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6ª Conferência sobre
Tecnologia de Equipamentos

TINTAS DE BASE AQUOSA X TINTAS A BASE DE SOLVENTES


ORGÂNICOS – DESEMPENHO À CORROSÃO DOS ESQUEMAS DE
PINTURA

Fernando de Loureiro Fragata


Centro de Pesquisas de Energia Elétrica – CEPEL
fragata@cepel.br

Elisabete M. Almeida
Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial – INETI
elisabete.almeida@mail.ineti.pt

Manuel Morcillo
Centro Nacional de Investigaciones Metalúrgicas – CENIM
director@cenim.csic.es

6°° COTEQ Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos


22°° CONBRASCORR – Congresso Brasileiro de Corrosão
Salvador – Bahia
19 a 21 de agosto de 2002

As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade


dos autores.
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Tecnologia de Equipamentos

SINÓPSE

Neste trabalho, os autores apresentam, com base nas pesquisas realizadas até o
momento, as quais envolveram a realização de ensaios acelerados e não acelerados
de corrosão, uma série de considerações técnicas importantes a respeito do
desempenho à corrosão de esquemas de pintura com tintas de base aquosa e a base de
solventes orgânicos. Os resultados obtidos mostram que, dentre os diversos
esquemas de pintura estudados, existem vários, com tintas de base aquosa, capazes
de proporcionar uma proteção anticorrosiva satisfatória ao aço, desde que sejam
corretamente especificados em função da agressividade atmosférica e que as tintas
possuam qualidade adequada.

Palavras-chave: Tintas de base aquosa, proteção anticorrosiva.


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1. INTRODUÇÃO

As leis de proteção ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores têm, em nível


mundial, contribuído para que as indústrias, de uma forma geral, desenvolvam e
utilizem produtos de baixo índice de toxicidade. Neste sentido, no campo dos
revestimentos anticorrosivos por pintura, as tinta s de base aquosa vêm ganhando uma
importância muito grande na proteção do aço contra à corrosão atmosférica.
Entretanto, em muitos países, principalmente naqueles que não possuem uma
legislação específica que trata do tema “tintas x meio ambiente”, ainda existe uma
certa resistência, por parte de algumas empresas, em utilizar as tintas de base aquosa
na proteção anticorrosiva de estruturas de aço. Parte desta resistência pode ser
atribuída à desconfiança que algumas delas têm, por falta de conhecimento, com
relação ao desempenho anticorrosivo das tintas de base aquosa, principalmente em
relação ao daquelas a base de solventes orgânicos. Além disso, a mudança de
tecnologia em qualquer setor não é uma tarefa fácil. É óbvio que estes fatores tendem
a inibir, em grande escala, a utilização desta nova tecnologia de tintas.

Um outro aspecto importante a destacar é o fator custo. Muitas empresas, e isto é


fato, entendem que, em princípio, os esquemas de pintura com tintas de base aquosa
têm que possuir custo inferior ao das tintas a base de solventes orgânicos,
principalmente pelo fato delas utilizarem a água como diluente. Este tipo de
raciocínio está errado, uma vez que as tintas anticorrosivas de base aquosa, do ponto
de vista tecnológico, são bem mais complexas do que aquelas a base de solventes
orgânicos. Além disso, a avaliação de custos de esquemas de pintura não pode levar
em consideração somente o custo inicial. Há que se avaliar por exemplo, a facilidade
de manutenção, a legislação vigente no país e os aspe ctos de segurança.

