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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 780.032 - DF (2005/0148810-6)

RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA


RECORRENTE : DISTRITO FEDERAL
PROCURADOR : AREF ASSREUY JÚNIOR E OUTRO(S)
RECORRIDO : LÚCIO JOSÉ DOS ANJOS
ADVOGADO : JOSÉ ANTÔNIO GONÇALVES DE CARVALHO
INTERES. : FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FUB/UNB

RELATÓRIO

MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA:


Trata-se de recurso especial interposto pelo DISTRITO FEDERAL, com
fundamento no art. 105, III, "a" e "c", da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo
Tribunal Regional Federal da 1ª Região assim ementado (fl. 141):

ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. AGENTE DE POLÍCIA


CIVIL DO DISTRITO FEDERAL. INVESTIGAÇÃO SOCIAL DA VIDA
PREGRESSA. ELIMINAÇÃO DE CANDIDATO EM FACE DE
EXISTÊNCIA DE INQUÉRITO POLICIAL. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. ATO
COMPLEXO. MANDADO DE SEGURANÇA. LITISCONSÓRCIO
PASSIVO NECESSÁRIO ENTRE AS AUTORIDADES QUE
PARTICIPARAM DO ATO. DESNECESSIDADE DE CITAÇÃO DA
PESSOA JURÍDICA (DISTRITO FEDERAL). COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL, PELA PRESENÇA DE FUNDAÇÃO PÚBLICA.
1. A exclusão de candidato de concurso público, determinada pela Diretora
do CESPE/UNB, em razão de investigação social realizada pela Secretaria de
Segurança Pública do Distrito Federal constitui ato complexo, a justificar a
permanência das duas autoridades no pólo passivo da impetração.
2. Desnecessária, por isso mesmo, a citação do Distrito Federal como
litisconsorte passivo necessária, eis que a autoridade impetrada age em nome
do ente público a que pertence.
3. Figurando no pólo passivo da relação processual uma fundação pública
federal, cuja natureza jurídica, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, assemelha-se à de autarquia, a competência para o julgamento do feito
é da Justiça Federal.
4. A exclusão de candidato de concurso público a pretexto de existência,
contra ele de inquérito policial, apurada em investigação social e sindicância da
vida pregressa, viola o princípio constitucional da presunção de inocência
insculpido no inciso LVII do art. 5º da Constituição Federal, mormente, como
no caso, em que tal inquérito foi arquivado, de há muito.
5. Segurança concedida.
6. Sentença confirmada.
7. Apelação e remessa oficial desprovidas.

No acórdão objeto do recurso especial, o Tribunal de origem manteve sentença

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que concedeu a ordem em mandado de segurança impetrado pelo recorrido no qual busca a
desconstituição do ato que o excluiu do concurso público para Agente da Polícia Civil do
Distrito Federal, por ter ele sido investigado em inquérito policial, arquivado em 1993.
O recorrente sustenta, além de divergência jurisprudencial, ofensa aos arts. 27,
I, "a", da Lei 8.185/91 e 9º da Lei 4.878/65.
O recorrido não apresentou contra-razões (fl. 169).
O recurso especial foi admitido pelo Tribunal de origem (fls. 171/172).
É o relatório.

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RECURSO ESPECIAL Nº 780.032 - DF (2005/0148810-6)

EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO.


INVESTIGAÇÃO SOCIAL. EXCLUSÃO DE CANDIDATO EM
RAZÃO DE INQUÉRITO POLICIAL ARQUIVADO.
IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. Em observância ao princípio da presunção de inocência – art. 5º, LVII,
da Constituição Federal –, não se admite, na fase de investigação social
de concurso público, a exclusão de candidato em virtude da simples
existência de inquérito policial arquivado por sentença transitada em
julgado em 1993. Tal fato não tem o condão de afetar os requisitos de
procedimento irrepreensível e idoneidade moral. Precedentes do STJ.
2. Recurso especial conhecido e improvido.

VOTO

MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA (Relator):


Conforme relatado, o Tribunal de origem manteve sentença que concedeu a
ordem em mandado de segurança impetrado pelo recorrido no qual busca a desconstituição do
ato que o excluiu do concurso público para Agente da Polícia Civil do Distrito Federal por
ter, ele sido investigado em inquérito policial, arquivado em 1993.
A teor da pacífica e numerosa jurisprudência, para a abertura da via especial,
requer-se o prequestionamento, ainda que implícito, da matéria infraconstitucional. A
exigência tem como desiderato principal impedir a condução ao Superior Tribunal de Justiça
de questões federais não debatidas no Tribunal de origem. Nesse sentido: AgRg no AG
570.461/RJ, Rel. Min. GILSON DIPP, Quinta Turma, DJ 14/6/04.
No caso, não obstante tenha o recorrente oposto embargos declaratórios
visando o prequestionamento do art. 27, I, "a", da Lei 8.185/91, a matéria não foi discutida no
Tribunal de origem, sendo o caso de incidência do disposto na Súmula 211/STJ, que assim
prescreve: "Inadmissível o recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de
embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo". Nesse sentido: AgRg no REsp
741.099/RS, Rel. Min. LAURITA VAZ, Quinta Turma, DJ 18/12/06.
Quanto à alegada ofensa ao art. 9º da Lei 4.878/65, em observância ao
princípio da presunção de inocência – art. 5º, LVII, da Constituição Federal –, a conduta do
recorrido não pode afetar os requisitos de procedimento irrepreensível ou idoneidade moral
inatacável, uma vez que o inquérito policial instaurado para averiguação de suposta prática de
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crime foi arquivado por sentença transitada em julgado em 1993. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO.


POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL. AGENTE PENITENCIÁRIO.
INVESTIGAÇÃO SOCIAL. CANDIDATO PROCESSADO. PRESCRIÇÃO.
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. NÃO
CONHECIMENTO. DISSÍDIO NÃO CARACTERIZADO. ART. 255 DO
RISTJ.
I – O simples fato do candidato ter sido processado, há anos, pela prática
de crime de porte ilegal de entorpecentes, sendo que foi extinta sua
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, não pode ser considerado
como desabonador de sua conduta, seu maior detalhamento, a ponto de impedir
sua participação no concurso público, sob pena de ofensa ao princípio da
presunção de inocência.
II – Para caracterização do dissídio, indispensável que se faça o cotejo
analítico entre a decisão reprochada e os paradigmas invocados.
III – A simples transcrição de ementas, sem que se evidencie a similitude
das situações, não se presta para demonstração da divergência jurisprudencial.
Recurso não conhecido. (REsp 327.856/DF, Rel. Min. FELIX
FISCHER, Quinta Turma, DJ 4/2/02)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.


LIMITES NORMATIVOS. APRECIAÇÃO DE MATÉRIA
CONSTITUCIONAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. CONCURSO
PÚBLICO. INVESTIGAÇÃO SOCIAL. CANDIDATO PROCESSADO.
PRESCRIÇÃO. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. PRECEDENTES.
............................................................................................
II - Consoante já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça, o simples
fato de o candidato haver sido investigado em inquérito policial posteriormente
arquivado ante a ocorrência da extinção da punibilidade pela prescrição, não
pode ser considerado como desabonador de sua conduta, seu maior
detalhamento, de forma impedir sua participação no concurso público, sob pena
de ofensa ao princípio da presunção de inocência. Precedentes.
III - Agravo interno desprovido. (AgRg no AG 463.978/DF, Rel. Min.
GILSON DIPP, Quinta Turma, DJ 4/8/03)

Ante o exposto, conheço do recurso especial e nego-lhe provimento.


É o voto.

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