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“Se um homem for designado para varrer ruas, deve fazê-lo como Michelangelo
pintava ou Beethoven compunha. Deve varrê-las tão bem que todos no céu e na terra
parem e digam: aqui viveu um grande varredor de ruas, que fazia bem o seu trabalho”.
Martin Luther King
CONCEITO
1
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral - Vol. I, 5ª Ed., São Paulo: Impetus,
2007, pág. 200.
2
MIRABETE, Júlio Fabrinni. Manual de Direito Penal. V.I, 24.ª ed., São Paulo: Atlas, 2006, pág.
141.
constantes do tipo legal. É a vontade manifestada pela pessoa humana de realizar a
conduta.
ELEMENTOS DO DOLO
ESPÉCIES DE DOLO
3
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Parte Geral - V.1, 5.ª ed., São Paulo:
Saraiva, 2006, pág. 335
4
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Parte Geral - V.1, 5.ª ed., São Paulo:
Saraiva, 2006, pág. 337
cada qual pertence a estruturas diversas. A consciência da conduta pertence ao dolo
e, por conseguinte, ao fato típico; enquanto o potencial conhecimento da ilicitude,
conforme estudaremos mais adiante, é elemento da culpabilidade.
TEORIAS DO DOLO
5
MIRABETE, Júlio Fabrinni. Manual de Direito Penal. V.I, 24.ª ed., São Paulo: Atlas, 2006, pág.
142.
CRIME CULPOSO
“O que você é sempre vai desagradá-lo se você alcançar tornar-se o que não é.”
Santo Agostinho
CONCEITO
A culpa decorre de uma falta de dever objetivo de cuidado. É o dever que todas as
pessoas devem ter, isto é, o dever normal de cuidado, imposto às pessoas de razoável
diligência. A culpa decorre, portanto, da comparação que se faz entre o
comportamento realizado pelo sujeito no plano concreto e aquele que uma pessoa de
prudência normal, mediana, teria naquelas mesmas circunstâncias.
O Código Penal prevê o crime culposo sem, contudo, conceituá-lo, no art. 18, do
Código Penal, in verbis:
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
6
MIRABETE, Júlio Fabrinni. Manual de Direito Penal. V.I, 24.ª ed., São Paulo: Atlas, 2006, pág.
146.
ELEMENTOS DA CULPA
O agente deseja praticar uma determinada conduta, mas esta conduta não é
direcionada para o resultado delitivo, que termina por ocorrer. É uma conduta sem a
intenção de obter o resultado.
Na lição de Rogério Greco, “toda conduta, seja dolosa ou culposa, deve ter sempre
uma finalidade. A diferença entre elas reside no fato de que na conduta dolosa, como
regra, existe uma finalidade ilícita, e na conduta culposa a finalidade é quase sempre
lícita. Na conduta culposa, os meios escolhidos e empregados pelo agente para atingir
a finalidade lícita é que foram inadequados ou mal utilizados.”
Preciosas são as palavras de Zaffaroni: "se a conduta não se concebe sem vontade,
e a vontade não se concebe sem finalidade, a conduta que individualiza o tipo
culposo terá uma finalidade, tal qual a que individualiza o tipo doloso. O tipo culposo
não individualiza a conduta pela finalidade, mas sim, porque pela forma que se obtém
essa finalidade se viola um dever de cuidado".8
7
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral - Vol. I, 5ª Ed., São Paulo: Impetus,
2007, pág. 214
8
ZAFFARONI, Eugênio Raúl. Manual de Direito Penal brasileiro, São Paulo, ed. Revista dos
Tribunais, 1998, pág. 428
A imprudência é a culpa de quem age, ou seja, aquela que surge durante a realização
de um fato sem o cuidado necessário. Pode ser definida como a ação descuidada.
Implica sempre um comportamento positivo. Ex: ultrapassagem proibida, excesso de
velocidade, trafegar na contramão, manejar arma carregada.
Não existe previsão no crime culposo. Apesar disso, existe previsibilidade, que é a
possibilidade de qualquer pessoa dotada de prudência mediana prever o resultado.
1.ª Classificação
a) culpa inconsciente. É a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era
previsível.
b) culpa consciente (ou com previsão). É aquela em que o agente prevê o resultado,
embora não o aceite. Há no agente a representação da possibilidade do resultado,
mas ele a afasta, por entender que a evitará e que sua habilidade impedirá o evento
lesivo previsto.
9
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal- Parte Geral V.1, 6.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2006,
pág. 207. Capez considera dois elementos distintos: ausência de previsão e previsibilidade
objetiva.
Atenção !!!!!! Qual a exata diferença entre a culpa inconsciente e a culpa consciente?