Em função dos fatores acima mencionados, os autores do presente trabalho têm


dedicado bastante tempo, em seus respectivos institutos, ao desenvolvimento de
projetos de pesquisa com o objetivo de avaliar o desempenho de novos revestimentos
anticorrosivos menos agressivos ao meio ambiente, bem como à saúde dos
trabalhadores. Dentro deste contexto, as tintas anticorrosivas de base aquosa têm sido
alvo de constantes investigações. Como conseqüência, diversos trabalhos, contendo
os resultados das pesquisas realizadas, já foram publicados a respeito do tema em
questão (1-5). Neste sentido, um dos estudos mais importantes foi desenvolvido
dentro da Rede Temática PATINA “Proteção Anticorrosiva de Metais na
Atmosfera”, a qual foi criada no âmbito do CYTED (Programa Iberoamericano de
Ciencia y Tecnologia para el Desarrollo), que é um organismo internacional
coordenador e financiador de projetos de integração entre os países iberoamericanos.
Através dos trabalhos realizados pelos diferentes grupos de estudo foi possível
avaliar, em atmosferas com diferente categorias de corrosividade, previamente
classificadas (6) de acordo com a norma ISO 9223 (7), o desempenho à corrosão de
esquemas de pintura com tintas de base aquosa e a base de solventes orgânicos (8).

Neste trabalho, os autores apresentam, com base nas pesquisas realizadas até o
momento, as quais envolveram a realização de ensaios acelerados e não acelerados
de corrosão, uma série de considerações técnicas importantes a respeito do
desempenho à corrosão de esquemas de pintura com tintas de base aquosa e a base de
solventes orgânicos. Também são apresentados alguns dos principais resultados
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obtidos nos ensaios não acelerados de corrosão conduzidos em duas atmosferas de


elevada agressividade, uma marinha e outra industrial, com categorias de
corrosividade > C5 e C5, respectivamente, de acordo com a classificação ISO 9223.

É importante destacar que as referidas considerações foram elaboradas com base no


desempenho dos produtos disponíveis no mercado na época da realização dos
estudos e fornecidos por quatro importantes fabricantes de tintas com
reconhecimento em nível internacional neste campo de atuação. É possível que, com
os constantes avanços tecnológicos no setor de tintas anticorrosivas, novos produtos
com melhor desempenho venham a surgir no mercado. Também é importante
ressaltar que não foi objeto do presente trabalho discutir os aspectos envolvendo o
desempenho dos esquemas de pintura com as formulações das tintas. Além da
complexidade das tintas de base aquosa, em relação àquelas a base de solventes
orgânicos, as formulações são privativas dos respectivos fabricantes. Por estas
razões, os autores não discutem os aspectos mencionados anteriormente.

2. METODOLOGIA

A seguir, para facilitar o entendimento do presente trabalho, será apresentado um


resumo da metodologia adotada na condução dos estudos do tema em questão.

2.1 Preparação dos Corpos-de-prova

Basicamente, em todos os estudos realizados, os corpos -de-prova foram


confeccionados a pa rtir de chapas de aço carbono (9), com dimensões compatíveis
com os bancos (“racks”) de exposição de cada uma das estações de corrosão
atmosférica ou com os suportes de fixação dentro das câmaras de ensaios acelerados
de corrosão. A preparação de superfície constou de uma etapa de
desengorduramento, seguida de limpeza por meio de jateamento abrasivo até o grau
de limpeza mínimo Sa2 ½ (metal quase branco) da norma ISO 8501 Parte I (10).
Após a preparação de superfície, os corpos -de-prova foram revestidos com os
esquemas de pintura correspondentes, de acordo com as recomendações dos seus
respectivos fabricantes. Nos ensaios de corrosão foram utilizados corpos -de-prova
com e sem incisão nos revestimentos por pintura.

2.2 Esquemas de Pintura

A descrição completa dos esquemas de pintura com tintas a base de solventes


orgânicos (S) está apresentada na Tabela I. Com relação aos referidos esquemas de
pintura é importante ressaltar que:

➔ Como se pode observar, foram utilizados esquemas com diferentes mecanismos


de proteção anticorrosiva: barreira (S8), inibição anódica (S1) e princípios
básicos da proteção catódica (S7).
➔ A inclusão do esquema S1, que possui tinta de fundo com resina alquídica longa
em óleo de linhaça e pigmentada com zarcão (Pb3O 4), foi simplesmente para fins
comparativos, pelo fato de se tratar de um esquema com propriedades
anticorrosivas bastante conhecidas. Como se sabe, o pigmento zarcão é
extremamente nocivo à saúde humana e, portanto, deve-se evitar a utilização de
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tintas que o contenha. Além disso, trabalho realizado no âmbito da Rede


PATINA (11) mostrou que, no caso de tintas de fundo com resina alquídica longa
em óleo de linhaça, este pigmento pode ser substituído por pigmentos atóxicos
(ex.: fosfato de zinco e/ou óxido de ferro micáceo) sem prejuízo às propriedades
anticorrosivas dos esquemas de pintura.

