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0065 PJE
PROCEDÊNCIA: JUÍZO DA 65ª ZONA ELEITORAL DE JUNDIAÍ
RECORRENTES: ROGÉRIO CAVALIN E ELIVELTON ANTÔNIO WEIRICH
RECORRIDOS: MARCO ANTÔNIO MARCHI E ALEXANDRE RIBEIRO
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MUSTAFÁ
RELATOR: JUIZ MARCELO VIEIRA DE CAMPOS
(01.02) 0600738-08.2020.6.26.0065 - RCED -ineleg superveniente - condenacao em AIJE - antes data pleito -
procedencia - prelim - ause intere_nulidade_inconst - DYRO
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I. ANTECEDENTES
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superveniência de inelegibilidade, caracterizada pela condenação de ambos,
em ação de investigação judicial eleitoral por abuso de poder econômico, à
cassação dos diplomas e à inelegibilidade por oito anos, a atrair a inelegibilida-
de prevista no artigo 1º, inciso I, alínea ‘d’, da LC nº 64/90.
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Processo Civil, o Acórdão que será objeto desta ação contra expedição de di-
ploma sequer existe!”; (iii) “o registro de candidatura de ambos foi deferido pos-
teriormente à sessão de julgamento da AIJE 316-24, isto é, no dia 9.10.2020,
sendo que não houve decisão de ofício para indeferir o registro, tendo em vista
o efeito suspensivo automático e pleno que decorre do § 2º do Art. 257 do
Código Eleitoral. Aliás, no mesmo dia do julgamento do recurso eleitoral do Re-
querido Marco Marchi, decorreu o prazo para a impugnação do MPE, que não
II. PRELIMINARES
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Código Eleitoral, 2202 do Código de Processo Civil e 5º 3 da Portaria TSE nº
908/2020, que estabelecem a suspensão dos prazos processuais entre os dias
20 de dezembro e 20 de janeiro, a citação de ambos, ordenada em 23.12.2020
(ID 35100901), foi aperfeiçoada, de modo que Marco Antônio Marchi e Alexan-
dre Ribeiro Mustafá puderam exercer efetivamente o contraditório e a ampla
defesa, nada havendo de prejuízo.
1 Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de
elegibilidade. § 3º O recurso de que trata este artigo deverá ser interposto no prazo de 3
(três) dias após o último dia limite fixado para a diplomação e será suspenso no período
compreendido entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro, a partir do qual retomará seu
cômputo.
2 Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de
dezembro e 20 de janeiro, inclusive.
3 Art. 5º Os prazos processuais ficarão suspensos no período de 20 de dezembro de 2020
a 31 de janeiro de 2021, salvo os prazos dos processos de prestação de contas relativas
às Eleições de 2020, que voltam a fluir a partir de 7 de janeiro de 2021, nos termos do art.
7º da Resolução TSE nº 23.632, de 19 de novembro de 2020.
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É dizer, o efeito suspensivo automático ou ope legis restringe-
se ao recurso ordinário, ao passo que a hipótese narrada por Marco Antônio
Marchi e Alexandre Ribeiro Mustafá refere-se à pendência de julgamento de
embargos de declaração, os quais, segundo clássica lição doutrinária 4 nem
sempre são considerados recurso, a depender se sua aptidão, no caso
concreto, de modificar o conteúdo da decisão embargada, na medida em que,
caso limite-se à integração, retificação ou complementação, sem modificação
4 DINAMARCO, Cândido Rangel. A nova era do processo civil – 2.ed. - São Paulo: Malheiros,
2007, p. 56.
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Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos
de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de
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condição de elegibilidade.
