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Trotskismo X Leninismo
Lições da História
Harpal Brar
Tradução – Pedro Castro
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
Índice
Apresentação...............................................................................................................................6
Prefácio.....................................................................................................................................................................8
Parte I
Capítulo 2
Partido do Proletariado
Capítulo 3
Teoria da Revolução
Capítulo 4
Conclusão da Parte I
Parte II
Socialismo em um Só País
Capítulo 5
Socialismo em um Só País.....................................................................................................................................123
Capítulo 6
2
Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
Parte III
Os Julgamentos de Moscou
Capítulo 7
Introdução...............................................................................................................................................................159
Capítulo 8
Terrorismo.................................................................................................................................................................187
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Parte IV
Capítulo 13
Capítulo 14
Por que a Oposição Trotskista na União Soviética Cometeu o Tipo de Erros que Cometeu em Relação à
Revolução Chinesa?...............................................................................................................................................293
Capítulo 15
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Parte V
Capítulo 17
Parte VI
Sobre a Coletivização
Capítulo 18
A Coletivização.......................................................................................................................................................357
Capítulo 19
Parte VII
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
O Comunismo em um Só País..............................................................................................................................437
Capítulo 24
4
Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
Capítulo 25
Capítulo 26
Stalin e a
Intelligentsia..............................................................................................................................................................479
Capítulo 27
Conclusão...................................................................................................................................................................483
Apêndice 1
O Testamento de Lênin...........................................................................................................................................487
Apêndice 2
Apêndice 3
Bibliografia.............................................................................................................................................513
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
Apresentação
Escolhi este para ler primeiro e, após lê-lo e traduzi-lo, pela relevância que ele
representa no tocante à polêmica temática de que trata: "Trotskismo ou Leninismo?",
como o chamou seu autor, preferi renomeá-lo de "Trotskismo x Leninismo".
Desde sua dedicação inicial a V. I. Lênin, em página de rosto, o autor afirma sua
posição favorável a este, na contenda entre os autores das duas correntes de
pensamento supostamente circunscritas ao âmbito do comunismo, do socialismo, ou
do marxismo, para usarmos m termo referido a correntes do pensamento mais
usualmente tidas como filosófico-científicas.
Entre outras, sua relevância maior, ao meu juízo, se assenta em três pilares, a
saber:
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O tradutor
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Prefácio
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1. 'Revolução permanente'
"Trotsky nunca mantém uma opinião firme sobre qualquer questão importante
do marxismo. Ele sempre dá um jeito de se insinuar nas brechas de qualquer diferença
de opinião e oscila de um lado para o outro. No presente ele está em companhia dos
budistas e dos liquidacionistas. E este senhor não faz cerimônia no que diga respeito ao
Partido." (Lênin, Collected Works, vol. 20, p. 448, 1914).
Quando Lênin estava empreendendo uma luta de vida e morte para expurgar
do partido os liquidacionistas e otzovistas, Trotsky, assumindo o papel de um
conciliador, tentou sem êxito reconciliar o Partido com aquelas duas tendências
burguesas. Isto levou Lênin a denunciar Trotsky nestes termos:
"Já nas primeiras palavras de sua resolução, Trotsky expressou o pleno espírito
do pior tipo de conciliação, conciliação entre aspas, conciliação sectária e filistéia, que
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"E nisto que está à diferença enorme entre a defesa real do partido, que
consiste em expurgar dele o liquidacionismo e o otzovismo, e a 'conciliação' de Trotsky
e Cia., que atualmente PRESTA O MAIS FIEL SERVIÇO AOS LIQUIDACIONISTAS E AOS
OTZOVISTAS E É, PORTANTO, TANTO MAIS NOCIVO E PERIGOSO PARA O PARTIDO
QUANTO MAIS ESPERTA, ARTIFICIOSA E RETORI-CAMENTE SE ABRIGA EM
DECLAMAÇÕES PROFESSADAMENTE PRÓ-PARTIDO, PROFESSADAMENTE
ANTIFRACIONISTAS." (Notes of a Publicist, Collected Works, Vol. 16, June, 1910, p. 211 -
maiúsculas minhas).
"A luta entre o bolchevismo e o menchevismo é ... uma luta sobre a questão de
se apoiar os liberais ou destronar a hegemonia dos liberais sobre o campesinato.
Portanto, atribuir (como o faz Trotsky) nossas diferenças à influência da inteligência, à
imaturidade do proletariado etc., é uma repetição puerilmente ingênua de contos de
fadas liberais."
"Portanto, quando Trotsky diz aos camaradas alemães que ele representa a
'tendência geral do Partido', sou obrigado a declarar que Trotsky representa apenas
sua própria facção e goza de certa confiança exclusivamente entre os otzovistas e os
liquidacionistas". [O Significado Histórico da Luta Interna do Partido na Rússia,
Collected Works, Vol. 16, pp. 374-392).
Continua Lênin:
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Lênin termina esta sua carta clamando, entre outras, à "luta contra as táticas
divisionistas e o aventureirismo sem princípios de Trotsky". (Carta ao Colégio Russo do
Comitê Central do RSDLP, Collected Works, vol. 17, pp. 17-22 - Dezembro de 1910).
"Trotsky, contudo, nunca teve 'fisionomia' alguma; a única coisa que ele tem é o
hábito de mudar de lado, de saltar dos liberais para os marxistas e retornar depois, de
vociferar fragmentos de chavões e bombásticas frases de papagaio."
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"E desnecessário dizer que esta explicação é altamente lisonjeira para Trotsky...
e para os liquidacionistas. Trotsky está muito acostumado a usar, com o tom pedante
de um erudito, frases pomposas e solenes para explicar fenômenos históricos de uma
forma que lhe é lisonjeira. Desde que 'numerosos trabalhadores avançados' tornaram-
se agentes ativos de uma política e linha do Partido (linha do Partido Bolchevique] que
não se conforma à linha de Trotsky, Trotsky resolve a questão, sem hesitar,
automaticamente: esses trabalhadores avançados estão 'em uma situação de total
confusão política', enquanto ele, Trotsky, está, evidentemente 'em uma situação' de
firmeza e clareza política e mantêm-se na linha correta! ...E este próprio Trotsky,
batendo no peito, fulmina contra o fracionismo, o paroquialismo e os esforços dos
intelectuais para imporem sua vontade aos trabalhadores!"
"Lendo coisas como estas, pode-se perguntar: é de um asilo de loucos que estas
vozes vêm?" (Collected Works, Vol. 20, pp. 327-347).
Continua Lênin: "A razão pela qual Trotsky evita fatos e referências concretas é
porque eles definitivamente refutam todos os seus clamores furiosos e suas frases
pomposas. E muito fácil, certamente, fazer uma pose e dizer: 'uma imitação grosseira e
sectária'. Ou acrescentar um chavão ainda mais convincente e pomposo, tal como
'emancipação do fracionismo conservador'.