Quanto aos esquemas elaborados com as tintas de base aquosa (W), a descrição dos
mesmos está apresentada na Tabela II. Com relação aos referidos esquemas, é
importante destacar que quatro importantes fabricantes portugueses de tintas,
codificados como A, B, C e D, todos com reconhecimento em nível internacional,
tomaram parte no estudo, participando, cada um deles, com dois esquemas de pintura
elaborados com tintas de base aquosa (W). Conforme pode ser observado na Tabela
II, existem esquemas de pintura bastante parecidos, com pequenas diferenças em
termos de espessura, porém com tintas de fabricantes diferentes, como por exemplo
os esquemas W1 e W5, W2 e W3 e W4 e W8. O esquema W6 é o único que possui
tinta primária epóxi fosfato de zinco e tinta de acabamento epóxi. Os esquemas W2 e
W3, apesar de possuírem tinta primária epóxi fosfato de zinco, têm tinta de
acabamento acrílica. O esquema W7 possui tinta primária pigmentada com zinco
metálico. Ele difere dos esquemas W4 e W8 pelo fato das tintas intermediária e de
acabamento serem pigmentadas com óxido de ferro micáceo (MIO). Portanto,
observa -se que, além dos diferentes mecanismos de proteção anticorrosiva dos
esquemas de pintura, também se pode observar a influência da tecnologia de
formulação e de fabricação das tintas, já que estas foram provenientes de diferentes
fabricantes, no desempenho dos revestimentos por pintura.

TABELA I – Descrição dos esquemas de pintura com tintas a base de solventes


orgânicos (S)

Esquema Tintas do Esquema Esp. Total (µm)


• 2 demãos de tinta primária alquídica longa em
óleo de linhaça pigmentada com zarcão N 1228 I
S1 (2 x 35 µm)(*) 120
• 2 demãos de acabamento alquídica média-longa
em óleo de soja (2 x 25 µm)
• 1 demão de tinta primária epóxi rica em zinco
(N 1277)(60 µm)(*)
• 1 demão de intermediária epóxi-poliamida óxido
S7 140
de ferro (N 1202)(30 µm)(*)
• 2 demãos de acabamento poliuretano alifático DD
(2 x 25 µm)
• 2 demãos de tinta primária epóxi-aduto de amina,
pigmentada com óxido de ferro (N 1349)
S8 (2 x 45 µm)(*) 140
• 2 demãos de acabamento poliuretano alifático DD
(2 x 25 µm)

(*) Tintas normalizadas pela PETROBRÁS.


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TABELA II – Descrição dos esquemas de pintura com tintas de base aquosa


(W)

