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Eo Pare ee) F ge OS MORTOS. ae ae eae CELULAR, PESSOAS GRAVAM CONVERSAS COM PARENTES E AMIGOS FALECIDOS. AS EVIDENGIAS DESARMAM UTR MR ae ese ata Ud MUITO ALEM DO JARDIM HENRIQUE FRUET ida apés a morte. Para quase todos nés, tais palavras compéem, no méxi- ‘mo, uma interrogggZo. Uma afirmagio nesse sentido teria de, companhada de uma convincente explicagio cientifica. C: oatia como um desejo mistico ou pregaczo religiosa. De tio pol 0, 0 assunto faz parte da historia da humanidade desde seus primérdios. Quase todas as religioes contam com essa suposi¢go como uma forma de dar conforto a quem esté diante da morte. A ciéneia, porém, nunca se aventurou além da fronteira da vida, Por preconceito cartesiano ou excesso de escripulo, 08 cientistas sempre se referiram a0 assunto com certo desdém. Para boa parte deles, seria uma Area restrta & f6 religiosa. Mas mesmo todo esse ceticismo nio esconde a curiosidade do que poderia acontecer caso fosse provada a sobrevivéncia da alma ou da personalidade ap ‘a morte biol6gica. Tal possibilidade, entretanto, nunca apre- sentou tantas evidéncias como agora, Como se veri adi- ante, a chamada transcomunicagdo esté conseguindo o {que antes era apenas ficgdo de terror: mostrar que os mortos habitariam outra dimensao fisica e temporal, de onde podem se comunicar com 098 vivos. Sio evidencias fortes e a cién- cia nao consegue mais ig ‘Um grupo ainda relativamente pequeno de médicos, engenhei- 10s, psicdlogos, miisicos, donas-de-casa — pouco AO EUM RADIO DE ONDAS CURTAS, VARIAS PESSOAS GRAVAM CONVERSAS Ay COM PARENTES MORTOS, ANALISADAS POR PERITOS, QUE NAO NEGAM SUA-VERACIDADE, AS VOZES ATRAEM 0 INTERESSE DA CIENCIA mais de 900 no Brasil e cerca de dez mil no mundo ~ est trabalhando para provar a existéncia de alguma forma de vida aps a morte. Eles conversam ‘com parentes © amigos mortos por meio de equipamentos eletrénicos. Diferente sia chamada mediunidade (caracteristi- ca que distingue os que afirmam que tem contato com os mortos), praticada por esplritas, esse novo tipo de fend- ‘meno permite uma anslise pelos ins- trumentos da ciéneia A maior parte das pessoas ~ denomi- nadas comumicantes, segundo 0 jargdo Utllizado pelo grupo — esta. rounida na Associagao Nacional de Transcomuni- cadores (ANT) (awww. geocities com/ant- fei) - fundada hi dez anos pela escrto- 1 paulistana Sonia Rinaldi, “Temos a pretensiio de fazer um trahalho cient fico”, afirma. “Mas esharramos na fal- ta de recursos financeiros”, completa, Jembrando que a assoviagad™nao cobra nada de seus associados nem das pes- soas as duais ajuda, ‘A motivacdo das primeiras tentati- vvas de contato nao foi a curiosidade, mas a saudade ea dor da separacao de alguém que morreu. Mais de 70% dos experimentadores, segundo Sonia, co- mecaram a se interessar pelo assunto apés a perda de pessoas queridas, Com a transcomunicacao instrumental, nome dado ao fendmeno, todos obtém con- forto e alvio ao saber que aquelas pes- soas esto bem. “A prova concreta de que cles. (os mortos) vivem, sentem e falam transforma a dor em esperanga”, diz, Sonia em seu livro Contatos inter- dimensionais, langado recentemente pela editora Pensamento. Um/CD:com dezenas de vores paranormais acom- panha a obra, Algumas dessas vores foram copiadas com o consentimento da autora e podem ser ouvidas no site da ISTOE (www,jstoe.com.br), Para a minoria dos experimentadores, como € 