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CAMILA BACH
CASSIANA MARANHA
CURITIBA
2009
CAMILA BACH
CASSIANA MARANHA
Projeto apresentado à disciplina de Construção Civil II, ministrada pelo professor Marcelo
Medeiros.
CURITIBA
2009
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 4
6 CUIDADOS 12
8 PROCESSO CONSTRUTIVO 14
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS 18
10 REFERÊNCIAS 19
1 INTRODUÇÃO
Dentro deste contexto, o bambu surge como uma importante alternativa construtiva, visto que
se trata de um material facilmente renovável pela natureza, de crescimento rápido e baixo
custo, além de possuir reduzido consumo energético para sua produção e despontar como o
maior consumidor de gás carbônico do reino vegetal.
O bambu é uma planta da família Gramineae, a mesma da cana-de-açúcar, que possui mais de
1.000 espécies distribuídas em cerca de 70 gêneros. Pode-se encontrar bambu em todos os
continentes, com exceção da Europa, e nas mais diversas condições de clima e altitude.
O crescimento do bambu ocorre de maneira diferente das árvores. Ele pode ser comparado a
um telescópio, onde os colmos saem da terra com diâmetro e número de nós definidos e, em
menos de 1 ano, atinge a altura máxima. Após o primeiro ano, os colmos vão amadurecendo,
isto é, vão mudando suas características internas, tornando-se mais resistentes.
Pouco difundida nos grandes centros do Brasil, a utilização do bambu e de fibras vegetais é
mais antiga do que se possa imaginar.
O bambu constitui, principalmente para os povos asiáticos, uma fonte econômica muito
importante. Japoneses, chineses e indianos utilizam essa extraordinária planta há milhares de
anos. Em certas regiões, o bambu é considerado uma planta sagrada, tais são os benefícios
que ela proporciona.
Na China, o bambu foi utilizado para a construção dos primeiros pórticos e também para
pontes, conseguindo vencer vãos superiores a 100m.
Em Bangladesh, país com mais de 5 milhões de habitantes, 90% das habitações são feitas de
bambu. Complementando, de acordo com a NMBA - National Mission on Bambu Application,
Índia (2004), um bilhão de pessoas pelo mundo vivem em casas de bambu. Países como a
Colômbia, Equador e Costa Rica, utilizam este material para a construção de suas habitações
há milhares de anos. Logo, países com uma cultura milenar do bambu, detêm as melhores
tecnologias, como é o caso da China, em seu aproveitamento industrial, e a Colômbia, na
construção civil.
Uma casa popular feita de bambu, no Equador, onde esta tecnologia já é amplamente utilizada,
custa, em média, US$ 400. Já uma casa de alvenaria não sai por menos de US$ 10 mil. Na
Costa Rica existe um grande fluxo de construção com bambu, principalmente construções de
casas populares.
O bambu é conhecido na Índia como madeira dos pobres, vem sendo utilizado como andaime,
e se tornam gigantescos esqueletos á volta dos prédios modernos.
Em alguns países como Nepal, Filipinas, China e Havaí, seus governantes enxergam o bambu
como um dos meios alternativos para aumentar a produtividade agrícola, gerar emprego e
estimular a indústria.
Apesar do baixo custo, e de nosso país possuir uma das maiores reservas de bambu (no Acre,
os bambuzais cobrem 38% do estado), a técnica construtiva que utiliza essa espécie de
vegetal ainda é muito pouco explorada no Brasil, embora comecem a surgir empresas que
estão utilizando este material como matéria-prima para construção de residências. Sendo ainda
possível encontrar o bambu empregado em construções temáticas ou de luxo.
O clima no Brasil é bom para o plantio, e os valores da cultura do bambu podem ser de grande
interesse social.
Numa casa o bambu pode estar presente em tudo. A durabilidade desse material para a
construção civil é comprovada considerando-se a quantidade de obras construídas pelos povos
asiáticos, tudo depende do cuidado que se da ao material e da tecnologia empregada.
O bambu pode substituir o ferro em construções de casas, muros, prédios, entre outras obras.
No Japão, China e Índia são encontradas obras de até oito metros de altura, e também
algumas pontes feitas de bambu, se tornando uma combinação de leveza e excelente
resistência mecânica à tração. A grande longevidade das pontes deu-se graças à ausência de
tecidos provenientes de camadas internas do colmo, os quase apresentam grande
concentração de substâncias atrativas aos insetos.