Esp. Total Fabricante


Esquema Tintas do Esquema
(µm) das Tintas
1 demão de tinta primária acrílica fosfato de
zinco (75 µm) + 1 demão de intermediária
W1 225
acrílica HB (100 µm) + 1 demão de
acabamento acrílica (50 µm)
A
1 demão de tinta primária epóxi fosfato de
zinco (75 µm) + 1 demão de intermediária
W2 225
epóxi HB (100 µm) + 1 demão de
acabamento acrílica (50 µm)
1 demão de tinta primária epóxi-poliamida
fosfato de zinco (60 µm) + 1 demão de
W3 180
intermediária epóxi (60 µm) + 1 demão de
acabamento acrílica (60 µm)
1 demão de tinta primária epóxi-poliamida B
com zinco metálico (50 µm) + 2 demãos de
W4 intermediária epóxi fosfato de zinco 250
(2 x 75 µm) + 1 demão de acabamento epóxi
(50 µm)
2 demãos de tinta primária acrílica fosfato de
zinco (2 x 60 µm) + 1 demão de
W5 220
intermediária acrílica (50 µm) + 1 demão de
acabamento acrílica (50 µm)
C
2 demãos de tinta primária epóxi-amina
fosfato de zinco (2 x 60 µm) + 1 demão de
W6 220
intermediária epóxi-amina (50 µm) + 1
demão de acabamento epóxi-amina (50 µm)
1 demão de tinta primária epóxi pigmentada
com zinco metálico (60 µm) + 2 demãos de
intermediária epóxi pigmentada com óxido
W7 300
de ferro micáceo (MIO) (2 x 80 µm) + 1
demão de acabamento epóxi pigmentada com
D
MIO (80 µm)
1 demão de tinta primária epóxi pigmentada
com zinco metálico (60 µm) + 1 demão de
W8 260
intermediária epóxi (100 µm) + 1 demão de
acabamento epóxi (100 µm)

2.3 Ensaios de Corrosão

Como descrito anteriormente, a avaliação do desempenho à corrosão dos esquemas


de pintura descritos nas Tabela I e II, foi feita com base nos resultados obtidos nos
ensaios acelerados e não acelerados de corrosão, realizados em laboratório e em
estações de ensaio de corrosão atmosférica, respectivamente.
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No que diz respeito aos ensaios acelerados de corrosão realizados em laboratório, a


descrição completa dos mesmos encontra-se nos trabalhos mencionados nas
referências (1-4), (8) e (11). Basicamente, os ensaios realizados foram os seguintes:

• Exposição à névoa salina contínua (ISO 7253)(12)


• Exposição à névoa salina cíclica (ASTM G 85, ciclo “prohesion”)(13)
• Exposição ao dióxido de enxofre (SO2)(ISO 3231)(14)
• Exposição cíclica à névoa salina e à radiação ultravioleta (ASTM D 5894)(15)
• Exposição à radiação ultravioleta e água (ASTM G 26)(16)
• Exposição a 100% de umidade relativa (DIN 50017)(17)
• Absorção de água, no caso dos esquemas de pintura de base aquosa.

Quanto aos ensaios não acelerados de corrosão, estes foram conduzidos de acordo
com o procedimento estabelecido na norma ISO 8565 (18), em sete estações de
ensaio de corrosão atmosférica com diferentes categorias de corrosividade. No caso
do presente trabalho, todas as considerações técnicas foram elaboradas com base nos
resultados obtidos em quatro estações de ensaio, bem definidas e classificadas com
relação ao tipo de atmosfera e categoria de corrosividade. As estações de ensaio
utilizadas foram: rural, urbana, industrial e marinha. Na Tabela III apresentam-se as
principais características das mesmas (3, 5). A duração dos ensaios nas atmosferas
rural, urbana e industrial foi de quarenta e três meses enquanto que na marinha a
mesma foi de trinta e seis meses.

TABELA III – Principais características das estações de ensaio de corrosão


atmosférica

Tempo de Taxa de corrosão


Taxa de Deposição humedecimen
-2 -1 Classificação (µm/ano) (categoria
Estação mg.m .d País
to (TDH) ISO (*) ISO) (**)
Cl - SO2 classificação Fe Zn
El Pardo
3,9 6,4 τ4 C3 12,6 (C2) 0,2 (C2) Espanha
(rural)
Lumiar τ3
19,6 22,6 C3 33,0 (C3) 0,6 (C2) Portugal
(urbana)
Cubatão τ4
8,1 54,5 C4 159 (C5) 1,3 (C3) Brasil
(industrial)
Sines τ4
203,0 27,0 > C5 365 (>C5) 4,0 (C4) Portugal
(marinha)

(*) Classificação segundo a norma ISO 9223, com base nos dados de climatologia e
de poluição
(**) Com base na taxa de corrosão obtida no primeiro ano de exposição dos metais.