0 caso da propria Sonia, nio foi a dor o principal motivo que os aproxi- mou da transcomunicagio. Foi a simples ccuriosidade ou, entiio; o interesse cienti- 86 fico, De acordo com os relatos de grava- bes feitas por Sonia e outros associados, da ANT, a vida [4, como a denominam, no € muito diferente do que nés conhe- eemos aqui. “Pelo que elés nos contam, ‘yocé continua comendo, dormindo, ta. balhando e até viajando, mas tudo em ‘outra dimensao”, conta Sonia. Estou aqui - 0 interesse da tera- peuta de vidas passadas Rosa Alves de Faria Almeida por transcomuni- cago instrumental comecou com a dor. Sua mae, dona Kilia, havia aca- bado de morrer quando recebeu a pri- meira mensagem enderecatia a ela, em 12 de dezembro de 1998, “Eu fa- lei que queria falar com a minha mae, mas nfo pude esperar para ouvir a resposta”, diz. Estava indo 20 hospi- tal visitar o pai, que estava intern do, Na mensagem, que Rosa s6 ou- viu apés a morte do pai, ocorrida cin- codias depois, a voz de sua mae di Zia: “Eu estou aqui, minha filha. Esta SONIA A escritora fundou associagao de 900 pessoas que afirmam falar com mortos tudo bem, Jé preparei o meu velho.” Depois dessa, Rosa no parou mais de tentar 0 contato com o Além, “Ié falei com quase todos os meus pa rentes € amigos falecidos”, conta. O dificil foi convencer os filh da existéncia do fendmeno. Isso 86 aconteceu depois que Hugo (nome ficticio), um conhecido da familia, aceitou fazer um experimento duran- te uma visita 2 Rosa em Sao Paulo. No final da grayaco, uma voz mas- culina dizia: “Nunca deram um filho para o meu filho.” Hugo, o tinico a entender a mensagem na sala, come- ou a chorar. Era a yoz de seu pai, uma das tnicas pessoas que sabiam que 0 filho que todos acreditavam ser de Hugo era, na verdade, adotado Nao € nada facil conversar com os mortos pela*técnica usada por esses transcomunicadores, como admite a propria Sonia. “Temos de enviar um determinado rufdo aos comunicantes para que eles possam falar conosco’ SAUDADE A estudante Danielle (abaixo, a esq.) diz conversar Policial Marcelo 3a.) executado por ladrées em 1999, josemeire da Silva, mae da garota, afirma travar contatos com 0 irmao Roberto, que morreu afogado ha ea dor da separacao de alguém que ja morreu explica, Esse ruido pode ser o de uma tomeira aberta, técnica utilizada em ou- tos paises, rédios fora de sintonia ou até mesmo a “bolha humana” ~ grava~ fo ininteligivel de vérias vozes que falam ao mesino tempo. “Os comuni- cantes procuram modular esse som, ou seja, organizar esse turbilhdo eletroni co para falar 0 que querem’”, conta ela. Reversa — Quando comegou a fazer experimentos, em 1988, Sonia utiliza- va um gravador comum e um rédio de ondas curtas mal-sintonizado. A primei- ra coisa que ouviu foi seu nome. Hoje, diz conversar com parentes e amigos que jd se foram. O gravador foi substi- tuido por um computador equipado com processador Pentium de 233 MHz e um software feito especialmente para gra- var os sons. Fi preciso ter muita pa- cigneia para ouvir as vozes. Primeio, gravam-se algumas perguntas. As res- Postas ndo so imediatas. Mas € inegavel que o fendmeno im- pressiona, em especial as chamadas “‘vo- zes reversas”, algo que dificilmente po- detia ser forjado, Isto €, algumas men- sagens 56 podem ser escutadas quando a gravacilo € ouvida de trés para a fren- te, um artificio que conta com a ajuda do computador. A flautista. Rosemeire Cassiano da Silva, em uma tentativa de se comunicar com seu irmao Beto, gra- vou: “Deixe uma mensagem para nds, por favor.” A suposta resposta, quando ‘ouvida no sentido reverso, surpreende: ‘ouve-se claramente uma vor feminina com sotaque portugués, bastante mel6- dca. Ela diz: “Vosso irmio manda avi- ‘sar que ama yocs.”