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Estratégia CONCURSOS Aula 06 Direito Penal p/ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 ROTM Cue nn cy Rena ‘Aula 1a aaa 142 443 aaa as 14.6 147 148 119 12 13 13a 132 133 134 135 136 137 13.8 14 15 15. 15.2 153 15.4 16 161 o \n Araujo, Time Renan Araujo 06 CRIMES CONTRA A PESSOA. DOS CRIMES CONTRA A PESSOA... Dos crimes contra a vida Hom cid o. Inst gagio ou auxf 0 20 su cid o.... Infant cdo. ‘Aborto provocado pe a gestante ou com seu consent Mento. eeeenenenenennn [Aborto prat cado por terce ro sem o consent mento da gestant@....evenenennn ‘Aborto prat cado com o consent mento da gestante, Majorantes no abort... Aborto perm téo.. a Das lesdes corporais. Da periclitagao da vida e sade Per go de Contig 0 venér20 «2... a Per go de contag.o de mo ést a grave... Per go para a v da ou satide de outrem. ‘Abandono de ncapai Expos go ou abandono de recém-nasc do. (Om $880 de $0C0¢F0 nen sennnntnnnen seo 29 Maus-tratos. 32 cdo pena . Da ria wea . severtntntntntentvese sesertntntntntnnevte a 33 Crimes contra a honra cana Dfamacéo... Inga: Dspos ges comuns.. Dos crimes contra a liberdade indivi Constrang mento ga enn Direito Penal pl Senado Federal (Técnico Legisiativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 www ostratogiaconcursos.com.br oan 162 163 164 165 166 2 3 31 3.2 a 5 6 ‘Ameaca.. Sequestro e carcere privado. 45, Reduco & condi¢ao andloga a de escravo Trafico de pessoas Dos crimes contra a inviolabilidade do domicilio, da correspondéncia e dos segredos. 51 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES... SUMULAS PERTINENTES .. Stimulas do STF ... Stmulas do STJ.... EXERCICIOS PARA PRATICAR.. EXERCICIOS COMENTADOS GABARITO la, meus amigos! Devorando os papiros? Hoje vamos estudar os crimes contra a pessoa, que representam o Titulo | da Parte Especial do CP, e compreendem os arts. 121. 154-B do CP. qq Direito Bons estudos! Prof. Renan Araujo nal pl Senado Federal (Técnico Legislativo - olicia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Ai OS CRIMES CONTRA A PESSOA Os crimes contra a pessoa esto previstos no Titulo | da Parte Especial do CP e podem ser idos em seis grandes grupos: = Crimes contra a vida; = Lesdes corporais; = Periclitaco da vida e salide; = Da Rixa; = Crimes contra a honra; "Crimes contra a Liberdade Individual Vamos estudar cada um destes subgrupos de crimes contra a pessoa isoladamente. 1.1 Dos CRIMES CONTRA A VIDA Os crimes contra a vida so aqueles nos quais o bem juridico tutelado ¢ a vida humana. A vida € 0 bem juridico mais importante do ser humano, Nao é a toa que os crimes contra a vida sio os primeiros crimes da parte especial do CP. A vida humana, para efeitos penais, pode ser tanto a vida intrauterina quanto a vida extrauterina, de forma que no s6 a vida de quem jé nasceu é tutelada, mas também seré tutelada a vida daqueles que ainda esto no ventre materno (nascituros). Os arts. 121 a 123 cuidam da tutela da vida EXTRAUTERINA (De quem jé nasceu), enquanto os crimes dos arts. 124/127 tratam da tutela da vida INTRAUTERINA (Dos nascituros).* Vamos comecar ento! 1.1.1 Homicidio art. 121 do CP diz: Homicidio simples Art. 121. Matar alguem: Pena - reclusdo, de seis a vinte anos. Caso de diminuigdo de pena § 1° Se 0 agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o dominio de violenta emogdo, logo em seguida a injusta provocagdo da vitima, ou juz pode reduzira pena de um sextoa um tergo. "PRADO, Lu sRegs Curso de Dre to Pena Bras ero Voume 2 Siedcfo Ed Rev stadosTr buna s So Pao, 2006, p 58 Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 ww ostratogiaconcursos.com.br oan Homicidio qualificado § 2° Se o homicidio é cometido: |1- mediante paga ow promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe: M- por motivo futit; l-com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV- @ trai¢do, de emboscada, ou mediante dissimulacao ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V- para assegurar a execusdo, a ocultacdo, a impunidade ou vantagem de outro crime: Feminicidio _ (Incluido pela Lein® 13.104, de 2015) VI- contra a mulher por razées da condigéio de sexo feminino: _(Incluido pela Lei n® 13.104, de 2015) Vil_ contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituicdo Federal, integrantes do sistema prisional e da Forca Nacional de Seguranca Publica, no exercicio da funcdo ou em decorréncia dela, ou contra seu cénjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau, em razdo dessa condicéo: — (Incluido pela Lei n® 13.142, de 2015) Pena - reclusiio, de doze a trinta anos. § 20-A Considera-se que hé razes de condigGo de sexo feminino quando 0 crime envolve: _(Incluido pela Lei 13.104, de 2015) I-violéncia doméstica e familiar; (Incluido pela Lei n® 13.104, de 2015) Il- menosprezo ou discriminagao & condicdo de mulher. _(Incluido pela Lei n? 13.104, de 2015) Homicidio culposo § 32Se 0 homicidio é culposo: (Vide Lei n? 4.611, de 1965) Pena - detenctio, de um a trés anos. ‘Aumento de pena § 40 No homicidio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um tergo), se o crime resulta de inobservéncia de regro técnica de profissdo, arte ou oficio, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro & vitima, ndo procura diminuir as consequéncias do seu ato, ou foge para evitar prisdo em flagrante. Sendo doloso 0 homicidio, a pena & aumentada de 1/3 (um terco) se 0 crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redacio dada pela Lei n? 10.741, de 2003) §.52- Na hipétese de homicidio culposo, o juiz poderé deixar de aplicar a pena, se as conseqiiéncias da infragio ‘atingirem o préprio agente de forma tao grave que a sangdo penal se torne desnecesséria. _(Incluido pela Lei n® 6.416, de 245.1977) § 62 A pena € aumentada de 1/3 (um tergo) até a metade se o crime for praticado por milicia privada, sob 0 pretexto de prestasdo de servico de seguranca, ou por grupo de exterminio. _(Incluido pela Lein® 12.720, de 2012) fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 § 70 A pena do feminicidio & aumentada de 1/3 (um terco) até a metade se o crime for praticado: (Incluldo pela Lei n? 13.104, de 2015) |-- durante a gestagdo ou nos 3 (trés) meses posteriores ao parto; —(Incluido pela Lein® 13.104, de 2015) I~ contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiéncia ou portadora de doencas degenerativas que acarretem condicdo limitante ou de vulnerabilidade fisico ou mental; (Redacdo dada pelo Lei n® 13.771, de 2018) ln presenca fisica ou virtual de descendente ou de ascendente da vitima; (Redagao dada pela Lei n® 13.771, de 2018) IV-em descumprimento das medidas protetivas de urgéncia previstas nos incisos Ie Il do caput do art. 22 da Lein® 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluido pela Lei n? 13.771, de 2018) O bem juridico tutelado, como disse, é a vida humana. O Homicidio, entretanto, pode ocorrer nas seguintes modalidades: * Homicidio Simples; + Homicidio privilegiado (61° = Homicidio qualificado (§2°); * Homicidio culposo (§3° * Homicidio culposo majorado (54°, primeira parte}; * Homicidio doloso majorado (§4”, segunda parte e §§ 6° e 72) 1.1.1.1 Homicidio simples E aquele previsto no caput do art. 121 (“matar alguém”). O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa fisica, bem como qualquer pessoa fisica pode ser sujeito passivo do delito. Entretanto, se 0 sujeito passivo for o Presidente da Republica, do Senado Federal, da Camara dos Deputados ou do STF, e 0 ato possuir cunho politico, estaremos diante de um crime previsto na Lei de Seguranca Nacional (art. 29 da Lei 7.710/89).? O tipo objetivo (conduta descrita como incriminada) é TIRAR A VIDA DE ALGUEM. Mas para isso, precisamos saber quando se inicia a vida humana. AA vida humana se inicia com 0 inicio do parto, para a maioria da Doutrina, momento no qual feto passa a ter contato coma vida extrauterina®. Nao hé necessidade de que o feto seja vidvel’, bastando que fique provado que nasceu com vida, basta isso! *casoa ntencdo sea dstr fro todo ou em parte, grupo nac ona, 6 co, rac a ou re g oso, teremos ode tode homicidio enocida,prevsto ‘noart, 18, 3, da Lei 2889/56. por neo do pa to entends se 0 co de operagto, no caso de cesar ane, ou © nce des contragSes expu vas, no caso de parto norms PRADO, lus Regs Op Ct,p 58 “ Feto vve pode ser entend do como aque e que ndo possu qua squer doencas congén tas capazes de mposs tara cont nu dade da vda ‘extrauter na, como os anencéfa os, por exempo Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Assim, se for tirada a vida de alguém que ainda nao nasceu (ainda nao ha vida extrauterina, nao hé homicidio, podendo haver aborto). Semelhantemente, se 0 fato for praticado por quem j nao tem mais vida (cadaver), estaremos diante de UM CRIME IMPOSSIVEL (Por absoluta impropriedade do objeto). O homicidio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de fogo, facada, pancadas, etc.), podendo ser praticado de forma comissiva (aco) ou omissiva (omissao). Como assim? Isso mesmo, pode ser que alguém responda por homicidio sem ter agido, mas tendo se omitido.® EXEMPLO: Mie que, mesmo sabendo que o padrasto iré matar seu filho, nade faz para impedi-lo, ainda que pudesse agir para evitar o crime sem prejuizo de sua integridade fisica. Neste caso, se 0 padrasto vem a praticar o homicidio, e ficar provado que a mae sabia e nada fez para impedir, ela responderé por HOMICIDIO DOLOSO (mesmo sem ter praticado qualquer ato!), na qualidade de crime omissivo IMPROPRIO (recomend a leitura do art. 13, §22 do CP). CUIDADO! O homicidio pode ser praticado, ainda, por meios psicol6gicos, ndo sendo obrigatério 0 uso de meios materiais.° 0 elemento subjetivo é 0 dolo, nao se exigindo qualquer finalidade especifica de agir (dolo especifico). Pode ser dolo direto ou dolo indireto (eventual ou alternativo). crime se consuma quando a vitima vem a falecer, sendo, portanto, um crime material. Como 0 delito pode ser fracionado em varios atos (crime plurissubsistente), existe a possibilidade de tentativa, desde que, iniciada a execuco, o crime nao se consume por circunstancias alheias & vontade do agente. O homicidio simples, ainda quando praticado por apenas uma pessoa, mas em atividade tipica indo (art. 12, | da Lei 8.072/90). 1.1.1.2 Homicidio privilegiado (§1°) 0 Homicidio privilegiado é um homicidio praticado em circunstancias especiais, nas quais se entende que a reprovabilidade da conduta do agente é menor e, portanto, entende-se que o agente faz jus a uma diminui¢ao de pena. Pode ocorrer em trés situacées’: + Motivo de relevante valor social — Por exemplo, matar 0 estuprador do bairro, pessoa que vem trazendo 0 terror a toda uma comunidade. * Motivo de relevante valor MORAL - Por exemplo, matar por compaixao (eutandsia)*. PRADO, Lu s Regs. Op. Ct, p. 60/61 EXEMPLO: Imag ne que a f ha, desejosa de ver sua mée morta, a fm de herdar seu patr mon o, e sabendo que a mie possu prob emas cardlacos, s mua uma stuagio de sequestro de seu mo caqu a. A mBe, 20 receber a. gacdo, tem um nfarto do m océrd.o, furm nante, wndo a 6b to. Nesse caso, a conduta dolosa e planejada da filha pode ser considerada homicidio, pols © meio foi habil para aleancar o resultado pretendide. PRADO, Lu s Regs. Op. Ct, p. 61 PRADO, Lu s Regs. Op. Ct. p. 61/62 ado Federal (Técnico Legislativo FFE] Direito Penal prs olicia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 * Sob 0 dominio de violenta emocao, [6GO)APOS injusta provocacao da vitima — ‘Agente pratica o crime dominado por um sentimento de violenta emocio, imediatamente apés a criago desse sentimento pela prépria vitima’, Ex.: Imagine que José chegue em casa e veja sua esposa caida e machucada, pois acabara de ter sido vitima de um estupro, praticado por Paulo. José sai e encontra Paulo num bar, bebendo como se nada tivesse acontecido. Dominado pela violenta emoco, José mata Paulo. Neste caso, José responde pelo crime de homicidio, mas haverd a aplica¢io da causa de diminuigo de pena prevista no §1° do art. 121 do CP. Mas quais as consequéncias do crime privilegiado? A pena, nesse caso, é diminuida de 1/6 a 1/3. FUNDO! CUIDADO! Se o crime for praticado em concurso de pessoas, a circunstancia pessoal (violenta ‘emogdo) ndo se comunica entre os agentes, respondendo por homicidio simples aquele que ndo estava sob violenta emocao.” 1.1.1.3 Homicidio qualificado O homicidio qualificado ¢ aquele para o qual se prevé uma pena mais grave (12 a 30 anos), em razo da maior reprovabilidade da conduta do agente. O homicidio sera qualificado quando for praticado: * Mediante paga ou promessa de recompensa ou OUTRO MOTIVO TORPE — Aqui se pune mais severamente o homi praticado por motivo torpe, que é aquela motivac3o repugnante, abjeta™, dando se, como exemplo, a realizacao do crime mediante paga ou promessa de recompensa. Trata se do mercendrio. Na modalidade de “paga”, o pagamento acontece antes. Na modalidade “promessa de recompensa”, o pagamento devera ocorrer depois do crime, mas a sua efetiva concretizaco (do pagamento) é IRRELEVANTE. Aqui hd 0 chamado concurso necessario, pois é imprescindivel que pelo menos duas pessoas participem (quem paga ou promete e quem executa). Hi divergéncia a respeito da comunicabilidade da qualificadora para o mandante. 0 STJ, no informativo 575, decidiu que se trata de circunstancia de carater pessoal. Assim, 0 homicidio, para 0 mandante, ndo seria necessariamente qualificado (a menos que o *CUNHA, Rogér Sanches Manua de DretoPena Parte speca 7¥ed clo Ed Juspod wm Sa vador, 2015, p 51/52 "PRADO, Lu sRegs Op Ct,p 63 PRADO, LusRegs Op Ct,p 52 ™ Um outro exempo 6a GANANC A CUNHA, Rogér oSanches Op Ct,p 67, Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan mandante esteja agindo por motivo torpe, futil, etc.)"*. Todavia, em algumas decisées mais recentes, 0 prdprio STJ tem entendido tratar-se de elementar do tipo qualificado, aplicando-se também ao mandante. Hé, portanto, divergéncia jurisprudencial. A Doutrina diverge sobre a natureza da “recompensa”, mas prevalece o entendimento de que deva ter natureza econémica’’, embora a recompensa de outra natureza também possa ser enquadrada como “outro motivo torpe” (Ha interpretacao ANALOGICA aqui). ‘A “vinganca” pode ou no ser considerada motivo torpe, isso depende do caso concreto (posigao dos Tribunais). * Por motivo fiitil — Aqui temos o motivo banal, aquele no qual o agente retira a vida de alguém por um motivo bobo, ridiculo, ou seja, hd uma despropor¢do gigante entre o motivo do crime e o bem lesado (vida). Motivo injusto é diferente de motivo fiitil. 