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Eduardo Graeff
Brasília, julho de 2006
Maradona - Se você não gosta do Lula, a mim não importa. Eu sim. [Abre os
braços]: Lulaaa, Lulaaa! Eu sou Chávez, Fidel Castro e Lula. Nós, que somos
Chávez, somos anti-americanos. Anti-americanos.
Com mais preocupação do que entusiasmo, como seria de esperar, The Economist
assinalou recentemente que, depois de duas décadas de adesão à democracia liberal e
ao capitalismo de mercado, o espectro do "nacionalismo esquerdista anti-americano"
paira sobre a América Latina. Mas a onda esquerdista teria duas frentes distintas,
segundo a revista: a dos "social-democratas moderados" e a dos "populistas radicais".
Lula ficaria na ala dos "moderados" junto com Michelle Bachelet do Chile e Tabaré
Vázquez do Uruguai. Chávez encabeçaria os "radicais", secundado por Evo Morales
da Bolívia.3
O ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda foi mais ou menos na mesma linha num
artigo na revista Foreign Affairs:4
Com tudo que se fala sobre a guinada para a esquerda da América Latina, poucos
notaram que na verdade há duas esquerdas na região. Uma tem raízes radicais mas
atualmente é de mentalidade aberta e moderna; a outra é de mentalidade fechada e
estridentemente populista. Em vez de se alvoroçar com a ascensão da esquerda em
geral, o resto do mundo deveria se concentrar em dar força àquela em vez desta –
porque é disso exatamente que a América Latina precisa.
Em termos mais amplos, volta The Economist, a divisão relevante se daria entre
"liberais democratas", incluindo os esquerdistas já citados e direitistas como Álvaro
Uribe da Colômbia e Vicente Fox do México, empenhados em resolver os problemas
sociais da região pelo funcionamento regular da democracia; e os "populistas radicais"
ou "autoritários".
2
Estados Unidos e se seria incompatível com tratados comerciais bilaterais, como
entende Chávez em relação aos países andinos. Resposta de Lula:5
Nós não devemos praticar uma ideologia com as nossas relações políticas e
comerciais. [Hugo] Chávez não deve pensar desta forma, uma vez que ele vende
85% do seu petróleo para os Estados Unidos. O Brasil tampouco deve ter este tipo
de pensamento, uma vez que nós temos consciência da importância das nossas
relações com os Estados Unidos. O que nós queremos é evitar nos encontrar numa
posição de dependência em relação a uma potência ou a um grupo de potências;
queremos construir nossa soberania a partir das nossas capacidades tecnológicas e
produtivas. Apesar de uma integração consolidada com a América do Sul e de um
estreitamento das nossas relações com a África, a China, a Índia e o Oriente
Médio, os nossos intercâmbios comerciais com os Estados Unidos e a União
Européia aumentaram. Eu não preciso brigar com ninguém para avançar rumo à
integração da América Latina. O desenvolvimento de relações mais numerosas e
heterogêneas consolida a democracia no mundo.
Nem tanto nem tão pouco. Para satisfação de Maradona, Lula provavelmente não se
recusaria a figurar no bloco dos nacionalistas latino-americanos junto com Chávez,
Evo Morales, talvez Nestor Kirschner, além dos "radicais" derrotados (mas por
6
"Portaria do governo mantém fichamento". Folha de S. Paulo, 11/01/04.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1101200404.htm
3
pouco) nas últimas eleições. Esquerdistas, em termos. Anti-americanos, uns mais,
outros menos. Mas em todo caso nacionalistas: este parece um mínimo denominador
comum da maioria dos líderes que assumiram o primeiro plano na América Latina no
refluxo da onda democrático-liberal.
Dá para levar a sério um rótulo elástico bastante para se aplicar a personagens tão
diferentes entre si? Trata-se de um mero rótulo ou ele diz algo de específico sobre as
alternativas políticas da região? Qual a importância e o significado atuais, se é que
tem algum, do nacionalismo na cena política latino-americana?
