOes que exigem slterags He Mees Aue exigem alteragses socials basiens a cata ple Proposto,€ dentro mesmo do seu meee: caeaixam auece de uma relacdo fundamentals tal inten feréncia d frencia de outros sistem: Gio se relaciona, COM OS Auais o sistema d a de instry. Esta forma de abo ‘ orma de abordar a educac da partir de varios eventos: "% PASH 4 Ser disseny — convénios entre © Ministé conti inistério da Educaga snc BE Nowe-Americana| para 6 peg oetts "macional (acordos MEC/USATDO Oe /USAID), + que faziam parte d fe do programa Ali 50: lianca para o P, "ogres. — 0 Simpési Clonal eit nteramericano de Administracéo , alizado em Brasilia, bro de 1968) Promovido pel we Fromovido pela OEA, INEP ¢ ‘Assoc Nace ae Polsionais “de Adminsnarga sigs Sane), Nee Sipéio, Caleton easel Prime de que se tem conheci © pall bre a aplicacko da Teoria Geral cre Pa ist ib ASCI jeraaieg & CSO toy, tis (CNAE), fundada a Pata © desenvolvimento de peoqney Sal liad 4 NASA: esse scat aprovasio do Projo SACK em 10, a resolver o problem: c __ 0 Bras pela tle radon a inamento de pessoal para aT ojo SACI ee em 1966, por de_Atividader intes do CNPq na drea espa- culminow na que se pro- 1680 popular vimento, a partir de 1969, da teleducac no Brasi ‘@ TV Educativa de Sdo Paulo, da Fundagio Padre Anchieta; @ Projeto Telescola no Maranhio; Educativa da Bahia, @ Instituto de Radiofusio IRDEB: @ Fundacdo Centro Brasileiro de TV Educativa no Rio de Janeiro; @ A consolidacéo da TV Universitéria de Recife; @ 01 Seminario Brasileiro de Radio e TV Educa- tiva em Porto Alegre; © © I Encontro Nacional de Teleducagdo de ‘Adultos no Rio © 01 Seminario de Comunicagdes Sociais em Pe- trépolis (Garcia, 1981, p. 98). ‘as intervengdes da UNESCO na educacio da Amé- rica Latina. 5. A abordagem sistémica da Educacio: 0 que ficou? ados os aspectos histéricos, ideolégicos e tebricos da questo, a pergunta que se impée € acerca do que ficou, fo nivel de senso comum, dos conceitos, técnicas e procedi- Mentos utilizados pela tecnologia educacional. Gramsci (1981, p. 18) destaca como constitutivas do senso comum as caracteristicas difusas e dispersas de um pen- samento genérico de uma certa época em um certo ambiente popular. Caracteriza, também, o senso comum 0 no estabe- Jecimento dos nexos de causa e efeito; uma certa dose de ob- servacao da realidade, ainda que empirica ¢ limitada, e a sua eterminacio histérica, ndo sendo, portanto, sempre 0 mesmo € 0 tnico a existir no seio da sociedade. ‘A partir desta colocagéo 6 importante situar a questo desmembrando-a em alguns pontos fundamentais — Que elementos e que conceitos subjacentes A I6gica presente nos modelos englobados pela tecnologia 45 Apont: entre educagio e sociedade ni questdes que exigem alteracdes no modelo proposto, 10 sto postas em questo, As ; Sociais bésicas no se encaixam € dentro mesmo do seu marco conceitual : a inter- Go se relaciona. Esta forma de abord: mada @ partir de virios eventos: SSS? PAS & Ser dissemi. — convénios entre o Ministéri n © Ministério da Educagd & 2 fbtincia Nore-Amercana para e Deas intemacional (acordos MESC/USAID) ne faziam parte do i soc 1” Parte do programa Alianca para o Progies. — 0 Simpési Sonunndsio Ineramericano de Adminisragdo Educa Clonal realizado em Brasilia, em outubro de 1968, Fromprido pela OEA, INEP e Astociagao Nacional issionais de’ Admini ducaciona le Pro ninistracao ci (ANPAE). "Neste Simpésio, Catenion mace 0 de que se tem conhecimento no pais Sobre a aplicagio da Teoria Gert! dor gen Pa ago, que serviu de base ineros tabs Ihos posteriores Para inmeros lores no Brasil 0s traba- Tae Brasil, destacando-se 0 de Soa. = ieseatio sash 5 ‘SCEND Repor Besquisadores da Comisto. Never “T speciais (CNAE), fundada trés anos ante Gial © ligada 3. NAS, el A; esse ela aprovasdo do Projeto SACI em 1969, que yt a a resolver o problema da c Bo Bail pela tle radoctacste a elaboracéo pelo INP} 2 trcinamento de pessoal deo gue o resenta & inspira todologia desenvolvida pela Geneval Eien? 44 desenvelvimento, a partir de 1969, da teledu no Brasil: @ TV Fducativa de Sio Paulo, da Fundago Padre Anchieta; © Proje: Telescola no Maranhao; © Instituto de Radiofusio Educativa da Bahia, IRDEB; Fundacdo Centro Brasileiro de TV Educativa no Rio de Janeiro; ‘A consolidagio da TV Universitiria de Recife; 0 I Seminario Brasileiro de Radio ¢ TV Educa- tiva em Porto Alegre; 0 I Encontro Nacional de Teleducacéo de Adultos no Rio; © I Semindrio de Comunicagées Sociais em Pe- trépolis (Garcia, 1981, p. 98). as intervengdes da UNESCO na educago da Amé- rica Latina. ee ee o 5. A abordagem sistémica da Educagio: 0 que ficou? Apontados 0s aspectos histéricos, ideoldgicos € teéricos da questo, a pergunta que se impée € acerca do que ficou, a0 nivel de senso comum, dos conceitos, técnicas € procedi- mentos utilizados pela tecnologia educacional. Gramsci (1931, p. 18) destaca como constitutivas do senso comum as caracteristicas difusas ¢ dispersas de um pen- samento genérico de uma certa época em um certo ambiente popular. Caracteriza, também, 0 senso comum 0 ndo estabe- Tecimento dos nexos de causa e efeito; uma certa dose de ob- servacio da realidade, ainda que empirica ¢ limitada, e a sua determinacdo histérica, ndo sendo, portanto, sempre 0 mesmo € 0 tinico a existir no seio da sociedade. A partir desta colocagiio € importante situar a questio desmembrando-a em alguns pontos fundamentais: — Que elementos © que conccitos subjacentes & légica presente nos modelos englobados pela tecnologia 45 ——=_—ia————

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