0 motivo injusto € inerente ao homicidio (se fosse justo, nao seria crime). A Doutrina majoritdria entende que o crime praticado “sem motivo algum” (auséncia de motivo) também é qualificado. O STJ, entretanto, vem firmando entendimento no sentido contrario, ou seja, de que seria homicidio simples”. + Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum — Aqui temos mais uma hipstese de INTERPRETAGAO ANALOGICA, pois 0 legislador da uma série de exemplos e no final abre a possibilidade para que outras condutas semelhantes sejam punidas da mesma forma. Temos aqui, ndo uma qualificadora decorrente dos motivos do crime, mas uma qualificadora decorrente dos MEIOS UTILIZADOS para a pratica do delito. A Doutrina entende que a qualificadora do “emprego de veneno” sé incide se a vitima NAO SABE que esta ingerindo veneno’; se souber, o crime podera ser qualificado pelo meio cruel. Flue ‘ATENTO! MUITO CUIDADO! A utiliza¢o de tortura como MEIO para se praticar 0 homicidio, qualifica o crime. Entretanto, se o agente pretende TORTURAR (esse é o objetivo), mas se excede (culposamente) e acaba matando a vitima nao haveré homicidio qualificado pela tortura, mas TORTURA QUALIFICADA PELO RESULTADO MORTE (art. 1°, §3° da Lei 9.455/97). 2 +0 reconhec mento da qua f cadora da "paga ou promessa de recompensa" (nc so! do § 2° do art. 121) em relaglo ao executor do crime de homicidio mercentio no qualifica automaticamente o delito em relagio a0 mandante, nada obstante este possa incidir no referido dispositive caso 0 motivo que o tenha levado a empreitar 0 bito alhelo seja torpe.”(REsp1.209.852-PR, Re .Mn. Roger oSch ett Cruz, ju gado em 15/12/2015, Die 2/2/2016) Na Doutrina exste DIVERGENCIA, havendo, ncus ve, certa predominancia da tese de que somente o executor responderia pela forma qualficada. CUNHA, Rogéro Sanches. Op. Ct, p.54 ™ (AgRg no REsp 1289181/SP, Re . Mn stra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, ju gado em 17/10/2013, Die 29/10/2013)" * PRADO, Lus Regs. Op. Ct, p.69 ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 * A traigao, de emboscada, ou qualquer outro meio que dificulte ou torn defesa do ofendido — Nesse caso, o crime é qualificado em razéo, também, DO MEIO UTILIZADO, pois ele dificulta a defesa da vitima. CUIDADO! # A idade da vitima (idoso ‘ou crianca, por exemplo), ndo 6 MEIO PROCURADO PELO AGENTE, logo, nao qualifica 0 crime, embora, no caso concreto, torne mais dificil a defesa, em alguns casos. + Para assegurar a execucao, ocultacao, a impunidade ou vantagem de outro crime ~ Aqui hd 0 que chamamos de conexéo objetiva, ou seja, o agente pratica 0 homicidio para assegurar alguma vantagem referente a outro crime, que pode consistir na execucdo do outro crime, na ocultagao do outro crime, na impunidade do outro crime ‘ou na vantagem do outro crime. A conexéo objetiva pode ser teleoldgica (assegurar a execucdo FUTURA de outro crime) OU consequencial (assegurar a ocultacdo, a impunidade ou a vantagem do outro crime, que JA OCORREU). O “outro crime” NAO PRECISA SER PRATICADO OU TER SIDO PRATICADO PELO AGENTE, pode ter sido praticado por outra pessoa. * FEMINICIDIO — Aqui teremos um homicidio qualificado em razdo de ter sido praticado contra mulher, em situac3o denominada de “violéncia de género”. Nao basta, assim, que a vitima seja mulher, deve ficar caracterizada a violéncia de género. Mas como se caracteriza a violéncia de género? 0 §2° A do art. 121, também incluido pela Lei 13.104/2015, estabelece que seré considerada violéncia de género quando o crime envolver violéncia doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminagao a condi¢o de mulher. * CONTRA AGENTES DE SEGURANCA E DAS FORCAS ARMADAS ~ 0 homicidio também sera considerado “qualificado” quando for praticado contra integrantes das Forcas ‘Armadas (Marinha, Exército e Aerondutica), das forcas de seguranca piiblica (Policias federal, rodovidria federal, ferrovidria federal, civil, militar ¢ corpo de bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional (agentes penitencidrios) e integrantes da Fora Nacional de Seguranca. Contudo, ndo basta que o homicidio seja praticado contra alguma destas pessoas para que seja qualificado, é necessdrio que o crime tenha sido praticado em razdo da fungdo exercida pelo agente. Se o crime ndo tem qualquer relagdo com a fungdo publica exercida, no se aplica esta qualificadoral ‘Além dos préprios agentes, o inciso Vil relaciona também os parentes destes funcionérios puiblicos (cénjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau). Assim, 0 homicidio praticado contra qualquer destas pessoas, desde que guarde relacdo com a funcio publica do agente, ser considerado qualificado. TOME NOTA! Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan => E se houver mais de uma circunstancia qualificadora (meio cruel motivo torpe, por exemplo)? Nesse caso, nao existe crime DUPLA OU TRIPLAMENTE QUALIFICADO. O crime é apenas qualificado. Se houver mais de uma qualificadora, uma delas qualifica o crime, ¢ a outra (ou outras) é considerada como agravante genérica (se houver previséo) ou circunstancia judicial desfavoravel16 (art. 59 do CP), caso nao seja prevista como agravante. POSICAO ADOTADA PELO STF. = Ese ocrime for, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado (praticado por relevante valor moral e mediante emprego de veneno, por exemplo)? Nesse caso, temos o chamado homicidio qualificado-privilegiado. Mas, CUIDADO! Isso sé sera possivel se a qualificadora for objetiva (relativa ao meio utilizado), pois a circunsténcia privilegiadora é sempre subjetiva {relativa aos motivos do crime). Assim, um crime nunca poderd ser praticado por motivo torpe € por motivo de relevante valo moral ou social, sio coisas colidentes17! O STF e o STI entendem assim! => E sendo o crime qualificado-privilegiado, sera ele hediondo? NAO! Pois sendo o motivo deste crime, um motivo nobre, embora a execugo nao o seja, o motivo prepondera sobre 0 meio utilizado, por analogia ao art. 67 do CP. POSIGAO MAJORITARIA. 1.1.1.4 Homicidio culposo O homicidio culposo ocorre ndo quando o agente quer a morte, mas quando o agente pratica uma conduta direcionada a outro fim (que pode ou néo ser licito), mas por inobservancia de um dever de cuidado (negligéncia, imprudéncia ou impericia), acaba por causar a morte da pessoa. * A imprudéncia é a precipitagao, é 0 ato praticado com afobacdo, tipico dos AFOITOS. A negligéncia, por sua vez, é a imprudéncia na forma omissiva, ou seja, é a auséncia de precaucao. O agente deixa de fazer alguma coisa que deveria para evitar 0 ocorrido. Na impericia, por sua vez, 0 agente comete o crime por nao possuir aptidao técnica para realizar 0 ato. EXEMPLOS: Imagine que numa mesa de cirurgia, um MEDICO-CIRURGIAO esqueca uma pinca na barriga do paciente, que vem a falecer em razo disso. Nesse caso, ndo houve impericia, pois o MEDICO £ APTO PARA REALIZAR A CIRURGIA, tendo havido negligéncia {0 camarada nao tomou os cuidados devidos antes de dar os pontos na cirurgia). Houve, portanto, negligéncia. Imaginem, agora, que no mesmo exemplo, o médico que realizou a conduta foi um CLINICO GERAL, que ndo sabia fazer uma cirurgia, e tenha feito algo errado no procedimento. Aqui sim teriamos impericia. * CUNHA, Rogér o Sanches. Op. Ct, p58 PRADO, Lus Regs. Op. Ct, p. 65 ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 CUIDADO! Nao existe compensacao de culpas! Assim, se a vitima também contribuiu para © resultado, 0 agente responde mesmo assim, mas essa circunstancia (culpa da vitima) sera considerada em favor do réu na fixacdo da pena. EXEMPLO: Imagine que Rodrigo esta carregando um caminhao para mudanca, mas para poupar esforcos, ao invés de descer e subir escadas, esta jogando os méveis do segundo andar diretamente para seu companheiro, que est sobre o caminhdo. Rodrigo, todavia, erra um dos arremessos e uma cadeira cai sobre Maria, causando Ihe a morte. Posteriormente se descobre que Maria contribuiu para o evento danoso, pois nao deveria estar ali naquele momento, ja que passava fora da calgada. Neste caso, a culpa de Maria no anula a culpa de Rodrigo, que responder pelo homicidio culposo. See ESCLARECENDO CUIDADO! Apenas para fins de registro, o homicidio culposo na direcao de vefculo automotor, desde o advento da Lei 9.503/97, é crime previsto no art. 302 da referida lei (Cédigo de Transito Brasileiro). 1.1.1.5 Homicidio majorado 0 homicidio pode ser majorado (ter a pena aumentada) no caso de ter sido cometido em algumas circunstdncias, Séo elas: No homicidio culposo (aumento de 1/3): * Resulta de inobservancia de regra técnica ou profissdo, arte ou ofic "Seo agente deixa de prestar imediato socorro a vitima = No procura diminuir as consequéncias de seu ato "= Foge para evitar prisio em flagrante No homicidio dolo: = Seo crime for cometido contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos (aumento de 1/3) CUNHA, Rogér 0 Sanches Op Ct, p 63 Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan = Se ocrime for praticado por milicia privada, sob o pretexto de prestacao de servigo de seguranca, ou por grupo de exterminio (aumento de 1/3 até a metade) = Seo crime, no caso de FEMINICIDIO, for praticado: a) durante a gestaco ou nos 3 (trés) meses posteriores ao parto; b) contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos, com deficiéncia ou portadora de doencas degenerativas que acarretem condigdo limitante ou de vulnerabilidade fisica ou mental; c) na presenca fisica ou virtual de descendente ou de ascendente da vitima; d) em descumprimento das medidas protetivas de urgéncia previstas nos incisos |, I! ¢ Ill do caput do art. 22 da Lei Maria da Penha”~ Nestes casos, o aumento serd de 1/3 até a metade. 1.1.1.6 Perdao Judicial Em determinados crimes 0 Estado confere o perdao ao infrator (Nao confundir perdao judicial com perdio do ofendido), por entender que a aplicacdo da pena nao é necessaria. £ 0 chamado “perdao judicial”. E 0 que ocorre, por exemplo, no caso de homicidio culposo no qual o infrator tenha perdido alguém querido (Lembram-se do caso Herbert Viana?). Essa hipstese esta prevista no art. 121, § 5° do CP: §.52- Na hipétese de homicidio culposo, 0 juiz poderd deixar de aplicar a pena, se as conseqiiéncias da infracéo atingirem 0 préprio agente de forma tao grave que a sangio penal se torne desnecesséria. (Incluido pela Lei n? 6.416, de 24.5.1977) EXEMPLO: José, distraido porque esta atrasado para chegar ao trabalho, fecha o porto da garagem sem tomar as cautelas necessérias. O porto, que ¢ automatic, acaba esmagando seu pequeno filho, de 03 anos de idade, que ld estava para despedir-se do papai, Neste caso, José pratica o crime de homicidio culposo, mas ¢ perfeitamente cabivel a concessio do perdao judicial, por se entender que a consequéncia do crime (morte do préprio filho) ja foi castigo suficiente para o agente, sendo desnecesséria a aplicacao da pena. ® art. 22. Constatada a prét ca de vo Grea domést cae fam ar contra a mu her, nos termos desta Le, o juz paderé ap car, de med ato, 20 agressor, em conjunto ou separadamente, as segu ntes med das protet vas de urgénca, entre outras: |- suspenstio da posse ou restr go do porte de armas, com comun cago a0 6rglo competente, nos termos da Le n° 10:826, de 22 de dezembro de 2003; lU-afastamento do ar, dom cf 0 0u oca de conv véne a com a ofend da; I= pro.b 0 de determ nadas condutas, entre as qua s 28) aprox mao da ofend da, de seus fam ares e das testemunhas, fxando om te min mo de d stinca entre estes e 0 agressor; b) contato com a fend da, seus fam ares e testemunhas por qua quer me o de comun cago; ©} frequentagdo de determ nados ugares a fm de preservar a ntegr dade fis cae ps.co 6g ca da ofend da; fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 Ento, nesse caso, ocorrendo o perdéo judicial, também estard extinta a punibilidade. Além disso, o art. 120 do CP diz que se houver o perdao judicial, esta sentenga que concede o perdio judicial nao é considerada para fins de reincidéncia, O perdao judicial, diferentemente do perdéo do ofendido, nao precisa ser aceito pelo infrator para produzir seus efeitos. A sentenca que concede o perdao judicial 6 declaratdria da extingao da punibilidade, nao subsistindo qualquer efeito condenatério (Conforme stimula n* 18 do ST). 1.1.2 In: a¢ao ou auxilio ao suicidio Este crime est previsto no art. 122 do CP. Vejamos: ‘Art, 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-the auxilio para que 0 faca: Pena - reclusdo, de dois a seis anos, se 0 suicidio se consuma; ov reclusao, de um a trés anos, se da tentativa de suicidio resulta lesdo corporal de natureza grave. Parégrafo tnico -A pena é duplicada: ‘Aumento de pena 1- se o crime é praticado por motivo egoisti I1- se a vitima & menor ou tem diminuida, por qualquer causa, a capacidade de resisténcia. O suicidio é a eliminagao direta e voluntaria da prépria vida. O suicidio nao é crime (ou sua tentativa), mas a conduta do terceiro que auxilia outra pessoa a se matar (material ou moralmente) é crime. Aqui, a participacao no suicidio no é uma conduta acesséria (porque o suicidio no é crime!), mas conduta principal, ou seja, 0 préprio nticleo do tipo penal. Assim, quem auxilia outra pessoa a se matar no é participe deste crime, mas AUTOR. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, e é admitido 0 concurso de pessoas (duas ou mais pessoas se reunirem para auxiliarem outra a se suicidar). No entanto, somente a PESSOA QUE POSSUA ALGUM DISCERNIMENTO pode ser sujeito passivo do crime”, eis que se a pessoa (suicida) no tiver qualquer discernimento, estaremos diante de um homicidio, tendo o agente se valido da auséncia de autocontrole da vitima para induzi la a se matar (sem que esta quisesse esse resultado). EXEMPLO: Imagine que André, desejando a morte de Bruno (um doente mental, completamente alienado), 0 induz a se jogar do 20° andar de um prédio. Bruno, maluco (coitado!), se joga, achando que é 0 “superman”. Nesse caso, no houve instiga¢3o ou PRADO, Lu segs Op Ct,p 81/82 Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan induzimento ao suicidio, mas hor discernimento de Bruno para maté-lo. , pois André se valeu da auséncia de O crime pode ser praticado de 03 formas: = Induzimento — O agente faz nascer na vitima a ideia de se matar = Instigagdo — O agente reforca a ideia jé existente na cabega da vitima, que esta pensando em se matar = Auxilio — O agente presta algum tipo de auxilio material a vitima (empresta uma arma de fogo, por exemplo) 0 elemento subjetivo exigido é 0 dolo, no sendo admitido na forma culposa. E possivel a pratica do crime mediante dolo eventual. Imagine o pai que coloca a filha, jovem gravida, para fora de casa, sabendo que a filha é descontrolada e havia ameacado se matar, nao se importando com o resultado (nao é pacifico na Doutrina). A consumagao é bastante discut entendimento: a na Doutrina, mas vem se fixando o seguinte — Avitima morre - Crime consumado (pena de 02 a 06 anos de recluso) > Vitima ndo morre, mas sofre lesbes graves — Crime consumado (pena de 01 a 03 anos) = Vitima ndo morre nem sofre lesdes graves — Indiferente penal (conduta impunivel) Assim, para esta Doutrina, o crime se consumaria com a ocorréncia do evento morte ou das lesdes corporais graves (crime material), ou ser um indiferente penal (quando, nao obstante a conduta do agente, o suicida ndo sofre a0 menos lesdes graves). Trata-se de entendimento da Doutrina moderna.” Outra parte da Doutrina entende que o crime é FORMAL, se consumando no momento em que 0 infrator pratica a conduta, sendo a ocorréncia da morte ou de lesdes graves, MERA CONDICAO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE. Trata-se do entendimento da Doutrina classica,”™ Outra parcela doutrindria entende que o crime se consuma com a ocorréncia da morte. No caso de lesdes graves teriamos apenas tentativa punivel (pena mais branda) eno caso de nao ocorrer qualquer destes resultados teriamos tentativa impunivel. £ bem dividido na Doutrina, mas eu ficaria com a primeira. O crime pode aparecer, ainda, na forma majorada (Pena duplicada), quando praticado nas seguintes hipoteses: A CUNHA, Rogér 0 Sanches. Op. Ct, p. 73/74 ® Nesse sent do, dentre outros, LUIZ REGIS PRADO. PRADO, Lu s Regs. Op. Ct, p. 86/87 fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 = Por motivo egoistico = Sea vitima é menor ou tem diminuida a capacidade de resisténcia (Se a vitima no tem nenhum discernimento, € homicidio, lembram se?) 1.1.3 Infanticidio O infanticidio é 0 crime mediante 0 qual a mie, sob influéncia do estado puerperal, mata o préprio filho recém-nascido, durante ou logo apés o parto: Art, 123 - Matar, sob a influéncia do estado puerperal, o proprio filho, durante o parto ou logo apés: Pena - detengio, de dois a seis anos. 0 objeto juridico tutelado aqui também é a vida humana. Trata se, na verdade, de uma “espécie de homicidio” que recebe punicao mais branda em razdo da comprovacio cientifica acerca dos transtornos que o estado puerperal pode causar na mae. O sujeito ativo, aqui, somente pode ser a mde da vitima, e ainda, desde que esteja sob influéncia do estado puerperal (CRIME PROPRIO). O sujeito passivo é o ser humano, recém nascido, logo apés o parto ou durante ele. Puen CUIDADO! Embora seja crime prdprio, € plenamente admissivel 0 concurso de agentes, que responderdo por infanticidio (desde que conhecam a condicéo do agente, de mae da vitima), nos termos do art. 30 do CP. EXEMPLO: Maria, que acabou de dar a luz um belo bebé, resolve tirar Ihe a vida. Para tanto, sob a influ€ncia do estado puerperal, pede ajuda a seu marido, José, solicitando que este traga uma faca bem afiada e contando a este 0 projeto do capeta. O marido aceita colaborar e entrega a ela a faca. Na madrugada, ainda na maternidade, Maria leva a cabo seu plano diabdlico e ceifa a vida do rebento. Neste caso, tanto José quanto Maria respondem pelo crime de infanticidio, ainda que José (obviamente) nao seja a mae e nao esteja sob a influéncia do estado puerperal, porque tal condi¢do 6 uma circunstancia elementar do delito, comunicando se com os demais agentes. E necessario que a gestante pratique o fato sob influéncia do estado puerperal, e que esse estado emocional seja a causa do fato. Mas até quando vai o estado puerperal? Nao hd certeza médica, devendo ser objeto de pericia no caso concreto. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan O crime sé é admitido na forma dolosa (dolo direto e dolo eventual), ndo sendo admitido na forma culposa. A pergunta que fica é: E se a mae, durante o estado puerperal, culposamente mata © préprio filho? Nesse caso, temos simplesmente um homicidio culposo”. FUNDO! Ese a mie, por equivoco, acaba por matar filho de outra pessoa (confunde com seu préprio filho)? Nesse caso, responde normalmente por infanticidio, como se tivesse praticado o delito efetivamente contra seu filho, por se tratar de erro sobre a pessoa (nos termos do art. 20, §3° do CP).”* O crime se consuma com a morte da crianga e a tentativa é plenamente possivel. 1.1.4 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Esté previsto no art. 124 do CP. Vejamos: Art, 124~ Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem Iho provoque: Pena - detencdo, de um a trés anos. Nesse caso, 0 sujeito ativo sé pode ser a mée (gestante). No caso de estarmos diante da segunda hipotese (permitir que outra pessoa pratique o aborto em si), o crime é praticado somente pela mae, respondendo o terceiro pelo crime do art. 126 (Exceco a teoria monista, que é a teoria segundo a qual os comparsas devem responder pelo mesmo crime). Assim, este crime é um crime DE MAO PROPRIA. O sujeito passivo é 0 produto da concepcao (embriao ou feto). Como se vé, pode ser praticado de duas formas distintas: " Gestante pratica o aborto em si prépria " Gestante permite que outra pessoa pratique 0 aborto nela. PRADO, Lus Regs. Op.Ct, p. 101 * PRADO, Lus Regs. Op. Ct, p. 201 fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 O crime sé é punido na forma dolosa. Se 0 aborto € culposo, a gestante nao comete crime (Ex.: Gestante pratica esportes radicais, vindo a se acidentar e causar a morte do filho). O crime se consuma com a interrupcao da gestacao com destruicao do produto da concepcao (morte do nascituro). A tentativa é plenamente possivel. 1.1.5 Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da gestante Nesse crime o terceiro pratica o aborto na gestante, sem que esta concorde com a conduta. Vejamos 0 que diz 0 art. 12: Art. 125 - Provocar aborto, sem 0 consentimento da gestante Pena -reclusdo, de trés a dez anos. ‘Aconduta aqui é bem simples, ndo havendo muitas observagées a se fazer. Nao € necessdrio que se trate de um médico, podendo ser praticado por qualquer pessoa {crime comum). 0 sujeito passivo, aqui, como em todos os outros delitos de aborto, 6 0 produto da concepg3o (embrigo ou feto).* Entretanto, nesse crime especifico também sera vitima (sujeito passivo) a gestante. Embora o crime ocorra quando nao houver consentimento da gestante, também ocorreré 0 crime quando 0 consentimento for prestado por quem nao possua condicdes de presté lo (menor de 14 anos, ou alienada mental), ou se o consentimento é obtido mediante fraude por parte do agente (infrator). Vejamos: Art. 126 (..) Pardgrofo tinico. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante no é maior de quatorze anos, ou € alienada ou debil mental, ou se 0 consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaca ou violéncia O crime se consuma com a interrupgao da gestacdo com destruigao do produto da concepcao (morte do nascituro). A tentativa é plenamente possivel. Se o agente pretende matar a me, sabendo que esta gravida, e ambos os resultados ocorrem, responder por ambos os crimes (homicidio e aborto) em concurso. 1.1.6 Aborto praticado com o consentimento da gestante ‘Art, 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusto, de um a quatro anos. Parégrafo nico. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante ndo é maior de quatorze anos, ou € alienada ou debil mental, ou se 0 consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaca ou violencia * fd doutrnadores que entendem que no cr me de aborto o sue to pass vo € 0 Estado, po so nase turonBo sera su eto ded retos (Técnico Legislative - Policia L Direito Penal pl Senado Fe« 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Aqui, embora o aborto seja praticado por terceiro, hd o consentimento da gestante. Trata-se da figura do camarada que praticou o aborto na gestante, com a concordancia ou a pedido desta. A gestante responde pelo crime do art. 124 e 0 terceiro responde por este delito. Como disse a vocés, 0 consentimento s6 é valido (de forma a caracterizar ESTE crime) quando a gestante tem condi¢gées de manifestar vontade. Quando a gestante nao tiver condicées de manifestar a prépria vontade, ou 0 faz em razo de ter sido enganada pela fraude do agente, 0 crime cometido (pelo agente, nao pela gestante) é 0 do art. 125, conforme podemos extrair da redacao do art. 125 c/c art. 126, § unico do CP. sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa, COM EXCEGAO DA PROPRIA GESTANTE! O sujeito passivo é apenas o produto da concep¢aio (nascituro). O elemento subjetivo aqui, como nos demais casos de aborto, é somente o dolo. O crime se consuma com a interrupgao da gestacio com destruicao do produto da concepco (morte do nascituro). A tentativa é plenamente possivel.”* 1.1.7 Majorantes no aborto Se no aborto provocado por terceiro (arts. 125 e 126), em decorréncia dos meios utilizados pelo terceiro, ou em decorréncia do aborto em si, a gestante sofre lesdo corporal grave, as penas so aumentadas de 1/3; se sobrevém a morte da gestante as penas so duplicadas. Vejamos: Art. 127 -As penas cominadas nos dois artigos anteriores sao aumentadas de um terco, se, em consequéncia do aborto ou dos meios empregados para provocd-lo, a gestante sofre lesdo corporal de natureza grave; e sao duplicadas, se, por qualquer dessas causas, Ihe sobrevém a morte. Importante destacar que, em ambos os casos, 0 resultado agravador (lesdo grave ou morte) decorre de culpa do agente. Se o agente tem dolo de lesionar e dolo de provocar 0 aborto, responde pelos dois crimes, o mesmo ocorrendo em rela¢do 3 morte: se ha dolo de matar a mae e dolo de provocar aborto, responde por aborto e por homicidio. Por fim, se o agente tem intencao de provocar lesdo na me e acaba, por culpa, provocando aborto, responders pelo crime de lesdo corporal gravissima (art. 129, §2°, V do CP). 1.1.8 Aborto permitido Vejamos o art. 128 do CP: Art, 128 - Nao se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessério 1-se ndo hé outro meio de salvar a vida da gestante; * PRADO, Lus Regs. Op. Ct, p. 115/116 fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 Aborto no caso de gravidez resultante de estupro I1- se a gravidez resulta de estupro e 0 aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Como se vé, 0 aborto praticado por médico nao é crime quando: > Fora Unica forma de salvar a VIDA da gestante; ou => Quando a gestacao for decorrente de estupro (e houver prévia autorizacdo da gestante ou de seu representante legal) CX. suRISPRUDENCIA Atualmente o STF entende que 0 aborto de fetos anencéfalos (ou anencefélicos, ou seja, sen cérebro ou com ma formacao cerebral) nao é crime, estando criada, jurisprudencialmente, mais uma excego. Ver: ADPF 54 / DF (STF) Importante frisar que, no caso de aborto em razio de gravidez decorrente de estupro, nao se exige que haja sentenca reconhecendo o estupro; basta que haja, ao menos, boletim de ocorréncia registrado na Delegacia.” 1.1.9 Agdo Penal ‘TODOS 05 crimes contra vida so de ago penal piiblica incondicionada. 1.2 DAS LESGEs CORPORAIS As lesdes corporais podem ser quaisquer danos provocados no sistema de funcionalidade normal do corpo humano. O crime de lesdes corporais esta previsto no art. 129 do CP, e possui esto previstas nos seus §§: iversas variantes, que Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a sauide de outrem: ” PRADO, Lu sRegs Op Ct,p 123 Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Pena - detencao, de trés meses a um ano. Leso corporal de natureza grave $ 125e resulta: 1- Incapacidade para as ocupagées habituais, por mais de trinta dias; I~ perigo de vida: 1 - debilidade permanente de membro, sentido ou funcao; 1V-aceleragao de parto: Pena - reclusdo, de um a cinco anos. §2° Se resulta: 1- Incapacidade permanente para o trabalho; 1- enfermidade incuravel; I - perda ou inutilizago do membro, sentido ou fungéo; Pena - reclusio, de dois a oito anos. Lestio corporal sequida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstdncias evidenciam que 0 agente ndo quis o resultado, nem assumiu o risco de produz-lo: Pena - reclustio, de quatro a doze anos. Diminuigdo de pena $ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o dominio de violenta emoséo, logo em seguida a injusta provocacéio da vitima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um tergo. Substitui¢éo da pena § 5° O juiz, ndo sendo graves as lesdes, pode ainda substituir a pena de detencdo pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: 1- se ocorre qualquer das hipdteses do pardgrafo anterior; Il-se as lesdes so reciprocas. Leso corporal culposa § 6° Se a lesdo é culposa: (Vide Lei n® 4.611, de 1965) Pena - detencio, de dois meses a um ano. Aumento de pena § 7° No caso de lesdo culposa, aumenta-se a pena de um terco, se ocorre qualquer das hipdteses do art. 121, § a fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 §72- Aumenta-se a pena de um terco, se ocorrer qualquer das hipdteses do art. 121, § 42, (Redagto dada pela Lei n® 8.069, de 1990) 5 82--Aplica-se d lesdo culposa o disposto no § 5° do art, 121.(Redago dada pela Lei n? 8.069, de 1990) Violéncia Doméstica (Incluido pela Lei n® 10.886, de 2004) § 90 Se a lesdo for praticado contra ascendente, descendent, irmdo, cénjuge ou companheiro, ou com quem -conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relacées domésticas, de coabitagdo ou de hospitalidade: (Redacdo dada pela Lei n® 11.340, de 2006) Pena - detengio, de 3 (trés) meses a3 (trés) anos. (Redacto dada pela Len? 11.340, de 2006) § 10. Nos casos previstos nos §§ 10 a 30 deste artigo, se as circunstéincias so as indicadas no § 90 deste artigo, ‘aumenta-se a pena em 1/3 (um terco). (Incluido pela Lei n® 10.886, de 2004) § 11. Na hipdtese do § 90 deste artigo, a pena seré aumentada de um terco se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiéncia. (Incluido pela Lei n® 11.340, de 2006) § 12. Se a lesdo for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constitui¢do Federal, Integrantes do sistema prisional e da Forea Nacional de Seguranga Publica, no exercicio da fun¢do ou em decorréncia dela, ou contra seu cOnjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau, em razio dessa condigfo, a pena é aumentada de um a dots tergos. (Incluido pela Lein? 13.142, de 2015) A les&o corporal é um crime que pode ser praticado por qualquer sujeito ativo, também podendo ser qualquer pessoa o sujeito passivo. Em alguns casos, no entanto, somente pode ser sujeito passivo a mulher gravida (art. 129, §§1°, IV e 2°, V). etc. Trata se de crime que pode ser praticado de diversas maneiras, pancadas, perfuracées, cortes, bem juridico tutelado é a incolumidade fisica da pessoa (integridade fisica). A autolesao no é crime (causar leses corporais em si mesmo), por auséncia de lesividade a bem juridico de terceiro. A lesdo corporal pode ser classificada como: imples (caput) " Qualificada (§§ 1°, 2° 3°) = Privilegiada (§§ 4° € 5°) = Culposa (6 6") Alesdo corporal simples é a prevista no art. 129, caput, e ocorreré sempre que néo resultar em lesées de natureza mais grave ou morte. A leso qualificada pode se dar pela ocorréncia de resultado grave (lesdes graves) ou em decorréncia do resultado morte (Lesdo corporal seguida de morte). rj © As seguintes situacdes sdo consideradas como lesdes graves para fins penais: Direito Penal pl Senado Federal (Técnico Legisiativo - Policia Legislative) - 2019/2020, ww ostratogiaconcursos.com.br oan LESGES CORPORAIS GRAVES RESULTADO PENA LESOES GRAVES (Doutrina) PENA~01. 