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USO DA ENROFLOXACINA (BAYTRIL®) EM PSITACÍDEOS

Keven Flammer, DVM,


Diplomado pela ABVP (Aves)
Professor Associado,
Medicina de Aves Selvagens e de Companhia,
Faculdade de Medicina Veterinária
Universidade da Carolina do Norte, Raleigh,
Carolina do Norte, EUA

TRADUÇÃO DO FOLHETO THIRD INTERNATIONAL VETERINARY SYMPOSIUM ON BAYTRIL.


PROCEEDINGS – SUPPLEMENT TO COMPENDIUM ON CONTINUING EDUCATION FOR THE
PRACTICING VETERINARIAN – PÁG. 107-109

Tradução e Adaptação: Angela Basic - CRMV-SP 7958


Revisão Técnica: Mario Eduardo Pulga - CMRV-SP 2715
Revisão de Textos e Diagramação: Francisco Pantoja

Cortesia: www.bayervet.com.br

A enrofloxacina (Baytril®; Bayer) é uma para a ave quanto para o proprietário dela. Devido à rápi-
fluoroquinolona amplamente utilizada em medicina de da excreção da droga e à dificuldade de administração de
aves. O uso ótimo desta droga requer o conhecimento drogas, o regime ideal de tratamento é o que estabelece
das infecções bacterianas comuns em aves de companhia concentrações terapêuticas com baixa freqüência de ad-
e um entendimento da farmacocinética e farmacodinâmica ministração ao mesmo tempo em se evita a toxicidade.
da enrofloxacina. Este artigo fornece uma visão geral É importante reconhecer que a antibioticoterapia é
destes tópicos. somente um componente do manejo da doença bacteriana.
Um sistema imune funcional é necessário para eliminar
Desafios encontrados no tratamento de a infecção. A terapia suporte, tal como a redução do
aves estresse e a fluidoterapia, e os suportes nutricional e tér-
O objetivo da antibioticoterapia é o de manter con- mico, são muito importantes no manejo de casos de aves.
centrações medicamentosas eficazes no sítio de infecção É também importante encontrar e eliminar a fonte de in-
por um período suficiente para auxiliar o hospedeiro na fecção e melhorar as condições de manejo que possam
eliminação da bactéria. As aves encobrem os sinais de contribuir para as doenças bacterianas. Finalmente, o re-
doença e, freqüentemente, são apresentadas em um está- gime de antibioticoterapia deve ser eficaz para evitar o
gio comprometido; portanto, a antibioticoterapia deve ser aparecimento de cepas bacterianas resistentes. Isso é es-
maximizada em um estágio inicial do processo patológi- pecialmente importante em grandes agrupamentos de
co. Pode ser difícil estabelecer concentrações aves.
medicamentosas terapêuticas em aves porque elas
excretam muitas drogas, tais como os betalactâmicos, Doenças bacterianas comuns em aves de
rapidamente e são inerentemente difíceis de medicar. Elas companhia
raramente aceitam voluntariamente a medicação e, ge- Os psitacídeos são as mais populares aves mantidas
ralmente, têm que ser completamente contidas tanto para como animais de estimação e incluem papagaios austra-
a administração oral quanto para a parenteral. A conten- lianos, calopsitas, agapornis, periquitos, papagaios, ca-
ção requer um auxiliar experiente e é estressante tanto catuas e araras-vermelhas. As bactérias mais

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freqüentemente envolvidas nas doenças em aves estão
sumarizadas na Tabela 1. As bactérias gram-negativas são Tabela 1
a causa mais comum de doença bacteriana sintomática. ISOLADOS CAUSADORES DE DOENÇA EM
PSITACÍDEOS
Espectro antimicrobiano da enrofloxacina
Bactérias patogênicas bastante comuns
O espectro antimicrobiano da enrofloxacina está
n Escherichia coli
sumarizado na Tabela 2. A enrofloxacina é altamente ati- n Klebsiella
va contra a maioria das bactérias gram-negativas em con- n Pseudomonas
centrações alcançáveis em aves. Resistência é ocasional- n Chlamydia psittaci
mente relatada para Escherichia coli, Klebsiella e
Bactérias patogênicas moderadamente comuns
Acinetobacter e é mais freqüentemente relatada para n Outras enterobactérias (e.g., Salmonella, Citrobacter,
Pseudomonas aeruginosa.1,2 A enrofloxacina tem boa Proteus, Serratia)
atividade contra o Staphylococcus spp., atividade mode- n Staphylococcus aureus
rada contra Streptococcus spp., atividade baixa contra
Bactérias patogênicas importantes, mas infreqüentes
Enterococcus e quase nenhuma atividade contra n Bordetella
anaeróbicos. A enrofloxacina também é usada para tratar n Mycobacterium
infecções aviárias causadas por Chlamydia psittaci e n Megabacterium
Mycoplasma. n Pasteurella multocida

