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Jutho/Setembro 2018 Jd i RS 23,00 STUPO Alice Jones Bartoli | | a ai ‘Ana Paula Soares da Silva 1O Hara Malta Campos | | | EDUCAGAO INFANTIL Aarte da aquarela ea \ © impacto da pobreza no desenvolvimento Julia Oliveira-Formosinho Educacao e desenvolvimento infantil ) cia ped Pel uuls 26) 48) Op Oe One® Onn OunOun On Onmn® A relacao entre educacao e desenvolvimento infantil 0 desenvolvimento da empatia na escola Um apelo da infancia para sairmos dos quadrados As indissociaveis aprendizagens da crianca e do adulto Uma arte milenar a ser explorada com as criancas Detalhes Uma experiéncia puxa a outra na educacao infantil 0s boletins informativos como pratica de documentacao pedagogica O legado das auséncias Acreche e o desenvolvimento dos bebés e criancas bem pequenas As roupas do irmao mais velho ] Pio eovcacto InraNTL avo 1 n° 56 suHoserEnaRO 218 COMO PRATICA DOCUMENTACAO PEDAGOGIC/ OS BOLETINS INFORMATIVOS DE Documentar as conquistas das criancas por meio de boletins informativos foi a maneira encontrada por uma professora de bergdrio da rede municipal de SGo Caetano do Sul (SP) para informar e sensibilizar familias e comunidade escolar sobre o trabalho realizado com os bebés @ KELI PATRICIA LUCA m 2015, trabalhei no bergério maior da Escola Municipal Infantil Candinha Massei Fedato, uma das 41 escolas de educacao infantil da rede municipal de ensino de Séo Caetano do Sul (SP). A faixa etéria atendida era de criancas fazendo 1 ano fentre os meses de janeiro e junho. Eu era a professora do periodo da tarde, e pela manha havia outra profes- sora. Nossa equipe contava também com educadoras atuando em cada periodo como auxiliares de primeira Infancia, oferecendo apoio e suporte ao trabalho desen- volvido com os bebés. Logo no’ inicio do trabalho, percebi sentimentos ambiguos por parte das familias que deixavam seus “tesouros” conosco ~ um misto de alivio e preocupa: 0 com relagao a creche. Era um alivio ter com quem fe onde deixar os filhos para serem cuidados enquanto jam trabathar. Ao mesmo tempo, o choro da separacio despertava preocupacao e angiistia sobre o que aconte- cia na creche durante sua auséncia, As familias pareciam distantes da escola e, 20 / nal da tarde, quando vinham buscar os bebés, se mitavam a perguntar se tinham comido ou choradc entre outras questdes ligadas ao cuidar. Isso sinalizou Que faltava informacao sobre o que era feito na escola. E mais: mostrou 0 quanto essa falta de informacio po deria estar dificultando o proceso de adaptacao e até acentuando a sensagao de inseguranca e 0 choro dos bebés. Senti que seria necessaria uma intervencao. Mas © que e como fazer? Trabalho ha 15 anos na educacao infantil e sei bem como 0 periodo de adaptacao costuma ser dificil para as trés partes envolvidas — alunos, pais e educadores —, ‘mas no bersario percebi que esse processo de insercdo © adaptacio é ainda mais delicado. A cada inicio de ano letivo, me dedico ao estudo a respeito da faixa etaria com a qual estarei trabalhando, a fim de elaborar o planejamento anual, Pesquisando sobre referéncias de adaptacao bem-sucedidas na edu: Cacao infantil, encontrei contetidos bastante interes- santes nas prticas das escolas infantis de Reggio Emi- lia, La, 0s pais s80 parceiros importantes no processo de aprendizagem dos filhos. As equipes produzem uma documentacao pedagégica como forma de informar as familias sobre 0 percurso de aprendizagem das criangas na escola Diante disso, passou a ser um desafio encontrar ‘a melhor forma para elaborar uma documentacao pe- dagogica que dialogasse com os pais, numa tinguagem acessivel e fundamentada, demonstrando 0 desenvolvi- mento dos bebés, aproximando a familia de nossa real dade escolar com o intuito de facilitar esse processo ini- Cial e estabelecer uma base sélida para nosso trabalho fluir por meio de uma parceria, visando 0 educar-cuidar de forma articulada e conjunta. Na rede de ensino de Séo Caetano do Sul, regis- tramos nossa pratica por meio de relatérios reflexivos, a partir de planos de aula, com o objetivo de redirecio- har nossa atuaao pedagogica. Em anos anteriores, eu Ja havia feito cartazes como forma de compartilhar com 05 pais o trabalho desenvolvido com seus filhos, e obtive bons resultados em grupos de criancas maiores que es- tudavam meio periodo na escola. Senti que era hora de aprimorar essa pratica. De- Cidi documentar as conquistas das criangas por meio de boletins informatives no formato digital, e 0 primeiro deles foi sobre o periodo de adaptacao na escola. Atra- vés de fotografias legendadas com textos esclarecedo- res, reveleio percurso do trabalho realizado pela equipe de educadoras do bergirio maior. Dessa forma, infor- madas e sensiblizadas, familias e comunidade escolar poderiam se conectar conosco, ampliando o olhar sobre nosso trabalho. Como fiz iso? Vou explicar a seguir. 1. OBSERVAR ATENTAMENTE E REGISTRAR O DIA A DIA Quando estamos com criangas bem pequenas, como no caso do bercario, as coisas acontecem muito rapida- mente e precisamos estar bem atentos para nao perder momentos significativos. Por isso, utilizei a cdmera do meu celular para fotografar e fazer pequenos filmes no “aqui e agora” assim que as coisas fossem acontecendo raturalmente, sem pose ou momentos pré-estabeleci- dos para 0s registros. 