05 anos de reclusio = Incapacidade para as ocupagées habituais, por mais de trinta dias = Perigo de vida = Debilidade permanente de membro, sentido ou func3o * Aceleragao de parto LESOES GRAVISSIMAS (Doutrina) PENA — 02 a 08 anos de reclusdo = Incapacidade permanente para o trabalho = Enfermidade incuravel = Perda ou inutilizacio do membro, sentido ou funcao * Deformidade permanente * Aborto OCP trata ambas como lesdes graves, mas em razdo da pena diferenciada para cada uma delas, a Doutrina chama as primeiras de LESOES GRAVES e as segundas de LESOES GRAVISSIMAS.”* A lesio corporal seguida de morte é um crime qualificado pelo resultado, mais especificamente, um crime PRETERDOLOSO (dolo na conduta inicial e culpa na ocorréncia do resultado) pois o agente comega praticando dolosamente um crime (lesao corporal) e acaba por cometer, culposamente, outro crime mais grave (homicidio). Nesse caso, temos a leso corporal seguida de morte, prevista no §3° do art. 129, 4 qual se prevé pena de 04 A 12 ANOS. Ha, ainda, a figura da lesdo corporal privilegiada, que ocorre em duas situagdes: = Agente comete o crime movido por relevante valor moral ou social, ou movido por violenta emogao, logo em seguida a injusta provocacao da vitima — A pena é diminuida de 1/6 a 1/3 {aplicam-se as mesmas consideracées acerca do homicidio privilegiado). * PRADO, Lus Regs. Op. Ct, p. 146/149, nal pl Senado Federal (Técnico Legislativo - olicia Legislativa) - 20192020 qq Direito Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 = Nao sendo graves as lesdes: a) Ocorrer a situacdo anterior; ou b) se tratar de lesdes reciprocas entre infrator e ofendido — O juiz pode substituir a pena privativa de liberdade pela mutta. A lesio corporal na modalidade culposa estd prevista no §6° do art. 129, e é praticada quando ha violago a um dever objetivo de cuidado (negligéncia, imprudéncia ou impericia). Lembrando que © crime de lesdes corporais culposas em direcao de veiculo automotor é crime especial, previsto no CTB, logo, nao se aplica o CP nesse caso. E possivel, ainda, que havendo lesio corporal culposa, o Juiz conceda 0 perdéio judicial a0 infrator, conforme também ocorre no homicidio culposo, quando as consequéncias do crime atingirem 0 infrator de tal forma que a pena se torne desnecessaria, Finalizando o crime de les6es corporais, o CP trata da VIOLENCIA DOMESTICA. A violéncia doméstica é aquela praticada em face de ascendente, descendente, irm3o, cénjuge, companheiro, pessoa com quem conviva, ou tenha convivido, ou, ainda, quando o agente se prevalece de relacoes domésticas de convivéncia ou hospitalidade. Em casos como este, a pena é de 03 meses a 03 anos. ‘Além disso, no que toca ao crime de lesdo corporal praticado no ambito da violéncia doméstica: + Seo crime for qualificado (Iesao grave, gravissima ou morte) ~ A pena é aumentada de 1/3. * Seavitimada 1/3, lancia doméstica é pessoa com deficiéncia ~ A pena é aumentada de A Lei 13.142/15 incluiu 0 §12 no art. 129 do CP, trazendo uma NOVA CAUSA DE AUMENTO DE PENA. A pena sera aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime de lesdes corporais for praticado contra integrantes das Forgas Armadas (Marinha, Exército e Aerondutica), das forgas de seguranca publica (Policias federal, rodovidria federal, ferrovidria federal, civil, militar e corpo de bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional (agentes penitencidrios) e integrantes da Forga Nacional de Seguranca. Contudo, nao basta que o crime seja praticado contra alguma destas pessoas para a causa de aumento de pena seja aplicada, é necessério que o crime tenha sido praticado no exercicio da funcdo ou em razSo da funcdo exercida pelo agente. Se o crime no tem qualquer relacdo com a funco publica exercida, ndo se aplica esta causa de aumento de pena, Além dos préprios agentes, 0 §12? relaciona também os parentes destes funciondrios puiblicos (cénjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau). Assim, o crime de lesées corporais praticado contra qualquer destas pessoas, desde que guarde relac3o com a fun¢ao publica do agente, sera majorado (haverd aplicagao da causa de aumento de pena).” Ta conduta passou a ser cons derada, anda, crime hediondo, nostermos do art 18, Ada le 8072/90, ncudo pe ae 13 142/35 Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 BEY) vw osiratogiaconcursos.com.br oan Seguem, abaixo, alguns tépicos importantes sobre as lesées corporais: TOME NOTA! = Em caso de violéncia doméstica, sé se aplicam as disposigées especificas se a lesSo for dolosa. Se a lesdo for culposa, a regra é a mesma das lesdes comuns (nao domésticas). = No crime de violéncia doméstica, é possivel o enquadramento, por exemplo, da Baba, que tira proveito da convivéncia com a crianga para agredi-la. => Nos crimes de lesao corporal, a agéo penal, como regra, é publica incondicionada. No entanto, em caso de leso leve lesio culposa, aco penal sera publica condicionada a representagio (art. 88 da Lei 9.099/95). CUIDADO! Se a lesdo é praticada com violéncia doméstica MULHER, em qualquer caso a aco penal serd piiblica incondicionada (Posicionamento do STF). = Alei 12.720/12 alterou a redacao do §72 do art. 129 do CP, de forma a estabelecer uma causa de aumento de pena (em 1/3) no caso de o crime de lesdo corporal, em sendo culposa, resultar de inobservancia de regra técnica da profisso ou no caso de o agente nao prestar socorro ou fugir. Incidira a mesma causa de aumento de pena no caso de, em sendo leséo dolosa, o crime for praticado: a) Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos; b) Por milicia privada ou grupo de exterminio. 1.3 DA PERICLITACAO DA VIDA E SAUDE Aqui o CP cuida de crimes de “perigo”, ou seja, atos praticados pelo agente que, embora nao causando danos, expéem a perigo de dano outra ou outras pessoas. Temos aqui, portanto, crimes FORMAIS, pois a ocorréncia do dano é irrelevante para a consumacio destes delitos. Alguns Doutrinadores entendem que hd, nos crimes deste capitulo, crimes de perigo concreto (em que se exige demonstrac3o de quem sofreu a exposicao real de perigo de dano) e crimes de perigo abstrato (nos quais a lei presume que a conduta exponha a perigo de dano, nao sendo necessério provar que alguém foi exposto a este risco) » 0 STF passoua adotar este entend mento no ju gamento da ADI - 4424, ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 O debate existe, pois parte da Doutrina entende que os crimes de perigo abstrato nao foram recepcionados pela Constituicdo, pois, pelo PRINCIPIO DA LESIVIDADE, uma conduta sé pode ser penalmente tutelada se causar dano ou pelo menos perigo concreto de dano a alguém. ‘Vamos analisar cada um dos delitos: 1.3.1 Perigo de Contagio venéreo Art. 130 Expor alguém, por meio de relacdes sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contagio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que esté contaminado: Pena - detencao, de trés meses a um ano, ou multa. § 19- Se é intengéo do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusdo, de um a quatro anos, e multa. § 22 Somente se procede mediante representagdo. Nesse crime, tutela se a satide da pessoa (alguns Doutrinadores entendem que se tutela também a vida) Sujeito ativo e passivo podem ser qualquer pessoa. Parte da Doutrina entende que o crime & préprio, pois exige do sujeito ativo uma condicao especial (estar contaminado com moléstia grave ‘que possa ser transmitida sexualmente). O tipo objetivo (conduta) é a pratica de relago sexual ou ato libidinoso, por pessoa portadora de moléstia venérea com outra pessoa, expondo a a risco de se contaminar. ** © CP no diz 0 que é moléstia venérea (norma penal em branco), devendo a norma ser complementada, o que ocorre mediante portaria do Ministério da Saiide. E IRRELEVANTE SE A OUTRA PESSOA CONCORDA! A Doutrina entende que ela ndo pode dispor de sua satide, sendo, portanto, irrelevante a anuéncia da vitima (controvertido na Doutrina). A efetiva contaminacao ¢ irrelevante para a consumacdo do delito, que se dé com a mera ‘ocorréncia da relacio, que é 0 ato que gera a exposicdo a perigo. A tentativa é possivel, pois 0 crime 6 plurissubsistente. O elemento subjetivo exigido é 0 dolo (direto ou eventual). Nao se exige 0 dolo de querer contaminar (dolo especifico), mas apenas o dolo de querer manter relagdes sexuais, pouco importando se o agente quer ou nao contaminar o parceiro. Nao se admite na forma culposa. Embora nao se exija um dolo especifico do agente, caso o infrator possua intengio de efetivamente contaminar a vitima, incidira a qualificadora do §1° (pena mais grave). ‘aco penal neste crime é PUBLICA CONDICIONADA A REPRESENTACAO. a transmiseo do virus da AIDS nfo caracterza este delta, Segundo adoutr nama ort a, ta conduta poder coracterzar per gode contig @ demo ésta grave, esto corpora grave ou hom co, a depender do doo do agente e do resutado obt do (hé FORTE d vergénc 3 doutr nr a) CCUNHA, Rogéro Sanches Op Ct,p 122 Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan 1.3.2 Perigo de contagio de moléstia grave Nos termos do art. 132 do CP: Art, 131 - Praticar, com o fim de transmitir @ outrem moléstia grave de que esté contaminado, ato capaz de produzir 0 contégio: Pena - reclusdo, de um a quatro anos, e muita. O bem juridico tutelado aqui também é a satide da pessoa, entendendo alguns autores que a vida também é tutelada nesse tipo penal. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que contaminada com moléstia grave (crime PROPRIO). Essa é a posic¢ao predominante. Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa QUE NAO ESTEJA CONTAMINADA PELA MESMA MOLESTIA. 0 elemento subjetivo aqui exigido é 0 dolo, mas exige-se, ainda, 0 chamado ELEMENTO SUBJETIVO ESPECIFICO (OU DOLO ESPECIFICO OU ESPECIAL FIM DE AGIR), que consiste numa vontade além da mera vontade de praticar o ato que expde a perigo. Aqui o CP exige que o agente queira transmitir a doenca. Havendo necessidade de que o AGENTE QUEIRA O RESULTADO, NAO CABE DOLO EVENTUAL, tampouco CULPA. Nao se exige que o agente se utilize da relacao sexual para transmitir a moléstia grave, podendo ser qualquer meio apto a transmitir a doenga. crime se consuma com a mera realizacao do ato (crime formal), ndo se exigindo que o resultado ocorra (contaminagao). A tentativa é admissivel. Se o resultado ocorrer, duas situaces podem se mostrar: = Adoenga que contaminou a vitima causou lesao leve ~ Nesse caso, fica absorvida pelo crime de perigo de contagio de moléstia grave. —> Adoenca que contaminou a vitima causou lesbes graves ou a morte — 0 agente responde por estes crimes (lesées corporais graves ou morte). A aco penal aqui é publica incondicionada. 1.3.3 Perigo para a vida ou satide de outrem Art, 132 - Expor a vida ou a satide de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detencdo, de trés meses a um ano, se 0 fato ndo constitui crime mais grave. Parégrafo tinico. A pena é aumentada de um sexto a um terco se a exposicdo da vida ou da sauide de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestacio de servicos em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.( Incluido pela Lei n° 9.777, de 29.12.1998) ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 Trata se da conduta da pessoa que, mediante qualquer a¢do ou omissdo, expde a perigoa vida ou a satide de outra pessoa. Pode ser na forma omissiva, como disse, quando 0 infrator deixa de fazer algo para evitar a exposicio de perigo (Patréo que deixa de fornecer equipamentos de seguranca, por exemplo). Os sujeitos, ativo e passivo, podem ser quaisquer pessoas. O elemento subjetivo exigido é 0 dolo, mas nao 0 dolo de causar dano, e sim 0 dolo de expor a perigo (intencao meramente de praticar ‘ato que gera o perigo). Nao se admite na forma culposa Se 0 agente pratica 0 ato como meio para obter um resultado mais grave (tentativa de homicidio, por exemplo), responde pelo crime mais grave (Trata se, aqui, de um crime subsidiério, conforme podemos ver da redacao do art., que fala "se o fato nao constitui crime mais grave”). Ocrime se consuma com a mera exposi¢0 da vitima ao risco de dano (perigo). Caso o resultado ocorra, duas hipéteses podem ocorrer: > O resultado gera um delito mais grave — Responde pelo delito mais grave > O resultado é menos grave do que o crime de exposicdo a perigo ~ Responde pelo crime de exposicao a perigo Na forma comissiva (mediante uma aco), o crime é plurissubsistente (pode ser fracionado em varios atos), admitindo, portanto, a tentativa, Occrime possui, ainda, uma causa de aumento de pena, prevista no § tinico, que incidira sempre que 0 crime ocorrer em decorréncia de transporte irregular de pessoas para prestacéo de servicos em estabelecimentos. EXEMPLO: Transporte de “boias frias” na cacamba do caminhao, sem qualquer protecdo. 