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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Trotskismo X Leninismo
Lições da História

Harpal Brar
Tradução – Pedro Castro

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 1


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Parte I

Sobre o Partido de Vanguarda da Classe Operária e a Teoria de


Lênin da Revolução versus a Teoria de Trotsky da 'Revolução
Permanente'
Capítulo 1

Introdução à Parte I..................................................................................................................................................2

Capítulo 2

Partido do Proletariado

A Idéia de Lênin de um Partido Proletário de Novo Tipo e o Liquidacionismo de Trotsky.........................9

Capítulo 3

Teoria da Revolução

Teoria da Revolução de Lênin versus Teoria da 'Revolução Permanente' de Trotsky................................. 27

Capítulo 4

Conclusão da Parte I

O Trotskismo - Inimigo da Revolução Proletária e dos Movimentos de Libertação Nacional...................45

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Parte I

Sobre o Partido de Vanguarda da Classe Operária e a Teoria de Lênin da Revolução


versus a Teoria de Trotsky da 'Revolução Permanente'

"Em sua luta pelo poder, o proletariado não tem outra arma senão a organização"

"Sem uma teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário"

Lênin

Capítulo 1

Introdução à Parte I

O trotskismo é uma ideologia burguesa dentro das fileiras da classe operária. A


menos e até que o trotskismo seja sepultado ideologicamente, até que seja afastado
do movimento da classe operária, ele continuará a causar grande confusão e dano e
continuará, portanto, a desagregar a organização do proletariado para uma revolução
proletária. Daí a necessidade de extirpar o trotskismo. Daí a necessidade de entender o
trotskismo como uma tendência ideológica.

No momento, na Inglaterra, o trotskismo é apenas uma tendência ideológica


burguesa, errônea, antileninista e anticomunista no interior do movimento da classe
operária, obtendo apoio à base de uma plataforma antileninista e anticomunista,
mesmo quando seus antileninismo e anticomunismo são camuflados sob a máscara de
luta contra o 'stalinismo' ou contra a 'burocracia stalinista'. É por causa da natureza
antileninista de seu programa que a intelligentsia pequeno-burguesa e aqueles de
orientação individualista, particularmente os jovens universitários, consideram o
trotskismo muito atraente. Daí a esmagadora composição pequeno-burguesa da
maioria das organizações trotskistas na Inglaterra. Contudo, a despeito da composição
pequeno-burguesa da maioria das organizações trotskistas, é inegável que o
trotskismo continua a desfrutar de apoio entre certos segmentos da classe operária.
Por quê? Porque o trotskismo, em conseqüência da bancarrota do revisionista Partido
Comunista da Grã-Bretanha (PCGB), tornou-se capaz de apresentar-se como uma
alternativa da 'esquerda militante' ao revisionismo; porque o movimento marxista-
leninista neste país é realmente muito fraco; e porque não há ainda um verdadeiro
partido marxista-leninista revolucionário do proletariado.

Quando o movimento marxista-leninista crescer, entretanto, e o trotskismo se


tornar correspondentemente fraco, o trotskismo cessará de ser apenas outra
tendência - antileninista, anticomunista, errônea, contudo uma tendência - e tenderá
cada vez mais a se tornar, como Stalin previu, "uma gangue frenética e sem princípios
de vândalos, diversionistas, espiões e assassinos, agindo sob as instruções dos serviços
de inteligência... "-ou seja, um destacamento avançado da burguesia. O trotskismo

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transformou-se precisamente em tal destacamento da burguesia na década de 1930.


Fez uma aliança com o fascismo; tentou ao máximo provocar a derrubada do primeiro
Estado da classe operária, ou seja, a URSS - e não há nenhuma dúvida em nossas
mentes de que bastaria a necessidade surgir novamente para o trotskismo reverter à
posição que ocupou nos anos 30. De tendência burguesa no movimento da classe
operária, seria transformado em um destacamento avançado da burguesia.

Esta é a razão pela qual devemos realizar um estudo do conteúdo do


trotskismo e da razão de sua degeneração. Expor o trotskismo como uma ideologia
contra-revolucionária, uma ideologia que é antileninista e que pode, se seguida pelos
operários, apenas levar à sua própria escravização, é da maior importância, do ponto
de vista do desenvolvimento do movimento revolucionário neste país. Alguns
camaradas sinceros algumas vezes afirmam que 'o trotskismo é contra-revolucionário,
não precisamos perder tempo com ele. Todo mundo sabe que ele é contra-
revolucionário.' Esta visão é incorreta. Nem todo mundo sabe que o trotskismo é
contra-revolucionário. O trotskismo exerce considerável influência. É, portanto, nosso
dever, cientificamente, arrancar a máscara de ultra-esquerda' de sua face e expor sua
real feição de direita. E devemos expor isso recorrendo à verdade e à documentação
histórica, não a mexericos - o método favorito dos trotskistas.

É nosso dever não tratar o trotskismo como uma piada (mesmo que
corretamente tratemos certos trotskistas como tal), porém como uma ideologia que
está causando sérios danos ao movimento da classe operária. Devemos refutar esta
ideologia burguesa cientificamente e provar aos operários (não apenas a nós mesmos)
que o trotskismo é uma ideologia burguesa contra-revolucionária que é anticomunista
e antileninista, embora por motivos de conveniência e dissimulação prefira operar sob
a bandeira do 'marxismo-leninismo'.

Lênin encetou uma luta persistente e implacável contra o trotskismo, e o


trotskismo foi derrotado e lançado ao monte de lixo, que era o seu lugar, pelos
acontecimentos que levaram à Revolução de Outubro. O próprio fato de que, poucas
semanas antes da Revolução de Outubro, Trotsky tenha sido forçado pelos
acontecimentos - pela realidade - a abandonar sua posição anterior, juntando-se ao
Partido Bolchevista, e aceitar o programa do Partido Bolchevista, basta para provar
que o trotskismo foi completamente desacreditado e refutado.

Após a morte de Lênin, o trotskismo fez outra tentativa de dar a volta por cima
e substituir o leninismo. Sofreu um completo desastre, como será visto nos capítulos
sobre os processos de Moscou. Foi derrotado.

Desde a metade dos anos 50, o trotskismo fez outra tentativa de substituir o
leninismo com algum grau moderado de sucesso. Isto porque o trotskismo foi
ressuscitado e ganhou novo fôlego de vida graças à traição do marxismo-leninismo
pelo grupo de renegados revisionistas dirigentes da União Soviética. No 20° Congresso
do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) teve lugar um golpe de Estado que
levou ao poder o grupo de renegados e pelegos chefiados por N. S. Kruchev, cujo
principal objetivo era restaurar o capitalismo na União Soviética. Isto não poderia ser

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realizado, entretanto, sem ao mesmo tempo desacreditar as conquistas da construção


socialista durante os 30 anos anteriores ao 20° Congresso do Partido e desacreditar
também o homem sob cuja liderança essas conquistas da construção socialista tinham
sido alcançadas.

É sob este prisma que o ataque ao camarada Stalin tem de ser entendido. Os
revolucionários de todo o mundo tinham tremendo respeito e afeição pelo grande
marxista-leninista que manteve alta a bandeira do marxismo-leninismo, a bandeira da
revolução proletária. Stalin defendeu, o mais resoluta e corajosamente, a ditadura do
proletariado na União Soviética contra os inimigos da classe operária dentro e fora do
movimento da classe operária. Mao Tse-tung, o grande líder da revolução chinesa,
disse o seguinte no 60° aniversário do nascimento de Stalin:

"Stalin é o líder da revolução mundial. Isto é de suprema importância. É um


grande acontecimento que a humanidade tenha sido abençoada com Stalin. Enquanto
o tivermos, as coisas irão bem. Como todos sabem, Marx morreu e depois também
Engels e Lênin. Se não houvesse Stalin, quem daria a orientação? Porém tê-lo - isto é
realmente uma bênção. Agora existe no mundo uma União Soviética, um Partido
Comunista e também um Stalin. Assim, os acontecimentos do mundo podem ir bem."

Isto realmente resume os sentimentos do povo revolucionário em todo o


mundo sobre a questão de Stalin. Precisamente por esta razão tornou-se uma
necessidade suprema para os inimigos da classe operária atacarem o camarada Stalin
antes que pudessem derrotar o leninismo na terra de Lênin, antes que eles pudessem
capturar a fortaleza por dentro e pavimentar o caminho para a restauração capitalista.
O ataque do grupo renegado revisionista não foi um ataque a Stalin como indivíduo.
Foi um ataque ao Partido Bolchevique, um ataque a seus métodos e formas de
organização, um ataque à construção socialista conduzida sob a liderança do Partido
Bolchevique, dirigido pelo camarada Stalin, um ataque à vitória da União Soviética sob
a liderança do Partido Bolchevique e de Stalin na guerra antifascista. Foi somente
quando Stalin emergiu através da luta como o porta-voz mais representativo do
Partido Bolchevique que ele atraiu para si o ódio de todos os reacionários. E é nesta
oposição e em seu ataque ao Partido Bolchevique e à ditadura do proletariado que os
dirigentes renegados revisionistas na União Soviética são indistinguíveis dos
trotskistas.

Seria de surpreender, então, que aquela "campanha frenética contra Stalin por
dirigentes do PCUS capacitasse os trotskistas, que tinham se tornado fazia tempo
cadáveres políticos, a se soerguerem outra vez e clamarem pela 'reabilitação' de
Trotsky"? (Segundo Comentário sobre a Carta Aberta do Comitê Central do PCUS, pelo
Partido Comunista da China, 13 de setembro de 1963].

Assim, como uma conseqüência do 20° Congresso do Partido, o trotskismo,


longamente desacreditado e sepultado pela população mundial, foi exumado do seu
túmulo para causar confusão no seio do proletariado.

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Em um país como a Inglaterra, onde os trotskistas estão mais enraizados do


que em qualquer outro país avançado da Europa ocidental, eles estão relativamente
bem situados para iludir a classe operária e as massas militantes.

Tendo em vista o que foi dito, torna-se dever de todo revolucionário marxista-
leninista encetar uma feroz e implacável luta contra o trotskismo, que nada mais é do
que uma influência ideológica da burguesia dentro das fileiras da classe operária.

Porém, a fim de encetar uma luta contra o trotskismo, devemos antes de tudo
saber a natureza do trotskismo, os métodos por ele adotados e as formas pelas quais
ele faz seu aparecimento repulsivo de tempos em tempos.

A essência do trotskismo repousa no fato de que há uma ideologia burguesa,


não proletária, que é irremediavelmente oposta ao leninismo, ao bolchevismo
revolucionário. Esta verdade deve ser plenamente compreendida pelos revolucionários
e proletários de todas as partes. O trotskismo é oposto ao leninismo em questões tão
importantes como a natureza e o papel do Partido, a teoria da revolução e o papel da
direção. De 1903 até a Revolução de Outubro, o trotskismo como uma ideologia estava
engajado em uma severa luta contra o leninismo e contra o bolchevismo. De fato, o
trotskismo nunca cessou de se empenhar numa luta feroz contra o leninismo.
Enquanto antes da Revolução de Outubro o trotskismo engajou-se em um ataque
aberto, frontal, ao leninismo, durante e após a Revolução de Outubro ele adotou a
política de sub-reptício solapamento do leninismo, sempre sob a camuflagem de
'louvar' Lênin e o leninismo, é claro. Isto porque o trotskismo tinha se tornado fraco e
se mostrado inútil por três revoluções na Rússia - A Revolução de 1905, a Revolução de
Fevereiro de 1917 e a Grande Revolução Socialista de Outubro, também de 1917. O
leninismo, por outro lado, tinha emergido vitorioso e tinha comprovado sua correção,
tendo resistido ao teste de três revoluções. Assim o camarada Stalin descreveu o fraco
trotskismo, pós Revolução de Outubro:

"O novo trotskismo não é uma mera repetição do velho trotskismo; suas plumas
foram arrancadas e ele está um tanto murcho; é incomparavelmente mais brando no
espírito e mais moderado na forma do que o velho trotskismo; porém, na essência, ele
indubitavelmente mantém todos as características específicas do velho trotskismo. O
novo trotskismo não se atreve a apresentar-se como uma força militante contra o
leninismo; prefere operar sob a bandeira comum do leninismo, sob o slogan de
interpretar e aprimorar o leninismo. Isto porque ele é débil. Não pode ser considerado
um acidente que o aparecimento do novo trotskismo coincidiu com o desaparecimento
de Lênin. No tempo de vida de Lênin, ele não teria se atrevido a dar este passo
arriscado" (Problemas do leninismo).

Agora se deve acrescentar algo a esta profunda observação do camarada Stalin


sobre as características específicas do novo trotskismo, a saber, que o trotskismo não
mais se atreveu a desfechar ataques diretos, abertos ou sub-reptícios, contra o
leninismo. Ao contrário, agora perseguiu o mesmo objetivo de atacar o leninismo e
tentar substituí-lo pelo trotskismo pelo método indireto e dissimulado, e por isso
incomparavelmente mais perigoso e nocivo, de atacar todos os fundamentos do

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leninismo ao atacar Stalin e o 'stalinismo', sempre, é claro, em nome de defender o


leninismo.

O caráter real do trotskismo é o uso de frases 'esquerdistas' com o propósito de


encobrir uma falta de fé na classe operária e nas amplas massas do povo e uma
capitulação ao capitalismo. A essência do trotskismo é revelada não por sua
fraseologia ultra-'esquerdista', mas por suas atividades muito distantes da
esquerda: fraseologia ultra-'esquerdista' para encobrir as ações ultracontra-
revolucionárias -tal é a natureza do trotskismo.

Há muitas pessoas que, tendo sido doutrinadas pelas lendas e mentiras


burguês-trotskistas, tendem a dizer: 'Trotsky foi um camarada em armas junto a Lênin;
Trotsky nunca disse qualquer coisa contra Lênin; Trotsky foi um bolchevique que
esteve engajado na defesa do leninismo na luta deste contra o stalinismo' e assim por
diante. Porém, tal visão é equivocada e mostra uma falta de consciência completa,
assim como uma ignorância completa da verdade histórica. Que Trotsky lutou
ferozmente contra o leninismo e o bolchevismo revolucionário e que Lênin desfechou
uma luta sem tréguas contra o trotskismo contra-revolucionário durante um longo
período (de 1903 a 1917 - antes da Revolução de Outubro e depois) são fatos
históricos bem conhecidos que 'escaparam à atenção' dos trotskistas, porque eles não
querem saber a verdade ou porque são, para usar a terminologia de Lênin,
completamente ignorantes e jovens de calças curtas que nunca aprenderam ou leram
qualquer história do bolchevismo revolucionário, mas simplesmente ocorreu irem aos
círculos trotskistas "onde a moda é andar nu", no que se refere ao conhecimento do
leninismo e de tudo que ele representa. Que Trotsky desfechou ataques perversos
contra o leninismo e Lênin não é uma 'invenção' de Stalin, como os trotskistas
usualmente afirmam, pode ser deduzido dos seguintes trechos de uma carta de
Trotsky a Chkiedze, escrita em 1913:

"O edifício inteiro do leninismo é construído sobre mentiras e falsificação e


carrega dentro de si os elementos venenosos de sua própria decadência."

Mais adiante, na mesma carta, Trotsky descreve Lênin como: "um explorador
profissional de todo tipo de atraso no movimento da classe operária russa".

Aqui, da boca do próprio Trotsky, tem-se em forma pura a verdadeira visão que
Trotsky tinha do leninismo: ele considera "o edifício inteiro do leninismo" como tendo
sido "construído sobre mentiras e falsificação" e considera Lênin como um "explorador
profissional de todo tipo de atraso no movimento da classe operária russa ".

E no entanto, isso não impediu que Trotsky, após a morte de Lênin,


reivindicasse ser o maior lutador leninista contra a "burocracia stalinista". Nem
impediu que os trotskistas de hoje, em sua incessante luta contra o leninismo, que
igualmente apresentam-se incessantemente como defensores do leninismo contra a
"burocracia stalinista", usem o nome do grande Lênin e afirmem falsidades tão
completas como a de que Trotsky foi camarada em armas de Lênin e um grande
leninista.

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A verdade é que o trotskismo está tão longe do leninismo como a terra está
longe do céu. A verdade é que o trotskismo lutou contra o leninismo no passado e está
lutando contra o leninismo agora. Antes da Revolução de Outubro ele lutou contra o
leninismo abertamente; desde a Revolução de Outubro engajou-se numa luta não tão
aberta contra o leninismo. Atualmente luta contra o leninismo indiretamente,
desfechando ataques odiosos contra Stalin e o "stalinismo". Por quê? Porque
denunciar Stalin é uma precondição necessária à denúncia do leninismo e do
bolchevismo, da ditadura do proletariado e da construção do socialismo na URSS
durante o tempo de Lênin e Stalin. Stalin foi um grande marxista-leninista que aplicou
o leninismo com sucesso, nas condições prevalecentes na URSS e no mundo, por três
décadas. Foi sob sua liderança leninista, e enfrentando a direta oposição trotskista,
que o povo soviético construiu o socialismo na Rússia e levou os povos do mundo à
guerra antifascista. Estas são realizações certamente gloriosas. Se são negadas, o que
então resta do leninismo? Não está claro, então, para todo o mundo, que este ataque
ao 'stalinismo' é certamente um ataque ao leninismo, que ele representa outra - ainda
outra! - tentativa de Trotsky de substituir o leninismo pelo trotskismo? É assim que o
Trotskismo usa o 'leninismo' para lutar contra o leninismo.

Se o trotskismo luta contra o leninismo abertamente ou não tão abertamente é


uma questão de detalhe técnico. Pertence ao reino da metodologia. Porém, a
realidade crua permanece imutável, isto é, o trotskismo ocupa-se em atacar o
leninismo (reconhecidamente, de maneira mais sofisticada do que antes de 1917, mas
de qualquer forma atacando o leninismo).

Em resumo, o trotskismo é antileninista, antibolchevique. É contra-


revolucionário.

O leninismo, por outro lado, é o bolchevismo revolucionário:

"O bolchevismo é o marxismo da era do imperialismo e da revolução proletária.


Para ser mais exato, o leninismo é a teoria e a tática da revolução proletária em geral,
a teoria e a tática da ditadura do proletariado em particular" (Stalin, Fundamentos do
Leninismo).

Estas duas ideologias - o trotskismo de um lado e o leninismo do outro -são


inconciliavelmente hostis uma à outra. Não se pode aceitar uma dessas ideologias sem
ao mesmo tempo descartar a outra. Não se pode ser um leninista sem rejeitar o
trotskismo. Nem se pode ser um trotskista sem rejeitar o leninismo. É uma coisa ou
outra: trotskismo ou leninismo.

