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AS MULTAS APLICADAS PELO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


Francisco Eduardo Carrilho Chaves
Consultor Legislativo do Senado Federal
Ex-Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União
Bacharel em Direito pela Universidade de Brasília
Pós-graduando da Escola Superior do Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios
Engenheiro mecânico pela Universidade Federal Fluminense
Autor do livro Controle Externo da Gestão Pública – a fiscalização pelo Legislativo e
pelos Tribunais de Contas

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é tratar das diversas multas passíveis de


serem aplicadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A idéia de oferecer
essa contribuição decorreu da experiência vivida em sala de aula. Em diversas
oportunidades, alunos demonstraram dúvidas quanto às multas aplicadas pela
Corte de Contas federal.

A multa, genericamente considerada, é uma das espécies de


sanções impostas pelo TCU. As outras duas são a declaração de inidoneidade
para licitar e a inabilitação para exercício de cargo em comissão ou função de
confiança. Ambas, por força do âmbito da jurisdição do Tribunal, são
vedações restritas à Administração Pública federal. Essas penalidades
merecerão a produção de outro texto, específico para elas.

Tive o cuidado de, inicialmente, fazer referência à multa como


espécie, pois há várias multas aplicáveis pelo TCU. Demonstrarei, ainda,
existirem situações em que multas são obrigatoriamente impostas e outras em
que podem ser aplicadas, assim como há oportunidades em que o Tribunal
pode rever, de ofício, multas que aplicou.

É importante lembrar que a competência para o TCU aplicar


sanções decorre do Texto Constitucional (art. 71, VIII):
2

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será


exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
compete:
......................................................................................................................
VIII – aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá,
entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
......................................................................................................................

A multa proporcional ao dano causado ao erário é apenas uma


entre as sanções que podem ser legalmente cominadas, mas, como quis o
constituinte originário, de previsão obrigatória.

As multas da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, Lei Orgânica


do TCU (LOTCU), estão nos artigos 57 e 58, que guardam correspondência
com os artigos 267 e 268 do Regimento Interno daquela Casa.

Importante observação a ser feita já no início é quanto a


possibilidade de se cobrar débito somente em sede de processo de contas
(qualquer um deles: prestação de contas, tomada de contas ou tomada de
contas especial), é possível impor multas tanto em contas quanto em
fiscalização. O débito não é qualquer dano, mas o prejuízo quantificado ao
erário – mensurado, com liquidez e certeza.

Naturalmente, a previsão de sanções não está restrita à LOTCU.


Todavia, fora ela, somente a Lei de Crimes Fiscais (Lei nº 10.028, de 19 de
outubro de 2000) estabelece multa a ser imposta pela Corte de Contas federal,
de que também tratarei neste trabalho.

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2. A MULTA DO ART. 57 DA LOTCU

Antes de abordar diretamente essa sanção, é importante lembrar


que há, basicamente, três grandes grupos de processos no TCU: processos de
contas, processos de fiscalização e consultas. O grupo dos processos de
fiscalização é dividido em dois subgrupos: processos de atos sujeitos a
registro e processos de fiscalização de atos e contratos.

A multa do art. 57 da LOTCU é reservada, exclusivamente, a


processos de contas. Mais especificamente, a casos em que as contas são
julgadas irregulares com débito, que é a expressão monetária, líquida e certa
do dano causado ao erário.

No entanto, quando ocorrer julgamento das contas pela


irregularidade com débito, não haverá, obrigatoriamente, a imposição da
multa do art. 57, cuja cominação é de até 100% (cem por cento) do valor
atualizado do dano causado ao erário. Essa é uma circunstância, em geral,
pouco comentada, apesar de, à primeira vista, parecer estranho estar-se diante
de um prejuízo ao erário e o responsável por esse dano não sofrer apenação.
Vejamos o que dizem o caput do art. 19 e o art. 57 da LOTCU:

Art. 19. Quando julgar as contas irregulares, havendo débito, o Tribunal


condenará o responsável ao pagamento da dívida atualizada
monetariamente, acrescida dos juros de mora devidos, podendo, ainda,
aplicar-lhe a multa prevista no art. 57 desta Lei, sendo o instrumento
da decisão considerado título executivo para fundamentar a respectiva
ação de execução.
......................................................................................................................
Art. 57. Quando o responsável for julgado em débito, poderá ainda o
Tribunal aplicar-lhe multa de até cem por cento do valor atualizado do
dano causado ao Erário. (grifos do autor)

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Extrai-se dos dispositivos que o débito sempre será cobrado. Ele


nunca poderá ser esquecido. Quanto à multa, porém, o TCU tem a
possibilidade de aplicá-la. Todavia, não se trata de uma conduta
discricionária do Tribunal.