'Porém não é isto muito vil? Não é uma arma tomada emprestada do arsenal do
período em que Trotsky posava com todo o seu esplendor diante das audiências de
jovens ginásianos?" (ibid).
Lênin conclui seu artigo com uma descrição brilhante da indecisão e vacilação
de Trotsky entre o Partido e os liquidacionistas, chamando-o de um "vira-casaca
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"O amável Trotsky é mais perigoso do que um inimigo! Trotsky não produz
provas, salvo de 'conversações privadas' (isto é, simples mexericos, dos quais Trotsky
sempre viveu), classificando os 'marxistas poloneses' em geral como apoiadores de
qualquer artigo de Rosa Luxemburgo."
"Em poucas palavras - ele é um kautskista, isto é, ele se inclina para a unidade
com os kautskistas na Internacional e com o grupo parlamentarista de Chkeidze na
Rússia. Nós somos absolutamente contra tal unidade..." (Collected Works, vol. 43, pp.
515-516).
"...Que pessoa suja este Trotsky é - frases esquerdistas e um bloco com a direita, contra
a esquerda de Zimmerwald!! Ele deve ser exposto (por você) mesmo que seja apenas
em uma breve carta ao jornal Social-Democrata" (Collected Works, Vol. 35, p. 285j".
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Broué louva Trotsky por ter sido um "freelancer" - louvação que incita a ICL à
indignação e à clara afronta. Para que não se perca a plena força da prosa fluente da
ICL, a plena e ardente fúria e vergonha, bem como a contundência de seu argumento,
e para que não possamos ser acusados de citá-la fora de contexto, reproduzimos aqui
a seção inteira da revista que se ocupava do facciosismo e do menchevismo de
Trotsky, entre 1903 e 1917:
Broué louva Trotsky por isto, vendo aí a causa do papel de liderança de Trotsky
na Revolução de 1905 como Presidente do Soviete de Petersburgo e seu brilhante uso
propagandístico de seu processo judicial, após a derrota de 1905:
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
para devotar sua atenção e sua atividade aos acontecimentos que estavam se
desdobrando na Rússia...'(Broué, p. 97).
até pelo menos 1912 ... Foi Kautsky, durante este período, que, para grande raiva de
Lênin, abriu as páginas do 'Die Neue Zeit' e do 'Vorwärts' para Trotsky. Broué também
detalha as relações entusiasmadas de Trotsky com os austro-marxistas de Viena,
afirmando que ele se tornou rapidamente "o chefe incontestável da colônia social-
democrata de Viena' de 1909 a 1912. Ele passa rapidamente sobre o fato de que
durante o mesmo período Rosa Luxemburgo via Trotsky com 'suspeição sistemática' e
como um 'indivíduo dúbio", sem dúvida devido a seus laços com seus oponentes da
direita da Social-Democracia Alemã.
A atitude de Broué para com Trotsky durante estes anos é exemplificada por seu
tratamento do famoso Bloco de Agosto. O 'Pravda', de Viena, editado por Trotsky,
tentava conciliar as facções bolchevique e menchevique - Broué assinala com
aprovação o elogio do anticomunista profissional Leonard Schapiro ao 'Pravda' de Vie-
na, por não ser tão polêmico quanto a imprensa bolchevique. Um acordo de 1910,
entre as facções, gerou apoio financeiro bolchevique ao 'Pravda' de Viena, através de
Kamenev (que era íntimo de Lênin e cunhado de Trotsky), responsável pela
administração dos recursos bolcheviques. O acordo estipulava que os mencheviques
deveriam desembaraçar-se de sua ala direitista e os bolcheviques de sua ala
esquerdista. Enquanto os bolcheviques respeitaram o acordo, os mencheviques não o
fizeram, e nas polêmicas subseqüentes Trotsky alinhou-se aos mencheviques e
distanciou-se de Kamenev. Os artigos de Trotsky, dirigidos a militantes do interior da
Rússia, que não estavam familiarizados com os detalhes da disputa, denunciavam os
bolcheviques como uma 'conspiração de uma panelinha de emigrados'. Kautsky
solicitou e publicou vários artigos de Trotsky atacando os bolcheviques, que
provocaram justas réplicas iradas não só de Lênin, mas também de Plekhanov e Rosa
Luxemburgo. Quando o Congresso Bolchevique de Praga, em 1912, proclamou que ele
representava o Partido como um todo, Trotsky organizou uma 'contraconferência'
unitária em Viena, em agosto.
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preciso do papel que ele desempenhou frente aos bolcheviques em todo o período
de 1903 até pelo menos 1915."
Muito bem dito, senhores trotskistas da ICL! Nós achamos que qualquer
comentário sobre isso seria supérfluo.
"O fato é". escreve a ICL, "que Broué ... concorda com o conciliacionismo de
Trotsky antes de 1917 e prefere de 'longe o Trotsky antileninista ao Trotsky
bolchevique."
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"Não conheço uma única tendência no partido que pudesse ser comparada com
o trotskismo em matéria de desacreditar os dirigentes do leninismo ou as instituições
centrais do Partido" (Collected Works, Vol. 6, pp. 366).
Nas cartas de Trotsky a Chkeidze, já citadas, Trotsky descreveu Lênin como "um
explorador profissional de todo tipo de atraso no movimento da classe operária russa".
"Nessas circunstâncias, o que mais poderia Trotsky ter feito senão esconder
seus instrumentos no armário e seguir os bolcheviques, considerando que ele não tinha
nenhum grupo próprio de algum significado e que ele veio para os bolcheviques como
um indivíduo político, sem um exército? É claro que ele não poderia!
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Brest-Litovsk
Debate sindical
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Trotsky deu seguimento a sua carta com um panfleto intitulado Novo Curso, no
qual, em adição à proposta por maior democracia no Partido, ele acusava os velhos
bolcheviques - a direção do Partido - de degeneração. Ele contrapunha jovens,
especialmente estudantes, a bolcheviques veteranos, declarando que os primeiros
seriam o barômetro do Partido.
por razões óbvias, ele não pode, e não deveria, assumir a responsabilidade pela
possível degeneração dos principais quadros da velha guarda bolchevique..."
"Não obstante, há uma série de elementos dentro de nosso Partido que é capaz
de dar ensejo a um perigo real de degeneração de certas fileiras de nosso Partido.
Tenho em mente aquela seção dos mencheviques que se juntou ao nosso Partido de má
vontade e que ainda não se livrou de seus hábitos oportunistas" (Collected Works, Vol.
5 p. 395).