Construir casas mais econômicas e escolas no mesmo estilo, de maneira a resolver o problema
habitacional e atender às necessidades da população estudantil, pode ser viabilizado pelo
bambu. O produto chega a baratear uma obra em 50%, além de se enquadrar no contexto de
desenvolvimento sustentável, por resultar em uma habitação ecologicamente correta.
Como cobertura tanto para casa como para escolas a exemplo do que já se faz em países
como a Colômbia, pode-se economizar muito e construir em grande escala.
Khosrow Ghavami, que há mais de 20 anos desenvolve estudos sobre o uso do bambu e
outros materiais, que podem baratear o custo da construção civil é professor titular do
Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio e vem desenvolvendo pesquisas sobre a
substituição do aço pelo bambu na fabricação de estruturas de concreto. Segundo ele, o
material tem resistência suficiente para ser utilizado na fabricação das estruturas.
Tratando-se de resistência, o bambu é comparado tanto com o aço quanto com a madeira,
apesar de entre os três apresentar o menor peso específico, é um material de grande
resistência física, podendo ser utilizado para treliças de telhado, estruturas de vigas, pilares,
escadas, etc.
Também pode ser utilizado nas construções, como alternativa ao tijolo, sem função estrutural,
apenas para o fechamento de paredes. O bambu pode aparecer em dois tipos de sistema
construtivo: como uma taipa (estrutura de bambu amarradas entre si, com acabamento de
barro ou cimento que pode ser emassado e pintado), ou como esterilha (estrutura em varas de
bambu, fechamento em esteiras de lascas de bambu amarradas e acabamento em cimento,
emassado e pintado).
É possível acreditar ainda que o bambu possa surgir como alternativa para gerar emprego. Por
ser uma alternativa excessivamente manual, em que se faz necessário o trabalho de corte e
amarrações, certamente precisa de mão-de-obra específica para seu manuseio.
Para garantir a durabilidade, o material recebe tratamento para evitar apodrecimento e ataque
de fungos e cupins.
Uma das principais vantagens do uso do bambu é a economia. A utilização pode reduzir em
mais de 50% o custo final da construção. A fabricação de um tubo de aço consome 50 vezes
mais energia do que um de bambu com as mesmas proporções.
Os indígenas brasileiros, além de construir suas habitações com o uso do bambu, utilizando-o
como estrutura, ripamento de telhado dentre outros usos.
A densidade dos bambus varia entre 500 a 800 kg/m3, dependendo principalmente do
tamanho, quantidade e distribuição dos aglomerados de fibras ao redor dos feixes vasculares.
Estas diferenças são menores mais perto do topo, devido ao aumento da densidade na parte
interna e redução da espessura da parede, que apresenta internamente menos parênquimas e
mais fibras. A disposição das fibras do bambu é orientada no sentido paralelo ao eixo do
colmo, por isso a resistência à tração longitudinal às fibras é bastante alta.
1) Compressão
Peças curtas de bambu podem suportar tensões superiores a 50 MPa, superando a resistência
dos concretos convencionais. Além disso, o concreto tem densidade superior a 2 e o bambu
apresenta 1/3 desse valor. Desse modo, se for considerada a resistência em relação à
densidade (resistência específica), o bambu mostra-se mais eficiente do que o concreto.
O módulo de elasticidade do bambu situa-se em torno de 20.000 MPa, cerca de 1/10 do valor
alcançado pelo aço. Cabos de bambus trançados oferecem resistência similar ao aço CA-25
(2.500 kgf/cm2). O peso, no entanto, é 90% menor.
3) Flexão estática
O bambu apresenta rigidez suficiente para que possa ser utilizado em estruturas secundárias,
na forma de treliças e vigas.
A resistência do bambu à compressão é 30% menor que a resistência à tração, estando entre
20 e 120 MPa, nos ensaios de compressão normal às fibras. Observações semelhantes podem
ser feitas a respeito do posicionamento do nó na peça a ser ensaiada, acarretando menores
resistências à compressão para corpos-de-prova com nó.
Muito se tem estudado para mudar a característica "provisória" de uma construção com bambu.
Desse modo, se forem tomados certos cuidados no corte de uma touceira, feito o tratamento
preservativo e construído da maneira correta, uma construção de bambu pode apresentar
durabilidade superior a 25 anos, equivalente a do eucalipto, por exemplo.
