Está en la página 1de 83
TOTALITARISMO NO PODER 3,0 movimento, internacional em sua organiza 4 Quando um alcance ideoldgico € global em sua SPiracie | em seu oder num unico pais, coloca-se obviamente politica, toma op ditoria. O movimento socialista €scapou 4 em situagao contra iro lugar, porque a questo nacional _ ou js m prime: : = essa crise, ¢! beg scitado pela revolucio — hay: tégico su: aVvig ; oblema estra seja, 0 Pr sido curiosamente negligenciado por apentnicery & eM se. do lugar, porque so teve de enearar Bovernar gun Primeira Grande Guerra retirou da Segunda The depois oan autoridade sobre os membros nacionais, que em ee te haviam aceito como fato inalterdvel a Prioridade dos sentimentos nacionais em relacio a solidariedade internacional, Em outras palavras, quando chegou o momen da tomada do poder em seus respectivos paises, os movimentos socialistas ja eram partidos nacionais. ; Essa transformacao nunca chegou a ocorrer nos movimen- tos totalitarios nazista e bolchevista. No momento da tomada do poder, os perigos para 0 movimento eram a “mumificacio” que poderia ocorrer se a posse da maquina estatal o levasse ao con- gelamento sob forma de governo absoluto,' e a limitacao de sua liberdade de movimento imposta pelas fronteiras do territério em que havia galgado o poder. Para um movimento totalitério, ambos os perigos so igualmente mortais: a evolucio na direcao do absolutismo poria fim ao impeto interno do movimento, en- a naeuneto na direcio do nacionalismo frustraria a ex forma de governa wen ° movimento nio pode sobreviver. A thor, que resultow quase ‘ols Sates tomaram — ou ues Pretensio de dominio totale ' Verne i ° ~— Soeverno mundial — é melhor de- universa em a qual 528 Ree somiilil A Ls de & an de Trétski de “revolugao ida pelo st | fosse apenas ri permanente”, embora fini? ge Trotski fosse apenas a previsao socialista de uma séri 30" re desde a revolugao antifeudal da burguesia Be fe revo ne do proletariado, que se alastrariam de waa a : tibure De “ permanente”, a teoria tinha apenas o pais yu : plicacd ‘and 2 part one. as suas implicagées semianarquicas; pias com rods mais com 0 nome d bas ate Lenin " aol-se lo co pessiono : fe Lucd que com o seu contetido in se como for, as revolucoes, sob forma de expurgos A instituigdes perman in aie ais, V! ram ins iigoes perma entes na Unio Soviética sob ogi e de Stalin apos 19343 Neste caso como em outros, Sté- a trou os seus ataques contra o semiesquecido slogan de in CON : ae ogan -otski exatamente porque hava decidido usar a sua técnica* 8 ‘Alemanha eee ee ia-se claramente uma tendéncia elhante na diregao a revolugao permanente, embora os na- 7ist28 nao tivessem tido o tempo de realiza-la na mesma medida. a “ - De modo tipico, sua revolucao permanente” comegou tam- émn com @ acgao da faccio partiddria que havia ousado liquid roclamar abertamente “o proximo estagio da revolucio”’ “o Fiibrer ea sua ve! 2 Jha guarda sabiam que a verdadeira luta apenas avia comecado”.* No nazismo, em lugar do conceito bolchevis- tade revolugao permanente, encontramos a nogio de uma “sele- gio [racial] que nao pode parar”, e que exige a constante radica- izacio dos critérios pelos quais ¢ feita a selecio, isto é, 0 exterminio dos ineptos.’ O fato é que tanto Hitler como Stalin estenderam promessas de estabilidade para esconder a intencao decriar um estado de instabilidade permanente. Nio poderia ter havido melhor solugao para a intrinseca am- valencia resultante da coexisténcia entre governo € movimento, entre a pretensio totalitaria € 0 po der limitado num territdrio li- mitado, entre a participagao ostensiva na comunidade de nacées, na qual cada uma respeita a oberania da outra, € 2 pretensio de dominio mundial, do que essa formula esvaziada do seu primitivo contetido. Porque 0 lider totalitdrio