* Normalmente, o que se ouve quando um registro sonoro é tocado no sentido reverso é um emara- nhado de sons sem sentido, Especialis- tas em fonética dizem ser praticamente imposstvel a formacao de frases inteiras no modo reverso. As vezes, tem-se a impress de ter escutado alguma sfla- ba ou até mesmo uma palavra conheci- da, Mas nao passa disso, Outra assidua experimentadora ¢ Danielle, filha de Rosemeire com o investigador de po- licia Marcelo Manso, executado por Tadrdes em junho do ano passado com ttés tiros na cabeca. No primeiro con- tato gravado, ouve-se uma voz femi- nina que diz: “Papai esta faltando.” 6 a partir de outubro € que ela co- megou a ouvir a voz do pai. “Gosto de voce”, dizia ele. “Me conforta muito saber que posso falar com ele”, diz, Danielle. Hig, no entanto, casos es- pantosos de pessoas que afirmam ter sido contatadas por telefone celular, bip e sectetiria eletrinica. “Mensagem recebida em 10 de se- tembro as 21 horas e 36 minutos”, ou- viu no celular a psicéloga paulistana Zilda Monteiro. Ela nao entendeu nada quando escutou a mensagem, um “eu te amo” sussurfado. “Pensou em apa- gé-la, mas se lembrou de um estranho ‘combinado. Era a voz de seu ex-mari- do Edson, que morrera menos de um ‘més antes. Quando estava se recupe- IsTOg/599-24/572000 87 rando de um infarto, Edson combinara de ligar para o celular da ex-mulher. “Daqui ou de La”, prometeu. Entrou ‘em coma no dia seguinte e nunca mais, acordou, “Mostrei 0 recado para a mie e a tia dele e elas reconheceram sua voz na hora”, diz Zilda. Para tirar a divida, a ANT solicitou uma anilise técnica 20 engenheiro Alessandro Pecci, que com- parou a voz. de Edson vivo com a mei sagem do celular. O resultado: “ clui-se que ndo existem evidéncias que comprovem que os locutores trl (Ed- son vivo) e tstl (voz gravada no celu- lar) sao diferentes, dada a proximidade dos coeficientes encontrados.” © assunto vem atraindo também o interesse de cientistas. O fisico alemao ¢ professor da Universidade de Mainz Emest Senkowsky, que criou em 1980 © termo transcomunicagao quando e creveu 0 livro Instrumentelle transkom- ‘munikation, transformou parte de sua ‘casa em laboratério e pesquisa 0 assun- to até hoje. Senkowsky comegou seus ‘experimentos em 1976. Até 1985, jé ha- via arquivado mais de 25 mil vozes. A primeira que reconheceu foi a de seu pai, morto em 1959, Em um dialeto do leste da Prissia, 0 pai de Senkowsky 0 chamou pelo apelido de infincia, “Eu no tenfo convencer os outros sobre a existéncia do fendmeno. Mas é impos- sivel convencer alguém que est cego pelo ceticismo ou que fecha proposital- mente seus olhos”, disse a ISTOE. Analise = Ainda nao hé uma prova cientifica do fenémeno. “Hé somente ar- gumentos que so aceitos ou rejeitados pelas pessoas.” Porém, a historia da cién- cia mostra, lembra Senkowsky, que uma opinido aceita pela maioria dos cientistas & geralmente, encarada como “prova”. “Fendmenos paranormais, incluindo a transcomunicaglo, so interagies fisicas e psiquicas que se incluem dentro de um sistema holistico complexo, sobre 0 qual nossas regras de causa ¢ efeito lineares no podem ser aplicada: iz 0 fisico 88 Diticit