Nada poderia ser mais falso. O papel especial de Trotsky em outubro originou-
se em John Reed, o autor de Dez Dias que Abalaram o Mundo, que, estando distante
do Partido Bolchevique, não tinha conhecimento da reunião secreta de seu Comitê
Central a 23 de outubro de 1917 e por isso acreditou nos mexericos espalhados por
gente como Sukhanov. Esses contos de fadas sobre o papel especial de Trotsky em
Outubro foram mais tarde disseminados e repetidos em vários panfletos escritos pelos
trotskistas, inclusive o panfleto de Syrkin sobre Outubro. Após a morte de Lênin,
Trotsky apoiou fortemente esses rumores em seus pronunciamentos literários.
Como estava sendo feita uma tentativa sistemática pelos trotskistas de re-
escrever a história de Outubro e envolver a juventude soviética em tais lendas, Stalin,
em um discurso pronunciado no Pleno do Grupo Comunista do AUCC-TIP, refutou -
referindo-se a fatos concretos - estas histórias fantásticas das Mil e Uma Noites com
sua maneira caracteristicamente devastadora. Citando as minutas da reunião do
Comitê Central do Partido Bolchevique em 23 de outubro de 1917, ele provou que a
resolução sobre a insurreição foi adotada por uma maioria de 10 contra 2; que o
mesmo encontro elegeu um centro político, chamado de Burô político, para dirigir a
insurreição, sendo os membros do Centro Lênin, Zinoviev, Stalin, Kamenev, Trotsky,
Sokolnikov e Bubnov. Assim, o Centro incluiu mesmo Zinoviev e Kamenev, que tinham
sido os únicos a votarem contra a resolução da insurreição. Isto foi possível a despeito
do desacordo político entre eles porque havia na época uma unidade de visões entre
esses dois (Zinoviev e Kamenev) e o resto do Comitê Central sobre questões
fundamentais "como o caráter da revolução russa, as forças propulsoras da revolução,
o papel do campesinato, os princípios de direção do Partido e assim por
diante". (Stalin, Collected Works, Vol. 6, p. 341J. Assim, a decisão sobre a insurreição
foi tomada pelo Comitê Central e apenas pelo Comitê Central. Donde, a direção
política da insurreição estava firmemente nas mãos do Comitê Central.
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de Petrogrado, ele meramente deu curso à vontade dos corpos apropriados do Partido,
que dirigiram todos os passos que Trotsky deu. Para filisteus como Sukhanov, tudo isto
pode parecer estranho, porém os fatos, os verdadeiros fatos, confirmam total e
plenamente o que estou a dizer" (Ibid, pp. 341-342).
Stalin então passa a fazer um exame das minutas da reunião do Comitê Central
ocorrida em 29 de outubro de 1917. Além dos membros do Comitê Central, estavam
presentes à reunião representantes do Comitê de Petrogrado, assim como
representantes de organizações militares, comitês de fábricas, sindicatos e
ferroviários. Nesta reunião, a resolução de Lênin sobre a insurreição foi adotada por
uma maioria de 20 contra 2, com três abstenções. Nesta reunião também foi eleito um
centro prático para a direção organizacional da insurreição. Para este centro prático
foram eleitos os cinco seguintes membros: Sverdlov, Stalin, Dzerzhinksy, Bubnov e
Uritsky. Ouçamos Stalin:
"Isto por certo não significa que a insurreição de outubro não teve seu
inspirador. Teve seu inspirador e líder, porém foi Lênin, e nenhum outro senão Lênin,
este mesmo Lênin, cuja resolução o Comitê Central adotou quando decidiu a questão
da insurreição, este mesmo Lênin que, a despeito do que diz Trotsky, não foi impedido,
por estar escondido, de ser o real inspirador da insurreição. E tolo e ridículo tentar
agora, fazendo mexericos acerca de Lênin ter estado escondido, para obscurecer o
indubitável fato de que o inspirador da insurreição foi o dirigente do Partido, VI. Lênin."
Continua Stalin:
"E verdade, dizem-nos, que não se pode negar que Trotsky lutou bem no
período de outubro. Sim, isso é verdade, Trotsky de fato lutou bem em outubro, mas
Trotsky não foi o único que lutou bem no período de outubro. Mesmo pessoas como os
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Stalin perguntou: "Com que propósito Trotsky necessita de toda essa lenda
sobre outubro e a preparação para outubro, acerca de Lênin e do Partido de Lênin?
Qual é o propósito dos novos pronunciamentos literários de Trotsky contra o Partido?...
(ibid. p. 363J.
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Stalin prossegue concluindo que o perigo era "...que o trotskismo, devido a seu
conteúdo inteiro, mantém toda a chance de tornar-se o centro e o ponto de encontro
dos elementos não proletários que estão lutando para enfraquecer, para desintegrar a
ditadura do proletariado", face ao que era "dever do Partido sepultar o trotskismo
como tendência ideológica" (Ibid.p. 373).
Nos anos que se seguiram, o próprio Trotsky foi obrigado a admitir que "na
esteira desta vanguarda (isto é, a oposição trotskista] arrastava-se a rabeira de todo
tipo de carreiristas descontentes, desgostosos e mesmo aflitos", acrescentando,
porém, que a oposição tinha decidido libertar-se de "seus companheiros de viagem
acidentais e não convidados". Ao contrário, como o conteúdo das páginas que se
seguem revela, foram precisamente os elementos não proletários, com sua hostilidade
irresponsável para com a ditadura do proletariado, sua luta para a desintegração da
ditadura do proletariado, que apoiaram a oposição trotskista na URSS e que
continuaram a apoiá-la no exterior, após a expulsão dele da União Soviética. Foi
precisamente o mesmo tipo de pessoa que desde aquela época tinha se reunido em
torno do trotskismo, dirigida por um ódio inato ao marxismo-leninismo e à ditadura do
proletariado.
oposição e fizeram com que se retirassem dessas reuniões. Confrontados com esta
derrota humilhante, os dirigentes da oposição bateram em retirada e enviaram uma
declaração, a 16 de Outubro de 1926, na qual eles confessavam seus erros e
prometiam desistir, no futuro, de sua atividade divisionista contra o Partido. Nas
palavras de Ian Grey:
A oposição trotskista estava lutando era contra o regime estabelecido pelo 10°
Congresso, sob a orientação de Lênin - um regime designado para fortalecer a ditadura
do proletariado através da unidade e disciplina de ferro dentro do Partido
Bolchevique, banindo o facciosismo. Os princípios subjacentes do regime estabelecido
pelo 10° Congresso eram de que, "enquanto a democracia interna no Partido e a critica
metódica dos defeitos e erros do Partido era permitida, nenhum facciosismo, qualquer
que fosse, seria permitido, e todo facciosismo deveria ser abandonado, sob pena de
expulsão do Partido" (Stalin, The Political Complexion of the Russian Opposition,
Collected Works, Vol. 10 p. 166).
