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A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA

ECONOMIA

O peso do Estado na economia


O Estado perante a ineficácia dos mecanismos de
mercado

PAULO VIANA

Nº:20101051

RICARDO MARQUES

Nº: 21120212

RESUMO: Este trabalho pretende demonstrar a intervenção do Estado na Economia, na


medida em que se passou, em alguns países, de uma Economia planificada para uma
Economia de mercado. Estas alterações geram sempre discórdias, pretendendo-se
mostrar as “várias faces da questão”.
A intervenção do Estado assume um papel regulador no funcionamento da Economia,
com o objectivo de combater desequilíbrios e desigualdades geradas pelos mecanismos
de mercado, sempre em busca de uma maior eficiência, equidade e estabilidade.
Contudo perante intervenções que se revelaram ineficazes, resultando em consequências
várias como défices orçamentais, agravamento das dívidas públicas e perante
determinados constrangimentos, a intervenção por parte do Estado é cada vez mais
limitada.

INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA


INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL


JUNHO DE 2007
INDICE

1. O peso do estado na economia…………………………………………….3

1.1- A evolução da intervenção do Estado nos mercados…………………...3


1.1.1- O Estado como produtor
a) - Serviços colectivos……………………………………………….….3
b) – Externalidades………………………………………………………3
c) - Existência de monopólios……………………………………………4
1.1.2 – O Estado como dirigente
a) - As nacionalizações ………………………………………………….4
b) - As planificações……………………………………………………..5
1.1.3 – A separação do Estado como produtor ao longo da década de 80
a) – O declínio das economias planificadas As privatizações…………...5
b) – As privatizações ……………………………………………………5
1.2 – Regulação e regulamentação
1.2.1 – Mercados imperfeitos……………………………………………………6
1.2.2 – Os debates em relação á regulamentação………………………………..6

2. O Estado perante a ineficácia dos mecanismos de mercado.................. 7

2.1 As diferentes formas de intervenção do Estado perante as


disfuncionalidades dos mercados
2.1.1 Os mercados geram desigualdades e desequilíbrios……………………….7
2.1.2 Os principais meios de acção………………………………………………8
2.1.3 O orçamento de Estado…………………………………………………….8
2.2 Das intervenções á eficácia controversa e de dificil execução
2.2.1 O crescente peso do estado na economia…………………………………..9
2.2.2 A intervenção do estado na economia revela-se ineficaz………………...10
2.2.3 Politica orçamental de reactivação, respectivas consequências e
constrangimentos……………………………………………………………………….11

3. Conceitos chaves………………… ……………………………………….11

4. BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………12

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1. O PESO DO ESTADO NA ECONOMIA

Desde a década de 80 que o mundo viu a afirmação de políticas ideológicas de espírito


neo-liberal, i.e, o Estado tem vindo a perder influência na orientação das economias
nacionais passando esta, para as microeconomias privadas.

O Estado passou de uma situação de produtor e planificador de serviços e bens, para um


papel de regulador, fazendo com que se criassem condições favoráveis, a que houvesse
uma dinamização e reestruturação interna do sector empresarial.

Por outro lado o fenómeno da globalização ao aproximar economias com características


diferentes, veio também a aproximar diferentes concepções de Estado, dos mais
intervencionistas aos mais liberais, o que pressupõe a tendência para a alteração do seu
papel. [4]

1.1 A evolução da intervenção do estado nos mercados

Ao longo dos tempos verificou-se que o Estado não conseguia regular livremente os
mercados, assim colocou-se a questão de o estado entregar a instituições independentes
a função de regulamentar os mesmos, deixando com que a “mão invisível” [3]
perpetuada por Adam Smith actuasse livremente. A ideia de que o estado pudesse
intervir na economia tem vindo a ser substituída por mecanismos de mercado que
progressivamente se impuseram na 2ª metade do século XX.

