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O Sentido do “Ser-No-Mundo”

ELIZABETE MORESCO¹

Estamos condicionados, como seres humanos a procurar compreender a nossa


vivência no mundo, bem como, nossas inter-relações com este. A cada dia, novas
formulações que relatam nosso comportamento no mundo afloram-se, sendo assim, temos
como avaliar o nosso processo de passagem, pois sabemos que vivemos no mundo, nos
relacionamos com este. O que seria então o “ser-no-mundo”? Para responder a essas e
outras questões concernente à existência e convivência humana, é que alguns pensadores
como Martim Heidegger e Ludwig Wittgenstein expressam e elaboram em suas teorias os
conceitos de ser-no-mundo, à consciência intencional e a consciência da linguagem.
Heidegger rompe com a fenomenologia tradicional, substituindo, o conceito de
intencionalidade da consciência para a intencionalidade do ser-no-mundo, fundamentando
este último, de acordo com a existência de entidades no mundo, essa existência se torna
prática, só conseguimos pensar se existimos, a consciência que antes só possuía
intencionalidade com os objetos, agora interage com eles e utiliza esses objetos.
A obra máxima do pensamento heideggeriano é o clássico da filosofia “Ser e Tempo”.
Nela, Heidegger ao focalizar-se pela pergunta grega pelo ser do ente, tentou atingir também,
questões que diziam respeito à história sobre a metafísica ocidental e busca responder: “O
que é existir?” (HEBEGE p. 218). Para ele a filosofia é basicamente fenomenologia,
caracterizando seu pensamento no caráter existencial.
Heidegger então, para formular sua definição de ser-no-mundo, inicia seus postulados
com base na suposição grega de que o ser é sempre ser de um ente, como mesa, árvore,
estrela entre outros. Contudo, como fica a situação do ser humano? Qual o ente de que
somos mais acessíveis senão nós mesmos? Para solucionar essas questões que assolavam
sua teoria filosófica, Heidegger interpreta ao ser humano, ao homem, o “ser-aí”, “presente”.
Para ele, o ser-aí, é um ente singular, ou seja, trata-se do homem, que só será entendido
como ser na forma do tempo, porém, não se trata de tempo natural, social ou histórico, mas
sim do tempo existencial. Sendo assim, o ser-aí se caracteriza como, a maneira com que o
homem interpreta os eventos do mundo.

Elizabete Moresco é Funcionária Pública do Estado de Santa Catarina, Especialista em


