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INSUFICIENCIA DA TEOLOGIA NATURAL 21 ele deu sua vida, e a respeito de quem disse que jamais perecerao, ¢ ninguém os arrebatara de suas mos. Desses tais, diz-nos ele, é 0 reino do céu, como querendo dizer que, em grande medida, o céu fosse composto das almas das criangas redimidas. Portanto, é a crenga geral dos protestantes, contraria 4 doutrina dos romanistas e romanizadores, que todos os que morrem na infancia esto salvos. B, Norma de Juizo para os Adultos 2. Outro fato geral claramente revelado na Escritura ¢ que os homens devem ser julgados segundo suas obras e segundo a luz que tém seriamente desfrutado. Deus “retribuira a cada um segundo seu procedimento: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram gloria, honra ¢ incorruptibilidade; mas ira e indignagao aos facciosos que desobedecem a ver- dade obedecem A injustica. Tribulagdo ¢ angustia virdio sobre a alma de qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego; gldria, porém, e honra, e paz a todo aquele que pratica o bem; ao judeu primeiro e também ao grego. Porque para com Deus nao ha acepgao de pessoas, Assim, pois, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerao; e todos os que com lei pecaram mediante a lei serio julgados” (Rm 2.6-12). Nosso Senhor ensina que os que pecaram com algum conhecimento da vontade de Deus serao punidos com muitos agoites; € os que pecaram sem tal conhecimento sero castigados com poucos agoites; e que haverd mais tolerncia no dia do jutzo para com os pagéios, mesmo para com os de Sodoma e Gomorra, do que para com os que perecem sob a luz do evangelho (Mt 10.15; 11.20-24), O Juiz de toda aterra sera justo. Nenhum ser humano softerd mais do que merece ou mais do que sua propria consciéncia reconhecera como justo. C. Todos os Homens Estdéo Debaixo de Condenagao 3. A Biblia, porém, nos diz que todos os homens serio condenados segundo suas obras ¢ segundo a luz que houverem seriamente desfrutado. Nao existe um justo sequer, ninguém. O mundo inteiro é culpado diante de Deus. Esse veredicto é confirmado pela consciéncia de cada pessoa, A consciéncia de culpa e de depravacao moral ¢ absolutamente universal. E aqui que a teologia natural fracassa completamente. Ela no consegue responder & per- gunta: Como pode o homem ser justo para com Deus? ou Como pode Deus ser justo e todavia justificar o impio? A humanidade tem ponderado ansiosamente sobre esta questiio ao longo dos séculos, sem granjear satisfagdo alguma. No seio da humanidade, os ouvidos t¢m auscultado a fim de atingir 0 siléncio, uma leve voz da consciéncia, e nenhuma resposta se obteve. Tem-se ecoado pelo céu fora, e nenhuma resposta se recebeu. A razilo, a consciéncia, a tradigdo, a histéria, todas se unem em dizer que 0 pecado é morte; e portanto, no que concerne a sabedoria € aos recursos humanos, a salvaciio dos pecadares ¢ tao impossivel quanto ressuscitar os mor- tos. Todo método concebivel de expiagaio e purificagao tem sido tentado sem nenhum éxito. 4. As Escrituras, pois, ensinam que os pagios esto “sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos as aliangas da promessa, néo tendo esperanga e sem Deus no mundo” (Ef 2.12). Declara-se que niio existe justificativa: “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, niio 0 glorificaram como Deus, nem Ihe deram gragas; antes, se tornaram nulos em seus préprios raciocinios, obscurecendo-se-lhes 0 coragao insensato. Inculcando-se por sabios, tornaram-se 22 TEOLOGIA SISTEMATICA loucos e mudaram a gloria do Deus incorruptivel em semelhanga da imagem de homem corrup- tivel, bem como de aves, quadripedes ¢ répteis. Por isso, Deus entregou tais homens 4 imundi- cia, pelas concupiscéncias de seu proprio coragiio, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando ¢ servindo a criatura em lugar do Criador, 0 qual é bendito eternamente. Amém!” (Rm 1.21-25). O Apéstolo diz dos gentios que eles andaram “na vaidade de seus préprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alhei- 0s vida de Deus por causa da ignorancia em que vivem, pela dureza do seu corago, os quais, tendo-se tornado insensiveis, se entregaram a dissolugdo para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza” (Ef 4.17-19). 