1.1.1 O Estado como produtor

a) A existência de serviços colectivos

Dentro dos serviços colectivos podemos distinguir os privados (por exemplo o cinema),
em que é fácil imputar ao consumidor/utilizador o preço do bilhete, e em que é quase
impossível imputar o preço ao consumidor. Este tipo de serviço deve ser pago pelo
Estado, sendo o consumidor beneficiado por um todo. Segundo “Samuelson” e “Adam
Smith” estes bens colectivos puros nunca poderão fazer parte de uma apropriação
privada, isto é, nunca podem ser do interesse de um qualquer indivíduo.

b) A existência de externalidades

A intervenção explica-se igualmente pela existência de efeitos externos ou de


externalidades. As externalidades são as consequências que um agente provoca noutro
agente, sem que o 1º tenha a noção ou contabilize esse efeito. Elas são deturpadas pelos
mecanismos de gratificação de recursos, visto que, cada agente no seu cálculo
económico não integra o seu interesse pessoal nem participa num chamado bem
colectivo.

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Os mercados sofrem com estas externalidades, e é aqui que o Estado toma um papel
preponderante ao tomar medidas que minimizem os seus efeitos.

c) A existência de monopólios

O peso económico de certos agentes privados necessita igualmente da intervenção do


Estado. O crescimento de certas actividades económicas conduz esporadicamente a
situações de monopólio ou de quase monopólio.

Em certas actividades o montante de financiamento de infra-estruturas é pesado e a


longo prazo os rendimentos são crescentes. Ao dobrar a produção, os preços de custo
não acompanham proporcionalmente as taxas fixas impostas pelo Estado. Para fazer
face a estes custos fixos, as empresas ou se fundem ou se separam consoante as
necessidades. Estes processos tendem a que progressivamente sejam apelidados de
monopólios naturais que operam sobre os bens e serviços, e que são indispensáveis ao
bem comum, tanto particular como colectivo.

Estes monopólios detêm um poder enorme e podem “abusar” em detrimento da


colectividade, pois podem alterar o preço, criar desigualdades para os concorrentes e aí,
é o utilizador o mais prejudicado.

Em Portugal o organismo que controla estas situações é a autoridade da concorrência,


um organismo independente que visa controlar os mercados para que estes funcionem
livremente. Tem múltiplas áreas de intervenção, mas os sectores mais mediáticos são a
comunicação social, as energias, transportes e telecomunicações.

1.1.2 O Estado dirigista

a) As nacionalizações

Os Estado produtor intervêm através das empresas públicas. Essas empresas são
controladas directa ou indirectamente por administrações públicas, estas administrações
são nomeadas directamente pelos governos e elegidas por sufrágio público.

O sector público reagrupa o sector público produtivo (instituições públicas de carácter


industrial e comercial), a função pública (administração central e local) e os
organismos públicos financeiros (representam grande parte dos recursos).

A noção de sector público é diferente de serviço público, já que estes últimos são de
interesse geral e onde a autoridade pública assegura a execução de trabalhos sejam eles
vendáveis ou não.

Em Portugal, durante um regime liderado por António de Oliveira Salazar, o Estado era
a figura central da Economia, já que, os sectores eram controlados directamente por ele,
desde bancos, indústrias, saúde, energias etc. Um pouco á imagem de vários regimes da
época, tanto “á esquerda” (Cuba, U.R.S.S, China etc.) como “á direita” (Portugal,

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Espanha, Itália etc.), até ao 3º quartel do século XX, a Europa era dominada por este
espírito Estadista.

b) A Planificação

A vontade do Estado orientar, e até mesmo de dirigir a actividade económica não se


limita á existência de empresas públicas, mas exprime-se igualmente na planificação.

A planificação reside num documento, o plano, que apresenta as grandes orientações


económicas e sociais para o futuro. O plano é realizado pelo Estado em concertação
com os parceiros sociais. O plano não comporta nenhuma medida obrigatória para as
empresas e geralmente apoia-se na instigação financeira.

1.1.3 O Estado como produtor começa a descomprometer-se ao longo dos anos 80

a) O declínio das Economias Planificadas

As Planificações outro instrumento da vontade do Estado de comandar a economia, vai


igualmente conhecer um claro recuo. Em Portugal, uns anos após o 25 de Abril e das
“ondas” das nacionalizações houve um declínio das economias planificadas. Para isso
contribuiu a crise petrolífera, pois objectivos como a inflação, emprego, crescimento
eram completamente inatingíveis.