"Eu asseguro", dizia Stalin, "que os trotskistas já tinham começado sua luta
contra o regime leninista no Partido no tempo de Lênin e que a luta que os trotskistas
estão empreendendo agora é uma continuação da luta contra o regime no Partido, que
eles já empreendiam no tempo de Lênin" (ibid.).
Vale a pena destacar que durante a discussão no Partido que precedeu o 15°
Congresso, 724.000 membros votaram pela política leninista do Comitê Central,
enquanto irrisórios 4.000 votos aprovaram a plataforma do bloco de oposição
trotskista-zinovievista, ou seja, cerca de metade de um por cento do número de
membros que tomaram parte nesse debate.
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Por suas ações em 7 de novembro, a oposição tinha dado plena prova de sua
conversão em uma força contra-revolucionária abertamente hostil à ditadura do
proletariado na URSS. Tendo infringido todas as normas e regras da vida partidária, os
trotskistas agora embarcavam em uma carreira de violação das leis do Estado que, em
devido curso, levou-nos a assassinato, sabotagem, vandalismo e, finalmente, aliança
com o fascismo.
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
"A oposição pensa que sua derrota pode ser ' explicada' por fator pessoal, pela
rudeza de Stalin... Esta é uma explicação muito fácil! É magia, não uma explicação.
Trotsky tem lutado contra o leninismo desde 1904. De 1904 até a revolução de
fevereiro de 1917, ele esteve unido aos mencheviques, lutando o tempo todo contra o
Partido de Lênin. Durante esse período, Trotsky sofreu uma série de derrotas nas mãos
do Partido de Lênin. Por quê? Talvez a rudeza de Stalin fosse a culpada? Mas Stalin não
era ainda o secretário do Comitê Central naquela época; ele não estava no exterior,
mas na Rússia, em luta subterrânea contra o czarismo, enquanto a luta entre Trotsky e
Lênin se dava no exterior. Assim, o que a rudeza de Stalin tinha a ver com isso?
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Mais tarde, Trotsky fez uma série de novas investidas contra o Partido (1923,
1924, 1926, 1927), e cada investida terminou com Trotsky sofrendo uma nova derrota.
Isso tudo não torna óbvio que a luta de Trotsky contra o Partido Leninista tem
raízes históricas de longo prazo? Isso tudo não torna óbvio que a luta que o Partido
está agora empreendendo contra o trotskismo é uma continuação da luta que o
Partido, dirigido por Lênin, desenvolveu de 1904 em diante?
Isso tudo não torna óbvio que as tentativas dos trotskistas de substituir o
leninismo pelo trotskismo são a principal causa do fracasso e da falência de toda a
linha da oposição?
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E o que é Stalin? Stalin é apenas uma figura menor. Tomemos Lênin. Quem não
sabe que na época do bloco de agosto a oposição, dirigida por Trotsky, empreendeu
uma campanha ainda mais indecente de calúnia contra Lênin? Ouçam Trotsky, por
exemplo:
Mais do que isso. Eu penso que a oposição honra-me ao dirigir todo o seu ódio
contra Stalin. E assim que deve ser. Acho que seria estranho e ofensivo se a oposição,
que está tentando destruir o Partido, fosse elogiar Stalin, que está defendendo os
princípios fundamentais do Partido Leninista" (Collected Works, vol. 10 pp. 177-178).
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Quais são os parâmetros políticos pelos quais pode sobrevir a vitória da contra-
revolução, se a hipótese econômica aqui prevista se realizar? ... O processo político
assumiria em essência o caráter de degeneração do aparato do estado em uma direção
burguesa ... Se o capital privado crescer rapidamente e terminar por fundir-se com o
campesinato, as tendências contra-revolucionárias ativas dirigidas contra o Partido
Comunista provavelmente prevalecerão ...
...Os fenômenos sociais negativos que acabamos de citar e que agora alimenta a
burocratização pode colocar a revolução em perigo, se continuarem a desenvolver-se ...
o burocratismo no Estado e no aparelho do Partido é a expressão das tendências mais
vexatórias inerentes à nossa situação, dos erros e desvios em nosso trabalho que ...
podem minar as bases da revolução ... A quantidade, em certo estágio, será
transformada em qualidade" (Capítulo 4).
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
"A regulação do mercado", diz ele, "deve depender das tendências que estão
sendo produzidas por intermédio dele" (p. 30).
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Rezando por milagres, Trotsky declarava: "As mercadorias devem ser adaptadas às
necessidades humanas". A posição de Trotsky eqüivale a isto: "Contabilidade
econômica é impensável sem relações de mercado'. Nesta visão, é deveras
supreendente que Trotsky chegasse à conclusão de que: "É necessário deixar de lado o
Segundo Plano Qüinqüenal. Fora com o entusiasmo histérico!'" (p.41).
Não admira então que Stalin, em seu Relatório ao 17° Congresso do Partido (26
de janeiro de 1934) tenha feito a seguinte observação sobre o programa trotskista:
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
aos socialistas e comunistas alemães, "o que Trotsky está dizendo acerca do Estado
soviético. Já não é mais um Estado socialista, mas um Estado dominado por uma
burocracia parasita, que vive às custas do povo russo", (ver Apêndice 2). Estes e
argumentos similares, difundidos pelos fascistas, assim como por outros Estados
imperialistas, foram utilizados para enfraquecer tanto a fé que as massas poderiam ter
na URSS quanto sua fé em si próprias, em sua capacidade de construir uma nova vida
para si próprias. Estes argumentos trotskistas foram, e continuam a ser, aproveitados
pelos opositores do comunismo no movimento operário, assim como pela inteligentsia
pequeno-burguesa radical. O trotskismo, assim, cumpria, e continua a cumprir, a
função de confundir e desarmar, política e ideologicamente, o movimento da classe
operária.
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
"O socialismo tem demonstrado seu caminho para a vitória, não nas páginas de
'Das Kapital' mas em uma arena industrial compreendendo uma sexta parte da
superfície da terra - não na linguagem da dialética, mas na linguagem do aço, do
cimento e da eletricidade ... um país atrasado realizou em menos de dez anos sucessos
sem exemplo na história.
mas de seus usurpadores. Mas este é o próprio objetivo que fixamos para nós
mesmos".
"Podemos esperar que a União Soviética saia da grande guerra vindoura sem
derrota? A esta questão, colocada francamente, responderemos também francamente:
se a guerra permanecer apenas uma guerra, a derrota da União Soviética será
inevitável. Em um sentido técnico, econômico e militar, o imperialismo é
incomparavelmente mais forte. Se não for paralisado pela revolução no Ocidente, o
imperialismo varrerá o regime que surgiu da Revolução de Outubro" (Revolution
Betrayed, p. 216).
