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2ª Edição / 2019

PARCERIA DO CONANDA

O Brasil conta com 5.570 cidades. Considerando dados do IBGE de 2014, mais de
50% dos municípios não possui o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente. Ainda
assim, a existência do Fundo não significa necessariamente o seu funcionamento.

O Fundo é um importante mecanismo de transformação social que ainda precisa de


muita divulgação e conscientização para atingir números mais significativos.

E a segunda edição desta Cartilha foi desenvolvida em parceria com o Conselho


Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA. Capacitar e Conselho
unem forças no intuito de levar, com clareza de informação, um melhor entendimento sobre
o funcionamento desse mecanismo.

Fica aqui nossos agradecimentos a toda a equipe do CONANDA, de forma especial


à Ana Claudia Mariano de Castro, André José da Silva Lima, Danyel Lima, João Bosco de
Melo Lima Junior, Thaís Passos e Verena Martins, pelo suporte fundamental na revisão do
documento e por confiarem no nosso trabalho. Agradecemos também à ENGIE Brasil
Energia, que viabiliza a existência do Capacitar.

Nossa intenção é que mais e mais pessoas tenham acesso gratuito à informação e
consigam, com a leitura desta Cartilha, viabilizar, através dos seus Fundos, que cada vez
mais recursos sejam destinados as nossas crianças e adolescentes.

Mariana Kadletz
INCENTIVE

Título Cartilha Fundo do Direito da Criança e do


Adolescente
2ª Edição 2019
Autora Mariana Kadletz
Direitos reservados Incentive

Projeto Gráfico Leiden Estratégica


Ilustração William Jun Takahashi
Colaboradores André José da Silva Lima, Thaís Passos,
Verena Martins de Carvalho, Alexandre Alves,
Marcos Molinari e Marlise Alves Teixeira.
Revisão Tayana Kadletz
Realização ENGIE

Contato www.capacitar.vc
E-mail capacitar@capacitar.vc
INTRODUÇÃO aqueles que dependem de nós para crescer de
forma sadia e responsável. Esses números nos
levam para longe da promessa constitucional
de que estes teriam assegurada a efetivação de
Está previsto no ECA – Estatuto da todos os seus direitos.
Criança e do Adolescente, que as crianças e os
adolescentes gozam de todos os direitos fun- O Fundo dos Direitos da Criança e do Ado-
damentais inerentes à pessoa humana, prote- lescente – FDCA, não é a solução de todos
ção integral e que a eles devem ser asseguradas esses problemas, mas é um caminho. Através
todas as oportunidades e facilidades, a fim de dele, pessoas físicas e iniciativa privada podem
lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, assumir, juntamente com o Poder Público,
moral, espiritual e social, tudo em plenas con- essa responsabilidade e cuidado das nossas
dições de liberdade e de dignidade. crianças de hoje, garantindo para o dia de
amanhã um mundo com menos desigualdade
Em paralelo, conforme dados retirados no e maior respeito ao próximo.
site da Unicef Brasil, 167 milhões de crianças
viverão em extrema pobreza em 2030 e 60 E a cartilha do Capacitar, com a novidade
milhões de crianças em idade escolar primária de sua segunda edição em parceria com o CO-
estarão fora da escola também em 2030. Além NANDA, tem por objetivo orientar e auxiliar
disso, 69 milhões de crianças menores de 5 toda a comunidade que dedica a sua vida aos
anos morrerão entre 2016 e 2030. cuidados destes pequenos. Desejamos uma
boa leitura e grande êxito nos seus projetos.
No primeiro semestre de 2015, o Disque 100
recebeu, em todo o Brasil, cerca de 42 mil de- Mariana Kadletz
núncias de violência contra crianças e adoles- INCENTIVE
centes. Ou seja, ainda estamos negligenciando
ÍNDICE

O QUE SÃO OS FUNDOS DOS DIREITOS


DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE? 5

O QUE SÃO OS CONSELHOS DE DIREITOS


DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE? 5

COMO CRIAR UM FDCA 7


CNPJ e Conta bancária do Fundo 7
Gestor do Fundo 8
Fontes de receita do Fundo 9
Cadastro dos Fundos no MMFDH 10
Atualização cadastral do Fundo 11

QUE TIPO DE PROJETO PODE SER APRESENTADO AO FCDA? 11


Vedações ao uso de recursos do FDCA 12
Aquisição, construção e afins 13
COMO APRESENTAR UM PROJETO? 13
Quem pode apresentar um projeto 13
Cadastro da organização da sociedade civil no Conselho 14
Marco Regulatório 14
Edital de chamamento público 14
O que é chancela 15
Plano de Trabalho (Projeto) 16
Dicas 17

QUEM PODE DOAR AO FDCA? 17


Pessoas físicas 17
Pessoas jurídicas 17
Captação de recursos 19
Como fazer as doações dentro do exercício fiscal 19
Como fazer as doações no ano calendário subsequente 20
Passo a passo para as doações de pessoa física 21
Comprovante de doação 23
Quando o Fundo recebe o valor das doações? 24

PRECISO PRESTAR CONTAS DO PROJETO? 24


CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 7

O QUE SÃO OS nicípios criarem os seus Conselhos locais,


assim como os seus respectivos Fundos
FUNDOS DOS dos Direitos da Criança e do Adolescente,
a serem geridos por estes conselhos estadu-
DIREITOS DA CRIANÇA ais e municipais.
E DO ADOLESCENTE?
Já os parâmetros sobre a criação e fun-
cionamento dos Fundos (distrital, muni-
cipais ou estaduais) se darão por meio da
O Estatuto da Criança e do Adolescente Resolução do CONANDA nº 137, de 21 de
(ECA), instituído pela Lei Federal nº 8.069, janeiro de 2010 (a partir de agora tratada
de 1990, define, em seu art. 88, como uma como Resolução 137/2010), que já sofreu
das diretrizes da política de atendimento, alterações da Resolução 157, de 27 de mar-
a criação de conselhos e a manutenção de ço de 2013 e pela Resolução 194, de 10 de
fundos de âmbitos nacional, distrital, esta- julho de 2017.
dual e municipal, vinculados aos respec-
tivos Conselhos dos Direitos da Criança
e Adolescente. Assim, foi criado o Con-
selho Nacional dos Direitos da Criança e O QUE SÃO OS
do Adolescente1 (CONANDA), instituído
pela Lei Federal nº 8.242, de 1991.
CONSELHOS DE
DIREITOS DA
Desde 1964 já existe a previsão da cons-
tituição de fundos especiais, por meio da CRIANÇA E DO
Lei n. 4.320/1964. O Fundo Nacional para
a Criança e o Adolescente (FNCA), por ADOLESCENTE?
sua vez, foi previsto no art. 6º da mesma lei
que criou o CONANDA, e tem por obje-
tivo captar e aplicar recursos que deverão Os Conselhos dos Direitos da Criança
ser destinados a ações de atendimento às e do Adolescente são órgãos deliberati-
crianças e aos adolescentes. vos responsáveis por assegurar, na União,
nos Estados, no Distrito Federal e nos
O Fundo Nacional tem diversas fontes Municípios, prioridade para a infância e a
de receitas, como: as contribuições de de- adolescência. Previstos pelo Estatuto da
dução fiscal (parte do imposto de renda de Criança e do Adolescente, os conselhos
pessoas físicas ou jurídicas); recursos do formulam e acompanham a execução das
orçamento da União; contribuições e resul- políticas públicas de atendimento sobre o
tados de aplicações dos governos e orga- tema. Também é sua atribuição fiscalizar o
nismos, tanto estrangeiros quanto interna- cumprimento da legislação que assegura os
cionais; resultado de aplicações no mercado direitos humanos de meninos e meninas.
financeiro e outras fontes de recursos.
Constituídos, de forma paritária, por re-
Este Fundo é gerido pelo CONANDA. presentantes do governo e da sociedade
Caberá aos Estados, Distrito Federal e Mu- civil, os conselhos estão vinculados admi-