A possibilidade – não obrigatoriedade – de aplicar multa decorre


de que, se houver débito, exceto por uma hipótese peculiar1, as contas terão de
ser julgadas irregulares. Ou seja, o FATO “existir débito” é determinante para
a reprovação das contas. Entretanto, não basta a sua constatação para que o
responsável pelas contas seja apenado. Exige-se a avaliação da sua conduta,
pois o objeto da pena são os ATOS praticados pelo agente, não a existência
do fato débito. Portanto, ainda que não transpareça claramente, há dois
momentos distintos. Um refere-se à constatação do prejuízo, outro à aferição
da conduta que levou a ele. Ainda que não seja muito comum, é admissível
que comportamento pautado na boa-fé e não condenado pelo ordenamento
jurídico acarrete dano aos cofres públicos. Conforme já afirmado, o prejuízo
causado (débito) não pode ser ignorado, mas sua cobrança tem natureza de
responsabilização civil. Não é sanção.

A multa do art. 57 da LOTCU somente é cabível quando se


constata débito e a conduta do responsável é reprovada. Considerando que
a regra geral determina que a presença de débito conduza a contas irregulares,
a Lei Orgânica teve o cuidado de não impor a sanção para todas as hipóteses.
O texto legal é abstrato e genérico, devendo prever todas as situações
possíveis.

1
Consoante previsto no art. 12, § 2º, Lei nº 8.443, de 1992 c/c o art. 202, §§ 2º, 3º e 4º do RITCU, essa
hipótese ocorre quando o Tribunal reconhece a boa-fé do responsável, desde que não tenha sido observada
outra irregularidade nas contas, e o débito, devidamente atualizado monetariamente, é liquidado
tempestivamente. Na situação, o processo será sanado e, posteriormente, as contas serão julgadas regulares
com ressalva.

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Concluindo o item, alerto que a multa do caput do art. 57 da


LOTCU é a única prevista nessa lei cuja cominação é definida nela própria
(“até cem por cento do valor atualizado do dano causado ao erário”). As
demais multas obedecem ao limite legal máximo, mas a cominação para cada
uma delas está no Regimento Interno do Tribunal (art. 58, § 3º, da LOTCU).

3. A MULTA DO INCISO I DO ART. 58 DA LOTCU

Outra multa vinculada apenas a processos de contas é a do inciso


I do art. 58 da Lei Orgânica, aplicável aos responsáveis por contas julgadas
irregulares sem débito, com base nas alíneas a, b e c do inciso III do art. 16 da
referida Lei.

Art. 16. As contas serão julgadas:


......................................................................................................................
III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes ocorrências:
a) omissão no dever de prestar contas;
b) prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração à
norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional ou patrimonial;
c) dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou
antieconômico;
......................................................................................................................
Art. 58. O Tribunal poderá aplicar multa de até Cr$ 42.000.000,00
(quarenta e dois milhões de cruzeiros), ou valor equivalente em outra
moeda que venha a ser adotada como moeda nacional2, aos responsáveis
por:
I - contas julgadas irregulares de que não resulte débito, nos termos do
parágrafo único do art. 19 desta Lei;
................................................................................................ (grifo nosso)

2
O § 2º do art. 58 da LOTCU prevê a atualização periódica desse valor com base na variação acumulada no
período, pelo índice utilizado para atualização dos créditos tributários da União, cuja divulgação é feita por
meio de portaria da Presidência do Tribunal. Naturalmente, a divulgação se dá na moeda vigente no País.

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Ao contrário da sua congênere do art. 57, a multa do inciso I do


art. 58 é obrigatoriamente aplicada, conforme prevê o parágrafo único do art.
19 da LOTCU:

Art. 19. ........................................................................................................


