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AS ESCRITURAS CONTEM TODOS OS FATOS DA TEOLOGIA 13 com outros, os principios envolvidos neles, as leis que os determinam, esté nos proprios fatos ¢ deles é deduzida, da mesma forma que as leis da natureza se deduzem dos fatos da natureza, Em ambos os casos estiio os princfpios derivados da mente e impostos aos fatos, mas, igualmente em ambas as reas, os principios ou leis so deduzidos dos fatos e reconhecidos pela mente. Capiruo II TEOLOGIA § 1. Sua Natureza Se os pontos de vista apresentados no capitulo precedente sao corretos, a pergunta “O que € teologia?” ja esté respondida. Se a ciéncia natural se preocupa com os fatos e leis da nature- za, a teologia se preocupa com os fatos ¢ principios da Biblia. Se 0 objetivo de uma é organizar ¢ sistematizar os fatos do mundo externo, bem como averiguar as leis pelas quais eles sio determinados; 0 objetivo da outra ¢ sistematizar os fatos da Biblia e averiguar os principios ou verdades gerais que esses fatos envolvem. E assim como a ordem na qual os fatos da natureza silo organizados nio pode ser determinada arbitrariamente, senfo pela natureza dos fatos pro- priamente ditos, o mesmo se dé com os fatos da Biblia. As partes de qualquer conjunto organi- co tém uma relagiio natural que nao pode ser ignorada nem mudada impunemente. As partes de um reldgio, ou de qualquer outra pega de mecanismo, devem ser normalmente organizadas, do contrario ficarfio confusas e imprestaveis. Todas as partes de uma planta ou animal se dispdem a servir a um dado fim, e sio mutuamente dependentes. Nao podemos pér as raizes de uma rvore no lugar dos ramos, nem os dentes de um animal no lugar de seus pés. Portanto, os fatos da ciéncia sAo por si mesmos organizados. Nao sao organizados pelo naturalista, cuja fungdo é simplesmente averiguar qual é 0 arranjo dado na natureza dos fatos. Se ele se equivoca, seu sistema ¢ falso e perde valor em maior ou menor grav. O mesmo é obviamente verdadeiro com tespeito aos fatos ou verdades da Biblia. Nao podem ser mantidos isoladamente, nem admitiréo todos e quaisquer arranjos que 0 tedlogo decida determinar-thes. Mantém uma relagio natural uns com os outros, a qual nao pode ser negligenciada nem pervertida sem que os proprios fatos sejam pervertidos, Se os fatos da Escritura so 0 que os agostinianos créem que sejam, entio o sistema agostiniano € o tnico sistema posstvel de teologia. Se esses fatos siio como os romanistas ou remonstrantes os consideram, entdo seu sistema é 0 tinico verdadeiro. E importante que o tedlogo conhega seu lugar. Ele no é senhor da situagao. Ele ndo pode construir um sistema teolégico com vistas a adequar sua fantasia, mais do que o astrdnomo nfo pode ajustar o meca~ nismo dos céus segundo sua propria vontade. Como os fatos da astronomia se organizam em determinada ordem, ¢ no admitirio nenhuma outra, assim se passa com os fatos da teologia. Teologia, portanto, é a exibigdio dos fatos da Escritura em sua propria ordem e relagdo, com os prine{pios ou verdades gerais envolvidos nos proprios fatos, os quais se completam e se harmoni- zam como um todo. Segue-se também, a luz desse conceito do tema, que como a Biblia contém uma classe de fatos ou verdades que nio sio em outro lugar reveladas, ¢ outra classe que, embora mais claramente conhecida na Escritura do que em qualquer outro lugar, é, nao obstante, tanto revelada na natureza quanto dela dedutivel, a teologia é apropriadamente distinguida como SUA NATUREZA 15 natural e revelada. A primeira sc preocupa com os fatos da natureza na medida em que revelam Deus e nossa relacaio com ele, ¢ a tiltima se preocupa com os fatos da Escritura. Essa distingao que, por um prisma é importante e por outro tem pouca importancia, visto que toda essa natu- reza ensina a respeito de Deus e de nossos deveres, 6 mais plenamente e mais autoritativamente revelada em sua Palavra. Definigées de Teologia Outras definigdes de teologia so freqiientemente dadas. 1. As vezes a palavra sc restringe a scu significado ctimolégico, “um discurso concernente a Deus”. Orfeu e Homero eram chamados de tedlogos entre os gregos, porque seus poemas tratavam da natureza dos deuses. Aristdteles classificou as ciéncias sob os titulos de fisica, matemiatica e teologia, isto é, aquela que se ocupa da natureza, aquela que se ocupa dos nime- ros e da quantidade, e aquela que se ocupa de Deus. Os pais se referiam ao apdstolo Joao como 0 tedlogo, porque em seu evangelho e epistolas a divindade de Cristo se tornou proeminente. A palavra é ainda usada nesse sentido restrito quando contrastada com antropologia, soteriologia e eclesiologia como Areas da teologia em seu sentido mais amplo. 