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para o português pelo próprio autor. Publi- Dentre os temas de A História do Diabo
cado pela Livraria Martins Fontes (1965) e encontra-se um questionamento ao nacio-
depois pela Annablume (2005), a obra pa- nalismo. “O nacionalismo é uma máscara
rodia textos bíblicos e aborda temas recor- romântica da luxúria que conseguiu enganar
rentes no imaginário ocidental: luxúria, ira, a inibição e penetrou, assim disfarçada, a su-
gula, inveja, avareza, soberba, a preguiça e a perfície dos acontecimentos”. E o autor ain-
tristeza do coração. da acrescenta que o nacionalismo é uma das
Em uma resenha publicada na revista vitórias mais impressionantes do diabo pelo
Communicare, Mônica Maria Martins de fato de ter “todas as características diabólicas
Souza, doutora em Comunicação e Semi- em grau elevado” (2005:85).
ótica e professora da Faculdade Anchieta, No livro destaca-se também a diferença
destaca que “Flusser considera que escrever cara ao autor entre conversação e conver-
sobre o diabo é embrenhar-se em confusão sa fiada, quando lembra que “as palavras,
ética, portanto, pecar, mas não escrever é que na conversação autêntica são conceitos,
tornar-se autoconsciente disso. Refletir a res- transformam-se, na conversa fiada, em pre-
peito é deparar-se com a dúvida, a essência conceitos” (2005:153).
do homem. Viver é lançar-se ao inferno, tão
ou mais prazeroso que os céus” (2004:174). Da Religiosidade
Mônica Martins de Souza lembra que:
Publicado originalmente pela Imprensa
Através de cenários, de imagens e da discus-
são a respeito das imagens, Flusser oferece Oficial para a Comissão Estadual de Cultura
uma grande contribuição à teoria da mídia, do Estado de São, em 1967, a última edição
tratada a partir da concepção das relações de Da Religiosidade recebeu um acréscimo
espaciais, a partir da criação de vínculos. em seu título na publicação da Editora Escri-
Lembra do mito do início e do tempo como turas (2002): Da Religiosidade. A literatura e
dimensão do espaço. No início, o Senhor
o senso de realidade.
deu a corda, de onde se desenrolaram o céu
e a terra. Quando ela desenrolasse intei- Da Religiosidade reúne dezessete ensaios.
ramente, o início estaria findo. Sendo isso Onze deles publicados no Suplemento Literá-
obscuro, e na obscuridade, o significado se rio do jornal O Estado de S. Paulo, bem como
esconde e se revela, criaram-se céu e ter- outros textos publicados na Revista Brasileira
ra, espaço e tempo. Então, Deus arrancou de Filosofia, na Revista do Instituto Tecnológico
um pedaço do ser em si e o mergulhou na
da Aeronáutica, na Revista Comentário, na Di-
correnteza do tempo. A identidade entre o
tempo e o diabo torna-se, então, o princí- álogo e também um artigo publicado na Re-
pio do progresso, transformação da realida- vista Brasileña de Cultura, editada em Madrid.
de em irrealidade (Martins, 2004:174). A literatura, para Flusser, é “o lugar no
qual se articula o senso de realidade. E senso
Ao comentar esta obra de Flusser, no arti- de realidade é, sob certos aspectos, sinônimo
go Os elementos pós-modernos na obra brasi- de religiosidade” (Flusser, 2002:13). O autor,
leira de Vilém Flusser, a pesquisadora tcheca depois de observar que “senso de realidade” é
Eva Batlickova mostra que o autor “logica- sinônimo de “religiosidade”, acrescenta:
mente, mas de maneira incomum, liga Deus
com tudo que se encontra fora do tempo e Real é aquilo no qual acreditamos. Durante
com tudo que é individual”. Por outro lado, a época pré-cristã o real era a natureza, e
mostra que “o Diabo desempenha o papel as religiões pré-cristãs acreditam nas for-
ças da natureza que divinizam. Durante
do construtor da história, porque, em con- a Idade Média o real era o transcendente,
traste com Deus, passou a existir a partir de que é o Deus do cristianismo. Mas a par-
um determinado momento e assim tem uma tir do século XV o real se problematiza. A
história” (Batlickova, 2004). natureza é posta em dúvida, perde-se a fé
no transcendente. Com efeito, nossa situa- sas. Gustavo Bernardo, ao comentar o livro
ção é caracterizada pela sensação do irreal Natural:mente, afirma que o autor propõe a
e pela procura de um senso novo de reali- suspensão das principais crenças. De acordo
dade. Portanto, pela procura de uma nova
religiosidade. Esse o tema dos ensaios esco- com Bernardo:
lhidos (Flusser, 2002:13).