Matemática/FURB - Blumenau. Licencianda em Filosofia/UFSC. E-mail: betemoresco@hotmail.com
Uma das grandes contribuições da filosofia de Heidegger é a questão da
intencionalidade do ser-no-mundo. Como para ele, é preciso “voltar às coisas mesmas”,
então, foi possível construir seu próprio método de entender as coisas e o mundo. Esse é o
método fenomenológico, onde ele considera “as coisas” como utensílios. Ele entende por
utensílio, “o modo de ser que caracteriza o ser-aí, ou melhor, o que constitui os modos de
ser da ocupação” (HEBEGE p. 220). Heidegger considera utensílio, pois, não existe nada
que eu possa falar e pegar, sem antes utilizar, caracterizando então, a presença do ser-aí no
mundo, como um ente capaz de ocupar-se com os demais seres presentes neste mundo, ou
seja, o ser está no mundo, para ele tem status de ocupado, sendo que, estes modos de
ocupação definem o ser-no-mundo. Assim, os modos do ser-aí constituem também o
mundo, ou seja, o ser-aí é mundo, pois só ele, só o ser-aí tem mundo. Todavia há a
complexidade do ser-para, que se atrapalhe com a complexidade do ser-no-mundo. Isso
acontece, pois existem várias significações de mundo, das quais, a explicação científica é
capaz de apenas explorar partes desse mundo. Assim: “O conceito de mundo extrapola a
metodologia científica”. (HEBEGE p. 223).
Distinto elemento da filosofia de Heidegger é no que concerne à coisa em si, para
ele, o que às caracteriza não é o material de que é feita, mas sim o seu emprego para
determinados fins. Assim, Heidegger define a manualidade das coisas com algo útil, onde o
ser teria uma função, uma vez que, visualizara uma ação e então a partir desta exerceria
uma ocupação mediante distintas atividades, podendo estas, serem simples ou complexas.
Os utensílios é a ocupação do ser-aí, que estabelece sempre um “utensílio para
algo”, ou seja, o ser-aí está ocupado com uma diversidade de atividades que são os modos
de lidar com os utensílios, estabelecendo uma finalidade para estes, caracterizando assim,
uma obra. Contudo, há situações em que os utensílios faltam ou falham assinalando um
defeito. Assim, esse utensílio defeituoso passa a ser algo dado, contudo, apesar de seu
defeito há ainda essências dos mesmos, cabendo ao homem então a reconstruir tal
utensílio, apreender a transformá-lo, pois a falha nos utensílio abre novas perspectivas no
modo de lidar e aplicar os mesmos.
Além da conceituação de utensílio, Heidegger dá enfoque também ao utensílio-sinal,
que ele chama de “sinal” a análise da remissão dos utensílios que, aponta indica ou chama a
atenção para algo. Assim, os sinais se distinguem dos demais utensílios devidos seu caráter
utensilial específico que consiste em sinalizar, como por exemplo, a finalidade de uma
sinaleira de trânsito é sinalizar e informar o que deve ser feito, o sinal é o modo de
orientação do ser-no-mundo, sendo que ele é basicamente espacial, isto é, olhar, parar,
desviar, ligar a sinaleira, são expressões da espacialidade do ser-aí, o qual se move
mediante a orientação da sinalização. Com isso, a capacidade do ser-aí de se orientar pela
sinalização e de distinguir o sinal dos demais utensílios faz parte do ato de ser-no-mundo.
Uma das novidades de Wittgenstein é não mais considerar a intencionalidade da
consciência, mas a intencionalidade da linguagem. Todavia, ele faz isso, retomando alguns
aspectos filosóficos de outros autores e acrescentando a estes, a sua tese de
intencionalidade da linguagem, uma vez que, para ele, o âmbito da consciência é feito pelos
atos lingüísticos, definindo assim, que a consciência é a própria linguagem.
“As ilusões metafísicas surgem dos vazios entre a linguagem e a realidade.
(...) a intencionalidade não mais diz respeito à conexão entre atos mentais
intencionais e a realidade, mas a conexão entre a linguagem e a realidade.
A direcionalidade dos atos mentais monólogicos é substituída pelas regras
de uso das palavras na linguagem.” (HEBEGE p. 248)
Wittgenstein expressa isso, pois entende que as vivências humanas, angústias,
alegrias, pensamentos, modos de ser, deixam de ser entendidos e expressos na
consciência, mas sim, tornam-se modos de execução da/na linguagem. A linguagem mostra
as coisas como elas se apresentam, ela não é aleatória, mas identifica o modo e a
habilidade com que devemos utilizar corretamente dos elementos componentes da
linguagem, pois somente assim, através de uma linguagem clara e uniforme seria possível
compreender o ser-no-mundo, entender a sua execução real mediante elementos
lingüísticos.
A consonância entre a proposição e a realidade diz respeito à gramática da linguagem
e a harmonia entre o pensamento e a realidade está na execução da linguagem, fora da
linguagem não há harmonia entre o pensar e o ser, então de acordo com o professor
Hebege para Wittgenstein o que se tem de levar em conta é que apenas a gramática torna-
se o critério a partir do qual se pode compreender a execução das palavras na linguagem.
“Não se pode desfazer as ilusões surgidas na linguagem fora da linguagem”. (HEBEGE p.
248).
Avalio que ambas as considerações dos autores sobre o ser-no-mundo à consciência
intencional e a consciência da linguagem, são notáveis. Cada um ao seu modo aborda
esses temas de modo a que possamos refletir sobre os mesmos. Ambos são corretos em
seus aspectos. A linguagem expressa por Wittgenstein é de fundamental importância para
que possamos expressar e entender os elementos de nosso mundo.
Todavia, as brilhantes considerações de Heidegger, nos mostram que estamos no
mundo, nos relacionamos com este, dependemos deste, sendo que só conseguimos
compreender a sua fundamental importância mediante nossos atos de consciência,
mediante nossos pensamentos. Contudo, só conseguimos compreender isso, se forem
propagados na forma de alguma linguagem, pois, a linguagem é um instrumento que nos
possibilita expressar, analisar e apreender sentidos, sensações e conhecimentos.
Considero admissível e concordo em alguns aspectos com a substituição da
intencionalidade da consciência, para a intencionalidade da linguagem, pois, a linguagem é
uma ferramenta de longo alcance, que possibilita a compreensão dos fenômenos do mundo
e também dos fenômenos da consciência. Porém, sem a consciência não seria possível
compreender algumas formas de manifestações lingüísticas, pois nós, enquanto seres
humanos racionais, só teríamos capacidade de entender nossos semelhantes e o mundo a
nossa volta de acordo com a consciência que temos destes, então ao contrário seríamos
aptos apenas a viver com aquilo que nos aparece, sem poder entender as incógnitas que
nos rodeiam. Sendo assim, a união entre a consciência e a linguagem é a forma com que,
fica possível melhor entender os eventos do mundo e dos seres humanos no mundo.

Bibliografia:

ASSMANN, Selvino, História da Filosofia IV. Selvino José Assmann, Delamar José Volpato
Dutra Luiz Hebeche. Florianópolis/EAD/UFSC, 2009.
Explicações: aula presencial, vídeo-conferência e ambiente virtual dos Professores e do Tutor.

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