1.
Saiba mais sobre o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) em:
https://www.mdh.gov.br/informacao-ao-cidadao/participacao-social/conselho-nacional-dos-direitos-da-crianca-e-do-adolescente-conanda/conanda-1
8 WWW.CAPACITAR.VC

nistrativamente ao governo do estado ou do • elaborar editais, fixando os procedi-


município, mas têm autonomia para pautar mentos e critérios para a aprovação de
seus trabalhos e para acionar Conselhos Tu- projetos a serem financiados com recur-
telares, as Delegacias de Proteção Especial sos do Fundo dos Direitos da Criança e
e as instâncias do Poder Judiciário, como o do Adolescente, e tornar público os pro-
Ministério Público, as Defensorias Públicas jetos selecionados nos editais;
e os Juizados Especiais da Infância e Juven- • monitorar e fiscalizar os programas,
tude, que compõem a rede de proteção aos projetos e ações financiadas com os re-
direitos de crianças e adolescentes. cursos do Fundo;
• desenvolver atividades relacionadas à
Os Conselhos são constituídos através ampliação da captação de recursos para
de uma lei, que deve prescrever como eles o Fundo; e
serão compostos e estruturados, a quanti- • mobilizar a sociedade para participar
dade de membros, competência do Conse- no processo de elaboração e implemen-
lho, entre outras questões. Para saber mais tação da política de promoção, prote-
sobre os parâmetros para criação e funcio- ção, defesa e atendimento dos direitos
namento dos Conselhos dos Direitos da da criança e do adolescente, bem como
Criança e do Adolescente, consulte a Reso- na fiscalização da aplicação dos recur-
lução 105/2005 do CONANDA. sos do Fundo dos Direitos da Criança e
do Adolescente.
Entre outras atribuições, cabe ao Conse-
lho dos Direitos da Criança e do Adoles- Os Conselhos também devem, confor-
cente, em relação aos Fundos dos Direitos me art. 23 da Resolução 137/2010, divul-
da Criança e do Adolescente (FDCA), con- gar amplamente as suas ações, como por
forme art. 9 da Resolução 137/2010: exemplo: ações prioritárias, prazos para
• elaborar e deliberar sobre a política de apresentação de projetos, relação dos pro-
promoção, proteção, defesa e atendimento jetos aprovados, as receitas previstas no
dos direitos da criança e do adolescente; orçamento do Fundo para o exercício e
• promover diagnósticos relativos à situ- os mecanismos de monitoramento, ava-
ação da infância e da adolescência bem liação e fiscalização dos projetos benefi-
como do Sistema de Garantia dos Direitos ciados. Sobre a temática dos projetos, é
da Criança e do Adolescente no âmbito de facultado aos Conselhos chancelar pro-
sua competência; jetos mediante edital específico, fixando
• elaborar planos de ação anuais ou plu- um percentual (de no mínimo 20%) de
rianuais, contendo os programas a serem retenção de recursos captados para cada
implementados no âmbito da política de projeto autorizado.
promoção, proteção, defesa e atendimento
dos direitos da criança e do adolescente, Lembrando que cabe aos estados e mu-
e as respectivas metas, considerando os nicípios compor os seus próprios Con-
resultados dos diagnósticos realizados e selhos. Para obter mais informações so-
observando os prazos legais do ciclo or- bre o Conselho Nacional – CONANDA,
çamentário; acesse o sítio dos Direitos da Criança
• elaborar anualmente o plano de aplica- (www.direitosdacrianca.gov.br) ou do Ministé-
ção dos recursos do Fundo e também mo- rio da Mulher, da Família e dos Direitos
nitorar e avaliar a aplicação destes recursos; Humanos (MMFDH) www.mdh.gov.br.
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 9

COMO CRIAR UM A Lei que instituir o Fundo deverá expli-


citar suas fontes de receitas, seus objetivos
FDCA? e finalidades, e determinar sua vinculação
ao respectivo Conselho, fixando prazo li-
mite para a sua regulamentação pelo Poder
A Resolução 137/2010 do CONANDA Executivo local.
dispõe sobre os parâmetros para a criação
e o funcionamento dos Fundos dos Direi- O Poder Executivo, por sua vez, em acor-
tos da Criança e do Adolescente, nacional, do com o Conselho dos Direitos da Crian-
distrital, estadual ou municipal, que, como ça e do Adolescente, deverá providenciar
já mencionado, deverão ser vinculados a regulamentação do Fundo, detalhando o
aos respectivos Conselhos dos Direitos da seu funcionamento por meio de Decreto
Criança e do Adolescente. ou meio legal equivalente.

Os Fundos deverão ser criados por leis Os Fundos também estão sujeitos ao
propostas pelo Poder Executivo, e aprova- controle interno do Poder Executivo, Con-
das pelo Poder Legislativo das respectivas selhos de Direito, quando houver no Mu-
esferas de governo: federal, estadual, distri- nicípio, da Secretaria de Transparência, e
tal ou municipal. ao controle externo do Poder Legislativo,
Tribunal de Contas e do Ministério Públi-
Em regra, o Fundo deverá ser instituído co (vide art. 22 e seguintes da Resolução
pela mesma Lei que criar o Conselho dos 137/2010). Além disso, se o Conselho veri-
Direitos da Criança e do Adolescente, res- ficar que houve suposta irregularidade no
salvados os casos em que, criado o Con- Fundo deve apresentar uma representação
selho, ainda não tenha sido instituído o ao Ministério Público.
Fundo. Ou seja, não existe Fundo sem que
haja, previamente, um Conselho. Enfim, as demais normas que deverão
ser seguidas encontram-se todas na Reso-
lução 137/2010, que deverá ser observa-
da durante todo o processo de criação do
Fundo e do Conselho.

CNPJ E CONTA BANCÁRIA DO


FUNDO

A Instrução Normativa nº 1.634, de 06 de


maio de 2016, da Receita Federal do Brasil,
deixa claro que os fundos públicos são obri-
gados a se inscrever no Cadastro Nacional
de Pessoas Jurídicas - CNPJ (vide art. 4º,
X) e manter a sua situação cadastral ativa.
Também é obrigatório ter no “nome empre-
sarial” ou “nome de fantasia” expressão que
10 WWW.CAPACITAR.VC

estabeleça claramente a condição de Fundo A conta bancária deve ser aberta pelo res-
dos Direitos da Criança e do Adolescente pectivo órgão ao qual o Fundo está vincula-
(FDCA). do, em um banco público (estabelecimento
oficial de crédito).
É necessário também que o Conselho
tenha o seu Cadastro Nacional de Pessoas Os recursos do Fundo devem ter um regis-
Jurídicas (CNPJ) condizente com o municí- tro próprio, de modo que a disponibilidade
pio de localização do fundo, a sua natureza de caixa, receita e despesa, fique identifica-
jurídica de fundo público. da de forma individualizada e transparente.
Nesse sentido, o Fundo deve ter uma conta
É importante mencionar que houve, uma bancária específica destinada à movimenta-
mudança no código jurídico de fundo públi- ção das suas receitas e despesas.
co, isto é, o código 120-1 deixou de existir
e em substituição a ele foram criados 3 có- O titular da conta é o próprio Fundo en-
digos distintos: quanto pessoa jurídica (CNPJ), mas a sua
• 131-7 (Fundo Público da Administração movimentação deverá ser feita pelo seu or-
Direta Federal), denador de despesas, ou seja, um servidor
• 132-5 (Fundo Público da Adminis- público vinculado ao órgão responsável pela
tração Direta Estadual ou do Distrito administração do Fundo.
Federal), e
• 133-3 (Fundo Público da Administra- Dessa forma, é importante que fique claro
ção Direta Municipal). que o Fundo não poderá utilizar o CNPJ da
Prefeitura para praticar os seus atos ou ainda
É importante mencionar que essa regra para receber recursos financeiros. Caso apa-
passa a ser utilizada a partir do dia 20 de reça no seu cadastro a informação “motivo
maio de 2019. Dessa forma, todos os fun- mapeado: favorecido incompatível”, isso sig-
dos que estavam cadastrados com a nature- nifica que a conta bancária informada não
za 120-1, a RFB automaticamente já fez a está vinculada ao CNPJ específico do Fun-
sua alteração, não havendo necessidade de do, ou seja, existe uma incompatibilidade no
alteração do CNPJ. Já os novos cadastros que se refere à titularidade da conta. Nesse
deverão cadastrar-se considerando os códi- caso, o Fundo deverá criar a conta específi-
gos supracitados. ca e informa-la, atualizando o seu cadastro.

