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Infelizmente, existe em grande parte de nossos ministérios musicais, uma "Liturgia" que
une a adoração congregacional exclusivamente com canções. Poucos líderes se
preocupam com elementos de adoração a Deus que não seja a música. No livro de Atos,
temos um exemplo de quatro dessas atitudes de adoração que, muitas vezes, são
completamente distintas da música.
Aqui temos quatro grandes elementos que precisamos incluir em nossa lista de
necessidades de um grupo de Louvor & Adoração. Eles devem ser as prioridades
absolutas em nossos grupos musicais, como também em nossa vida de adoração pessoal.
Neste estudo, tentaremos trazer a realidade um pouco destes "elementos" que muitas
vezes são negligenciados dentro de nossos ministérios musicais, e portanto em nossas
adorações congregacionais.
Verdade
Jesus sempre condenou a religião composta apenas de regras. Fez suas mais duras
críticas, aos religiosos que baseavam sua adoração em leis injustas e rígidas. Conclamou
o povo a uma única verdade simples, e a resumiu numa única frase: "Amarás ao Senhor
teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo
o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo." (Lucas 10:27). Pronto, está
definido que a verdade bíblica se baseia em amor a Deus e respeito ao próximo.
Jack Hayford (Adorai Sua Majestade) diz algo, que creio servir para nossa reflexão: "A
palavra que só informa sem inspirar, ou que só confronta sem instilar esperança, pode
ser ortodoxa, mas é também contraproducente."
Quase todos sabemos que não somos salvos através de boas obras, mas poucos são os
que transferem esta verdade para a adoração. Muitos músicos crêem que ensaiando
muito, receberão de Deus o título de "Adorador do Ano". Outros, Líderes de Adoração,
acreditam que tocando diariamente, compondo quase que semanalmente e vendendo
seus Cds mensalmente, receberão o disco de Ouro da "Céu's Recordes". Isso é tentar ser
um adorador pelo que se faz, não pelo que se é.
"Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o
seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são
preceitos dos homens." (Mateus 15:8,9)
Você pode estar se perguntando o que quero dizer com tudo isso, note: A palavra de
Deus (verdade) nos impede que tropecemos em nosso orgulho e corrupção, mas os
métodos humanos nos levam a eles. Sabe porque? Porque "Os preceitos do SENHOR
são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro, e ilumina os olhos."
(Salmo 19:8)
Isso é uma inversão total de valores (principalmente para nós músicos e ministros), pois
quando nos prendemos a verdade bíblica, Deus automaticamente passa a ser o centro de
nossa vida e ministério. E tê-Lo no centro de nosso ministério, evita que caiamos no
legalismo farisaico, assim como os sacerdotes da época de Cristo.
Comunhão
Um dos ingredientes mais complexos da verdade é a comunhão que ela exige de nós.
Isso mesmo, a partir do momento que você coloca Deus no centro de sua vida,
impreterivelmente os "outros filhos" virão junto com Ele. Passaremos então a usufruir a
COMUNHÃO com os irmãos, quer gostemos ou não.
Pense um pouco comigo e leia o que diz I João 1:7: "Mas, se andarmos na luz, como Ele
na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho,
nos purifica de todo o pecado." Baseado nisso, cremos que não exista qualquer
possibilidade de separar a comunhão horizontal (pessoas) da vertical (Deus), temos que
aprender a conviver com ambas.
Em uma de suas pregações na igreja que pastoreia em São Paulo (Projeto Ágape) o
pastor Sandro Baggio disse: "Relacionamentos saudáveis nunca acontecem por acaso; é
preciso aprender a desenvolve-los." Nós, como igreja, precisamos aprender
imediatamente como nos relacionar, e buscar esta comunhão com nossos irmãos
(cristãos ou não-cristãos), pois foi por elas que Jesus morreu em uma cruz e nos deu
uma missão de amor.
Devíamos ter muito mais comunhão com o mundo que nos cerca, segundo Dietrich
Bonhoeffer (Teólogo alemão morto por Hitler pouco antes de terminar a 2ª guerra
mundial) "no mundo em que vivemos, os cristãos devem ser uma colônia do verdadeiro
lar". Devemos refletir, a vida que Cristo nos ensinou. Uma vida de amor a Deus e ao
Próximo, Verdade e Comunhão.
O ministério musical que a igreja busca é um grupo de pessoas que estejam dispostas a
serem esta colônia, onde as pessoas que buscam a presença de Deus, tendo comunhão
conosco, aprendam a viver a verdade. Um lugar onde se aponta unicamente para pessoa
de Deus e de seu Filho, não para nossas músicas e/ou erros pessoais.
"E eis que uma mulher Cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo:
Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente
endemoninhada." (Mateus 15:22)
Você já se perguntou porque Jesus tinha tanto contato com pessoas de "baixa moral" e a
igreja atual tem tão pouco? Porque as pessoas procuravam Jesus descrevendo seus
problemas abertamente e a igreja atual não? Porque as pessoas mal podiam esperar para
estar perto de Jesus e odeiam ir a um culto?
Porque elas querem ir a igreja para ver a Deus e seu Filho, não para ouvir como seus
erros e fracassos os farão sofrer. Procuram uma experiência de adoração com o Deus
que ouviram falar que alivia suas dores e perdoa seus pecados. Poucos ministérios têm
interesse por essas almas, falta COMUNHÃO em nossa adoração. Falta um interesse
real de conversão de almas na maioria de nossos ministros musicais. Preocupamo-nos
em demasia com ensaios, reuniões, músicas, melodia e células rítmicas, para pensar em
qualquer outra coisa.