Propomo-nos agora a fundamentar essas afirmações. Para fazê-lo, isto é,


mostrar a natureza real do trotskismo, mostrá-lo em sua forma oportunista, contra-
revolucionária, despindo-o de toda sua fraseologia ultra-esquerdista, será necessário
recorrer, ainda que brevemente, à teoria e à prática de Trotsky e seus seguidores, isto
é, ao ponto de vista teórico e prático do trotskismo sobre os acontecimentos e
movimentos mais importantes de um período bem mais longo que meio século. Qual
foi, por exemplo, a posição adotada por Trotsky a respeito do Partido Bolchevique, e

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qual foi sua estratégia e tática para a revolução russa? Seria necessário investigar a
posição de Trotsky e seus seguidores sobre a controvérsia em torno da questão da
construção do socialismo em um só país e depois passar a revisar a reação de Trotsky e
seus seguidores frente à derrota de sua política de oposição à construção do
socialismo em um só pais: Trotsky e seus seguidores, por exemplo, recorreram às
atividades anti-Partido, ao terror e ao assassinato, ao vandalismo e à sabotagem para
realizar o que tinha sido derrotado pela esmagadora maioria do proletariado
soviético? Eles deram ou não deram as mãos aos fascistas, para o propósito de atacar
o Estado dos operários, pelos quais seu ódio era tão extremo que eles estavam
dispostos a fazer aliança com os nazistas? Eles tentaram ou não tentaram sabotar os
movimentos da Frente Popular ao redor do mundo, antes da Segunda Guerra
Mundial? Eles sabotaram ou não, com sucesso, a Frente Popular na Espanha, com isso
contribuindo para a vitória dos fascistas liderados por Franco naquele país? Também
examinaremos o ponto de vista de Trotsky e do resto da oposição a respeito da
revolução chinesa.

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Capítulo 2

Partido do Proletariado:

A Idéia de Lênin de um Partido Proletário de Novo Tipo e o liquidacionismo de


Trotsky

Importância do Partido

"Em sua luta pelo poder, o proletariado não tem outra arma senão sua
organização. Desunido pelo regime da competição anárquica no mundo burguês,
esmagado pelo trabalho forçado para o capital, constantemente empurrado para o
fundo do poço da completa indigência, selvageria e degeneração, o proletariado
somente pode tornar-se, e inevitavelmente tornar-se-á, uma força invencível, quando
sua unificação ideológica, pelos princípios do marxismo, seja consolidada pela unidade
material de uma organização que reunirá milhões de trabalhadores em um exército da
classe operária" (Lênin:One Step Forward Two Steps Back).

Devido à luta do leninismo contra o individualismo pequeno-burguês e o


'anarquismo aristocrático', é agora uma conclusão inescapável para nós, marxistas-
leninistas que, para haver uma revolução proletária deve haver um partido do
proletariado para conduzir o proletariado e as amplas massas dos milhões de
trabalhadores para fazerem tal revolução. Esta verdade, sobre a qual não é necessário
insistir demais, está confirmada pela história das revoluções proletárias na Rússia, na
China etc.

Tomemos a Rússia, por exemplo. Com a grande Revolução socialista de


Outubro, o total da humanidade deu um gigantesco passo adiante. A Revolução de
Outubro conduziu a uma nova era - a era da revolução proletária e da queda do
capitalismo. Após a Revolução de Outubro, dentro de muito pouco tempo, a Rússia
atrasada, ignorante e bárbara tornou-se um Estado socialista altamente desenvolvido
cultural e economicamente, cuja economia planejada e desenvolvimento econômico
tornou-se tema de estudo nas mãos de economistas de todo o mundo. Os aplausos à
Revolução de Outubro levaram o proletariado russo, inicialmente atrasado, à cabeça
do movimento proletário mundial, transformaram a Rússia de uma 'prisão de povos'
em uma livre fraternidade de povos. Como tal transformação, declarada absurda pela
maioria dos próprios lideres 'socialistas', foi possível? Como, no curto espaço de 20
anos, sem qualquer ajuda de fora, enfrentando a mais furiosa hostilidade dos
capitalistas e da oposição trotskista, a URSS foi capaz de avançar à base de seus
próprios recursos e construir uma sociedade socialista?

Trotskismo x Leninismo

Foi possível graças a:

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(1) devoção e energias criativas das grandes massas nas fábricas, nas minas e
nas terras. Sem a cooperação e a participação das massas, o tipo de transformação
social bem sucedida realizada na URSS teria sido impossível. Foi por causa da
cooperação e participação do povo soviético que a União Soviética fez tremendos
avanços em todos os campos - econômico, militar, ideológico e cultural - a despeito do
fato de que a revolução não tinha especialistas próprios e teve que se valer de
especialistas que restaram do tzarismo e do capitalismo, muitos dos quais eram os
maiores inimigos do bolchevismo e, conseqüentemente, da Revolução de Outubro.
Sem o sincero apoio, cooperação, entusiasmo e trabalho heróico de milhões e milhões
das massas russas, o tremendo avanço feito pela URSS não teria sido alcançado.

(2) direção de um partido revolucionário. Não seria exagero dizer que o Estado
soviético não teria sobrevivido, muito menos desenvolvido, nessas condições, se os
operários russos não tivessem sido dirigidos por um partido revolucionário -um partido
que à base da qualidade de seus líderes, do seu auto-sacrifício e heroísmo, ganhou sua
confiança; um partido que eles estavam dispostos a seguir em todos os estágios da
luta, antes, durante e depois da revolução.

Sem o partido, o proletariado não poderia realizar a ditadura do proletariado


nem manter, consolidar e expandir esta ditadura a fim de assegurar a criação das
condições materiais e espirituais para a vitória completa do socialismo, a criação das
condições para a transição da sociedade da fase mais baixa do comunismo (socialismo)
para a fase mais elevada do comunismo, isto é, a criação das condições para o
desaparecimento gradual do Estado, quando a humanidade será capaz de
implementar a fórmula: "de cada um de acordo com sua capacidade, a cada um de
acordo com suas necessidades" (Marx, Crítica do Programa de Gotha).

Em 1920, Lênin teve oportunidade de enfatizar a importância de um Partido


verdadeiramente revolucionário e disciplinado, inseparavelmente conectado com e
desfrutando a confiança e apoio da classe operária:

"Certamente, quase todo mundo agora entende que os bolcheviques não


poderiam ter-se mantido no poder por dois meses e meio, muito menos dois anos e
meio, sem a disciplina mais rigorosa, verdadeiramente férrea, em nosso Partido, e sem
o apoio mais pleno e sem reservas a este pela massa total da classe operária, isto é, de
todos os seus elementos pensantes, honestos, dispostos ao auto-sacrifício e influentes,
capazes de arrastar consigo o estrato mais atrasado" (Lênin, CW, Vol 31, p. 23, 'Left
Wing' Communism - An Infantile Disorder).

A fim de realizar, manter e expandir a ditadura do proletariado, é necessário


criar "entre as massas proletárias uma força cimentadora e um baluarte contra as
influências corrosivas das forças elementares pequeno-burguesas e contra os hábitos
pequeno-burgueses" (Stalin, Foundations of Leninism). É necessário imbuir o
proletariado a compreender-se como uma força capaz de conduzir a humanidade a seu
objetivo de uma sociedade comunista sem classes. Porém, a sociedade sem classes só
pode ser alcançada através de uma era da mais obstinada luta de classe, durante a

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qual o proletariado necessita de seu partido - um partido de ferro, que seja temperado
na luta.

"A ditadura do proletariado", diz Lênin, "é uma luta obstinada - sangrenta e
sem sangue, violenta e pacífica, militar e econômica, educacional e administrativa-
contra as forças e tradições da velha sociedade. A força do hábito de milhões e dezenas
de milhões é uma força muito terrível. Sem um partido de ferro temperado na luta, sem
um partido que detenha a confiança de todos que são honestos na dada classe, sem
um partido capaz de proteger e influenciar o ânimo das massas, é impossível conduzir
tal luta com sucesso" (Lênin, ibid., p. 44).

Quando falamos de disciplina de ferro em um partido de vanguarda do


proletariado verdadeiramente revolucionário, isto significa uma 'cega' disciplina? Tal
disciplina de ferro exclui todo debate e toda possibilidade de conflito de opiniões
dentro do partido? Não, não é isso que significa. A disciplina verdadeiramente de ferro
não apenas não exclui o debate, a crítica e a possibilidade de conflito de opinião
dentro do partido, mas, ao contrário, pressupõe tal crítica, debate e conflito de
opiniões. A disciplina de ferro em um partido verdadeiramente revolucionário está
baseada na submissão consciente e voluntária de seus membros e em sua unidade de
vontade e unidade de ação. Sem tal unidade de vontade e unidade de ação, sem
submissão voluntária e consciente, a disciplina de ferro é impossível. Eis o que Lênin
diz sobre a questão da manutenção da disciplina em um partido revolucionário:

"E antes de tudo apresenta-se a questão: como manter a disciplina de um


partido do proletariado? Como testá-la? Primeiro, pela consciência de classe da
vanguarda proletária e por sua devoção à revolução, por sua perseverança, auto-
sacrifício e heroísmo. Segundo, por sua capacidade de ligar-se com, manter-se em
contato com e, até certo ponto, se necessário, unir-se com as massas mais amplas dos
trabalhadores - primeiramente com o proletariado, porém também com as massas
laboriosas não proletárias. Terceiro, pela correção da direção política exercida por esta
vanguarda, pela correção de suas estratégia e tática políticas, desde que as amplas
massas estejam convencidas, por sua própria experiência, de que elas estão corretas.
Sem essas condições, a disciplina em um partido revolucionário, que seja realmente
capaz de ser o partido da classe avançada, cuja missão é derrotar a burguesia e
transformar o conjunto da sociedade, não pode ser realizada. Sem estas condições,
toda tentativa de estabelecer a disciplina inevitavelmente cairá por terra e terminará
em chavões e caretas. Por outro lado, estas condições não podem surgir todas de uma
só vez. Elas são criadas somente pelo esforço prolongado e pela experiência duramente
adquirida. Sua criação é facilitada pela teoria revolucionária correta que, por sua vez,
não seja um dogma, mas assuma forma final somente em conexão íntima com a
atividade prática de um movimento verdadeiramente de massa e verdadeiramente
revolucionário" [ibid. p. 24-25).

Para os marxistas-leninistas, para os revolucionários verdadeiramente


proletários, o papel de um partido de vanguarda do proletariado e as conexões que tal
partido deve manter com as massas mais amplas dos trabalhadores nunca devem ser
superestimadas. Porém, para os intelectuais pequeno-burgueses é quase impossível

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

compreender a importância de um partido revolucionário do proletariado. Esses


intelectuais pequeno-burgueses nunca foram e nunca serão (mesmo que se digam
'socialistas') capazes de compreender o grande papel desempenhado pelo Partido
Bolchevique durante todos os estágios - antes, durante e depois - da revolução. A
massa da intelligentsia pequeno-burguesa é somente capaz de ver os dirigentes e uma
massa de seguidores: Lênin fez isto, ou Stalin fez aquilo. Eles se recusam,
obstinadamente, à maneira da intelligentsia de inclinação individualista, a reconhecer
a importância e o papel do Partido, o papel deste instrumento singular, criado sob a
direção de Lênin, que conduziu o povo russo através de todas as dificuldades ao
estabelecimento da ditadura do proletariado, a lutar contra a agressão armada
imperialista estrangeira, em comunhão com os reacionários e traidores internos - os
guardas brancos - e, finalmente, a construir o socialismo em um país atrasado.

Foi precisamente esta incapacidade da intelligentsia pequeno-burguesa e


mesmo de alguns "socialistas" que levou Lênin a salientar repetidamente o importante
papel representado pelo Partido Bolchevique e suas ligações e relações com as massas.
Isso provocou a seguinte observação de Lênin:

"Não seria melhor se as saudações em honra do poder soviético e dos


bolcheviques fossem freqüentemente acompanhadas por uma análise profunda das
razões pelas quais os bolcheviques foram capazes de construir a necessária disciplina
do proletariado revolucionário?"

Mostramos antes a importância de uma vanguarda revolucionária - um partido


do proletariado - que é inseparavelmente ligado às massas trabalhadoras, proletárias e
não proletárias. E reiteramos que os intelectuais pequeno-burgueses (entre esses
intelectuais pequeno-burgueses devem ser incluídos os trotskistas) não podem senão
reduzir as questões organizacionais e políticas a um nível pessoal-individual. Eles são
incapazes de ver a luta entre duas linhas sobre questões políticas, organizacionais e
táticas como outra coisa que não seja uma luta entre dois indivíduos. É por isso que, a
partir de 1923, os aristocratas citados viu apenas uma luta entre Trotsky e Stalin por
domínio pessoal.

Isto, esperamos provar recorrendo a fatos históricos e documentação (e não


pelo método adotado pelos trotskistas, a saber, o de simples conversa fiada e
mentiras), está errado e continua a ser assim. A luta entre Stalin e Trotsky não foi
uma luta entre dois indivíduos mas uma luta entre duas linhas; foi uma luta entre o
leninismo revolucionário e o trotskismo contra-revolucionário; foi uma continuação,
após a morte de Lênin, da mesma luta entre o leninismo e o trotskismo que tinha
ocorrido durante o tempo de vida de Lênin, cobrindo um período de 20 anos. A única
diferença era que agora Lênin estava morto, o leninismo estava sendo mantido pelo
Partido Bolchevique e na sua direção estava Stalin. Trotsky e seus seguidores, tendo
em vista a fraca posição do trotskismo, consideraram necessário efetuar uma mudança
em sua tática. Não era mais possível aos trotskistas atacarem o leninismo aberta e
diretamente, como eles tinham sido capazes de fazer antes de 1917. Eles então
adotaram a sutil e tortuosa - e daí mais nociva - tática de atacar as políticas leninistas
do Partido Bolchevique à guisa de estarem atacando o 'stalinismo', a fim de,

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naturalmente, atingir o leninismo. Assim foi que Trotsky e seus seguidores pensaram
desacreditar as políticas leninistas do Partido Bolchevique dirigido por Stalin. Este foi
de fato um exemplo clássico do uso do nome de Lênin para lutar contra o leninismo -
contra seu conteúdo interno completo - um exemplo óbvio de brandir a bandeira
vermelha com o objetivo de opor-se a ela e um exemplo óbvio dos costumeiros
embustes fraudulentos trotskistas.

É neste contexto que o ataque de Trotsky a Stalin deve ser entendido. Não era
um ataque dirigido contra Stalin como um indivíduo, porém contra alguém que
durante o curso da luta tinha emergido como o porta-voz mais representativo do
Partido Bolchevique que estava mantendo, defendendo e aplicando o leninismo. O
alvo principal dos ataques de Trotsky, portanto, não era Stalin, porém o Partido
Bolchevique. Era o bolchevismo-leninismo revolucionário que estava sob ataque. Era
um ataque aos métodos e formas de organização do Partido Bolchevique - um ataque
às políticas leninistas fundamentais perseguidas pelo Partido.

Não Trotsky versus Stalin, mas trotskismo versus leninismo, esta é a


formulação verdadeira das relações de Trotsky com a revolução russa; Trotsky versus
o Partido Bolchevique com sua política leninista.

É assim que a questão se coloca no que diz respeito às relações de Trotsky com
o Partido Bolchevique, antes e depois da Revolução e antes, bem como depois, da
morte de Lênin.

Em praticamente todos os maiores acontecimentos, a linha de Trotsky estava


em conflito com a linha adotada pelo Partido Bolchevique, e a prática provou que, m
cada uma dessas ocasiões, sua linha estava inteiramente incorreta e totalmente
fracassada. Todavia, isto não impediu Trotsky, após a morte do grande Lênin, de
bradar, com sua usual imodéstia, que o Partido Bolchevique tinha estado errado e ele
tinha estado certo todo o tempo. Pode-se entender que, quando os trotskistas
atualmente dizem mentiras e são indulgentes com a vaidade pequeno burguesa, eles
estão apenas emulando - ou melhor, tentando emular - o seu próprio líder, Trotsky.

A luta de Lênin para construir um partido revolucionário do proletariado e a luta de


Trotsky para obstruir a construção do partido

Após a revolução bolchevique, Trotsky fingiu aprovar, naturalmente, o Partido


Bolchevique - o Partido que, antes de 1917, ele tinha feito de tudo para impedir que se
formasse. Durante o período em que Lênin estava ocupado desenvolvendo o Partido,
Trotsky maliciosamente atacou Lênin e esgotou seu nada pequeno vocabulário de
injúrias em opor-se a tudo que Lênin estava tentando fazer. Lênin estava tentando
construir um partido revolucionário centralizado, capaz de conduzir seu trabalho em
desafio à polícia tzarista. Sob as condições então prevalecentes na Rússia tzarista, era
impossível construir tal partido de forma democrática aberta, sem, ao mesmo tempo,
sujeitar os membros do partido a freqüentes prisões nas mãos da polícia secreta
tzarista. Por isso, Lênin acreditava que a filiação ao Partido não deveria estar aberta a
qualquer um que manifestasse desejo de ingressar no Partido1. Vários comitês urbanos

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do partido eram selecionados pelo Comitê Central, e todos os comitês tinham o direito
de co-opção. No Segundo Congresso do Partido do Trabalho Social Democrático da
Rússia (RSDLP), realizado em Londres em 1903, este conflito veio à baila e Trotsky,
aliado da ala direita do Congresso, opôs-se violentamente ao ponto de vista de Lênin
sobre as questões organizacionais. Lênin foi derrotado nesta questão por uma maioria
de dois ou três votos.

Camaradas, valerá a pena verificar em um pouco mais de detalhes os


acontecimentos deste Congresso. Os três principais itens da agenda deste Congresso
eram:

1. A adoção do programa do Partido;

2. A adoção dos estatutos do Partido (constituição), e

3. A eleição dos dirigentes.

Embora os oportunistas no Congresso fossem totalmente contrários ao


programa do Partido, e particularmente à inclusão no Programa do Partido da questão
da ditadura do proletariado, das demandas sobre a questão camponesa e do direito
das nações de autodeterminação, eles não deram prioridade à luta sobre a questão da
adoção do programa. A principal luta entre as duas alas (a primeira sendo a ala
revolucionária dirigida por Lênin e apoiada por Plekhanov2 e outros iskraístas estáveis;
a outra sendo a ala oportunista dirigida por Martov e apoiada por Trotsky e outros
iskraístas1 instáveis, o centro (isto é, o "pântano" - e os antiiskraístas, isto é, os
economistas e os bundistas) que teve lugar no Segundo Congresso do Partido foi
desenvolvida em torno da questão dos estatutos do Partido e da eleição dos
dirigentes. As diferenças mais contundentes surgiram sobre a formulação do primeiro
parágrafo dos estatutos, que tratava da filiação ao Partido - quem poderia ser um
membro do Partido? Qual seria a natureza e a composição do Partido? Qual seria a
natureza organizacional do Partido? Essas foram as questões que surgiram em conexão
com o parágrafo Io dos estatutos do Partido.

A formulação de Lênin versus a formulação de Martov das condições de filiação ao


Partido

De acordo com a formulação de Lênin, poder-se-ia ser membro do Partido


somente se fossem satisfeitas as seguintes três condições:

a) aceitação do programa do Partido;

b) apoio financeiro ao Partido; e

c) pertencer a uma das organizações do Partido, isto é, participar ativamente


da organização.

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De acordo com a formulação de Martov, apoiado por Trotsky e outros


oportunistas, somente as primeiras duas condições deveriam ser preenchidas para
qualificar a filiação ao partido.

A terceira era, em sua visão, inteiramente desnecessária e, portanto, poderia


ser dispensada.

