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ABSTRACT: In “The black box philosophy”, Vilém Flusser, is concerning about the
image’s paradigms and your cultural programation beyond reference to photography.
Due to the proliferation of them in our social quotidian beyond the mass media, it’s
interesting that we do a parallel between the relations of technique image utilization and
advertising, in special, at the printed ads, bidimensional, that’s the Flusser´s concern at
his work, and constitute an object of this essay.
KEYWORDS: Image, advertising, impalpable value
A imagem faz parte da vida do ser humano desde sempre. Já nos tempos
interior das cavernas explicitando algum tipo de mensagem. Os olhos vêem imagens a
estranheza. Tudo é imagem e o simples abrir de olhos confirma isto. Vivemos num
faciais, vestimenta, gestos etc). A imagem é algo que tem intrínseco o fato de emitir
1
Publicitária e mestre pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica, PUC/SP – email:
anapabali@yahoo.com.br.
Ao ser vista como uma simples folha de papel, como um plano (na sua
e é persuadido pelas imagens sem se dar conta, absorvendo seus significados com um
pode ser captado por um golpe de vista” (2002, p.7), então, mesmo o olhar mais
Por conta do seu suporte, o receptor coloca-se numa posição superior, mas o real valor
da imagem não está no seu suporte e sim no que ela representa. Isto, porque “o caráter
aparentemente não-simbólico, objetivo, das imagens técnicas faz com que seu
observador as olhe como se fossem janelas, e não imagens.” (FLUSSER, 2002, p.14).
A magia das imagens técnicas não é comparável à magia das imagens tradicionais.
publicitária) têm a função de remagicizar os textos, que foram inventados para superar a
crise das imagens, contudo, as imagens técnicas foram criadas num momento de crise
dos textos. Percebe-se que “o caráter mágico das imagens é essencial para a
constante aos olhos, [...] “são superfícies que pretendem representar algo” (FLUSSER,
2002, p.7). Os significados incrustados em sua superfície e seus elementos como o jogo
de cores, formas, texturas são o alimento de um dos sentidos essenciais do ser humano:
a visão. Por ser tão sedutora, instigante e, portanto persuasiva, a imagem, se antes servia
apenas como ilustração de um texto, é considerada, hoje, um fator de extrema relevância
Nos anúncios impressos, as técnicas são utilizadas de maneira cada vez mais
precisas, pois sem a ajuda do som e do movimento, como é o caso da TV, é preciso que
somente com o olhar o emissor consiga prender a atenção dos receptores, e ainda os
faça absorver não só a gama de informações que a imagem tem objetivo de transmitir,
subconsciente registra sem que o consciente perceba, e então, a partir desse processo
possível a um leitor sem muita pressa, hoje, por conta das evoluções sociais e
simbólico, e é justamente isso que é trabalhado pela publicidade. É certo que se vendem
produtos (que esse é o foco, a meta a se atingir), mas em sua grande maioria o que é
vendido não é o produto em si, não é a calça jeans, nem o carro e nem a máquina de
lavar, o que são vendidos são ideologias, sonhos, emoções. O que é vendido é
justamente um conceito: uma “Brastemp” não é igual a outra qualquer. Diante dessa
alimentos, além disso, é preciso que esta geladeira seja a única, a melhor. É como se o
objeto substituísse o dono e este para não se sentir como um qualquer, faz questão de ter
transformando em uma delas. Isto nos faz perceber que “a nova magia não visa
ideologias e padrões a serem seguidos, como uma escravidão do homem ao que dita a
imagem. Esta escravidão pode ser chamada de “escravidão branca”, pois se caracteriza
o mundo. “Seu propósito é serem mapas do mundo, mas passam a ser biombos. O
O simbólico persuade, encanta sem que o receptor sinta para qual direção está
sendo levado. É também justamente por conta da valorização do simbólico que, hoje,
marcas valem bilhões, e às vezes valem mais até do que o valor do patrimônio físico,
palpável. Como o caso do Google2, que em 2007 foi considerada, de acordo com o
jornal londrino Financial Times, a marca mais valiosa no mundo, avaliada em mais de
66 bilhões de dólares. Esta, uma empresa de internet, que iniciou suas atividades como
2
Ver http://info.abril.com.br/aberto/infonews/042007/23042007-10.shl
site de busca na rede e depois se tornou uma gigante no mundo virtual, reitera a
objetos trazidos da natureza para o homem.” Para que o sistema consiga funcionar da
forma que o aparelho deseja, há uma hierarquia dos programas: o mercado exerce poder
sobre as agências de publicidade, que exerce poder sobre o publicitário, que exerce
Isto pode ser retratado como a tal retirada das coisas da natureza para
realmente aquilo mostrado, como se aquilo fosse o real e não o produzido. Como diz
Flusser (2002, p.14): “O observador confia nas imagens técnicas tanto quanto confia em
seus próprios olhos”. É aí que o real se torna o mágico. Ou talvez esse seja o real visto
pelos receptores. O fotógrafo magizicia a imagem embora o receptor nem se dê conta
disso.
