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N. USP: 5672931
Literatura das Origens – Maurício Dias
Período: Matutino
1
Armellini, Guido; Colombo, Adriano. La letteratura italiana – Duocento e Trecento. Zanichelli: 1991,
pág.1 61.
2
Idem, pág. 172.
3
Gustavo Rodolfo Ceriello. I rimatori del Dolce stil novo. RCS Libri: 2003, Milano, pág, 06.
4
Giuliano Procacci. Storia degli italiani. Laterza: 1991, p. 62
5
Salvatore Battaglia. La letteratura italiana. Medioevo e Umanesimo. Sansoni-Accademia: s/d, pág. 103.
redefinir uma aristocracia espiritual laica e literária, fundada exclusivamente na
consciência individual.
A célebre canção Al cor gentil ripara sempre Amore, reúne os principais
elementos do dolce stil novo, por isso é chamada por alguns como o manifesto
dessa escola. Faremos, então, uma breve análise baseada nos textos teóricos
que versam sobre essa canção relacionando-a com as características do
stilnovismo. A versão do poema usada para a análise será aquela encontrada
no livro I rimatori del Dolce stil novo, já referido anteriormente.
Nessa canção, já vemos logo no início a relação entre o amor e o
coração virtuoso. Um está para o outro numa relação intrínseca assim como o
abrigo das aves está na selva. Os dois nasceram juntos : “né gentil core anti
ch’Amor natura”. O amor habita no coração virtuoso assim como o calor está
na claridade do fogo: “e prende Amore in gentilezza loco/ così propriamente/
come colore in clarità di foco”.
Assim como as estrelas e as pedras preciosas têm o seu valor e estão
na natureza, é só por ela (a natureza) que existe a possibilidade do amor entre
um homem e uma mulher. O amor está no coração gentil pela mesma razão
que a chama resplandece; ele não poderia estar em outro lugar.
Guido faz várias comparações com o coração virtuoso e a natureza,
assim como em um tratado e filosofia, utilizando exemplos das pedras
preciosas, da astronomia, para dar à sua idéia de amor, um sentido universal,
compreensível.
Logo adiante, vemos a teoria de que a nobreza não é questão de
sangue, de hereditariedade, nem de classe social, mas sim dos valores, da
virtude, que traz cada pessoa. O autor faz ainda uma série de críticas ao nobre
de nascimento que se acha gentil, virtuoso, apenas pelo direito hereditário. Ele
é comparado à lama a qual o sol fere todos os dias:
Fere lo sole il fango tutto’l giorno,
vile riman, né ‘l sol perde calore.
Dice omo altier: gentil per schiatta torno;
lui sembro al fango, al sol gentil valore.
Ché non de’ dare om fede
che gentilezza sia, for di coraggio,
in dignità di rede,
se da vertute non ha gentil core:
com’aigua porta raggio,
e ‘l ciel ritèn le stelle e lo splendore.
6
Erich Auerbach. Dante, poeta do mundo secular. Trad. Raul de Sá Barbosa. Rio de Janeiro. Topbooks, 1997,
pág. 81