A proposta se explicita desde o título
ambíguo do seu livro de contos/ensaios,
Neste livro destaca-se um artigo denomi-
Natural:mente. Fala-se ‘naturalmente’, uma
nado O Funcionário, no qual aborda o tema palavra só. Mas o ‘natural’, propriamen-
da liberdade, considerando que aqueles que te dito, ‘mente’; é desta constatação que
trabalham com aparelhos, os funcionários, emerge a obra de Flusser. É possível pro-
agem em função dos aparelhos e não podem jetar um mapa e consultá-lo para se orien-
escolher. Este tema fundamental, depois de- tar na paisagem – ou consultar a paisagem
para se orientar no mapa. Todavia, quan-
senvolvido por Flusser em A Filosofia da Cai-
do se trata de tomar decisões, mapas não
xa Preta, continua instigando as pesquisas a servem: ‘Decisões autênticas são absurdas’
respeito da liberdade no contexto das redes (Bernardo, 2002:89).
de computadores.
No final da obra Flusser justifica o fato de
publicar um volume sobre as paisagens eu-
Natural:mente
ropéias no contexto da literatura brasileira.
Publicado em 1979 pela Livraria Duas Lembra que o livro “foi escrito por quem vi-
Cidades, o livro Natural:mente: vários acessos veu a maior parte de sua vida no Brasil e vol-
ao significado da natureza reúne um conjun- tou para a Europa natal com mente e sensibi-
to de ensaios que Flusser escreveu para diver- lidade fortemente abrasileiradas” (1979: 47).
sas revistas brasileiras, americanas, alemãs,
francesas e especialmente para o Suplemento Pós-História
Literário do jornal O Estado de S. Paulo. Os
ensaios, redigidos a partir da observação de O livro Pós-História. Vinte instantâneos e
paisagens européias e publicados pela pri- um modo de usar foi publicado em 1983 pela
meira vez em Paris, apresentam títulos em Editora Duas Cidades. O livro está organiza-
forma de “guia turístico”: caminhos, vales, do em pequenos textos que podem ser lidos
pássaros, chuva, o cedro no parque, vacas, em qualquer ordem. O sumário indica um
grama, dedos, a lua, montanhas, a falsa pri- panorama dos temas abordados: modos de
mavera, prados, ventos, maravilhas, botões, usar, o chão que pisamos, nosso céu, nosso
neblina e natural:mente. programa, nosso trabalho, nosso saber, nos-
No último ensaio de Natural:mente o au- sa saúde, nossa comunicação, nosso ritmo,
tor indica que a mesma pretende “ilustrar nossa morada, nosso encolhimento, nossa
como a cultura, longe de libertar o homem roupa, nossas imagens, nosso jogo, nosso di-
da determinação pelas forças da natureza, se vertimento, nossa espera, nosso receio, nossa
constitui em condição determinadora. Por- embriaguez, nossa escola, nosso relaciona-
tanto, em ‘segunda natureza’” (1979:137). mento e, por fim, retorno.
Na medida em que os ensaios mostram a Os leitores devem ter o cuidado de não
vacuidade do termo natureza, o autor indica confundir o título do livro Pós-História com
que na verdade escreveu um livro a respeito os estudos a respeito da pós-modernidade na
de filosofia da ciência, da história da ciência perspectiva da obra La Condition Postmo-
ou a respeito de questões epistemológicas. derne de Jean-François Lyotard. Pós-história
Flusser mostra que a crise da ciência exige “é um conceito irônico, em contraposição à
uma reformulação radical tanto dos méto- seriedade patética que cerca o chamado pós-
dos quanto do interesse da mesma pelas coi- moderno” (Bernardo, 2002:127).
pectiva artística que insurge contra o progra- significativa na qual as idéias se interrelacio-
ma e resgata artisticamente a liberdade. nam magicamente”.