Parece inegável que sim, o nacionalismo voltou a ser importante na América Latina –
um curinga na mão de vários jogadores em vez da carta fora do baralho que se chegou
a acreditar que fosse na década de 1990. Não tanto pelas alternativas políticas
específicas que possa contrapor ao neoliberalismo, à social-democracia ou ao velho
socialismo mas, bem ao contrário, por seu baixo teor de princípios (politicamente)
ativos.
O brasilianista britânico Kenneth Maxwell rejeita a divisão entre uma "boa" e uma
"má" esquerda como uma versão sofisticada da velha idéia do "eixo do mal". Em vez
disso ele vê na América Latina "um mosaico de respostas específicas a estruturas
políticas decadentes, cada vez mais altos níveis de desigualdade e exclusão social,
tendências crescentes de migração interna e externa, tudo misturado a uma
impressionante capacidade de comunicação através de regiões geográficas e de
classes e etnias".7
Na falta de remédios mais fortes para o mal-estar político e social que se espalha na
região, o nacionalismo seria a panacéia ideológica sempre à mão, inócua mas
reconfortante como um chazinho caseiro.
Se tantos líderes diferentes apelam para a retórica nacionalista, é porque ela fala ao
coração do povo. Precisamos entender direito por que isso acontece e como esse
sentimento pode influenciar a discussão da agenda de reformas da América Latina. O
7
Maxwell, Kenneth. "Fora do eixo". Entrevista à Folha de S. Paulo, 28/05/06
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2805200601.htm
4
que me parece fora de dúvida é que de algum modo ele influenciará, e tanto pior
quanto mais nos permitirmos subestimá-lo.
A formação dos Estados europeus modernos foi precedida em mais de quatro séculos
pela emergência de nacionalidades enquanto comunidades de língua amalgamadas
pela imprensa. A Europa tem até hoje nações ou fragmentos de nação sem Estado
convivendo mais ou menos precariamente com as fronteiras dos Estados-nação.
8
Ver Anderson, Benedict. Comunidades Imaginadas; Reflexões sobre a Origem e a Expansão do Nacionalismo.
Lisboa, Edições 70, 2005 (1ª edição em inglês, 1983; 2ª edição, 1991), caps. 3 e 4.
5
A América Portuguesa não seguiu o mesmo caminho por causa da fuga da corte de
Lisboa para o Rio de Janeiro em 1808 e porque o herdeiro do trono português, D.
Pedro I, tomou a frente da independência brasileira. Junto com o monarca, o Império
brasileiro herdou mais ou menos inteira a máquina administrativa-militar colonial.
6
tradução para o espanhol de obras de historiadores e economistas norte-americanos
sobre a região.9
Estoy, al fin, en un país donde cada uno parece ser su propio dueño. Se puede
respirar libremente, por ser aquí la libertad fundamento, escudo, esencia de la vida.
Aquí uno puede estar orgulloso de su especie. Todos trabajan, todos leen. ¿Pero
siente cada uno, en igual medida que lee y trabaja? [...] La actividad, dedicada a los
negocios, es ciertamente inmensa [...] Cuando noté que nadie permanecía
estacionado en las esquinas, ninguna puerta se mantenía cerrada un momento,
ningún hombre estaba quieto, me detuve, miré respetuosamente a este pueblo, y
dije adiós para siempre a aquella perezosa vida y poética inutilidad de nuestros
países europeos [...] ¿Pero esta actividad se dedica en la misma medida al
desenvolvimiento de esas altas y nobles ansiedades del alma, que no pueden ser
olvidadas por un pueblo que necesita salvarse de inevitable ruina, y estrepitoso y
definitivo desmoronamiento? [...] El poder material, como el de Cartago, si crece
rápidamente, rápidamente declina.