Parágrafo único. Não havendo débito, mas comprovada qualquer das
ocorrências previstas nas alíneas a, b e c do inciso III, do art. 16, o
Tribunal aplicará ao responsável a multa prevista no inciso I do art. 58,
desta Lei. (grifo nosso)

A incidência obrigatória da multa decorre de opção do legislador.


Não há o que discutir, mas é profícuo investigar a razão dessa escolha.

Frise-se que, ao comentar a aplicação da multa do art. 57 da


LOTCU, afirmei que o fato débito é suficiente para o julgamento pela
irregularidade das contas, mas não é bastante para sancionar o responsável.
Para impor a multa, os atos que levaram ao débito devem ser condenados pelo
ordenamento jurídico. É natural, pois o que se apena é a conduta.

No que tange à multa do inciso I do art. 58, é cabível quando as


contas são julgadas irregulares, sem débito, com base em determinados
dispositivos da LOTCU. A simples leitura desses dispositivos – art. 16, III, a,
b e c – é suficiente para perceber que a conduta foi levada em conta no
julgamento, sendo ela o fator determinante para a irregularidade das contas.
Relembrando: i) omissão no dever de prestar contas; ii) prática de ato de
gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração à norma legal ou
regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou
patrimonial; e iii) dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou
antieconômico. Por conseguinte, é perfeitamente coerente a obrigatória
aplicação da multa nesses casos.

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4. AS MULTAS DOS DEMAIS INCISOS DO ART. 58 DA LOTCU

O art. 58 da LOTCU contém a previsão de outras multas,


aplicáveis, principalmente, em sede de fiscalização:

Art. 58. O Tribunal poderá aplicar multa de até Cr$ 42.000.000,00


(quarenta e dois milhões de cruzeiros), ou valor equivalente em outra
moeda que venha a ser adotada como moeda nacional, aos responsáveis
por:
......................................................................................................................
II - ato praticado com grave infração à norma legal ou regulamentar de
natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;
III - ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado
dano ao Erário;
IV - não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, à diligência
do Relator ou à decisão do Tribunal;
V - obstrução ao livre exercício das inspeções e auditorias determinadas;
VI - sonegação de processo, documento ou informação, em inspeções ou
auditorias realizadas pelo Tribunal;
VII - reincidência no descumprimento de determinação do Tribunal.
§ 1º Ficará sujeito à multa prevista no caput deste artigo aquele que
deixar de dar cumprimento à decisão do Tribunal, salvo motivo
justificado.
......................................................................................................................

A imposição de multas, como já afirmado, ocorre tanto em


contas quanto em fiscalização. Nesse sentido, é importante notar que os
fundamentos para multas dos incisos II e III igualmente são motivos para
contas serem julgadas irregulares, hipóteses em que será aplicada a multa do
inciso I. Incoerência? De forma alguma.

O Tribunal efetua a fiscalização dos atos de que resulte receita ou


despesa, praticados pelos responsáveis sujeitos à sua jurisdição, para

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assegurar a eficácia do controle e para instruir o julgamento das contas (art.


249 do RITCU). Significa dizer que um dos objetivos da fiscalização é
subsidiar a análise meritória das contas, e não apenas em processos de contas
pode o Tribunal se deparar com “ato praticado com grave infração à norma
legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial” ou com “ato de gestão ilegítimo ou antieconômico
de que resulte injustificado dano ao erário”. Se a circunstância ocorrer em
processo de fiscalização, a Corte, de imediato, pode aplicar a sanção em sede
da própria fiscalização, independente de, no caso da segunda hipótese, ter que
instaurar uma tomada de contas especial (TCE), a teor do art. 47 da LOTCU.
Uma TCE eventualmente instaurada, depois de julgada, será apensada ao
processo de contas regulares do período correspondente. O mesmo ocorrerá
com o processo de fiscalização, após a decisão final adotada em seus autos.

Deixar de atender, no prazo fixado e sem causa justificada, à


diligência do Relator ou à decisão do Tribunal também é motivo para aplicar
multa (inciso IV).

