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RESUMO: Este trabalho consiste em uma revisão bibliográfica referente ao desenvolvimento da tática
no processo de ensino-aprendizagem da Capoeira, visualizando qual a importância de sua aplicação,
seja no campo escolar como em academias. Este estudo possibilitou a pesquisa de diferentes autores e
suas idéias diante do que determinamos como tática, estudada pela Educação Física e aplicada em todas
suas áreas. Como área em destaque da Educação Física o estudo foca no que vem acontecendo em sua
estruturação no que diz respeito à Capoeira e como este novo conteúdo vem sendo trabalhado tanto na
escola como em academias. A perspectiva em maior destaque é acelerar o processo de ensino através da
aplicação do âmbito tático.
PALAVRAS CHAVE: Capoeira. Metodologia de ensino. Tática. Educação física.
INTRODUÇÃO
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cultura corporal do movimento (NASCIMENTO & FENSTERSEIFER, 2007). O ensino
da capoeira não deve de maneira alguma ser desvinculado da sua origem cultural. Deve
ser ensinada enquanto manifestação cultural, trabalhando sua historicidade, sem
“desencarná-la do movimento cultural e político que a gerou” (SOUZA & OLIVEIRA,
2001, p. 45).
Para o aprendiz de Capoeira, seja ele um aluno de Educação Física, ou um aluno
especifico que treina a capoeira, valores e princípios são adotados, desenvolvendo no
aluno a autonomia, a cooperação, a participação social e a democratização. Estes
mesmos valores também trabalhados em metodologias de outros esportes, porém na
roda de capoeira é possível visualizar que o “jogador” tem liberdade de se expressar,
sem preocupar-se com uma obrigatoriedade pré- estabelecida. Na roda ele pode ser
criativo, conforme o andar das necessidades que venham a surgir. (SOUZA &
OLIVEIRA, 2001).
Mas, ainda assim vale ressaltar que a Educação Física brasileira deve resgatar a
capoeira juntamente com sua história, resgatar esse fenômeno como manifestação
cultural que é, e não transformando em simplesmente mais uma modalidade esportiva a
ser repetida. Outros contextos culturais incluídos na Educação Física acabaram
passando por esse processo de esportivização, o que fez da pratica algo desvinculado da
cultura, recebendo um tratamento ligado diretamente a técnica. (COLETIVO DE
AUTORES, 1992)
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Se visualizarmos uma ordem lógica no ensino da capoeira, constatamos que a
base do processo de aprendizagem se dá a partir do movimento básico conhecido como
Ginga, que segundo Netto:
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Constata-se através de estudos sobre a metodologia de ensino da Capoeira que
“se configuram ainda no modelo de aula, adotado no século passado”, o que aqui é
descrito tem um foco direcionado para a repetição de movimento, o movimento treinado
tecnicamente como relato: “Vale atentar que um determinado modelo de técnica (forma
mais adequada de lançar o golpe) é dominante e praticamente único” (ARAÚJO, et al.
p.25. s.d.), então, sem sombra de dúvida, identificamos a falha maior que indica a não
realização de um treinamento tático.
Araújo et al (s.d, p. 25) apresenta um modelo de aula que na atualidade é
praticamente o que se encontra em academias ou até mesmo em modelos de aula
escolares:
Quem observa uma roda de capoeira não percebe toda a complexidade existente.
Tem-se a impressão de somente existir uma forma de se jogar a capoeira, que a
criatividade não está presente, que tudo não passa de uma combinação. O contrário do
que se visualiza nas rodas de Capoeira, pode ser visto na aula, onde uma rigidez técnica
e programática é aplicada dentro das conformidades necessárias. Porém esse âmbito
severo desenvolvido na aula acontece de forma diferente na roda, onde o que se vê uma
alegria dominante, não como desordem, e sim como disciplina. Essas diferentes
realidades têm a missão de disseminar culturalmente e até mesmo esportivamente a
Capoeira em todas suas áreas de atuação direta ou indiretamente (ARAÚJO et al, s.d.).