Serviço
"Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se
alguém me servir, meu Pai o honrará." (João 12:26)
Quando digo que o serviço é uma peça essencial numa vida de adoração, sei que
adquiro muitos inimigos, pois nós músicos temos um ego muito forte. Todos nós
(principalmente eu) preferimos ser servidos a servir outros. Temos uma necessidade
acima da média por honra ou reconhecimento, mas para o desespero de alguns
(inclusive o meu): o maior de todos os mestres serviu toda uma nação com seus dons,
sabedoria e também com sua morte. Por isso ele sempre será nosso exemplo máximo de
ministério e também de serviço.
Isso é radicalmente oposto, e até indecente, para o líder musical que considera o
profissionalismo perfeccionista (isso é radicalmente diferente da Excelência) como
forma de governo para seu ministério e para sua adoração. Apesar de trazer boas coisas
para dentro de um grupo de música, o profissionalismo traz também uma certa
necessidade de se "auto-completar", sendo assim, qualquer ajuda externa é descartada,
inclusive a de Deus.
Concordo em todos os sentidos com Rory Noland (Coração do Artista) quando diz: "O
serviço cristão é uma noção de contracultura; vai contra a natureza humana". É por isso
que o serviço cristão (principalmente o musical) é tão contestado e até refutado por
muitos hoje em dia.
Temos que nos concentrar em servir as pessoas, em suas necessidades, com nossos dons
e talentos - mesmos os musicais e artísticos. Noland diz que o "ministério não diz
respeito a nós e a nossos talentos maravilhosos. Diz respeito às pessoas." É por isso que
Pedro tão habilmente nos ensina que "Cada um administre (sirva) aos outros o dom
como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus." (I Pedro 4:10)
Jesus (Marcos 10:45) disse: "Porque o Filho do homem também não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos." É por isso que quando
se via frente à multidão de pessoas que o acompanhava tinha "grande compaixão delas,
porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor." (Mateus
9:36). Seu ministério estava totalmente voltado as pessoas, era para elas (pessoas) que
tinha vindo.
Sei que o serviço é muitas vezes árduo, as pessoas muitas vezes abusam da graça que
estamos dispensando a elas, abusam de nosso amor e de nosso respeito. Mas Foi Jesus
quem disse: "Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não
vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento." (Marcos 2:17)
Temos que entender que elas estão, muitas vezes, doentes e precisam de remédios,
como o da adoração.
Oração
Eu poderia enfocar a oração como elemento de adoração por vários ângulos diferentes.
Existem excelentes livros e estudos que falam somente de oração, e sua aplicação numa
vida cristã de adoração. Mas vou tomar emprestado de John Piper (Teologia da Alegria)
algo que resume o que gostaria de dizer sobre este elemento: "A oração sempre te leva à
plenitude do Espírito e a razão disso é que ela é o centro nervoso de nossa comunhão
(adoração) com Jesus."
"Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que
quiserdes, e vos será feito." (João 15:7)
A pastora Gisela Guth (IMMEI - Cuiabá, Mateus) disse certa vez que "a oração é a mola
que move o braço de Deus, então, como sacerdotes e ministros, devemos usa-la em
benefício do próximo." Um dos motivos da oração ser grandemente negligenciada em
nossos ministérios musicais é o fato de que não entendemos seu propósito de Adoração
& Serviço. E nossa maior (para não dizer única) responsabilidade é justamente adorar e
servir.
Creio que até agora não tenha dito nada de novo em relação à oração, todos sabemos
destas coisas, e talvez você esteja até começando a sentir um certo sono enquanto lê este
tópico do estudo. Você vai me dizer (com toda certeza) que tem condições de me dar
uma aula sobre esse assunto, pois minha explanação está muito fraca. Mas então, se
todos sabemos de sua importância, porque a oração é tão desprezada (ou despreparada)
em nossos Ministérios Musicais?
Um dos motivos que mais acredito é o de que a oração, através do tempo, passou a ser
desconsidera como um exercício de adoração, e sim mais uma simples obrigação cristã.
A utilizamos, muitas vezes, por mero constrangimento no início e final de nossos
ensaios (afinal temos que mostrar uma certa espiritualidade), algumas vezes lembramos
de faze-la durante algum estudo e/ou trabalho pessoal, e mais raramente ainda em nossa
casa. E quando fazemos, apenas pedimos, de forma egoísta, algo que supra nossas
necessidades.
"Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a
tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia." (Lucas 22:42,43)
Jesus mais uma vez nos da o exemplo máximo. No Monte das Oliveiras fez uma de suas
orações mais profundas de toda sua história. Ele, de forma magnífica, conseguiu colocar
numa única frase de oração, a Adoração & Serviço de tal forma, que Deus lhe enviou
um anjo para lhe confortar e ajudar.
Quando nos posicionamos em relação à oração, com o espírito correto, Deus da forma
mais natural possível, passa a cuidar de nossas necessidades. Ele tem prazer em nos
"presentear" com sua doce e amável presença, suprindo todo e qualquer desejo que
tenhamos em nosso coração. Alem de passarmos a ter experiências fantásticas do poder
e graça divina.
Conclusão
Sei que muitas vezes posso passar a impressão que sou contra qualquer tipo de
musicalidade, mas na verdade não é isso. Eu apenas busco coloca-la no lugar que creio
ser certo. Realmente penso que os elementos descritos acima são de vital importância
para nossos ministérios musicais, muito mais que a mera aplicação de regras melódicas
e de conceitos harmônicos. Porque como já disse, a MOTIVAÇÃO (e aqui posso dizer
caráter) define nossos métodos.