Bactérias patogênicas pouco relatadas


Farmacocinética da enrofloxacina n Actinobacillus
A enrofloxacina é bactericida, amplamente distribu- n Aeromonas
ída nos tecidos e é excretada primariamente por secreção n Campylobacter
n Clostridium
tubular e filtração glomerular. A enrofloxacina é parcial- n Erysipelothrix rhusiopathiae
mente metabolizada pelo fígado para ciprofloxacina, um n Haemophillus
metabólito equipotente. A quantidade de ciprofloxacina n Listeria monocytogenes
produzida varia de espécie para espécie e pode contribuir n Mycoplasma
para a atividade antibiótica. A administração oral é bem n Nocardia
n Streptococcus (patogênica)
tolerada; a administração intramuscular causa irritação n Yersinia
no sítio de injeção e não é recomendada para o uso repe-
tido em aves. A enrofloxacina reduz a flora autóctone do
trato alimentar, tornando as aves mais suscetíveis a in-
fecções secundárias por leveduras e anaeróbicos. Outros A farmacocinética da enrofloxacina foi estudada em
efeitos colaterais nas doses recomendadas são incomuns várias espécies de aves. A farmacocinética da dose única
em aves. Já foi relatada poliúria e depressão em papagai- foi similar em papagaios cinzentos, papagaios-do-man-
os cinzentos após 10 dias de tratamento oral na dose de gue e cacatuas-de-Coffin.5,6As concentrações plasmáticas
30 mg/kg, duas vezes ao dia; o dobro da dose recomen- tiveram um pico de 1 a 1,5 µg/ml em 3 a 4 horas após a
dada.3 Lesões articulares em animais em crescimento e a administração oral e foram de aproximadamente 3 a 6
indução de convulsões em animais predispostos a con- µg/ml aos 30 a 60 minutos após a administração
vulsões foram relatadas em mamíferos, mas não em intramuscular. As meias-vidas de eliminação foram de
psitacídeos. aproximadamente 2 a 3 horas por ambas as vias. As con-
O aumento da resistência à enrofloxacina já tinha centrações às 12 horas variaram de 0,05 a 0,3 µg/ml. Com
sido observada informalmente nos últimos anos e não é base na MIC90 para os isolados de bactérias gram-negati-
causa de preocupação para os veterinários de aves; mais vas para a ciprofloxacina em nossa clínica, a dosificação
trabalhos devem ser feitos em psitacídeos. Poucas dro- oral forneceria relações de Cmax:CIM90 de 33:50 para a E.
gas poderiam substituir as fluoroquinolonas se ocorresse coli e Proteus spp, 4:6 para a Klebsiella spp e de 2:3 para
disseminação da resistência. Supõe-se que a resistência a Pseudomonas spp. As concentrações plasmáticas exce-
antimicrobiana às fluoroquinolonas ocorra por mutação deriam a CIM90 para a E. coli e Proteus spp por todo o
cromossômica (um processo lento); a resistência media- período de dosificação. Nestas espécies de psitacídeos,
da por plasmídeos (um processo rápido) é extremamente doses de 15 mg/kg de enrofloxacina administradas duas
rara. A indução de bombas de resistência de efluxo de vezes ao dia devem ser adequadas para o tratamento da
drogas também pode ter o seu papel.4 O principal fator maioria das infecções bacterianas suscetíveis. A admi-
que leva a um alto nível de resistência é mais provavel- nistração uma vez ao dia na dose de 15 a 20 mg/kg pode
mente a exposição a concentrações subterapêuticas da ser eficaz no tratamento de bactérias altamente suscetí-
enrofloxacina; desse modo, devem ser feitos todos os veis. A biodisponibilidade da formulação injetável ad-
esforços para o uso apropriado dessa droga. ministrada por via oral na verdade excedeu a de compri-