A previsibilidade é um dos elementos que integram o crime culposo. Quando o agente
deixa de prever o resultado que lhe era previsível, fala-se em culpa inconsciente ou
culpa comum. Culpa consciente é aquela em que o agente, embora prevendo o
resultado, não deixa de praticar a conduta acreditando, sinceramente, que este
resultado não venha a ocorrer. O resultado, embora previsto, não é assumido ou
aceito pelo agente, que confia na sua não-ocorrência. A culpa inconsciente distingue-
se da culpa consciente justamente no que diz respeito à previsão do resultado;
naquela, o resultado, embora previsível, não foi previsto pelo agente; nesta, o
resultado é previsto, mas o agente, confiando em si mesmo, nas suas habilidades
pessoais, acredita sinceramente que este não venha a ocorrer. A culpa inconsciente é
a culpa sem previsão, e a culpa consciente é a culpa com previsão.
Cuidado!!!!! A culpa consciente difere do dolo eventual, porque neste o agente prevê
o resultado, mas não se importa que ele ocorra ("se eu continuar assim, posso vir a
matar alguém, mas não importa; se acontecer, tudo bem"). Na culpa consciente,
embora prevendo o que possa vir a acontecer, o agente repudia essa possibilidade
("se eu continuar dirigindo assim, posso vir a matar alguém, mas estou certo de que
isso, embora possível, não ocorrerá"). O traço distintivo entre ambos, portanto, é que
no dolo eventual o agente diz: "não importa", enquanto na culpa consciente supõe: "é
possível, mas não vai acontecer de forma alguma".
Obs2: o crime culposo somente existe em caso de previsão expressa do tipo penal.
No silêncio da lei, o crime só é punido como doloso.
Obs3: graus de culpa. São três: a) grave; b) leve; c) levíssima. Inexiste diferença para
efeito de cominação abstrata de pena, mas o juiz deve levar em conta a natureza da
culpa no momento de dosar a pena concreta, já que lhe cabe, nos termos do art. 59 do
Código Penal, fixar a pena de acordo com o grau de culpabilidade do agente.
Obs4: Qual o critério para determinar se a conduta de uma pessoa foi imprudente,
negligente ou imperita? É impossível, porém, uma regulamentação jurídica que
esgote todas as possíveis violações de cuidados nas atividades humanas. O que
fazer então para aferir imprudência, negligência e imperícia? Deve-se confrontar a
conduta do agente que causou o resultado lesivo com aquela que teria um homem
razoável e prudente em lugar do autor. Se o agente não cumpriu com o dever de
diligência que aquele teria observado, a conduta é típica, e o causador do resultado
terá atuado com imprudência, negligência ou imperícia. É proibida e, pois, típica, a
conduta que, desatendendo ao cuidado, a diligência ou à perícia exigíveis nas
circunstâncias em que o fato ocorreu, provoca o resultado.
Obs5: Os crimes culposos são considerados tipos abertos. Isto porque não existe
uma definição típica completa e precisa para que se possa, como acontece em quase
todos os delitos dolosos, adequar a conduta do agente ao modelo abstrato previsto na
lei. A redação do tipo culposo é diferente daquela destinada ao delito doloso. Em
virtude disso, Welzel dizia: "Nos delitos culposos a ação do tipo não está determinada
legalmente. Seus tipos são, por isso, 'abertos' ou 'com necessidade de
complementação', já que o juiz tem que 'completá-los para o caso concreto." No
homicídio, a título de ilustração, não há como saber se a conduta do agente se amolda
à previsão existente no art. 121, § 3.º, do Código Penal, que diz, simplesmente: "Se o
homicídio é culposo". Com esta descrição não se pode afirmar, pelo simples confronto
da conduta com o modelo legal, que o agente cometeu a infração penal.10
10
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral - Vol. I, 5ª Ed., São Paulo: Impetus,
2007, pág. 222
11
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal – Geral – V.1, 27.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2005, pág.
304
PRETERDOLO
“Eu tenho um certo sinal de Deus... Isso desde a infância: é um tipo de voz que,
sempre que a ouço, me faz deixar algo que ia fazer” Platão, Apologia
Art.19. Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o
houver causado ao menos culposamente.
Crime preterdoloso é uma espécie de crime qualificado pelo resultado. O agente quer
praticar um crime, mas acaba excedendo-se e produzindo culposamente um resultado
mais gravoso do que o desejado. É o caso da lesão corporal seguida de morte, na
qual o agente quer ferir, mas acaba matando (CP, art. 129, § 3.°). Ex: sujeito desfere
um soco contra o rosto da vítima com intenção de lesioná-la, no entanto, ela perde o
equilíbrio, bate a cabeça e morre. Há um só crime: lesão corporal dolosa, qualificada
pelo resultado morte culposa, que é a lesão corporal seguida de morte. Como se nota,
o agente queria provocar lesões corporais, mas, acidentalmente, por culpa, acabou
gerando um resultado muito mais grave, a morte.
12
MIRABETE, Júlio Fabrinni. Manual de Direito Penal. V.I, 24.ª ed., São Paulo: Atlas, 2006,
pág. 154.
13
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Parte Geral - V.1, 5.ª ed., São Paulo:
Saraiva, 2006, pág. 362