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Triénio 2008/2011
Módulo 8 – Volumetria de Complexação
Quando juntamos duas quantidades estequiométricas de dois ou mais compostos estáveis, formam-se
compostos de adição, como os seguintes exemplos:
KCl.MgCl2 (carnalita)
K2SO4.Al2(SO4)3.24H2O(alúmen de potássio)
CuSO4.4NH3.H2O(sulfato de tetramin-cobre II monohidratado)
Fe(CN)2.4 KCN (ferrocianeto de potássio)
Os compostos de adição pertencem a dois tipos: aqueles que perdem a sua identidade em solução
(sais duplos) e aqueles que mantêm a sua identidade (complexos). Assim, quando se dissolve em água a
carnalita, a solução mostra as propriedades dos iões K+, Mg2+ e Cl-. De maneira semelhante, uma solução
de alúmen de potássio mostra as propriedades dos iões K +, Al3+ e SO 42 − . Os dois casos são exemplos de
É possível ter mais do que um átomo central, nos chamados complexos polinucleares (figura 1).
Como já foi referido existem complexos de carga positiva, negativa e neutros. É recomendado escrever as
fórmulas dos complexos entre parênteses recto, como nos seguintes exemplos: [Cu(NH3)4]2+, [PtCl4]2-,
[Fe(CN)6]4-, [PtCl2(NH3)2], [Al2(OH)2(H2O)8]4+.
A um composto neutro que envolva complexos chama-se composto de coordenação. Por
exemplo, o sulfato de tetraminocobre (II), [Cu(NH3)4]SO4, e o diaminodicloroplatina (II), [PtCl2(NH3)2], são
compostos de coordenação.
Num complexo o átomo ou ião central é um ácido de Lewis e os ligandos são bases de Lewis. Uma
classe grande de ácidos de Lewis é, portanto, a dos catiões metálicos.
Podemos fazer distinção entre complexos clássicos e complexos organométalicos. Os primeiros são
os complexos vulgarmente referidos no estudo das reacções de complexação e que foram também os
primeiros a serem preparados e estudados em grande número. São exemplos os complexos [Ni(NH3)6]2+,
[CoF6]3- e [Fe(C2O4)3]3-. O ião central é normalmente um catião num estado de oxidação igual ou superior a
2, com algumas excepções (CuI, AgI, etc.) e os ligandos são os mais familiares. Os complexos clássicos são
estudados são estudados no que se designa por química de coordenação. Nas ultimas décadas
desenvolveu-se o estudo dos complexos organometálicos, quer sintetizando-se novas espécies e estudando
a sua estrutura e reactividade, quer caracterizando-se complexos conhecidos de longa data mas cujas
estruturas não eram conhecidas por não existirem as técnicas adequadas nem modelos teóricos
convenientes. Um complexo organometálico, rigorosamente, é uma espécie em que existe, pelo menos,
uma ligação metal-carbono. Os ligandos podem ser monóxido de carbono, CO, grupos alquilo e arilo (por
− −
exemplo, CH 3 ), hidrocarbonetos aromáticos e espécies relacionadas ( C6 H 6 e C5 H 5 ) alcenos, etc.os
metais podem apresentar os estados de oxidação usuais mas, muitas vezes, surgem em estados de
oxidação muito baixos (por exemplo o níquel no [Ni(CO)4] tem estado de oxidação zero). Os complexos
organometálicos têm, muita vezes, outros ligandos, para além dos contendo carbono (por exemplo,
[PtCl3(C2H4)]-).
Curiosidade:
Um novo conjunto de complexos surgiu nos últimos anos, vindo a desenvolver-se com rapidez. São
os chamados “clusters”, podemos traduzir por agregados. Os “clusters” são espécies, neutras ou iónicas,
polinucleares em que se verifica existirem ligações metal-metal. Por exemplo,espécies como o
[Os3(CO)10(MeCN)2] e o [Mo6Cl8]4- são c”clusters”.