enfrenta duas tarefas que 4 Principio parecem absurdamente contraditérias . tem de estabele- cet 0 mundo ficticio do movimento como realidade operante da vida de cada dia, e tem, por outro lado, de evitst que esse novo 529 > sdade: pois a estabilizacdo de sya.) . ae estabilidades P -6prio movittient, as le do adquira ente Jiquidaria 0 prop IMento ¢, cop, mundo a cere conquista do mund6- O lider totalitéri, quer prea que a normalizagéo atinja _ evitat, ysurgit um novo modo de vida —um mo, da to em yan tempo, poderia deixar de parecer tio fale, gevida ques *P . ® entre 0S modos de vida muito diferentes , conquistar unt rascantes das outras nagdes da terra{No id. nt nn profunda te en stituigoes revoluciondrias se tornassem mod, mento em we no momento em que a alegacao de Hitler de nacional de vi Ado é produto de exporta¢ao, ou a de Stélin de que que onazismo® pode estabelecer-se num tnico pais, fosse algo ialismo 5 a ° sot tentativa de iludir 0 mupdo-n litario ms ro perderia a sua qualidadeCtotal” ¢ ficaria sujeito ig ro egundo as quais cada uma possul um territério, kis das nis es icd0 historica especfficos que determinam a {im povo e um: ~ : wos Paco com as outras nagoes — uma pluralidade que refuta i juer ai = ji absolutamente valida. \\ over al 7 : , Do ponto de vista pratico, a posse de todos os instrumentos de forga e de violéncia por parte do totalitarismo no poder cria uma situacdo dificil e paradoxal para © movimento totalitadrio. O possuir poder significa 0 confronto direto com a realidade, e 0 totalitarismo no poder procura constantemente evitar esse confronto, mantendo o seu desprezo pelos fatos e impondo a rigida observancia das normas do mundo ficticio que criou. Ja nao basta que a propaganda e a organizacao afirmem que o impossivel € possivel, que o incrivel é verdadeiro e que uma coerente loucura governa o mundo; o principal esteio psicoldgi- co da ficgao totalitaria — 0 ativo ressentimento contra o status quo, que as massas recusaram aceitar como 0 tinico mundo pos- weenie cre, . cada fragmento de informacao concreta asempre perigos ae la cortina de ferro, construida para deter litério, & ums ameaga ma da realidade vinda do lado nao tota- eraa Contrapropaganda ‘ann 0 dominio sotslivhrie a Para o movimento totalitdrio. « ceitull ¢ inst a dle, oe ad m 530 io totalitario — 5 legagio de que uma determinada forma de a pelo domin total de toda a populacio d zo de toda rea idade rival nao totalits Sate gin es otalitérios; se ndo lutarem ie Gis a tOnica 0s er jetiv0 tiltimo, correm 0 sério tise fi dominio global ot aa rventura tenham conquistado, 7 perder todo o pa ovine pode ser dominado de forma abs ms agape um hen ver em condigdes de totalitarismo global. Portanr, segura ne 30 poder significa, an cS de mais nada, 0 estabeleci vento Hs ot sede oficial e oficialmente reconhecida para vb ve (ow gucursais, NO caso de paises satélites), e a aquisi pov ma écie de laboratorio onde 0 teste possa ser feito i . js ou contra a realidade) — 0 teste de organizar ha ‘ovo ws obs finais que desprezam a individualidade e a aco Pid nde. O totalitarismo no poder usa a administracio do Es- iado para 0 seu objetivo a longo prazo de conquista mundial e ara dirigit as subsididrias do movimento; instala a policia se- creta 1 posigao de executante € guardia da experiéncia domés- tica de transformar constantemente a ficcio em realidade; e, ge campos de concent como laboratérios finalmente, evi especiais para o teste do dominio total. 