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13/mar/2005
1. Introdução
A principal maneira que o Estado possui para gerar receitas reside na cobrança de
tributos. A definição do que vem a ser um tributo encontra-se no art. 3º do CTN, e é
desta definição que destacamos as três principais características do instituto analisado:
"compulsoriedade, legalidade e a atividade administrativa plenamente vinculada" [1].
Por ser uma matéria de suma importância e relevância jurídica limitaremo-nos a discutir
de forma sucinta a origem do tributo no Brasil, a natureza jurídica da relação tributária e
a teoria da imposição tributária, finalizando com a analise de alguns princípios que
concretizam e lastreiam as limitações ao poder de tributar.
"É lógico, então, concluir que um país sem indústria e comércio não poderia
desenvolver um sistema tributário. Os únicos impostos aqui arrecadados eram: os
dízimos (20%) e os quintos (10%) sobre os resultados da atividade extrativa" [2].
No ano de 1808, a família real instala-se no Brasil, que passa então à categoria de Reino
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Unido.
Percebe-se, então, que todo e qualquer tributo era apenas de competência da Corte, pois,
toda a atividade tributária do período nela estava centralizada.
No texto constitucional de 1934 estes "defeitos" foram corrigidos, pois, era a primeira
Constituição Federal a definir a competência tributária municipal, além de inserir no
ordenamento jurídico o conceito de tributo e como conseqüência disto possibilitou
eliminar a duplicidade de impostos cobrados pelos Estados e pela União.(Observa-se
aqui uma limitação ao poder de tributar).
A partir daí nas demais Constituições, de 1946, 1967 e a atual de 1988, o legislador
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procurou manter a linha de raciocínio da Carta Magna de 1937, mudando apenas em
alguns casos a atribuição de competências de algum ente político e restringindo cada
vez mais o campo de atuação das entidades federativas através da fixação de princípios
e direitos do contribuinte.
Cabe aqui uma analise da Teoria da Imposição Tributária e as três mais importantes
correntes que a enfocam, ou seja, "a da obrigação ex lege, a do fato gerador e a da teoria
procedimentalista" [4].
O artigo 150 da Constituição elenca algumas limitações ao poder de tributar, mas nem
por isso o faz de maneira nítida e completa, existem também outros institutos nesta
esfera como as imunidades que constituem limitações ao poder estatal de invadir a
propriedade privada através da cobrança de tributos confiscatórios.
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dispositivos que visam impedir as situações por elas descritas, ou seja, que sejam
utilizadas pela força tributária do Estado
Este princípio tem aplicação prática conjunta com o princípio da anualidade, pois, é este
princípio que legítima, por exemplo, a lei de diretrizes orçamentárias (LDO), e é através
desta lei que o Estado define as alterações tributárias para o ano subseqüente.
Constatamos, portanto, uma clara integração prática entre esses dois princípios.
A situação descrita constitui tão somente uma exceção ao princípio, posto que, a própria
Constituição Federal nos incisos I, II, IV e V do artigo 153 legitima o Poder Executivo a
exercer esta função. Esta suposta crise deve ser encarada apenas como um caso de
delegação legislativa.
Popularmente, podemos considerar a lei tributária uma lex imperfecta, ou seja, para que
um tributo se torne exigível, mister se faz a existência não só da lei mas também a
autorização orçamentária. Por isto além de atender ao princípio da anterioridade o
tributo dever atender também ao princípio da anualidade, mais uma vez deparamo-nos
com este instituto de elevada relevância jurídica e abriremos um parêntese para mesmo
que sucintamente explanar acerca dele.
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definindo suas características, vigência e as condições de exigibilidade.
a lei orçamentária – é através desta que se fixará a despesa e se fará a previsão de receita
para cada exercício financeiro. É nela que se autoriza a cobrança do tributo no ano a que
se refere.
Este instituto aplicado ao Direito Tributário visa coibir privilégios em matéria tributária,
ou seja, todos aqueles que estiverem em situações idênticas devem contribuir da mesma
maneira. Daí decorre a existência das categorias contributivas decorrentes também do
princípio da capacidade contributiva que será posteriormente analisado.
Afirma Alfredo Augusto Becker que "o princípio da capacidade contributiva constitui
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uma regra de direito natural" [7], sendo corolário do princípio da igualdade
(anteriormente analisado). "Capacidade Contributiva é expressão equivalente à
capacidade econômica, representando a aptidão da pessoa para participar das despesas
públicas, isto é, para pagar tributos" [8].
A competência tributária conferida a uma entidade federativa não pode ser delegada, o
máximo que pode ocorrer é que a entidade legitimada a instituir o tributo o faça e
depois passe adiante tão somente a capacidade para ser sujeito ativo.
5. Imunidades
No Dizer de Ruy Barbosa Nogueira "as imunidades aludem a uma exclusão do próprio
poder de tributar". [9]
Diversos autores tratam das imunidades paralelamente ao trato das isenções. Paralelo
este que não se justifica, pois, são proposições normativas de tal modo diferentes na
composição do ordenamento positivo que poderíamos destacar tão somente três
aspectos comuns: a circunstância de serem normas jurídicas válidas no sistema;
integrarem a classe das regras de estrutura; e tratarem de matéria tributária.
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6. Conclusão
Desta feita, a finalidade deste artigo foi expor uma visão histórica acerca do tributo no
Brasil, a natureza jurídica desta relação e alguns dos principais institutos responsáveis
pelas limitações ao poder de tributar e suas conseqüências não só no ordenamento
jurídico mas também em setores como a economia.
7. Bibliografia
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. 2ª edição. São Paulo:
Saraiva, 1972.
7
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de Direito Tributário. 5ª edição. São Paulo: Saraiva,
1980.
[1] CASSONE, Vitorio, Direito Tributário Atualizado Pela Nova Constituição, São
Paulo, Editora Atlas, 3ª edição, 1991, p.57.
[2] SOUSA, Rubens Gomes de. Compêndio de Legislação Tributária, São Paulo,
Resenha Tributária, edição póstuma, 1981, p.177.
[5] JARACH, Dino, Curso Superior de Derecho Tributário, Buenos Aires, Liceo
Profesional Cima, 1ª edição, 1957, vol. I, p. 116.
[7] BECKER, Alfredo Augusto, Teoria Geral do Direito Tributário, São Paulo, Editora
Saraiva, 2ª edição, 1972, p. 447.
[8] MORAES, Bernardo Ribeiro de, Compêndio de Direito Tributário, Rio de Janeiro,
Editora Forense, 3ª edição revista, aumentada e atualizada até 1994, 1997, vol. II, p.
121.
[9] NOGUEIRA, Ruy Barbosa, Curso de Direito Tributário, 5ª edição, Saraiva, p. 172.