Hoje em dia a Planificação tomou conta de outras áreas sem ser a de Economia, tais
como: a exclusão social e o desemprego, estipulando objectivos e metas a cumprir.

 
b) As privatizações em Portugal

Se após o 25 de Abril ouve uns tempos conturbados em que se pensou que a melhor
forma de dirigir um país era através das nacionalizações e das corporações, a revisão
constitucional de 1989 introduziu a possibilidade de alienação pelo Estado, das
empresas nacionalizadas depois de 1974. Esta revisão tem uma significativa incidência
ao nível da reconstrução dos mecanismos de mercado, na área económica em geral e na
esfera financeira em particular.

Na verdade já em1987, quer com uma 1ª revisão constitucional, quer com a alteração da
lei de Delimitação de Sectores, através do decreto-lei nº 406/83, de 1983, se haviam
dado passos significativos no sentido da abertura á iniciativa privada de investimentos
nos sectores bancários (ex: Banco Totta & Açores) [3], segurador (ex: Aliança e
Tranquilidade), adubeiro e cimenteiro (ex: Cimpor).

Mas só com a aprovação da lei nº 84/88 de 20 de Julho, é que se veio permitir a


transformação das empresas públicas em sociedades anónimas de capitais públicos.
Estava dado o pontapé de saída para as reprivatizações.
 

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1.2 A Regulação e Regulamentação

1.2.1 Mercados imperfeitos e a sua regulamentação

A retracção do Estado enquanto produtor fez com que houvesse mudanças importantes.
Assim a abertura á concorrência dos monopólios públicos permitiu obter uma grande
eficácia económica, contudo criou ao Estado um certo número de problemas. Podemos
mencionar que certos monopólios públicos ancestrais asseguram, pela sua actividade,
uma parte do serviço público. A questão é se o Estado no que respeita ao serviço
público consegue fiscalizar a produção.

È neste contexto que ao longo destes últimos anos de construção Europeia apareceu o
termo «serviço universal», em que o produtor deve oferecer o acesso equitativo ao
mesmo tempo que os consumidor.

A desobrigação dos poderes públicos, traduz-se pelo estabelecimento de regras que


enquadram os mercados. Os mercados de funcionamento são agora modificados, já que
a regulação dos mercados sucede a regulação por parte do Estado.

A regulamentação é um conjunto de obrigações jurídicas que se impõem aos agentes


económicos (leis, regras). Também se pode definir como a equitatividade de leis que
regem o funcionamento dos mercados.

A regulação dos mercados não pode ser eficaz, caso o jogo concorrencial seja exercido
verdadeiramente. Portanto, numerosos autores entre os quais Shumpeter, tentaram
mostrar de uma maneira mais ou menos eficaz, o paradoxo da concorrência, já que os
mecanismos de mercado tendem a fazer desaparecer o jogo concorrencial.

Tal como num jogo de futebol se não houvesse regras, poderiam haver mil e uma
maneiras de marcar golo. Aqui a função do árbitro é preponderante já que faz com que
as regras sejam respeitadas, tornando um jogo mais justo para ambas as equipas.

1.2.2 Os debates em relação á Regulamentação

O paradoxo da concorrência parece mostrar que os mercados entregues a eles próprios,


não permitem confiar no óptimo de Pareto (perigosa deslocação de recursos, preços
superiores para o consumidor). Certos autores remetem a causa nesta conclusão, outros
remetem igualmente a causa para a regulamentação do jogo concorrencial.

A Escola de Chicago, representada por Demsetz, considera que sobre um certo


mercado, não resta mais que uma firma, a mais eficaz, e que todas as sanções recaem
sobre os melhores. Os proveitos mais elevados que a empresa realiza em situação de
monopólio não deriva de um abuso de posição dominante, mas sim de uma maior
eficácia. A concorrência potencial tem sempre um efeito estimulante.

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Outros autores remetem a causa da eficácia á regulamentação. A Economia positiva da
regulamentação considera que o Estado, enquanto regulamentador é submisso á acção
de certos lobbies. O regulamentador tem tendência a ceder a certas pressões em tempo
de eleições, assim a regulamentação não reflecte o interesse geral. As indústrias
procuram impor regras e normas na perspectiva de se protegerem contra a concorrência
estrangeira.

Mesmo na presença de externalidades negativas, a intervenção do Estado é inútil.