1.0 CHAMADO ESTADO TOTALITARIO Ahistéria ensina que a subida ao poder e a posi¢ao de res- ponsabilidade afeta profundamente a natureza dos partidos revoluciondrios. A experiéncia eo bom senso tinham o direito de esperar que 0 totalitarismo no poder perdesse aos poucos © o carater utdpico, que 0 afi didrio de governar e a posse do verdadeiro poder moderassem as preten- ses do movimento e destruissem gradualmente 0 mundo fic- ticio criado por suas organizagoes. ‘Afinal, parece ser da natu- reza das coisas que as exigéncias € as metas extremas sejam refreadas pela objetividade; ¢ a realidade como um todo dificil- mente é determinada pela tendéncia a fiegao de uma massa de individuos atomizados.\) fmpeto revolucionario € 531 s cometidos pelo mundo njo total tig aS areas diplométicas com 0s governos ‘otalitérigg (i ' « negociagoes foram a confianga No pacto de Munigue los wu eo principe 5 de Ialta com Stélin), muitos Tesultara Com hitler e nos aco viback ia e do bom senso a situacdes em tee da aplicagio da So bsoletos. Ao contrario de todas as e hae * tes concessdes que lhes foram feitas eo Ge vas, as importan internacional que alcancaram nao levaram is derivel prestigt© a reintegrarem-se na comunidade paises trains ® a desistir da falsa queixa de que o muna’ nem os Rene ido em bloco contra eles. Ao Contrarig, inteiro plonscs faziam com que recorressem ainda, Ta oan aos instrumentos de violencia, e resultavam Sempre oo alot hostilidade contra as poténcias que haviam se Mostra. ; sigir. ‘ rae estadistas e diplomatas s4o com js anteriores desilusdes de benévolos observadores e zantes em relacao aos novos governos totalitarios, 0 que eles haviam esperado era o estabelecimento de ovas Instituigdes e a criacio de um novo cédigo de leis que, por mais Tevoluciong. rio que fosse 0 seu contetido, levasse a uma estabilizagio de condigées tendente a refrear o impeto dos movime rios, pelo menos nos paises onde ja haviam tomado lugar disso, o terror, tanto na Russia soviética como na Alema- nha nazista, aumentou na razio inversa da existéncia de oposi- gio politica interna, demonstrando que a oposi¢ao politica, ao invés de fornecer o pretexto do terror, foi o ultimo impedimen- topara que este alcancasse a fiiria total.® x 7 Mais perturbador ainda ei Poe Fae a questa ie po anos er, OS nazistas d leis e decretos, mas Os das Nagios Paravejs Simpatj- ntos totalit4- © poder. Em Ta o modo pelo qual os regimes © constitucional. Nos primeiros €sencadearam uma avalanche de deram ao trabalho de abolir ofi- Weimar}\chegaram até a deixar TVi¢os piiblicos — fato que levou nunca se ONstituicio de amen paraa normalizagio: Mas, DOs apy 7 pit ” Nurembergue, Verificou-se ate a Fomulg: yes 0 menor eae Sequer pelas suas pro rr hv? jeinuou “a constante caminhads Oo ries leis co os”, de modo que, afinal, « ditegig 1 ia do Estado”, b aoe vg secrets CO +4 2c Como de tod pil estatais OU partidarias Criadas pe! f uigoS je forma alguma definir-se Pelas | an jit “ANa pratica, esse estado de permanene fi regia «co pelo fato de que “muigas dag n, . expres do dominio piblico”.“Teoricg etl do de Hitler, segundo 0 qual “ por ce qualquer diferenca entre g leiea nd SE presume que a lei em vigor é idéntic: eenmana da consciénci ade todos, dade de decretos publicos: A Unio slieos pré-revolucionérios havia tea revolugao, € onde © Tegime pouco havia se incomodado com questoes constitucionais durante 0 periodo de mudanca revoluciondria, chegou a dar-se ao trabalho de promulgar em 936 uma constitui¢ao inteiramente nova e muito minuciosa “ym véu de frases € preceitos liberais encobrindo a guilhotina escondida no fundo””), fato que foi aclamado na Rissia e no exterior como 0 fim do periodo revoluciondrio, No entanto, a ublicacao da Constitui¢ao coincidiu com o inicio do gigantes- co superexpurgo que, em menos de dois anos, liquidow a admi- nistragio existente € apagou todos os vestigios de vida normal e da recuperacéo econdmica conseguida durante os quatro anos que se seguiram a liquidacao dos kulaks e 3 coletivizacio forgada da populacao rural.’ Daf por diante, a Constituigio stalinista de 1936 teve exatamente o mesmo papel que a Cons- tituigao de Weimar sob o regime nazista: completamente igno- tada, nunca foi abolida; a unica diferenca é que Stélin pode 0s dis en Etica”,! 8 ética com entao nao hé mais Soviética, onde 8S se ‘ « TVICos 'M sido exterminados duran- * Leis que baniram os judeus de todos os aspectos da vida nacional. dar-se ao luxo de mais um absurdo COM a CXceos Vishinski, todos os autores da Constituigio (que munca de pudiada) foram executados como traidores, Ol te, “© que mais chama a atengao de quem observa g litério nao é, por certo, a sua estrutura monoliticg trdrio, todos os estudantes sérios do assunto ee menos quanto 3 Chae (ou conflito) de uma dupla wee jade, o partido e o Estado; Além disso, Muitos j4 acenty, ns que o governo totalitério é peculiarmente “amorfo” T van Masaryk percebeu logo que “o chamado sistema bolchevista tie énci i 415 é£ 5 passava de completa auséncia de sistema” ¢ é perfeitamente : 7 : verdadeiro que “até mesmo um perito enlouqueceria Se tentasse : 0 to. 0 Concorda : i destrinchar as relagdes entre o partido e o Estado” n : 9 00 Terceing Reich.’*“A relacio entre as duas fontes da autoridade, entre o Estado € 0 Partido, é a relacio entre uma autoridade aparente ¢ outra real, de modo que muitos descrevem a maquina govern. mental do regime totalitario como fachada impgrtante, a escon- der e disfarcar 0 verdadeiro poder do partido,” . Todos os niveis da maquina administrativa do Terceiro Reich eram submetidos a uma curiosa duplicacio de 6rgios, Com fantdstica meticulosidade, os nazistas duplicaram no par- tido, através de algum érgio, todas as fungdes administrativas do Estado:* até a divisio da Alemanha em Estados e Provincias, introduzida pela constituigao de Weimar, foi duplicada quando Os nazistas dividiram o pais em Gaue, de fronteiras diferentes das administrativas, de sorte que cada localidade pertencia, mesmo geograficamente, a duas unidades administrativas com- pletamente diferentes.” Essa duplicagio foi mantida mesmo quando, a partir de 1933, os ministérios foram ocupados por importantes elementos nazistas; quando Frick, por exemplo, foi nomeado ministro do Interior, e Guerthner, ministro da Justi- ca. Uma vez engajados em carreiras oficiais fora do partido, esses antigos e fiéis nazistas perdiam o poder, tornando-se tio Pouco influentes como qualquer outro servidor civil. Ambos estavam sob a autoridade real de Himmler, o prestigioso chefe de policia, que normalmente seria subordinado ao ministro do 534 ‘ ion? Mais conhecido do resto do mundo f 0 foi o jor 5 - ' : je ecretaria de Relagées Exteriores ales destino da 30018? Os nazistas deixaram o seu na Wilhelm, se liram; ns ate nunca a abo! ram; mas a0 mesmo toa a da fase anterior ao poder, a Secretaria q mantinham aif! ; do partido, chefiada por Rosenberg. ; a . tor es ecializara em manter contatos ¢g ia was Europa oriental e dos Balcis, cr fas ra competir com a secretaria da Wil per ecretaria Ribbentrop, que tratava dos negécj : nal 9 Ocidente € sobreviveu 4 nomeacio do ‘BOcios exterio- " embaixada na Inglaterra. Finalmente lem fetponsivel ie es partidarias, a Secretaria de Relacdes Extetiores as insti- nova duplicacao sob forma de um érgio da ss, reapaneteel po pegociagoes com todos Os grupos racialmente germanicos da Dinamarca, Noruega, Bélgica e Holanda” Esses exemplos rovam que, para os nazistas, a duplicacio de érgios era questio de principio, e nao apenas expediente destinado a criar empre- \s para OS membros do partido. Amesma divisdo entre governo verdadeiro e governo osten- ‘Gvo resultou de causas muito diferentes na Riissia soviética.? O verno ostensivo surgiu inicialmente do Congresso Soviético Pan-Russo, que, durante a guerra civil, perdeu a influéncia e o poder para 0 partido bolchevista. Esse processo comegou quan- doo Exército Vermelho se tornou auténomo e a policia politica secreta se restabeleceu como érgio do partido, e no do Con- gresso Soviético;* e terminou em 1923, durante o primeiro ano do Secretariado Geral de Stélin.’