1.3.4 Abandono de incapaz Art, 133 Abandonar pessoa que esté sob seu cuidado, guarda, vigiléncia ou autoridade, e, por qualquer motivo, JIncapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandon Pena - detencio, de seis meses a trés anos. § 12 - Se do abandono resulta lesdo corporal de natureza grave: Pena - reclusdo, de um a cinco anos. § 28 Se resulta a morte: Pena - reclusdo, de quatro a doze anos. Aumento de pena § 3° As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terco: 1I- se 0 abandono ocorre em lugar ermo; Direito Penal pl Senado Federal (Técnico Legislative - Policia Le 2os9/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan I1- se o.agente é ascendente ou descendente, cénjuge, irmao, tutor ou curador da vitima. Il-se a vitima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluido pela Lei n® 10.741, de 2003) A conduta punida aqui é a de deixar ao relento pessoa incapaz que esteja sob a guarda do agente, de forma a proteger a vida e a integridade daquele que no tem meio de se proteger. O crime € PROPRIO, pois se exige que 0 sujeito ative tenha uma qualidade especial: Ter o dever de guarda e vigilancia da pessoa abandonada A condigo de “incapaz” ndo é a mesma que se tem no direito civil. Incapaz, para os fins deste delito 6 qualquer pessoa que no tenha condi¢ées de se proteger sozinha, seja ela incapaz civilmente ou nao. 0 elemento subjetivo é 0 dolo, consistente na intenco de abandonar o incapaz, causando perigo a ele, ainda que nao se pretenda que com ele aconteca qualquer coisa. Nao se admite na forma culposa. Caso o agente tenha dolo de produzir algum dano (abandonou o incapaz para que Ihe ocorresse algo de ruim, como a morte), responder pelo crime na modalidade tentada (caso 0 resultado nao ocorra) ou consumada, caso 0 resultado ocorra. A consumagio do delito se dé com o mero ato de abandonar o incapaz, sendo indiferente, para a consumagao do delito, a ocorréncia de algum dano.” No entanto, caso ocorram lesées graves, ou morte, as penas sero diferentes, conforme previsdo dos §§ 1° e 2° do CP (Formas qualificadas pelo resultado). Poder4, ainda, haver uma causa de aumento de pena (de 1/3), caso: => O abandono ocorra em local ermo (deserto) = O agente for ascendente (pai, mae), descendente (filho, neto), irmo, cénjuge, tutor ou curador da vitima = Sea vitima possuir mais de 60 anos 1.3.5. Exposicdo ou abandono de recém-nascido Art, 134- Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra proprio. Pena - detencao, de seis meses a dois anos. § 12- Se do fato resulta lesdio corporal de natureza grave: Pena - detencio, de um a trés anos. § 22- Se resulta a morte: ® pRADO, Lus Regs. Op. Ct, p. 187. CUNHA, Roger o Sanches. Op. Ct, p. 132, ® sustenta-se que 6 necessir 0 que a vit ma seja exposta, 0 menos, a uma s tuago de r sco CONCRETO (cr me de per go concreto). PRADO, Lu s Reg. Op. Ct, p. 190 e CUNHA, Roger o Sanches. Op. Ct, p. 133. fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 Pena - detengdo, de dots a seis anos. A Doutrina nao é unanime, mas a maioria entende que, neste caso, o sujeito ativo sé pode ser a mie ou pai do recém nascido, sendo, portanto, crime préprio.* ‘Aconduta pode ser comissiva (aco) ou omissiva (omissao), na medida em que o agente pode expor 0 recém-nascido a perigo (acdo) ou abandoné-lo (aco ou omissao). O elemento subjetivo é 0 dolo, consistente na vontade de expor o recém nascido a perigo, com a finalidade de ocultar a propria desonra, Assim, além do dolo, exige se 0 especial fim de agir, consistente na intengo de ocultar a prépria desonra. Caso nao haja essa inten¢do, o agente responde pelo crime de abandono de incapaz (art. 133). Nao se pune na modalidade culposa. ‘A consumagio se di com a mera colocaco do recém nascido na situacao de perigo concreto, e pode haver tentativa, quando a conduta for comissiva, na medida em que, por exemplo, pode a mae ser surpreendida quando deixava a crianca na lata do lixo. 1.3.6 O1 so de socorro Nos termos do art. 135 do CP: Art, 135 - Deixar de prestar assisténcia, quando possivel fazé-lo sem risco pessoal, @ crianca abandonada ou cextraviada, ou & pessoa invélida ou ferida, a0 desamparo ou em grave e iminente perigo; ou ndo pedir, nesses casos, 0 socorro da autoridade publica: Pena - detencio, de um a sels meses, ou multa. Parégrafo unico - A pena é aumentada de metade, se da omissao resulta lesdo corporal de natureza grave, € triplicada, se resulta a morte. Aqui 0 sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum), podendo ser qualquer pessoa, também, o sujeito passivo, desde que se enquadre numa das situacées previstas no tipo penal. Nao ha necessidade de que haja nenhum vinculo especifico entre os sujeitos. Aconduta somente pode ser praticada na forma omissiva (Crime omissivo puro). Com relacao ao concurso de agentes, a Doutrina se divide: = Parte entende que nao hé possi ipaco (Concurso de agentes), pois todas as pessoas praticariam 0 nticleo do tipo, de maneira auténoma. = Outra parte da Doutrina entende que é possivel tanto a coautoria quanto a participacao, quando, por exemplo, duas pessoas combinam de no socorrer a vitima, de forma que poderia haver concurso de pessoas, na modalidade de coautoria, mas é minoritario. 43 quem sustente que somente a mae pode sero su eto a vo (Cezar Roberto Btencou t, & que se faa em “esconder desonra prépr a" ‘CUNHA, Rogéro Sanches Op Ct,p 135 Nomesmo sent do, Lu2 Reg sPrazo PRADO, Lus Regs Op Ct, p 197 2019/2020 Direito Penal pl Senado Federal (Técnico Legislative - Policia Le EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan => A Doutrina ligeiramente majoritaria entende que é possivel PARTICIPACAO, mas NAO COAUTORIA. A Doutrina exige, ainda, que 0 sujeito ativo esteja presente na situacao de perigo, ou seja, que esteja presenciando a situacaio em que a vitima se encontra e deixe de prestar socorro, quando podia prestar socorro sem risco pessoal. Assim, se o agente apenas sabe que outra pessoa esté em risco, mas nao se move até o lugar para salva-la, nao ha crime de omissao de socorro. Além disso, aquele que causou a situacao de perigo de dano, nao responde pelo crime, pois seria um absurdo punir alguém por criar uma situaco e por nao socorrer a vitima. EXEMPLO: Imagine que A esfaqueie B, com vontade de mater, e o veja agonizando, mas nada faca para salva-lo. Nesse caso, A responder apenas pelo homicidio (consumado ou tentado), mas nao pela omissao de socorro. O agente pode praticar a conduta de duas formas: = Deixando de prestar 0 socorro imediato a pessoa = Caso no possa fazé-lo, deixando de comunicar a autoridade publica para que proceda ao socorro da pessoa agente nao pode escolher! Se ele tem condicdes de prestar o socorro, deve presté-lo, no podendo escolher por chamar o socorro da autoridade publica.*® O elemento subjetivo é 0 dolo (que pode ser direto ou eventual), ndo se admitindo na forma culposa. O crime se consuma quando o agente efetivamente se omite na prestacdo do socorro e, sendo um crime omissivo préprio, no admite tentativa ‘A Doutrina entende que no caso de “crianga abandonada ou extraviada”, o perigo é presumido (perigo concreto), devendo ser provada, nos demais casos, a efetiva exposi¢ao, da pessoa nao socorrida, a perigo. Apesar de nao ser necesséria a ocorréncia de qualquer resultado para a consumagio do crime, © § Unico do art. 135 traz uma causa de aumento de pena caso ocorra lesdes graves na pessoa que nao foi socorrida (aumento de metade). No caso de sobrevir a morte da pessoa nao socorrida, a pena seré TRIPLICADA. ‘A Doutrina exige que se comprove que 0 socorro (nao prestado pelo agente) tivesse o condo de evitar estes resultados para que se apliquem as causas de aumento de pena. A omissao de socorro nos acidentes de transito (caso o agente esteja envolvido no acidente) € regulada pelo CTB. Caso o agente nao tenha se envolvido no acidente, tendo apenas presenciado * PRADO, Lus Regs. Op. Ct, p. 207/208 fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 pessoa que necessitava de ajuda por ter se envolvido em acidente de transito, responde pelo art. 135 do CP. EXEMPLO: José se envolve num acidente de transito com Juliana. Juliana fica em situac3o critica, mas José, que saiu bem, se omite no socorro. Marcelo, que passava pelo local, também se omite. Nesse caso, José responde pelo delito previsto no CTB e Marcelo pelo delito do art. 135 do CP. ‘ATENTO! ‘A omissio de socorro & pessoa idosa configura crime especifico, previsto no Estatuto do Idoso (art. 97 da Lei 10.741/03). A Lei 12.653/12 trouxe uma modalidade “especial” de omisso de socorro, que é a de condicionamento para atendimento médico hospitalar emergencial, novo tipo penal previsto no art. 135 Ado CP: Condicionomento de atendimento médico-hospitalar emergencial(Inluido pela Lein® 12.653, de 2012). ‘Art, 135-8, Exigir cheque-causdo, nota promisséria ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulrios administratives, como condigdo para 0 atendimento médico-hospitalar emergencial: Incluido pela Lein® 12.653, de 2012). Pena -detencao, de 3 (trés) meses a1 (um) ono, e multe. (Incluido pela Lein® 12.653, de 2012). Parégrafo Unico. A pena é aumentada até 0 dobro se da negativa de atendimento resulta lesdo corporal de atureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluida pela Lei n® 12.653, de 2012). Ainda nao hd forte Doutrina sobre o tema, mas entende se que 0 sujeito ativo, no caso, seria © responsavel pelo estabelecimento. E de se ressaltar que a conduta somente seré tipica no caso de se tratar de atendimento EMERGENCIAL. A exigéncia nao precisa ser, necessariamente, de garantia financeira, pode se tratar de exigéncia de preenchimento de formulérios administrativos, de forma que se verifica que o tipo penal pretende abarcar uma gama elevada de condutas. Percebam que 0 § tinico traz causa especial de aumento de pena, elevando-se a pena aplicada até 0 DOBRO no caso de LESAO GRAVE e até o TRIPLO, no caso de MORTE. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan 1.3.7 Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a satide de pessoa sob sua autoridade, quarda ou vigiléncia, para fim de educagdo, ensino, tratamento ou custédia, quer privando-a de alimentagdo ou cuidados indispenséveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correcdo ou disciplina: Pena - detencGo, de dois meses a um ano, ou multa. § 12- Se do fato resulta leséo corporal de natureza grave: Pena - recluséo, de um a quatro anos. § 29- Se resulta a morte: Pena - reclustio, de quatro a doze anos. § 32-Aumenta-se a pena de um terco, seo crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluido pela Lei n® 8.069, de 1990) O crime de maus-tratos é um crime préprio (sé pode ser praticado por quem detenha a guarda ou vigilancia da vitima). Tutela-se, aqui, a satide e a vida da pessoa sob guarda ou vigildncia de outrem O elemento subjetivo exigido é 0 dolo, devendo haver A FINALIDADE ESPECIAL DE AGIR (Dolo especifico), consistente NA INTENCAO DE EDUCAR, ENSINAR, TRATA OU CUSTODIAR. Nao se admite, obviamente, na forma culposa. O tipo objetivo (conduta incriminada) é PLURINUCLEAR, ou seja, 0 crime pode ser praticado de diversas maneiras diferentes: * Privar de alimentacdo = Privar de cuidados indispensaveis = Sujeitar a trabalho excessivo ou inadequado * Abusar dos meios de correco ou disciplina Assim, se o agente, mediante alguma destas condutas, exp6e a perigo de lesdo (8 sauide ou vida) pessoa sob sua guarda, e 0 faz, com intencao especifica prevista no tipo penal, comete o crime em tela nko CONFUNDA! CUIDADO! Este crime néo se confunde com o crime de tortura! No crime de tortura é necessdrio que a vitima seja submetida a intenso sofrimento (fisico ou mental) e a intencao do agente dever ser a de torturar, ou seja causar sofrimento excessivo com a finalidade especifica de obter alguma fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 declaracéo da vitima, para simplesmente demonstrar poder, etc. Ou seja, SAO CRIMES BEM DIFERENTES! © momento da consumacao varia conforme cada uma das modalidades de conduta possivei Se a conduta for comissiva (praticar alguma leso), o crime se consuma com efetiva ocorréncia da lesdo, podendo haver tentativa, em razo de ser o crime plurissubsistente, ou seja, é possivel que o agente venha a ser impedido de consumar o delito no momento em que estava prestes a pratica lo. Em se tratando de conduta omissiva, no ha possibilidade de tentativa (deixar de alimentar, deixar de prestar cuidados basicos, etc.). A Doutrina majoritaria exige, ainda, que no caso de “deixar de alimentar” a conduta seja habitual, ou seja, deve ocorrer frequentemente, nao configurando o crime o castigo de “deixar sem jantar”, por exemplo. Os §§ 1° e 2° trazem hipéteses nas quais a conduta do agente acaba por causar lesdes graves ou morte. No primeiro caso (leses graves), a pena serd de 1a 4 anos. No segundo caso (morte) a pena serd de 4 a 12 anos. Mas e se o agente apenas causar lesdes leves? Entende se que as lesdes leves estio englobadas neste tipo penal, ficando absorvidas por ele. Assim, havendo lesGes leves, a pena é a prevista no caput do artigo. 0 § 3° traz uma causa de aumento de pena, aplicavel no caso de a vitima ser menor de 14 anos (a pena é aumentada 1/3), 1.3.8 Ago penal Nos crimes de Periclitacao da vida e satide, somente o crime de perigo de contagio de doenca VENEREA é crime de aco penal CONDICIONADA a representagao. Todos os demais sao crimes de aco penal piiblica incondicionada. 1.4 DARIXA O capitulo IV do Titulo | do CP pune apenas o crime de rixa, que pode ser conceituado como a briga, contenda, entre mais de duas pessoas, cada um agindo por conta prépria, na qual hd pratica de vias de fato ou violéncia reciproca. Aqui, o CP visa a evitar que o delito fique impune, por nao se saber quem deu inicio & briga (pois se ndo houvesse o crime de rixa, e ndo se soubesse quem deu inicio as agressdes, ndo seria possivel condenar ninguém). Estd previsto no art. 137 do CP: ‘Art. 137 - Partcipar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detencéo, de quinze dias a dois meses, ou multe. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Pardgrafo Unico - Se ocorre morte ou lesdo corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participacéio na rixo, a pena de detengéio, de seis meses a dois anos. O elemento subjetivo, obviamente, é 0 dolo, no se punindo a conduta culposa. Parte da Doutrina entende que os participantes da rixa so, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo do delito (em razdo das miituas agressées). Contudo, eles nunca serdo sujeitos ativos e sujeitos passivos da mesma conduta criminosa. Cada um sera sujeito ativo na sua agressdo e sujeito passivo na agressao do outro.” A Doutrina exige que haja trés ou mais pessoas se agredindo mutuamente. Se for possivel definir dois grupos contendores (brigas de torcidas organizadas, por exemplo), cada grupo responderd pelas lesGes corporais. Nao é necessario contato fisico (pode ser praticado a distancia, jogando pedras, paus, etc.). Além disso, 6 plenamente possivel o concurso de pessoas. Alids, 0 crime é de CONCURSO NECESSARIO, pois necessariamente deve ser praticado por mais de duas pessoas. A participac3o pode ocorrer tanto na forma material (quem empresta um pedaco de pau, por exemplo) quanto moral (quem incentiva os contendores). O elemento subjetivo é o dolo de participar da rixa, salvo se entrar nela para separar os brigdes. Nao hd previsdo de modalidade culposa. ‘A consumacio se dé com 0 inicio da rixa, ou com a entrada do agente na rixa, com a efetiva troca de agressGes ou vias-de-fato entre os rixosos. A ocorréncia de lesdes 6 mero exaurimento, irrelevante para a consumaco do delito. Por ser crime que se consuma num Unico ato (unissubsistente), nao ha possibilidade de tentativa 0 § Unico prevé a forma qualificada, que ocorreré caso sobrevenha a ALGUMA PESSOA (que participa ou nao da rixa), lesdo grave ou morte. Nesse caso, a pena sera de seis meses a dois anos. FUNDO! Entretanto, todos os participantes da rixa respondem pela forma qualificada ou somente aqueles (ou aquele) que efetivamente causaram as lesdes graves ou morte? £ bastante dividido na Doutrina, existindo varias posigées. Prevalece o entendimento de que todos os participantes da rixa respondem pela forma qualificada. Aqueles que causaram, efetivamente, as lesdes graves ou a morte de alguém, responderdo, além da rixa qualificada, pelos crimes de lesdo corporal grave ou morte, a depender de cada caso. Hé quem defenda, porém, que se o agente que deu causa a lesdo ou morte for perfeitamente identificavel, ele deverd responder por este delito em concurso com a rixa SIMPLES, e os demais respondem pela rixa qualificada. * PRADO, Lus Regs. Op. Ct, p. 231/232 fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 ‘A Doutrina (majoritdria) entende que mesmo se o agente se retirou da rixa antes da ocorréncia da lesdo grave ou morte, responde pela forma qualficada, pois a sua conduta contribuiu para a existéncia da rixa””. Entretanto, se o agente entrou na rixa apenas apés a ocorréncia das lesdes graves ou morte, responde por rixa simples. A aco penal é publica incondicionada. 1.5 CRIMES CONTRA A HONRA Os crimes contra a honra séo aqueles nos quais o bem juridico tutelado é a honra do ofendido, seja em sua dimensdo subjetiva ou objetiva: + Honra subjetiva —£ 0 sentimento de apreco pessoal que a pessoa tem de si mesma; * Honra objetiva — £ 0 apreco que os outros tém pela pessoa. £ ligada & imagem da pessoa perante o corpo social. Os crimes contra a honra so, nos termos do CP, trés: * Caliinia * Injaria * Difamacao Vamos estudar cada um deles individualmente e, apés, veremos algumas disposicdes gerais, aplicdveis a todos eles. 1.5.1 Calinia Acaldnia é a imputagdo falsa, a alguma pessoa, de fato definido como crime. Esta prevista no art. 138 do CP. Vejamos: Art, 138 - Caluniar alguém, imputando-the falsamente fato definido como crime: Pena - detencdio, de seis meses a dois anos, e multa. E muito comum os leigos confundirem caltinia com injuria e difamacao, mas vocés nao! Vocés jamais poderdo confundir isso! CUNHA, RogéroSanches Op Ct, p Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Na ealtinia, o bem juridico tutelado é a honra objetiva do ofendido, pois o que esta em jogo & a sua imagem perante a sociedade, perante o grupo que 0 rodeia. tipo objetivo é a conduta de imputar a alguém falsamente fato definido como crime, ¢ essa conduta pode ser praticada somente na forma comissiva, no se admitindo na forma omissiva. Entretanto, nao se exige que seja realizada mediante palavras (escritas ou faladas), podendo ser realizada mediante gestos, insinuacdes (calinia reflexa), etc. Ou seja, qualquer meio apto para provocar a calnia ¢ admissivel como forma de realizacao do nucleo do tipo penal. A callinia pode ocorrer quando o fato imputado nao ocorreu ou quando mesmo tendo ocorrido, nao foi o caluniado o seu autor. Qualquer pessoa, em regra, pode praticar o delito (sujeito ativo). Entretanto, em alguns casos, algumas pessoas gozam de imunidade material, no praticando crime quando caluniam alguém no exercicio da profissdo (parlamentares, por exemplo). O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, nao se exigindo nenhuma qualidade especial. Até 0s mortos podem ser caluniados (quando se atribui a eles a pratica de crime quando em vida, dbvio!), mas os sujeitos passivos, nesse caso, so seus familiares. * Nos termos do § 2° do art. 138 do CP: Art, 138 (..) § 22-E punivel a caltnia contra 0s mortos. PEGADINHA Mas, professor, ento o inimputavel nao pode ser caluniado, pois néo comete crime? ERRADO! A Doutrina nao é unanime, mas mesmo aqueles que entendem que o crime é tripartido (fato ti ilicito e culpavel) entendem que o inimputavel pode ser caluniado, pois 0 art. 138 nao diz “imputar a alguém falsamente crime”, mas diz “imputar a alguém fato definido como crime”. Assim, ndo se exige que o ofendido seja culpavel (imputavel), bastando que o fato que Ihe estd sendo imputado seja definido, abstratamente, como crime. 0 elemento subjetivo do tipo é o dolo, ndo se admitindo a caldnia culposa. Entretanto, devo lembrar a vocés a figura do dolo eventual. Assim, se alguém imputa a outrem fato definido como crime, mesmo sem intenggo de calunié-lo, mas sabendo que é provavel que 0 fato nao tenha ocorrido (dolo eventual), pouco se importando com as consequéncias de seu ato, cometerd o crime. * PRADO, Lus Regs. Op. Ct, p. 248. No mesmo sent do, CUNHA, Rogér o Sanches. Op. Ct, p. 163, fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 No caso do §12, todavia, somente se admite 0 dolo direto, ndo o eventual (conduta daquele que, sabendo falsa a imputacao, a propala ou divulga). Mas e se alguém pratica a conduta com a inten¢o de caluniar, mas apenas para fazer uma brincadeira? Nesse caso, ndo ha crime. € necessdria a inten¢3o de caluniar, néo se punindo a conduta daquele que age com intencao de brincar (animus jocandi) ou de narrar o fato (caso da testemunha, por exemplo, que age com animus narrandi). TOME NOTA! => Se 0 agente imputa a si mesmo fato definido como crime, de maneira falsa (autocalinia), poderé estar praticando o crime de autoacusacio falsa (art. 341 do CP), a depender das circunstncias, mas nao caldnial => Acaliinia contra o Presidente da Republica, por questdes politicas, configura crime contra a seguranca nacional (Lei 7.170/83). 0 § 1° do art. 138 traz, ainda, a figura equiparada, que é a de propalar ou divulgar calunia, sabendo que o fato é falso: §12- Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputacdo, a propola ov divuiga. Nessa modalidade (equiparada), s6 se admite 0 dolo direto, € ndo eventual (pois o tipo diz “sabendo falsa”, o que exclui o dolo eventual). O crime se consuma com a divulgacio da calinia a um terceiro. Nao basta, portanto, que somente 0 sujeito ativo e 0 sujeito passivo tenham conhecimento da caltinia, pois, como disse, tutela se a honra objetiva, sendo necessdrio que alguém além dos sujeitos da infra¢do chegue a ter conhecimento da calinia, sob pena de termos um indiferente penal. Trata se de um crime formal, ndo se exigindo que a honra objetiva da vitima seja, de fato, atingida. Como assim? EXEMPLO: Imagine que o infrator impute ao sujeito passivo um fato definido como crime, levando ao conhecimento de algumas pessoas esse fato. Imaginem, agora, que estas pessoas nao acreditem no caluniador, pois sabem da retidao e da lisura do ofendido. Nesse caso, ndo houve resultado naturalistico, pois a honra objetiva do sujeito passivo no foi atingida. ISSO E IRRELEVANTE PARA A CONSUMACAO DO DELITO! Mas, ent3o é incabivel a tentativa, correto? Errado. crimes formais. perfeitamente possivel a tentativa nos Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Mas como, se o crime se consuma com a pratica da conduta, ndo havendo resultado? Ora, sempre que pudermos fracionar a conduta (iter criminis), poderemos ter tentativa. *® EXEMPLO: Imagine que Rodrigo encaminhe para Sabrina uma carta contendo um fato calunioso em relacao 4 Débora. Imagine, agora, que Débora intercepte a carta antes que ela chegue ao conhecimento de Sabrina (terceiro). Nesse caso, houve tentativa. Admite-se, neste crime, a chamada exceptio veritatis, ou, em bom portugués, EXCECAO DA VERDADE, que nada mais é que 0 direito que o sujeito ativo possui de provar que o fato que ele imputa ao sujeito passivo, de fato, ocorreu. Entretanto, existe casos em que nao se admite a prova da verdade. Nos termos do §3° do art. 138: § 32 Admite-se a prova da verdade, salvo: 1 se, constituindo o fato imputado crime de ago privada, 0 ofendido nao foi condenado por sentenca irrecorrivel; I1-se 0 fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n® | do art. 141; l- se do crime imputado, embora de a¢ao publica, 0 ofendido foi absolvido por sentenca irrecorrivel Assim, no se admite prova da verdade: = No caso de crime de aco penal privada, se ndo houve ainda sentenga irrecorrivel — Assim, se 0 ofendido ainda esta respondendo a processo criminal, ndo pode o caluniador alegar a excecdo da verdade = No caso de a calunia se di ao Presidente da Repul ou chefe de governo estrangeiro ™ No caso de crime de agdo penal publica, CASO O CALUNIADO JA TENHA SIDO ABSOLVIDO POR SENTENCA PENAL TRANSITADA EM JULGADO. Parte da Doutrina, com fundamento no art. 523 do CPP, ver admitindo a chamada exceao de notoriedade, ou seja, é possivel ao caluniador provar que o fato que ele imputa ao ofendido ja do conhecimento de todos, nao havendo, portanto, qualquer lesividade em sua conduta. 1.5.2 Difamagao A difamaco, a semelhanca da calunia, também tem como bem juridico tutelado a HONRA OBJETIVA do ofendido. Nos termos do art. 139 do CP: * PRADO, Lus Regs. Op. Ct, p. 250 ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 Art, 139 - Difamar alguém, imputando-Ihe fato ofensivo d sua reputagdo: Pena - detenctio, de trés meses a um ano, e multa. Reparem que ha uma diferenga BRUTAL em relagio a caliini ofendido nao é crime, mas apenas ofensivo a sua reputacao. Aqui, 0 fato imputado ao EXEMPLO: Imagine que Ricardo espalhe para a vizinhanca que Roberto anda traindo sua esposa, tendo, inclusive, entrado no motel no dia X, as 22h, acompanhado de sua amante (fato atipico, mas ofensivo a sua reputacdo). Nesse caso, nao haverd caltinia, pois o fato no 6 definido como crime, embora seja ofensivo a reputacdo do difamado. Haverd, portanto, difamacao. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Temos, portanto, um crime comum. O sujeito pa: também pode ser qualquer pessoa, no se exigindo qualquer qualidade da vitima. CUIDADO! Nao se pune a difamac3o contra os mortos! Otipo subjetivo aqui também é 0 dolo (direto ou eventual), ndo se admitindo a forma culposa. ‘A consumagao também se di quando um terceiro toma conhecimento do fato difamatério, independentemente de acreditar ou nao no fato (lesdo a honra objetiva). A tentativa é possivel na forma escrita (fracionamento do iter criminis). rove. ‘ATENTO! ‘CUIDADO! A excegdo da verdade, aqui, SO E ADMITIDA SE O OFENDIDO E FUNCIONARIO PUBLICO a difamacao se refere ao exercicio das funcdes. Nos termos do § tinico do art. 139: Pardgrafo Unico - A excecdio da verdade somente se admite se o ofendido é funciondrio piblico e a ofensa é relativa ao exercicio de suas funcées. A exemplo do que ocorre no crime de caltinia, no crime de difamagdo, parte da Doutrina vem sustentando que nao se deve punir aquela pessoa que simplesmente repete o que todo mundo ja sabe (excego de notoriedade). Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan 1.5.3 Injuria Diferentemente dos dois primeiros tipos penais, a injuria nao busca tutelar a honra objetiva, mas a honra subjetiva do ofendido. Nos termos do art. 140 do CP: ‘Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-the a dignidade ou 0 decoro: Pena - detengdo, de um a seis meses, ou multa. EXEMPLO: Imagine que Ricardo ofenda Carol, chamando-a de pobretona fedorenta. Nesse caso, o que esta sendo violada nao é a honra objetiva de Carol (sua imagem perante a sociedade), mas sua honra subjetiva (seu sentimento de apreco pessoal), pois a ofensa tem por finalidade fazé-la sentir-se inferior, diminuida. Sujeito ativo e passivo também podem ser qualquer pessoa, ndo se exigindo nenhuma qualidade especial. Outra diferenca gritante refere-se ao objeto da ofensa. Aqui nao se trata de um FATO, mas. da emissdo de um conceito depreciativo sobre o ofendido (piranha, fedorento, safado, etc.). Aqui, diferentemente do que ocorre na difamacao e na calnia, no se exige que um terceiro tome conhecimento da ofensa, pois o que se tutela é a honra subjetiva, sendo necessario que a Da mesma forma que os demais, o crime formal, ou seja, se consuma com a chegada da ofensa ao conhecimento da vitima, independentemente do fato de esta se sentir ou nao ofendida (resultado naturalistico dispensavel). Da mesma forma, cabe tentativa no caso de ofensa escrita. 0 § 1° estabelece duas hipsteses que a Doutrina classifica como PERDAO JUDICIAL. E 0 caso da provocagéio e da retorséo: § 12- 0 juiz pode deixar de aplicar a pena: 1-quando 0 ofendido, de forma reprovével, provocou diretamente a injaric no caso de retorséo imediata, que consista em outra inj 0 § 2° traz 0 que se chama de INJURIA REAL, pois hd contato fisico, de forma que a intencao do agente seja humilhar 0 ofendido através do contato fisico (tapa na cara humilhante, por exemplo): § 22- Seq injiria consiste em violéncia ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 Pena - detengao, de trés meses a um ano, e multa, além da pena correspondente a violéncia. E necessario que o agente, nesse crime, possua a finalidade especial de agir (elemento subjetivo especifico), consistente na inten¢go de ofender. Imagine que Roberto dé um tapa no rosto de Victor, apenas para machuca lo, sem intengo de ofender (animus injuriandi). Nesse caso, havera apenas lesdo corporal, e nao injdria, pois ausente a intencao de humilhar. FUNDO! ‘A Doutrina (majoritéria) entende que hé concurso material entre o crime de leso corporal e 0 crime de injaria se o agente pretende praticar ambos (ou seja, se o agente quer lesionar e também quer injuriar). Outra parcela doutrinaria, com mais razdo, sustenta que NAO ha concurso material neste caso, mas concurso formal impréprio (ou imperteito), ou seja, o agente pratica uma sé conduta visando praticar dois ou mais crimes. Neste caso, aplica se o sistema do cumulo material (ndo confundir com concurso material de crimes). 0.