11
Martí, José. Obras completas. La Habana, Cuba, Editorial de Ciencias Sociales, 1991, T. 19, pp. 106-107. Apud
Meler, Exequiel. "Martí en los Estados Unidos: De la crítica cultural de la modernidad al antiimperialismo". Site
Rebelión, 5/03/06
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=27761
7
As duas preocupações coexistiram na extensa obra literária, jornalística e panfletária
de Martí até sua morte em 1895. De um lado o sonho da libertação de Cuba do
domínio espanhol e o receio, que acabou se confirmando, da intervenção dos Estados
Unidos nesse processo. Do outro a crítica cultural ao capitalismo norte-americano em
contraposição aos valores espirituais de "Nuestra América", título de um artigo de
Martí de 1891.12
14
Prado, Eduardo. A Ilusão Americana. Brasília, Senado Federal, 2003
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/sf000044.pdf
15
Sarmiento, Domingo Faustino. Conflicto y armonía de las razas en América. Buenos Aires, Imprenta y
Litografia Mariano Moreno, 1900, p. 421. Apud Prado, Maria Lígia Coelho. Op. cit.
8
No detengamos a Estados Unidos en su marcha: es lo que en definitiva proponen
algunos. Alcancemos a Estados Unidos. Seamos la América, como el mar es el
oceano. Seamos Estados Unidos.
El gobierno ha de nacer del país. El espíritu del gobierno ha de ser el del país. La
forma del gobierno ha de avenirse a la constitución propia del país. El gobierno no
es más que el equilibrio de los elementos naturales del país.
Por eso el libro importado ha sido vencido en América por el hombre natural. Los
hombres naturales han vencido a los letrados artificiales. El mestizo autóctono ha
vencido al criollo exótico. No hay batalla entre la civilización y la barbarie, sino
entre la falsa erudición y la naturaleza.
17
Martí, José. Op. cit.
9
XIX. Vários escritores saíram na defesa das maneiras peculiares de falar e escrever
em seus países a língua herdada da antiga metrópole (inclusive Sarmiento, racista mas
não purista nessa matéria). No Brasil, valorizaram o extenso vocabulário tupi já
incorporado ao português falado e escrito. Alguns autores usaram o tema universal do
par romântico para falar da desigualdade das raças e da possibilidade da sua união na
formação das novas nações: Sab e Carlota da cubana Gertrudis Gómez de Avellaneda
(1841), Martim e Iracema do brasileiro José de Alencar (1865), Nicolas e Manuela do
mexicano Ignácio Altamirano (1888).18
Importante como possa ter sido, essa abertura à "voz do povo" foi de início obra de
letrados, talvez não artificiais, como dizia Martí, mas educados na tradição européia e
especificamente influenciados pelo romantismo europeu, a essa altura fascinado pelos
tipos humanos do Novo Mundo como encarnação do "bom selvagem".19
Quando e como a imagem idílica do nativo deu lugar à expressão mais informada dos
dramas populares numa perspectiva popular? Isso com certeza variou de um país para
o outro. No Brasil, deu-se já no fim do século XIX, a partir do movimento
abolicionista, que praticamente atropelou o romantismo, trocando o índio idealizado
pelo negro real como personagem e em alguma medida como autor jornalístico e/ou
literário.
Há razões para supor, em todo caso, que a entrada em cena do povo se deu em geral
mais cedo e de maneira mais vigorosa na música do que na literatura latino-
americana.
20
Carpentier, Alejo. "O anjo das maracas", Visão da América. São Paulo, Martins Fontes, 2005, p. 114-115.
Originalmente publicado em Unesco. El Correo. Paris, junho de 1973.
10
Um dos moradores, Silvestre da Balboa (1564?-1634?) assiste ao espetáculo e,
tomado por uma magnífica inspiração poética, escreve as épicas estrofes de um
Espejo de paciencia, que não apenas viria a ser um dos primeiros grandes textos da
literatura latino-americana (poema cujo herói, pela primeira vez, é um negro, que o
autor resolveu expor à admiração de todos os deuses da mitologia grega...) mas
constitui também a primeira crônica de um concerto religioso e profano reunindo
todos os elementos sonoros que caracterizarão a futura música do Continente,
música que, tanto em suas expressões cultas como nas populares e folclóricas, no
início deste século [XX], irromperá com dinamismo próprio no panorama da
música universal.