Assim, Coase explica que se os direitos de propriedade estão correctamente definidos,
os agentes podem corrigir espontaneamente as externalidades afectadas ao mercado. Os
efeitos externos provocados pela poluição devem ser combatidos com a criação de um
mercado sobre o qual são trocados os direitos relativos aos recursos utilizados.
Futuramente poderemos assistir á redução de efeitos negativos sobre o ambiente e á
troca de direitos entre empresas que poluem mais que outras.

2. O ESTADO PERANTE A INEFICÁCIA DOS MECANISMOS DE


MERCADO
O Estado perante a ineficácia dos mecanismos de mercado deve intervir, i.e., os
mercados agindo sozinhos não são capazes de resolver todos os problemas. Compete
assim ao Estado intervir, assumindo um papel de regulação no funcionamento da
economia fazendo respeitar as regras do jogo concorrencial, de modo a fazer face aos
desequilíbrios e ás desigualdades geradas pelos mecanismos de mercado, sempre em
busca de uma maior eficiência, equidade e estabilidade da economia.

2.1 As diferentes formas de intervenção do Estado perante as


disfuncionalidades dos mercados

2.1.1 Os mercados geram desigualdades e desequilíbrios

Os desequilíbrios gerados por os mercados são o desemprego (privando de recursos os


indivíduos afectados), a inflação (aumento dos preços deteriorando o poder de compra
de numerosos agentes), os défices ou mesmo os excedentes do comércio externo.

Para evitar os desequilíbrios de mercado é indispensável a intervenção do Estado de


forma a controlar os preços, a procura e o emprego/desemprego, actuando no sentido de
evitar ou a combater as crises inflacionistas ou de recessão económica, procurando
sempre o crescimento económico.

Perante as desigualdades económicas, ou mesmo pobreza, que se transformam também


em desigualdades sociais geradas por o mercado, i.e., ao não assegurar a certos agentes
um rendimento suficiente para satisfazerem as suas necessidades mais elementares, o
Estado deve intervir. Esta intervenção passa pela distribuição de rendimentos, em busca
de uma equidade entre os cidadãos, para que estes disponham de um rendimento

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suficiente para assegurarem a sua subsistência e para que tenham capacidade para
financiar as suas despesas de doença, aquando da sua reforma.

A renovação demográfica aspecto fundamental para o equilíbrio de um país é uma das


desigualdades que o Estado não consegue controlar através do campo da regulação
concorrencial. Contudo também há factores que o mercado não tem em conta, entre
eles: a formação e a educação.

2.1.2 Os principais meios de acção

Como o crescimento económico pode ser insuficiente para proporcionar aos agentes
rendimentos necessários para fazer face aos riscos sociais, e a distribuição de
rendimentos é desigual, cabe ao Estado implementar um sistema de protecção social
visando numa lógica de redistribuição horizontal (dos activos para os reformados). Em
Portugal há cerca de 4,5milhões de beneficiários activos, 2,5 milhões de pensionistas,
dos quais 1,5 milhões são pensionistas de velhice. A pensão média dos novos
pensionistas ronda os 370 euros, o que significa que o problema da pobreza nos idosos
não é um problema do passado, é também um problema do presente, como uma
consequência de carreiras de desconto curtas, e principalmente de salários muito
reduzidos (dos mais baixos da União Europeia). Posto isto, conclui-se que ainda há
muito para fazer (intervenção do Estado) relativamente a esta matéria, não esquecendo
que o sistema de segurança social português (após a reforma de 2000-2002) prevê
défices anuais máximos na ordem dos 1,8% PIB em 2050, e prevê também o fim das
reservas a partir de 2030.

Para além da protecção social, o Estado intervém através da legislação de normas de


trabalho legislativas e contratuais, impondo assim regras em matéria de condições de
trabalho e duração do trabalho e impondo um salário mínimo nacional (403,00 Euros).
O estado em relação á matéria fiscal também intervém de forma a beneficiar certos
rendimentos em relação a outros (rendimentos do trabalho, rendimentos do capital, etc.)
com vista a reduzir desigualdades, consequentemente o comportamento dos agentes
económicos altera-se em relação á poupança, consumo e investimento. [6]

2.1.3 O orçamento de Estado

O orçamento de Estado é um instrumento de gestão e de intervenção por parte do


Estado, documento anual no qual se reagrupa a previsão do conjunto de receitas e de
despesas do Estado, para esse mesmo ano. O documento é apresentado pelo Governo à
Assembleia da República, até 15 de Outubro de cada ano, seguindo-se um processo
legislativo de aprovação parlamentar. É um documento de previsão, político, económico
e jurídico.