Lênin considerava o Partido como um destacamento organizado de vanguarda


da classe operária e considerava, portanto, que seus membros não poderiam
simplesmente ingressar no Partido. Ao contrário, eles tinham de ser admitidos no
Partido por uma de suas organizações e, conseqüentemente, teriam de se submeter à
disciplina do Partido. Mas de acordo com a formulação de Martov, seria possível filiar-
se ao Partido, se não se pertencesse a uma de suas organizações, não se teria de
submeter-se à disciplina do Partido.

Assim, a formulação de Martov, diferente da Lênin, continha todos os pré-


requisitos para escancarar a porta do Partido a todos os tipos de oportunistas,
elementos instáveis e não proletários, e assim converter o Partido, de organização
disciplinada, monolítica e militante da classe trabalhadora, em organização
heterogênea, amorfa e frouxa do tipo burguês, isto é, convertê-la de destacamento de
vanguarda da classe operária em destacamento atrasado da classe operária. Tanto era
assim que Martov e outros oportunistas exigiram até que a qualquer grevista fosse
dado automaticamente o direito de filiar-se ao Partido. Do mesmo modo, afirmava-se
que todo intelectual que simpatizasse com o Partido, todo professor
simpatizante, todo estudante do curso secundário, assim como qualquer participante
de uma manifestação, pudesse ter o direito de declarar-se membro do Partido.

Com a adoção do programa, o Congresso assentava os fundamentos da unidade


ideológica do Partido. Tinha também de adotar regras partidárias para garantir os
fundamentos da unidade organizacional e colocar um fim no amadorismo e na
perspectiva paroquiana dos círculos, na desunião organizacional e na ausência de
estrita disciplina no Partido.

A formulação de Martov era o oposto disso. Não somente deixava a porta do


Partido aberta aos elementos instáveis, anarquistas, individualistas, mas também
obliterava a linha divisória entre o Partido e a classe. A distinção entre o destacamento
avançado e o resto da classe operária não poderia desaparecer até que as classes
desaparecessem. Quem tivesse qualquer outra visão, sejam quais fossem as suas
intenções, estaria tentando obliterar a distinção entre o Partido e a classe e, ao fazê-lo,
privar o proletariado de seu 'estado-maior'. Como disse Stalin:

"A classe operária sem um partido é um exército sem estado-maior. O Partido é


o estado-maior do proletariado" (Fundamentos do leninismo).

Comentando a formulação de Martov, Lênin disse:

"Nós somos o Partido de uma classe, e, portanto, quase toda a classe (e nos
tempos de guerra, no período de guerra civil, toda a classe) deve agir sob a liderança
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de nosso partido, deve aderir a nosso partido tão estreitamente quanto possível.
Porém, seria manilovismo e khvostism4 pensar que em qualquer época sob o
capitalismo quase toda a classe, ou toda a classe, seria capaz de alcançar o nível de
consciência e atividade de seu destacamento avançado ... esquecer esta distinção entre
o destacamento avançado e o total das massas que gravitam em torno dele, esquecer
o dever constante do destacamento avançado, de elevar estratos sempre mais amplos
a esse nível avançado, significa simplesmente enganar a si próprio, fechar os olhos à
imensidão de sua tarefa" (Um Passo Adiante, Dois Passos Atrás).

Se a formulação de Martov tivesse se enraizado no Partido Bolchevique, teria


levado o Partido a tornar-se "inundado de professores e estudantes ginasianos e à sua
degeneração em uma 'formação' frouxa, amorfa, desorganizada, perdida em um mar
de simpatizantes, que teriam obliterado a linha divisória entre o Partido e a classe e
frustrado a tarefa partidária de elevar as massas desorganizadas ao nível do
destacamento avançado"(Stalin).

Trotsky desempenhou um papel oportunista de destaque nesta controvérsia5.


Ele ombreou-se com Martov em lançar ataques destrutivos à formulação de Lênin.
Opôs-se à concepção de Lênin do Partido como a soma total das organizações do
Partido e cada membro do partido como um membro das organizações do partido. Ele
se opôs à idéia do Partido como um todo único, com corpos dirigentes mais altos e
mais baixos. Ele negou o princípio da minoria submetendo-se às decisões da maioria.
Tal foi a posição oportunista assumida por Trotsky e Martov sobre a questão da
organização. Sua posição não era senão uma expressão concentrada do espírito de
círculo e individualismo pequeno-burguês, que se considera acima da disciplina e vê
com maus olhos a idéia da minoria submetendo-se às decisões da maioria.

Na verdade, a aplicação do principio da minoria submetendo-se à maioria e o


princípio das instâncias dirigentes mais baixas sendo orientadas pelas decisões das
instâncias mais altas, e o princípio do trabalho de direção do partido por um centro,
levaram às acusações de "burocracia" "formalismo", "aparelhos e engrenagens",
levantadas pelos senhores Trotsky, Martov e outros oportunistas. Eis como Lênin
descreveu estes anarquistas em seu livro Um Passo Adiante, Dois Passos Atrás.

"Este anarquismo aristocrático é particularmente característico do niilista russo.


Ele vê a organização do Partido como uma 'fábrica' monstruosa; ele considera a
subordinação da parte do partido ao todo e a minoria à maioria como 'sujeição' ..., a
divisão do trabalho sob a direção de um centro evoca dele uma grita tragicômica
contra o povo sendo transformado em 'engrenagem e rodas'... a menção à direção
organizacional do partido provoca uma careta de desprezo e a observação desdenhosa
...de que bem se poderia dispensar por completo todas as regras. Está claro, penso, que
os gritos sobre esta tão-falada burocracia são apenas um disfarce para a insatisfação
com a composição pessoal dos órgãos centrais, uma folha de parreira ... você é um
burocrata porque você foi nomeado pelo Congresso e não por minha vontade, mas
contra ela; você é um formalista porque se apóia nas decisões formais do Congresso, e
não em meu consentimento; você está agindo de forma grosseiramente mecânica
porque apelou para a maioria 'mecânica' do Congresso do Partido e não prestou

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atenção ao meu desejo de ser cooptado; você é um autocrata porque você recusou-se a
entregar o poder à velha gangue."

Notaremos que este era o tema recorrente de Trotsky e seus colaboradores em


seus ataques ao Partido Bolchevique sob a direção do camarada Stalin. Porém, "estes
gritos sobre esta tão-falada burocracia ", provaremos que não eram nada mais do
que "um disfarce para a insatisfação" com a derrota de sua teoria falida, a saber, a de
que era impossível construir o socialismo na URSS.

Trotsky e Martov eram incapazes de entender o significado de uma organização


proletária e sujeitar-se à sua disciplina. Para eles, a disciplina era para os 'muitos' e não
para uns 'poucos escolhidos'. E, por certo, eles se incluíam entre os últimos. Quando os
delegados ao Segundo Congresso elegeram o Comitê Central e o Corpo Editorial
do Iskra, o Congresso recusou-se a endossar o velho Corpo Editorial, como queriam
esses cavalheiros, e daí a zombaria de Lênin sobre a cooptação na passagem acima
citada - eles pegavam em armas porque a composição pessoal desses dois corpos não
era do seu agrado. Eles se recusavam a aceitar as decisões do Congresso, justificando-
se com o uso de frases como "não somos servos", minando assim as próprias bases da
unidade das fileiras do Partido. Nenhum partido como este pode preservar a unidade
de suas fileiras sem a imposição de uma disciplina proletária (quanto à natureza desta
disciplina, veja acima), que é imposta igualmente a todos membros do partido,
dirigentes e dirigidos; que é imposta aos "poucos escolhidos", tanto quanto aos
"muitos". Sem isto, o partido não pode preservar sua integridade nem a unidade de
suas fileiras.

"A ausência completa de argumentos sensatos da parte de Martov e Cia. contra


o Corpo Editorial nomeado pelo Congresso é revelada da maneira mais clara por sua
própria palavra de ordem: 'nós não somos servos'... A mentalidade do intelectual
burguês que se considera um dos 'poucos escolhidos' permanecendo acima da
organização de massa e da disciplina de massa é expressa aqui com clareza notável...
Parece ao individualismo da intelligentsia que toda organização e disciplina proletária
é servidão."

E mais adiante:

"À medida que seguimos com a construção de um partido real, o operário com
consciência de classe deve aprender a distinguir a mentalidade do soldado do exército
proletário da mentalidade do intelectual burguês que ostenta sua conversa anarquista,
deve aprender a insistir que os deveres de um membro do partido não são apenas da
infantaria, mas da 'gente de cima' também" (Lênin: Um Passo Adiante, Dois Passos
Atrás).

Tal é a importância da disciplina proletária em um partido proletário.

Fizemos um exame mais detalhado da controvérsia que envolveu a questão da


participação no Segundo Congresso do RSDLP, com o propósito de mostrar:

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1. que a posição de Martov, Trotsky e Cia. sobre as questões de organização era


oportunista e, se tivesse prevalecido, certamente teria causado grande dano, confusão
e desorganização ao Partido;

Diz Lênin: "Do ponto de vista do camarada Martov, a fronteira do Partido


permaneceria muito indefinida, pois 'qualquer grevista' poderia 'proclamar-se membro
do Partido'. Qual era a utilidade dessa imprecisão? Uma ampla extensão do título. Seu
perigo é que introduz uma idéia desorganizadora, a confusão entre classe e Partido"
(Um Passo Adiante, Dois Passos Atrás).

2. que o individualismo pequeno-burguês e o "anarquismo aristocrático" de


Martov e Trotsky tornaram impossível para eles retificarem sua posição oportunista
em matéria de organização;

3. que a mentalidade pequeno-burguesa de Martov e Trotsky, com seu


supremo desprezo e desconsideração pela disciplina e regras de organização
proletária, tornava impossível para eles submeterem-se à disciplina e respeitarem as
regras organizacionais proletárias;

4. que, conseqüentemente, Martov, Trotsky e Cia. eram contra qualquer forma


de organização que fizesse da imposição de tal disciplina (proletária) tema de um de
seus princípios organizacionais;

5. que, para intelectuais pequeno-burgueses, um Partido férreo, com uma


disciplina férrea, não significa nada mais e nada menos que 'burocracia';

6. que objetivamente (desejos subjetivos são irrelevantes aqui), Martov e


Trotsky eram contra a revolução, pois sem um Partido disciplinado, revolucionário, não
pode haver revolução alguma; e

7. que, em matéria de organização, Trotsky não era apenas um 'antistalinista'


batalhando contra a 'burocracia stalinista' mas também um antileninista, que tinha
batalhado contra a 'burocracia leninista'.

O ódio de Trotsky à disciplina levou-o a assumir uma visão tão oportunista dos
princípios organizacionais a ponto de opor-se a Lênin no Segundo Congresso. Este
mesmo individualismo pequeno-burguês, equivalente ao 'anarquismo aristocrático',
com seu ódio extremo à disciplina, levaria Trotsky várias vezes a opor-se ao Partido
Bolchevique, formando uma aliança com os fascistas, com o propósito de derrubar o
Estado soviético. Disto falaremos mais adiante.

Trotsky mais tarde diria que a "Revolução foi traída" na União Soviética por
Stalin. Apenas assinalaremos que, se as idéias oportunistas de Trotsky tivessem
prevalecido, não teria havido o Partido Bolchevique e, portanto, nenhuma revolução
que pudesse ser "traída ".

Em seguida ao Segundo Congresso do RSDLP, Trotsky escreveu um texto


polêmico intitulado Nossas Tarefas Políticas, no qual ele atacava a política total de
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Lênin da forma mais selvagem e mais abusiva. Porque Lênin tinha anteriormente
falado sobre a divisão do trabalho no interior do partido, baseado no fato de que
diferentes ramos de atividade revolucionária exigiam diferentes habilidades, Trotsky
dirigiu um violento ataque a Lênin, denunciou a divisão do trabalho na fábrica
moderna que reduz os operários a meras engrenagens da máquina. E este, ele
assinalava, era o objeto real de Lênin - uns poucos dirigentes ditatoriais no topo com
os operários do Partido reduzidos a meras "engrenagens" na máquina. Esta era uma
queixa feita por Trotsky sempre que ele não conseguia o que queria. Se o Partido
concordava com Trotsky, todas as coisas no Partido estavam bem; no momento em
que as políticas de Trotsky eram rejeitadas pelo Partido, este imediatamente se
transformava numa monstruosidade e uma 'burocracia' terrível, formidável,
insuportável, a ser combatida e liquidada. Tal era a manifestação do individualismo
pequeno-burguês exibido por Trotsky. Este concluiu a polêmica antes mencionada
assim:

"Esta suspeição perversa e moralmente repugnante de Lênin, esta caricatura


superficial da intolerância trágica do jacobinismo... deve ser liquidada a todo custo, de
outro modo o Partido estará ameaçado de decadência moral e teórica" (Trotsky, Our
Political Tasks, 1906).

Este parágrafo sozinho é suficiente para mostrar que Trotsky, que reivindicava
ser um leninista quando queria liquidar o 'stalinismo' e remover Stalin, na época em
que Lênin estava ocupado em construir o Partido Bolchevique, queria liquidar o
leninismo e remover Lênin..

O partido centralizado revolucionário que Lênin estava tentando construir tinha


alguma semelhança com os jacobinos, o partido revolucionário da pequena burguesia
da revolução francesa. Porém, também tinha uma diferença muito importante em
relação aos jacobinos, porque era um partido da classe operária; era a vanguarda não
da pequena burguesia, porém da classe operária russa - a classe que tinha sido
exortada a dirigir o povo russo contra a tirania e o despotismo. Como já se afirmou, era
impossível, dentro dos confins da Rússia autocrática, construir um partido
revolucionário capaz de dirigir a classe operária russa e as amplas massas do povo nas
condições de uma democracia completa e aberta. Teria de ter, por força das condições
prevalecentes na Rússia, alguma semelhança com os jacobinos, embora com a
importante diferença já mencionada.

Esta acusação de jacobinismo provocou o seguinte comentário de Lênin e


conferiu a Trotsky o merecido título de oportunista:

"Todos esses 'horríveis clichês' sobre jacobinismo expressam nada mais do que
oportunismo. Um jacobino que está inseparavelmente ligado à organização do
proletariado, que é consciente de seus interesses de classe, é um social-democrata
revolucionário. Um girondino que se sente atraído por professores e ginasianos, que
tem medo da ditadura do proletariado e que suspira sobre o valor absoluto das
demandas democráticas é um oportunista" [Um Passo Adiante, Dois Passos Atrás).

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Deixe-nos dar outro exemplo, camaradas, do mesmo livro, Our Political


Tasks, de Trotsky, que constitui a maior prova do menchevismo de Trotsky e de seu
ódio às políticas bolcheviques de Lênin. Trotsky neste livro aprova uma questão
colocada pelo menchevique Axelrod, que argüia:

"Por que não deveria esta história brincalhona dotar a democracia burguesa
revolucionária de um líder da escola do marxismo revolucionário? Ora, não foi o
marxismo "legal" que providenciou um líder para os liberais? De fato, por que não?"

Em outras palavras, Lênin era o provável líder da classe burguesa russa!

Camaradas, pergunto a vocês: para alguém que tenha tal visão de Lênin e sua
política, será difícil ver porque mantém uma visão similar à de Stalin e sua política? É
desnecessário provar, camaradas, que para alguém que chamou Lênin de futuro líder
das classes médias russas, não era nada difícil acusar Stalin de ajudar o campesinato
rico e dizer que o 'stalinismo' "deveria ser liquidado a todo custo, do contrário o
Partido está ameaçado de decadência moral e teórica". O fato é que Trotsky fez este
apelo contra o leninismo - contra "a suspeição maliciosa e moralmente repugnante de
Lênin, esta caricatura da intolerância trágica do jacobinismo", em 1906. Ele repetiu
este apelo muitas vezes, até a Revolução de Outubro. A Revolução de Outubro foi ao
mesmo tempo uma contestação muito profunda do trotskismo, e enfraqueceu o
trotskismo. O trotskismo foi "depenado" e tomou uma aparência um tanto
"esfarrapada". Foi precisamente por essa razão que, após a morte de Lênin, o
trotskismo adotou a tática de não atacar o leninismo abertamente, isto é, a tática de
não lançar assaltos frontais ao leninismo. Em lugar disso, adotou a tática desonesta de
atacar o leninismo em nome e à guisa de defender o leninismo. É neste contexto,
camaradas, que o ataque ao camarada Stalin deve ser entendido. É uma continuação
do ataque do trotskismo ao leninismo.

O Bloco de Agosto de liquidacionistas e Trotsky

Em seguida à derrota da Revolução de 1905 na Rússia, aflorou um grupo de


"socialistas" da ala direita chamado de liquidacionistas, porque queriam liquidar o
Partido centralizado que era capaz de dirigir as massas na revolução. Os
liquidacionistas declaravam que a era das revoluções havia acabado e somente
poderia haver progresso lento, dentro do ambiente da Constituição tzarista. Portanto,
argüiam os liquidacionistas, o Partido centralizado do proletariado, com sua rede de
organizações secretas, deveria ser desmontado, e eles apelaram pela criação de um
Partido Liberal Trabalhista, operando legalmente para reformas dentro do contexto do
tzarismo. Os bolcheviques, encabeçados por Lênin, empreenderam uma luta severa
contra os liquidacionistas, cujas fileiras incluíam Trotsky. Este não advogava
abertamente o liquidacionismo, mas por todas as formas prestou assistência ativa aos
liquidacionistas, por sua 'submissão' e 'capitulação aos liquidacionistas'. Foi assim que
Lênin descreveu a posição de Trotsky:

"Gente como Trotsky, com suas frases cheias de entusiasmo sobre o Partido
Operário Social-Democrata da Rússia, com sua reverência aos liquidacionistas,

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que nada têm em comum com o Partido Social-Democrata. são o mal da nossa época...
Em realidade são emissários da capitulação aos liquidacionistas. ansiosos para formar
um Partido Operário na linha de Stolypin."

"Os liquidacionistas reais escondem-se atrás de sua fraseologia e fazem todo


esforço para frustrar o trabalho dos antiliquidacionistas, isto é, os
bolcheviques. Trotsky e os trotskistas e oportunistas como ele são mais nocivos do que
todos os liquidacionistas. pois os liquidacionistas convencidos expõem suas visões
abertamente e é fácil para os trabalhadores reconhecerem os erros destas visões.
Contudo, Trotsky e os semelhantes a ele enganam os operários, escondem o mal e
tornam impossível expô-lo e remediá-lo" [ênfase minha].

Tal era a atitude de Trotsky para com o Partido Revolucionário durante os anos
da reação seguinte à derrota da revolução de 1905, isto é, Trotsky ajudou os
liquidacionistas que se levantaram pela liquidação do Partido. Ele foi "mais nocivo" do
que os liquidacionistas durante este período e por esta razão Lênin empreendeu uma
luta implacável contra o liquidacionismo oculto de Trotsky, que era "mais nocivo" do
que o liquidacionismo aberto dos liquidacionistas.

