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OLFATO: o perfume do coração

“Há no perfume uma força de persuasão mais forte que as palavras, o brilho
dos olhares, os sentimentos e a vontade. A força de persuasão do perfume não
pode ser contrariada, nos invade como o ar invade nossos pulmões, enche-nos,
satura-nos, não existe nenhum remédio contra ela” (Suskind)

Desde os tempos mais remotos, os homens tiveram nos odores aliados


extraordinários para entrar em contato com a divindade. Talvez seja a qualidade
de ser percebido sem poder ser ouvido, visto ou tocado, o que faz do odor um
bom meio de acesso a Deus.
É como se, espontaneamente, o odor “subisse” ao céu ou permanecesse no
âmbito divino.
Por isso não causa estranheza que o Apocalipse descreva uma cena em que as
orações dos fiéis sobem a Deus como nuvens de incenso (Apc. 8,3-4). A oração,
que como o bom odor, não pode ser tocada, perfuma os ambientes em que o
orante se encontra.
E assim como o mau odor repele e afugenta, o bom odor atrai e convida ao
seguimento.
“Corramos atrás do bom odor de Cristo”.

Mas é sobretudo através das boas obras que os cristãos exalam deliciosos
perfumes e que são agradáveis ao olfato divino. As pessoas e, sobretudo, as
comunidades, através do oferecimento do coração e da vida, exalam um bom
odor, criam uma atmosfera perfumada ao seu redor.
Assim, às vezes nos encontramos com ambientes que nos cativam e atraem, que
desprendem um aroma agradável e prazeroso. São ambientes nos quais reina a
acolhida, a afabilidade, o compromisso, a simplicidade. Neles percebe-se um
senhorio ingênuo e uma majestade espontânea. Sempre agrada ficar por mais
tempo. Nossa memória parte dali amavelmente carregada com energia salutar e
nossos pulmões saem repletos de ar purificado, limpo...
Também existem outros ambientes cujo clima infesta, é irrespirável, fétido, com
mau odor. São lugares onde há competições, agressividade e más idéias, onde se
manipula as pessoas. São atmosferas arrogantes, afetadas, orgulhosas, vazias.
Saímos daí meio asfixiados, desejando não ter de voltar mais.
Nos Exercícios Espirituais, S. Inácio nos convida a imaginar o inferno como um
lugar pútrido e infecto (EE.68)
Todos os cristãos fomos ungidos com o óleo santo no batismo, fomos
besuntados e polidos com um bálsamo cristificante. Por isso trazemos a força
sanadora do perfume de Cristo para resistir às artimanhas do inimigo e para
manifestar a beleza da vida cristã com a qualidade do nosso aroma.
O mesmo S. Inácio nos propõe na contemplação das cenas evangélicas:
“Pelo sentido do olfato e do gosto, hei de sentir e saborear a suavidade e doçura infinita da
divindade, da alma, de suas virtudes e de tudo o mais” (EE. 124).
Juntamente com o paladar, o olfato significa a situação de presença mais
próxima e interiorizante às pessoas. Presença que exige a totalidade da pessoa.
Podemos, portanto, ao rezar, respirar o aroma do Evangelho, o bom odor do ungido Jesus;
ao discernir, examinar os aromas das diferentes alternativas e contrastá-
las com o
bom odor de Cristo;
ao viver, desprender energias cristificantes que dêem alento para a entrega
e o louvor,
que cativem e embelezem pelo deleite e suavidade de seu perfume;
ao morrer abnegadamente cada dia, derramar o perfume dessa ânfora que
somos nós.

Concluindo: existe um progresso ascensional dentro da sequência do exercício dos sentidos; este começa
com aplicação da visão e da audição, aos quais, em sentido espiritual, simbolizam a abertura da
fé viva; continua, depois, com o olfato e o paladar, ou “interiorização”, simbolizando a assimi-
lação e a firmeza da esperança, vindo a terminar pelo tato, que exprime a doação, a comunicação
interna da pessoa com o Deus Vivo, presente, no amor.
Textos bíblicos: Jo. 12,1-11 2Cor. 2,15-16

Na oração: Somos um fragrância que é o símbolo da vi-


da, e que derramada em favor das pessoas,
inunda o mundo comunicando a salvação.

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