Caso algum Fundo se identifique com


classificação errônea daquela que julgar GESTOR DO FUNDO
correta, ele poderá providenciar uma soli-
citação, via Coletor Nacional-REDESIM, Compete ao Conselho de Direitos da Crian-
com o evento 225 e a data de constituição ça e do Adolescente definir as diretrizes para
do CNPJ, para o código NJ que julgar mais a utilização dos recursos do Fundo, contudo,
correto. a sua gestão, no que se refere à ordenação de
despesas, compete ao órgão do Executivo
Vale lembrar que todo procedimento de re- responsável pela sua administração.
gularização do CNPJ é feito junto à Receita
Federal do Brasil, e não junto ao CONAN- O Poder Executivo deverá nomear um
DA/MMFDH. Por isso, procure a Delega- gestor, que terá entre suas funções coorde-
cia Regional da Receita na sua localidade. nar a execução do Plano de Aplicação dos
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 11

recursos, plano este que deverá ser elabora- da sua função, sempre observar o prin-
do e aprovado pelo Conselho. cípio da prioridade absoluta à criança e
ao adolescente.
Além disso, o Gestor também será respon-
sável, entre outras funções inerentes ao car-
go (vide art. 21 da Resolução 137/2010), por: FONTES DE RECEITA DO FUNDO
ππexecutar e acompanhar o ingresso de
receitas e o pagamento das despesas do Conforme o art. 10 da Resolução
Fundo, além de emitir empenhos, cheques 137/2010, os Fundos poderão ter receitas
e ordens de pagamento destas despesas; provenientes de:
ππfornecer o comprovante de doação/ I - recursos públicos que lhes fo-
destinação ao contribuinte, contendo a rem destinados, consignados no
identificação do órgão do Poder Execu- Orçamento da União, dos Estados,
tivo, endereço e número de inscrição no do Distrito Federal e dos Municí-
CNPJ no cabeçalho e, no corpo, o n° de pios, inclusive mediante transferên-
ordem, nome completo do doador/desti- cias do tipo “fundo a fundo” entre
nador, CPF/CNPJ, endereço, identidade, essas esferas de governo, desde que
valor efetivamente recebido, local e data, previsto na legislação específica;
devidamente firmado em conjunto com o II - doações de pessoas físicas e ju-
Presidente do Conselho, para dar a quita- rídicas, sejam elas de bens materiais,
ção da operação; imóveis ou recursos financeiros;
ππencaminhar à Secretaria da Receita Fe- III - destinações de receitas dedu-
deral a Declaração de Benefícios Fiscais tíveis do Imposto de Renda, com in-
(DBF), por intermédio da Internet, até o centivos fiscais, nos termos do Es-
último dia útil do mês de março, em rela- tatuto da Criança e do Adolescente
ção ao ano calendário anterior; e demais legislações pertinentes;
ππcomunicar obrigatoriamente aos contri- IV - contribuições de governos es-
buintes, até o último dia útil do mês de trangeiros e de organismos interna-
março, a efetiva apresentação da Decla- cionais multilaterais;
ração de Benefícios Fiscais (DBF), onde V - o resultado de aplicações no
deve constar o nome ou razão social, mercado financeiro, observada a le-
CPF do contribuinte ou CNPJ, data e va- gislação pertinente; e
lor destinado; VI - recursos provenientes de
ππapresentar, trimestralmente ou quando multas, concursos de prognós-
solicitada pelo Conselho dos Direitos da ticos, dentre outros que lhe fo-
Criança e do Adolescente, a análise e ava- rem destinados.
liação da situação econômico-financeira
do Fundo, através de balancetes e relató- Os recursos do Fundo dos Direitos da
rios de gestão; Criança e do Adolescente só podem ser uti-
ππmanter arquivados, pelo prazo previsto lizados para despesas que se identifiquem
em lei, os documentos comprobatórios diretamente com a realização de seus objeti-
da movimentação das receitas e despesas vos (vide art. 16 da Resolução 137/2010). A
do Fundo, para fins de acompanhamento exceção é para situações de emergência ou
e fiscalização. estado de calamidade pública que estejam
previstas em lei, e precisam de aprovação
Por fim, cabe ao gestor, no desempenho prévia do plenário do respectivo Conselho.
12 WWW.CAPACITAR.VC

CADASTRO DOS FUNDOS NO te ser o próprio fundo, não pode ser pes-
MINISTÉRIO DA MULHER, soa física)
DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS ππNome e CPF do(a) Gestor(a) do Fundo
HUMANOS (MMFDH) (O(a) gestor(a) responsáevel deve ser ser-
vidor(a) público designado pelo executi-
O cadastro dos Fundos (distrital, es- vo municipal ou estado)
taduais ou municipais) deve ser realiza- ππNúmero e ano da lei estadual, distrital
do pelo responsável pelo fundo junto ao ou municipal que criou o Fundo
Ministério da Mulher, da Família e dos ππDados pessoais do respondente (nome,
Direitos Humanos (MMFDH). Ele consis- telefone, e-mail e Estado)
te na sistematização de informações sobre
os Fundos da Criança e do Adolescente em Os dados informados devem possibilitar
todo o Brasil. Essas informações são colhi- o cadastramento dos fundos como credo-
das pelo referido Ministério por intermédio res no Sistema Integrado de Administração
de um formulário que está disponível no Financeira do Governo Federal (Siafi).
link https://www.mdh.gov.br/navegue-por-temas/
crianca-e-adolescente/cadastramento-de-fundos Destaca-se que a veracidade das informa-
ções constantes no cadastro é de respon-
Para que o cadastro seja realizado, é ne- sabilidade dos gestores responsáveis pelo
cessário informar os seguintes itens em re- respectivo Fundo.
lação ao Conselho:
ππDados institucionais: UF e nome É de responsabilidade do MMFDH, o
do Município envio das informações prestadas para a
ππDados Institucionais do Conselho dos Receita Federal do Brasil, que irá , a par-
Direitos da Criança e do Adolescente: Se- tir da legislação pertinentes, verificar se o
cretaria ou órgão de vinculação Fundo é considerado apto ou inapto ao re-
ππEndereço e CEP, número, bairro/loca- cebimento de doações.
lidade
ππTelefones e e-mail Ou seja, o cadastro é imprescindível para
que seja possível identificar quais Fundos
Caso o Município já possua Fundo, in- estão aptos a receber doações dedutíveis do
formar: Imposto de Renda no momento da declara-
ππCNPJ do Fundo dos Direitos da Crian- ção. Além disso, esse procedimento cadastral
ça e do Adolescente (serão aceitos fundos também visa oferecer ao contribuinte-doador
com CNPJ de natureza jurídica 131-7, maior segurança e transparência, na medida
132-5, e 133-3), tendo em vista a extinção em que o Fundo destinatário da doação está
do código 120-1 em regularidade certificada pelo fisco.
ππBanco de conta vinculada ao Fundo
(Os fundos devem possuir conta aberta Organizações que sejam beneficiadas por
em instituição financeira pública, vincu- recursos dos Fundos não precisam realizar
lada ao CNPJ do fundo) o cadastro, que é destinado somente aos
ππNúmero da conta vinculada ao Fundo Fundos. Quando o fundo não é conside-
(As contas devem ser inseridas sem códi- rado apto a Receita Federal informa o erro
go de operação e sem hífen) do cadastro ao MMFDH que dá ampla pu-
ππTitular da conta (deve obrigatoriamen- blicidade por meio do seu portal.
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 13