O ano de 1912 viu o começo de uma agitada atividade revolucionária em toda a


Rússia. Em resposta a esta agitação, em janeiro de 1912, os bolcheviques convocaram
uma conferência de todas as organizações clandestinas do Partido para discutir a
política e as linhas de orientação a serem seguidas adiante na luta revolucionária. A
conferência decidiu fortalecer as organizações clandestinas na Rússia, as organizações
partidárias foram instruídas a aumentarem sua atividade na direção da educação
socialista dos operários, no sentido de capacitar a classe operária a dirigir as massas
em sua luta para a derrota da autocracia tzarista e para o estabelecimento de uma
república democrática - uma ditadura democrática da classe operária e do
campesinato.

E qual foi a resposta de Trotsky à Conferência de Praga de 1912 dos


bolcheviques? Sua resposta foi promover uma reunião em Viena, em agosto de 1912,
de todos os grupos russos que viviam no exílio que se opunham aos bolcheviques,
única coisa que unia esses grupos. Todos esses grupos eram favoráveis à liquidação
das organizações partidárias clandestinas, à liquidação do Partido revolucionário do
proletariado e sua substituição por um "Partido Operário da Linha Stolypin".

Os grupos representados - a Organização Socialista Judaica (o 'Bund'), os Social-


Democratas Letões, o Partido Socialista Polonês pequeno-burguês, Trotsky e uns
poucos seguidores dele - vieram a chamar-se o "Bloco de Agosto". O Bloco de Agosto
notabilizou-se por ter, em sua conferência em Viena, aprovado resoluções
antibolcheviques e contra-revolucionárias. Para todos os propósitos práticos, a
Conferência de Viena do Bloco de Agosto revelou-se abortiva, pois nenhum dos grupos
representados nesta conferência tinha qualquer conexão significativa com as
organizações clandestinas dos trabalhadores na Rússia. Porém a conferência mostrou-
se de valor inestimável, por expor ao ridículo o menchevismo oportunista de Trotsky e
outros participantes nessa conferência farsesca em Viena.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Em maio de 1914, Lênin escreveu um artigo intitulado Rompimento da Unidade


sob a Camuflagem dos Clamores pela Unidade. Nesse artigo Lênin faz uma brilhante
exposição das frases "altissonantes e vazias" de Trotsky, seu facciosismo, seu
liquidacionismo e a derrota do Bloco de Agosto, de Trotsky. Lênin termina seu artigo
com uma descrição inesquecível de Trotsky. Essa descrição é considerada muito
importante para o entendimento do oportunismo de Trotsky. Citá-la-ei, portanto, na
integra, e minha esperança é de que os camaradas não a verão como uma digressão
desnecessária. Foi assim que Lênin descreveu Trotsky, em maio de 1914:

"Os antigos participantes do movimento marxista conhecem muito bem a


personalidade de Trotsky, e não vale a pena falar-lhes sobre isto. Porém, a geração
mais jovem dos operários não a conhece, e é, portanto, necessário discuti-la, pois sua
trajetória é típica de todos os cinco grupelhos no exterior, que de fato são também
vacilantes entre os liquidacionistas e o Partido.

Nos dias do velho Iskra (1901-3), esses vacilantes, que passam rapidamente dos
economicistas para os iskraístas e retornam outra vez, foram apelidados de "vira-
casacas tushinos" (nomes dados nos tempos turbulentos da Rússia para pessoas que
passavam sempre de um campo para outro).

Quando falamos de liquidacionismo, falamos de uma tendência ideológica


definida, que gerou, ao longo de vários anos, ramos do menchevismo e do
economicismo, nos vinte anos de história do marxismo, e está conectada com a política
e ideologia de uma classe definida - a burguesia liberal.

"A única base que os 'renegados tushinos' têm para sustentar que estão acima
dos grupos era que eles 'tomam emprestadas' suas idéias de um grupo um dia e de
outro no dia seguinte. Trotsky foi um ardente iskraísta em 1901-3, e Ryazanov
descreveu seu papel no Congresso de 1903 como o de um 'porrete de Lênin'.6 Ao final
de 1903, Trotsky era um ardente menchevique, isto é, ele desertou dos iskraístas e foi
para os economicistas. Ele disse que 'entre a velha e a nova Iskra há um abismo'. Em
1904-5, ele desertou dos mencheviques e ocupou uma posição vacilante, ora
cooperando com Martynov (o economicista), ora proclamando sua teoria esquerdista
absurda da 'Revolução Permanente'. Em 1906-7 ele se aproximou dos bolcheviques e,
na primavera de 1907, declarou que estava de acordo com Rosa Luxemburgo.

No período da desintegração, após longa vacilação 'não faccionista', ele outra


vez foi para a direita e, em agosto de 1912, entrou em um bloco com os
liquidacionistas. Agora ele desertou outra vez, embora na essência reitere suas idéias
esfarrapadas.

Tais tipos são característicos como fragmentos dos fundamentos históricos de


ontem, quando o movimento operário de massa da Rússia estava ainda adormecido e
qualquer grupelho estava 'livre' para apresentar-se como tendência, grupo, facção, em
uma palavra, uma 'grande potência' falando, negociando em amálgama com outros.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

A geração mais jovem de operários deve saber exatamente com quem estão
tratando, quando os indivíduos se apresentam a eles com propostas incrivelmente
pretensiosas, relutando absolutamente a levar em conta as decisões do Partido, que
desde 1908 tem definido e estabelecido nossa atitude frente ao liquidacionismo, ou
com a experiência do movimento da classe operária atual na Rússia, que tem
conseguido a unidade da maioria sobre a base do reconhecimento pleno das decisões
acima citadas" (Lênin, CW Vol 20, pp. 346-47).

Esta é uma descrição perfeita não só de Leon Trotsky, o maior "vira-casaca


tushino" de sua época, mas também de seus seguidores dos nossos dias, isto é, os
trotskistas da Internacional Socialista (IS), do Grupo Marxista Internacional (IMG), da
Liga Operária Socialista (SLL) etc., que acreditam em uma coisa hoje e outra amanhã,
que tomam emprestadas suas idéias de Trotsky hoje e do Partido Operário no dia
seguinte, que denunciam a Frente de Libertação Nacional do Vietnã do Sul hoje e
'apóiam-na' no dia seguinte (ver o capitulo sobre a Revolução Chinesa).

Trotsky continuou a se opor a Lênin, na tentativa deste de construir o partido


da vanguarda revolucionária do proletariado, até 1917, e não foi senão apenas umas
poucas semanas antes da Grande Revolução Socialista de Outubro que Trotsky juntou-
se ao Partido Bolchevique. Contudo, este fato histórico bem conhecido é
convenientemente 'esquecido', desprezado e obscurecido pelos trotskistas mentirosos
e pela inteligência radical burguesa que, fugindo de enfrentar a verdade histórica,
quase diariamente afirma ad nauseam que Trotsky foi um bolchevique - um leninista.
Podemos perguntar à inteligência burguesa radical e aos aristocratas trotskistas: como
é que alguém que foi sempre um 'bolchevique', sempre um 'leninista', simplesmente
sempre se opôs a Lênin? Este é um tipo estranho de 'bolchevismo-leninismo'! De
acordo com esta formulação, tem-se de permanecer fora do Partido Bolchevique e
opor-se perpetuamente a Lênin para ser chamado de um 'bolchevique leninista'. Não é
estranho? Não, senhores trotskistas e intelectuais burgueses, isso não é possível. A
resposta a nossa questão é: Trotsky nunca foi um bolchevique, nunca um leninista. Ele
foi um antibolchevique, um antileninista.

Trotsky nunca deixou sua posição menchevique sobre questões


organizacionais, isto é, sobre o Partido, mesmo após juntar-se ao Partido Bolchevique.
Em 1921, quando a proposta de Trotsky de que os sindicatos deveriam ser modificados
e transformados em órgãos estatais foi rejeitada pelo Comitê Central do Partido,
Trotsky dirigiu-se à casa onde o Comitê Central estava reunido e tentou ganhar uns
poucos apoiadores ao seu propósito de luta contra o Comitê Central. Este incidente
mostra a profunda discordância e aversão dos intelectuais burgueses pelo Partido e
pela disciplina do Partido.

O que Lênin pensava das pessoas, como Trotsky, que zombavam da disciplina
do Partido?

"Quem quer que enfraqueça ao mínimo que seja a disciplina de ferro do Partido
do proletariado (especialmente durante a época de sua ditadura), realmente ajuda a
burguesia contra o proletariado" (CW Vol. 31, p. 45).

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Sim, camaradas, Trotsky enfraquecia "a disciplina férrea do Partido", não ao


mínimo, ao máximo grau, antes e depois da Revolução de Outubro.

O incidente sindical e o comportamento de Trotsky levaram Lênin a dizer:

"Pensem, simplesmente! Após dois plenos do Comitê Central (9 de novembro e


7 de dezembro) que foram devotados a uma discussão detalhada, longa e acalorada do
projeto original do esboço das Teses do Camarada Trotsky e da política sindical inteira
que ele advoga para o Partido, um membro do Comitê Central (isto é, Trotsky), um
entre dezenove, elege um grupo de fora do Comitê Central e apresenta o 'trabalho'
'coletivo' deste grupo como uma 'plataforma', aconselhando o Congresso do Partido a
'escolher entre as duas tendências'!

Lênin continuava:

"Pode-se negar que, mesmo que as 'novas tarefas e métodos' fossem indicados
por Trotsky tão corretamente quando ele de fato indicou incorretamente, o simples
enfoque de Trotsky para a questão teria causado prejuízo a si próprio, ao Partido, ao
movimento sindical, ao trabalho de treinamento de milhões de membros de sindicatos
e à República?" (Lênin, CW Vol 32, p. 74, Outra Vez sobre os Sindicatos, a Situação
Atual e os Erros de Trotsky e Bukharin).

Este incidente alarmou tanto Lênin que ele tentou no 10° Congresso do
PCUS(B) passar uma resolução especial contra a "formação de blocos separados,
grupos e facções dentro do Partido. Lênin era de opinião de que os membros do

Partido estavam autorizados a divergirem uns dos outros e resolverem suas diferenças
através das discussões. Mas uma vez que se chegasse a uma decisão, após uma
discussão exaustiva, e a crítica estivesse exaurida, a unidade de propósito e ação dos
membros do Partido era necessária, pois sem esta unidade um Partido do proletariado
e a disciplina proletária são inconcebíveis. Isto Trotsky nunca poderia entender.
Quando estava em minoria, ele corria a formar uma facção dentro do Partido - assim
pondo em risco o Partido e a República Soviética.

Para resumir, camaradas, sobre a questão do Partido, o trotskismo não seguia a


posição do leninismo, ele tinha uma posição antileninista. Sem uma organização de
vanguarda (o Partido), o proletariado nunca chegaria ao poder. A organização é a arma
mais potente que o proletariado tem para sua própria libertação. Sem organização,
sem o Partido, não haverá revolução proletária. Sobre esta importante questão do
Partido de vanguarda do proletariado, a posição do trotskismo é similar àquela dos
políticos burgueses radicais e sindicais liberais. Sobre a matéria de organização, o
trotskismo se posiciona pelo liberalismo, isto, é, a criação de tipos de organização do
Partido Operário com a finalidade de serem máquinas eleitorais dentro do capitalismo,
e pela destruição dos partidos do tipo bolchevique -os partidos comunistas
revolucionários com disciplina férrea.

Se se posicionam pela desorganização do Partido de vanguarda do proletariado,


como o trotskismo faz na prática, onde está o bolchevismo de tais pessoas? De pessoas
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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

como Trotsky, que trabalhavam pela destruição do Partido Bolchevique, pode-se dizer
que objetivamente trabalharam pela continuação da autocracia tzarista e pelo
imperialismo feudal-militarista tzarista.

Mesmo que não tivéssemos nada contra o trotskismo, camaradas, a posição do


trotskismo sobre a questão do Partido de vanguarda do proletariado por si só
condená-lo-ia, confirmaria e provaria nossa acusação de que o trotskismo é uma
tendência antileninista, antibolchevique, dentro do movimento da classe operária que,
quando o movimento marxista-leninista se desenvolve, é conduzido, por sua lógica
interna, cada vez mais, a terminar se tornando um destacamento avançado da
burguesia. Mas não se aflijam, camaradas, a posição do trotskismo sobre a organização
não é a única coisa que constitui seu antibolchevismo e antileninismo. E isto leva-me
ao segundo tópico com que desejo terminar esta parte, a saber, a teoria de Lênin da
revolução e a teoria 'absurdamente esquerdista' de Trotsky, da 'revolução
permanente'.

Notas

1. Este princípio é verdadeiro para todas as circunstâncias e é agora aceito


universalmente pelos partidos marxistas-leninistas em todo o mundo. A experiência
histórica e as necessidades da luta demandam que a filiação ao partido de vanguarda
não deve ser aberta a qualquer um que queira filiar-se a ele - a pessoa deve ser
admitida no partido pelo próprio partido. Somente os revisionistas, trotskistas e
diversos outros elementos burgueses violam este principio de organização leninista.

2. Após este Congresso, Plekhanov, seguindo a política de "matar com bondade",


afastou-se de Lênin e juntou-se a Martov e Cia.

3. Estas condições de filiação ao partido são violadas pelos revisionistas e


trotskistas hoje tal como eram há 60 anos.

4. Manilovismo e khvostismo: manilovismo vem do nome de Manilov, em Almas


Mortas, de Gogol, e significa acomodação complacente e devaneios sentimentais e
vazios. Khvostismo significa reboquismo.

5. Comentando sobre as "concepções anarquistas" contidas na formulação de


Martov e descrevendo as visões oportunistas de Martov, Trotsky e outros, Lênin disse
isto, especificamente sobre os argumentos oportunistas de Trotsky:

"A esta categoria de argumentos (argumentos oportunistas - acrescento) que


surgem inevitavelmente quando se tenta justificar a formulação de Martov,
pertence, em particular, a declaração do camarada Trotsky... de que 'o oportunismo
é criado pelas mais complexas (ou: é determinado por mais profundas) causas do que
por uma ou outra cláusula nas regras; é produzido pelo nível relativo de
desenvolvimento da democracia burguesa e do proletariado...' A questão não é que
cláusulas nas regras podem produzir oportunismo; a questão é forjar com a ajuda
das regras uma arma mais ou menos contundente contra o oportunismo. Quanto
mais profundas as causas, mais contundente deve ser a arma. Portanto, justificar
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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

uma formulação que abre a porta ao oportunismo pelo fato de que o oportunismo
tem 'causas profundas' é o mais puro khvostismo (reboquismo). Quando o camarada
Trotsky opôs-se ao camarada Lieber, ele entendia que as regras constituíam a
'desconfiança organizada' do todo para a parte, da vanguarda para o destacamento
atrasado; porém, quando o próprio camarada Trotsky colocou-se ao lado do
camarada Lieber, ele esqueceu isto e começou mesmo a justificar a fraqueza e a
instabilidade de nossa organização desta desconfiança (desconfiança do
oportunismo) ao falar sobre 'causas complexas', o 'nível de desenvolvimento do
proletariado' etc. Aqui está outro dos argumentos de Trotsky: 'E muito mais fácil para
o jovem intelectual, organizado de uma forma ou de outra, ingressar nas fileiras do
Partido'. Isso mesmo. Por isso a formulação pela qual mesmo elementos
desorganizados podem proclamar-se filiados ao Partido sofre da vagueza típica do
intelectual, e não a minha formulação, que remove o direito de 'ingressar por si' nas
fileiras. O camarada Trotsky diz que se o Comitê Central 'não reconhecesse' uma
organização de oportunistas seria somente por causa do caráter de certas pessoas e
que, uma vez estas pessoas fossem conhecidas como indivíduos políticos, elas seriam
perigosas e poderiam ser removidas por um boicote geral do Partido. Isto é apenas
verdadeiro em casos em que a pessoa tem de ser removida do Partido (e somente
meia verdade, porque um partido organizado remove membros por votação e não
por boicote). É absolutamente inverídico diante dos casos mais freqüentes: quando a
remoção seria absurda e quando tudo o que se precisa é de controle. Para os
propósitos de controle, o Comitê Central pode, em certas condições,
deliberadamente, admitir no Partido uma organização que não era muito confiável
mas que era capaz de trabalhar: pode fazer isso com o objetivo de testá-la ou tentar
dirigi-la para o caminho correto, de corrigir suas aberrações parciais para uma linha
apropriada etc. Isto não seria perigoso se em geral o 'auto-ingresso' nas fileiras do
Partido não fosse permitido. Seria muitas vezes útil para uma expressão (e discussão)
aberta, responsável e controlada de visões e táticas erradas. 'Porém, se as definições
legais têm de corresponder a relações reais, a formulação do camarada Lênin deve ser
rejeitada', dizia o camarada Trotsky e outra vez ele falava como um oportunista.
Relações reais não são uma coisa morta, elas vivem e se desenvolvem. Definições
legais podem corresponder ao desenvolvimento progressivo dessas relações, porém
elas podem também (se essas definições são más) 'corresponder' a retrocesso ou
estagnação. O último caso é o do camarada Martov" (Um Passo Adiante, Dois Passos
Atrás, ênfase inteiramente de Lênin).

6. Na realidade, a designação de Ryazanov era incorreta. Como a Nota 5 mostra, no


Segundo Congresso, Trotsky desempenhou um papel oportunista sobre a questão
importante do Partido e juntou-se a todos os outros oportunistas em oposição a Lênin.

1 Nota do tradutor: seguidores da linha editorial do jornal "Iskra" ("Centelha"), órgão


oficial do RSDLP.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Capítulo 3

Teoria da Revolução:

Teoria da Revolução de Lênin versus Teoria da 'Revolução Permanente' de Trotsky

"Sem uma teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário"

(Lênin )

"O papel de vanguarda combatente só pode ser preenchido por um Partido que seja
guiado pela teoria mais avançada"

(Lênin)

"...a prática tateia no escuro se seu caminho não é iluminado pela teoria
revolucionária"

(Stalin)

Divergências entre os bolcheviques, os mencheviques e Trotsky sobre o caráter da


revolução russa

A posição menchevique sobre o caráter da revolução russa

Os mencheviques (os socialistas reformistas) defendiam que a revolução


vindoura na Rússia era uma revolução burguesa e que, em razão de sua natureza
democrático-burguesa, a revolução deveria ser conduzida pela burguesia liberal. O
proletariado não deveria estabelecer relações estreitas com o campesinato, mas com a
burguesia liberal. A tática do proletariado deveria ser ajudar a burguesia liberal a
assumir o poder do Estado. O proletariado não deveria assumir a liderança da
revolução, pois uma exibição vigorosa do ardor revolucionário pelo proletariado
poderia jogar a burguesia liberal nos braços da autocracia. O proletariado não deveria
tomar parte em qualquer governo revolucionário provisório, pois isso equivaleria a
repetir o erro cometido pelos socialistas franceses ao juntarem-se ao governo burguês.
Ao contrário, o proletariado deveria exercer pressão de fora, para compelir a
burguesia liberal a levar a revolução burguesa-democrática até o fim.

Para resumir, os mencheviques argüiam, o proletariado deveria desempenhar


um papel subsidiário - o papel de um apêndice da burguesia liberal. Ele não deveria
assumir um papel de dirigente e não deveria estabelecer relações estreitas com o
campesinato, pois isto poderia "levar as classes burguesas a recuarem da revolução e
assim diminuir sua abrangência".