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
...a casta dirigente não é suficientemente capaz de pensar sobre o amanhã. Suas
fórmulas são aquelas de todos os regimes condenados: 'depois de nós, o dilúvio'...
"Stalin não pode fazer uma guerra com operários e camponeses descontentes e
com um Exército Vermelho acéfalo" (Aliança Alemã-Soviética).
"O nível das forças produtivas da URSS proíbe uma guerra maior ... O
envolvimento da União Soviética em uma guerra maior antes do fim deste período
significaria em qualquer caso uma luta com armas desiguais.
Stalin não pode empreender uma guerra ofensiva com qualquer esperança de
vitória.
"A batalha de Moscou foi um evento épico... Ela envolveu mais de 2 milhões de
homens, 2.500 tanques, 1.800 aviões de caça e 25.000 canhões. As baixas foram de
uma escala horripilante. Para os russos, terminou em vitória. Eles tinham sofrido todo o
impacto da ofensiva 'Blitzkrieg' alemã e, não obstante suas perdas, foram capazes de
desfechar um contra-ataque efetivo. Eles começaram a destruir o mito da
invencibilidade alemã ..." (Ian Grey, Stalin - Man of History, Abacus, p. 344).
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
Embora o crédito pela vitória deva ser dado corretamente às forças armadas
soviéticas e aos heróicos esforços do povo soviético, nenhuma narrativa desses
fatídicos anos estará completa sem uma referência, de fato um significativo tributo ao
indiscutível líder do Partido Comunista da União Soviética (Bolchevista) e do povo
soviético, o supremo comandante das forças soviéticas - Joseph Stalin. Mesmo um
renegado como Gorbatchov é obrigado, a propósito da vitória soviética na Segunda
Guerra Mundial, a admitir que "Um fator na conquista da vitória foi a tremenda
vontade política, resoluta e persistente habilidade para organizar e disciplinar o povo
exibidas nos anos da guerra por Joseph Stalin" (Relatório sobre o Encontro Festivo do
70° aniversário da Grande Revolução de Outubro, ocorrido em Moscou a 2 de
novembro de 1987, p. 25).
Ian Grey, que é um escritor burguês, porém honesto, tem isto a dizer:
E mais:
"Foi, num sentido real, sua (de Stalin) vitória. Não teria havido vitória sem sua
campanha de industrialização e especialmente o desenvolvimento intensivo da
indústria além do Volga. A coletivização contribuiu para a vitória, ao capacitar o
governo a estocar alimentos e matéria-prima para impedir a paralisação da indústria e
a fome nas cidades. Mas também a coletivização, com suas estações de máquinas e
tratores1, tinha dado aos camponeses o primeiro treinamento no uso dos tratores e
outras máquinas" (ibid. p. 419).
Citando Isaac Deutscher, que está longe de ser amigo de Stalin, Ian Grey
continua:
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
"A agricultura coletivizada tinha sido a escola preparatória dos camponeses para a
guerra mecanizada...
Foi sua vitória, também, porque ele tinha dirigido e controlado todos os ramos
das operações russas através da guerra. A extensão e o fardo de suas
responsabilidades eram extraordinários, porém dia a dia, sem uma pausa durante os
quatro anos da guerra, ele exerceu o comando direto das forças russas e o controle dos
suprimentos, das indústrias da guerra e da política do governo, inclusive a política
externa" (ibid.,pp. 419-420).
"Foi sua vitória, acima de tudo, porque tinha sido alcançada por seu gênio e trabalho,
numa escala heróica. O povo russo tinha-se voltado para ele em busca de liderança e
ele não o decepcionou. Seus discursos de 3 de julho e 6 de novembro de 1941, que os
fortalecera para as provações da guerra, e sua presença em Moscou durante a grande
batalha da cidade, tinham demonstrado sua determinação para a vitória. Ele ...
inspirou-os e deu-lhes uma orientação positiva. Teve a capacidade de se ater aos
detalhes e manter em mente o quadro geral, e, embora lembrando do passado e
imerso no presente, estava constantemente olhando à frente, para o futuro" (p.
424).476476
E adiante:
"Não há dúvida de que ele era o seu (das tropas soviéticas) verdadeiro
comandante-em-chefe. Sua liderança não se limitava, de maneira alguma, ã tomada
de decisões estratégicas abstratas, nas quais os políticos civis podem sobressair-se. O
interesse ávido com que ele estudava os aspectos técnicos da guerra moderna, nos
seus mínimos detalhes, mostra que ele de forma alguma era um diletante. Ele encarava
a guerra primordialmente do ângulo da logística ... Assegurar reservas de mão-de-obra
e suprimentos de armas, nas quantidades e proporções exatas, alocá-las e transportá-
las para os pontos certos e nos tempos certos, reunir uma reserva estratégica decisiva
e tê-la pronta para intervir no momento decisivo — estas operações representavam
nove décimos de suas tarefas" (Ibid. p.459).
"Não se deve imaginar que a maioria do povo fosse hostil ao governo. Se fosse
assim, nenhum apelo patriótico, nenhum incitamento ou coerção teria evitado o
colapso político da Rússia, pelo qual Hitler estava confiantemente esperando. A grande
transformação que o país experimentou antes da guerra ... fortaleceu a fibra moral do
povo. A maioria estava imbuída com um forte sentido de seu avanço econômico e
social, que estava ferreamente decidida a proteger do perigo externo ..."(ibid. p. 473).
"A nova apreciação do papel de Stalin não foi apenas resultado de noções
geradas pelo entusiasmo da vitória. A verdade é que a guerra não poderia ter sido
ganha sem a industrialização intensiva da Rússia, e de suas províncias orientais em
particular. Nem poderia ter sido ganha sem a coletivização de um grande número de
fazendas. O mujique de 1930, que nunca tinha manuseado um trator ou qualquer outra
máquina, teria sido de pouca utilidade na guerra moderna. A fazenda coletivizada, com
suas estações de máquinas e tratores, tinha sido a escola preparatória do camponês
para a guerra mecanizada. A elevação rápida do padrão médio de educação tinha
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coroados por sua vitória na Grande Guerra Patriótica antifascista, com a vitória
resultante dos governos de democracia popular na Polônia, Hungria, Tchecoslováquia,
România, Bulgária e Albânia, o prestígio soviético elevou-se ao ponto máximo. Foi este
espetáculo de triunfo, confiança e avanço do socialismo que colocou o temor de Deus
nos corações da burguesia imperialista e ensejou a reação, sob a liderança do
imperialismo dos EUA, que tinha emergido da guerra como o poder imperialista mais
forte, de iniciar a guerra fria, a aliança militar provocadora de guerra da OTAN e
rearmar a Alemanha, como um membro desta aliança.