ATUALIZAÇÃO CADASTRAL DO QUE TIPO DE


FUNDO
PROJETO PODE SER
Uma vez que o Fundo esteja cadastrado
no MMFDH, não há necessidade de reca-
APRESENTADO AO
dastra-lo todo ano. No entanto, se houver FCDA?
alguma alteração nos dados cadastrais ou
inconsistências apontadas pela Receita Fe-
deral, é necessário atualizar as informações-
no Formulário que trata sobre o cadastra- Cada Fundo, seja ele federal, distrital,
mento dos Fundos Estaduais e Municipais estadual ou municipal, deve conter na sua
dos Direitos da Criança e do Adolescente. regulamentação as diretrizes para os pro-
jetos que poderão ser apresentados para
Uma forma do Fundo verificar se está receber os recursos do FDCA.
regular ou não, é através da verificação da
sua situação na lista que é, todos os anos, Esses valores devem ser utilizados para
disponibilizada no sítio do MMFDH. Ali financiar ações governamentais e não go-
constará a relação integral de todos os Fun- vernamentais voltados a promoção, pro-
dos, informando a sua situação cadastral teção e defesa dos direitos das crianças
de forma individualizada, informando se e dos adolescentes. A Resolução 137/2010
este está com situação regular, com pro- explica, em seu artigo 15, para quais ações
blema cadastral no CNPJ ou com proble- deverão ser destinados os recursos do
mas bancários.
14 WWW.CAPACITAR.VC

Fundo. São elas: sições previstas no Estatuto da Criança e


• desenvolvimento de programas e servi- do Adolescente. Além disso, faça a leitura
ços complementares ou inovadores, por das normas do Conselho para o qual será
tempo determinado, não excedendo a 3 apresentado o seu projeto.
(três) anos, da política de promoção, pro-
teção, defesa e atendimento dos direitos Vale ressaltar que os projetos oriundos
da criança e do adolescente; de Organizações da Sociedade Civil (OSC)
• acolhimento, sob a forma de guar- são regulamentados pelo Marco Regulató-
da, de criança e de adolescente, órfão ou rio das Organizações da Sociedade Civil
abandonado, na forma do disposto no (MROSC), Lei 13.019 de 31 de julho de
art. 227, § 3º, VI, da Constituição Fede- 2014, o qual estabelece o regime jurídico
ral e do art. 260, § 2º da Lei n° 8.069, de das parcerias entre a administração públi-
1990, observadas as diretrizes do Plano ca e as organizações da sociedade civil, em
Nacional de Promoção, Proteção e Defe- regime de mútua cooperação, para a con-
sa do Direito de Crianças e Adolescentes secução de finalidades de interesse público
à Convivência Familiar e Comunitária; e recíproco, mediante a execução de ativi-
• programas e projetos de pesquisa, de dades ou de projetos previamente estabele-
estudos, elaboração de diagnósticos, sis- cidos em planos de trabalho inseridos em
temas de informações, monitoramento e termos de colaboração, em termos de fo-
avaliação das políticas públicas de pro- mento ou em acordos de cooperação.
moção, proteção, defesa e atendimento
dos direitos da criança e do adolescente;
• programas e projetos de capacitação VEDAÇÕES AO USO DE RECURSOS
e formação profissional continuada dos DO FDCA
operadores do Sistema de Garantia dos
Direitos da Criança e do Adolescente; Toda a transferência de recursos deve ter
• desenvolvimento de programas e a deliberação prévia do respectivo Conse-
projetos de comunicação, campanhas lho. Além disso, existem vedações para a
educativas, publicações, divulgação das utilização dos recursos dos Fundos para a
ações de promoção, proteção, defesa e Criança e o Adolescente, conforme o art.
atendimento dos direitos da criança e do 16 da Portaria 137/2010. Nesse sentido, não
adolescente; e poderão ser apresentados projetos para:
• ações de fortalecimento do Sistema ππpagamento, manutenção e funciona-
de Garantia dos Direitos da Criança e do mento do Conselho Tutelar, bem como
Adolescente, com ênfase na mobilização para manutenção e funcionamento dos
social e na articulação para a defesa dos Conselhos dos Direitos da Criança e
direitos da criança e do adolescente. do Adolescente;
ππo financiamento das políticas públicas
Ou seja, ao apresentar um projeto, verifi- sociais básicas, em caráter continuado, e
que se ele se encaixa em um dos propósitos que disponham de fundo específico;
acima elencados, e se não contraria dispo- ππdespesas que não sejam compatíveis
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 15

com os objetivos do respectivo Fundo. Porém, é necessário que o respectivo


Conselho crie uma resolução própria, es-
Sendo assim, os projetos não pode- tabelecendo as formas e os critérios de
rão versar sobre os itens acima dispostos. utilização dos recursos nestes casos. No-
Além disso, reitera-se que a organiza- vamente, o uso tem que ser exclusivo para
ção da sociedade civil deve estar atenta a política da infância e adolescência, como
à norma do Fundo para o qual o projeto é esperado para toda a utilização dos re-
será apresentado. cursos de qualquer Fundo dos direitos da
Criança e do Adolescente.

AQUISIÇÃO, CONSTRUÇÃO E Destaca-se que a Resolução 194 guarda


AFINS consonância com o MROSC, que prevê
em seu art. 46º, inciso IV, a aquisição de
O uso da verba do Fundo para investi- equipamentos e materiais permanentes es-
mentos em aquisição, construção, reforma, senciais à consecução do objeto e serviços
manutenção e/ou aluguel de imóveis públi- de adequação de espaço físico, desde que
cos e/ou privados, ainda que de uso exclu- necessários à instalação dos referidos equi-
sivo da política da infância e da adolescên- pamentos e materiais.
cia, era vedada pela Resolução 137/2010, de
forma expressa, através do art. 16, inciso V.

No ano de 2017, porém, a Resolução COMO APRESENTAR


194/2017, através da inclusão do parágrafo
segundo no art. 16, explica que “os con-
UM PROJETO
selhos estaduais, municipais e distrital dos
direitos da criança e do adolescente pode-
rão afastar a aplicação da vedação prevista Cada Conselho e cada Fundo, seja ele
no inciso V do parágrafo anterior por meio nacional, distrital, estadual ou municipal,
de Resolução própria, que estabeleça as apresentarão necessidades diferenciadas
formas e critérios de utilização dos recur- para projetos encaminhados ao FDCA. No
sos, desde que para uso exclusivo da políti- entanto, algumas normas padrão de apre-
ca da infância e da adolescência, observada sentação de projetos poderão ser observa-
a legislação de regência”. das, conforme será sugerido a seguir.

Ou seja, a proibição prevista no art. 16,


inciso V antes era uma obrigatoriedade QUEM PODE APRESENTAR UM
imposta pela Resolução 137/2010, e agora PROJETO
passa a ser uma definição de cada Conse-
lho, já que a Resolução federal agora per- Entidades governamentais e não governa-
mite o uso do recurso com aquisição, re- mentais poderão propor projetos com base
forma, manutenção e afins. em edital de chamamento público ou seleção
16 WWW.CAPACITAR.VC

de órgãos do poder público das esferas Fede- A lei também instituiu novos instrumen-
ral, Estadual, do Distrito Federal e Municipal tos jurídicos para a formalização das par-
por meio de Busca Ativa. cerias, que são Termo de Colaboração, Ter-
mo de Fomento e Acordo de Cooperação.