No entrenó
No nó
Resistência à tensão:
2.636kg/cm2
2.285 kg/cm2
Máxima
Mínima
Elasticidade de tensão:
316.395 kg/cm2
140.000 kg/cm2
Resistência à compressão:
863 kg/cm2
562 kg/cm2
Elasticidade de compressão:
199.000 kg/cm2
151.869 kg/cm2
Resistência à flexão:
2.760 kg/cm2
763 kg/cm2
Elasticidade de flexão:
220.000 kg/cm2
105.465 kg/cm2
Esses dados revelam os valores médios obtidos em ensaios de várias espécies de bambu.
A resistência das fibras varia de acordo com a sua posição na parede do bambu, sendo mais
forte as fibras da capa externa que as da interna.
Parte externa
Parte Interna
Flexão:
2.531 kg/cm2
949 kg/cm2
Tensão:
3.200 kg/cm2
1.550 kg/cm2
6 CUIDADOS
Os caules do bambu podem ser empregados inteiros, ou em lascas. Os pedaços devem ser
cortados junto aos nós, quando usados inteiros e ao ar livre, evitando-se assim que a água
acumule-se nas extremidades e livres e provoque futuros apodrecimentos.
Não se deve usar pregos ou parafusos comuns, evitando assim rachaduras e estragos no
bambu. Quando for necessário fazer a junção de duas peças, usar arame galvanizado, corda
ou preencher os ocos com uma madeira dura.
Após estudos sobre o emprego do bambu como reforço de concreto, conclui-se que:
D) Vigas de concreto reforçadas com bambu seco e tratado por emulsão asfáltica geralmente
possuem maior resistência do que o bambu úmido, que não recebeu tratamento.
E) Quando for usada a emulsão asfáltica, deve-se tomar muito cuidado para impermeabilizar o
bambu seco, porque o excesso dessa emulsão funciona como lubrificante, e o bambu não
adere ao concreto.
F) Ao se usar o bambu como reforço em concreto, o caule deve ter cerca de três anos de idade
e ter sido cortado a pelo menos um mês.
8 PROCESSO CONSTRUTIVO
Para ter uma obra finalizada com sucesso, e com garantia de resistência, deve-se acompanhar
o bambu antes mesmo do corte dos colmos.
Dentre as mais de 1000 espécies existentes no mundo, serão consideradas boas para serem
usadas em construção aquelas que aliem grande resistência física com baixa susceptibilidade
ao ataque de predadores (insetos e fungos).
Escolhida a espécie adequada, a atenção agora se volta para o corte de uma touceira e as
conseqüências deste corte na qualidade dos colmos. Os colmos devem ser colhidos em
touceiras uniformes, com no mínimo três anos de idade. Nessa idade é adequado cortar as
hastes a uma altura mínima de 0,15 a 0,30cm do solo e acima do nó, para não provocar o
apodrecimento do rizoma da planta quando houver deposição de água. Para o corte podem ser
utilizados facão e moto-serra (para o corte das espécies de maior porte).
Com o material cortado, as fases que se seguem são o tratamento preservativo e a secagem
dos colmos. Estes dois processos, juntamente com os citados anteriormente (escolha do
material e um corte bem feito) é que vão determinar o tempo de vida útil do bambu.
O tratamento preservativo começa, ainda, no campo, logo após o corte, com um procedimento
que consiste em deixar o excesso da seiva escorrer, denominado cura do bambu. Os colmos
ficam apoiados o mais verticalmente possível, de 4 a 8 semanas, para que a seiva possa
escorrer naturalmente.
O bambu, de um modo geral, apresenta baixa resistência ao ataque de insetos. Desse modo,
logo após o corte, os colmos são deixados submersos em água, durante quatro semanas (cura
por imersão), para que, através do processo de fermentação, consiga-se a eliminação parcial
do amido, que é o principal alvo do ataque de carunchos. Existe também a cura por banho
quente e frio, processo menos utilizado, no qual o bambu é colocado em situação imersa em
tanque com água, atingindo 90 C num intervalo de 30 minutos, e depois o resfriando em outro
reservatório.
