Está en la página 1de 5
ORGAO:DA RCNA/CEN= CA:PORTV: GVEA : 8 riety? A AGUIA REVISTA MENSAL DE LITERATURA, ARTE, SCIENCIA, FILOSOFIA E CRITICA SOCIAL Director literdrio—Dr. Teixeira de Pascoais Correspondentes: Director artistico—Anténio Carneiro Director scientifico— Dr. José de Magathies Paris—Philéas Lebesgue. Secretario da redaccao, editor e administrador Salamanca — Miguel de Una- ~Alvaro Pinto. mundo, PROPRIEDADE DE “A RENASCENCA PORTUGUESA» SUMARIO DO Ne 1—Janeiro de-1912. LITERATURA. Renascenga— Teixeira de Pascoais. O Vago. O Creptisculo—Sonetos de Mario Beirao, Palavras anti- paticas, IV éstado, O Estado artista—Vila-Moura. Chan- son, poesia de Francois Villon; .Cangéo da Despedida, traducio da “poesia antecedente por Anténio Correia de Oliveira. Esta histéria € para os anjos—Versos de Jaime Cortesdo. Uma fala de espiritos —Leonardo Coimbra. © Pucarinho—Versos de Afonso Lopes Vieira. Quinta das l4grimas, Fonte dos Amores—Sonetos de Augusto Casemiro. Miticismo da carne—Sonetos de Afonso Duarte. Sonetos—Jodo de Deus Ramos. ARTE. Arvores de Portugal—Estudo de copa de cedro—Cervantes de Haro. Retrato de R. €.—Anténio Carneiro. Mogo de esquina—Leal da Camara. Vinhetas de Cervantes de Haro e Luis Felipe. SCIENCIA, FILOSOFIA e CRITICA SOCIAL. Pedro Nunes e a Algebra—Augusto Martins. Da Liberdade,e seus detentores—Martins Manso. NOTAS e COMENTARIOS. A ideacao de Oliveira Martins—An- tonio Sérgio. BIBLIOGRAFIA— Teixeira de Pascoais. PREGOS (Pagartento adeantado) Por no Semestre Ano Bottagalarcomats, sic tan 100 rs, 500 réis 1$000 réis Rapin too sve i Soran 780 ct. 6 peseias ——‘12-pesetas Estrangeito. 5 OO, Gfrancos 12 trancos Brant ses ae ie Oh ee 300 15. 3$000 réis 68000 réis (Nao se satisfazem 0s pedidos que nao venham acompanhados da respe- . ctiva importincia). DEPOSITARIOS-—No Pérto~Livraria Chardron de Lelo & Inmfo, Carmelitas; Em Coimbra, F. Franga & Armenio Amado; Em Lisboa ~Livraria Ferreira, Rua Aurea. A yenda no Brasil nas seguintes cidades: Rio de Janeiro, Paré, Manaus, Pernam- buco, Bafa e Santos, Redacrio ¢ administracio- R. da Alegria, 218, Porto, Tipografia Costa Carregal, travesst Passos Manuel, 27. Toda a correspondénica deve ser dirigida ao secretério da redaccao. ; ] J Revista mensal, Grito de “A Reascenea Porktgicsan Director A AGUIA tet creiein deri; deste snot, aniio Gu 2 ticiro; director scientifieo, dr, Jose de Magalhiies; secretitio da re- ma da Alegria 218, Porio-Tipografia Costa {stiano de Carvalho, Cedofeits, 95-1,0, Porto, dacgio, Alvaro Pinto ~Redacgio ¢ adininist Carregil; tr, Passos Manuel 27, Porto Grayuras de ‘ LITERATURA i RENASCENGCA oa ; ie este momento genesico e cahotico da nossa Patria URel necessario que todas as forcas reconstructivas se orgal 2) seme trabalhem, para que ela atinja rapidamente sonhada_e desejada harmonia. O fim dlesta Revista, como orgao da “Renascencga Portuguesa» serd, portanto, dar um sentido 4s energias intelectuaes que a nossa Raga possue; isto é, colocé-las em condigdes de se tornarem fecun- das, de puderem realisar o ideal que, n'este momento historico, ‘ abrasa_todas as almas sinceramente portuguesas:—Crear um novo Portugal, ou melhor resuscitar a Patria Portuguesa, arrancé-la do | tumulo onde a sepultaram alguns seculos de escuridade fisica e moral, em que os corpos definharam e as almas amorteceram. Por isso, a Sociedade a que me referi, se intitula “Renascenca Portuguesa». Mas nao imagine o Ieitor que a palavra Renascenga - significa simples regresso ao Passado. Nao! Renascer é regressar 4s a fontes originarias da vida, mas para crear uma nova vida. Renascer € dar a um antigo corpo uma nova alma fraterna, rem harmonia com ele. O Passado é indestrutivel; é 0 abysmo, a treva onde o homem mergulha as raizes do seu sér, para dar 4 nova luz do futuro a sua flér espiritual. oe A Patria Portuguesa viveu; atravessou depois alguns seculos h de morte: por fim, n'uma alvorada heroica que fez erguer do se- pulcro a sombra de Nun’Alvares, acordou do seu profundo somno, iy levantou-se n’um impeto sdfrego de vida; e, sob a instantanea luz es que a deslumbrou, ei-la ofuscada e céga, tacteando, sem ver 0 ca- mh ae minho verdadeiro ea terra firme para os seus pés. i D'ahi a confusdo cahotica presente. ia E' preciso, portanto, chamar a