Também de Cuba, do fim do século XIX, vem o primeiro gênero musical que
realmente unifica a América Latina, o bolero. Abraçado pelo México, depois por
Porto Rico, ele caiu no gosto popular de toda a região no primeiro quartel do século
XX, difundido por artistas mexicanos e cubanos em excursão e cada vez mais pelo
disco e pelo rádio. No mesmo período e pelas mesmos meios, o merengue
dominicano, a cumbia colombiana, o tango argentino-uruguaio, o samba brasileiro se
firmam em seus países de origem e cruzam fronteiras para compor o pout-pourri
musical em que a América Latina reconhecerá a si mesma e será reconhecida no
mundo.21
22
As observações a seguir reportam-se à distinção entre identidades "de legitimação", "de resistência" e "de
projeto" proposta por Manuel Castels. Ver The Power of Identity, volume II de The Information Age; Economy,
Society and Culture. Malden/Oxford, Blackwell, 1997, pp. 8 e seguintes.
11
a simulacros de incorporação do povo à ordem estatal vigente sob chefias
clientelistas-autoritárias, em detrimento da participação democrática.
Com a América Latina fora do foco das preocupações estatégicas dos Estados Unidos
desde o fim da Guerra Fria, o imperialismo torna-se um fantasma difícil de
materializar, mesmo invocado por bruxos espalhafatosos como Castro e Chávez. O
anti-americanismo, nessas condições, tende a subsistir como um hábito arraigado e
uma senha de resistência ao capitalismo global, este sim cada vez mais presente e
perturbador, mas apenas ritualmente exorcizado nas marchas e fóruns anti-
globalização, anti-neoliberais etc.
Serão os sinais de vitalidade cultural um mero consolo para a agonia das ilusões de
desenvolvimento econômico e social independente? Não se tivermos algum êxito nos
esforços de atualizar e levar adiante a agenda de reformas da região nas condições do
mundo globalizado. As expressões mais vigorosas da cultura latino-americana têm
aspectos que merecem atenção nessa perspectiva.
12
identificam como mestiços; significativa embora diluída por quinhentos anos de
miscigenação no Brasil, onde poucas centenas de milhares se identificam como índios
e os mestiços se identificam como brancos ou pardos conforme o tom da pele, a
condição social e a preferência pessoal; predominante e bem resolvida no Paraguai,
onde 95% se identificam como mestiços, 90% falam guarani e 70% falam espanhol;
forte e problemática na América Andina, onde até hoje há barreiras para a
incorporação simbólica e efetiva das maiorias índias aos estados nacionais; marcante e
relativamente problemática na Guatemala e no México, onde os índios constituem
minorias de peso (40% e 30%, respectivamente) diante das maiorias mestiças.
O que cola esses pedaços não são tanto as raízes ancestrais européias, indígenas e
africanas quanto os meios de comunicação de massa e sua capacidade de recolher,
difundir, modificar e misturar temas e estilos diferentes. Isso coloca o nacionalismo
diante de realidades perturbadoras.
13
distribuída por negociantes judeus em Los Angeles e Nova York. Ai dos puros de
alma nesse mundo novo...
A grande pergunta é: como é que se faz de toda essa vitalidade cultural, não um
sucedâneo, mas uma força propulsora do desenvolvimento econômico e social latino-
americano?
Uma resposta imediata é: não se faz. O nacionalismo, claro, tem na manga a velha
carta do dirigismo estatal. É o que Chávez faz patrocinando a TeleSUR de parceria
com Castro, Kirschner, Tabaré Vasquez e Lula (e de quebra abrilhantando o Carnaval
5
"Comment Lula gère un futur géant". Le Monde, 25/05/06. Tradução UOL Mídia Global.
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2006/05/25/ult580u1985.jhtm
9
Ver Bruit, Héctor H. "A Invenção da América Latina". Anais Eletrônicos do V Encontro da Associação Nacional
dos Pesquisadores de História Latino-Americana e Caribenha – ANPHLAC, Vitória, 2003
http://www.ifch.unicamp.br/anphlac/anais/encontro5/hector5.htm
10
Bilbao, Francisco. La América en peligro. Evangelio americano. Sociabilidad chilena. Santiago de Chile,
Ediciones Ercilla, 1941, p. 155. Apud. Prado, Maria Lígia Coelho. "Identidades latino-americanas (1870-1930)".