Ao tratar as imagens como “superfícies
que pretendem representar algo” (2002:7), o Os gestos
autor está se referindo à subtração de algo,
isto é, mostra que a imagem é a principal Em 1991 o autor publicou Gesten. Versu-
ferramenta da desmaterialização das coi- ch einer Phänomenologie pela editora alemã
sas e dos corpos. Flusser ainda mostrará, na Bollmann Verlag. A obra, inédita em portu-
continuação de suas obras, a diferença entre guês, foi traduzida para o espanhol pela Edi-
imagens tradicionais (bidimensionais) e as tora Herder em 1994 como Los Gestos. Feno-
imagens técnicas (nulodimensionais). menología y Comunicación.
É interessante observar que esta obra en-
cerra toda uma pesquisa sobre a observação
Flusser usa a palavra aberta, minuciosa e compreensiva dos gestos
fotografia como pretexto mais simples em pleno momento do desen-
para compreender o volvimento da telemática. Assim, Los Gestos,
é uma obra madura que revela que todo ca-
funcionamento das minho percorrido pelo autor foi marcado
sociedades que traba- por uma postura filosófica com metodologia
lham mais com imagens fenomenológica.
do que com textos No capítulo O gesto de escrever 1 encontra-
se um exemplo dessa perspectiva fenomeno-
lógica pela qual o pensador deixa-se tocar,
abre-se para observar um gesto, descreve-o
Gustavo Bernardo, para decifrar a noção com uma sensibilidade impar:
do “funcionário” que utiliza aparelhos já
Para podermos escrever necessitamos – en-
montados e programados, faz uma relação
tre outras coisas – dos seguintes fatores: uma
entre a filósofa alemã Hannah Arendt (1906- superfície (a folha de papel), um instrumen-
1975) e Vilém Flusser. to (uma caneta, esferográfica), uns signos
(letras), uma convenção (o significado das
Hannah Arendt, ao estudar a banalidade letras), umas regras (a ortografia), um siste-
do mal, se perguntou como gente insignifi- ma (a gramática), um sistema marcado pelo
cante foi transformada pelo aparelho nazis- sistema da língua( um conhecimento se-
ta em funcionários poderosos. Flusser ten- mântico da língua em questão), uma men-
tou olhar o outro lado do problema: gente sagem para escrever ( as idéias ) e a escrita. A
responsável e culta sendo transformada complexidade não está tanto na pluralidade
em funcionários insignificantes que pro- dos fatores indispensáveis quanto na sua he-
movem, sem o perceber, males gigantescos, terogeneidade (Flusser, 1991:32).
adequados aos aparelhos agigantados que
os empregam (Bernardo, 2002:176). Assim, para o autor, “os gestos são movi-
mentos do corpo que expressam uma inten-
O último capítulo de Filosofia da Caixa
ção” (1991:14). Uma Teoria dos Gestos seria
Preta, intitulado Glossário para uma futu-
a “disciplina interpretativa (semiológica)
ra filosofia da fotografia, apresenta termos
das manifestações fenomenais da liberdade”,
como: aparelho: “brinquedo que simula um
definiu o autor em uma carta a Celso Lafer,
tipo de pensamento”, fotógrafo: “pessoa que
professor de filosofia do direito da USP, em
procura inserir na imagem informações não
1975 (Lafer in Flusser, 1999:15).
previstas pelo aparelho fotográfico”, funcio-
nário: “pessoa que brinca com aparelho e
age em função dele” e imagem: “superfície 1
Citação traduzida do espanhol por Maria Helena Charro.