2.4 Ensaios de Avaliação de Desempenho dos Esquemas de Pintura

Os ensaios de avaliação de desempenho dos revestimentos foram realizados de


acordo com a norma ISO 4628 (19). As características avaliadas foram: corrosão
(4628/3), empolamento (4628/2), fendimento ou fissuração (“craking”)(4628/4) e
descascamento ou exfoliação (“flaking”)(4628/5). Além das características citadas,
foi feita a avaliação de desempenho dos revestimentos na região da incisão. Neste
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caso, foi feita a medição do avanço de corrosão, em milímetros (mm), sob o


revestimento por pintura, a partir da incisão.

Além dos ensaios mencionados, os esquemas de pintura também foram avaliados por
meio de técnicas eletroquímicas, com o objetivo de se obter informações técnicas a
respeito dos mecanismos de degradação dos mesmos. Neste sentido, foram utilizadas
as técnicas de impedância eletroquímica e de ruído eletroquímico (3).

3. CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS SOBRE A UTILIZAÇÃO DE ESQUEMAS


DE PINTURA COM TINTAS DE BASE AQUOSA NA PROTEÇÃO
ANTICORROSIVA DO AÇO SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE
AGRESSIVIDADE ATMOSFÉRICA

Conforme mencionado anteriormente, um dos objetivos do presente trabalho é dar,


com base nos resultados obtidos em todos os ensaios realizados, uma visão geral
sobre a utilização de esquemas de pintura com tintas de base aquosa, na proteção
anticorrosiva do aço sob diferentes condições de agressividade atmosférica,
principalmente em comparação com aqueles tradicionais com tintas a base de
solventes orgânic os, obviamente levando-se em consideração o campo de aplicação
de cada um deles e o estágio tecnológico dos produtos utilizados nos estudos. Assim,
os autores esperam contribuir na divulgação e no aprimoramento de tintas
anticorrosivas menos agressivas ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores. Para
facilitar a compreensão das referidas considerações técnicas, estas serão apresentadas
em função do tipo de atmosfera considerada.

3.1 Atmosferas Marinha e Industrial

Como pode ser observado na Tabela III, as duas estações de corrosão atmosférica em
questão são de elevada agressividade. Apesar disso, observou-se que o mecanismo de
degradação dos revestimentos por pintura, principalmente na região da incisão, foi
diferente. No que diz respeito ao desempenho à corrosão proporcionada pelos
diferentes esquemas de pintura, as considerações a serem feitas são as seguintes:

• Basicamente, em termos de proteção anticorrosiva, a diferença entre os esquemas


de pintura ocorreu na região da incisão dos revestimentos, uma vez que nas áreas
não danificadas os resultados obtidos não foram suficientes para se fazer uma
avaliação qualitativa consistente a respeito dos mesmos.

• Conforme pode ser observado pelos resultados de avanço de corrosão sob o


revestimento na região da incisão (Figuras 1 e 2), em ambas as atmosferas,
principalmente na marinha, independente do tipo de tecnologia das tintas, de base
aquosa ou a base de solventes orgânicos, os esquemas de pintura contendo tintas
de fundo ricas em zinco (S1, W4 e W7) foram os que apresentaram melhor
desempenho à corrosão. O esquema W8, apesar de possuir a mesma tinta de
fundo rica em zinco do W7, apresentou desempenho inferior a este último na
atmosfera industrial. Isto pode ser atribuído às demais demãos de tintas dos
esquemas de pintura. Como por ser observado na Tabela II, no esquema W7 as
tintas intermediária e de acabamento eram pigmentadas com óxido de ferro
micáceo (MIO), pigmento que possui excelentes propriedades anticorrosivas por
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barreira. Além disso, o esquema W7 possuía espessura ligeiramente superior ao


W8. Isto mostra, portanto, o quanto é importante especificar corretamente os
esquemas de pintura, não só em relação à espessura mas também no que diz
respeito aos tipos de tinta.

