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AULA 1: DIREITO CIVIL – LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL

- Conceito da Lei de Introdução ao Código Civil:


Apesar de ter esse nome, a Lei de Introdução ao Código Civil funciona, na verdade, como uma verdade “lei de
introdução às leis”, como ensina Maria Helena Diniz, ou, ainda, como um “conjunto de normas sobre normas”.
Portanto, a Lei de Introdução ao Código Civil existe para regular o próprio direito, ou seja, ela não rege as
relações de vida das pessoas, mas rege as próprias normas jurídicas indicando como eles devem ser
interpretadas ou aplicadas. Em razão disso, é importante que a gente compreenda que a Lei de Introdução ao
Código Civil contém princípios gerais sobre as normas jurídicas. Ela trata, entre outros assuntos, da aplicação
no tempo e no espaço de todas as normas brasileiras, sejam elas de direito público ou privado. Sem as
disposições da Lei de Introdução ao Código Civil todas as demais normas jurídicas na produziriam efeitos.
Assim sendo, ela tem aplicação em todas as áreas do direito e não apenas no âmbito do direito civil. Além
disso, a Lei de Introdução do Código Civil traz, também, importantes regras de direito internacional privado,
cuidando dos conflitos da lei no espaço. Ela também estabelece umas regras de direito processual. Em razão de
tudo isso, é imprescindível para qualquer estudioso conhecer bem a Lei de Introdução ao Código Civil.

- Conteúdo da Lei de Introdução ao Código Civil:


A Lei de Introdução ao Código Civil é um conjunto de normas que trata, em resumo, dos seguintes assuntos:
1. Início da obrigatoriedade da lei;
2. Tempo de obrigatoriedade da lei;
3. Garantia da eficácia da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da lei vigente;
4. Integração das normas, quando houver lacuna;
5. Critérios de interpretação jurídica;
6. Direito intertemporal;
7. Direito internacional privado brasileiro, abrangendo regras relativas à pessoa, à família, aos bens, às
obrigações, à sucessão por morte ou por ausência, à competência judiciária brasileira, à prova dos fatos
ocorridos em país estrangeiro, à prova do direito estrangeiro, à execução de sentença proferida no
exterior, à proibição do retorno, aos limites da aplicação de leis, atos e sentenças de outro país no Brasil;
8. E, por fim, atos civis praticados por autoridades consulares brasileiras no exterior.

- É possível perceber que a Lei de Introdução ao Código Civil estabelece os princípios básicos da ordem
jurídica, condicionando como uma lei geral. Ela trata de obrigatoriedade, de interpretação, de integração e de
vigência da lei no tempo. E estabelece certas diretrizes das relações de direito internacional privado.