2. A teologia ¢ as vezes qualificada como a ciéncia do supernatural. Mas 0 que é 0 supernatural? A resposta a essa pergunta depende do significado designada a palavra natu- reza. Se por natureza se entende o mundo externo como governado por leis fixas, entio a alma dos homens e dos outros seres espirituais nao se inclui sob o termo. Nesse uso da palavra natureza, supernatural é sinénimo de espiritual, e teologia, como a ciéncia do supernatural, € sinénimo de pneumatologia. Se esse conceito for adotado, a psicologia se converte num ramo da teologia, e os tedlogos devem, como tais, ensinar a filosofia mental. A palavra natureza é, contudo, as vezes tomada num sentido mais amplo, a fim de incluir 0 homem, Ent&o temos um mundo natural e outro espiritual, E 0 supernatural é aquilo que trans- cende a natureza nesse sentido, de modo que o que é supernatural é necessariamente também super-humano. Mas nao necessariamente superangélico. Além disso, natureza pode significar tudo fora de Deus; entio o supernatural é 0 divino, e Deus é 0 tinico objeto legitimo da teolo- gia. Em nenhum sentido do termo, pois, a teologia é a ciéncia do supernatural. Hooker! diz: “Teologia é a ciéncia das coisas divinas”. Se por coisas divinas, ou “as coisas de Deus”, ele quer dizer as coisas que se ocupam de Deus, entdo a teologia se restringe a um “discurso concernente a Deus”; se cle quer dizer as coisas reveladas por Deus, segundo a analogia da expresso “‘coisas do Espirito”, como usada pelo Apéstolo em | Co. 2.14, entdo a definigao equivale a mais limitada apresentada acima. 3. A definigéo de teologia muito mais comum, especialmente em nossos dias, é de que ela é a ciéncia da religiao. A palavra religido, contudo, é ambigua. Sua etimologia é duvidosa. Cicero? faz referéncia a ela como relegere, revisar novamente, considerar. “Religio” é entiio consideragao, observagio devota, especialmente do que pertence ao culto e servigo devidos a Deus, “Religens” é devoto, consciente. “Religiosus”, no bom sentido, é 0 mesmo que nossa palavra religioso; no mal sentido, significa escrupuloso, supersticioso. “Religentem esse oportet, ' Eccles, Pol. iii, 8. ? Nat. Deor. ii, 28. 16 TEOLOGIA SISTEMATICA religiosum nefas.”? Agostinho e Lactnio derivam a palavra de religare, religar. Agostinho* diz: “Ipse Deus enim fons nostre beatudinis, ipse omnis appetitionis est finis. Hunc eligentes vel potius religentes amiseramus enim negligentes: hunc ergo religentes, unde et religio dicta perhibetur, ad cum dilectione tendimus ut perveniendo quiescamus”. E Lactinio: “Vinculo pietatis obstricti, Deo religati sumus, unde ipsa religio nomen accepit, non, ut Cicero interpretatus est, a religendo”.’ De acordo com isso, religio é a base de obrigagao. E aquilo que nos liga a Deus, Subjetivamente, é a necessidade interior de unio com Deus. Comumente, a palavra religido, em seu sentido objetivo, significa “Modus Deum colendi”, como quando falamos da religiao paga, da maometana e da crista. Subjetivamente, expressa um estado de mente. O que esse estado ¢ caracteristicamente, ¢ expresso de formas muito variadas. Mais simplesmente se diz ser 0 estado de mente induzido pela fé em Deus, ¢ um senso devido de nossa relagao com ele. Ou como Wegscheider o expressa: “/Equalis et constans animi affectio, qua homo, necessitudinem suam eandemque eternam, qua ei cum summo omnium rerum auctore ac moderatore sanctissimo intercedit, intimo sensu complexus, cogitationes, voluntates et actiones suas ad eum referre studet”. Ou, como é mais concisamente expresso por Bretschneider: “Fé na realidade de Deus, com um estado mental e modo de vida em consonancia com essa fé”. Ou mais vagamente: “Reconhecimento da relago muitua entre Deus e o mundo (Fischer), ou “Re- conhecimento de uma causalidade super-humana na alma e na vida” (Theile), “Fé fundada sobre a percepcao da realidade do ideal” (Jacobi). “O sentimento da dependéncia absoluta” (Schleiermacher). “A observancia da lei moral como instituigdo divina” (Kant). “Fé na ordem moral do universo” (Fichte). “A unido do finito com o infinito ou a vinda de Deus autoconsciéncia no mundo” (Schelling). Essa diversidade de conceitos quanto ao que significa religiaio basta para provar quao com- pletamente vaga e insatisfatoria precisa ser a definigio de teologia como “a ciéncia da reli- gido”. Além disso, essa definigdo faz a teologia inteiramente independente da Biblia. Pois, como a filosofia moral é a andlise de nossa natureza moral, e as conclusdes a que essa andlise conduz, assim a teologia se torna a andlise de nossa consciéncia religiosa, juntamente com as verdades que essa andlise desenvolve. E mesmo a teologia crista sé é a andlise da consciéncia religiosa do crist&o; ¢ a consciéncia crista nao é a consciéncia religiosa natural dos homens quando modificada c determinada pelas verdades das Escrituras cristas, mas é algo diferente. Ha quem diga ser ela uma nova vida transmitida de Cristo. Outros se referem a alguma coisa distinta no estado religioso dos crist&os para a Igreja, e realmente misturam teologia com eclesiologia. Temos, pois, de restringir a teologia a sua real esfera, como a ciéncia dos fatos da revelagiio divina até onde esses fatos dizem respeito 4 natureza de Deus c a nossa relagao com ele, como suas criaturas, como pecadores € como sujeitos da redengao. Todos esses fatos, como justa- mente observados, estdo na Biblia. Mas, como alguns deles sao revelados pelas obras de Deus e pela natureza do homem, ha até aqui certa distingdo entre a teologia natural e a teologia considerada distintamente ciéncia crista. 3 Poet. ap. Gell. iv. 9. * De Civitate Dei, x. 3. Edit, Benedictines, Paris, 1838. 5 Instt. Div. iv, 28. 6 Ver Hutterus Redivivus, de Hase, 1. § 2.

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