"... E um fato que 'Stalin encontrou a Rússia com o arado de madeira e a deixou
equipada com reatores atômicos' ... Este resumo do governo de Stalin é, certamente,
um tributo ao seu sucesso" (Ibid. p. 609). As palavras registradas por Deutscher são
citadas de seu próprio obituário de Stalin, publicadas pelo Manchester Guardian, a 6
de março de 1953.
períodos. Mesmo Roy Medvedev, nem um pouco amigo de Stalin e autor de Let
History Judge ("Que a História Julgue"), inteiramente anti-Stalin, foi obrigado a
reconhecer: "Stalin encontrou a União Soviética em ruínas e deixou-a como uma
superpotência. Gorbatchov herdou uma superpotência e deixou-a em ruínas."
Assim, em vista de seu êxito gigantesco, que fora fruto da tenaz persistência em
seguir a linha leninista da construção socialista, o povo trabalhador tratou com
completo desprezo os delírios trotskistas contra a União Soviética e sua lide-rança.
Tudo isso, no entanto, mudou com o triunfo do revisionismo kruchevista no PCUS,
após a morte de Stalin. O revisionismo kruchevista não poderia ter sucesso algum em
seu desejo de solapar o socialismo, alcançar uma acomodação com o imperialismo e
começar o longo processo de retorno ao capitalismo sem atacar a pessoa que, após a
morte de Lênin e em uma luta implacável pela vitória da linha leninista na questão da
industrialização e da coletivização, tinha se tornado o porta-voz mais representativo da
construção do socialismo na União Soviética, com o qual seu nome estava indelével e
inextricavelmente ligado, ou seja, Joseph Stalin. Daí o ataque de Kruchev a Stalin em
seu relatório secreto ao 20° Congresso do PCUS, em 1956. Com esse ataque a Stalin e
ao alegado 'culto à personalidade' - tudo, incidentalmente, em nome do leninismo e
com o suposto propósito de retorno às verdadeiras normas leninistas - começou o
longo processo político e econômico que gestou o maduro fruto capitalista, sob o
cuidado terno e carinhoso do ultimo sucessor de Kruchev, Gorbatchov. Aqui, eu não
posso me aprofundar nesta questão, da qual já tratei com maiores detalhes em meu
trabalho Perestroika - The Complete Collapse of Revisionism.
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O trotskista Peter Uhl era um dos mais ativos membros da Carta 77, anticomu-
nista. Em 15 de outubro de 1988, os luminares da Carta 77 e outros grupos da
oposição assinaram o Manifesto do Movimento pelas Liberdades Civis, que, entre
outras coisas, exigia "o pluralismo econômico e político", a libertação do
empresariado "do jugo da burocracia centralizada", "o completo restabelecimento da
empresa privada ... no comércio, na indústria artesanal, nos pequenos e médios
negócios" e a integração da economia checa ... de forma natural com a economia
mundial, baseada na divisão internacional do trabalho. Embora se declarasse simpático
àquele manifesto da contra-revolução de veludo, Uhl julgou inoportuno firmá-lo, até
mesmo criticando-o como "democrático liberal" e "totalitário". Qual a conclusão? Em
lugar de denunciá-lo e discordar dele, ele deu as boas-vindas ao manifesto por causa
da inclusão nele da "demanda pelo controle dos operários nas grandes firmas" do tipo
que prevalece nos países imperialistas, com seu embuste de uma democracia
participativa.
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"Pode-se discutir até que ponto a teoria de Trotsky da revolução política foi justificada.
Eu entendo que é na Checoslováquia que a realidade está mais próxima desta teoria."
Na Checoslováquia, "o acesso à vida política", sobre o qual Mandel fala tão
liricamente, aconteceu em uma época em que as massas estavam seguindo o Fórum
Cívico contra-revolucionário, sob a direção de Havei, um notório agente da CIA. Sobre
isto, eis o que Pavel Pechacek, chefe da seção checa da Rádio Europa Livre, financiada
pela CIA, tem a dizer neste caso:
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membros do novo governo, mas que por anos trabalharam para nós como
correspondentes independentes."
Sabendo de tudo isso, por que os trotskistas ficaram ao lado do Fórum Cívico?
Por seu ódio inato ao socialismo e ao comunismo é a resposta. Esta verdade é deixada
escapar pelo esperto Uhl, que explicou que seu apoio ao Fórum Cívico e a Havei foi
motivado por um desejo de livrar-se do sistema socialista reinante!
Ao que Mandel respondeu: "Sim, ele o fez, e na verdade isto é muito positivo.
Nosso movimento defendeu esta tese durante 55 anos e foi por isso rotulado de contra-
revolucionário. Hoje as pessoas, tanto na União Soviética quanto em grande parte do
movimento comunista internacional, entendem melhor onde estavam os reais contra-
revolucionários" (n°. 38, 1990, edição francesa).
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1923 a 1953, que eles sempre denunciam como "burocráticos", necessitando ser
derrubados por uma "revolução política". Em momentos de descuido, contudo,
arriando sua usual máscara, eles revelam a essência reacionária de sua linha política
trotskista. Em um artigo escrito em novembro de 1992, com o único propósito de
apresentar uma versão pasteurizada do trotskismo, a verdade literalmente escorre, a
despeito de tudo, nas seguinte linhas:
"A idéia de que o 'socialismo' poderia ser construído em um só país (e por sinal
atrasado), cercado pelo imperialismo, é uma perversão nacionalista do marxismo."
"Nós temos nos aproximado do próprio âmago dos problemas atuais, o que é
um avanço tremendo. O socialismo não é um assunto para o futuro distante, ou um
quadro abstrato, ou um ícone. Nossa opinião de ícones é a mesma - muito ruim. NÓS
TROUXEMOS O SOCIALISMO PARA A VIDA COTIDIANA e devemos aqui ver como estão
as coisas. Esta é a nossa tarefa diária, a tarefa de nossa época. Permitam-me concluir
expressando confiança em que, por mais difícil que esta tarefa possa ser, nova como
possa ser comparada com nossa tarefas anteriores, e numerosas como possam ser as
dificuldades que ela encerra, devemos todos - não em um dia, MAS EM POUCOS ANOS,
- nós todos, unidos, cumpri-la a qualquer custo, DE MODO QUE A RÚSSIA DA
NEPTORNAR-SE-Á A RÚSSIA SOCIALISTA" (V. I. Lênin,Collected Works, Vol. 33, p. 443 -
ênfase minha).
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
lançar a culpa por esta "perversão nacionalista" aos degraus da porta de Lênin em
lugar de depositá-la nos de Stalin.
O SWP chegou ao ponto de argüir que a vitória de Yeltsin teria levado "os
operários da URSS a aproximar-se do espírito da revolução socialista de 1917 e não
distanciar-se dela".
Bem, desde que o muro de Berlim veio abaixo, a 9 de novembro de 1989, o que
esta "morte do comunismo" e a briga pelo "socialismo real" ensejaram como rastro?