CADASTRO DA ORGANIZAÇÃO DA Desta forma, para a realização de parcerias


SOCIEDADE CIVIL NO CONSELHO entre os Fundos e as Organizações da Socie-
dade Civil é necessário observância da Lei
Antes de apresentar um projeto, prova- Federal, desde a elaboração do edital de cha-
velmente será indispensável o cadastramen- mamento público, formalização da parceria e
to da Entidade no Conselho. Certifique-se procedimentos de prestações de contas.
sobre quais são os documentos e requisitos
necessários. Também é necessária a observância ao
instituto do Procedimento de Manifestação
É importante que a Entidade tenha relação de Interesse Social, para que a Administra-
com as atividades propostas pelo FDCA; ção Pública consulte a sociedade civil or-
possua inscrição no CNPJ – Cadastro Na- ganizada, movimentos sociais e cidadãos,
cional de Pessoas Jurídicas; tenha regulari- quanto a apresentação de propostas para o
dade fiscal (certidões negativas em dia); e poder público, para que este avalie a possi-
possua em ordem o seu ato constitutivo e bilidade de realização de chamamento pú-
demais documentos (estatuto social, ata de blico objetivando a celebração de parceria.
eleição e posse da atual diretoria). Os dados
e documentos dos representantes legais da E para realizar o processo de seleção das
entidade também devem estar em dia. Organizações da Sociedade Civil, o poder
público deverá lançar edital de chamamento
Também é provável que seja solicitado público estabelecendo as regras para a par-
um currículo com as atividades desempe- ticipação das Organizações interessadas.
nhadas nos últimos anos. Por fim, a En-
tidade precisa possuir uma conta bancária
própria, para que posteriormente possa re- EDITAL DE CHAMAMENTO
ceber os recursos para o seu projeto. PÚBLICO

Exceto nas hipóteses previstas na Lei


MARCO REGULATÓRIO 13.019/2014, a celebração de termo de co-
laboração ou de fomento será precedida de
A Lei Federal 13.019/2014, mais conhe- chamamento público voltado a selecionar
cida como Marco Regulatório das Organi- organizações da sociedade civil que tornem
zações da Sociedade Civil, estabelece novas mais eficaz a execução do objeto. Os pro-
regras para a realização de parcerias entre a jetos serão apresentados, baseado em uma
Administração Pública e as Organizações real necessidade de atendimento voltado as
da Sociedade Civil, trazendo ao ordena- crianças e adolescentes, com foco nas dire-
mento jurídico, a mútua cooperação, como trizes, linhas de apoio e resultados espera-
requisito para consecução de projetos e ati- dos definidos pelos conselhos de direitos.
vidades de interesse público.
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 17

Mas atenção: caso a despesa seja execu- Salienta-se que o Edital de Chamamento
tada por entidades públicas as regras serão Público, embora deva observar os regra-
diferenciadas do que as regras das entida- mentos do MROSC, é autônomo para defi-
des privadas. nir regras específicas no âmbito da política
pública e da concorrência, como critérios
No caso do governo federal, os projetos de julgamento, metodologia de pontuação,
são recepcionados, selecionados e celebra- linhas de apoio, previamente aprovadas pe-
dos por meio da plataforma eletrônica SI- los conselhos de direitos, e outros que se
CONV (Sistema de Gestão de Convênios e mostrarem necessários.
Contratos de Repasse). Essa plataforma per-
mite que o chamamento público e todas as
suas fases sejam realizadas por meio eletrô- O QUE É CHANCELA
nico. Os estados e municípios têm seus pró-
prios instrumentos de seleção de projetos. Conforme está escrito no §1º do art. 13
da Resolução 137/2010, a “chancela deve
O chamamento público poderá ser dis- ser entendida como a autorização para cap-
pensado, nos casos do art. 30, inciso I ao VI tação de recursos aos Fundos dos Direitos
da Lei 13.019/2014, nas seguintes situações: da Criança e do Adolescente destinados a
• no caso de urgência decorrente de pa- projetos aprovados pelos Conselhos dos
ralisação ou iminência de paralisação de Direitos da Criança e do Adolescente”.
atividades de relevante interesse público,
pelo prazo de até cento e oitenta dias; E essa captação deve ser realizada pela
• nos casos de guerra, calamidade públi- instituição proponente, para o financia-
ca, grave perturbação da ordem pública mento do seu respectivo projeto, previa-
ou ameaça à paz social; mente aprovado pelo Conselho.
• quando se tratar da realização de pro-
grama de proteção a pessoas ameaçadas Essa possibilidade não é uma obrigação,
ou em situação que possa comprometer sendo facultado aos Conselhos chancelar
a sua segurança; projetos, desde que através de edital espe-
• no caso de atividades voltadas ou vin- cífico para tal finalidade.
culadas a serviços de educação, saúde e
assistência social, desde que executadas Nesses casos, haverá um percentual de
por organizações da sociedade civil pre- retenção do recurso captado. A Resolução
viamente credenciadas pelo órgão ges- estipula que este percentual deverá ser fi-
tor da respectiva política. xado pelo Conselho, sempre para a reten-
ção de, no mínimo, 20% por projeto au-
Outra possibilidade é quando o chama- torizado, mas os percentuais podem variar
mento público é considerado inexigível, dependendo da regulamentação do Fundo.
quando não existe possibilidade de compe-
tição entre organizações. Isso ocorre quan- O tempo de duração entre a aprovação
do a natureza da parceria que é necessária do projeto e a captação dos recursos não
só poderá ser atendida por uma única enti- deverá ser superior a 2 (dois) anos. E uma
dade. Essa previsão está no art. 31, incisos vez que este prazo tenha se esgotado, ha-
I e II da mesma Lei Federal. vendo interesse da instituição proponente,
18 WWW.CAPACITAR.VC

o projeto poderá ser submetido a um novo 6. Justificativa: esse é o momento de


processo de chancela. justificar a importância do seu projeto,
como por exemplo, porque ele é im-
Enfim, caso não tenha ocorrido captação portante para as crianças e adolescen-
de valor o suficiente, a chancela não obriga tes, ou ainda, porque o uso do FDCA
o financiamento do projeto através do Fun- é necessário;
do dos Direitos da Criança e Adolescente. 7. Público alvo beneficiado: faixa etária,
classe social, etc;
8. Número de beneficiários: a informa-
PLANO DE TRABALHO ção dos beneficiários (diretos e indire-
(PROJETO) tos) é importante para que se possa men-
surar o custo/benefício do projeto;
Assim, uma vez que a Organização da 9. Cronograma do projeto: demonstre
Sociedade Civil cumpra todos os requisitos quais as etapas de trabalho que serão rea-
necessários para a participação do chama- lizadas para que o objetivo seja atingido;
mento, o que deverá ser verificado pos- 10. Outras informações ou documentos
teriormente pelo poder público, caberá à anexos. Junte tudo o que entender que
Proponente apresentar o seu projeto, junta- possa engrandecer o seu projeto;
mente com toda a documentação exigida. 11. Descrição da realidade objeto da par-
ceria, devendo ser demonstrado o nexo
As informações que serão solicitadas com a atividade ou o projeto e com as
para o Plano de Trabalho irão variar de- metas a serem atingidas;
pendendo do Fundo, da sua normativa e 12. Forma de execução das ações, indi-
também do teor do chamamento, mas em cando, quando cabível, as que demanda-
todos os casos deverão seguir os preceitos rão atuação em rede;
mínimos estipulados pela Lei 13.019/2014 13. Descrição de metas quantitativas e
e Decreto 8.726/2016 ou por legislação vi- mensuráveis a serem atingidas;
gente na época. Por estes motivos, elenca- 14. Definição dos indicadores, docu-
mos as principais informações que comu- mentos e outros meios a serem utili-
mente são necessárias para a apresentação zados para a aferição do cumprimento
de um projeto. São elas: das metas;
1.Dados da entidade, representante legal 15. Previsão de receitas e a estimativa
e pessoa responsável pelo projeto, com de despesas a serem realizadas na exe-
telefone e e-mail para contato; cução das ações, incluindo os encargos
2. Nome e resumo do projeto; sociais e trabalhistas e a discriminação
3. Período de execução, preferencial- dos custos indiretos necessários à execu-
mente mensurado por número de dias ção do objeto;
e meses; 16. Valores a serem repassados mediante
4. Local (estado, cidade, bairro, re- cronograma de desembolso; e as ações
gião) onde as ações do projeto se- que demandarão pagamento em espécie,
rão desenvolvidas; quando for o caso.
5. Objetivo geral (qual o principal resul-
tado e finalidade que o projeto pretende Por fim, vale lembrar que o projeto deve
alcançar) e objetivos específicos (ações estar em total consonância com o ECA –
que serão realizadas para atingir o obje- Estatuto da Criança e do Adolescente e com
tivo geral); tudo o que já foi explanado nesta Cartilha.
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 19