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

A posição leninista-bolchevique

Por outro lado, os bolcheviques, os socialistas revolucionários, defendiam que,


a despeito do caráter burguês-democrático da revolução iminente, era principalmente
o proletariado que estava interessado em sua vitória completa, pois a vitória desta
revolução capacitaria o proletariado a organizar-se, a crescer politicamente e ganhar
experiência na direção política das massas trabalhadoras e, portanto, passar do estágio
da revolução burguesa para aquele da revolução socialista. O proletariado estava mais
interessado na vitória completa da revolução democrática burguesa do que a
burguesia, porque "em certo sentido, uma revolução burguesa é mais vantajosa para o
proletariado do que para a burguesia" (Lênin, Duas Táticas da Social-Democracia na
Revolução Democrática). Portanto, o proletariado deveria assumir a direção da
revolução.

Porém, o proletariado sozinho não poderia cumprir com sucesso sua tarefa de
dirigir a revolução democrática burguesa e conduzi-la até o final sem a assistência e a
participação ativa de um aliado confiável1. Este aliado confiável, sustentavam os
bolcheviques, não poderia ser outro senão o campesinato. O campesinato estava
interessado no sucesso da revolução, pois somente tal perspectiva poderia capacitá-lo
a ajustar as contas com a classe latifundiária e obter a posse de suas terras.

Lênin trata do papel do campesinato russo - o papel que tinha sido atribuído a
ele por sua posição de classe na revolução vindoura - nos seguintes termos:

"O campesinato inclui um grande número de semiproletários, assim como


elementos pequeno-burgueses. Isto causa certa instabilidade e compele o proletariado
a unir-se em um partido estritamente de classe. Porém a instabilidade do campesinato
difere radicalmente da instabilidade da burguesia, pois no presente o campesinato não
está tão interessado na preservação absoluta da propriedade privada quanto no
confisco dos latifúndios, uma das principais formas de propriedade privada. Embora
isto não leve o campesinato a tornar-se socialista ou cessar de ser pequeno-burguês, o
campesinato é capaz de tornar-se um integral e muito radical adepto da revolução
democrática. Tal se tornará o campesinato, inevitavelmente, somente se o progresso
dos acontecimentos revolucionários do qual ele está sendo esclarecido não for
interrompido pela traição da burguesia e derrota do proletariado. Sujeito a essas
condições, o campesinato tornar-se-á inevitavelmente um baluarte da revolução e da
república, pois apenas uma revolução completamente vitoriosa pode dar ao camponês
todas as coisas na esfera da reforma agrária - tudo aquilo que o camponês deseja, com
que ele sonha e de que ele se encontra verdadeiramente necessitado" (Duas Táticas da
Social-Democracia na Revolução Democrática).

Além disso, os bolcheviques defendiam que a burguesia liberal deveria


ser isolada, pois sem o isolamento dessa classe traidora e instável não haveria uma
revolução democrática burguesa com sucesso, sob a direção do proletariado. Tratando
da objeção menchevique de que as táticas bolcheviques "levariam as classes

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

burguesas a se retraírem da revolução e com isso diminuírem seu entusiasmo" e


rejeitando estas objeções como "táticas de traição à revolução" e como "táticas que
converteriam o proletariado em apêndice infeliz das classes burguesas", Lênin
escreveu:

"Aqueles que realmente entendem o papel do campesinato em uma revolução


russa vitoriosa sequer sonhariam em dizer que o alcance da revolução diminuiria se a
burguesia se retraísse dela. Pois na verdade, a revolução russa começará a assumir seu
alcance real, assumirá realmente o mais amplo alcance revolucionário possível na
época da revolução democrática burguesa, apenas quando a burguesia se distanciar
dela e quando as massas do campesinato se tornarem revolucionárias ativas, lado a
lado com o proletariado. Para que ela possa ser consistente-mente conduzida a sua
conclusão, nossa revolução democrática deve apoiar-se em forças que sejam capazes
de paralisar a inevitável inconsistência da burguesia, isto é, capaz precisamente de
'causar-lhe a retirada da revolução'." (Duas Táticas...)

De acordo com os bolcheviques, a vitória decisiva sobre o tzarismo resultaria


no estabelecimento de um governo provisório que seria uma ditadura revolucionária
do proletariado e do campesinato. Seria função de tal governo assegurar a vitória
decisiva sobre o tzarismo, esmagar pela força a resistência da autocracia, neutralizar a
instabilidade da burguesia, empreender as reformas agrária e outras democráticas e,
assim, conduzir a revolução democrática burguesa até o fim. Citando a famosa tese de
Marx que: "após uma revolução, toda organização provisória do Estado requer uma
ditadura e por sinal uma ditadura enérgica", Lênin chega à conclusão de que:

"Uma vitória decisiva da revolução sobre o tzarismo é a ditadura revolucionária


do proletariado e do campesinato...

E tal vitória será precisamente uma ditadura, isto é, deve inevitavelmente


apoiar-se na força militar, em armar as massas, em uma insurreição e não em
instituições de um tipo ou de outro, estabelecidas de modo legal ou pacífico. Somente
pode ser uma ditadura, para a realização das mudanças que são urgentes e
absolutamente indispensáveis, pois o proletariado e o campesinato enfrentarão a
resistência desesperada dos latifundiários, da grande burguesia e do tzarismo. Sem
uma ditadura, é impossível quebrar a resistência e repelir as tentativas contra-
revolucionárias. Porém, certamente, será uma ditadura democrática, não uma
ditadura socialista. Não será capaz (sem uma série de estágios intermediários do
desenvolvimento revolucionário) de afetar os fundamentos do capitalismo" [Duas
Táticas...).

E, finalmente, os bolcheviques não tinham a intenção de clamar por um freio


no momento de consumação da revolução democrática burguesa. Eles acreditavam
que não haveria barreiras insuperáveis entre a revolução democrática burguesa e a
socialista. Eles defendiam que, em conseqüência do cumprimento das tarefas
democráticas, o proletariado e outras massas exploradas teriam de começar uma luta
pela revolução socialista. Para os bolcheviques, a república democrática burguesa não
era um fim em si, mas um meio para um fim, isto é, uma república socialista; a

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

república democrática burguesa era um passo necessário na direção de uma república


socialista - um estágio intermediário no desenvolvimento do movimento
revolucionário em sua marcha adiante inexorável para o estabelecimento da ditadura
do proletariado. Contudo, isto seria realizado somente se o proletariado estivesse na
chefia de todo o povo, particularmente o campesinato, na fase da revolução
democrática, e na direção dos trabalhadores e explorados no período da luta pelo
socialismo. Em seu livro Duas Táticas da Social-Democracia na Revolução
Democrática, escrevendo sobre o escopo da revolução burguesa e as tarefas do
partido proletário, Lênin brilhantemente resumiu a estratégia e a tática do partido do
proletariado no período da revolução democrática burguesa e tratou de uma vez por
todas, de modo mais claro, da questão da relação entre a revolução burguesa e a
revolução socialista. Ele escreveu:

"O proletariado deve levar até o fim a revolução democrática, aliando-se à


massa do campesinato a fim de esmagar pela força a resistência da autocracia e
paralisar a instabilidade da burguesia. O proletariado deve perseguir a revolução
socialista, aliando-se à massa dos elementos semiproletários da população, no sentido
de esmagar pela força a resistência da burguesia e paralisar a instabilidade do
campesinato e da pequena burguesia. Tais são as tarefas do proletariado, que os novos
iskraístas [isto é, os mencheviques - nota do autor] sempre apresentam de forma tão
estreita em seus argumentos e resoluções sobre o escopo da revolução. E adiante:

"Na direção de toda a população, e particularmente o campesinato - pela


liberdade completa, por uma revolução democrática consistente, por uma república!
Na direção de todos os trabalhadores e explorados - pelo socialismo! Tal deve ser, na
prática, a política do proletariado revolucionário, tal é o slogan de classe que deve
permear e determinar a solução de todos os problemas táticos, de todos os passos
práticos do partido dos operários durante a revolução" [Duas Táticas...).

Essa era a teoria da revolução continuada - a teoria da revolução democrática


burguesa passando para a revolução socialista.

A posição de Trotsky: sua teoria da 'revolução permanente'

Trotsky ocupou uma posição 'intermediária', que era formalmente diferente


tanto da dos bolcheviques quanto da dos mencheviques, porém, na essência e
objetivamente, mais próxima da dos últimos, para todos os propósitos práticos. Ele
concordava com os bolcheviques, em sua avaliação sobre a burguesia liberal russa
(capitalistas), e não queria saber dela. Ao mesmo tempo, estava em completo acordo
com os mencheviques, em sua avaliação sobre o campesinato. Portanto, não tinha
nada a fazer também com o campesinato. O campesinato não poderia ser um aliado
confiável, ele argüiu. O movimento espontâneo e a insurreição do campesinato podia
ajudar a classe operária em sua luta contra o despotismo tzarista, porém não era o
mesmo que o campesinato desempenhar o papel de um aliado revolucionário da
classe operária revolucionária, em sua luta contra a autocracia. O tzarismo, de acordo
com Trotsky, poderia apenas ser substituído por um governo dos operários. Em
nenhuma hipótese poderia ser substituído por uma ditadura conjunta da classe

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

operária e do campesinato. E, ao ascender ao poder, deveria ser função deste governo


dos operários atacar a propriedade privada, incluindo as posses dos camponeses. Com
seu ataque sobre a propriedade privada, o governo dos operários alienaria e
despertaria a hostilidade e a resistência (graças a Trotsky) da maioria da população, ou
seja, do campesinato. A resistência do campesinato poria em risco a própria existência
do governo dos operários. Porém, por outro lado, o governo dos operários estimularia
a classe operária dos países europeus industrialmente avançados a desfechar uma luta
implacável contra suas 'próprias' burguesias, a capturar o poder do Estado e
estabelecer o socialismo. E, por sua vez, a classe operária vitoriosa dos países
europeus ocidentais avançados viria em ajuda ao governo dos operários na Rússia e
ajudaria estes a esmagar pela força a resistência do campesinato. Trotsky chamou esta
teoria de teoria da 'revolução permanente', e ela foi causa e objeto de severas
controvérsias entre Lênin e Trotsky.

Uma coisa que deve ser ressaltada sobre Trotsky é que, a cada vez que ele
assumia uma posição incorreta e oportunista, ele sempre a cobria com o uso de frases
'esquerdistas' e ultra-'revolucionárias'. Ele foi, por exemplo, a favor de se saltar
arbitrariamente sobre o primeiro estágio da revolução russa. Ele foi contra o
estabelecimento da ditadura do proletariado e do campesinato como pré-requisito
necessário ao estabelecimento da ditadura do proletariado. Por quê? Porque, ele
argüia, "estamos vivendo na era do imperialismo, e o imperialismo não opõe a nação
burguesa ao velho regime, mas a nação proletária à burguesa" (Trotsky, Nossa
Revolução, 1906).

Em vista do que foi dito antes, as duas conclusões que emergem são:

(1) A hostilidade de Trotsky e sua falta de fé no campesinato, sua incapacidade


de apreciar o papel revolucionário que o campesinato é capaz de desempenhar em
certo estágio do desenvolvimento da revolução.

(2) Desta incapacidade de apreciar o papel revolucionário do campesinato


seguia seu desejo subjetivo de saltar sobre o estágio democrata-burguês da revolução
e estabelecer o socialismo diretamente. Daí a exortação a um governo dos operários,
para substituir o tzarismo. O que isso significava, na prática, era que o primeiro estágio
da revolução não deveria ser a maioria do povo russo, particularmente o campesinato,
contra o tzar, mas apenas a classe operária (constituindo uma pequena minoria na
população da Rússia) contra o tzar e a "nação burguesa", inclusive o campesinato.

A aceitação desta teoria da 'revolução permanente' teria significado uma


aceitação da contra-revolução permanente, pois teria significado uma negação do
papel revolucionário que o campesinato era capaz de desempenhar e desempenhou;
teria significado privar a classe operária russa de um aliado extremamente importante
e confiável e tornar o campesinato um instrumento da burguesia liberal. Trotsky
alegaria mais tarde que a revolução foi traída por Stalin. No momento, simplesmente
diremos que não teria havido revolução alguma e, conseqüentemente, nenhuma
'traição', se Trotsky tivesse sido seguido, se sua teoria da 'revolução permanente'
tivesse sido posta em prática, pois não teria havido nenhuma revolução na Rússia sem

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

o papel revolucionário desempenhado pelo campesinato russo. Lênin rejeitou a teoria


da 'revolução permanente' em seu Duas Linhas da Revolução (1915), no qual ele
escreveu:

"Trotsky repete sua teoria 'original' de 1905 e se recusa a parar para pensar
porque, por dez anos inteiros, a vida passou por esta bela teoria."

E adiante: "Trotsky está de fato ajudando os políticos trabalhistas liberais na


Rússia que, ao 'repudiarem' o papel do campesinato, pretendem recusar o despertar do
campesinato."

Foram precisos apenas dois anos para provar a correção da avaliação de Lênin
do papel do campesinato.

Tendo em vista esta avaliação de Trotsky e sua conseqüente rejeição do


campesinato como uma força revolucionária e, finalmente, sua rejeição dos estágios
no desenvolvimento de uma revolução, não é de forma alguma surpreendente que os
trotskistas de hoje, na Inglaterra, bem como em outros lugares, ataquem a Frente de
Libertação Nacional (FLN) do Vietnã do Sul e seu programa. Não é surpreendente que
eles caracterizem e rejeitem o programa da FLN como um programa burguês e lancem
injúrias sobre ele, ou que deixem de ver seu caráter revolucionário antiimperialista.
Eles se recusam a aprender com a própria vida e 'se recusam a parar para pensar por
quê', durante nada menos de 60 anos, 'a vida passou por esta bela teoria', a teoria da
'revolução permanente'. Mas disto falaremos mais adiante.

A teoria da 'revolução permanente' levou Trotsky a chegar à seguinte conclusão


em 1906, que ele repetiria em 1922:

"Na ausência do apoio direto do Estado por parte do proletariado europeu, a


classe operária russa não será capaz de ascender ao poder e transformar seu domínio
temporário em uma ditadura socialista estável. Não há dúvida sobre isso" (Trotsky, Our
Revolution, 1906).

Trotsky chegou à conclusão acima em 1906. Desta posição ele nunca se


afastou. De acordo com ele, a revolução russa não poderia sobreviver, muito menos
construir o socialismo, sem a ajuda do movimento operário vitorioso dos países da
Europa ocidental. Com este ponto de vista, o que se deveria fazer, se a classe operária
européia não tivesse êxito em fazer uma revolução social? Veremos que, à medida que
as chances de uma revolução socialista nos países europeus ocidentais se
enfraqueceram (e não podemos aqui entrar nas razões de não ter ocorrido uma
revolução européia), Trotsky começou a advogar uma política de aventureirismo
desesperado, alternada, de tempos em tempos, com uma política de completa
capitulação ao capitalismo monopolista internacional. Isto era conseqüência natural e
lógica de sua posição incorreta e totalmente oportunista, ao considerar a estratégia e
as táticas da revolução russa. Se se tomasse a posição, como Trotsky fez, de que a
revolução russa não poderia sobreviver sem o apoio da revolução social européia, só

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

se poderia chegar às seguintes conclusões na hipótese de a classe operária européia


não conseguir chegar ao poder:

Uma - que por algum tipo de aventureirismo a revolução deveria ser


'exportada' para os países europeus ocidentais;

Duas - rendição completa ao capitalismo monopolista internacional. Trotsky


chegou a essas duas conclusões e advogou-as de vez em quando. Aventureirismo de
mãos dadas com o capitulacionismo, ambos resultantes de uma falta de fé nas
massas e de uma superestimação dos reacionários, é a essência do trotskismo.

Por causa de sua teoria da 'revolução permanente' - com sua negação do papel
do campesinato, com sua falta de fé na habilidade do proletariado em dirigir as amplas
massas da classe trabalhadora para realizar a vitória do socialismo em um só país, com
sua crença religiosa, acientífica e não marxista, de que a vitória do socialismo só seria
possível no caso de uma revolução simultânea "nos mais importantes países da
Europa" - Trotsky nunca foi capaz de compreender o contexto peculiar da Revolução
de Outubro. É necessário para nós tratarmos deste contexto peculiar da Revolução de
Outubro e à luz destes aspectos peculiares determinar as respectivas posições
(irreconciliáveis) do leninismo e do trotskismo.

Os aspectos peculiares da Revolução de Outubro

Quais são os aspectos peculiares da Revolução de Outubro?

A Revolução de Outubro tem dois aspectos peculiares cujo entendimento é


uma precondição para compreender o significado nacional e internacional, desta
revolução. Estes dois aspectos são:

(1) a ditadura do proletariado aconteceu na Rússia com base numa aliança


entre o proletariado e o campesinato trabalhador, o campesinato sendo liderado pela
classe operária;

(2) a ditadura do proletariado estabeleceu-se em um único país - e um país


atrasado, do ponto de vista de seu desenvolvimento capitalista - enquanto o
capitalismo era preservado em outros países, alguns dos quais capitalisticamente
altamente desenvolvidos.

Estes dois aspectos são da maior importância para nós, pois não apenas
representam a essência da Revolução de Outubro e uma brilhante aplicação da teoria
de Lênin da ditadura do proletariado e sua teoria da revolução proletária como
também revelam a natureza altamente oportunista da teoria da 'revolução
permanente' de Trotsky.

Examinemos então estes aspectos, brevemente:

(1) A aliança entre o proletariado e o campesinato, este sendo liderado pelo


proletariado.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

A questão das alianças é de imensa importância. Quem as massas


trabalhadoras da cidade e do campo apóiam; de quem elas se tornarão reserva -
reserva do proletariado ou da burguesia? Nisto reside a realidade, o resultado, da
revolução. As revoluções francesas de 1848 e 1871 tiveram um fim ruim porque o
campesinato tornou-se reserva da burguesia. A Revolução de Outubro foi vitoriosa
porque o campesinato tornou-se reserva do proletariado, porque o proletariado foi
capaz de evitar que o campesinato fosse reserva da burguesia. Como Stalin disse:

"Aquele que não entende isso nunca entenderá o caráter da Revolução de


Outubro, ou a natureza da ditadura do proletariado ou as características peculiares da
política interna de nosso poder proletário" (Problemas do leninismo).

Assim, pode-se ver que a ditadura do proletariado é uma aliança de classes do


proletariado e do campesinato, este dirigido pelo proletariado, para a derrubada
revolucionária do capitalismo e para realizar a vitória final do socialismo. Portanto, não
é uma questão, como dizem alguns, de superestimar 'levemente' ou subestimar
'levemente' o papel do campesinato, é uma questão que diz respeito ao próprio
caráter e aos fundamentos da ditadura do proletariado. Qual é, então, a teoria de
Lênin da ditadura do proletariado? Assim Lênin a formulou:

"A ditadura do proletariado é uma forma especial de aliança de classes entre o


proletariado, a vanguarda dos trabalhadores e os numerosos estratos de trabalhadores
não proletários (a pequena burguesia, os pequenos proprietários, o campesinato, a
intelligentsia etc.) ou a maioria destes; é uma aliança contra o capital, uma aliança
visando a completa derrubada do capital, a supressão completa da resistência da
burguesia e de qualquer tentativa de sua parte de restauração, uma aliança visando o
estabelecimento final e a consolidação do socialismo" (Lênin).