2. APURAR O OLHAR PARA SELECIONAR E REFLETIR SOBRE A PRATICA Ao final do dia, ja na minha casa, eu revia os regis- tros no celular e passava para 0 notebook, fazendo uma selegao das cenas mais sugestivas, a fim de compor a documentaco. Assim, jé ia fazendo algumas anota- des descritivas. Tive também o cuidado de selecionar @ iro eoveAck0 INFANTE 4N0 16 W° 56 sHoVSEEnaRO 2018 @ rive coucaconemTL W016 w36aurosereAoz Cépias dos boletins foram entregues aos pais ao final de cada sequéncia trabalhada ‘as imagens de forma que todas as criancas apareces- ‘sem em pelo menos uma imagem em cada boletim. 3. PRODUZIR UM POUCO POR VEZ Num arquivo, ia colocando as fotos e elaborava peque- nos textos de forma proviséria. Foi importante registrar ‘um pouco por vez, com a vivéncia ainda fresca na me- méria, e ter tempo de voltar varias vezes ao registro para construir as conexdes necessarias e finalizar 0 pro- esso com tempo, sem pressa. 4. COMPARTILHAR Apresentei o primeiro boletim pronto para a diretora € pensamos juntas na methor forma de compartitha-lo com as familias. Ela reconheceu sua importancia, elo- giou-0 € sugeriu que o colocassemos no mural que fica localizado na entrada da escola, com as imagens am- pliadas e coloridas. Dessa forma, a comunidade escolar também teve acesso ao boletim e pade ampliar 0 olhar para 0 educar-cuidar como foco do trabalho no berca~ rio, A direcdo da escola autorizou que fossem feitas c pias em preto e branco dos boletins, e estas foram en- tregues aos pais ao final de cada sequéncia trabalhada. Outra ferramenta importante para a comunicacao da equipe foi o WhatsApp. Por meio dele, eu e a profes: SyVus —— sora da manha conseguiamos nos comunicar com as de- mais educadoras e gestoras envolvidas com o bercario, 44 que nao tinhamos horario de trabalho pedagogico coletivo na rede em 2015. Dessa forma, havia trocas de experiéncias, observacdes e compartilhamentos de registros para qualificar ainda mais a documentacao do bercario. A aceitacao do primeiro boletim informativo foi t80 boa que outros o sucederam. Preparei um boletim a0 final de cada sequéncia de atividades. Senti que, a0 entregar a documentacao pedagégica para as familias, estabeleceu-se um canal de didlogo comunicativo en- tre a escola e a familia, demonstrando 0 percurso do grupo durante as sequéncias de atividades propostas. Na hora da saida, as conversas versavam sobre os cul- dados, mas também sobre as conquistas das criancas, associando os fazeres da escola com as agdes e atitudes das criancas em casa. Isso gerou uma proximidade mui- to interessante, estabelecendo um vinculo entre escola € familia sobre uma base segura e sétida. Sinto que inovei ao documentar por meio dos bo- letins informativos. Eles refletem os avancos dos be- bés, cada qual dentro do seu percurso individual, que nessa idade nao ¢ estatico e linear, por isso ndo deve ser passivel de classificacdo. Nessa fase, 0 desenvol- vimento infantil naturalmente avanca e retrocede, movimento que ¢ inerente a essa etapa do desenvol- vimento humano. E muito gostoso e gratificante conversar com as. familias sobre as conquistas de seus bebés a partir dos boletins informativos. Isso acontece porque, apesar de ser um documento, ele ndo tem o carter formal e até reducionista de relatorios que acabam classificando © desenvolvimento das criangas tomando como base padrées preestabelecidos, perdendo-se exatamente ai a oportunidade de trabalhar com os pais no sentido de ampliar 0 olhar sobre a crianca, trocando, sugerindo, informando e aprendendo junto. Dessa forma, somos verdadeiros parceiros em prot do desenvolvimento in- tegral das criancas! Ao aproximar as familias e a comunidade escolar daquilo que fazemos no bercério, amptiamos o olhar Para os fazeres ali praticados, que vao muito além do cuidar. Todos juntos, fomos sendo convidados a refletir sobre 0 que os registros nos revelavam. Com esta experiéncia, todos saimos ganhando: eu aprendi o quanto é importante dedicar um tem- pinho ao final de cada jornada de trabalho a reflexao da pratica. Assim, consegui conhecer um pouco me- thor as caracteristicas, habilidades e fragilidades de 0s bo eram afixado: ampliadas e coloridas cada bebé, percebendo que eles nos ensinam muito €enos indicam o caminho. As familias ficaram confiantes ‘4 medida que tinham acesso ao trabalho realizado por meio dos boletins informativos. Os bebés pareciam mais calmos, choravam menos e também foram bene- ficiados com propostas mais qualificadas e adequadas para sua faixa etéria, Para finalizar, gostaria de registrar aqui o quanto acredito na capacitacao baseada na troca de boas pré- ticas. Adorei a experiéncia de compartithar com vocés uma parte do meu trabalho como professora de ber- Gario. Este € 0 meu jeito de fazer. Isso no quer dizer Que seja tinico e/ou ideal. Gostaria muito de continuar trocando experiéncias. Compartilhem as suas também! © Keli Patricia Luca é psicotoga, licenciada ‘em Pedagogia e Filosofia, pés-graduada em Psicopedagogia, Supervisdo escolar e Planejamento/implementacao/gestao de educacao a distancia e professora de educacao infantil nna rede municipal de Sa0 Caetano do Sul (SP). kelipatluc@hotmail.com

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