5. Todos os homens, sendo pecadores, justamente marcados com indesculpavel impiedade e imoralidade, nao podem ser salvos por nenhum esforgo ou recurso propriamente seu, Porquan- to somos informados que: “Ou no sabeis que os injustos nao herdarao 0 reino de Deus? Nao vos enganeis: nem impuros, nem idélatras, nem adulteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrées, nem avarentos, nem bébados, nem maldizentes, nem roubadores herdarao o reino de Deus” (1Co 6.9-10). “Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idélatra, tem heranga no reino de Cristo e de Deus” (Ef5.5). Mais que isso, a Biblia nos ensina que uma pessoa pode ser exteriormente justa a vista dos homens, e todavia ser um sepulcro caiado, sendo seu coracao 0 trono da soberba, inveja ou malicia. Em outros termos, alguém pode ser moralista em sua conduta, ¢ por causa de paixdes intimas e mas, ser a vista de Deus 0 principal dos pecadores, como era o caso do proprio Paulo. E muito mais que isso, ainda que uma pessoa fosse isenta de pecados exteriores e, se possivel, isenta de pecados no coragio, essa bondade negativa nao seria suficiente. Sem santidade, “ninguém vera o Senhor” (Hb 12,14). “Se alguém nio nascer de novo, nao pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). “Aquele que nao ama nao conhece a Deus” ({Jo 4.8). “Se alguém amar o mundo, o amor do Pai nao esta nele” (Jo 2.15). “Quem ama pai ou sua mie mais do que a mim nao é digno de mim” (Mt 10.37). Quem, pois, pode ser salvo? Se a Biblia exclui do reino do céu todos os imorais; todos cujo coragaio se acha corrompido pela soberba, inveja, malicia ou cobiga; todos os que amam 0 mundo; todos os que nao stio santos; todos em quem o amor de Deus niio 6 0 principio supremo e controlador da agiio, é evidente que, no tocante aos adultos, a salvacdo deve confinar-se a limites muito estreitos. E igualmente claro que a mera religiao natural, o mero poder objetivo da verdade religiosa geral, deve ser tao ineficiente em preparar os homens para a presenca de Deus como as Aguas da Siria em curar o leproso. D, As Condigées Necessdrias da Salvagéo 6. Visto, pois, que o mundo, por sua prépria sabedoria, nfo conhece a Deus; visto que os homens foram inevitavelmente entregues para morrerem em seus pecados; “aprouve a Deus salvar os que créem pela loucura da pregacio” (1Co 1.21). Deus enviou seu Filho ao mundo para salvar os pecadores. Houvesse sido possivel qualquer outro método de salvagdo, Cristo teria morrido em vio (GI 2.21; 3.21). Nao ha, pois, nenhum outro nome pelo qual os homens podem ser salvos (At 4.12). O conhecimento de Cristo e a f€ nele sio declarados como essen- ciais A salvagao, Isso é provado: (1.) Porque declara-se que os homens sto culpados diante de Deus. (2.) Porque ninguém pode expiar sua propria culpa e restaurar-se a imagem de Deus. (3.) Porque declara-se expressamente que Cristo é 0 unico Salvador dos homens. (4.) Porque INSUFICIENCIA DA TEOLOGIA NATURAL 23 Cristo delegou a sua Igreja a comissio de pregar o evangelho a toda criatura debaixo do céu como 0 meio designado de salvacao. (5.) Porque os Apdstolos, na execugéo dessa comissio, foram por toda parte pregando a Palavra, testificando a todos os homens, judeus ¢ gentios, doutos ¢ indoutos, que precisavam crer em Cristo como o Filho de Deus a fim de serem salvos. Nosso Senhor mesmo, ensinando através de seu precursor, disse: “Por isso, quem cré no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho nao verd a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3.36). (6.) Porque declara-se que a f sem conhecimento & impossivel. “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor sera salvo. Como, porém, invocarao aquele em quem nao creram? E como creréio naquele de quem nada ouviram? E como ouvirdo, se no hé quem pregue? E como pregardo, se nfio forem enviados? Como esta escrito: Quao formosos sao os pés dos que anunciam coisas boas!” (Rm 10.13-15). Portanto, como antes declarado acerca da fé comum do mundo cristio, no que diz respeito aos adultos, n&o ha salvagdo sem o conhecimento de Cristo e fé nele depositada. Essa sempre foi considerada a base da obrigagdo que repousa sobre a Igreja, a saber, progar o evangelho a toda criatura. B, Objegdes A objeciio de que essa doutrina é inconsistente com a bondade e justica de Deus, pode-se responder: (1.) Que a doutrina s6 pressupde o que quem faz a objegao, se um teista, deve admitir, ou seja, que Deus tratard com os homens segundo seu carater e conduta, e os