Artigo inédito, 2006.
12
Martí, José. "Nuestra América". Obras completas. Cit., T. 6, pp. 15-23.
http://www.filosofia.cu/marti/mt06015.htm
13
Prado, Maria Lígia Coelho. Op. cit.
16
Sarmiento. Facundo. elaleph.com, 1999.
http://www.educ.ar/educar/servlet/Downloads/S_BD_LIBROSF/ALEPH022.PDF
A seguinte citação ou colagem de citações atribuídas a Sarmiento circula na Internet e foi acolhida na versão em
espanhol do artigo "Domingo Faustino Sarmiento" da Wikipedia em espanhol (visitado em 21/07/06). A fonte
varia, dependendo do local da citação, entre uma, algumas ou todas as seguintes referências: El Progreso,
27/09/1844, El Nacional, 19/05/1887, 25/11/1876 e 08/02/1879:
"¿Lograremos exterminar los indios?. Por los salvajes de América siento una invencible repugnancia sin poderlo
remediar. Esa canalla no son más que unos indios asquerosos a quienes mandaría colgar ahora si reapareciesen.
Lautaro y Caupolicán son unos indios piojosos, porque así son todos. Incapaces de progreso, su exterminio es
providencial y útil, sublime y grande. Se los debe exterminar sin ni siquiera perdonar al pequeño, que tiene ya el
odio instintivo al hombre civilizado".
http://es.wikipedia.org/wiki/Domingo_Faustino_Sarmiento
18
Prado, Maria Lígia Coelho. Op. cit.
19
Sobre o chamado "indianismo" na literatura brasileira, Sergius Gonzaga escreve:
"No 'bon sauvage' francês sedimenta-se o modelo de um herói que se deveria se tornar o passado e a tradição de
um país desprovido de sagas exemplares. O nativo - ignorada toda a cultura indígena - converte-se no herói
inteiriço, feito à imagem e semelhança de um cavaleiro medieval.
Assume-se a imagem exótica que as metrópoles européias tinham dos trópicos, adaptando-a ao ufanismo. Acima
de tudo, o índio representa, na sua condição de primitivo habitante, o próprio símbolo da nacionalidade. Além
disso, a imagem positiva do indígena fornece às elites o orgulho de uma ascendência nobre, que ajuda na
legitimação de seu próprio poder no Brasil posterior à Independência."
Portal Terra>Educação>Literatura Brasileira>Romantismo. Visitado em 23/07/06.
http://educaterra.terra.com.br/literatura/romantismo/romantismo_10.htm
21
Ver os artigos "Bolero", "Merengue", "Cumbia", "Tango" e "Samba" da Wikipedia em espanhol, português ou
inglês. Visitada em 23/07/06.
http://es.wikipedia.org/wiki/Bolero
23
Ver a respeito Coronil, Fernando. The Magical State; nature, money, and modernity in Venezuela. Chicago e
Londres, The University of Chicago Press, 1997.
14
do Rio de Janeiro) enquanto cuida de enquadrar a mídia privada venezuelana. Essa
obviamente não é uma alternativa para o reformismo democrático.
Mas isso não quer dizer que não se possam conceber políticas públicas condizentes
como uma visão reformista democrática da dinâmica cultural latino-americana.
Proponho, para terminar, quatro premissas gerais para se pensar no assunto.
Segundo, como qualquer indústria que encadeia produtores de porte muito desigual,
de corporações multinacionais a empresas familiares e produtores individuais, ela
apresenta problemas importantes de regulação. O reverso do dirigismo estatal não
pode ser o laisser-faire. Entre um e outro há espaço para políticas que garantam o
pluralismo de valores e opiniões, a diversidade de formas de expressão e o equilíbrio
de direitos de autores, distribuidores e consumidores, contrabalançando as tendências
concentradoras e homogeneizadoras do mercado.
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