* Dai por diante, os sovietes passaram a ser 0 governo fantasma em cujo meio, através de cé- lulas formadas por membros do partido bolchevista, funciona- vam os representantes do verdadeiro poder, nomeados pelo Co- mnité Central de Moscou e subordinados a ele. O ponto cr ucial deste tiltimo desfecho nao foi a conquista dos sovietes pelo par- tido, mas 0 fato de que, “embora pudessem té-lo feito sem difi- culdades, os bolchevistas nao aboliram os sovietes, mas a -0s como simbolo externo e decorativo da sua autoridade”.’ © como essa agén- 7M aS organizacdes hie um novo ér- elmstrasse, a cha- 535 a coexisténcia do governo ostensive resultou em parte ea seoalaylag precedey die Teal ia de Stalin” Contuclo, enquanto os nazistas stadurg ente conservarare a administracio existente, destity; Simples, deres, Stalin foi forcado a reavivar 9 7 ndo-a 4 no comego da década de 30, jg = Bovern, todas as fungoes € estava semiesquecido na Riissia, ¢ inept a Constitui¢4o soviética como simbolo da existéncia e dg = 7 rencia dos sovietes. Nenhum pardgrafo dessa Constituicgg i,, mais teve 0 menor significado pratico na vida ow'na jurisdi je. russa; mas 0 governo ostensivo Trusso, completamente desprovide do fascinio da tradigio, to necessaria a uma fachada, aparente. mente precisava da aura sagrada da lei escrita. O desafio do te talitarismo 4 lei € a legalidade (que “a despeito das iirlea mudangas [.-.] ainda [sio] a expressao de uma ordem permanen. temente desejada””) encontrou na Constituigao soviética escri ta, como na Constituigdo de Weimar que nunca foi repudiada, um modo de langar um repto permanente ao mundo e aos ct térios nio totalitdrios, cujo desamparo e impoténcia podiam ser demonstrados diariamente.*\ A duplicagao de 6rgaos € a divisio da autoridade, a existén- cia de um poder real a0 lado de um poder aparente, sao suficien- tes para criar confusio, mas nao explicam o “amorfismo” de toda a estrutura. Nao se deve esquecer que somente uma cons- trugdo pode ter estrutura, € que um movimento — se tomarmos 0 termo tio sério e literal como o queriam os nazistas — pode ter apenas diregio, e que qualquer forma de estrutura, m todos 0S Po fantasma, Ue legal ou governamental, s6 pode estorvar um movimento que se dirige com velocidade crescente numa certa direcio. Mesmo na fase anterior ao poder, os movimentos totalitdrios j4 representavam aquelas massas que nao queriam viver em qualquer tipo de es- trutura, qualquer que fosse a sua natureza; massas que comeg¢a- vam a mover-se para transpor as barreiras legais € geogrificas fortemente impostas pelo governo. Portanto, julgados segun 0 a nossa concepgio de estrutura de governo e de Estado, esses movimentos, quando ainda fisicamente limitados a um territo- S24 yo ‘fico, devem necessariame a esto ruta; e nao basta nian Procurar destryi eee icagio de todos os 6ctpioe ae delibe i” toda e Wye «es partidarias € estatai S Na existéncia ai Struicao & gsi to entre a fi S. Como a dupli snultinea ie acinar tar del achada do Estado ¢ go mPlica . o, poder aa serie algum tipo + miolo do ‘a le p quilt relagao Partido ¢ 0 Estado levatia a nut 9% ea uma rege amentagio legal que restringiris «ne ne as autoridades.” Sitia € estabiliza- ja 8 icaca — ria fat, 2 duplicagio de 6rgios, que aparentem, io problema suscitado pelo relacionamento entre mente resulta do em todas as ditaduras unipartidarias, Partido e o a : é a as 0 inci. f . pen: rinci- jntoma de um fendmeno mais complicado, melhor i ‘I or definido 3 oe ee tot multiplicagao bad Orgaos, € nao duplicacio. Os nazist nao se contentaram em criar Gaue que se somassem 4s anti i. rovincias, mas introduziram ainda