Evidente que diligências são feitas tanto em processos de contas


quanto em fiscalizações. Quando acontecer de diligência ser descumprida, o
que normalmente ocorre no curso do processo, há a possibilidade de aplicação
da multa antes mesmo da decisão final de mérito. Lembro que o diligenciado
pode ser, mas nem sempre é, parte no processo. Não raro, o Tribunal promove
diligências junto a órgãos e instituições não diretamente vinculadas aos atos
submetidos a julgamento nas contas. Por exemplo: quando solicita cópia de
extrato de conta específica de convênio a gerente de uma agência de um
banco oficial ou quando determina que lhe seja encaminhada cópia dos autos
de procedimento administrativo instaurado em órgão federal.

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A verificação de não-atendimento à decisão da Corte de Contas,


bem como da reincidência no descumprimento de determinação do Tribunal
(inciso VII), normalmente ocorrem em fiscalizações, seja em decorrência de
inspeção instaurada para apurar denúncia ou representação, seja em outros
instrumentos de fiscalização (arts. 238 a 243 do RITCU), em especial os
monitoramentos.

Pelos próprios textos, infere-se que as multas dos incisos V e VI


são, realmente, aplicáveis unicamente em fiscalizações: “obstrução ao livre
exercício das inspeções e auditorias determinadas” e “sonegação de
processo, documento ou informação, em inspeções ou auditorias realizadas
pelo Tribunal”.

Poderá se livrar de multa aquele que deixar de dar cumprimento a


decisão do Tribunal, desde que traga fundamentos que exculpem a
desobediência (§ 1º do art. 58 da LOTCU). Atenção! Não apenas as partes
processuais se enquadram entre os que podem incidir no descumprimento de
decisão da Corte de Contas. Dois exemplos:

i) aplicada a sanção de inidoneidade para licitar a uma pessoa, o


administrador público não poderá aceitar a habilitação dessa pessoa em
certame licitatório pelo qual seja responsável;

ii) aplicada a sanção de inabilitação para exercício de cargo em


comissão ou função de confiança, a autoridade competente deve exonerar o
sancionado que, por acaso, esteja ocupando um desses cargos, assim como
adotar as providências para que ele não os ocupe pelo prazo da sanção.

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4.1. Revisão ex officio de multas aplicadas pelo TCU

O TCU tem a possibilidade de rever, de ofício, algumas das


multas que aplica. Essa prerrogativa consta do Regimento Interno:

Art. 268. ......................................................................................................


......................................................................................................................
§ 2º Nos casos em que ficar demonstrada a inadequação da multa
aplicada com fundamento nos incisos IV, V, VI ou VII, o Tribunal
poderá revê-la, de ofício, diminuindo seu valor ou tornando-a sem efeito.
......................................................................................................................

Rever de ofício é rever sem ser provocado, por iniciativa própria.


Essa revisão somente poderá ocorrer para tornar sem efeito a multa ou
para diminuí-la. As multas que podem ser revistas ex officio são as
decorrentes de:

i) descumprimento, no prazo fixado, sem causa justificada, à


diligência determinada pelo relator;

ii) obstrução ao livre exercício das auditorias e inspeções


determinadas;

iii) sonegação de processo, documento ou informação, em


auditoria ou inspeção;

iv) descumprimento de decisão do Tribunal, salvo motivo


justificado;

É de notar que as multas passíveis de serem revistas de ofício


pelo TCU são, também, aplicáveis pelo órgão sem ouvir previamente os
responsáveis, nos termos do § 3º do art. 268 do RITCU.

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Para ser admitida a imposição dessas multas sem a oitiva prévia


do responsável, a informação sobre a possibilidade de sua aplicação deve ter
constado da comunicação do despacho, da decisão descumprida ou do ofício
de apresentação da equipe de fiscalização.

Das multas que podem ser aplicadas antes de ouvir o


responsável, somente a imposta por reincidência no descumprimento de
decisão do Tribunal foi excluída da viabilidade de revisão ex officio.