Exatamente o que o imperialismo tinha estado desejando e pelo que trabalhava fazia
décadas. Exatamente o que todo observador inteligente, não consumido pelo ódio
anticomunista, esperava que acontecesse. As forças do mercado tinham sido
desencadeadas sobre os povos da Europa Oriental e da antiga União Soviética. A partir
daí, a elevação do desemprego, a contração da produção, as catastróficas taxas de
inflação, os conflitos nacionais, o crescimento do racismo,
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"Dois anos depois, aqueles mesmos políticos, comentaristas e peritos estão silenciosos.
Nenhuma de suas previsões se confirmou, nenhuma mostra qualquer perspectiva de se
confirmar."
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
Contudo, parece que eles ainda não estão satisfeitos com o resultado, pois
acreditam que os novos regimes burgueses recentemente estabelecidos não tinham
sido bastante eficientes na destruição de todos os traços, instrumentos e instituições
ligadas aos regimes anteriores dos antigos estados socialistas:
"E não se passa uma semana sem revelações provando que os odiados Stasi, a
Segurança, o AVO Húngaro e todas as outras escórias que forçavam o regime stalinista
ainda estão por aí"!
Ao fim e ao cabo, o Socialist Worker está bem satisfeito com o êxito da contra-
revolução na Europa Oriental e termina com a seguinte conclusão presunçosa, para
não dizer indecente:
Em outras palavras, o que era uma coisa maravilhosa era ter substituído os
regimes socialistas pelos regimes burgueses e pelas economias de livre mercado, o que
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
teve como conseqüências o que o Sr. Alan Gibson, autor deste artigo do Socialist
Worker, lamenta de maneira tão demente e autodestrutiva!!
O mesmo SWP que, em agosto de 1991, tinha com grande ardor contra-
revolucionário declarado que a vitória de Yeltsin tinha conduzido "os operários da
URSS mais perto do espírito da revolução de 1917",agora declara, através da coluna do
desprezível John Molyneux que "é precisamente a natureza perversamente anticlasse
operária da "reforma" de livre mercado de Yeltsin que o torna aspirante a poderes
ditatoriais, afim de impor seu programa". Conseqüentemente, nenhum socialista
deveria agora apoiar Yeltsin" (Socialist Worker, 10 de abril de 1993, "Rússia: que lado
deveríamos tomar?").
"Uma organização (isto é, o SWP-HB) que encontrou uma causa 'pela qual
todos os socialistas deveriam ter-se regozijado, com a vitória das forças contra-
revolucionárias de Yeltsin, que tinham produzido desemprego e pobreza em massa
para as massas da antiga URSS, enquanto descobriam uma causa para fazer os
'socialistas' chorarem com a derrota dos pelegos traidores do trabalhismo, de Neil
Kinnock, obviamente deu uma bela reviravolta no catavento..." (Workers
Hammer, julho/agosto 1993).
Conclui Mr. Matgamna: "Em seu papel de embaixador do SWP para a burguesia
e a mídia, Foot muitas vezes deixa escapar a verdade sobre a política do SWP, sem a
mistificação e fraseologia 'socialista' usual. Paul, sobrinho de Michael Foot, é, portanto,
um homem útil para se estar ao redor."
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
"O que foi destruído entre 1936 e 1940 não foi apenas a flor do marxismo mas
sua raiz."
Isto pode significar uma de duas coisas: ou que o socialismo tinha cessado de
existir e o capitalismo tinha sido restaurado ao final dos anos 1930, em cujo caso, os
northistas parecem estar argumentando que Trotsky deveria ter então denunciado o
regime soviético mais veementemente do que fez realmente; alternativamente,
poderia significar que o Estado dos trabalhadores, embora 'distorcido', continuava a
existir na URSS mas que, após os julgamentos por traição de Moscou, não restara
'vanguarda revolucionária" capaz de realizar a 'revolução política' trotskista e que,
portanto, a 'derrubada da burocracia' só poderia levar ao restabelecimento do
capitalismo, para cujo fim, os trotskistas, com sua teoria da 'revolução política', tinham
trabalhado todos esses anos. Nesse caso, Trotsky estava também errado ao advogar
sua 'revolução política', com isso conduzindo seus seguidores para o beco sem saída
que leva à restauração capitalista. De qualquer forma que se encare a citação northista
acima, chega-se à conclusão de que esta gente está tão perdida quando se trata de
explicar os momentosos desenvolvimentos da URSS quanto confortável com a
conversa fiada trotskista.
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
"Devemos evitar usar frases que se banalizaram pelo excesso de uso; mas neste
caso pode verdadeiramente ser dito que chegamos ao fim de um completo período
histórico que foi aberto em 1917."
"O lado cômico de tudo isso é que, visto que a burocracia é a 'força
determinante', se o assim-chamado 'complexo industrial militar' fosse derrotar Yeltsin,
reinstituindo a URSS, então sem dúvida North teria de declarar que a URSS era outra
vez um Estado dos trabalhadores. Ele teria de dizer 'Obrigado pela burocracia
stalinista'."
Assim, encontramos uma seção dos trotskistas (os northistas) culpando Trotsky
por não ter sido firme bastante em suas diatribes contra a União Soviética, com isso
levando seus seguidores ao beco sem saída do apoio a um alegado Estado dos
operários necessitando de uma revolução política, quando, dizem os northistas, o
socialismo já tinha sido destruído e, portanto, nada restava contra o que fazer uma
revolução. A outra seção (os torrancistas) exonerava-se de toda responsabilidade pela
longa vida da atividade anti-soviética e anticomunista, fingindo que não tinha havido
qualquer contra-revolução, que Yeltsin representa a "revolução política" que, no
decorrer do tempo, vai "restaurar o bolchevismo".
Por sua parte, o pasquim trotskista Socialist Organiser, antes citado, assim
exultava com a vitória das forças de Yeltsin: "Seu corajoso desafio ao sistema stalinista
ajudará os trabalhadores a verem o que está em jogo - uma sociedade aberta, com o
embrião do império da lei e algum grau de autocontrole democrático, de um lado, e
uma sufocante ditadura stalinista da Era do Gelo, de outro" (SO Supplement, 20 de
agosto de 1992).
"Os trabalhadores devem controlar o processo de destruição dos stalinistas até o fim e
não deixar que Yeltsin preserve o que é útil para ele."
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
Há, certamente, inúmeros outros grupos trotskistas sobre os quais nada foi dito
aqui. Mas não é possível ou necessário, ou mesmo desejável, fazer referência a todos
eles, pois não representam mais do que variações sobre temas já encontrados no
breve esboço que apresentei antes sobre as tendências trotskistas. O que os une a
todos é que são todos trotskistas. São, portanto, contra-revolucionários até a raiz dos
cabelos - não por que querem ser assim, mas porque não podem deixar de ser contra-
revolucionários, enquanto seguirem a teoria da 'revolução permanente' de Trotsky,
pequeno-burguesa, pessimista e contra-revolucionária.