julgara segundo a luz que tém seriamente desfrutado, 5 por ser justo 0 juiz de toda a terra que todos os pecadores receber‘io o salario do pecado, através de uma lei inexordvel, a menos que sejam salvos pelo milagre da redengiio. Ao ensinar, pois, que nao ha salvagdo para os que ignoram o evangelho, a Biblia apenas ensina que um Deus justo castigard 0 pecado, (2.) A doutrina da Igreja sobre este tema no vai além dos fatos do caso. Ela apenas ensina que Deus fara 0 que percebemos que ele realmente faz. Ele deixa a humanidade, até certo ponto, entregue a si mesma. E permite que ela mesma se faga pecaminosa e miseravel, Nao é mais dificil conciliar a doutrina do que o fato inegdvel em relagdo 4 bondade de nosso Deus. (3.) Na dadiva de seu Filho, na revelagao de sua Palavra, na missao do Espirito ¢ na instituigaio da Igreja, Deus fez ricas provisdes para a salvagdo do mundo. Que a Igreja tem sido por demais remissa em tornar conhecido o evangelho, é culpa dela. Nao devemos langar sobre Deus a culpa da ignorancia e conseqiiente perdigdo dos pagiios. A culpa repousa sobre nés. Temos guardado para nés mes- mos 0 pio da vida c permitido que as nagdes perecam. Alguns dos doutores luteranos mais antigos se dispuseram a satisfazer a obje¢&o em ques- to dizendo que o plano da salvagdo foi revelado a toda a humanidade em trés épocas distintas. Primeiro, a Adio, imediatamente apés a queda; segundo, nos dias de Noé; e terceiro, durante a era apostélica. Se esse conhecimento se perdeu, foi por culpa da ignorancia dos préprios pa- ios. Isso leva a doutrina da imputagao a sua mais extrema conseqiiéncia. L fazer a presente geragfio responsdvel pela apostasia de seus antecessores, Deixa a dificuldade justamente onde ela estava. Qs arminianos wesleyanos e os Amigos, admitindo a insuficiéncia da Juz da natureza, sustentam que Deus concede graga suficiente, ou uma luz interior supernatural, a qual, se adequadamente apreciada e seguida, conduziré os homens a salvagiio. Mas isso no passa de 24 TEOLOGIA SISTEMATICA mera hipétese paliativa. Pois ndo existe promessa na Escritura de tal graga universal e sufici- ente, nem de qualquer evidéncia na experiéncia, Além disso, se admitida, ela no corrobora a questiio. Se essa graca suficiente nao salva realmente; se nfio livra os pagtios daqueles pecados sobre os quais 0 juizo divino é declarado, sé agrava sua condenagao. Tudo o que podemos fazer é aderir estritamente aos ensinos da Biblia, assegurados de que o Juiz de toda a terra fara justiga; que, embora as nuvens ¢ as trevas estejam ao redor dele, e seus caminhos passem despercebidos, a justi¢a ¢ 0 juizo sdo a habitagdo de seu trono, § 4. A Teologia Crista Como a ciéncia, no que concerne aos fatos da natureza, tem suas diversas dreas, como a matematica, a quimica, a astronomia etc., assim a teologia, tendo os fatos da Escritura por seu tema, tem suas dreas distintas e naturais. Em primeiro lugar, A Teologia Propriamente Dita, A qual inclui todo 0 ensino biblico referente ao ser e aos atributos de Deus; a triplice personalidade da Deidade, ou, que o Pai, o Filho e 0 Espirito so pessoas distintas, da mesma substancia e iguais em poder e gloria; a relagao de Deus com 0 mundo, ou seus decretos e suas obras da Criagiio e da Providéncia. Em segundo lugar, A Antropologia, A qual inclui a origem e natureza do homem; seu estado original e prova; sua queda; a natureza do pecado; 0 efeito do primeiro pecado de Addo sobre si e sobre sua posteridade. Em terceiro lugar, A Soteriologia, Incluindo © propésito ou plano de Deus em referéncia a salvagao do homem; a pessoa e obra do Redentor; a aplicagio da tedengiio de Cristo ao povo de Deus, sua regenerago, justi- ficagiio ¢ santificagdo; e os meios de graca. Em quarto lugar, A Escatologia, Isto é, as doutrinas que dizem respeito ao estado da alma apés a morte; a ressurreigao; 0 segundo advento de Cristo; 0 juizo geral ¢ o fim do mundo; 0 céu ¢ o inferno, E em quinto lugar, A Eclesiologia, A idéia, ou natureza da Igreja; seus atributos; suas prerrogativas; sua organizagao. Ba sugestiva observacdo de Klicfoth, em sua “Dogmengeschichte”, que 4 mente grega ea Igreja Grega foi destinada a tarefa de elaborar a doutrina biblica concernente a Deus, isto é, as doutrinas da Trindade e da Pessoa de Cristo; 4 Igreja Latina, as doutrinas concernente ao

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