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pagaios cinzentos e papagaios-do-senegal tratados com
Tabela 2
água medicada na dose de 0,5 mg/ml.8 As diferenças nas
ESPECTRO ANTIMICROBIANO DA concentrações plasmáticas conseguidas nestes dois estu-
ENROFLOXACINA NAS CONCENTRAÇÕES dos podem ter sido devidas a diferenças na dieta, saúde,
TERAPÊUTICAS ATINGÍVEIS EM AVES condições ambientais e método utilizado para avaliar a
enrofloxacina. Uma cromotografia líquida de alta
Altamente suscetíveis
n A maioria das bactérias gram-negativas performance (HPLC) foi utilizada no primeiro estudo,
n A maioria dos Staphylococcus aureus enquanto no segundo foi utilizado um ensaio
n Mycoplasma microbiológico. Poucos estudos foram feitos com a ad-
Ocasionalmente resistentes
ministração junto com alimento. Psitacídeos tratados
n Algumas cepas de E. coli, Enterobacter spp, Klebsiella durante quarentena com alimentação medicada na dose
spp. de 500 ppm atingiram níveis sanguíneos de 0,66 a 4,1
n Pseudomonas aeruginosa µg/ml, dependendo da dieta e da idade das aves.9 Devido
n Streptococcus spp.
a geralmente haver diminuição no consumo de água e de
Intrinsecamente resistentes alimento nestes psitacídeos doentes, essas vias devem
n Anaeróbicos ser reservadas para o tratamento de aves relativamente
Suscetíveis, mas o tratamento nem sempre elimina a
saudáveis, nas quais a suscetibilidade do patógeno alvo é
infecção conhecida.
n Salmonella spp. A enrofloxacina tem um grande volume de distri-
n Chlamydia psittaci buição e os níveis teciduais excedem os plasmáticos, com
n Mycoplasma.
exceção do cérebro. Eles foram mais bem estudados no
pato-do-mato, que não é um psitacídeo.10 Após 24 ho-
ras de uma única injeção de 10 mg/kg por via oral ou
intramuscular, as concentrações teciduais excederam as
midos amassados e a da formulação hidrossolúvel em plasmáticas por um fator de 6 a 46 vezes, consideran-
papagaios cinzentos, indicando que formulações múlti- do-se os seguintes órgãos, em ordem decrescente de con-
plas podem ser usadas para o preparo das soluções orais centração: rim, fígado, músculo, pele.10 As concentra-
para uso em aves.5 A via intramuscular proporciona altas ções teciduais médias excederam 0,1 µg/g e foram me-
concentrações-pico e deve ser mais eficaz para o trata- nores que 0,4 µg/g no fígado e nos rins. Estas concen-
mento de bactérias de baixa suscetibilidade; entretanto, trações ultrapassaram a MIC para muitos patógenos avi-
a enrofloxacina causa irritação e lesões teciduais no lo- ários.
cal da injeção, não sendo recomendadas administrações
repetidas por via intramuscular. Doses recomendadas
A farmacocinética da enrofloxacina foi discretamente Doses de 15 mg/kg administradas por via oral ou
diferente no papagaio-do-Senegal.6 As concentrações-pico intramuscular duas vezes ao dia mantêm concentrações
foram menores que 0,5 µg/ml depois de uma dose oral medicamentosas eficazes na maioria das espécies testa-
de 15 mg/kg e menores que 0,05 µg/ml após 8 horas. A das de psitacídeos. Os papagaios-do-senegal necessita-
injeção intramuscular proporcionou concentrações ram de administração a cada 8 horas para os organismos
plasmáticas muito maiores com um pico de 4,24 µg/ml moderadamente resistentes. A administração uma vez ao
aos 30 minutos e concentrações de 0,19 µg/ml após 8 dia pode ser adequada em algumas espécies de papagai-
horas. Com base nas informações limitadas deste estu- os para o tratamento de infecções bacterianas altamente
do, a enrofloxacina deve ser administrada na dose de 15 suscetíveis, mas este esquema de dosificação requer mais
mg/kg a cada 8 horas por via oral e a cada 8-12 horas por investigações. A injeção intramuscular atinge concentra-
via intramuscular. O tratamento oral pode não atingir ções-pico mais elevadas e pode ser usada para iniciar o
concentrações altas o suficiente para tratar bactérias mo- tratamento em aves severamente doentes. A formulação
deradamente resistentes. intramuscular causa irritação no local de injeção. Por-
A administração na água de beber ou junto com o tanto, deve-se evitar o uso desta via para administração
alimento resulta em concentrações plasmáticas mais va- repetida. A formulação intramuscular, hidrossolúvel, ou
riadas em psitacídeos. Em um estudo, papagaios cinzen- os comprimidos amassados e misturados com água e
tos tratados com água medicada em doses dobradas de flavorizantes podem ser administrados por via oral. A
0,09 a 3,0 mg/ml atingiram concentrações plasmáticas adição de um agente flavorizante aumenta a palatabilidade
médias de 0,1 a 0,3 µg/ml.7 A aceitação da água tratada das formulações orais. A enrofloxacina na dose de 0,3 a
diminuiu nas doses acima de 1,5 mg/ml. Em um estudo 0,5 mg/ml na água de beber é bem aceita e pode ser usa-
diferente, concentrações plasmáticas maiores (0,66-2,44 da para tratar bactérias altamente suscetíveis (CIM de
µg/ml) foram atingidas em periquitos-da-patagônia, pa- 0,03 µg/ml).