te neste livro. O autor explicita que reflete so- ouvido e a política; mostra que o ouvido é
bre os abismos que separam os homens e as muito mais político que a vista, que o silêncio
pontes que atravessam tais abismos, porque é o maior dos luxos, que o engajamento po-
flutua, ele próprio, por cima deles. lítico é um engajamento “em barulho”. Com
suas palavras, com a política “[...] pretende-
Ficções Filosóficas se harmonizar o barulho. Em alemão ‘voto’
é ‘voz’ (stimme). Trata-se de harmonizar as
Publicado em 1998 pela Edusp, o livro esferas. Fazer do barulho concerto (não con-
Ficções Filosóficas reúne 35 artigos, a intro- senso) (Flusser, 1998:62).
dução da advogada Maria Lília Leão e a apre- Na mesma coletânea destaca-se também
sentação de Milton Vargas, professor da USP. um instigante texto a respeito da canção
O livro reúne artigos publicados em perió- Deixa Isso Pra Lá, composta por Edson Me-
dicos brasileiros, cinco traduções de ensaios nezes e Alberto Paz, e interpretada por Jair
publicados na Europa e um texto inédito Rodrigues: “Deixa que falem, que digam,
com o título Pontificar. que pensem; deixe isto pra lá. Eu não estou
Em uma carta dirigida a Maria Lilia Leão, fazendo nada, você também. Faz mal bater
que introduz o livro com o texto Flusser e a um papo assim gostoso com alguém? Vem
liberdade de pensar, Vilém Flusser comenta o pra cá, o que é que tem?”. Com o texto in-
título do livro. titulado Deixe isto pra lá, Flusser analisa a
consciência coletiva indicando que a canção
Quanto ao título ‘ficção filosófica’: há muito revela uma desilusão total com os valores da
tempo estou com a idéia de que o tratado
sociedade, “o abandono desses valores e sua
filosófico (texto alfanumérico sobre) não
mais se adequa à situação da cultura; de que substituição pela inautenticidade do bate-
os filósofos acadêmicos são gente morta, e papo” (Flusser, 1998:77-82).
que a verdadeira filosofia atual é feita por
gente como Fellini, os criadores de clips, Bodenlos: uma autobiografia filosófica
ou os que sintetizam imagens. Mas como
eu próprio sou prisioneiro do alfabeto, e A obra foi publicada na Alemanha logo
como sou preso da vertigem filosófica, devo
após a morte do autor, reunindo textos es-
contentar-me em fazer textos que sejam
pré-textos para imagens. A maneira de fazê- critos após sua volta para a Europa, em 1972.
lo é escrever fábulas, por que o fabuloso é No prefácio da edição brasileira (2007), inti-
o limite do imaginável. Escrevi e publiquei tulado A Gente de Flusser, Bernardo explica a
uma fábula animal, Vampyrotheutis Infer- preferência do autor pela expressão “a gente
nalis, sobre a qual Abraham Moles escreveu no lugar da primeira pessoa do singular, eu,
que inicia método filosófico futuro, e meus
ou do plural de modéstia, nós”, bem como o
ensaios não aparentemente fabulosos, na re-
alidade se querem ficcionais (Flusser apud próprio sobrenome do autor que sugere o
Leão in Bernardo e Mendes, 2000:18). fluir de um rio (Fluss, em alemão).