- Um dos pontos mais importantes da Lei de Introdução ao Código Civil é a questão da vigência da lei no
tempo.
Para compreender a vigência da lei no tempo, nós precisamos lembrar que uma lei não entra em vigor de
imediato, mas, somente, depois de completado o processo legislativo. Como funciona o processo legislativo? O
processo legislativo é composto por fases distintas, que são: iniciativa, discussão, deliberação, sanção,
promulgação e publicação. A iniciativa é o ato que desencadeia todo o processo legislativo e ela surge com a
apresentação de um projeto de lei que propõe novas regras em relação a um determinado assunto. Dependendo
da matéria a competência pode ser do Poder Legislativo ou do Poder Executivo e, em casos mais raros, do
próprio Poder Judiciário, também existindo a iniciativa popular (mais incomum de todas). Uma vez proposto o
projeto de lei, ele é submetido à discussão e ele pode receber emendas para ser modificado ou substituído por
comissões especializadas naquele assunto determinado. Após as emendas, o projeto é submetido à deliberação
nas Assembléias. Como funciona a deliberação? Através da deliberação, o projeto é aprovado ou rejeitado.
Quando se trata de uma lei ordinária, a aprovação deve ser por maioria simples e, quando se trata de lei
complementar, a aprovação somente é obtida por maioria absoluta. Qual é a relevância disso? Em tese, a lei
ordinária trata de uma matéria mais simples e pode ser aprovada por maioria simples dos representantes
populares. Já uma lei complementar, que, geralmente, trata de assuntos mais polêmicos e mais complexos, pode
ser aprovada por maioria absoluta para que tenhamos certeza de que aquele assunto realmente reflete o interesse
do povo. Depois de ser aprovado pelo Poder Legislativo, o projeto é enviado à sanção ou veto do Poder
Executivo. O que é o veto? É a oposição ou recusa ao projeto, podendo ele ser total, quando atinge todos os
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dispositivos do projeto, ou parcial, quando afasta dispositivos específicos, por entender que eles não eram de
interesse naquele momento e para aquele projeto. Quando um projeto é vetado, ele retorna ao Poder Legislativo
que pode aceitar ou rejeitar o veto. Se o veto é aceito, encerrasse o processo legislativo. Se o veto for rejeitado
por maioria qualificada, o projeto volta ao titular da função executiva para promulgá-lo, ou seja, o Poder
Legislativo tem o poder de afastar o veto (derrubar o veto) do Poder Executivo. O projeto pode ser sancionado
de 2 formas:
a) Expressa, quando o Executivo se manifesta por despacho, aprovando o projeto, ou
b) Tácita, quando o Executivo se omite, deixando de apreciar o projeto no prazo de 15 dias (previsto no art.
66, parágrafo 3º da CF
A sanção transforma o projeto em lei que é, então, promulgada pelo Executivo. Assim, a promulgação é o ato
do Poder Executivo que faz com que a lei passe a integrar o ordenamento jurídico. Porém, isso não acontece de
imediato. A lei precisa ser publicada no Diário Oficial para o conhecimento de todos. Finalmente, após a
publicação, a lei entra em vigor, podendo produzir efeitos imediatos ou aguardar a passagem de um período de
tempo para que passe, então, a produzir esses efeitos.

- A Lei de Introdução ao Código Civil estabelece uma norma geral para a vigência das normas jurídicas
no Brasil. Essa regra está prevista no art. 1º, caput, que tem a seguinte redação: “Salvo disposição contrária, a
lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada”. Esse artigo 1º estabelece um
intervalo de tempo entre a publicação da lei e a data de início de vigência. Esse intervalo de tempo é conhecido
como vacatio legis. A regra geral, portanto, é de que a lei somente entra em vigor 45 dias após a sua
publicação. Conforme a importância e urgência das leis, bem como da facilidade e dificuldade da sociedade em
se adequar a essas novas regras, o legislador pode estabelecer prazos maiores ou menores para a entrada em
vigor de uma lei. Ex.: o Código Civil de 2002 somente entrou em vigor após 1 ano de sua publicação (isso,
inclusive, estava previsto no art. 2044 do Código). Por que isso ocorreu? Para permitir um maior estudo e uma
maior divulgação das regras contidas no Código que seriam novas para a sociedade. Devemos lembrar que,
quando não houver outra disposição na lei, ela somente entra em vigor 45 dias após sua publicação. Essa
disposição só tem aplicação no Brasil (território nacional).

- Art. 1º, parágrafo 1º:


Estabelece que, nos Estados estrangeiros (qualquer país que não seja o Brasil), a obrigatoriedade da lei
brasileira, quando admitida (nem sempre ela será admitida), inicia-se 3 meses após oficialmente publicada. Por
que esse prazo é maior? Porque existe a necessidade de divulgação dessa nova lei em território estrangeiro,
principalmente para as autoridades diplomáticas, as quais são as responsáveis pelo cumprimento dessa
legislação no exterior.

- Art. 1º, parágrafo 3º:


Se durante o vacatio legis houver a publicação de nova lei para corrigir algum erro, esses prazos começarão a
correr novamente a partir da nova publicação.

- Art. 1º, parágrafo 4º:


Estabelece que as correções que forem feitas em uma lei que já se encontra em vigor são consideradas uma lei
nova, aplicando-se os mesmos prazos novamente. Por que funciona dessa maneira? Para evitar que a lei que já
está aprovada e em vigor seja modificada por qualquer motivo pelo Poder Público.