As receitas do orçamento de Estado provêm essencialmente dos impostos pagos pelos


contribuintes (receitas correntes - prevê-se que se voltem a repetir nos anos seguintes),
de privatizações ou de venda de património (receitas de capital receitas que se esperam
não voltar a repetir). Na distribuição de despesas do Estado predomina a despesa

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efectuada por o Estado no desempenho das suas funções, nomeadamente as
remunerações ou vencimentos (despesas correntes - correspondem a encargos
permanentes) e as despesas de capital (exemplo: construção de um aeroporto, despesas
que tem repercussões no futuro). O saldo orçamental é a diferença entre o total das
receitas e o total das despesas. [7]

Segundo a análise keynesiana o orçamento é um instrumento de política económica, na


medida em que influencia a actividade económica. Esta análise preveligia a reactivação
da economia, i.e., supondo que a economia entra em recessão como resultado de uma
insuficiência da procura, então se o Estado compensar diminuição das despesas privadas
por um crescimento das despesas públicas, exemplo: se o Estado encomendar um
milhão de obras públicas, está a aumentar a produção interna de um milhão de obras
públicas e simultaneamente a distribuir rendimentos para todos os que contribuírem na
produção, tais rendimentos vão alimentar uma procura de consumo que será satisfeita
por um aumento da produção para a qual os novos proveitos serão distribuídos, e assim
sucessivamente.

O teorema de Haavelmo explica este mecanismo de reactivação: o crescimento


equilibrado do orçamento provoca um aumento do mesmo montante do rendimento
nacional. O aumento equilibrado do orçamento significa que o aumento das despesas do
estado é financiado pelo imposto, assim não é necessário que haja défice orçamental
para que a economia seja estimulada. [1]

2.2 Das intervenções à eficácia controversa e de difícil execução

2.2.1 O crescente peso do Estado na economia

No decurso da história económica o Estado tem tido um peso cada vez mais relevante.
Em Portugal o Estado, desde 1980 que nenhum dos 13 Governos Executivos
Constitucionais baixou o peso do Estado na economia, como podemos constatar no
quadro 1:

Tabela 1: Peso do Estado na economia (desde 1980) [8]


Governo Ano Peso do Estado na economia
Sá Carneiro 1980 33,50%
Pinto Balsemão 1983 36,50%
Mário Soares 1985 38,80%
Cavaco Silva 1995 42,80%
António Guterres 2002 44,40%
Durão Barroso 2004 45,80%
Santana Lopes 2005 46,40%

Este aumento sucessivo do peso do Estado na economia, deve-se sobretudo ao peso que
a despesa pública tem assumido.

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Figura1: A evolução do peso das despesas públicas no PIB [4]

Wagner através da lei que tem seu nome, constata, que as despesas públicas aumentam
mais rapidamente que a produção privada, Wagner explica que o desenvolvimento da
industrialização e da urbanização necessitam de investimentos públicos crescentes. [1]

Peacok e wiseman demonstram que em período de estabilidade as despesas públicas


evoluem por saltos sucessivos em função das entradas fiscais, quando predomina a crise
os contribuintes aceitam uma carga fiscal mais forte, contudo após a crise as despesas
públicas não retornam ao nível inicial mas sim a um nível mais elevado (efeito de
deslocação). [1]

2.2.2 A intervenção do Estado na economia revela-se ineficaz

Para que a intervenção do Estado na economia (através das despesas orçamentais),


produza frutos, é fundamental que se diagnostique as razões do atraso no crescimento e
que a produção aumente de forma a satisfazer o crescimento da procura, e
simultaneamente tentar evitar a inflação (estimulada pelo aumento da procura) criando
assim novas capacidades de produção rentáveis para responder ao mercado (caso
contrário presenciamos a inflação).

É de ter em conta que a poupança por parte dos agentes constitui uma “fuga”, visto que,
se há poupança há menos consumo, o que não contribui de forma alguma para o
relançamento do consumo. Princípio da equivalência: supondo que o Estado aumenta a
despesa pública sem aumentar os impostos (financiando o défice por empréstimo), e
caso os agentes prevejam que os impostos só vão ser pagos no futuro ao invés do
presente, então pouparão o excesso de rendimento resultante do aumento da despesa
pública, de modo a financiarem no futuro o acréscimo dos encargos fiscais, contrariando
assim a intenção da intervenção do Estado em relação ao aumento do consumo, com
vista ao crescimento da economia.