• Tipos de ligandos
Um ligando é uma molécula ou ião que tem um, ou mais do que um átomo dador. Estes são átomos
com pares de electrões disponíveis para ligação que vão coordenar ao metal. Na figura 2, as moléculas de
amoníaco, possuem um par de electrões não partilhados capazes de formar uma ligação coordenada, estão
ligados ao átomo do metal:
Figura 2 – [Co(NH3)6]Cl3
possibilidade de ligação vai depender da basicidade. Por exemplo o Cl- é um bom ligando mas o CHCl3 não
forma complexos,; há muitos complexos de NH3 mas poucos de N2.
Um ligando ambidentado é um ligando que tem mais do que um átomo dador mas que só pode
coordenar por um de cada vez num composto mononuclear.
Quando um ligando bidentado coordena os seus dois átomos dadores a um memo metal forma-se
um anel a que se chama anel quelato. Se o ligando for polidentado formam-se vários anéis deste tipo.
Chama-se quelato ao complexo formado quando um ligando polidentado se liga ao mesmo átomo central
por mais de um átomo. O quelato é o complexo que tem um ou mais anéis quelatos. Nestas circunstâncias
o ligando toma o nome de agente quelante. Na figura 3 mostram-se alguns quelatos. Verificamos que, nos
exemplos, os anéis quelato são anéis formados por cinco átomos. Esta é uma situação muito frequente;
verificando-se que, para a maioria dos complexos metálicos, os anéis estereoquimicamente mais estáveis
são os de cinco ou seis átomos.
Chama-se ligando em ponte àquele que coordena a mais do que um átomo metálico
simultaneamente. Nestas circunstâncias formam-se espécies polinucleares. O ligando pode ter apenas um
átomo dador, como o HO- ou o Cl-, mas, neste caso, o átomo dador deverá ter mais do que um par de
electrões não partilhado. A ponte pode ser feita, igualmente, por ligandos com mais do que uma átomo
dador em posições adequadas. Como exemplos temos o complexo polinuclear da figura 1 e o representado
na figura 4.
Figura 5 – Fotografia de Alfred Werner quando do recebimento do prémio Nobel em1916 (1866-1919, França)
1. Nos nomes dos compostos de coordenação, o nome do anião deve preceder o do catião e o átomo
central é citado após o(s) do(s) ligando(s):
3. Os ligandos são identificados por um nome precedido por prefixo grego que dá o número de
unidades do ligando ligadas ao átomo. A ordem da nomeação dos ligantes é a alfabética (sem levar
em conta os prefixos).
Para os ligandos H-, H2N-, HN2- e N3- a denominação usual, hidreto, amideto, imideto e azoteto,
respectivamente, é preferível em relação a hidro, amido, imido ou azido, por razões de ambiguidade.
Observa-se que, em português, os nomes dos haletos coordenados, com excepção de F correspondem aos
nomes dos elementos: cloro, bromo e iodo.
Ligandos aniónicos contendo prefixos numéricos (como trifosfato), assim como os tio-, seleno- e
teluro- derivados dos oxi-aniões (como tiossulfato), devem ser colocados entre parênteses.
d) Quando o nome do ligando também tem prefixo numérico, o número dos ligandos é
identificado por:
bis (2), tris (3), tetraquis (4), pentaquis (5), hexaquis (6), etc.
e) O uso de parênteses nos nomes dos complexos: A justaposição de nomes pode prejudicar
a clareza ou conduzir a formas incorrectas do ponto de vista ortográfico. Por exemplo:
[CoCl3(NH3)2(H2NCH3)] diamintriclorometilaminacobalto(III).
Neste caso a colocação de parênteses em metilamina torna-se imprescindível para evitar a
ambiguidade com triclorometilamina (Cl3NCH3), portanto, o nome correcto deste complexo
é: diamintricloro(metilamina)cobalto(III).
É preferível, entretanto, por uma questão de clareza, preservar a identidade dos constituintes
através de parênteses: diaminbis(hidrogenofosfato)di(hidroxi) rutenato(III).