encontrar um filo gue indo reconheca a vox da pro- pria mae. Para a eseritor paulis- tana Hilda Hilst, que comptetou 70 anos cm abril, bastou uma pa- lavra: sim. Era 1973 e a poeta ini- ciava seus estudos sobre 0 fend- meno da transcomunicagao, des- crito pelo pesquisador sueco Frie-~ drich Jiirgenson. Numa tentativa de gravar ondas radiofonicas em um grayador de rolo, ela e 0 so- brinho Roberto captaram o que seria a vor de dona Bedecilda Vaz Cardoso, mae de Hilda, morta trés ‘anos antes. “Perguntamios por minha mie. No momento em que Roberto se despede, dizendo “Espero que es- teja tudo bem, que a senhora es teja feliz’, ele faz uma pausa an- tes de continuar a frase ‘e que continue zelando por nés*”, rela- ta 2 autora de poemas densos como Cantares do sem nome-e de partidas € livros como O cader- no rosa de Lori Lamby, “Nessa Pausa ouve-se perfeitamente 0 VOZ DE MAE E INCONFUNDIVEL ‘sim’, que reconheci como a voz de minha mae”, conta Hilda. Assombrada pelo fantasma fami- Tiar da loucura, que destruiu a vida do pai, 6 jornalista e pocta Apolo- nio Hilst, € anos depois levou a mae 0 sanatorio, Hilda foi chamada de maluca pelos amigos. Em especial, pelos amigos fisicos. A pedido de ISTOE, ela descreve sua experién- cia com a gravacdo das vozes do Alén “Ninguém levava a sério e as ve- zes chegavam a ser hostis. Levei as fitas para meu amigo Bréulio Pedro- so, no Rio de Janeiro. Ele convidou uma amiga fisica para ouvir. Mas apenas me gozaram, riram muito eu sai aborrecida. Newton Bernar- des, em Campinas, brincava comigo dizendo que eu mandava alguém su- bir na figueira para irradiar as interferéncias. © Newton me levou até 0 César Lattes. Quando expliquei o fendme- no, ele apenas respondeu: ‘A senho- Ta fem uma voz muito grossa pro meu gosto,” alemio. “Nao haverd provas disso até que todo o sistema cientifico seja am- pliado para englobar todos os fendme- nos paranormais”, conclu. O endosso a essa opinigio vem de um colega brasilei- ro, “Do ponto de vista da ciéncia, esse fenémeno por enquanto ndo existe”, afir- ma Euvaldo Cabral Jr., professor de Te- lecomunicagdes e Processamento de Si- nais da Escola Politécnica da Universi- dade de Sao Paulo (USP), um dos pou- 0s a nao demonstrat preconceito em. relagio ao assunto, apesar de ser agnés- tico, ou seja, no acredita em nenhuma religidio, Mas, como ele mesmo ressalta, “da mesma forma que nfo hé nenhum estudo comprovando a existéncia do fe- n6meno da TCI, também nao ha provas cientificas de que ele ndo exista” Tal rigor nao € compartilhado pelos ISTOEN 599-245 Perguntei: ‘Por qué? O senhor acha que eu sou lésbica?” ‘Ninguém levava a sério nem acte- ditava, como até hoje ninguém acre- dita Por serem fisicos ligados & Uni- camp (Universidade Estadual de Campinas), cheguei a propor que o experimen to fosse realizado den- tro de uma Gaiola de Fa- raday (aparelho seme- thante a uma gaiola que isola qualquer objeto co- locado em seu interior dos sinais eletromagné- ticos externos), como jé vinha ocorrendo no Bx- terior, pois esse pro- cedimento anula a pos- sibilidade de interferén- cias de ondas de rédio, telefynes, sa- télites, televisdo e outtas, Nao consegui. Nenhum deles se interessou. O Newton chegou a di- zer: ‘Se isso tudo for verdade, a gen- te tem de sentar na calgada repen- sar toda a Fisica.” *Pois sente’, eu respondia. © Mario Schemberg, muito meu amigo, chegou a dizer: “Hilda, se eu ape HILDA HILST gravou interferéncias em seu