§ 2º A inelegibilidade superveniente apta a viabilizar o recurso contra a
expedição de diploma, decorrente de alterações fáticas ou jurídicas,
deverá ocorrer até a data fixada para que os partidos políticos e as
coligações apresentem os seus requerimentos de registros de
candidatos. (Incluído pela Lei nº 13.877, de 2019)
5 GOMES, José Jairo. Direito eleitoral – 16. ed. - São Paulo: Atlas, 2020, p. 346; COSTA,
Adriano Soares da. Instituições de direito eleitoral – 10. ed. - Belo Horizonte: Fórum, 2016 –
p. 186.
6 TSE: RCED 060391279, Acórdão de 17/09/2020, Relator Min. Sérgio Silveira Banhos,
Publicação: DJE, Data 05/10/2020; RESPE 060052529, Acórdão de 24/09/2019, Relator
Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, Publicação: Data 04/02/2020; RESPE nº 4314,
Acórdão de 15/05/2014, Relator Min. Dias Toffoli, Publicação: DJE, Data 18/06/2014; AI nº
11607, Acórdão de 20/05/2010, Relator Min. Aldir Passarinho Júnior, Publicação: DJE, Data
18/06/2020.
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9.504/97, ainda em vigor, dispõe que as “condições de elegibilidade e as
causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do
pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou
jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade”.
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pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a
influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
emprego na administração direta ou indireta”.
8 TSE: RESPE nº 4314, Acórdão de 15/05/2014, Relator Min. Dias Toffoli, Publicação: DJE,
Data 18/06/2014; RESPE 060052529, Acórdão de 24/09/2019, Relator Min. Tarcísio Vieira
de Carvalho Neto, Publicação: Data 04/02/2020; AI nº 11607, Acórdão de 20/05/2010,
Relator Min. Aldir Passarinho Júnior, Publicação: DJE, Data 18/06/2020; RCED 060391279,
Acórdão de 17/09/2020, Relator Min. Sérgio Silveira Banhos, Publicação: DJE, Data
05/10/2020
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Deve ser acolhido o incidente de inconstitucionalidade
suscitado, afastando, no caso concreto, a aplicação do parágrafo 2º do
artigo 262 da Lei nº 4.737/65.
III. MÉRITO
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mercê de incabível a invocação de direito adquirido ou de autoridade da coisa
julgada (que opera sob o pálio da cláusula rebus sic stantibus) anteriormente
ao pleito em oposição ao diploma legal retromencionado; subjaz a mera
adequação ao sistema normativo pretérito (expectativa de direito)”9.
9 TSE, RESPE nº 13860, Acórdão de 29/09/2017, Relator Min. Luiz Fux, Publicação: Data 16/08/2017.
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mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta”,
impôs ao legislador complementar o dever de estabelecer outros casos de
inelegibilidade, situação de todo parecida com a dos mandados constitucionais
de criminalização, que cobram do Estado comportamento legiferante positivo a
fim de se proteger determinado bem jurídico
sido condenados por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de
comunicação, atraindo a inelegibilidade prevista no artigo 1º, inciso I, alínea ‘d’,
da LC nº 64/90.
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Alexandre Ribeiro Mustafá, vice-prefeito reeleito, teve a sanção de
inelegibilidade afastada por esse Tribunal, conforme se constata da ementa do
acórdão abaixo, in verbis:
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que por se tratar de chapa formada para o pleito majoritário, e sem negar o
caráter pessoal da sanção de inelegibilidade, a ausência de condição de
elegibilidade ou a presença de inelegibilidade, na data da eleição, efetivamente
maculou a chapa por inteiro, viciou a vontade livre dos eleitores – que votaram
não apenas em um candidato, mas em ambos -, de tal modo que a
desconstituição do mandato eletivo de um de seus integrantes irradia efeitos
jurídicos ao outro.
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subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou
diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder
econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos
meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério
Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de
ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie
comportar”.
IV. CONCLUSÃO
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Antônio Marchi e Alexandre Ribeiro Mustafá e suscita a preliminar de
inconstitucionalidade incidental do parágrafo 2º do artigo 262 do Código
Eleitoral. No mérito, por que seja julgado procedente o pedido.
(assinatura digital)