uma série de outras dvi ‘oes eogrificas segundo as diferentes organizacdes do Partido: 4s unidades territoriais da SA, que nao coincidiam nem com = Gaue nem com as provincias e que, além disso, diferiam das da os, sendo que nenhuma delas correspondia as zonas em que se dividia aJuventude Hitlerista.” A essa confusio geogrfica deve gcrescentar-se O fato de que o relacionamento original entre o poder real e 0 poder ostensivo se repetia em cada nivel, se bem que de modo sempre diferente. O habitante do Terceiro Reich de Hitler no apenas vivia sob a simultdnea e frequentemente contraditoria autoridade de poderes rivais, tais como a adminis- tragio estatal, o partido, a SA€ a SS, como também nunca sabia ao certo, e nunca se lhe dizia explicitamente, qual autoridade deveria considerar acima de todas as outras. Tinha de desenvol- ver uma espécie de sexto sentido para saber, @ cada momento, a quem devia obedecer e a quem devia ignorar. __ Por outro lado, os que tinham de executar as ordens que @ lideranca julgava genuinamente necessarias para o bem do mo- viento — e que, em contraste com as medidas govername” tuis, eram confiadas somente as formagoes de elite do partido ram ~ficavam na mesma situagio. Geralmente, €ss38 ordens € 537 ng almente vagas, emitidas na expectativa de que q er «jntencion Bas, € a as recebesse perceberia a intengao de quem ordenay, de acordo”;" pois aS formagées de elite nao eram ob, © agisse as as ordens do Fiibrer, mas a “obedece Bias - 90 desej, obedecer apen mar Se liderane 4’. E, como indicam os longos processos s, dos as cortes do partido, referentes a “excessos”, as den met nao eram em forma alguma idénticas. A unica diferenca S COisas as formagdes de elite, gragas a doutrinagao especial, ra que compreender que certas “insinuacdes =o i- do treinadas para cavam mais do que meros contetidos verbais”.® // Tecnicamente falando,‘o movimento dentro do aparato de dominio totalitario deriva a sua mobilidade do fato de lideranga est4 continuamente transferindo o verdadeiro ina do poder, muitas vezes para outras organizagées, mas se 7 dissolver e nem mesmo degunciar publicamente os grupos cuja gutoridade foi eliminada. Na fase inicial do regime nazis- ta, imediatamente apés 0 incéndio do Reichstag, a SA era a verdadeira autoridade e 0 partido era 0 poder ostensivo; de- o poder foi transferido da SA para a SS e, finalmente, da ss Servico de Seguran¢a.”* O fato é que nenhum dos 6r- do direito de pretender representar o foi privado 35 A constante divisao, sempre alterada, entre a verdadeira autoridade secreta € a representagao franca e osten- siva, fazia da verdadeira sede do poder um mistério por defini- cao, a tal ponto que sequer Os membros dos circulos governan- tes jamais podiam estar absolutamente seguros quanto a sua propria posigao na secreta hierarquia do poder. Alfred Rosen- berg, por exemplo, a despeito da longa carreira no partido e do impressionante acumulo de poder e cargos ostensivos na hie- rarquia do nazismo, ainda falava em criar uma série de Estados na Europa oriental como prote¢ao contra Moscou, numa €poca em que aqueles que detinham o verdadeiro poder ja haviam decidido que nenhuma estrutura estatal deveria sobreviver 4 derrota da Unido Soviética, e que a populagao dos territdrios ocupados no Leste ja era definitivamente apatrida e, portanto, podia ser exterminada.