retiro espiritual pedir a Gaiola de Faraday. essa experiencia, pereo prego. J é tao dificil falar cor vivos, imagine com 05 mortose Hilda Hilst, a “sabi()da”, como Carlos Drummond de Andrade 4 imortalizou num poema, dedicou varias horas didrias a gravagao das mensa- gens sonoras a0 lon- go da década de 80. ‘AS experiéneias acon- teciam em seu Tetiro espiritual, a Casa do Sol, fazenda distante 11 quilémetros de Campinas, no interior de Sao Paulo, onde ela mora desde 1966 na Companhia de 80 ces, Para Hilda, 0 es- tudo da transcomunicagao repre- sentou a “certeza definitiva do de- pois da morte.” “Endosso a frase de Gabriel Marcel: “Somos seres para a eternidade, mais que para a morte”, diz a autora de 41 Ii: yros, entre pegas teatrais, poesia € ficeao erdtica apimentada. “Eu acredito © sempre acreditei na imortalidade da alma.” Fr Aetistica & prova de quaisquer interferén. Gias extemas, como sinais de rédio e son: ambientais. Caso o primeiro estudo con- Glua que realmente ha interferéncias de teatsas desconhecidas ocorrendo em equi: pamentos eletrénicos, ele deve ser publi cado em uma revista cientffica de reno- me intemacional — como a Nature, 1 Science ou a Scientific American — pats que possa receber criticas da comunida: de cientifica intemacional. A conclusac teria, entdo, de set comprovada em ou: {tos laborat6rios. S6 assim, com o tem: o, seria aceita como verdadeira, Mais: se o objetivo é mostrar que at vores realmente vém do suposto mun do dos mortos, os sons atribufdos a eles teriam de ser comparados com a vor dos mesmos individuos quando vivos Isso exigiria um grau de clareza e altu ra raros nas vozes registradas pelos ex perimentadores Cabral Jr. diz que poderia propor ur projeto nesses moldes para pesquisar fendmeno, se houvesse financiamento Ele calcula em cerca de R$ 4 milhde 05 investimentos necessérios para : construcdo e manutenedo por dois ano de um laboratério nas. configuragoe ideas. O que envolveria a aquisigéo d sofisticados equipamentos eletrOnicos ALEC OMAR eM RUMOR RUT ORS UEC usudrios da TCI. Segundo eles, a gran- de vantagem da comunicagao via apa- relhos eletrOnicos é a possibilidade de ter, sim, sua veracidade comprovada cientificamente. “Pelas caracteristicas que apresenta, 0 fendmeno se presta a uma anélise cientifica nos moldes con- vencionais, na area de processamento de sinais”, diz Cabral Jr. Para ele, isso € possivel por envolver a geragéo de sinais elétricos —no caso, sons. Projeto - © caminho para se chegar uma prova cientifica desse suposto fe nOmeno nao ¢ fécil. Primeiro, € necessé- tio provar que ele € real, ou seja, que distirbios elétricos nfo esperados ocor- rem em dispositivos eletronicos. Para isso, seria preciso construir um laboratGrio es- pecial com blindagens eletromagnética e CABRAL: Vozes podem ser estudadas computadores © a montagem de um: equipe técnica com cientistas das érea de engenharia e fisica. Mente ~ fato que grande parte do: cientistas € materialista, ou seja, na acredita no que est4 sendo chamadc hoje de sobrevivencialismo ~ ou. vid apés a morte. Caso uma pesquisa pro ve que as vozes realmente so mani festagdes de pessoas mortas, as conse quéncias. seriam revolucionérias. cientistas, antes de tudo, teriam de ime diatamente aceitar a hip6tese de que mente e 0 cérebro sao duas coisas dis tintas. Quanderorindividuo morte, 0 cé rebro para de funcionar ¢, logo em se guida, se decompde. O que os experi mentadores em transcomunicagio