Com relação aos esquemas de pintura sem tintas de fundo ricas em zinco, na
atmosfera marinha observou-se uma degradação acentuada na região da incisão.
Os esquemas acrílicos de base aquosa (W1 e W5) e mais o alquídico a base de
solventes orgânicos (S1) apresentaram, além do avanço de corrosão, um processo
de corrosão filiforme bastante acentuado a partir da incisão. Com relação aos
esquemas de pintura sem tintas ricas em zinco expostos na atmosfera industrial, é
possível observar um comportamento bastante diferenciado daquele que ocorreu
na atmosfera marinha. Por exemplo, os esquemas acrílicos de base aquosa (W1 e
W5) apresentaram um avanço de corrosão pequeno, o mesmo ocorrendo com o
esquema W2 (epóxi/acrílico), e, portanto, desempenho superior ao esquema S8
com tintas a base de solventes orgânicos.

Dos resultados apresentados nas Figuras 1 e 2, é importante destacar que os


esquemas W2 e W3, ambos epóxi/acrílico porém de fabricantes diferentes,
apresentaram desempenhos também diferentes. Nos ensaios realizados o W2 foi
superior ao W3. Isto mostra que, a tecnologia de formulação e de fabricação das
tintas de base aquosa tem uma influência significativa no desempenho dos
esquemas de pintura.

O esquema W6 (epóxi/epóxi) foi um dos que apresentou o pior desempenho na


região da incisão, em ambas as atmosferas. Obviamente, que uma série de fatores
pode ter concorrido para isso. É importante ressaltar que os esquemas epoxídicos
de proteção por barreira, por si só, apresentam, em atmosferas de elevada
agressividade, fraca resistência à corrosão nas regiões de falhas do revestimento.
Os pigmentos anticorrosivos da tinta de fundo e os tipos de resina epóxi e de
endurecedor utilizados são também fatores que podem influenciar no
desempenho dos esquemas de pintura.

Portanto, diante do que foi exposto, é indispensável que, em atmosferas de elevada


agressividade, principalmente marinhas, os esquemas de pintura contenham tintas de
fundo ricas em zinco e que os esquemas sejam adequadamente especificados. Dentro
deste contexto, os esquemas de pintura W4 e W7, ambos de base aquosa, são capazes
de proporcionar uma boa proteção anticorrosiva ao aço, comparável aquela do
esquema S7 (tintas a base de solventes orgânicos). Contudo, é importante ter-se
sempre em mente que a qualidade das tintas é um fator fundamental para o sucesso
dos esquemas de pintura. Em outras palavras, o desempenho dos esquemas de
pintura não pode ser generalizado.

3.2 Atmosferas Rural e Urbana

Nestas duas atmosferas, de baixa e média agressividade, respectivamente, é comum


utilizar-se esquemas de pintura mais econômicos na proteção anticorrosiva do aço,
com o objetivo de se obter uma relação custo/benefício satisfatória. Neste sentido,
por exemplo, os esquemas alquídicos a base de solventes orgânicos têm sido
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utilizados com bastante sucesso. Evidentemente, quando outras propriedades são


desejadas, como por exemplo resistência ao impacto e/ou à abrasão e melhor
resistência à radiação solar os esquemas mistos epóxi/poliuretano ou epóxi/acrílico
são utilizados, porém com espessuras inferiores aquelas utilizadas em atmosferas de
elevada agressividade.

Na atmosfera rural, como já era esperado, todos os esquemas de pintura, com ou sem
tintas de fundo ricas em zinco e independente do tipo de tecnologia das tintas, de
base aquosa ou a base de solventes orgânicos, apresentaram excelente desempenho
na proteção do aço contra à corrosão. Portanto, no que diz respeito à relação
custo/benefício, não se justifica, neste tipo de atmosfera, a utilização de esquemas de
pintura com tintas de fundo ricas em zinco. Portanto, para este tipo de atmosfera
também existem esquemas de pintura com tintas de base aquosa que podem conferir
proteção anticorrosiva satisfatória ao aço. Logo, o custo dos esquemas é um fator
importante a ser considerado na seleção dos mesmos. A seguir, apresenta-se o custo
relativo dos diferentes esquemas de pintura, com base nos custos das tintas no Brasil
em fevereiro de 2000.