E mais adiante:

Se traduzirmos a expressão latina, científica, histórica e filosófica "ditadura do


proletariado" para uma linguagem mais simples, ela significa simplesmente o seguinte:
apenas uma classe definida, a saber, os operários urbanos e operários industriais em
geral, é capaz de dirigir a massa total dos trabalhadores e explorados na luta pela
derrubada do jugo do capital, no processo desta derrubada, na luta para manter e
consolidar a vitória da luta total para a completa abolição das classes" (Lênin).

Tal é a teoria de Lênin da ditadura do proletariado, e a Revolução de


Outubro "representa a aplicação da teoria de Lênin da ditadura do
proletariado" (Stalin).

Estas, então, são as características do primeiro aspecto da Revolução de


Outubro.

Qual é a posição do trotskismo à luz do primeiro aspecto peculiar da Revolução


de Outubro, isto é, como a questão é vista pela teoria da 'revolução permanente' de
Trotsky?

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Não nos preocuparemos em enunciar detalhadamente a posição de Trotsky em


1905 quando ele expressou o slogan "Não tzar, mas governo dos operários", isto é,
uma revolução sem o campesinato! Nem nos deteremos longamente sobre a posição
de Trotsky em 1915, quando, a partir do fato de que "estamos vivendo na era do
imperialismo" e que o imperialismo "estabelece não a nação burguesa em oposição ao
velho regime, mas o proletariado em oposição à nação burguesa", ele chegou à
conclusão, em seu artigo, A Luta pelo Poder, de que o papel do campesinato estava
destinado a declinar, que o campesinato não estava mais destinado a desempenhar o
papel importante que tinha até aí sido atribuído a ele. que o slogan do confisco de
terra não tinha mais a importância do passado. Como é geralmente sabido, Lênin
naquela época repreendeu Trotsky nos seguinte termos, por defender tal tese:

"Trotsky está de fato ajudando os políticos trabalhistas liberais na Rússia, que


ao 'negarem' o papel do campesinato pretendem assim recusar-se a despertar o
campesinato para a revolução".

Passemos, portanto, às ultimas obras de Trotsky sobre este tema - obras do


período após o estabelecimento da ditadura do proletariado. Tomemos, por exemplo,
o Prefácio de Trotsky ao seu livro O Ano de 1905, escrito em 1922. Eis o que diz Trotsky
neste Prefácio à sua teoria da 'revolução permanente':

"Foi precisamente durante o intervalo entre 9 de janeiro e a greve geral de


outubro de 1905 que a visão do caráter do desenvolvimento revolucionário da Rússia,
que veio a ser conhecida como a teoria da 'revolução permanente', cristalizou-se no
pensamento do autor. Esta expressão complexa representava a idéia de que a
Revolução Russa, cujos objetivos imediatos eram de natureza burguesa, não deveria,
entretanto, parar quando estes objetivos tivessem sido conquistados. A revolução não
seria capaz de resolver seus problemas burgueses imediatos exceto colocando o
proletariado no poder. E este, assumindo o poder, não seria capaz de confinar-se aos
limites burgueses da revolução. Ao contrário, precisamente a fim de assegurar sua
vitória, a vanguarda proletária foi forçada no próprio estágio inicial de seu domínio a
fazer incursões profundas não apenas na propriedade feudal porém da propriedade
burguesa também. Com isto, entrou em colisão hostil não somente com todos os
grupos burgueses que apoiaram o proletariado durante os primeiros estágios da luta
revolucionária, porém também com as amplas massas do campesinato, que tinham
sido vitais para a sua ascensão ao poder. As contradições na posição de um governo
dos operários em um país atrasado, com esmagadora maioria de camponeses, só
podem ser resolvidas numa escala internacional, na arena da revolução proletária
mundial."

Tal é a teoria de Trotsky da 'revolução permanente'. Tal é a posição do


trotskismo sobre a ditadura do proletariado. Esta é a situação no que diz respeito à
teoria da 'revolução permanente', à luz do primeiro aspecto peculiar da Revolução de
Outubro, a saber, que a ditadura do proletariado foi estabelecida na Rússia com base
numa aliança entre o proletariado e o campesinato, sendo o proletariado a força-guia
desta aliança.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Camaradas, há alguma coisa em comum entre a teoria de Lênin da ditadura do


proletariado e a teoria de Trotsky da 'revolução permanente'? Não é preciso provar
que nada há em comum entre as duas. Basta comparar a citação anterior, do Prefácio
de Trotsky, com as duas citações dos escritos de Lênin "para perceber o grande abismo
que existe entre a teoria de Lênin da ditadura do proletariado e a teoria de Trotsky da
'revolução permanente'".

Permita-me, camaradas, resumir este ponto, o da comparação entre a teoria de


Lênin da ditadura do proletariado com a teoria de Trotsky da 'revolução permanente',
com a linguagem imortal do camarada Stalin. O camarada Stalin disse:

"Lênin falou da aliança entre o proletariado e o estrato trabalhador do


campesinato como a base da ditadura do proletariado. Trotsky vê uma 'colisão hostil'
entre a 'vanguarda do proletariado' e as 'amplas massas dos camponeses'.

Lênin fala da direção das massas trabalhadoras e exploradas pelo proletariado.


Trotsky vê 'contradições na posição de um governo dos operários em um país atrasado,
com uma maioria esmagadora de camponeses'.

De acordo com Lênin, a revolução retira sua força principalmente dentre os


operários e camponeses da própria Rússia. De acordo com Trotsky, a força necessária
pode ser encontrada somente 'na arena da revolução proletária mundial'.

Mas e se a revolução mundial estiver fadada a chegar com algum atraso?

Há alguma fagulha de esperança para nossa revolução? Trotsky não vê fagulha


de esperança, pois 'as contradições na posição de um governo dos operários' ... podem
ser resolvidas apenas ... na arena da revolução proletária mundial. De acordo com este
plano, há porém uma proposta esquerdista para a nossa revolução: vegetar em suas
próprias contradições e apodrecer enquanto espera pela revolução mundial.

O que é a ditadura do proletariado, de acordo com Lênin?

A ditadura do proletariado é um poder que se apóia em uma aliança entre o


proletariado e as massas trabalhadoras do campesinato 'pela completa derrubada do
capital' e pelo 'estabelecimento e consolidação final do socialismo'.

O que é a ditadura do proletariado, de acordo com Trotsky?

A ditadura do proletariado é um poder que entra em 'colisão hostil... com as


amplas massas do campesinato' e busca a solução de suas 'contradições' somente 'na
arena da revolução proletária mundial'.

Que diferença há entre a 'teoria da revolução permanente' e a teoria bem


conhecida do menchevismo, que repudia o conceito de ditadura do proletariado?

Na substância, não há diferença.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Não há duvida sobre isso. A 'revolução permanente' não é uma mera


subestimação das potencialidades revolucionárias do movimento camponês. A
'revolução permanente' é uma subestimação do movimento camponês que leva ao
repúdio da teoria de Lênin da ditadura do proletariado.

A 'revolução permanente' de Trotsky é uma variedade do menchevismo"


[Problems of Leninism).

É assim que se configura a questão, a respeito do primeiro aspecto peculiar da


Revolução de Outubro. Passemos ao segundo aspecto peculiar daquela revolução:

(2) A vitória da revolução em um único país - capitalisticamente pouco


desenvolvido - enquanto o capitalismo é preservado em outros países
capitalisticamente mais avançados.

Lênin, com seus estudos do imperialismo, chegou à lei do desenvolvimento


econômico e político desigual dos diversos países capitalistas. De acordo com esta lei,
o desenvolvimento capitalista dos diversos países não acontece de acordo com um
plano definido, com o que um país capitalista está sempre adiante de outros,
enquanto outro permanece regularmente atrás dele. Ao contrário, o desenvolvimento
de países capitalistas ocorre espasmodicamente - por saltos adiante no
desenvolvimento de alguns e interrupções no desenvolvimento de outros. Esta
situação conduz a esforços 'inteiramente legítimos', por parte daqueles países que
costumavam estar à frente dos outros mas ficaram para trás, para recuperarem suas
velhas posições e a esforços igualmente 'legítimos', por parte dos países que saltaram
adiante, para efetuar uma mudança da situação e galgar novas posições. Estes dois
esforços igualmente 'legítimos' e irreconciliáveis não podem senão levar a conflitos
armados e a guerras inter-imperialistas. Foram estas contradições que geraram as
Primeira e Segunda Guerras Mundiais. A Alemanha, de país atrasado com capitalismo
pouco desenvolvido, saltou adiante da França e pressionou a Inglaterra no mercado
mundial. Os esforços 'legítimos' da Inglaterra e da França para manterem-se nas velhas
posições e os esforços 'legítimos' da Alemanha para alcançar novas posições levaram à
Primeira Guerra Mundial inter-imperialista.

A lei do desenvolvimento desigual origina-se do seguinte:

(1) "O capitalismo transformou-se num sistema mundial de opressão colonial e


de estrangulamento financeiro da maioria esmagadora da população do mundo por
um punhado de 'países avançados'. (Lênin, Prefácio à edição francesa de Imperialism,
the Highest Stage of Capitalism, SW Vol. 5, p. 9).

(2) Este saque é repartido entre dois ou três saqueadores mundiais poderosos,
armados até os dentes (América do Norte, Inglaterra e Japão), que envolvem todo o
mundo em sua guerra pela repartição do seu saque" (ibid.);

(3) Por causa da intensificação da contradição catastrófica dentro do sistema do


imperialismo, resultando em guerras imperialistas e no crescimento dos movimentos

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

revolucionários, a frente mundial do imperialismo torna-se facilmente vulnerável à


revolução, e uma brecha nesta frente, em países individuais se torna provável;

(4) Onde esta brecha tem lugar? No elo mais fraco da cadeia da frente mundial
do imperialismo, onde o imperialismo é fraco e as forças revolucionárias exercem força
suficiente para efetuar uma tal brecha;

(5) Portanto, a vitória do socialismo em um país (mesmo um país onde o


capitalismo é pouco desenvolvido), enquanto o capitalismo é preservado em outros
países (mais desenvolvidos no sentido capitalista) torna-se provável.

"O desenvolvimento econômico e político desigual", dizia Lênin, "é uma lei
absoluta do capitalismo. Daí, a vitória do socialismo é possível primeiro em alguns ou
mesmo em um único país capitalista, tomado isoladamente. O proletariado vitorioso
daquele país, tendo expropríado os capitalistas e organizado sua própria produção
socialista, deveria posicionar-se contra o resto do mundo, o mundo capitalista, atrair
para sua causa as classes oprimidas de outros países, apoiando as revoltas naqueles
países contra os capitalistas e, caso seja necessário, investir mesmo com força armada
contra as classes exploradoras e seus Estados." Pois "a livre união das nações no
socialismo é impossível sem uma luta mais ou menos prolongada e obstinada pelas
repúblicas socialistas contra os Estados atrasados" (Lênin: SW Vol. 5, p. 141, The
United States of Europe Slogan).

E adiante:

"O desenvolvimento do capitalismo ocorre de maneira extremamente desigual


nos vários países. Não pode ser diferente sob o sistema de produção de
mercadorias. Disto segue-se inevitavelmente que o socialismo não pode alcançar a
vitória simultaneamente em todos os países. Alcançará vitória primeiro em um ou
alguns países, enquanto outros permanecerão burgueses ou pré-burgueses por algum
tempo" (Lênin, Military Programme of the Proletarian Revolution).

Tais são os fundamentos da teoria de Lênin da revolução proletária.

Os oportunistas (sejam eles trotskistas, revisionistas ou social-democratas) de


todos os países afirmam que uma revolução proletária só pode começar em países
altamente industrializados. Mais do que isto - de acordo com eles, a vitória do
socialismo em um só país, particularmente um país onde o capitalismo não é
altamente desenvolvido, está totalmente fora de questão. Lênin lutou contra esta
teoria oportunista já no período da Primeira Guerra Mundial, e, apoiando-se na lei do
desenvolvimento desigual do capitalismo, opôs aos oportunistas a sua teoria da
revolução proletária. O que distingue a teoria de Lênin da revolução proletária das
várias teorias oportunistas?

A possibilidade e a probabilidade da vitória do socialismo em um só país -


mesmo se aquele país não é altamente desenvolvido no sentido capitalista - é o que
distingue a teoria de Lênin da revolução proletária de todas as teorias oportunistas

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

que afirmam que o socialismo não pode ser vitorioso em um único país, e aliás um país
atrasado.

A Revolução de Outubro forneceu eloqüente prova da correção da teoria de


Lênin da revolução proletária e prova igualmente eloqüente das incorreções e da
natureza oportunista das varias teorias de acordo com as quais a vitória do socialismo
não pode ser conquistada em um único país, particularmente em um país atrasado:

"O segundo aspecto peculiar da Revolução de Outubro", dizia Stalin, repousa no


fato de que esta revolução representa um modelo da aplicação prática da teoria de
Lênin da revolução proletária.

Aquele que não entender este aspecto peculiar da Revolução de Outubro nunca
entenderá a natureza internacional da revolução, ou sua força internacional colossal,
ou sua política externa peculiar" (Stalin, Problems of Leninism).

Como a teoria da 'revolução permanente' de Trotsky se relaciona com a teoria


da revolução proletária de Lênin?

Em seu livro Nossa Revolução (1906), Trotsky escreveu:

"Sem o apoio estatal direto do proletariado europeu, a classe operária da Rússia


não será capaz de manter-se no poder e transformar seu domínio temporário em uma
ditadura socialista sustentável. Disso não podemos duvidar um só instante."

Qual o significado desta citação?

Seu significado é que o socialismo não pode ser vitorioso em um só país -a


Rússia, neste exemplo - "sem o apoio direto do proletariado europeu". Seu significado
é que na Rússia o proletariado não podia"manter-se no poder", construir sozinho o
socialismo, antes da tomada do poder pelo proletariado europeu.

Há qualquer coisa em comum entre esta "teoria" e a teoria de Lênin da


revolução proletária sobre a vitória do socialismo em um só país, mesmo que este país
não seja altamente desenvolvido no sentido capitalista?

É quase desnecessário dizer que não há nada em comum entre as duas.

Pode-se argüir que o livro de Trotsky Nossa Revolução foi publicado em 1906,
quando era difícil determinar precisamente o caráter da revolução russa, que ele
contém alguns erros e que, portanto, não correspondia à visão de Trotsky mais tarde.
Porém, examinemos a visão de Trotsky contida em outro dos seus panfletos, O
Programa da Paz. Este panfleto foi publicado antes da Revolução de Outubro e
reimpresso em 1924 no livro de Trotsky O Ano de 1917. Neste panfleto Trotsky ataca a
teoria de Lênin da revolução proletária sobre a vitória do socialismo em um só país e
opõe a ela sua teoria de um Estados Unidos da Europa. Trotsky argumenta que a
vitória do socialismo só é possível se tal vitória for alcançada em vários dos principais
estados europeus, que deve combiná-los, então, em um Estados Unidos da Europa. De

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

acordo com Trotsky, uma revolução na Rússia não poderia ser vitoriosa sem uma
revolução proletária na Alemanha. Nem poderia haver revolução vitoriosa na
Alemanha sem uma revolução em outros países europeus avançados. Trotsky disse:

"O único argumento histórico mais ou menos concreto apresentado contra o


slogan de um Estados Unidos da Europa foi formulado na Social-Democracia
Suíça (nesta época o órgão central dos bolcheviques) na seguinte sentença:
'Desenvolvimento econômico e político desigual é uma lei absoluta do capitalismo'.
Disto a Social-Democracia sacava a conclusão de que era possível a vitória do
socialismo em um só país e que, portanto, não havia por que colocar a criação de um
Estados Unidos da Europa como condição para a ditadura do proletariado em cada
país separado. Que o desenvolvimento capitalista em diferentes países é desigual é um
argumento absolutamente incontestável. Mas esta desigualdade é em si
extremamente desigual. O nível capitalista da Inglaterra, Áustria, Alemanha ou França
não é idêntico. Mas em comparação com a África e a Ásia, todos estes países
representam a 'Europa' capitalista, que se tornou madura para a revolução social. Que
nenhum país isolado deveria 'esperar' por outros em sua própria luta é uma idéia
elementar, que é útil e necessário repetir, a fim de evitar a substituição da idéia da
inação internacional expectante pela idéia de ação internacional simultânea. Sem
esperar pelos outros, comecemos e continuemos nossa luta em nosso solo nacional,
confiantes em que nossa iniciativa dará ímpeto ã luta em outros países; mas se isto não
acontecer, é sem esperanças, à luz da experiência histórica e à luz do raciocínio teórico,
pensar que uma Rússia revolucionária, por exemplo, poderia manter-se frente a uma
Europa conservadora, ou que uma Alemanha socialista poderia permanecer isolada em
um mundo capitalista".

Assim, o que temos diante de nós é a velha teoria da "revolução permanente",


que demanda uma vitória simultânea da revolução proletária nos mais importantes
países da Europa. A teoria de Trotsky da 'revolução permanente' excluía a teoria de
Lênin da revolução proletária; a teoria de Trotsky da desesperança 'permanente' nada
tem em comum com a teoria de Lênin da revolução proletária após a vitória do
socialismo em um só país.

Talvez a citação anterior do livro de Trotsky O Ano de 1917 também não


corresponda à visão mais madura de Trotsky. Examinemos, então, seus últimos
trabalhos, aqueles escritos após a vitória da revolução proletária na Rússia, em um
único país. Tomemos, por exemplo, o Posfácio de Trotsky à nova edição de seu
panfleto A Programme of Peace, escrito em 1922. Eis o que diz Trotsky neste posfácio:

"A afirmação, repetida várias vezes em 'Um Programa de Paz', de que uma
revolução proletária não pode ser conduzida a uma conclusão vitoriosa dentro dos
limites de um só país, pode parecer a alguns leitores ter sido refutada pela experiência
de quase cinco anos de nossa república Soviética. Porém, tal conclusão seria infundada.
O fato de que o Estado dos operários tem se mantido contra todo o mundo em um só
país, e em um país atrasado, atesta a força colossal do proletariado que em outros
países, mais avançados, mais civilizados, seria capaz de operar verdadeiros milagres.
Porém, embora tenhamos resistido no sentido político e militar, como um Estado, não

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

empreendemos, nem chegamos perto, da tarefa de criar uma sociedade socialista...


Enquanto a burguesia permanecer no poder nos outros países europeus, seremos
compelidos, em nossa luta contra o isolamento econômico, a buscar um acordo com o
mundo capitalista; ao mesmo tempo pode-se dizer que, certamente, acordos assim
podem ajudar-nos a mitigar alguns de nossos males econômicos, dar um ou outro
passo adiante, porém, um genuíno avanço da economia socialista na Rússia tornar-se-
á possível somente após a vitória do proletariado nos países mais importantes da
Europa" (ênfase minha).

Permitam-me, camaradas, concluir este argumento citando o que o camarada


Stalin teve a dizer sobre a citação acima do posfácio de Trotsky a seu panfleto
A Programme of Peace:

"Assim fala Trotsky", diz Stalin, "claramente ignorando a realidade e


teimosamente tentando salvar sua 'revolução permanente' do naufrágio final.

