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A ordem do discurso: Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970
A ordem do discurso: Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970
A ordem do discurso: Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970
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A ordem do discurso: Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970

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About this ebook

Por Laura Fraga de Almeida Sampaio, tradutora do livro

A aula inaugural, que Foucault pronunciou ao assumir a cátedra vacante no Collège de France pela morte de Hyppolite, pode ser considerada um texto de ligação entre suas obras, datadas dos anos 60, como História da loucura, As palavras e as coisas, A arqueologia do saber, centradas predominantemente na análise das condições de possibilidade das ciências humanas, e as que se seguiram a maio de 68, como Vigiar e punir, voltados ao exame da microfisica do poder.

Foucault desvenda a relação entre as práticas discursivas e os poderes que as permeiam. Ao perceber os diversos procedimentos que cerceiam e controlam os discursos da sociedade, o autor comprova que "o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo pelo que se luta, o poder de queremos nos apoderar".

Na segunda parte do texto, Foucault anuncia a direção em que prosseguirá suas investigações no decorrer dos cursos no Collège de France, apontando para o que denomina o "conjunto crítico" e o "conjunto genealógico" e lança o projeto de estudo das interdições que atingem o discurso da sexualidade. A este trabalho dedicará muitos anos, após a publicação do primeiro volume da História da sexualidade, em 1976: A vontade de saber (uso dos prazeres, vol.2, O cuidado de si, vol, 3, ambos de 1984).
LanguagePortuguês
Release dateMar 29, 1996
ISBN9788515045884
A ordem do discurso: Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970

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    Leitura breve e complexa, no entanto, consegue explicar/introduzir termos para iniciantes na leitura Foucaultiana.

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A ordem do discurso - Michel Foucault

MI­CHEL

FOU­CAULT

A OR­DEM DO DIS­CUR­SO

aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970

TRA­DU­ÇÃO

Lau­ra Fra­ga de Al­mei­da Sam­paio

Tí­tu­lo ori­gi­nal:

Le­çon inau­gu­ra­le au Collè­ge de Fran­ce

pro­non­cée le 2 dé­cem­bre 1970

© Fran­ci­ne Fru­chaud e Denys Fou­cault, Pa­ris

Pu­bli­ca­do na Fran­ça por Édi­ti­ons Gal­li­mard, Pa­ris, 1971

Da­dos In­ter­na­ci­o­nais de Ca­ta­lo­ga­ção na Pu­bli­ca­ção (CIP)

(Câ­ma­ra Bra­si­lei­ra do Li­vro, SP, Bra­sil)


Fou­cault, Mi­chel, 1926-1984.

A or­dem do dis­cur­so: aula inau­gu­ral no Collè­ge de Fran­ce, pro­nun­ci­a­da em 2 de de­zem­bro de 1970 / Mi­chel Fou­cault ; tra­du­ção Lau­ra Fra­ga de Al­mei­da Sam­paio. — São Pau­lo: Edi­ções Loyo­la, 2019. — (Lei­tu­ras fi­lo­só­fi­cas)

Tí­tu­lo ori­gi­nal: L’or­dre du dis­cours: le­çon inau­gu­ra­le au Collè­ge de Fran­ce

ISBN 978-85-15-04588-4

1. Ciên­cia po­lí­ti­ca — Fi­lo­so­fia I. Tí­tu­lo. II. Sé­rie.

13-07812

CDD-194


Ín­di­ces para ca­tá­lo­go sis­te­má­ti­co:

1. Fou­cault : Obras fi­lo­só­fi­cas — 194

Con­se­lho edi­to­ri­al:

Ivan Do­min­gues (UFMG)

Ju­ve­nal Sa­vi­an (UNI­FESP)

Mar­ce­lo Pe­ri­ne (PUC-SP)

Ma­rio A. G. Por­ta (PUC-SP)

Ro­gé­rio Mi­ran­da de Al­mei­da (PUC-PR)