* Em outras palavras, uma vez que 0 538 pois, para o gaos jamais desejo do Lider. _ mento da fonte das ord _nneciineemmanente da hieran ae Sedimentacg fee de estabilidade alheig ae etiam ik Pins nto ~ 80 dominj -lOduzir y oem constantemente Tepudiayam ™0 totalitér; = jist? ¢ que esta se tornava pitblica servers em relacio as quais g de 4 — um jogo que, € claro, podia eons; a is importantes dif COntinuar ad infinj uma das mals | €s diferencas técnicas initum, vjético € 0 sistema nazista € qu Entre o sistema Stalin, 0 sem 7 3 énfase do poder dentro do movimento = que transfe- v © um aparelh, 10 gra oUtTOs tendia a liquidar © aparelho juntamente essoal, enquanto Hitler, apesar dos seus desdenhosn Oseu térios sobre pessoas que “tém medo de pular sobre a Aus gombra’,” estava perfeitamente disposto a contimar ee essas sombras, embora em outra fungéo, sar % A multiplicagio de Grgios era extremam constante transfer éncia do poder; além disso, quanto mais tem- po um regime totalitario permanece no poder, maiores se tor- nam o numero de Orgaos € a possibilidade de empregos que dependem exclusivamente do movimento, uma vez que nenhum 6rgio é abolido quando a sua autoridade é liquidada8o regime nazista comegou essa multiplicagio com uma coordenagio ini- cial de todas as associagGes, sociedades e instituigdes existentes, sem que essa coordenacao implicasse incorporé-las as organiza- goes partidérias. Como resultado, surgiram duas organizacées de estudantes nacional-socialistas, duas organizagées nazistas femininas, duas organizacOes nazistas de professores universi- tarios advogados, médicos, e assim por diante.* Mas nunca se sabia ao certo se a organiza¢ao partidaria era mais poderosa que a sua rival coordenada,” nem se podia prever com seguranca qual 0 6rgio partiddrio a ser promovido nos escaldes da hierar- quia interna do partido.” . Um exemplo clissico dessa informidade plancjat ye na organizagio do antissemitismo cientifico. nn so julai dado em Munique um instituto para 0 estudo da que do da pre- ca (Institut zur Erforschung der Judenfrage): ee 10, Os pn; adeirg ee » criavam nop, ntidade, Vas instanc; 7 : Stan €ror viraya £overno fan ente util para a 539 — ON gestio judaica houvesse determinado a CVohugg, pnissa de quea a da Alemanha, esse Orgio foi logo ampliak a a histor” nstituto de pesquisa da hist6ria alemg -° nat-se ms conhecido historiador Walter Frank tor 7 part» chefiado Pe Frans. ou 3 niversidades tradicionais em sedes do aparente sah. tifico- Em 1940, outro instituto para o estudg da pseudocietjca foi criado em Frankfurt, sob a chefia de Alfred esto ju! “4 posi¢ao como membro do partido era muit , cuja PI oinstituto de Munique foi relege entemente, x. Consequ - 9 instituto de Fran 5 ‘risténcia fantasma; © institu kfurt, nao o de 7 +a receber os tesouros das colecdes judg; Munique, € 40° ope t transformar-se em biblioteca ane cas roubadas eo No entanto, quando, alguns anos mais tarde sobre 0 eee aram 4 Alemanha, 0 que havia de mais pre. essas a ra Frankfurt, mas para Berlim, para as mios do cioso ni ft a ecial da Gestapo encarregado da liquidacio (¢ eps es eeudo) da questao judaica, cujo chefe era Kich- en Nenhuma das instituigdes anteriores foi abolida, de sorte que em 1944 a situagio era esta: atras da fachada dos departamentos de historia das universidades, erguia-se 0 poder “mais legitimo” do instituto de Munique, por tras do qual esta- yao instituto de Frankfurt de Rosenberg e, somente por tras des- sas trés fachadas, escondido e protegido por elas, estava o ver- dadeiro centro da autoridade, 0 Reichssicherheitshauptamt, uma divisio especial da Gestapo. A despeito da sua constituicao escrita, a fachada do governo soviético € ainda mais inconsistente. Destina-se ainda mais a impressionar os estrangeiros do que a administragio estatal que os nazistas herdaram da Repiblica de Weimar e conservaram em funcionamento. Nao tendo, como os nazistas, processado a duplicagio de cargos na fase de coordenagio, o regime soviético a ainda mais na cria¢io de novos érgios para relegar i dermal do poder. O gigantesco aumento do pela repetida Liquid Be esse método acarreta é controlado podemos distinguir, també sph vik, Agua * ‘m na Rissia, pelo menos trés orga- 540 superio doaumae

También podría gustarte