publicitárias de moda, que se vêm num desgaste constante a cada estação. Há uma busca
este desgaste e ficam à espera do que estar por vir, de uma nova imagem que possa
suprir os seus desejos. Mas como afirma Kamper (2002), “procura-se algo além das
imagens nas próprias imagens”. Essa busca desencadeia uma sucessão de vazios nunca
Flusser, diz que o olhar sobre a imagem é circular tendendo a voltar para
propriedades imagéticas, sendo seu papel primordial elaborar conceitos para serem
anunciado, pois é pra onde o olhar se dirige quando vê um anúncio. Flusser ainda
fotográfica é pura. Isso não pode ser negado, já que toda fotografia é originada, de
algum ponto de vista. A visão de mundo do fotógrafo ou do aparelho que ele serve é
que domina a imagem produzida. Nas fotografias publicitárias, sabemos que o fotógrafo
manipula desde os atores das fotos, sugerindo comportamentos e expressões faciais até
beleza, a mulher como objeto de sedução. Essas são as artimanhas bastante utilizadas na
pensar humano. Este não precisa mais pensar, só digerir os conceitos definidos pelas
campanhas publicitárias e vivê-los como se fossem seus. O receptor não consegue ter o
de estúdios, luzes artificiais, rebatedores de luz, entre outros, são artifícios fora do
aparelho. Esse jogo de possibilidades fora da máquina faz com que esta se adeque à
vantagem, por conseguir captar imagens que a máquina não estava predisposta a
modificação não é capaz de ver possibilidades além máquina? Considero que até mesmo
certo que o usuário fica a mercê das funções que a máquina oferece, mas não podemos
aceitar que não exista uma intervenção pessoal, única, já que dentre as opções de
obtidos da mesma máquina, mas de pensamentos diferentes. Creio que até mesmo o
aceitarem tais cenas como o ideal de vida, utópica, mas ao mesmo tempo bastante real.
Esse ciclo que dá sustentação aos programas nos remete à falta de liberdade
do homem. É como se ele não tivesse o que pensar e como pensar, como se suas ações
fossem todas pré-programadas pelo aparelho. Qualquer ação e pensamento que sejam,
iam estar já inclusas dentro de todas as possibilidades que o aparelho poderia fornecer.
para serem engolidas. Situação que se pode comparar com o papel das imagens vistas na
propaganda atual: modelos culturais perfeitos prontos para serem consumidos. Corpos
retornar como realidade. Que destino tem a sociedade hoje, senão vivenciar um ciclo
iconofágico sem fim? Consumindo imagens e sendo consumidos por elas. A menos que
caminho para o indivíduo que não se reconhece mais, a não ser através das imagens
vazias, que são o seu espelho. É preciso reaprender, retomar as funções dos
instrumentos. A super valorização do simbólico pode ser capaz de fazer o próprio ser
não ser mais, ser nada. O impalpável, que hoje é valorizado, é uma virtualidade fruto da
Referências Bibliográficas
FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da
<http://info.abril.com.br/aberto/infonews/042007/23042007-10.shl>. Acessado em
23/04/08, às 22:30h.