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
Trotskismo ou leninismo?
para levar em conta trabalhos que têm sido publicados desde que o material original
foi produzido, ou dos quais tenho tido conhecimento desde então. Pelo contexto, e
pelas datas das publicações referidas o leitor terá pouca dificuldade em verificar quais
são os novos materiais.
Já passou um largo tempo desde que o conteúdo deste livro foi publicado pela
primeira vez, na forma de seis panfletos separados. Algumas das pessoas contra a qual
se polemizou neles já estão mortas ou aposentadas, ou discreta e simplesmente
abrigaram-se em nichos pequeno-burgueses que eles cavaram para si próprios.
Igualmente, algumas das organizações já se liquidaram voluntariamente ou caíram no
esquecimento político. Ainda outras não são facilmente reconhecíveis por terem
mudado de nome uma ou mais vezes (o que é especialmente verdadeiro de
organizações trotskistas). Nada disso tem a menor importância. O que é realmente
relevante são os eventos e as questões que foram então, e mostram todos os sinais
agora de se tornarem no futuro, temas de discussão e polêmica inflamadas. Neste
caso, tudo que precisamos fazer é remover o nome da pessoa ou da organização e usar
a substância do argumento contra aqueles que podem insistir em afirmar contra-
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
sensos do tipo daqueles que foram defendidos pelas pessoas contra quem polemizei
duas décadas atrás. Além disso, aqueles contra os quais polemizei são insignificantes
hoje, ou eram talvez insignificantes também naquela época. Porém, contra-sensos
similares têm emergido de setores mais significativos, cujos discursos têm peso,
influência e autoridade. Minha esperança é de que minhas polêmicas contra meus
opositores tenham o efeito desejado de contrariar contra-sensos igualmente
perniciosos desses setores de alto nível.
Com estas palavras concluo este prefácio, expressando a esperança de que ele
constituirá uma útil contribuição, por menor que seja, na luta contra o trotskismo e o
revisionismo e na defesa das proposições eternamente verdadeiras do marxismo-
leninismo. Não tive a pretensão de dizer absolutamente qualquer coisa de original, ao
escrever este livro. O que tenho a dizer nele será de conhecimento comum das antigas
gerações de marxistas leninistas. Porém, para nossa desgraça, o conhecimento do que
deveria ser verdade geralmente conhecida está se tornando cada vez menor na
geração mais jovem. Nós encontramos camaradas jovens que desejam juntar-se ao
movimento e ajudar-nos em nosso trabalho. O que devemos fazer com esses
camaradas? Respondo essa questão com as seguintes palavras de Stalin: "Penso que a
reiteração sistemática e a explicação paciente das verdades supostamente do
'conhecimento geral' é um dos melhores métodos de educar estes camaradas no
marxismo" (Stalin, Economic Problems of Socialism in the URSS, FLPH, Pequim, p. 9).
Notas
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
Isto teria isolado o Partido das massas e o tornado uma organização incapaz de reunir
forças para outro levante revolucionário.
Lênin mostrou que a visão dos otzovistas era inconsistente, sem princípios e hostil ao
marxismo. Em uma conferência de um extenso corpo editorial do jornal bolchevique
Proletary, em junho de 1909, foi aprovada uma resolução afirmando que "como uma
tendência nítida na RSDLP, o bolchevismo nada tem em comum com os otzovistas ou o
ultimatismo " (uma variedade do otzovismo). A. Bogdanov, o líder do otzovismo, foi
expulso do Partido Bolchevista.
4. "Entre essas lendas deve ser incluída também a estória muito difundida de que
Trotsky foi o "único" ou "organizador principal" da vitória na frente da guerra civil.
Devo declarar, camaradas, a bem da verdade, que esta versão não está de acordo com
os fatos. Estou longe de negar que Trotsky desempenhou um papel importante na
guerra civil. Mas devo declarar enfaticamente que a alta honra de ser o organizador de
nossas vitórias pertence não a indivíduos, mas ao grande corpo coletivo dos
trabalhadores progressistas de nosso país, o Partido Comunista Russo. Talvez não
esteja fora de lugar citar alguns exemplos. Vocês sabem que Kolcjak e Denikin foram
considerados os inimigos principais da República Soviética. Vocês sabem que nosso
país só respirou livremente depois que esses inimigos foram derrotados. Bem, a
história mostra que esses dois inimigos, Kolchak e Denikin, foram rechaçados por
nossas tropas, A DESPEITO dos planos de Trotsky.
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Trotskismo x Leninismo – Lições da História – Harpal Brar
KOLCHAK. Isto ocorreu no verão de 1919. Nossas tropas estão avançando contra
Kolchak e estão operando perto de Ufa. Há uma reunião do Comitê Central. Trotsky
propõe suspender o avanço ao longo da linha do rio Belaya (perto de Ufa), deixando os
Urais nas mãos de Kolchak, e que parte da tropa seja retirada da Frente Oriental e
transferida para a Frente Meridional. Tem lugar um acalorado debate. O Comitê
Central discorda de Trotsky, sendo da opinião de que os Urais, com suas fábricas e
rede ferroviária, não devem ser deixados nas mãos de Kolchak, pois este poderia
facilmente se recompor ali, organizar um força vigorosa e atingir o Volga novamente;
Kolchak deve primeiro ser empurrado para além da cadeia dos Urais, para as estepes
da Sibéria, e somente depois que isto for feito deve-se transferir forças para o sul. O
Comitê Central rejeita o plano de Trotsky. Trotsky apresenta sua renúncia. O Comitê
Central recusa-se a aceitá-la. O Comandante-em-chefe Vatsetis, que apoiou o plano de
Trotsky, renuncia. É substituído por um novo Comandante-em-Chefe, Kamenev. A
partir daquele momento, Trotsky deixa de tomar parte direta nas questões da Frente
Oriental.
DENIKIN: Outono de 1919. A ofensiva contra Denikin não está obtendo sucesso. O anel
de aço' em torno de Mamontov (ataque a Mamontov) está em evidente colapso.
Denikin captura Kursk. Denikin aproxima-se de Orei. Trotsky é convocado da Frente
Meridional, para comparecer a uma reunião do Comitê Central. O Comitê Central
considera a situação alarmante e decide enviar novos líderes militares para a Frente
Meridional e afastar Trotsky. Os novos líderes militares exigem 'nenhuma intervenção'
de Trotsky nas questões da Frente Meridional. As operações na Frente Meridional, até
a captura de Rostov-sobre-o-Don e Odessa por nossas tropas, prosseguem sem
Trotsky.
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