Parece, então, que, por mais malabarismos que se façam, não temos somente
'não empreendemos' a tarefa de criar uma sociedade socialista como 'nem chegamos
perto disso'. Parece que algumas pessoas tem estado esperando por 'acordos com o
mundo capitalista', porém também parece que nada sairá destes acordos, pois, por
mais que se queira, um 'avanço genuíno da economia socialista' não será possível até
que o proletariado tenha sido vitorioso nos 'mais importantes países da Europa'.

Bem, então, desde que não há ainda nenhuma vitória no Ocidente, a única
'escolha' que permanece para a revolução na Rússia é: apodrecer ou degenerar em um
Estado burguês.

Não é por acidente que Trotsky tenha estado falando já por dois anos sobre a
'degeneração' de nosso Partido.

Não é por acidente que no último ano Trotsky tivesse previsto a ruína de nosso
país.

Como se pode conciliar esta 'proposta' estranha' com a visão de Lênin de que a
Nova Política Econômica (NEP) nos capacitaria a 'lançar as fundações da economia
Socialista' ?

Como se pode conciliar esta desesperança 'permanente', por exemplo, com as


seguintes palavras de Lênin:

'O socialismo não é mais uma questão do futuro distante, ou um quadro


abstrato, ou um ícone. Nós ainda mantemos nossa velha má opinião sobre os ícones.
Trouxemos o socialismo para a vida cotidiana, e aqui devemos ser capazes de manter
nossas posições. Esta é a tarefa de nossos dias, a tarefa de nossa época. Permitam-
me concluir expressando a convicção de que. por difícil que seja esta tarefa, por nova
que seja quando comparada com nossas tarefas anteriores, e por mais dificuldades
que encerre, nós todos - não em um dia. porém no curso de vários anos - todos nós

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 42


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

juntos a cumpriremos a qualquer preço; e a Rússia da NEP será transformada na


Rússia Socialista" (Lênin, SW Vol 9, p. 381).'

Como se pode conciliar esta desesperança 'permanente', por exemplo, com as


seguintes palavras de Lênin:

'Na realidade, o poder do Estado sobre todos os meios de produção de larga


escala, o poder do Estado nas mãos do proletariado, a aliança deste proletariado
com os muitos milhões de pequenos e muito pequenos camponeses, a direção do
campesinato assegurada pelo proletariado etc. - não é isso tudo que é necessário no
sentido de construir uma sociedade socialista completa a partir das cooperativas e
apenas das cooperativas, que antigamente tratamos como ambulantes e que sob
certo aspecto temos o direito de tratar como tal agora, sob a NEP? Não é isso tudo
que ó necessário para o propósito de construirmos uma sociedade socialista
completa? Isto não é ainda a construção da sociedade socialista, mas é tudo que é
necessário para esta construção.' (SW Vol. 9, p. 403).

E claro que estas duas visões não podem ser conciliadas. A 'revolução
permanente' de Trotsky é a negação da teoria de Lênin da revolução proletária; e,
inversamente, a teoria de Lênin da revolução proletária é a negação da teoria da
'revolução permanente'.

Falta de fé na força e capacidades de nossa revolução, falta de fé na força e


capacidades do proletariado russo - isto é o que está na raiz da teoria da 'revolução
permanente'.

Até aqui, só um aspecto da teoria da 'revolução permanente' tem sido


geralmente notado - a falta de fé nas potencialidades revolucionárias do movimento
camponês. Agora, para fazer justiça, isto deve ser acrescido de outro aspecto - a falta
de fé na força e capacidades do proletariado na Rússia.

Que diferença há entre a teoria de Trotsky e a teoria menchevique ordinária, de


que a vitória do socialismo em um só pais, e por sinal um país atrasado, é impossível
sem a vitória preliminar da revolução proletária 'nos principais países da Europa
ocidental'?

De fato, não há diferença.

Não pode haver dúvida sobre isso. A teoria de Trotsky da 'revolução


permanente' é uma variedade do menchevismo."

Esta é a situação no que se refere ao segundo aspecto peculiar da Revolução de


Outubro.

Os trotskistas e a intelligentsia burguesa, em sua tentativa desesperada de fazer


crer que a teoria da 'revolução permanente' é compatível com o leninismo, muitas
vezes afirmam que a preocupação com Trotsky era que ele ia muito mais adiante; que,
embora a teoria de Trotsky estivesse errada para o ano 1905, ela provara estar correta
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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

em outubro de 1917. Afirmam, além disso, que, em abril de 1917, Lênin dera seu
ponto de vista pela 'revolução permanente de Trotsky'. É necessário cuidado com esta
afirmação, pois, se ela fosse verdadeira, seria correto dizer que Lênin foi um trotskista.
Mais do que isso - não haveria algo como mar-xismo-leninismo, e sim marxismo-
trotskismo. Assim, pode-se ver claramente, camaradas, que os trotskistas não se
contentam em tentar fazer o trotskismo parecer compatível com o leninismo - eles
estão de fato tentando substituir o leninismo pelo trotskismo. Não é a primeira vez
que o trotskismo faz tal tentativa, nem será a última. Contudo, podemos dizer com
certeza que, como todas as anteriores, a tentativa atual do trotskismo de substituir o
leninismo e afirmar-se como a única ideologia proletária (!) (tanto quanto as futuras),
será esmagada.

Uma tentativa de manipular o trotskismo para fazê-lo parecer compatível com


o leninismo foi feita já em 1924, por Radek. Stalin, como resultado desta tentativa,
chamou Radek de "diplomata podre".Eis o que Radek disse:

"A guerra criou uma cisão entre o campesinato, que estava lutando para
ganhar terra e paz, e os partidos pequeno-burgueses; a guerra colocou o campesinato
sob a direção da classe operária e de sua vanguarda, o Partido Bolchevique. Isto tornou
possível, não a ditadura da classe operária e do campesinato, mas a ditadura da classe
operária, apoiando-se no campesinato. O que Rosa Luxemburgo e Trotsky defenderam
contra Lênin em 1905 (isto é, a 'revolução permanente'], provou, na realidade, ser o
segundo estágio do desenvolvimento histórico."

Nenhuma refutação melhor das afirmações contidas na citação anterior pode


ser encontrada em qualquer lugar senão nas seguintes linhas do camarada Stalin:

"Aqui [isto é, na citação de Radek] todas as declarações são distorções. Não é


verdade que a guerra "tornou possível, não a ditadura da classe operária e do
campesinato, mas a ditadura da classe operária, apoiando-se no campesinato'. Na
realidade,, a Revolução de Fevereiro de 1917 foi a materialização da ditadura do
proletariado e do campesinato, entrelaçada de forma peculiar com a ditadura da
burguesia. Não é verdade que a teoria da 'revolução permanente', que Radek
modestamente evita mencionar, tenha sido defendida em 1905 por Rosa Luxemburgo e
Trotsky. Na verdade, esta teoria foi defendida por Parvus e Trotsky. Agora, dez meses
mais tarde, Radek corrige-se e considera necessário reprovar Parvus pela teoria da
'revolução permanente'. Porém, com toda a justiça, Radek deveria ter também
reprovado o parceiro de Parvus, Trotsky.

Não é verdade que a teoria da 'revolução permanente', que foi posta de lado
pela Revolução de 1905, tenha provado estar correta no 'segundo estágio do
desenvolvimento histórico', isto é, durante a Revolução de Outubro. O desenvolvimento
total demonstrou e provou a bancarrota total da teoria da 'revolução permanente' e
sua absoluta incompatibilidade com os fundamentos do leninismo.

Discursos adocicados e diplomacia podre não podem ocultar o imensa abismo


que existe entre a teoria da 'revolução permanente' e o leninismo."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Notas

1. "O problema das massas trabalhadoras da pequena burguesia, tanto urbana


quanto rural, o problema de atrair essas massas para o lado do proletariado, é de
excepcional importância para a revolução proletária. A quem a população
trabalhadora da cidade e do campo apoiará na luta pelo poder, a burguesia ou o
proletariado; de quem se tornará reserva, reserva da burguesia ou reserva do
proletariado - disto depende o destino da revolução e a estabilidade da ditadura do
proletariado. A Revolução na França em 1848 e 1871 acabou fracassando
principalmente porque as reservas camponesas provaram estar do lado da
burguesia. A Revolução de Outubro foi vitoriosa porque foi capaz de privar a
burguesia de suas reservas camponesas, porque foi capaz de conquistar estas
reservas para o lado do proletariado e porque, nesta revolução, o proletariado
provou ser a única força-guia para as vastas massas da população laboriosa da cidade
e do campo.

Quem não entender isto nunca compreenderá o caráter da Revolução de


Outubro, ou a natureza da ditadura do proletariado, ou as características peculiares
da política interna de nosso poder proletário" (Stalin, Problems of Leninism).

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Capítulo 4

Conclusão da Parte I

O Trotskismo - Inimigo da Revolução Proletária e dos Movimentos de Libertação


Nacional

À luz do que já foi dito, torna-se nosso dever imperativo, camaradas, rejeitar o
trotskismo, denunciá-lo e opor-nos a ele como uma ideologia burguesa perniciosa. Isto
é de especial importância para nós, vivendo como vivemos em um país imperialista,
pois a aceitação do trotskismo pelos operários pode apenas levá-los a fazer uma
aliança com sua 'própria' burguesia imperialista. Por que isso? Porque, de acordo com
o trotskismo "um avanço genuíno da economia socialista ... tornar-se-á possível
somente após a vitória do proletariado nos países mais importantes da Europa", e
mais:

"Sem o apoio de Estado direto do proletariado europeu, a classe operária ... não
será capaz de manter-se no poder e transformar seu domínio temporário em uma
ditadura socialista duradoura. Disto não podemos duvidar por um instante sequer."

Assim, de acordo com o trotskismo, a revolução socialista não pode ter êxito
em países capitalistas menos avançados; o socialismo não pode ser construído nesses
países - não até depois da 'vitória do proletariado nos países mais importantes da
Europa'.

Porém, o que acontece se o proletariado de um país atrasado é vitorioso em


fazer uma revolução, porém seu sucesso não é seguido pela "vitória do proletariado
nos países mais importantes da Europa"?Resposta do trotskismo: "...porém, se isto não
acontecer (isto é, se a vitória do proletariado em um país atrasado, tal como a Rússia
era antes de 1917, não é seguida pela vitória do proletariado europeu) seria sem
esperanças, à luz da experiência histórica e à luz do raciocínio teórico, pensar que uma
Rússia revolucionária (ou, pela mesma razão, qualquer outro país atrasado), por
exemplo, pudesse manter-se frente a uma Europa conservadora, ou que uma
Alemanha socialista poderia permanecer isolada em um mundo capitalista".

Em outras palavras, o conselho do trotskismo para o proletariado vitorioso de


um país atrasado, nestas circunstâncias, seria: rendam-se incondicionalmente -
capitulem - façam sua paz com sua 'própria' burguesia e com o imperialismo, pois sua
posição é "desesperadora"; desde que em seu país, à luz da experiência histórica e à
luz do raciocínio teórico" vocês não podem manter-se "frente à Europa

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

conservadora"; visto que "a revolução proletária não pode ser levada a uma conclusão
vitoriosa, dentro dos limites de um só país", e assim por diante.

Esta posição do trotskismo, incorporada à teoria de Trotsky da 'revolução


permanente', constitui sua real essência contra-revolucionária. Nenhuma quantidade
de palavreado ultra-'esquerdista' pode ocultar a essência contra-revolucionária do
trotskismo. É esta posição do Trotskismo que o torna o mais firme apoiador do
imperialismo; se sua opinião fosse seguida pelo proletariado vitorioso de um país
atrasado, ela levaria à restauração do capitalismo nesse país e assim fortaleceria o
imperialismo. O efeito do fortalecimento do imperialismo, por sua vez, tornaria ainda
mais difícil "a vitória do proletariado nos países mais importantes da Europa". Assim,
nunca teremos a ditadura do proletariado em dado país, nem estaremos nunca mais
próximos a uma Europa socialista, graças à recomendação do trotskismo. O resultado
só poderia ser o fortalecimento do imperialismo e a sua capacitação a manter mais
facilmente o proletariado sob seu domínio. O proletariado europeu estará mais
próximo da vitória precisamente quando o imperialismo tiver se tornado fraco, e não
em conseqüência de seu fortalecimento. A estrada do trotskismo, a estrada da teoria
da 'revolução permanente', leva à reação permanente e à contra-revolução
permanente - é a estrada da desesperança permanente.

A teoria de Trotsky da 'revolução permanente', por causa de sua negação do


papel revolucionário do campesinato, sustenta que naqueles países em que o
feudalismo é ainda força predominante, o feudalismo só pode ser substituído por um
governo dos operários; em outras palavras, o trotskismo nega os estágios da revolução
- nega o estágio intermediário de uma revolução democrática do povo, isto é, uma
revolução que põe fim ao feudalismo mas não institui ainda o socialismo, uma
revolução que se torna socialista somente após ter cumprido suas tarefas
democráticas, e no curso da qual tem lugar um realinhamento necessário das forças de
classe. O trotskismo nega a teoria da revolução democrática nova, que é a teoria
marxísta-leninista da revolução por estágios, assim como a teoria marxista-leninista da
revolução continuada. O trotskismo acredita, e não poderia senão acreditar, por conta
de sua negação do papel revolucionário do campesinato, em saltar subjetivamente os
estágios1 da revolução. O resultado disso é duplo: (1) ele está se preparando para as
tarefas futuras e negligenciando as tarefas do presente; e (2) deixa de dar apoio às
lutas de libertação nacional, tais como a heróica luta do povo vietnamita pela
libertação nacional, sob o pretexto de que o Programa da Frente de Libertação
Nacional do Vietnã do Sul é 'burguês'. Ao fazê-lo, o trotskismo age como uma força
desorganizadora dentro do movimento de solidariedade com os povos dos países
oprimidos, coloca uma cunha entre o proletariado europeu e os povos oprimidos do
mundo, em sua luta contra o imperialismo, e fornece um apoio todo-poderoso ao
imperialismo. Tal, por exemplo, tem sido o caso com o movimento neste país pela
solidariedade com o heróico povo vietnamita. Os trotskistas, ombreados com os
revisionistas, têm feito tudo que podem para sabotar o movimento de solidariedade e
têm tido algum sucesso. Não estou escrevendo uma história completa do movimento
de solidariedade ao Vietnã. Isto deveria ser feito em outro lugar e em outra época.
Porém, serão oportunos uns poucos exemplos, para demonstrar as posições contra-

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

revolucionárias a que a aceitação da teoria da 'revolução permanente' tem levado os


trotskistas.

Os trotskistas têm todo o tempo se recusado a apoiar o programa da FLN, sob o


argumento de que seria um 'programa burguês'. Eles fazem isso porque, sendo
seguidores da teoria da 'revolução permanente', que nega o papel revolucionário do
campesinato, não reconhecem os estágios da revolução vietnamita. Eles
subjetivamente querem saltar ou passar por cima do estágio de libertação nacional.
Em outras palavras, querem o socialismo estabelecido na metade sul do Vietnã antes
que o povo vietnamita tenha alcançado a libertação nacional, com a derrota dos
agressores imperialistas dos EUA e antes que tenham completado as tarefas
democráticas da revolução vietnamita. De acordo com os trotskistas, o domínio do
feudalismo e do imperialismo no Vietnã do Sul só pode ser substituído por um governo
dos operários. Tudo isso soa muito revolucionário, porém, em essência, é um contra-
senso reacionário. O resultado de perseguir tal curso, como advogam os trotskistas,
seria que não apenas o socialismo não pode ser estabelecido no Vietnã do Sul, como
nem mesmo se pode conseguir a libertação nacional. A vasta maioria do povo do
Vietnã do Sul, que tem lutado uma batalha gloriosa contra o imperialismo e pela
salvação nacional, o tem feito porque estão todos de acordo e unidos em sua
determinação de derrotar a agressão dos EUA, alcançar a libertação nacional e
estabelecer uma república democrática popular. Neste estágio, um programa
socialista poderia somente ter o efeito de causar uma cisão na frente única contra o
imperialismo; neste estágio, um programa socialista prestaria a mais profunda ajuda
ao imperialismo. Assim, pode-se ver que, quando os trotskistas condenam a FLN, estão
prestando um precioso serviço ao imperialismo dos EUA. É a isto que eqüivale seu
palavreado ultra-'esquerdista': a derrocada da luta de libertação, transformada em
servilismo ao imperialismo.

Os trotskistas têm a todo tempo injuriado o grande líder do povo indochinês,


camarada Ho Chi Minh. O que fez o camarada Ho Chi Minh para merecer tal
tratamento? A resposta é que ele agiu de uma forma altamente revolucionária,
conduzindo o povo vietnamita de vitória em vitória, levou-o a estabelecer o socialismo
na República Democrática do Vietnã e, assim, provou na prática a natureza falida e
reacionária da teoria da 'revolução permanente', de acordo com a qual o socialismo
não pode ser construído em um único país atrasado. Em outras palavras, ele fez o
mesmo que já tinha sido feito na URSS, sob a liderança de Stalin. Será de admirar que
os trotskistas chamem o camarada Ho Chi Minh de "burocrata stalinista"? Qualquer
um que não siga a teoria derrotista e reacionária da 'revolução permanente' é
um 'burocrata stalinista', no que diz respeito a esses degenerados, os trotskistas.

Ao chamarem Ho Chi Minh de burocrata e lançarem injúrias à FLN, os


trotskistas são capazes de apresentar à classe trabalhadora, aqui, a luta do povo
vietnamita como uma luta reacionária que, portanto, não vale a pena apoiar. O
resultado é que o movimento de solidariedade é subvertido e o proletariado britânico
continua a acreditar nas mentiras expressas sobre essa questão pelo governo
imperialista britânico e pela imprensa imperialista. Estes retratam o povo vietnamita
em luta como assassinos sedentos de sangue que têm empreendido agressões contra

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

os EUA por anos, e os EUA como empreendendo apenas uma guerra defensiva! É fácil
para o proletariado britânico acreditar nestas mentiras por duas razões:

(a) porque vive em um país imperialista e

(b) porque há 'comunistas' tais como os trotskistas, que dão eco às mentiras do
imperialismo.

Está claro então que os trotskistas são o principal impedimento ao proletariado


britânico cumprir com seus deveres internacionais. O proletariado europeu, inclusive
o britânico, nunca será capaz de fazer uma revolução a menos e até que se torne
completamente imbuído do espírito do internacionalismo proletário, até que ligue
sua própria luta com a luta dos povos oprimidos e proletários pela libertação
nacional e revolução proletária e forneça a mais profunda assistência fraterna a tais
lutas. Não se pode insistir nesta verdade com excessiva freqüência. E aquele que obste
o proletariado britânico a cumprir seu dever está adiando o dia da revolução aqui e é
um contra-revolucionário. Os trotskistas são precisamente tais contra-revolucionários.
Não há como insistir nesta verdade muito freqüentemente.