A obra está organizada em quatro seções:
Para o leitor brasileiro fica a curiosidade monólogo, diálogo, discurso e reflexões. Na
pelo Vampyrotheutis Infernalis (Flusser; Bec, seção Monólogo encontramos oito temas:
1987), citado na carta acima. Trata-se de um atestado de falta de fundamento, Praga en-
monstro criado em colaboração com o ‘bi- tre as guerras, a invasão nazista, a Inglaterra
ólogo-fantasista’ francês Louis Bec, descrito sitiada, a guerra em São Paulo, o jogo do sui-
sobre forma ‘fantasiosamente científica’, que cídio e do Oriente, a natureza brasileira e a
vive isolado nas profundidades oceânicas. língua brasileira. Na seção Diálogo apresenta
Ainda em Ficções Filosóficas, destaca-se o as conversações com Alex Bloch, Milton Var-
ensaio Hearing Aids, no qual o autor faz uma gas, Vicente Ferreira da Silva, Samson Flexor,
importante reflexão sobre a relação entre o João Guimarães Rosa, Haroldo de Campos,
Dora Ferreira da Silva, José Bueno, Romy A dúvida é um estado de espírito poliva-
Fink, Miguel Reale e Mira Schendel. Na se- lente. Pode significar o fim de uma fé, ou
ção Discurso apresenta sua leitura da Teoria pode significar o começo de outra. Pode
ainda, se levada ao extremo, ser vista como
da Comunicação e da Filosofia da Ciência. ‘ceticismo’, isto é, como uma espécie de fé
Por fim, a seção Reflexões, explica o que sig- invertida. Em dose moderada estimula o
nifica habitar a casa na apatridade. pensamento. Em dose excessiva paralisa
Através do relato dos diálogos com 11 in- toda atividade mental. [...] A dúvida, aliada
terlocutores, 7 brasileiros e 4 imigrantes (o à curiosidade, é o berço da pesquisa, por-
tcheco Alex Bloch, o artista plástico romeno tanto de todo conhecimento sistemático
(Flusser, 1999:17).
Samson Flexor, o inglês Romy Fink e a artista
plástica suíça Mira Schendel), Flusser mos-
tra que toda construção de sua vida e de sua
Los Gestos é uma obra
produção aconteceu na conversação com in-
terlocutores. Pessoas que também buscavam madura que revela que
a compreensão do mundo e a justificativa todo caminho percor-
para continuar a viver e a manter um engaja- rido pelo autor foi mar-
mento na contemporaneidade. cado por uma postura
filosófica com metodo-
A Dúvida logia fenomenológica
O prefácio de Celso Lafer para A Dúvi-
da (1999) é um texto revelador do percur-
so filosófico de Flusser, das relações com A perspectiva da dúvida é um importante
os interlocutores, das idéias e livros que componente do pensamento de Flusser. Ele
devorou antropofagicamente, à maneira tinha a consciência de fazer parte da primei-
de Oswald de Andrade. Assim, mostra que ra ou segunda geração daqueles para os quais
o positivismo lógico, com seu formalismo, a dúvida da dúvida” não é mais um passa-
era insuficiente para dar conta das inquieta- tempo teórico, mas uma situação existencial”
ções filosóficas de Flusser. Observemos, por (Flusser, 1999:19).
exemplo, o seguinte excerto:
No trato teórico da língua em A Dúvida, O mundo codificado
estão presentes tanto Carnap e Wittgens-
tein quanto Heidegger e Sartre. Em Flus- Publicado pela Cosac Naif em 2007, o
ser, esta confluência se radica na razão livro reúne um conjunto de artigos sobre
vital, que é, à maneira de Ortega y Gasset, comunicação e design. O organizador, Ra-
que ele conhecia bem, uma razão de vida fael Cardoso, reuniu nesta coletânea alguns
na dupla acepção de orientar nossa vida textos traduzidos por Raquel Abi-Sâmara
no mundo e orientar-nos no entendimen-
a partir da obra alemã Vilem Flusser: Vom
to do mundo através de nossa vida” (Lafer
in Flusser, 1999:8). Stande der Dinge (Gottingen: Seidl Verlag,
1993 e 1997), outros textos traduzidos da
O livro, uma versão ampliada e trabalha- coletânea Vilém Flusser: Dinge und Undin-
da de um artigo chamado Da Dúvida, publi- ge: Phänomenologische Skizzen (Munique/
cado em Da Religiosidade (1967), apresenta Viena: Carl Hanser Verlag, 1993) e outros
os seguintes capítulos: introdução, do inte- traduzidos do alemão a partir de originais
lecto, da frase, do nome, da proximidade, e datilografados fornecidos pelo Vilém Flus-
do sacrifício. Pode-se dizer que a dúvida é o ser Archiv. A coletânea, além da introdução
mais espinhoso tema de Flusser, apresentado de Rafael Cardoso, que chega a apresentar
logo no início deste livro: Flusser como um dos maiores pensadores
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