4. Para complexos catiónicos ou neutros usa-se o nome do metal (não leva nemhuma terminação
especial). Quando o complexo é aniónico o nome do átomo de metal termina em ato. Para um
metal cujo símbolo se baseie no nome em latim do elemento, usa-se a raiz latina para designar os
complexos aniónicos. Na tabela seguinte são apresentados alguns exemplos e excepções:
Nome em Português Nome em Latim Nome do anião
Chumbo (Pb) Plumbum Plumbato
Cobre (Cu) Cuprum Cuprato
Estanho (Sn) Stannum Estanato
Ferro (Fe) Ferrum Ferrato
Ouro (Au) Aurum Aurato
Mercúrio (Hg) Hydrargyrum Mercurato
Prata (Ag) Argentum Argentato
Ligandos Neutros:
Ligandos Aniónicos:
Quando estes iões funcionam como ligandos, a terminação "ETO" é substituída por "O"
Oxianiões:
Ligandos Ambidentados:
Ligandos catiónicos:
Outros ligandos:
Espécie Nome da espécie Nome do ligando
P(C6H5)3 trifenilfosfina trifenilfosfino (PPh3)*
NH2CH2CH2NH2 etilenodiamina etilenodiamino (en)
C5H5N Piridina piridino (Py)
Quando comparamos sistemas com iões metálicos e ligandos diferentes, a estabilidade dos
complexos é afectada em geral pelos seguintes factores:
c) Efeito de quelação
Ligandos polidentados formam complexos mais estáveis do que ligandos semelhantes mas
monodentados. Por exemplo:
Ni2+ (aq) + 6 NH3 (aq) ↔ [Ni (NH3)6] 2+ (aq) ß = 108,6
Ni2+ (aq) + 3 en (aq) ↔ [Ni en3]2+ (aq) ß = 1018,3
sendo: en = H2 NCH2 CH2 NH2
Figura 6 – complexo com ligandos monodentados e quelatos com os mesmos átomos dadores.
Dureza
A dureza de uma água é um parâmetro importante tanto nas águas domésticas como nas indústrias
e é indicativo da capacidade dessa água para formar incrustações.
As águas duras são aquelas que exigem consideráveis quantidades de sabão para produzir espuma
de modo que, no passado, a dureza de uma água era considerada como uma medida de sua capacidade de
precipitar sabão. Este carácter das águas duras foi, por muito tempo, um aspecto muito importante na causa
das dificuldades de limpeza de roupas e utensílios. Com o surgimento dos detergentes sintéticos ocorreu
também a diminuição os problemas de limpeza doméstica por causa da dureza.
A dureza é devida à presença de catiões metálicos bivalentes, os quais são capazes de reagir com
o sabão formando precipitados e com certos aniões presentes na água para formar incrustações. Os
principais iões causadores de dureza são o cálcio e o magnésio tendo um papel secundário o zinco e o
estrôncio. Por vezes catiões como o alumínio (Al3+), ferro (Fe2+) e cobre (Cu2+) são considerados como
contribuintes da dureza.
Habitualmente referem-se três tipos de dureza:
CO 32− ( aq ) + Ca 2+ ( aq ) CaCO 3 ( s)
Qualquer uma das durezas referidas é expressa em miligrama de carbonato de cálcio por litro, ou
seja, ppm de CaCO3 (considera-se a dureza devida apenas ao carbonato de cálcio).
Vulgarmente usa-se dizer que uma água é dura se a dureza for superior a 75mg/L; caso contrário,
diz-se que é macia ou branda.
A água de consumo doméstico, por exemplo, pode apresentar dureza variável, sendo o limite
máximo permitido de 500 mg/L.
É, no entanto, frequente encontrar água com mais de 300 ppm de CaCO3, podendo até atingir
valores situados entre 1000 e 2000 ppm.
A presença destes catiões confere-lhe uma composição química que depende, em grande parte, do
solo que atravessa:
Por isso, é imprescindível determinar, controlar e corrigir a dureza de uma água, já que a maioria
das suas utilizações exige que ela seja “macia”.
As indústrias dos refrigerantes, conservas, papel (por exemplo), utilizam água de baixa dureza. Por
outro lado, a água dura é considerada ideal para levedar certos tipos de cerveja e o típico bourbon whisky
do Kentucky deve em parte o seu sabor à elevada concentração de cálcio na água existente no subsolo da
região.