Quando o Estado aumenta a despesa pública, não podemos esquecer que parte desse
aumento vai contribuir para o aumento das importações, visto que, parte da fatia da

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despesa pública é destinada ás importações. Ora, como as importações constituem uma
“fuga”, não contribui para que a intervenção seja eficaz, mas sim para agravar a inflação
das importações degradando a balança comercial.

Segundo Buchanan certos autores põem em causa se o Estado representa o interesse


geral, mas sim a prioridade do interesse de determinadas coligações de modo a retirarem
vantagens particulares com o objectivo de “subirem” ao poder. I.e., para uma eleição em
que é necessário 51% dos eleitores para assegurar a chefia, é provável que os políticos
cedam a interesses de modo a convencerem os 51% de eleitores, consequentemente os
49% que não concordaram vão pagar na mesma a despesa, a que os 51% apoiaram.

2.2.3 Política Orçamental de reactivação, respectivas consequências e constrangimentos

A política orçamental de reactivação pode gerar efeitos e consequências perversas, se


não se providenciarem determinadas condições para o seu sucesso. Uma das
consequências é o aumento das taxas de juro, caso a oferta de moeda não seja
aumentada (devido ao aumento da procura da moeda). O aumento das taxas de juro
pode ser também fruto do endividamento por parte do Estado, de modo a financiar as
despesas orçamentais (a rarefacção dos fundos de empréstimo conduzem a um aumento
das taxas de juro). O Estado aumentando as despesas sem o aumento das receitas, tem
como consequência o aumento do défice, assim o Estado recorre ao financiamento por
empréstimo (originando a consequência explicada anteriormente), como o Estado se
sente obrigado a obter receitas suplementares de modo a combater o défice, é muitas das
vezes obrigado a contrair novos empréstimos, agravando assim a situação (efeito “bola
de neve”).

Contudo há determinados constrangimentos relativamente a esta política: com o


crescimento da divida pública reduz-se a margem de manobra do Estado, com a adesão
de Portugal à União Europeia a intervenção por parte do Estado ficou mais limitada e
com o Pacto de Estabilidade e crescimento, impondo regras muito estritas em matéria de
disciplina orçamental a política orçamental ficou ainda mais limitada.

3. PALAVRAS-CHAVE:
ECONOMIA PLANIFICADA; ECONOMIA DE MERCADO; NACIONALIZAÇÕES;
PRIVATIZAÇÕES; MONOPÓLIOS; MECANISMOS DE MERCADO; ORÇAMENTO DE ESTADO;
SALDO ORÇAMENTAL; DESPESA PÚBLICA; MECANISMO DE REACTIVAÇÃO.

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4. BIBLIOGRAFIA
[1] MULLER, JAQUES; VANHOVE, PASCAL; LONGATTE, JEAN – DPECF2
Èconomie. Manuel & Applications, , 4ª Edition, editora Dunod, ISBN -
2100075071 , pp. 187-202.

[2] NEVES, JOÃO CÉSAR DAS; REBELO, SÉRGIO – Executivos interpelam


Portugal – Questões chave da nossa Economia, da editora Verbo.,1996, pp. 75-93.

[3] NEVES, JOÃO CÉSAR DAS, “O que é a Economia?”,da editora Difusão Cultural,
ISBN – 9727091849

LINKS:
[4] http://ssimone.no.sapo.pt/GPE.pdf

[5] http://economia-12c.blogs.sapo.pt/11740.html

[6]HTTP://WWW.NOVASFRONTEIRAS.PT/INDEX.PHP?AREA=INTERVENCOES&ID_TIPO=CO
M4451FB5ADF35F&ID=INT44522B803E7D6&PHPSESSID=E30831AF1CCABA5987D4E
A549AE1B0CD

[7] http://economia-12c.blogs.sapo.pt/11429.html

[8]http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/editorial/pt/desarroll
o/688491.html

[9]http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_keynesiana#O_papel_do_Estado_na_economia.2
C_segundo_Keynes

[10] http://pt.wikipedia.org/wiki/Stiglitz

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