Edi­ção de tex­to: Mar­cos José Mar­ci­o­ni­lo

In­di­ca­ção edi­to­ri­al: Pro­fa. Dra. Sal­ma Tan­nus Mu­chail

Capa: Inês Rui­vo

Di­a­gra­ma­ção: Ro­nal­do Hi­deo Inoue

Edi­ções Loyo­la Je­su­í­tas

Rua 1822, 341 - Ipi­ran­ga

04216-000 São Pau­lo, SP

T 55 11 3385 8500/8501 • 2063 4275

edi­to­ri­al@loyo­la.com.br

ven­das@loyo­la.com.br

www.loyo­la.com.br

To­dos os di­rei­tos re­ser­va­dos. Ne­nhu­ma par­te des­ta obra pode ser re­pro­du­zi­da ou trans­mi­ti­da por qual­quer for­ma e/ou quais­quer mei­os (ele­trô­ni­co ou me­câ­ni­co, in­clu­in­do fo­to­có­pia e gra­va­ção) ou ar­qui­va­da em qual­quer sis­te­ma ou ban­co de da­dos sem per­mis­são es­cri­ta da Edi­to­ra.

ISBN 978-85-15-04588-4

1ª edi­ção di­gi­tal: 2019

© EDI­ÇÕES LOYO­LA, São Pau­lo, Bra­sil, 1996

Gos­ta­ria de me in­si­nu­ar sub-rep­ti­ci­a­men­te no dis­cur­so¹ que devo pro­nun­ci­ar hoje, e nos que de­ve­rei pro­nun­ci­ar aqui, tal­vez du­ran­te anos. Ao in­vés de to­mar a pa­la­vra, gos­ta­ria de ser en­vol­vi­do por ela e le­va­do bem além de todo co­me­ço pos­sí­vel. Gos­ta­ria de per­ce­ber que no mo­men­to de fa­lar uma voz sem nome me pre­ce­dia há mui­to tem­po: bas­ta­ria, en­tão, que eu en­ca­de­as­se, pros­se­guis­se a fra­se, me alo­jas­se, sem ser per­ce­bi­do, em seus in­ters­tí­cios, como se ela me hou­ves­se dado um si­nal, man­ten­do-se, por um ins­tan­te, sus­pen­sa. Não ha­ve­ria, por­tan­to, co­me­ço; e em vez de ser aque­le de quem par­te o dis­cur­so, eu se­ria, an­tes, ao aca­so de seu de­sen­ro­lar, uma es­trei­ta la­cu­na, o pon­to de seu de­sa­pa­re­ci­men­to pos­sí­vel.

Gos­ta­ria de ter atrás de mim (ten­do to­ma­do a pa­la­vra há mui­to tem­po, du­pli­can­do de an­te­mão tudo o que vou di­zer) uma voz que dis­ses­se: É pre­ci­so con­ti­nu­ar, eu não pos­so con­ti­nu­ar, é pre­ci­so con­ti­nu­ar, é pre­ci­so pro­nun­ci­ar pa­la­vras en­quan­to as há, é pre­ci­so dizê-las até que elas me en­con­trem, até que me di­gam — es­tra­nho cas­ti­go, es­tra­nha fal­ta, é pre­ci­so con­ti­nu­ar, tal­vez já te­nha acon­te­ci­do, tal­vez já me te­nham dito, tal­vez me te­nham le­va­do ao li­mi­ar de mi­nha his­tó­ria, di­an­te da por­ta que se abre so­bre mi­nha his­tó­ria, eu me sur­preen­de­ria se ela se abris­se.

Exis­te em mui­ta gen­te, pen­so eu, um de­se­jo se­me­lhan­te de não ter de co­me­çar, um de­se­jo de se en­con­trar, logo de en­tra­da, do ou­tro lado do dis­cur­so, sem ter de con­si­de­rar do ex­te­ri­or o que ele po­de­ria ter de sin­gu­lar, de ter­rí­vel, tal­vez de ma­lé­fi­co. A essa as­pi­ra­ção tão co­mum, a ins­ti­tui­ção res­pon­de de modo irô­ni­co; pois que tor­na os co­me­ços so­le­nes, cer­ca-os de um cír­cu­lo de aten­ção e de si­lên­cio, e lhes impõe for­mas ri­tu­a­li­za­das, como para si­na­li­zá-los à dis­tân­cia.

O de­se­jo diz: "Eu não que­ria ter de en­trar nes­ta or­dem ar­ris­ca­da do dis­cur­so; não que­ria ter de me ha­ver com o que tem de ca­te­gó­ri­co e de­ci­si­vo; gos­ta­ria que fos­se ao meu re­dor como uma trans­pa­rên­cia cal­ma, pro­fun­da, in­de­fi­ni­da­men­te aber­ta, em que os ou­tros res­pon­des­sem à mi­nha ex­pec­ta­ti­va, e de onde

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