Esquema Custo Relativo


S1 1,0
S7 1,9
S8 1,3
W1 e W5 1,6
W2 e W3 2,1
W4 3,0
W6 2,8

Como se pode observar, dentre os esquemas de base aquosa (W), W1 e W5


(acrílico/acrílico) são os de menor custo. Porém, no momento, ainda possuem custo
superior aos esquemas tradicionais a base de solventes orgânicos (S1, S7 e S8). É
possível que com o aumento do consumo destes tipos de tinta o custo venha a ser
reduzido.

Na atmosfera urbana, o que se observou, em relação à atmosfera rural, foi uma


ligeira alteração na incisão (formação de pequenas bolhas) no caso dos esquemas W1
e W5 sem, contudo, comprometer as características de proteção dos revestimentos.
Portanto, também no caso desta atmosfera, aplicam-se as mesmas considerações
feitas no caso da atmosfera rural.

4. CONCLUSÕES

Com base nos estudos já realizados, considerando o estágio tecnológico das tintas
utilizadas nos mesmos , bem como as considerações técnicas apresentadas ao longo
deste trabalho, pode-se concluir que:

a) Dentre os diversos esquemas de pintura estudados, existem vários de base aquosa


capazes de proporcionar uma proteção anticorrosiva satisfatória ao aço, desde
que sejam corretamente especificados em função da agressividade atmosférica e
que possuam tintas com qualidade adequada.
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b) A tecnologia de fabricação das tintas, principalmente daquelas de base aquosa,


pode ter influência no desempenho à corrosão, dos esquemas de pintura.
Portanto, esquemas semelhantes, porém com tintas de fabricantes diferentes,
podem apresentar desempenhos também diferentes. Logo é importante ter-se
dados e informações a respeito da qualidade das tintas.

c) É de suma importância adequar as es pecificações de pintura às condições de


exposição das estruturas e dos equipamentos. Em atmosferas de elevada
agressividade, especialmente marinha, é sempre recomendável utilizar nos
esquemas de pintura, sejam eles de base aquosa ou à base de solventes orgânicos,
tintas primárias ricas em zinco, a fim de se obter uma boa proteção anticorrosiva,
principalmente nas regiões de falhas do revestimento.

d) Os esquemas de pintura anticorrosiva de base aquosa possuem, em geral, custo


mais elevado que aqueles à base de solventes orgânicos. Um dos fatores que pode
acarretar a redução do custo é o aumento do consumo das tintas. Para que isto
ocorra, uma legislação eficiente é essencial para forçar as empresas a utilizarem
produtos menos nocivos para o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores.

e) O conhecimento prévio da agressividade atmosférica, não só com relação à


categoria de corrosividade, mas também no que diz respeito aos agentes
corrosivos, é de suma importância para a correta especificação dos esquemas de
pintura.

f) A continuação dos estudos com tintas de base aquosa é fundamental para a


divulgação e a melhoria da qualidade das tintas de base aquosa e, como
conseqüência, dos esquemas de pintura. Neste sentido, novos estudos já se
encontram em andamento com novas for mulações e tipos de tinta.

5. REFERÊNCIAS

(1) E. Almeida, Progress in Organic Coatings, 37 (1999), 131-140.

(2) F. Fragata et al, Progress in Organic Coatings 30 (1997), 51-57.

(3) E. Almeida, Materials and Corrosion 52, 904-919 (2001).

(4) F. Fragata e E. Spengler, Corrosão e Protecção de Materiais, INETI, 2, Vol. 16,


p. 13-24 (1997).

(5) E. Almeida, “In situ assessment of environmentally – Friendly organic coatings


performance in the atmosphere, 14th ICC, Cape Town, South Africa, September
(1999).

(6) M. Morcillo et al, Corrosão e Protecção de Metais nas Atmosferas da


Iberoamerica, Parte I, CYTED, Madrid (1988).