DICAS No caso das Pessoas Físicas, o limite de de-


dução de 6% abarca todas as doações incen-
ππOs materiais de divulgação dos proje- tivadas aos Fundos dos Direitos da Criança e
tos que receberam o financiamento do do Adolescente, Fundos do Idoso, Lei Rou-
Fundo deve fazer referência ao Conse- anet, Lei do Audiovisual e Lei de Incentivo
lho e ao Fundo como fonte pública de ao Esporte. Ou seja, cabe ao doador escolher
financiamento (vide art. 24 da Resolu- qual ou quais mecanismos serão beneficiados
ção 137/2010). com a sua doação. Os programas do Ministé-
ππPara que um projeto seja executado rio da Saúde, PRONAS/PCD e PRONON,
por uma Organização da Sociedade Ci- possuem percentuais próprios (de 1% cada),
vil haverá a celebração de uma parce- que não concorrem com o FDCA.
ria, sempre respeitando a Lei do Mar-
co Regulatório. A Receita Federal disponibiliza um si-
ππQuando os projetos forem financia- mulador para as pessoas físicas calcularem
dos através de editais, a regra a ser se- o seu Imposto de Renda mensal ou anual.
guida pelo proponente é a que consta Veja o site http://www.receita.fazenda.gov.br/
no edital. Aplicacoes/ATRJO/Simulador/simulador.asp?-
tipoSimulador=A

O Fundo dos Direitos da Criança e do


QUEM PODE DOAR Adolescente por muito tempo foi o único
mecanismo dentre os acima citados, que
AO FDCA? permite a doação, para os contribuintes
pessoas físicas, no momento da Declaração
de Ajuste Anual (DAA). Porém, no valor
A doação ao Fundo pode ser feita por qual- de até 3% sobre o imposto devido.
quer pessoa, seja ela física ou jurídica. Essa
doação pode ser através de dinheiro (recur- A partir de 2020, porém, os Fundos do
sos financeiros), bens materiais ou imóveis. Idoso também poderão deduzir até 3% so-
Não existe limites para estas doações. Porém, bre o imposto de renda pessoa física apurado
nesse caso, não há possibilidade de dedu- no momento da declaração. Porém, confor-
ção fiscal. me a legislação que trouxe a mudança (Lei
13.797/2019), a dedução não exclui ou reduz
Já o art. 260 do ECA trata das doações outros benefícios ou deduções em vigor. Des-
que poderão ser integralmente deduzidas sa forma, o benefício concedido aos Fundos
do Imposto de Renda. Nessa hipótese, po- do Idoso não concorrerá com os Fundos dos
derão doar pessoas físicas ou jurídicas, ob- Direitos da Criança e do Adolescente.
servados os requisitos a seguir dispostos.
PESSOAS JURÍDICAS: Poderão ser
PESSOA FÍSICAS: Somente as pessoas doadoras todas as pessoas jurídicas legal-
físicas que façam a opção pela declaração mente instituídas no Brasil, que mante-
COMPLETA do Imposto de Renda. Nes- nham suas obrigações fiscais e legais em
se caso o valor da dedução é de até 6% do dia, desde que façam a opção de pagamen-
IRPF devido, dentro do exercício fiscal da to do seu Imposto de Renda com base no
incidência do imposto. LUCRO REAL. Aqui, o valor da dedução
será de até 1% do IRPJ devido, devendo
20 WWW.CAPACITAR.VC

a doação ser realizada dentro do exercício Idoso, retirando a menção de concorrência.


fiscal da incidência do imposto. A doação Dessa forma, atualmente, os percentuais de
aos Fundos dos Direitos da Criança e do dedução dos benefícios não mais concorrem.
Adolescente não exclui nem reduz a dedu-
ção de outras destinações para Fundos do E quem está obrigado ao regime de tribu-
Idoso (1%), Lei Rouanet e Lei do Audio- tação do lucro real? Essa definição é dada
visual (4%), Lei de Incentivo ao Esporte por meio do art. 14 da Lei n. 9.718, de 27
(1%), PRONAS/PCD (1%) e PRONON de novembro de 1998. Conforme essa lei,
(1%). estão obrigadas à apuração do lucro real as
pessoas jurídicas:
Sobre a doação de pessoa jurídica, vale uma • cuja receita total, no ano-calendá-
observação. Quando foi instituído o Fundo rio anterior seja superior ao limite de
do Idoso, o benefício concorria com as do- R$78.000.000,00 (setenta e oito milhões
ações ofertadas ao Fundo dos Direitos da de reais), ou proporcional ao número de
Criança e do Adolescente. Porém, em 2012, meses do período, quando inferior a 12
a Lei 12.594/2012, em seu art. 88, deu nova (doze) meses;
redação para a Lei que instituiu o Fundo do • cujas atividades sejam de bancos comer-
ciais, bancos de investimentos, bancos
de desenvolvimento, caixas econômicas,
sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imo-
biliário, sociedades corretoras de títulos,
valores mobiliários e câmbio, distribui-
doras de títulos e valores mobiliários,
empresas de arrendamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de se-
guros privados e de capitalização e enti-
dades de previdência privada aberta;
• que tiverem lucros, rendimentos ou ga-
nhos de capital oriundos do exterior;
• que, autorizadas pela legislação tributá-
ria, usufruam de benefícios fiscais relati-
vos à isenção ou redução do imposto;
• que, no decorrer do ano-calendário, te-
nham efetuado pagamento mensal pelo
regime de estimativa, na forma do art. 2º
da Lei nº 9.430, de 1996;
• que explorem as atividades de presta-
ção cumulativa e contínua de serviços de
assessoria creditícia, mercadológica, ges-
tão de crédito, seleção e riscos, adminis-
tração de contas a pagar e a receber, com-
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 21

pras de direitos creditórios resultantes de um imposto federal. Ou seja, o percentu-


vendas mercantis a prazo ou de prestação al do imposto doado poderá ser destinado
de serviços (factoring). para o Fundo Nacional, distrital, ou para
• que explorem as atividades de securiti- um fundo municipal ou estadual de qual-
zação de créditos imobiliários, financei- quer região do país, independente da sede
ros e do agronegócio. ou residência do contribuinte.

CAPTAÇÃO DE RECURSOS COMO FAZER AS DOAÇÕES


DENTRO DO EXERCÍCIO FISCAL
A captação de recursos pode ser feita pelo
próprio Fundo ou pelas Entidades benefici- As pessoas físicas que fizerem suas do-
árias dos recursos (na modalidade de chan- ações dentro do exercício fiscal, poderão
cela, já explicada nesta cartilha). Em ambos fazê-lo no limite de até 6% do seu imposto
os casos o doador irá realizar o aporte dire- de renda devido (o que não se confunde
tamente na conta bancária do Fundo. com imposto a pagar).

No caso da chancela, todos ganham. Já as pessoas jurídicas tributadas pelo


A Entidade, que vê o seu projeto sendo lucro real, poderão fazer as suas doações
viabilizado, o Fundo, que irá receber um no limite de 1% do imposto de renda de-
percentual sobre o valor captado pela Enti- vido, porém, são obrigadas a realizarem os
dade, e também o investidor, que normal- aportes dentro do exercício fiscal da inci-
mente prefere destinar a sua doação para dência do imposto. A Instrução Normativa
um projeto de sua livre escolha. nº 267/2002 da Receita Federal do Brasil
dispõe que a pessoa jurídica poderá dedu-
Uma dica para os Fundos ou organiza- zir do imposto devido em cada período
ções, na busca da captação de recursos é de apuração o total das doações efetuadas
obter, no site do Ministério da Cidadania aos Fundos dos Direitos da Criança e do
(Secretarias de Cultura e Esporte) ou do Adolescente, desde que devidamente com-
Ministério da Saúde, a lista das empresas provadas, vedada a dedução como despe-
que estão destinando seus impostos para a sa operacional.
Lei Rouanet, Lei de Incentivo ao Esporte e
para os Programas PRONAS/PCD e PRO- Esses aportes serão realizados através de
NON. Isso porque todos os incentivadores depósito ou transferência, diretamente na
destes mecanismos são empresas tributa- conta bancária do respectivo Fundo, ou
das pelo lucro real, e também são doadores por outro meio disponibilizado, como bo-
em potencial para os Fundos da Criança e leto bancário, por exemplo.
do Adolescente.
Para fins de comprovação, a pessoa jurí-
É importante lembrar que o doador po- dica deverá registrar em sua escrituração os
derá estar localizado em qualquer parte do valores doados, bem como manter em boa
território nacional, já que a dedução é sobre guarda a documentação correspondente.
22 WWW.CAPACITAR.VC