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Sumário Referências
A enrofloxacina é um medicamento extraordinário. 1. Precott JF, Baggot JD: Fluoroquinolones, in Prescott JF,
Ela é altamente ativa contra bactérias gram-negativas e é Baggot JD (eds). Antimicrobial Therapy in Veterinary
eficaz na administração uma ou duas vezes ao dia. É um Medicine. Ames, IA, Iowa State University Press, 1993, pp
252-262.
dos poucos antibióticos eficazes quando administrado na
2. Barragry TB: Tetracyclines, chloramphenicol, and
água de beber; entretanto, a CIM do organismo deve ser quinolones, in Veterinary Drug Therapy Philadelphia, Lea
conhecida, pois concentrações mais baixas são & Febiger, 1994, pp 263-293.
conseguidas através da administração na água de beber 3. Flammer K, Aucoin DP, Whitt D: Clinical use and
em relação a outras vias de administração. As desvanta- pharmacokinetics of Baytril in caged birds. Bonn, Germany,
gens incluem inatividade contra muitos Streptococcus spp Proceedings of the First International Baytril Symposium
e todos os organismos anaeróbicos. 1992, pp 59-61.
A enrofloxacina não é palatável e algumas aves re- 4. Lindenstruth H, Frost JW: Enrofloxacin (Baytril)—an
alternative for official prophylaxis and treatment of
jeitam a administração oral. A colocação dela em um psittacosis in imported psittacine birds. Deutsche
veículo palatabilizante ou suco de fruta pode auxiliar. O Tierarztliche Wochenschrift 100:364-368, 1993.
uso e dosificação corretos da enrofloxacina são imperati- 5. Flammer K, Aucoin DP, Whitt DA: Intramuscular and oral
vos para se evitar o desenvolvimento de resistência. disposition of enrofloxacin in African grey parrots following
single and multiple doses. J Vet Pharmacol Ther 14:359-
366, 1991.
6. Flammer K: New advances in avian therapeutics. New
Orleans, Proceedings of the Annual Meeting of the
Association of Avian Veterinarians, Sept 1, 1992, pp 14-
18.
7. Flammer K, Aucoin DP, Whitt DA, Prus SA: Plasma
concentrations of enrofloxacin in African grey parrots
treated with medicated water. Avian Dis 34:1017-1022,
1990.
8. Lindenstruth H: Feldversuch zur Wirksamkeits – und
Vertraglichkeitsprufiing von Baytril bei importierten
Psittaciden im Rhamen der staatlichen
Psittakoserprophylaxe und therapie. Giessen, Vet med Diss,
1992.
9. Lindenstruth H, Frost JW: Enrofloxacin (Baytril)—an
alternative for official prophylaxis and treatment of
psittacosis in imported psittacine birds . Deutsche
Tieraztliche Wochenschrift 100:364-368, 1993.
10. Intorre L, Mengozzi G, Bertini S, et al: The plasma kinetics
and tissue distribution of enrofloxacin and its metabolite
ciprofloxacin in the Muscovy duck [published erratum
appears in Vet Res Commun 21(4):240, 1997]. Vet Res
Commun 21:127-136, 1997.

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