Tanto na escola como nas academias e centros de treinamento a capoeira é
trabalhada focada na perfeição da movimentação, e repetindo o movimento inúmeras
vezes para que se possa estabelecer uma melhor qualidade em sua execução. Pensando
nessa lógica, é possível detectar falhas no processo do ensino e perceber a não
contemplação do elemento tático no contexto do ensino-aprendizagem.
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Nascimento (2010) estabelece uma proposta metodológica que contempla uma
realidade que visa o desenvolvimento de algumas dimensões não trabalhadas no ensino
da Capoeira.
Temas
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Se observarmos esse modelo de conteúdos apresentado por Nascimento (2010,
mimeo), fica clara a riqueza de possibilidades que se pode inserir no conhecimento de
um aluno que aprende a Capoeira. Ao observarmos o item “c” relacionado à dimensão
técnico-tática, percebemos que ao tratar do ensino dos movimentos cabe ressaltar que
para além da técnica, é preciso que o aluno aprenda a movimentar-se utilizando de sua
base-ginga, e aprenda a desenvolver novas possibilidades, experimentando tudo aquilo
que auxilie no processo de definição do jogo, neste caso associado diretamente à tática.
“Jogar Capoeira significa, [...] constante tomada de decisões para a solução de
problemas, em que cada gesto ou movimento executado por um dos jogadores repre-
senta um pequeno problema que deverá ser resolvido imediatamente pelo parceiro de
jogo.” (HEINE et al. 2009, p. 10) Observando esta passagem, fica mais do que clara a
presença da imprevisibilidade no jogo da capoeira. A partir do momento que instigamos
o aluno a desenvolver o âmbito tático em seu processo de ensino-aprendizagem,
estaremos desenvolvendo uma qualidade imensa de jogo e este estará sempre motivado,
não se cansando do que está aprendendo, cada aula se torna uma novidade, um
momento prazeroso de contato com a cultura da Capoeira e com os colegas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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grande capacidade de envolvimento, onde o seu objetivo principal não é realizar
corretamente um determinado movimento, utilizando-se do melhor desempenho técnico
possível, mas ter a liberdade de se expressar e construir sua maneira de jogo como ele
vier a compreender melhor.
Conclui-se então que a falta de aplicação do elemento tático no jogo da capoeira,
pode prejudicar não só o empenho do aluno como sua própria auto-estima. O aprendiz
necessita de um envolvimento maior para que desenvolva com maior capacidade e
velocidade o jogo da capoeira. A técnica é importante também, mas no processo de
iniciação, a tática mostra resultados maiores, e um aproveitamento maior da aula na
qual o aluno está condicionado a realizar.
Aprender a desenvolver a tática na aprendizagem da Capoeira é um processo que
demanda do educador estratégias que contemplem este contexto, seja no jogo como no
próprio desenvolvimento das atividades de aula. É necessário estar centrado nas
capacidades possíveis a serem desenvolvidas de acordo com a exigência e o nível de
entendimento do aluno. A tática é quem vai determinar o desenrolar do jogo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARAÚJO, André de Almeida; GALLO, Filipe Ávila; COSTA, Neuber Leite. Aspectos
metodológicos do ensino da capoeira: primeiras considerações. Anais do 10º
Seminário de Educação Física da UNEB campus II – Departamento de educação.
Disponível em:< www.dedc2.uneb.br>. Acesso em: 21 de Novembro de 2010.
FALCÃO, José Luiz Cirqueira. Unidade didática 2 – Capoeira. In: KUNZ, Elenor
(Org.). Didática da Educação Física. Ijuí: Ed. da Unijuí, 1998. p. 55-94.
KUNZ, Elenor. Educação Física: ensino & mudanças. Ijuí: Ed. da Unijuí. 1991. 207
p.
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