ins trumental sugerem é que algo, chama sToty1s99-24/5(2000 8 do por alguns de mente: por outros de espfrito ou consci- éncia, sobrevive de forma in- dependente & morte do cor- po fisico, mantendo a perso nalidade do individuo. proprio pesquisador con- ta que esté concluindo uma teoria em que procura expli- car todos os fendmenos para- normais. Concebida inicial- mente para adrea de robética humanGide, 0 objetivo da teo- ria é, primeiramente, desen- volver robés inteligentes, pro vidos de emogo, um certo li- vre-arbfttio e, 0 mais impres- sionante, capacidades.ditas ‘anmalas”, como a possibi lidade de a mente do robé ser preservada mesmo sem 0 seu assunto promete muita polém cérebro (hardware), “Tudo isso vai ser implementado via software”, explica Cabral Jt. Muito resumidamente, a teoria do pesquisador afirma que existem unidades de consciéncia geradas pelo ser humano que sobrevivem a morte do corpo fisico. Essas tunidades, que preservariam a personalidade do individuo quando vivo, é que interferi- riam nas gravagdes dos ex- perimentadores de TCL. Participagao - 0 assunto promete muita polémica no meio cientffico. “O homem de ciéncia, muitas vezes, nfo acredita nem no que vé, mas s6 no que pode ser comprovado na ponta do lapis”, diz 0 astrénomo Ronaldo Rogério de Frei- tas Mourio, diretor do Observatério Astronémico do Rio de Janeiro e um dos cientistas mais conhecidos da opi- niado publica. “Eu s6 acreditaria na existéncia da alma se fosse possfvel comprové-la por meio de instrumen- icos”, afirma. Mourdo concorda que hé em seu ‘meio bastante preconceito em relagio ‘a0s fenémenos ditos paranormais, “Mas acho isso um erro, Temos de participar a9 maximo dessas discussées”, afirma, Segundo ele, essa é a melhor forma de evitar a proliferaeao de interpretagdes falsas e forgadas. Apesar de se consi- derar-um cético e nao crer em teses de PAIS de Rosa, mortos em 1998, costumam falar com a filha CELULAR de Zilda recebeu recado de ex-marido morto: analise comprovou sobrevivencialistas, Mou- fo diz que participaria de qualquer pesquisa que es- tudasse a hipétese de vida aps a morte, E € verba 0 que falta na Associagio de ‘Transcomu- nicagdo Instrumental, Nao ha dinheiro em caixa para ne- nhum experimento cientifi- ‘€0 mais elaborado, afirma a fundadora Sonia Rinaldi. Atualmente, a entidade esta comtando com um apoio que no deve chegar a RS 10 mil da Legiéo da Boa Vontade (LBV). A instituigo ecumé- MATTEL) nica, defensora da existén- cia da vida apés a morte, esté patrocinando uma ané- lise de 100 fitas com vozes paranormais. As gravagdes serao analisadas por estu- dantes ¢ engenheiros recém- formados da USP para de- pois serem apresentadas no 1 Férum Mundial Espirito- Cigncia, que ocorreré em ‘outubro, em Brasilia, O en- contro reuniré cientistas de renome intemacional, como ‘Amit Goswami, um dos fi- sicos mais respeitados do mundo, que estuda a sobre- vivéneia da consciéncia fora da matéria, Virdo também Ed Mitchell, um dos primei- ros astronautas americanos a pisar na Lua, Patrick Druout, fisico fran- fs e pesquisador de tradic6es indigenas, € Pavel Popovic, segundo cosmonauta TUSsO a ir 80 espago, entre outros. “O foco derférum € a existéncia do espiri- 10”, diz Paulo Alziro, um dos organiza dores do evento, “0 assunto é pouco dis- crutido do ponto de vista cienttfico, mas & algo que nao pode mais ser adiado.” m= ISTOE/I595 1000

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