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A ORIGEM DO TERCEIRO SETOR NO BRASIL

Dr. Arcênio Rodrigues da Silva

Advogado, Procurador da Fundação Faculdade de Medicina, Membro do


Conselho Deliberativo da APF

Quando iniciei minha atuação profissional, há mais ou menos 20 anos, junto às


organizações sociais sem finalidade lucrativa, instituídas para fins nobres na
assistência aos mais necessitados, constatei que eram tratadas com enorme
desconfiança pelo Estado e pela própria sociedade.

Com o passar dos tempos, e, principalmente com o agravamento das carências


sociais onde o Estado já não conseguia atender a todas às demandas, as
organizações sociais passaram a ocupar papel de destaque no desenvolvimento de
ações sociais com enorme repercussão em determinadas camadas da população.

Era o início da consagração de um movimento iniciado no Brasil na década de 70,


denominado Terceiro Setor que surgiu para ocupar um espaço público não estatal
fundamentalmente na realização de atividades sociais aos que mais necessitam.

Assim, em todas as partes do mundo, o Terceiro Setor surgiu como um movimento


para a retomada dos princípios da solidariedade por intermédio da sociedade civil
organizada, alcançando setores carentes da sociedade há muito esquecido pelo
Estado.

Foi assim denominado, pois é constituído de entidades de interesse social, de


caráter privado, não inseridas na seara das instituições criadas e mantidas pelo
Estado denominado Primeiro Setor, não possuindo qualquer conotação lucrativa, ou
seja, não inseridas no setor capitalista denominado Segundo Setor. Desse modo,
são consideradas entidades do Terceiro Setor as associações, fundações, entidades
de assistência social, educação, saúde, esporte, meio ambiente, cultura, ciência e
tecnologia, organizações não-governamentais (ONGs), todas, sem exceção,
exercendo atividades de interesse social sem finalidade lucrativa.

Atualmente, a importância do Terceiro Setor é comprovadamente reconhecida se


levarmos em conta o esgotamento do Estado e o enorme déficit social do País.

As entidades do Terceiro Setor, justamente por não possuírem finalidade lucrativa,


constituem-se predominantemente sob a forma de associação ou fundação. Outras
denominações como ONG, Instituto, Pacto, Movimento, Confraria, etc., não são
conceitos propriamente jurídicos, podendo ser considerados "nomes fantasia" das
entidades. Por outro lado, as formas de sociedade civil e comercial não podem ser
adotadas por entidades sem fins lucrativos, exatamente porque pressupõe a busca
e repartição de lucro.

Por outro lado, por sua finalidade de interesse social sem qualquer finalidade
lucrativa, o legislador constitucional impôs uma limitação constitucional ao Estado
no seu poder de cobrar tributos, das organizações sociais inseridas no Terceiro
Setor, conforme especificados na Constituição Federal. Neste caso, a imunidade se
justifica por meio da renúncia do Estado a parte de sua arrecadação como meio de
reconhecimento da sua impossibilidade em prestar determinados serviços que são,
a princípio, de sua alçada, assumidos por estas organizações sociais.

O problema é que a atual política econômica e fiscal não tem reconhecido a


crescente importância social do Terceiro Setor. Ao contrário, as iniciativas do
Estado em matérias tributárias têm sido cada vez mais restritivas. Insiste-se em
desconhecer o papel desenvolvido pelo Terceiro Setor e, pior ainda, causa enorme
insegurança jurídica para os gestores e conseqüentemente para aqueles que são
diretamente assistidos em programas desenvolvidos pelas organizações sociais.

O Terceiro Setor, dessa forma, passa por um momento de enorme instabilidade,


considerando que o desrespeito à norma constitucional pelo Estado é cada vez mais
flagrante, levando as organizações sociais, na maioria das vezes, a completa
inviabilidade do cumprimento do seu papel social.

Sente o Terceiro Setor cada vez mais distante de seu alcance o cumprimento dos
seus direitos assegurados na Constituição Federal de 1988, que expressamente
vedou no artigo 150, inciso VI "c", a instituição de tributos pelo Estado das
organizações sociais sem finalidade lucrativa.

Ao contrário, o Estado, com sua voracidade arrecadatória, para fazer frente às suas
despesas, nem sempre justificadas, cria barreiras quase que intransponíveis para
que entidades sociais possam usufruir o direito constitucional tributário conquistado
na Carta Magna de 1988.

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