- Art. 2º, caput: (tempo de vigência da lei)


Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigência até que outra a modifique ou revogue. Percebemos
que, em regra, a lei permanece em vigor por tempo indeterminado, a não ser que se trate de lei de vigência
temporária (leis que têm vigência por um período determinando. Ex.: leis orçamentárias e algumas outras que
estipulam o prazo de sua vigência). Isso é comum em situações temporárias em que é necessária uma
determinada lei para regular uma situação que se sabe que vai terminar no futuro. Então, a lei pode ter vigência
temporária, contendo um limite para sua eficácia ou pode ter vigência permanente, sem prazo algum
determinado, produzindo efeitos até que venha ser modificada ou revogada por outra da mesma hierarquia ou
de hierarquia superior.
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- Revogação:
Representa o ato de retirar a obrigatoriedade de uma norma, tornando-a sem efeito. Existem 2 espécies de
revogação:
1. a ab-rogação: ocorre quando a lei nova regula inteiramente a matéria da lei anterior ou quando existe
uma incompatibilidade implícita ou explícita entre elas;
2. a derrogação: torna sem efeito apenas uma parte da norma, permanecendo em vigor todo os demais
dispositivos que não foram modificados.

- Art. 2º, parágrafo 1º:


Estabelece que a lei posterior revoga a anterior em 3 situações:
a) quando expressamente o declare;
b) quando seja com ela incompatível;
c) quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
Quando a lei declara que revoga a lei anterior, temos a revogação expressa. Ex.: art. 2045 do Código Civil de
2002 que estabelece a revogação da lei 3071/16 (antigo Código Civil) e a parte primeira do Código Comercial
(lei 556/1850). Quando a lei nova é incompatível com a lei anterior ou quando a lei nova passa a regular
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior, mesmo que não venha expresso, temos a revogação tácita ou
indireta. Em alguns casos, deve-se analisar com cuidado as disposições da lei nova que, realmente, são
incompatíveis com as disposições da lei antiga, para ter certeza de quais regras permaneceram ou não em vigor.
Um bom exemplo, para fixar esse assunto, é a revogação tácita de algumas leis que eram incompatíveis com a
CF/88. Então, sempre que as normas antigas estão de acordo com uma nova constituição permanecem em
vigor, porém, em caso contrário, são revogadas tacitamente, sem que sejam necessários artigos mencionando
expressamente essa revogação. E por que isso acontece? Porque, no sistema de hierarquia de normas, a CF
prevalece sobre todas as outras. Prevalecendo sobre todas as outras, qualquer disposição antiga, que foi criada
na vigência de outra constituição e passam a ser incompatíveis com a nova, é automaticamente revogada
tacitamente. Já em outras situações, as leis novas apenas complementam ou regulam uma lei anterior. Nesses
casos, temos uma situação totalmente diferente, porque não existem revogação nem modificação de lei antiga
(ver art. 2º, parágrafo 2º).

- Art. 2º, parágrafo 2º:


“A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a
lei anterior”.
Quando isso acontece, tanto a lei antiga quanto a lei nova estão em vigor e devem ser interpretadas em
conjunto. Essa é uma das hipóteses mais frequentes em que os alunos se confundem porque uma legislação
antiga pode ainda ter aplicação. Ex.: disposições do antigo código do processo civil de 1939 ainda estão em
vigor, mesmo após a reforma que aconteceu em 1973, a qual praticamente reformou o código de processo civil
inteiro.

- Art. 2º, parágrafo 3º:


“Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.
Isso é conhecido como repristinação (efeito repristinatório). Chama-se repristinação o fato de uma lei revogada
ser restaurada quando a lei que a revogou perder a vigência. Ou seja, temos uma lei antiga, que foi revogada,
que passa a valer novamente porque a lei que a revogou deixou de produzir efeitos. No direito brasileiro, em
regra, não é admitida a repristinação, salvo disposição expressa em contrário. Por que não se admite como regra
a repristinação? Porque ela coloca em risco a segurança jurídica e causa dificuldades na aplicação do direito.
Ex.: imagine se uma lei considerada revogada pudesse a voltar a valer repentinamente, surpreendendo a
sociedade. O legislador pode editar uma nova lei com o conteúdo idêntico de uma lei revogada, mas como essa
nova lei terá que passar pelo processo legislativo, será mais fácil controlar eventuais abusos e equívocas. Isso
permite que a sociedade conhecer e debater o teor da lei que voltará a valer de uma maneira melhor.
- Art. 3º:
Estabelece um princípio básico de direito, existente desde a época do direito romano: “ninguém se escusa de
cumprir a lei, alegando que não a conhece”.
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Ninguém pode alegar ignorância em relação à lei. De onde esse princípio decorre? Ele decorre do próprio
interesse público, porque a vida em sociedade se transformaria em um verdadeiro caos se a obrigatoriedade da
lei dependesse do efetivo conhecimento da sua existência por cada indivíduo (seria impossível determinar se
todos realmente conhecem a existência de uma lei para, só depois, torná-la obrigatória). O fato de uma pessoa
desconhecer uma lei, não pode servir de desculpa para o seu não cumprimento. Existe uma presunção de que
todos conhecem a lei. E como isso acontece? O conhecimento da lei ocorre no momento da sua publicação no
Diário Oficial, que é o meio pelo qual as normas jurídicas entram em vigor. A partir dessa publicação ninguém
pode alegar ignorância (desconhecimento) da lei porque ela se tornou pública. Presume-se, portanto, que os
seus destinatários tenham plena ciência do seu conteúdo a partir da publicação da lei. Essa presunção, na lição
de Tércio Sampaio Ferraz Junior, é apenas um método para neutralizar a ignorância, de modo que ela não seja
levada em consideração, ainda que possa, de fato, existir. Uma vez publicada a norma torna-se
automaticamente conhecida, obrigatória e apta para produzir os efeitos.

- Art. 4º:
Estabelece que: quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito. Ou seja, diante da omissão legislativa, o juiz deve decidir o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito. A analogia consiste em aplicar a um caso não previsto, de modo
direto ou específico por uma norma jurídica, uma outra norma jurídica que foi prevista por uma hipótese
distinta, porém, semelhante ao caso não previsto. Então, a analogia é um procedimento lógico que envolve a
constatação e a comparação da existência de semelhanças entre fatos diferentes, uma espécie de juízo de valor
que apresenta a importância dessas semelhanças. Só isso não basta, pois também precisamos verificar se essas
semelhanças justificam um tratamento jurídico idêntico. Em outras palavras, além da semelhança entre o caso
previsto na lei e o caso não regulado na lei, deve existir também uma razão para que o caso não regulado seja
decidido do mesmo modo. Em razão disso: a analogia exige a presença de 3 condições simultâneas:
a) o caso não esteja previsto em norma jurídica;
b) o caso tenha uma relação de semelhança com o outro caso, previsto em norma jurídica; e
c) o elemento de identidade (semelhança) entre os casos não seja qualquer um, mas sim um elemento
essencial, um fato que permita afirmar que a situação não regulada pela lei realmente mereça ser
regulada por uma lei que, a princípio, somente teria aplicação para outra situação.
Sem essas 3 condições não podemos aplicar a analogia.
O costume é outra fonte supletiva para preencher as lacunas da lei. O costume é uma prática que se estabelece
por força do hábito, ou seja, pela aceitação tácita, comum de uma determinada prática pela sociedade ao longo
do tempo. Ex. de costume em nossa sociedade: organização em filas. O costume possui 2 elementos
necessários:
a) o uso; e
b) a convicção jurídica.
Isso quer dizer que o costume só pode ser levado em consideração quando consistir em fato, em uma prática
uniforme, constante, pública e geral, e que represente, ao mesmo tempo, uma prática aceita como correta
socialmente. Ex. de costume do nosso dia a dia: pagamento de dívidas por meio de cheques pré-datados, que
funcionam como uma garantia de pagamento em data futura, ao invés de ser uma ordem de pagamento à vista,
como prevê a lei. Por outro lado, uma prática ilegal, ainda que comum na sociedade, não poderá ser considerada
como um costume pelo juiz. Ex.: jogo do bicho, pirataria de software. As condições de vigência do costume,
portanto, são as seguintes: continuidade, uniformidade, moralidade e obrigatoriedade. Continuidade porque a
prática tem que ser habitual; uniformidade porque tem que ser feita pela maioria das pessoas (geral);
moralidade porque tem que ser uma prática não proibida pelo ordenamento jurídico; obrigatoriedade porque as
pessoas devem respeitar aquela prática como se ela fosse uma verdadeira lei.
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