No caso do Fundo Nacional para a Crian- ou 3070010000128841;


ça e o Adolescente, por exemplo, as doações • CNPJ do FNCA: 19.091.798/0001-52
podem ser feitas mediante GRU (Guia de • Para os contribuintes que desejam reali-
Recolhimento da União), conforme dis- zar doações aos Fundos Distrital, Estadu-
ponibilizado no site do Tesouro Nacional, ais ou Municipais, é necessário entrar em
http://consulta.tesouro.fazenda.gov.br/gru_novosi- contato com o respectivo Fundo e verifi-
te/gru_simples.asp, da seguinte forma: car qual a sua forma de doação.
• Digitar 307001 na unidade gestora;
• Em gestão informar 00001;
• Informar o código de recolhimento: COMO FAZER AS DOAÇÕES NO
28843-8 – Transferência de Pessoas, para ANO CALENDÁRIO SUBSEQUENTE
pessoa física e 28841-1 – Transferências de
Instituições Privadas, para pessoa jurídica; Conforme já mencionado, atualmente é
• Clicar em Avançar; permitido que o contribuinte pessoa física
• Número de referência – pode ser qual- faça a sua doação no momento da Decla-
quer um (sugestão: CPF ou CNPJ – so- ração de Ajuste Anual (DAA). A data limi-
mente números); te da entrega da Declaração é o dia 30 de
• Competência: no formato mm/aaaa; abril, ou no dia útil anterior, caso o dia 30
• Vencimento: no formato dd/mm/aaaa seja final de semana ou feriado.
(essa data deve ser igual ou maior que a
data do recolhimento); A previsão está no art. 260-A, §1º, inciso
• CPF ou CNPJ do contribuinte III do Estatuto da Criança e do Adolescen-
(doador); te. Nesse caso, a dedução poderá ser de até
• Nome do recolhedor – corresponde ao 3% sobre o imposto devido, e não mais 6%.
CPF ou CNPJ informado;
• Valor principal – é o valor da doação; MAS ATENÇÃO: A doação realizada
• Pular para o campo do valor total – dentro do exercício fiscal, somada a doação
igual ao valor doado; realizada no momento da declaração, não
• Clicar em Emitir GRU, que deve ser re- pode exceder ao limite de 6% do impos-
colhida no Banco do Brasil. to de renda devido do contribuinte pessoa
física. A título de exemplo, caso o contri-
Se o contribuinte não for cliente do Banco buinte já tenha destinado 4% do seu IRPF
do Brasil, poderá efetuar o pagamento por para algum fundo dentro do exercício fis-
meio de DOC ou TED, que deverá ser pre- cal, agora, no momento da declaração, ele
enchido com as seguintes informações: só poderá destinar 2%.
• Banco: 001 (Banco do Brasil) - Agência:
1607-1 - Conta-Corrente: 170500-8; Nessa possibilidade, as doações devem ser
• Favorecido: código identificador de feitas dentro do próprio programa de elabo-
16 dígitos, composto pelo código da ração da declaração do imposto de renda pes-
Unidade Gestora (307001) + códi- soa física. Assim, o pagamento do imposto
go da Gestão (00001) + código de re- destinado ao FDCA será emitido pelo pró-
colhimento sem o DV (28843 – PF prio programa gerador, via DARF - Docu-
ou 28841 – PJ) = 3070010000128843 mento de Arrecadação de Receitas Federais.
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 23

PASSO A PASSO PARA AS DOAÇÕES DE PESSOA FÍSICA

1º PASSO:

No Programa IRPF clique em “Resumo da Declaração” e em seguida em “Doações Diretamente


na Declaração – ECA”

2º PASSO:

Clique em “novo”, no canto inferior direito da tela


24 WWW.CAPACITAR.VC

3º PASSO:
• Em “Tipo de Fundo”, selecione “Nacional, Estadual/Distrital ou Municipal” e digite o
CNPJ do Fundo;
• No lado direito da tela está o valor total disponível para sua doação;
• A partir deste valor, digite o montante desejado para doação no campo “Valor”;
• Clique em “OK”;

4º PASSO:
• Finalize sua declaração.
• Clique em “Imprimir” e em seguida “Darf – Doações Diretamente na Declaração – ECA”;
• Em seguida, clique no recibo da doação e selecione “Imprimir”;
• Clique em “OK” para emitir o DARF

O programa emitirá um DARF para o pagamento de cada doação ao fundo beneficiário in-
dicado, no valor informado pelo declarante e com código de receita 3351, que não se confunde
com o DARF emitido para pagamento de eventual saldo de imposto sobre a renda devido.
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 25

5º PASSO: Porém, na prática, nem sempre o Gestor


consegue facilmente realizar a identifica-
Faça o pagamento da DARF, dentro do ção da doação. Por isso, é importante que o
prazo de validade. doador lhe apresente um documento com-
provando a doação em favor do Fundo.
Ou seja, se o contribuinte não pagar até o
dia 30 de abril ele perde a oportunidade de Em seguida, deve ser emitido um compro-
destinar o valor ao Fundo. Agora, além de vante em favor do doador contendo a iden-
pagar o valor acrescido de juros, ele volta a tificação do órgão do Poder Executivo, en-
ser destinado à Secretaria da Receita Federal dereço e número de inscrição no CNPJ do
do Brasil, não podendo mais ser revertido em emitente no cabeçalho e, no corpo, o n° de
favor do Fundo da Criança e do Adolescen- ordem, nome completo do doador, CPF ou
te escolhido. O pagamento da guia deve ser CNPJ, endereço, identidade, valor efetiva-
feito até o encerramento do horário de expe- mente recebido, ano calendário a que se refere
diente bancário das instituições financeiras a doação, local e data, devidamente firmado
autorizadas, inclusive se realizado pela Inter- em conjunto com o Presidente do Conselho.
net ou por terminal de autoatendimento.
Caso a doação tenha sido captada atra-
Além disso, o pagamento da doação in- vés de uma Entidade pela modalidade da
formada na declaração deverá ser realizado chancela (art. 13 da Resolução 137/2010),
mesmo que a pessoa física tenha direito a recomendamos que o recibo de doação
restituição ou tenha optado pelo pagamen- também indique, de forma expressa, a in-
to do saldo de imposto por meio de débito formação de qual projeto está sendo bene-
automático em conta-corrente bancária. ficiado pelo valor doado.