(7) ISO 9223 – Corrosion of Metals and alloys – Classification of corrosivity of


atmospheres, ISO, Geneve (1991).
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(8) F. Fragata e E. Almeida, Tratamento de Superfícies, ABTS, São Paulo, 101,


maio-junho (2000).

(9) ISO 630, “Structural Steels”, ISO, Geneve (1980).

(10) ISO 8501, Preparation of steel surfaces before application of paints, Geneve
(1988).

(11) F. Fragata et al, Conventional painting coatings for steel protection in the
atmosphere, 14th ICC, Cape Town, South Africa, september (1999).

(12) ISO 7253, Paints and varnishes. Determination of resistance to neutral salt spray
(fog), ISO, Geneve (1996).

(13) ASTM G 85, Sta ndard Practice for Modified Salt Spray (Fog) Testing,
Philadelphia (1998).

(14) ISO 3231, Paints and varnishes. Determination of resistance to humid


atmospheres containing sulphur dioxide, ISO, Geneve (1993).

(15) ASTM G 5894, Standard Test Method for Cyclic Salt Fog/UV Exposure of
Painted Metal, Philadelphia (1996).

(16) ASTM G 26, Operating light-exposure apparatus (xenon arc type) (1996).

(17) DIN 50017, Testing of materials, structural components and equipment. Method
of test in damp heat atmospheres, Berlin (1982).

(18) ISO 8565, Metals and alloys. Atmospheric corrosion testing – General
requirements for field tests, ISO, Geneve (1990).

(19) ISO 4628 – Parts 1-5, “Paint and varnishes – Evaluation of degradation of paint
coatings – Designation of intensity, quantity and size of common types of defect”,
ISO, Geneve (1984).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a valiosa colaboração prestada: a) no Brasil pelos profissionais


Roberto Mariano, Pedro Almir Liza e Celso Gnecco, da Sherwin -Williams do Brasil
(Divisão SUMARÉ), tanto na avaliação dos revestimentos da estação industrial de
Cubatão como no fornecimento de informações para a elaboração do presente
trabalho, bem como pelo Eng° Nelson Capiotto da COSIPA em disponibilizar a
estação de corrosão atmosférica para a condução dos ensaios; b) em Portugal pela
Engª Dulcinea Santos e toda equipe do LTR do INETI e aos colegas da CIN, Henkel,
Robbilac, Sika, SLM e Hoechst, que colaboraram neste trabalho e às referidas
empresas que participaram no seu financia mento e c) na Espanha ao Dr. Joaquim
Simancas, na condição de coordenador nacional do G-1 da Rede PATINA.
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6ª Conferência sobre
Tecnologia de Equipamentos

Sines (marinha) - Após 36 meses

AVANÇO DE CORROSÃO (mm)


60
(*) (*)
50

40 (*)

30

20

10
( ** )
0
W1 W2 W3 W4 W5 W6 W7 W8 S1 S7 S8
ESQUEMA
( * ) Os valores não correspondem ao avanço de corrosão sob o revestimento
por pintura e sim à extensão do processo de corrosão filiforme que
ocorreu na incisão.
( ** ) Observou-se empolamento (4 mm) na interface da tinta primária de zinco com o restante do
esquema de pintura.

Figura 1 – Gráfico referente ao avanço de corrosão sob o revestimento, na


região da incisão, após o ensaio em atmosfera marinha

Cubatão (industrial) - Após 43 meses


25
AVANÇO DE CORROSÃO (mm)

20
( *** )
15 ( ** )

10

5 (*)
(*)
0
W1 W2 W3 W4 W5 W6 W7 W8 S1 S7 S8
ESQUEMA
( * ) Referente a algumas bolhas na incisão.
( ** ) A corrosão atingiu a borda inferior dos corpos-de-prova e estes foram retirados
do ensaio após 36 meses.
( *** ) Ocorreu a perfuração da chapa de aço no local da incisão.

Figura 2 – Gráfico referente ao avanço de corrosão sob o revestimento, na


região da incisão, após o ensaio em atmosfera industrial

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