Após o tratamento os colmos são deixados secar á sombra, por um período em torno de 30
dias para evitar variações dimensionais causadas pela absorção e evaporação de água que faz
com que o bambu crie fissuras. Além disso, eliminando-se a água do colmo do bambu, elimina-
se também o meio por onde se propagam os fungos apodrecedores.
a) Pilares
O bambu é utilizado como pilar nas edificações, e por ser um material bastante resistente,
suporta construções de vários pavimentos, por vários anos. A base do pilar de bambu deve ser
feita obedecendo à regra de não colocá-lo em contato direto no solo. Assim, é necessário
utilizar blocos de concreto ou outro material, como base para a proteção do bambu contra a
umidade dos solos e dos pisos.
As casas construídas de bambu são erguidas do chão, isolando-as do contato direto do solo,
como dito anteriormente, e a sua durabilidade não é afetada seguindo regras como estas.
Assim, os pilares de bambu do edifício são apoiados em bases de concreto, distanciando o
bambu da umidade.
Os pilares são feitos da parte mais importante do bambu, ou seja, da parte média à parte
inferior do colmo. Estes são constituídos por nós internos que se alternam ao longo do
comprimento dos colmos. Os nós conferem ao colmo maior resistência estrutural,
proporcionando maior resistência aos pilares.
b) Vigas e treliças
As vigas e treliças construídas com o uso dos bambus, também são realizadas com muito
esmero por quem conhece esta técnica construtiva. São altamente resistentes e apresentam
alta resistência mecânica e espacial. Como estrutura, as vigas e treliças de bambu conferem
alto grau de eficácia em regiões que possuem abalos sísmicos periódicos.
A largura de vigas e arcos varia de acordo com o comprimento. Com o bambu laminado podem
ser fabricados todos os tipos de arcos que são construídos em madeira, podendo assim
produzir os diversos modelos de vigas desejados.
O bambu na forma de painel de vedação pode constituir-se de varas verticais ou ripas inseridas
em molduras, podendo ser de bambu ou de madeira, dependendo da necessidade ou
preferência. Além disso, os painéis de vedação feitos de bambu podem ser preenchidos com
barro ou podem ser argamassados simplesmente. Estes painéis são de grande flexibilidade, de
fácil execução e passíveis de futuras ampliações.
d) Estruturas de telhado
É possível construir várias estruturas de telhados utilizando o bambu como principal material,
na forma de triângulos, arcos etc., assim pode-se valorizar a estrutura, aliando-se a
preocupação estética ao método construtivo.
e) Telhas
É possível se produzir telhas feitas de bambu, que constituem um elemento a mais na
construção de habitações. As telhas devem ser amarradas umas às outras com arame
galvanizado, evitando que o vento as tire do lugar.
f) Escadas
As escadas, entretanto, podem ser feitas de bambu desde que alguns cuidados sejam
obedecidos. Na junção dos degraus podem ser utilizados elementos metálicos, fibras naturais,
etc., que contribuem com a ligação e estruturação das escadas de bambu.
O tema das ligações dos bambus, seja com os próprios bambus ou com outros materiais, vem
sendo estudado cada vez mais por pesquisadores, a fim de viabilizar sua aplicação de forma
sistematizada em edificações, principalmente em habitações econômicas.
O bambu não tem boa resistência às pregações, devido a sua constituição basicamente
composta por fibras paralelas muito longas, com densidade específica muito alta,
principalmente nas paredes externas, com grade tendência ao cisalhamento. As ligações mais
recomendadas são as parafusadas, por proporcionarem maior estabilidade. Este procedimento
provoca um corte nas fibras, porém, sem provocar o afastamento das mesmas, evitando-se
assim o fendilhamento longitudinal.
h) Detalhes construtivos
O guarda-corpo de bambu também deve possuir base afastada do solo, evitando assim a
umidade da terra. Geralmente, os guarda-corpos são estruturados por pilares, os quais podem
ser de mesmo material, ou não, como concreto, metal, madeira, ou tijolo aparente.
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
10 REFERÊNCIAS
http://www.abmtenc.civ.puc-rio.br/
http://www.youtube.com/watch?v=X6R0ilr-zsE
http://bamboo.ning.com/profile/KhosrowGhavami
http://biblioteca.universia.net/ficha.do?id=12640249
http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=10018
http://www.cati.sp.gov.br/novacati/tecnologias/catiresponde/cr21bambu.html
http://bamboo.ning.com/profiles/blogs/bambu-e-alternativa-para
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo
http://www.ecocentro.org/bioconstruindo/bambu.html
http://christianrocha.wordpress.com/2008/02/13/e-o-bambu/