Para as doações no modelo acima (no Em paralelo, o Gestor encaminhará à Se-


momento da declaração) e se o doador tem cretaria da Receita Federal a Declaração de
a intenção que direcionar a verba para um Benefícios Fiscais (DBF), por intermédio
projeto específico (quando for permitida a da Internet e dentro do prazo, em relação
chancela), recomendamos também que a ao ano calendário anterior.
Entidade beneficiada com a doação comu-
nique o respectivo Fundo, para que possa Ele também deve comunicar obrigatoria-
então se favorecer do valor destinado ao mente aos contribuintes a efetiva apresen-
projeto de sua escolha. tação da Declaração de Benefícios Fiscais
(DBF), da qual conste obrigatoriamente o
nome ou razão social, CPF do contribuinte
COMPROVANTE DE DOAÇÃO ou CNPJ, data e valor destinado (art. 21,
incisos V e VI da Resolução 137/2010).
Para que a doação seja dedutível do impos-
to de renda ela precisa seguir as orientações O recibo de doação é o documento hábil
dadas nos itens anteriores. Uma vez realizada, para que o doador possa fazer a dedução
o doador poderá solicitar o seu recibo, forne- fiscal do valor destinado ao Fundo.
cido pelo Gestor do Fundo, conforme prevê
o art. 21, inciso IV da Resolução 137/2010.
26 WWW.CAPACITAR.VC

QUANDO O FUNDO RECEBE O e do plano de trabalho, e deverá conter ele-


VALOR DAS DOAÇÕES? mentos que permitam ao gestor da parceria
avaliar o andamento ou concluir que o seu
No que se refere aos recursos doados por objeto foi executado conforme pactuado,
ocasião do preenchimento da Declaração com a descrição pormenorizada das ativida-
de Ajuste Anual de Imposto de Renda – des realizadas e a comprovação do alcance
Pessoa Física, a Receita Federal do Brasil das metas e dos resultados esperados, até o
(RFB) encaminhará ao Tesouro Nacional, período de que trata a prestação de contas.
após a devida apuração de imposto de ren-
da do exercício, as informações das contas Vale destacar o que determina os parágra-
bancárias informadas no Cadastro junto ao fos 1º ao 4º, do art. 64, da referida Lei, para
MMFDH, para fins de depósitos das res- que instituições não incorram em erros:
pectivas doações. É neste momento que
o Tesouro Nacional fará a verificação da “§ 1o Serão glosados valores relacio-
regularidade das contas específicas infor- nados a metas e resultados descum-
madas. Ou seja, o valor pode levar alguns pridos sem justificativa suficiente.
meses até que seja de fato revertido ao
Fundo beneficiado. § 2o Os dados financeiros serão
analisados com o intuito de estabe-
Quanto às doações de pessoas físicas e lecer o nexo de causalidade entre a
jurídicas realizadas durante o exercício receita e a despesa realizada, a sua
fiscal e realizadas diretamente na conta conformidade e o cumprimento
das normas pertinentes.
específica vinculada ao Fundo, a disponi-
bilidade dessas doações obedece às regras
de compensação bancária conforme a mo- § 3o A análise da prestação de con-
dalidade de depósito. tas deverá considerar a verdade real
e os resultados alcançados.

§ 4o A prestação de contas da parce-


PRECISO PRESTAR ria observará regras específicas de
acordo com o montante de recursos
CONTAS DO públicos envolvidos, nos termos
das disposições e procedimentos
PROJETO? estabelecidos conforme previsto no
plano de trabalho e no termo de co-
laboração ou de fomento.”

O recurso do Fundo da Infância e Ado- A prestação de contas do projeto começa


lescência é verba pública. E por isso a pres- junto com a sua execução. Não deixe para
tação de contas é sim fundamental. pensar em prestar contas só no final da exe-
cução. Manter a documentação organizada
Nos termos da já citada, Lei 13.019/2014, desde o início evita diversos problemas e só
art. 63 e 64, a prestação de contas deverá ser facilita a consolidação de tudo ao final.
feita observando-se as regras previstas na
mesma, além de prazos e normas de elabo- Lembre-se que os custos deverão ser pa-
ração constantes do instrumento de parceria gos por notas fiscais ou documento equi-
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 27

valente, observando o correto recolhimen- bém que os documentos fiscais constem o


to dos impostos. nome do projeto beneficiado;
ππExtratos bancários demonstrando as
As normas de prestação de contas variam receitas e despesas do projeto. Caso haja
conforme o Município ou Estado, mas, em sobra do valor, realize a devida restituição
todos os casos, devem ser observados os ao Fundo, e junte na prestação de contas o
preceitos mínimos do MROSC para uma documento comprobatório;
boa e correta apresentação das contas do ππSe as normas permitirem que o paga-
Projeto executado. Verifique o prazo de mento seja feito através de cheque, sugeri-
apresentação da prestação de contas e mãos mos digitalizar frente e verso dos cheques,
a obra. e também os comprovantes de depósito
(esse tipo de documento costuma perder
A seguir, vamos elencar alguns documen- a sua visualização rapidamente);
tos sugeridos, que poderão compor a presta- ππPara os casos em que houver necessida-
ção de contas: de de cotação prévia, normalmente quan-
ππTermo de Fomento, Cooperação ou do ocorrer a aquisição de bens permanen-
Acordo de Cooperação Técnica, realizado tes, juntar os orçamentos realizados, com
entre a entidade e o poder público; as informações dos fornecedores (nome
ππRelatório Final de Execução do Objeto; da empresa, número de CNPJ, etc);
ππRelatórios Parciais de Execução do Ob- ππEm alguns casos (especialmente quan-
jeto, para parcerias com duração superior do uma nota fiscal vincular uma atividade
a um ano; direta com os menores) pode ser necessá-
ππRelatório de visita técnica in loco, quan- ria a elaboração de uma lista das crianças
do houver; e/ou adolescentes atendidos, com nome
ππRelatório técnico de monitoramento e completo, número de identidade e outras
avaliação, quando houver; informações que sejam importantes.
ππContratos firmados com os fornecedo-
res do projeto; Durante a execução do projeto, publici-
ππFotografias, vídeos, clipping de mídia te o máximo das suas ações, respeitando
(matérias de jornal e de internet, veicula- sempre os direitos de imagem das crianças
ções em rádio, etc); e adolescentes envolvidos. Transparência
ππDeclarações, depoimentos, listas de pre- significa abrir as cortinas da sala e deixar
sença, fichas de inscrição, enfim, todo e a luz entrar, tornando as suas ações visí-
qualquer documento que possa compro- veis. Nesse sentido, as redes sociais têm
var a realização do objeto do projeto; sido grandes aliadas para dar visibilidade
ππDocumentos fiscais: Notas fiscais e aos projetos das organizações e auxiliar na
comprovantes de pagamento. As notas comprovação do correto uso do dinheiro
(ou documento equivalente, quando assim público. Use essas ferramentas de forma
a legislação permitir) devem ser endere- consciente, em benefício da Entidade.
çadas à Entidade, preenchidas de forma
correta e completa e de forma a especi- Ao final, você pode elaborar uma capa e
ficar exatamente o produto adquirido ou até enumerar o dossiê da prestação de con-
serviço prestado. Se houver impostos re- tas, e organizá-lo de forma adequada, dei-
tidos, junte também as guias de retenção xando a leitura do avaliador mais agradável.
e seus pagamentos. Recomendamos tam-
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Alguns Fundos irão exigir que os docu- Por fim, caso o projeto da organização
mentos fiscais enviados sejam originais. tenha sido viabilizado por um edital de
Caso essa não seja uma obrigação, guarde os chancela, onde o contribuinte aportou o seu
originais na posse da organização, por segu- imposto direcionado para um projeto espe-
rança. Recomendamos também que a pres- cífico, é de bom tom que a organização se
tação de contas seja digitalizada e guardada reporte também aos contribuintes, em um
em modo digital. Uma dica é abrir um e-mail tom de agradecimento. Isso pode ser fei-
somente para a guarda dessa documentação to por uma carta de agradecimento ou até
e enviar os documentos digitalizados. As- mesmo mostrando ao contribuinte doador
sim você terá um backup permanente. a sua prestação de contas, o que só refor-
ça a transparência da organização e do uso
Vale lembrar que a apresentação da Pres- do recurso.
tação de Contas deverá permitir a visuali-
zação por qualquer interessado, e a sua não Outras regras e diretrizes sobre a apre-
apresentação em tempo hábil ensejará nas sentação e execução de projetos e de apre-
sanções de advertência, suspensão tempo- sentação de prestação de contas, podem ser
rária e declaração de inidoneidade. Na hi- verificadas na Lei 13.019/2014 e no Decre-
pótese de aplicação de sanção de suspensão to 8.726/2016.
temporária ou de declaração de inidoneida-
de, a organização da sociedade civil deverá
ser inscrita, cumulativamente, como ina-
dimplente no Siafi/Siafem , enquanto per-
durarem os efeitos da punição ou até que
seja promovida a reabilitação.
CARTILHA FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 29

ANOTAÇÕES
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REALIZAÇÃO: COORDENAÇÃO: PARCERIA:

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