O que se aplica à luta do povo vietnamita também se aplica, por extensão


lógica, às lutas dos povos oprimidos em todas as partes, e os trotskistas fazem aí o seu
mesmo trabalho desprezível. Para demonstrar a profundidade desta total degeneração
a que chegaram os trotskistas, gostaríamos de citar recente folheto lançado por uma
das organizações trotskistas, o Solidariedade. Quando se lê esta passagem, não se
pode senão ter sentimentos de repulsa por estes trotskistas. Estejam precavidos,
camaradas. De acordo com este panfleto, a guerra do Vietnã não é uma guerra
imperialista de agressão infligida pelo imperialismo dos USA contra o povo vietnamita
amante da paz, mas "um conflito interimperialista". Portanto, exortam os degenerados
autores trotskistas deste panfleto, a "esquerda bolchevique"não deveria tomar partido.
Eles, então, seguem denunciando aqueles que apresentam a guerra como um "esforço
unilateral, um produto do bicho-papão norte-americano". A seguir, o panfleto
denuncia a teoria marxista-leninista da revolução por estágios: "a experiência do
Vietnã... mostra o deplorável enfoque stalinista baseado em dois estágios". Passa
então a difundir a calúnia maliciosa de que, em 1945, "operários sem conta foram
assassinados pelo sanguinário Ho Chi Minh..."

De acordo com os escritores trotskistas deste panfleto "a vitória de qualquer


lado (na guerra do Vietnã) é prejudicial á luta pelo socialismo mundial". Para encobrir
sua deslealdade odiosa, os agentes trotskistas da burguesia terminam seu panfleto
clamando pelo "estabelecimento de um autogoverno de amplitude mundial". Para
familiarizá-los com o trotskismo real, o trotskismo em forma contra-revolucionária sem
disfarces, propomos citar este folheto na íntegra. Não temos dúvidas, camaradas, de
que, quando vocês se informarem do conteúdo deste panfleto, entenderão
completamente nossa posição e concordarão conosco quando dizemos que o
trotskismo é contra-revolucionário e constitui um apoio confiável para o imperialismo.
Eis, então, o que diz este panfleto:

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

"VIETNÃ — Vitória para quem?

A recente escalada da guerra do Vietnã ilustra plenamente as realidades de


nossa época; a política das grandes potências contra o povo operário. A ofensiva de
nove semanas atrás da DRVN/FLN, lançada com maciça ajuda russa e chinesa contra o
regime de Saigon, alterou o quadro no Sudeste da Ásia. A guerra é um conflito
interimperialista, cuja solução política está sendo decidida em Moscou, Washington,
Pequim e Paris, em detrimento das massas no Vietnã, Camboja, Laos e Estados Unidos.
Incapaz de ver isto, a esquerda bolchevique na Inglaterra nos conclama a tomar
partido neste conflito bárbaro.

"A guerra é apresentada por eles como um esforço imperialista unilateral. um


produto do bicho-papão norte-americano. O lado DRVN/FLN é pintado com cores
incandescentes: '... uma vitória vietnamita no sul seria um grande auxílio à revolução
socialista em outras partes do mundo'. (Red Mole, 15 de maio de 1972).

A IS, ansiosa para recrutar na base do oportunismo, grita: 'Vitória para a FLN! Derrota
ao bloqueio de Nixon!' (Socialist Worker, 3 de junho de 1972). Outros, como o PC,
clamam pela 'paz' e implementação do Acordo de Genebra de 1954. A premissa é que o
povo operário não deveria dirigir suas próprias vidas e que as burocracias políticas
deveriam negociar em seu nome. Outra premissa é que a luta pelo socialismo no Vietnã
está fora de questão 'agora'. Os bolcheviques mais degenerados superam este
problema identificando 'libertação nacional' com 'socialismo'. Em qualquer caso, uma
falsificação monstruosa. Esses enfoques são exemplificados pelas seguintes
pérolas: '...quando a questão do poder americano estiver resolvida, sabemos que tipo
de regime e de políticas a FLN escolherá - e será forçada a escolher pela lógica de sua
situação. Porém, isto é, no momento, outra luta, a luta real pelo socialismo' (IS 32,
Neither Washington neither Moscow-But Vietnam?).

"A experiência do Vietnã (como na Espanha de 1936) mostra o deplorável


enfoque stalinista baseado nos 'dois estágios' (ambos dirigidos, por certo, pelo
'Partido'). Será necessário lembrar a comuna de Saigon de 1945, quando operários
vietnamitas foram assassinados pelo sanguinário Ho Chi Minh em conluio com o
imperialismo francês e britânico? Ali houve uma insurreição socialista incipiente,
sufocada pelos próprios gangsters que a esquerda bolchevique apóia tão histerica-
mente. O esmagamento da resistência camponesa à coletivização na província de Ngh
Na por Hanói, em 1956, é também convenientemente esquecido. Os adolescentes
camponeses recrutados que estão perecendo justamente agora em Hue, Kontum e Na
Loc testemunharam a insensibilidade da nova ofensiva do regime de Hanói; a fuga da
população e a falta óbvia de apoio civil fornecem prova adicional de que a população
nada tem a ganhar com a vitória de qualquer lado.

O que significam todas as mistificações bolcheviques? Elas simplesmente


ocultam a essência do conflito: ambos os lados na guerra do Vietnã
representam os interesses imperialistas. Embora o regime de Hanói tenha uma
dependência ideológica e militar da Rússia e China diferente daquela de Thieu para
com o regime dos EUA, a vitória de qualquer lado será em detrimento da luta pelo

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

socialismo mundial. A vitória da FLN e de Hanói fortalecerá os imperialismos russo e


chinês contra o imperialismo dos EUA. Um 'acordo negociado' simplesmente estenderá
a guerra por mais uma geração. Deixamos aos patriotas sociais do capitalismo de
Estado escolherem o imperialismo de seu gosto. Assim como advogam 'Vitória ao IRA'
na Inglaterra, eles advogam soluções reacionárias similares em outras partes do
mundo. Seu raciocínio é de que tais 'vitórias' enfraquecem o imperialismo ocidental,
porém os 50 anos passados de lutas de libertação nacional desmentem tais afirmações.
Vitórias obtidas com base em nacionalismo ou raça não têm ligação com o socialismo e
de fato fortalecem as ideologias burguesas e autoritárias, que desmoralizam mais o
povo operário.

Acreditamos que o principal inimigo está em casa. Somos a favor de uma


campanha efetiva contra a colaboração do governo britânico com o imperialismo
norte-americano no Vietnã. Isto não significa, entretanto, apoio ã FLN. Em lugar disto,
que tal uma manifestação contra a Embaixada da Rússia no bairro chique?

Finalmente, a única solução para este bárbaro conflito é una solução socialista:
contra o imperialismo americano, contra a FLN e os burocratas de Hanói, pela
confraternização das tropas estadunidenses e vietnamitas, pela derrota de ambos os
lados em seus países de origem, pela irrupção de uma guerra civil de classe contra
classe na retaguarda imperialista - isto é, pelo estabelecimento de um autogoverno de
amplitude mundial".

Este panfleto fala por si, e nenhum comentário é necessário sobre esta peça
revoltante do trotskismo contra-revolucionário - ele corrobora tudo que já foi dito2. Há
dois pontos, contudo, que gostaria de mencionar a título de esclarecimento, a fim de
desembaraçar a trama de confusão traçada por este panfleto.

(1) Os trotskistas do Solidariedade, os autores do panfleto acima, descrevem


outras organizações trotskistas degeneradas e contra-revolucionárias tais como o
Grupo Marxista Internacional (IMG), que são os editores do Red Mole e a Internacional
Socialista (IS), que produz o Socialist Worker como a 'esquerda bolchevique'. Esta é
uma tentativa de fazer passar as organizações burguesas trotskistas por organizações
do tipo bolchevique e confundir o trotskismo contra-revolucionário com o bolchevismo
revolucionário - o leninismo. A verdade é que as várias organizações trotskistas, em
seu conjunto, constituem não a esquerda bolchevique, mas a direita menchevique.

(2) Os autores deste panfleto produzem algumas citações do Red Mole e


do Socialist Worker. no esforço de mostrarem que o IMG e a IS apoiam a luta do povo
vietnamita contra a agressão imperialista dos EUA e pela libertação nacional. Isto não
é verdade. O IMG e a IS não apoiam a luta do povo vietnamita pela libertação nacional.
Como dito antes, eles têm por anos denunciado a FLN e acumulado ofensas contra o
grande dirigente do povo vietnamita, o camarada Ho Chi Minh. Gente como Tariq Ali,
do IMG, e escórias semelhantes da IS, da Liga Trabalhista Socialista etc., têm muitas
vezes condenado o Camarada Ho Chi Minh como um 'burocrata stalimsta'. Eles
racharam a grande manifestação de 27 de outubro de 1968 sobre o Vietnã, contra a
agressão imperialista dos EUA e se recusaram a marchar até a Embaixada dos Estados

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Unidos. Em lugar disso, reuniram 50.000 pessoas em um piquenique diversionista no


Hyde Rark Comer. Recusaram-se a aceitar os três slogans da Marcha, isto é,
AGRESSORES DOS EUA FORA DO VIETNÃ AGORA!' 'VITÓRIA À FLN!' e 'LONGA VIDA A
HO CHI MINH!'. Tariq Ali fez objeções aos segundo e terceiro slogans sob o argumento
de que o programa da NLF era burguês e que Ho Chi Minh era um burocrata stalinista.
Dissemos-lhe que, se era isso que ele achava, então que ele conduzisse um cartaz com
slogans desta natureza. Ele não teve coragem, é desnecessário dizer. Tivesse ele
conduzido tal cartaz, as milhares de pessoas reunidas na demonstração tê-lo-iam
linchado. Em lugar disso, sob a pressão dos manifestantes, e em frente às câmeras de
TV, Tariq Ali deu-nos um exemplo de sua hipocrisia, gritando slogans como 'Vitoria à
FLN' e 'Longa Vida a Ho Chi Minh'. Tudo isso feito para iludir as massas e ser capaz de
subverter o movimento de solidariedade.

É inconcebível que esses mesmos trotskistas subitamente tivessem mudado


sua linha. Se tinham mudado, então, deveriam dizê-lo. Se genuinamente mudassem de
linha, então deixariam de ser trotskistas.

Na verdade, entretanto, eles não tinham mudado em nada de linha. A IS 'apóia'


a FLN, como a citação no panfleto da IS 32 mostra, porque ela pensa que a FLN está
engajada em estabelecer o socialismo sem estágios. Este não é realmente um apoio
para a FLN, mas uma tentativa desesperada de explicar sua própria conduta no
passado e salvar a teoria da 'revolução permanente' do naufrágio final. Anos de luta
provaram a correção absoluta do programa da FLN e a bancarrota total da linha dos
trotskistas. Em lugar de agora admitir a bancarrota do trotskismo e alijá-lo, a
bancarrota de sua própria linha por vários anos, os trotskistas da IS preferem distorcer
a linha e o programa da FLN. Os próprios autores deste panfleto são capazes de
perceber esta distorção e por isso descrevem-nos como "bolcheviques degenerados!",
isto é, trotskistas degenerados. O socialismo será estabelecido no Vietnã do Sul
somente após o povo vietnamita ter ultrapassado o estágio da libertação nacional e
completado as tarefas democráticas da revolução vietnamita. Esta é a simples
verdade, senhores trotskistas, que vocês nunca entenderam, nem entenderão no
futuro, a menos que desistam de se ajoelhar em oração diante da 'absurdamente
esquerdista teoria da revolução permanente'.

Do mesmo modo, o IMG não apóia a VLF também. Ambos, a IS e o IMG,


"apoiam" a FLN não pelo que ela sustenta agora atualmente, mas pelo que eles
pensam que ela sustenta, e as duas situações são muito diferentes. Ultimamente eles
tem publicado material que dá a impressão de que os trotskistas começaram a "apoiar'
a FLN porque esta corrigiu sua posição inicial e adotou a linha trotskista. Nada pode
estar mais longe da verdade do que esta absurda sugestão. Qual é, então, a razão para
o 'apoio' aparente que os trotskistas do IMG e da IS estariam dando ultimamente à
FLN? A razão é que a FLN está à beira da vitória: por perseguir seu programa correto,
ela tem derrotado os agressores imperialistas dos EUA. Por isso, os trotskistas
apressam-se a se associar com a iminente vitória total do povo vietnamita. Apressam-
se a apresentar a vitória do povo vietnamita, vitória que eles fizeram tudo que podiam
para sabotar, como sua própria - como o resultado de suas ações de 'solidariedade'.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

Mais do que isso, a virada na linha trotskista sobre o Vietnã coincidiu com a
viagem de Nixon à China. Os trotskistas tinham espalhado propaganda no sentido de
que os chineses estavam se encontrando com Nixon para 'tratar' da questão do Vietnã,
sem consulta ao povo vietnamita. Esta era parte integral de sua propaganda diária
contra este bastião do socialismo. A verdade é que o governo, o Partido e o povo
chinês tinham demonstrado na pratica que eram os mais confiáveis aliados do povo
vietnamita e que nunca fariam um 'negócio' com o imperialismo dos EUA à custa do
povo vietnamita. Nixon foi à China em reconhecimento da posição enfraquecida do
imperialismo dos EUA. O imperialismo dos EUA não poderia por muito tempo recusar-
se a reconhecer a realidade da existência da China. Nixon pode ter esperado todo tipo
de "negócios' (todos os reacionários fazem isso) porém certamente não conseguiria
um na China. Os trotskistas, no intuito de difamar a China e difundir calúnias
maliciosas, começaram a gritar que "os burocratas chineses estão traindo a luta do
povo vietnamita". A fim de tornar convincente esta calúnia maliciosa, os trotskistas
contra-revolucionários tinham de dar a impressão de que apoiavam a FLN. Esta, então,
é a explicação. A verdade é que foram os burocratas trotskistas que o tempo todo
fizeram o melhor que podiam para solapar a luta do povo vietnamita. Os camaradas
chineses, por outro lado, tinham dado apoio total, tanto material quanto político, ao
povo vietnamita.

Em adição às razões dadas acima, também devemos rejeitar o trotskismo


porque, de acordo com o trotskismo, uma vitória do socialismo não é possível em um
só país, mesmo que este pais seja o mais avançado capitalisticamente, pois "seria sem
esperanças ... pensar que uma Rússia revolucionária, por exemplo, poderia manter-se
diante de uma Europa conservadora, ou que uma Alemanha socialista poderia
permanecer isolada em um mundo capitalista" (Trotsky).

Em outras palavras, se o proletariado britânico fosse vitorioso em derrubar o


capitalismo e estabelecer a ditadura do proletariado, tudo estaria perdido, a menos
que a vitória do proletariado britânico fosse seguida pela vitória do proletariado em
outros 'países europeus importantes' e talvez nos EUA também. O que o trotskismo
busca, portanto, é uma vitória mundial simultânea do socialismo. Isto é impossível -
um mero sonho. A revolução proletária não pode ter lugar em todo o mundo de uma
só vez; será bem sucedida, diz o leninismo, primeiro em um ou uns poucos países e
depois em outros e eventualmente em todos os países do mundo. De fato, podemos
dizer "à luz da experiência histórica e à luz do raciocínio teórico" que a revolução
mundial não terá lugar simultaneamente. Desde que o curso da revolução não se
desenvolve de acordo com os esquemas preconcebidos do trotskismo, este, em lugar
de admitir sua bancarrota, está advogando que nenhuma revolução deva ser
defendida - que nenhum socialismo deveria ser construído em países individualmente.

E se os revolucionários não aceitam este conselho deles, então, eles são


'traidores e burocratas stalinistas' que estão 'traindo a revolução'. Tal é a natureza
reacionária do trotskismo.

Em suma, camaradas, devemos denunciar e nos opor ao trotskismo, como uma


ideologia burguesa que é contrária à construção do socialismo e da libertação nacional

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte I

- uma ideologia que constitui um apoio extremamente confiável ao imperialismo.


Devemos orientar-nos para a consciência de classe do proletariado e ajudá-lo a
educar-se no espírito da intolerância com a ideologia burguesa do trotskismo. É nossa
tarefa enterrar esta ideologia. Se a atual série de palestras contribuir para isto, que é
seu principal objetivo, nós, na Associação dos Trabalhadores Comunistas,
consideraremos uma honra termos desempenhado algum papel.

Notas

1. "É muito nocivo confundir os dois estágios, isto é, as revoluções nacional-


democrática e socialista. O Camarada Mao Tsé-tung criticou a idéia errada de
cumprir ambas de um só golpe e observou que esta idéia utópica pode somente
enfraquecer a luta contra o imperialismo e seus lacaios, a tarefa mais urgente nesta
época. Os reacionários do Kuomintang e os trotskistas tentaram, durante a Guerra
de Resistência, deliberadamente, confundir esses dois estágios da revolução chinesa,
proclamando a "teoria de uma revolução única' e apregoando o 'socialismo' assim
chamado, sem qualquer Partido Comunista. Com esta teoria absurda, eles tentaram
engolir o Partido Comunista, eliminando qualquer revolução e evitando o avanço da
revolução nacional-democrátíca, e usaram isso como pretexto para sua não-
resistência e capitulação ao imperialismo. A teoria reacionária foi varrida há longo
tempo pela história da revolução chinesa" (Lin Piao, Long Live the Victorv of People's
War).

2. Em seu número 557, o documento trotskista pouco conhecido Socialist


Organizer veiculou com alegria maliciosa a seguinte peça revoltante a propósito de
Chris Hani, um dos maiores de todos os lutadores pela libertação do povo negro da
África do Sul, por ocasião de seu assassinato pelas mãos do fascismo da África do Sul:

"Um lutador, porém um stalinista

Chris Hani foi um lutador. Ele nasceu na pobreza no Transkel rural. Sua mãe era
analfabeta e seu pai, um mineiro que trabalhava a centenas de milhas de distância,
no

Transvaal. Ele dedicou sua vida à derrubada do regime racista branco na África do
Sul, e por esta dedicação ele foi assassinado.

Porém, Hani não foi apenas um lutador. Ele foi também um stalinista perverso.

Em 1984, Hani tornou-se comissário político e comandante do braço armado da


ANC, Um khonto we Sizwe. Aquele foi o ano dos motins nos campos angolanos da
ANC. A juventude da 'geração Soweto', que se tornou radical na revolta de 1976,
rebelou-se quando foi rejeitada sua reivindicação de voltar à África do Sul para lutar.

Hani foi responsável pela supressão dos motins e pelo encarceramento dos
guerrilheiros dissidentes da ANC no notório campo de prisão Quatro em Angola, que
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era dirigida por pessoal treinado pela KGB e pela rancorosa polícia secreta da
Alemanha Oriental, a Stasi.

O fato de que a imprensa liberal está agora cheia de elogios a este 'homem
supremamente honesto' mostra quão profundamente verdadeiro é o velho ditado
de que 'quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas'.

Nos anos 30, as câmaras de tortura da URSS, seu Gulag e o governo de mentiras
de Stalin foram defendidas e justificadas pelos liberais e stalinistas como 'mal
menor'. Assim, hoje os liberais, os stalinistas e os terceiro-mundistas parecem estar
preparados para esquecer que, se Hani tivesse subido ao poder, teria sido como uma
peça da máquina do Estado impondo uma tirania de ferro sobre a classe operária.

Mesmo após 1989 é ainda possível ser ambas as coisas, um lutador contra o
capitalismo e um inimigo do socialismo da classe operária. Chris Hani o provou."

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