nossa Raca desperta 4 sua pro- pria realidade essencial, ao sentido da sua propria vida, para que ela saiba quem é e o que deseja, E entdo pudera realisar a sua obra de perfeicio social, de amor e de justica, e puderé gritar entre os é a -_ Povos: Renasci! Ora, esta obra sagrada compete ao espirito portugues, a todos os portugueses que encerrem no seu sér uma parcela viva da alma da nossa Patria. Mas, porque toda a obra sé péde ser realisada por tum certo’numero de operarios congregados e harmonicos, ligados pelo mesmo sonho, impde-se, por consequencia, mais uma vez o affirmamos, a uniao dos portugueses que vivam, além da sua vida egoista e individual, a vida mais vasta e profunda, porque € abstracta e transcendente, da Patria Portuguesa. Por mais diferentes que sejam as nossas ideias, sob o ponto de vista religioso, filosofico ou artistico, puderemo-nos sempre en- tender, porque ha um logar em que todos os principios e todas as ideias fraternisam. E n’esse logar altissimo, que é para nds, n’este momento, a vida da Nacionalidade, devemos dar uns aos outros as maos amigas e caminhar juntos para a realisacéo do sonho redem- ptor que ilumina as almas sinceramente portuguesas: a creacdo d'um novo Portugal, dentro do seu caracter, das suas qualidades intimas e originaes que lhe deem relevo e destaque, fisionomia propria entre os outros Povos. * Se nado existisse uma alma portuguesa, teriamos de evoluci- nar conforme as almas estranhas, teriamos de nos fundir n'essa massa amorfa da Europa; mas a alma’ portuguesa existe, vem desde a origem da Nacionalidade; de mais longe ainda, da confusao de povos heterogeneos que, em tempos remotos, disputaram a posse da Iberia. Houve um momento em que, no meio d'essa confusao rumorosa e guerreira, se destacou uma‘ voz proclamando um Povo, gritando a Alma d’uma Raca: foi a voz de Viriato; foi o Verbo creador que encarnou em Afonso Henriques e se tornou Accio e Victoria. Depois fez-se Verbo novamente, exaltou-se n’'um sonho™ de imortalidade, ¢ foi o Canto eterno dos Luziadas! Depois, cansado das longes terras, dos longes mares, como que adormeceu n’'um somno de tristésa, de olhos postos no Passado. , E sonhou... E n'esse momento, mais divino que humano, a alma portuguesa gerou nas suas entranhas penetradas por uma luz celeste, a Saudade, a nubelosa do futuro Canto imortal, 0 Verbo do novo mundo portu- gués, A Saudade € Viriato, Afonso Henriques e Camédes desmate- rialisados, reduzidos a um sentimento, postos em alma estréme, A Saudade é o proprio sangue espiritual da Raca; o seu estigma divino, 0 seu perfil eterno. ro que é a saudade no seu sentido profundo, verdadeiro, essencial, isto ¢, 0 sentimento-ideia, a emogao reflectida, onde tudo o, que existe, corpo e alma, dor e alegria, amor e desejo, terra e ceu, atinge a sua unidade divina. Eis a Saudade vista na sua essencia religiosa, e nao no seu aspecto su- perficial e anedotico de simples gosto amargo de infelizes. Ha . E na Saudade revelada que existe a razio da nossa Renascenga; n’ela resurgiremos, porque ela é a propria Renascenga original e creadora. Eu acredito na grandeza do momento actual, porque s6 agora : € que a Raca portuguesa, representada pelos seus Poetas que sao a sua florescencia, principia a sentir-se verdadeiramente revelada. SO agora éla sabe quem é; porque sé agora a Saudade Ihe falou, di- zendo-lhe o seu antigo segredo. oe - E por tudo isto, Portugal nao morrer4; nem uma Patria morre, 3 ies ESE he siialal gn tai aa no instante em que -encontra oO seu espirito. Portugal nio mort rd, e creard.a sua nova Civilisagao, porque vé que a sua alia é incon- fundivel, que encerra em si um novo sentido da Vida, um novo — Canto, um novo Verbo, e, portanto, uma nova Acgao. Sim: a alma portuguesa existe, e o seu perfil € eterno e ori- ginal. Revelé-mo-la agora a todos os portugueses, na sua maior parte — ‘afastados d’ela, pelas més influencias literarias, pecs e religiosas - vindas do estrangeiro. Revelémo- la a todos os portugueses, para que todos comun- | guem o seu proprio espirito, e possam cimprir o destino que por y natureza, nascimento e sangue Ihes pertence. E entao um novo Portugal, mas portugues, surgird 4 luz ee dia, e a civilisagdo do mundo sentir: -se-d mais dilatada. ae

También podría gustarte