5. A MULTA DA LEI DE CRIMES FISCAIS

Na Introdução, citei a multa cominada no § 1º do art. 5º da Lei de


Crimes Fiscais. Essa multa é aplicável, no âmbito das respectivas jurisdições,
por todos os Tribunais de Contas, que detêm competência para processar e
julgar as infrações administrativas preceituadas nos incisos do art. 5º da
referida Lei:

Art. 5º Constitui infração administrativa contra as leis de finanças


públicas:
I – deixar de divulgar ou de enviar ao Poder Legislativo e ao Tribunal de
Contas o relatório de gestão fiscal, nos prazos e condições estabelecidos
em lei;
II – propor lei de diretrizes orçamentárias anual que não contenha as
metas fiscais na forma da lei;
III – deixar de expedir ato determinando limitação de empenho e
movimentação financeira, nos casos e condições estabelecidos em lei;
IV – deixar de ordenar ou de promover, na forma e nos prazos da lei, a
execução de medida para a redução do montante da despesa total com
pessoal que houver excedido a repartição por Poder do limite máximo.
§ 1o A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta por
cento dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o
pagamento da multa de sua responsabilidade pessoal.

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§ 2o A infração a que se refere este artigo será processada e julgada pelo


Tribunal de Contas a que competir a fiscalização contábil, financeira e
orçamentária da pessoa jurídica de direito público envolvida.

A Lei nº 10.028, de 2000, alterou o Código Penal e o Decreto-lei


nº 201, de 27 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a responsabilidade de
prefeitos e vereadores. Como o nome diz, a referida lei trata de crimes fiscais.
No projeto original, as condutas tipificadas como infrações administrativas
contra as leis de finanças públicas eram crimes, portanto, de competência do
Poder Judiciário. No curso do processo legislativo, houve modificação das
suas naturezas, que passando a infrações administrativas. O legislador, então,
conferiu aos Tribunais de Contas a atribuição para processá-las e julgá-las.

A multa cabível ao agente que incorrer em uma dessas condutas é


definida em 30% (trinta por cento) de seus vencimentos anuais. A fixação da
pena em termos exatos contraria o princípio da individualização da pena, que
prevê a aplicação da sanção a cada indivíduo de forma diferenciada.
Diferenciar é operar a busca da justiça na punição, pela necessária
consideração das circunstâncias subjetivas. Inerente a cada agente há um
conjunto de condicionantes que o levou a praticar o ato reprovado pelo
Direito. Não permitir a análise desses fatores e a sua ponderação na imposição
da sanção é tornar o Direito uma matéria exata, fixa, estática e puramente
positivada. In casu, estão sujeitos à mesma cominação aquele que tem a seu
favor circunstâncias que poderiam atenuar a pena pela infração cometida e o
outro que, deliberadamente, agiu com o claro intuito de violar a Lei,
desconsiderando-a. Sob esse prisma, a multa da Lei de Crimes Fiscais é,
indubitavelmente, injusta.

6. CONCLUSÃO

Concluo, revisando os pontos principais deste artigo:

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i) a competência do TCU para aplicar sanções, entre elas a multa,


tem sede constitucional;

ii) atualmente, o TCU impõe multas previstas na sua Lei


Orgânica e na Lei de Crimes Fiscais;

iii) quando as contas são julgadas irregulares com débito, a multa


não é obrigatoriamente aplicada, somente se a conduta do responsável for
reprovada pelo ordenamento jurídico;

iv) quando as contas são julgadas irregulares sem débito, a multa


sempre é aplicada, pois foi precisamente a conduta o motivo para o
julgamento pela irregularidade;

v) são aplicadas multas por atos praticados pelo agente, não


apenas pela reprovação das contas;

vi) multas, exceto as do art. 57 e do inciso I do art. 58 da


LOTCU, podem ser aplicadas em sede de fiscalização;

vii) o TCU pode impor algumas multas sem ouvir previamente o


responsável em audiência;

viii) algumas multas impostas pelo TCU podem ser revistas de


ofício pelo órgão, mas somente para torná-las sem efeito ou para diminuir.

Espero ter tornado claras as regras aplicáveis a essas sanções, e já


me comprometo em redigir outro texto, agora para abordar duas outras
sanções impostas pelo TCU: inidoneidade para licitar com a Administração
Pública e inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de
confiança na Administração Pública.

Até breve.

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