§ 3°, por sua ver, traz a injiria qualificada, que é uma modalidade di paraa qualalei prevé uma pena mais grave, em razéo da maior reprovabilidade da conduta. Vejamos: § 3° Se a injiria consiste na utilizacio de elementos referentes a raca, cor, etnia, religiéo, origem ou a condicao de pessoa idosa ou portadora de deficiéncia: (RedagGo dada pela Lei n® 10.741, de 2003) Pena - reclusdo de um a trés anos e multa. (incluido pela Lein? 9.459, de 1997) Aqui, a intencao do agente é ofender! Nao confundam com o crime de racismo, no qual 0 infrator pratica uma espécie de segregacio, de forma a marginalizar determinada pessoa em razdo de alguma condic3o pessoal (Crimes da Lei 7.716/89). EXEMPLO: Se Marcela xinga Juliana, chamando a de favelada fedorenta (origem da pessoa), pratica crime de injuiria qualificada. Agora, imagine que Marcela proiba Juliana de adentrar em sua loja, aberta ao ptiblico, apenas pelo fato de esta pessoa ser negra. Nesse caso, hd racismo, pois a ofensa se da de forma indireta, mediante a pratica de algum ato discriminatério. ‘A Doutrina entende nao ser cabivel o perdao judicial na injaria qualificada nem na injuria real. “* CUNHA, Rogér 0 Sanches Op Ct,p 174 Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan 1.5.4 Disposigées comuns TOME NOTA! = Seo crime for cometido contra o Pre: a ou chefe de governo estrangeiro, contra funcionario publico (no exercicio da fun¢do), na presenga de varias pessoas ou por meio que facilite a divulgacao ou, ainda, contra pessoa maior de 60 anos ou deficiente (salvo no caso da injuria), a pena do agente é aumentada em 1/3. = Se o crime for cometido mediante paga ou promessa de recompensa, a pena é aplicada em DOBRO. > A injuria ou difamagao nao é punivel se realizada em juizo, pela parte ou seu procurador {com a finalidade de defender seu direito), se decorre de mera critica literéria, artistica ou cientifica (salvo se inequivoca intengao de injuriar), ou se realizada pelo funcionério publico na avaliagao e emissao de conceito acerca de informagao que preste no exercicio da fun¢ao. Entretanto, quem da publicidade a primeira e terceira hipétese, responde pelo crime. = Se o querelado (infrator) antes da sentenca (da sentenca de primeiro grau!) se retrata da caltinia ou difamagao (ndo se aplica & injuria) fica isento de pena. — ATENGAO! Em relagdo a retratacao, a Lei 13.188/15 incluiu o pardgrafo Unico no art. 143 do CP, estabelecendo que, nos casos em que tenha sido praticada a calnia ou a difamacao pelos meios de comunicacao, a retratacdo devera se dar, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que foi praticada a ofensa. = Se alguém se sentir ofendido por frases ou alusdes nao explicitas, pode pedir explicacdes em Juizo. Se 0 reclamado nao prestar os esclarecimentos, responder pela ofensa alegada. = A acao penal é, em regra, privada, salvo no caso da injuria real, na hipétese de haver violéncia. Caso resulte lesio corporal dessa violéncia empregada, por se tratar de crime complexo, seré de ago penal publica, condicionada ou incondicionada, a depender da natureza da lesio corporal. => Aacio penal ¢ publica condicionada & requisico do Ministro da Justica no caso de ofensa a0 Presidente da Republica ou chefe de governo estrangeiro. > A ago penal é publica condicionada & representacdo do ofendido no caso de injuria qualificada (art. 140, § 3°). = No caso de no caso de ofensa contra funcionério puiblico em razao das funcées, apesar de o CP estabelecer tratar-se de crime de aco penal publica condicionada, o STF sumulou entendimento no sentido de que a legitimidade é concorrente entre 0 ofendido (para ajuizar queixa) e do MP (para ajuizar aco penal publica condicionada representacao) — SUMULA 714 do STF. ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 1.6 DOs CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL Os crimes contra a liberdade individual sdo crimes que atentam contra a liberdade da pessoa (meio ébvio, né?). Protege se, aqui, a faculdade que todo cidadio deve ter de agir, ou nao agir, conforme sua prépria vontade. Busca fazer valer 0 direito de AUTODETERMINACAO. Sao divididos em quatro grandes grupos: = Crimes contra a liberdade pessoal = Crimes contra a inviolabilidade do domicilio = Crimes contra a inviolabilidade das correspondéncias = Crimes contra a inviolabilidade dos segredos Veremos cada um dos delitos deste capitulo do CP: 1.6.1 Constrangimento ilegal ‘Art, 146 - Constranger alguém, mediante violéncia ou grave ameaca, ou depois de Ihe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resisténcia, a ndo fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela ndo manda: Pena - detengdo, de trés meses a um ano, ou multa. ‘Aumento de pena § 12-As penas oplicant-se cumulativamente e em dobro, quando, pora a execugéo de crime, se retinem mais de trés pessoas, ou hd emprego de armas. § 22- Além dos penas cominadas, aplicam-se as correspondentes @ violéncia. § 32-NGo se compreendem na disposicdo deste artigo: 1-4 intervengao médica ou cirirgica, sem 0 consentimento do paciente ou de seu representante legol, se justifcada por iminente perigo de vida; M1 -« coagdo exercida para impedir suicidio. 0 sujeito ativo, aqui, pode ser qualquer pessoa (crime comum), nao se exigindo nenhuma qualidade do sujeito ativo. Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, e que seja capaz de discernimento. Caso 0 sujeito ativo seja funcionario piiblico no exercicio da fun¢ao, poderemos estar diante do crime de abuso de autoridade. O elemento subjetivo exigido é 0 dolo. Nao ha forma culposa. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan A conduta punida pode ser realizada de diversas maneiras, desde que o agente empregue violéncia, grave ameaca ou outro meio que reduza a capacidade de resisténcia, para COAGIR a pessoa a fazer alguma coisa Percebam que sé haverd este crime caso néo se trate de crime mais grave (subsidiariedade expressa). Assim, aquele que coage outra pessoa a manter com ele relacdes sexuais comete estupro, endo constrangimento ilegal. A Doutrina entende que pode ser praticado tanto na forma comissiva (acao), quanto na forma omissiva. A consumacio se dé quando a vitima efetivamente cede ao comando do infrator e pratica 0 ato que nao desejava. Logo, sendo crime material e plurissubsistente, é plenamente possivel a tentativa. Se o crime é praticado mediante concurso de mais de trés pessoas ou hé emprego de arma (qualquer arma, e nao necessariamente arma de fogo), a pena é aplicada em dobro, conforme §1°. Se na execucio 0 infrator se utilizar de violéncia, causando lesées na vitima, responderd cumulativamente pelo constrangimento ilegal e pela violéncia aplicada (§2°), em CONCURSO MATERIAL Entretanto, o constrangimento (ato de coagir pessoa a fazer alguma coisa que nao queira) nio 6 punido se: = Praticado pelo médico, para salvar a vida do paciente (quando este nao queira); ou = Seo agente exerce a coacio para impedir o suicidio do coagido (§3°). 1.6.2 Ameaca Art. 147 - Ameacar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbdlico, de causar-Ihe mal injusto e grave: Pena - detencio, de um a seis meses, ou multa. Pardgrafo unico - Somente se procede mediante representacéo. A ameaga € 0 crime pelo qual uma pessoa faz promessa de realizagdo futura (é claro) de um mal grave ¢ injusto a outra pessoa. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum), sendo sujeito passivo também qualquer pessoa, exigindo-se, apenas, que tenha capacidade de entender o carater da ameaca (potencialidade intimidativa). Pode ser praticado de diversas maneiras (palavras, escritos, gestos), podendo ser explicita ("Eu vou te matar”) ou implicita (“Eu, se fosse vocé, faria um seguro de vida para sua familia...”). Pode ser direta (quando se promete causar 0 mal a vitima da ameaca) ou indireta (quando se promete causar mal a terceira pessoa). Por fim, a ameaga pode ser: fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 * Incondicionada — Quando o agente simplesmente ameaga de fazer o mal injusto e grave: “Eu vou matar vocé!” = Condicionada - Quando o mal prometido pelo agente s6 ocorrerd sob determinadas condigdes: “Se vocé nao operar meu filho direito, eu vou te matar” O mal deve ser injusto, ou seja, contrério ao direito. No comete o crime, por exemplo, quem promete comparecer a delegacia para registrar ocorréncia em face de seu agressor, pois esse é um direito que Ihe assiste. O mal deve ser, ainda, grave, ou seja, deve ser capaz de causar verdadeiro temor na vitima. A gravidade deve ser analisada no caso concreto, pois cada pessoa tem uma sensibilidade propria, de forma que o que é ameaca grave para uma pessoa, poderd nao o ser para outra. © elemento subjetivo exigido é 0 dolo, consistente na vontade de ameacar, independentemente de o agente pretender, ou no, cumprir a ameaga. Nao se admite na forma culposa. ‘Aconsumagio se dé com a chegada da ameaga ao conhecimento da vitima. Em regra, no cabe tentativa, mas ela é admitida no caso de ameaca escrita. Parte da Doutrina (Minoritarissima), entende que, na pratica, nunca cabe tentativa, pois como se trata de crime de acdo penal ptiblica condicionada a representaco, a vitima deveria tomar conhecimento da ameaca para poder representar contra 0 infrator, logo, sempre o crime seria consumado. 1.6.3 Sequestro e carcere privado Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou circere privado: Pena - reclusdo, de um a trés anos. §12-A pena é de reclusdo, de dois a cinco anos: 1- se 0 vitima 6 ascendente, descendente, cénjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redagdo dada pela Lei n® 11.106, de 2005) Ii- se o crime é praticado mediante internagdo da vitima em casa de sade ou hospital; se a privagdo da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias. IV-se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluido pela Lein? 11.106, de 2005) V- se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluldo pela Lei 11.106, de 2005) § 28 Se resulta 6 vitima, em razdo de maus-trates ou da natureza da detencéo, grave sofrimento fisico ou ‘moral: Pena - reclusdo, de dots a oito anos. 2019/2020 F5}_Direito Penal pl Senado Federal (Técnico Legislative - Policia Lé EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Aqui se incrimina a conduta de quem priva a liberdade de locomocao de outra pessoa. Sujeito ativo e passivo podem ser quaisquer pessoas. Ocrime pode ser praticado por aco, omissdo e até mesmo por fraude (0 agente induz a vitima a erro). Devemos, entretanto, distinguir sequestro de cércere privado: " Sequestro — A privacao da liberdade ndo implica em confinamento da vitima em recinto fechado; = Carcere privado — E espécie do género sequestro, mas exige que a vitima fique confinada em recinto fechado. O elemento subjetivo é 0 dolo, consistente na vontade de privar a vitima de sua liberdade. Se o crime tem outra finalidade, além da intenco de privar da liberdade, poderd configurar outro crime (Por exemplo: Extorsdo mediante sequestro). Nao hd modalidade culposa. O crime se consuma no momento em que a vitima tem sua liberdade de ir e vir privada. Entretanto, por se tratar de crime permanente, a consuma¢do se prolonga no tempo, cessando apenas com a libertago da vitima. E se durante esse tempo sobrevier lei mais grave? Aplica-se a lei mais grave, por ter entrado em vigor quando o crime ainda estava se consumando. A questo hoje esté sumulada no STF (Sumula n° 711 do STF). Os §§1° e 2° trazem duas qualificadoras. A primeira incidira no caso de o crime ser praticado: = Contra ascendente, descendente, cénjuge ou companheiro do infrator, ou contra pessoa maior de 60 anos = Mediante internacao em casa de saide ou hospital = Por mais de 15 dias —> Contra menor de 18 anos => Com fins libidinosos (sexuais) Ocorrendo uma destas hipéteses, a pena sera de 2.a 5 anos. A segunda qualificadora incide no caso de resultar a vitima grave sofrimento fisico ou moral, em razdo de maus tratos ou da natureza da privacao da liberdade. Nesse caso, a pena ser de 2a 8 anos. 1.6.4. Redugdo a condi¢ao andloga a de escravo Art, 149, Reduzir alguém a condicdo andloga a de escravo, quer submetendo- a trabalhos forcados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condigées degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 focomogdo em razdo de divida contraida com o empregador ou preposto: (Redacdo dada pela Le! n® 10.803, de 11.12.2003) Pena - reclusdo, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente d violéncia. (Redado dada pela Lei 1n® 10.803, de 11.12.2003) § 10 Nas mesmas penas incorre quem: (Incluido pela Lei n® 10.803, de 11.12.2003) 1-- cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de reté-lo no local de trabalho; (Incluido pela Lei n® 10.803, de 11.12.2003) I~ mantém vigiléncia ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de reté-lo no local de trabalho. (Incluido pela Lei n® 10.803, de 11.12.2003) § 20 Apena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluido pela Lei n® 10.803, de 11.12.2003) 1 - contra crianga ou adolescente; (Incluido pela Lei n® 10.803, de 11.12.2003) 11 por motivo de preconceito de raga, cor, etnia, religido ou origem. (Incluido pela Lei n® 10.803, de 11.12.2003) ‘Aqui temos uma modalidade especial de privacdo da liberdade, na qual o infrator priva a vitima de sua liberdade mediante a submissio a jornada excessiva de trabalho, ou a trabalhos forgados, a trabalho em condicdes precérias ou quando restringe a locomocao do trabalhador em raz3o de divida contraida com 0 empregador ou preposto (funciondrio do empregador). ‘A Doutrina dé a este crime o nome de PLAGIO. Temos aqui um crime de aco muiltipla, ou seja, pode ser praticado de diversas formas. Assim, por exemplo, o empregado da fazenda que ¢ submetido a trabalho por 18 horas didrias, com direito a apenas uma pausa para almogo, recebendo valor irrisério, pode ser considerado trabalhador escravo. Tudo dependerd da anidlise do caso e do enquadramento nas descrigées legais. O elemento subjetivo é 0 dolo, nao se admitindo na forma culposa. © crime se consuma com a efetiva reducao da pessoa a condi¢do andloga a de escravo, \do se a tentativa (Veiculo que transportava pessoas para uma fazenda, a fim de serem escravizadas, é interceptado pela policia). Trata-se de crime permanente. O §1° traz uma forma equiparada (“nas mesmas penas incide quem...”), tratando da conduta daquele que: + Impede o uso de meio de transporte pelo trabalhador, com a intengao de reté lo no local de trabalho = Mantém vigilancia ostensiva no trabalho (capatazes), ou se apodera de documentos dos trabalhadores, de forma a impedir ou dificultar a saida destes do local 0 §2° traz uma causa de aumento de pena (aumenta se a pena em metade), caso o crime seja praticado contra crianga ou adolescente, ou por motivo de preconceito de raga, cor, etnia, rel ‘ou origem. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan 1.6.5 Trafico de pessoas Tréfico de Pessoas (incluido pela Lei n? 13.344, de 2016) _(Vigéncia) Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaca, violéncia, coagéo, fraude ou abuso, com a finalidade de: (Incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) (Wigéncia) 1-remover-Ihe drgdios, tecidos ou partes do corpo; (incluido pela Lei n? 13.344, de 2016) —_(Vigncia) Wl submeté-la a trabalho em condicées andlogas 6 de escravo; (incluido pela Lei n? 13.344, de 2016) (Vigéncio) 1 - submeté-fa a qualquer tipo de serviddio; (Incluido pela Lein? 13.344, de 2016) (Vigéncia) IV- adogéio ilegal; ou (incluido pela Lei n? 13,344, de 2016) (Vigéncia) V- exploragdo sexual (incluido pela Lei n° 13.344, de 2016) (Vigencia) Pena -reclusdo, de 4 (quatro) a8 (oito) anos, emulta. __(Incluido pela Lein® 13.344, de 2016) —_(Vigéncia) §10Apenaéaumentada de um tercoatéametade se: _(Incluido pela Lei n? 13.344, de 2016) _(Vigéncia) 1-0 crime for cometido por funciondrio puiblico no exercicio de suas funcdes ou a pretexto de exercé-las; (incluido pela tein? 13.344, de 2016) —_(Vigéncia) II -0.crime for cometido contra crianga, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiéncia; (Inctuido pela Lei n® 13.344, de 2016) (Vigéncia) Il - 0 agente se prevalecer de relacées de parentesco, domésticas, de coabitacdo, de hospitalidade, de dependéncia econémica, de autoridade ow de superioridade hierérquica inerente ao exercicio de emprego, cargo ou fungéo; ou (incluido pela Lei n@ 13.344, de 2016) (Vigéncia) IVa vitima do trafico de pessoas for retirada do territério nacional. (incluido pela Lei n? 13.344, de 2016) —_(Vigéncia) § 20 A pena é reduzida de um a dois tercos se 0 agente for primério € ndo integrar organizacdo criminosa. (incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) _(Vigéncia) Ocrime de trafico de pessoas, previsto no art. 149-A do CP, foi incluido pela Lei 13.344/06, Como se vé, a conduta prevista no caput consiste, basicamente, em: = Agenciar = Aliciar = Recrutar = Transportar = Transferir = Comprar fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 = Alojar ou = Acolher pessoa Todavia, nao basta que haja a pratica de qualquer destas condutas. E necessario que o agente ‘empregue determinado meio e tenha alguma das especificas finalidades previstas na Lei (dolo especifico). A conduta deve ser praticada mediante: = Grave ameaca = Violéncia = Coacio = Fraude ou > Abuso ‘Além disso, o agente deve praticar o crime com a finalidade de: > Remover érgios, tecidos ou partes do corpo = Submeter a vitima a trabalho em condigdes andlogas a de escravo => Submeter a vitima a qualquer tipo de servidio => Submeter a vitima a adocao ilegal = Submeter a vitima a exploragao sexual Vemos, portanto, que tal delito visa a coibir a conduta daquele que, contrariamente a vontade da vitima (seja em razio ameaca, da violéncia, do abuso, da fraude ou da coacéo), pratica qualquer destas condutas com uma das finalidades acima descritas Podemos, de forma esquematizada, colocar da seguinte forma: Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan CONDUTA MEIO EMPREGADO FINALIDADE Remover 6atos, tec dosou partes do Agenciar corpo Aliciar Grave ameaca Submetera vt maa trabahoem Recrutar Violéncia canis dines c ‘ade cterave Transportar Coagao Transferie Submetera vit maa Fraude ou ‘qua quer t pode Comprar serv dio ‘Alojar ou Abuso Submetera vit maa adogdo ga Submetera vitmaa exp oragiosenva Acolher pessoa Necessdrio destacar que o crime de trafico de pessoa para fins de exploracao sexual jd estava tipificado no CP, s6 que como crime contra a dignidade sexual (nos arts. 231 e 232 do CP, que foram revogados). Houve, portanto, continuidade tipico-normativa, ou seja, 0s tipos penais dos arts. 231 e 232 foram revogados, mas a conduta continuou sendo considerada crime, em outro tipo penal (no caso, no art. 149-A do CP). E importante consignar, ainda, que o §1° prevé causas de aumento de pena. A pena sera aumenta de 1/3 até a metade se: > Ocrime for cometido por funcionario publica no exercicio de suas fungées ou a pretexto de exercé-las = Ocrime for cometido contra crianga, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiéncia = 0 agente se prevalecer de relagdes de parentesco, domésticas, de coabitagdo, de hospitalidade, de dependéncia econémica, de autoridade ou de superioridade hierrquica inerente ao exercicio de emprego, cargo ou fun¢ao => Avitima do trafico de pessoas for retirada do territério nacional Por fim, hd previséo, ainda, de uma causa de diminuicdo de pena. A pena seré diminuida de um a dois tercos se: = O agente for primério; e = Nao integrar organizacao criminosa fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 > £ necessério 0 preenchimento dos dois requisitos ou basta um? £ necessério 0 preenchimento de ambos os requisitos. Ou seja, sé fara jus & reducao de pena o agente que, ao mesmo tempo, for primério e nao integrar organizacao criminosa. 1.6.6 Dos crimes contra a inviolabi lade do domi », da correspondéncia e dos segredos Por se tratarem de crimes parecidos, vou aborda los neste mesmo tépico, explicando os através de um quadrinho esquematico. Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tdcita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependéncias: Pena - detengao, de um a trés meses, ou multa. § 1° Se o crime & cometide durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violéncia ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena - detengao, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente & violéncio. § 2° - Aumenta-se a pena de um terco, se 0 fato é cometide por funcionéirio pubblico, fora dos casos legais, ou ‘com inobservéncia das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. § 3° - Ndo constitui crime a entrada ou permanéncia em casa alheia ou em suas dependéncias: 1 - durante o dia, com observancia das formatidades legals, para efetuar prisdo ou outra dillgéncio; = a.qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime estd sendo ali praticado ou na iminéncia de o ser. § 42 -A expresso "casa compreende: 1- qualquer compartimento habitado; i aposento ocupado de habitagdo coletiva; | compartimento nfo aberto ae publico, onde alguém exerce profissio ou atividade. § 52- Ndo se compreendem na expresso "caso": 1 - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitacdo coletiva, enquanto aberta, salvo a restri¢do do n.2 ! do ardgrafo anterior; 1 taverna, casa de jogo e outras do mesmo género. SUJEITO ATIVO E PASSIVO Qualquer pessoa, crime comum TIPO OBJETIVO (CONDUTA) | “Entrar” ou “Permanecer” na casa alheia ou suas dependéncias, sempre contra a vontade de quem tenha o direito de decidir sobre o bem. E necessario que se trate de residéncia ou outro recinto FECHADO AO PUBLICO. Assim, quem se recusa a sair de um restaurante, contra a vontade do gerente, ndo comete o crime. Direito Penal pl Senado Federal (Técnico Legislative - Policia Le 2os9/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan TIPO SUBJETIVO £ odolo, a vontade de querer ingressar ou permanecer no. domicilio alheio sem autorizacao. N@o hd modalidade culposa. Assim, 0 bébado que entra na casa errada néo comete o crime. CONSUMACAO E TENTATIVA | Trata-se de crime de mera conduta, que se consuma com a mera realizacao da conduta, ndo havendo um resultado naturalistico. A tentativa é possivel (Imagine um invasor que é surpreendido pulando um muro, e é impedido de continuar sua empreitada). FORMAS QUALIFICADAS 0 §1° prevé uma forma qualificada, que ocorreré quando o crime for cometido: ¥ Anoite; ¥_ Em lugar ermo; ¥ Com emprego de violéncia ou arma; Y Por duas ou mais pessoas CAUSA DE AUMENTO DE PENA | Se o crime for cometido por funcionério piblico, com E EXLUSAO DO CRIME inobservancia das formalidades legais, a pena é aumentada em 1/3 - CUIDADO! A Doutrina majoritaria entende que este § foi revogado pela Lei de Abuso de Autoridade. Se o fato é praticado com as devidas formalidades legais, durante do dia, para efetuar prisdo, ou para interromper a pratica de crime que esteja sendo ali cometido, NAO HA CRIME (§3°). Art, 151 - Devassar indevidamente o contetido de correspondéncia fechada, dirigida a outrem: Pena - detengdo, de um a seis meses, ou multa. Sonegacio ou destruigio de correspondéncia § 12- Na mesma pena incorre: quem se apossa indevidamente de correspondéncia alheia, embora ndo fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destréi Violagtio de comunicagéo telegréfico, radioelétrica ou telefénica 11 - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicagdo telegréfica ou radivelétrica dirigida a terceiro, ou conversacao telefonica entre outras pessoas; 11 - quem impede a comunicagao ou a conversagao referidas no nimero anterior; fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 IV- quem instala ou utiliza estagdo ou aparetho radioelétrico, sem observancia de disposicdo legal. § 22 As penas cumentam-se de metade, se hd dano para outrem. § 32 - Se 0 agente comete 0 crime, com abuso de funcdo em servigo postal, telegréfico, radioelétrico ou telefénico: Pena - detengao, de um a trés anos. § 4° Somente se procede mediante representagdo, salvo nos casos do § 1°, IV, e do § 3°. A conduta prevista no caput do artigo, segundo a Doutrina majoritaria, foi revogada tacitamente pelo art. 40 da lei 6538/78". Entretanto, permanece a incriminacdo das demais condutas previstas nos §§ do artigo. Aprotegao decorre da prépria garantia constitucional da inviolabilidade das correspondéncias Xi da CF/88). O crime 6 comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, e contra qualquer pessoa. Se praticado por funcionrio pubblico, hd o crime de abuso de autoridade. O sujeito passivo é tanto quem envia a carta quanto o destinatério. (art. A Doutrina entende que o marido que Ié correspondéncia da mulher, e vice versa, nao pratica crime, em razo da comunhdo de seus interesses. Isso também ocorre no caso de pais devassarem correspondéncia destinada a filhos menores. O elemento subjetivo € o dolo, consistente na vontade de devassar a correspondéncia alheia. O crime se consuma quando 0 agente toma conhecimento do contetido da correspondéncia destinada, nfo havendo necessidade de abertura da carta (Colocar contra a luz, por exemplo). A Doutrina exige, entretanto, que a correspondéncia esteja fechada (0 que denota a intencSo de manter em sigilo 0 que ali consta). Atentativa é plenamente possivel. 0 § 1° prevé o crime de sonegacao ou destruicao de correspondéncia, que se caracteriza pelo apossamento de correspondéncia alheia com o fim de destrui la ou sonega la. O crime se consuma com 0 apossamento, pouco importando se o agente, de fato, destrdi ou sonega a correspondéncia Esta figura do art. 151, §12, | do CP, de acordo com a Doutrina, também foi tacitamente revogada, sé que pelo art. 40, §1° da Lei 6.538/78 (Lei Postal).** ‘are a0 Devassar ndev damenteo conte de correspondéne a fechada dr ena: detencio, até se s meses, ou pagamento no excedente ante das muta ar a0( ) Pena: detencio, até se s meses, ou pagamento rao excedente av nted as muta SSONEGACKO OU DESTRU GKO DE CORRESPONDENC A Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Também sao figuras equiparadas, e previstas no §1°, as condutas de: —> Quem divulga ou utiliza indevidamente comunicacdo telegrafica de terceiro, ou conversacdo telefénica entre outras pessoas; = Quem impede as comunicagées previstas acima; = Quem instala ou utiliza estaco ou aparelho radioelétrico sem as formalidades legais — Radio pirata (Este crime foi revogado tacitamente pelo art. 70 da Lei 4.17/62) Se da conduta do agente resulta algum dano para outrem, a pena é aumentada em metade (causa de aumento de pena). 0 §3°, prevé a forma qualificada do delito quando praticado por funcionério publico. Lembro a vocés que nao basta que o agente seja funcionario publico. Deve ele ter se valido desta condicao para praticar o crime. Nesse caso, o crime é préprio. A aco penal aqui, em regra, sera publica condicionada & representaso, salvo nos casos do §1°, IV e §3°, hipdteses nas quais sera publica incondicionada. Pode ocorrer, ainda, de a violago da correspondéncia se dar mediante o abuso da condiga0 de sécio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial. Vejamos: Art. 152 - Abusar da condi¢éo de sdcio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondéncia, ou revelar a estranho seu contetdo: Pena - detencio, de trés meses a dois anos. Pardgrafo unico - Somente se procede mediante representacéo. Aqui, nao basta que o agente tome conhecimento da correspondéncia, sendo necessario que ele, no todo em parte: " Adesvie ™ Asonegue = Asuprima * Asubtraia = Revele seu contetido a estranhos Trata-se de crime préprio, que somente pode ser cometido pelo empregado ou sécio do estabelecimento, e que deve abusar desta condi¢o para praticar o crime. O sujeito passivo é 0 estabelecimento que teve sua correspondéncia comercial violada. § 12- Incorre nas mesmas penas quem se apossa_ndev damente de correspondénca a he a, embora ndo fechada, para sonega- a ou destrul-a, ‘no todo ou em parte. fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 © crime se consuma ndo quando o agente toma conhecimento do contetido da correspondéncia (que é dispensavel), mas quando realiza alguma das condutas previstas no tipo. Além disso, a tentativa é plenamente possivel. O elemento subjetivo exigido é o dolo, ndo havendo modalidade culposa. Trata se de crime de aco penal publica condicionada a representacao, Oart. 153 do CP trata do crime de divulgagéio de segredo. Vejamos: Divulgacdo de segredo Art, 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteudo de documento particular ou de correspondéncia confidencial, de que é destinatério ou detentor, e cuja divulgacdo possa produzir dano a outrem: Pena - detengio, de um a seis meses, ou multa. § 1° Somente se procede mediante representacio. (Parégrafo tinico renumerado pela Lei n® 9.983, de 2000) § 10-A. Divulgar, sem justa causa, informagdes sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou ndo nos sistemas de informagdes ou banco de dados da Administracdo Publica: (Incluido pela Lein® 9.983, de 2000) Pena - detencao, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mutta. (incluido pela Lei n® 9.983, de 2000) § 20 Quando resultar prejuizo para a Administracdo Publica, a a¢dio penal seré incondicionada. (Incluido pela Lein? 9.983, de 2000) Neste crime, somente o destinatario da correspond@ncia ou aquele que a possui legitimamente é que pode ser sujeito ativo. O sujeito passivo pode ser quem enviou a correspondéncia (remetente), © destinatario, ou ambos, a depender de quem realiza a conduta. Poderd ser sujeito passivo, ainda, eventual terceiro que seja prejudicado com a divulgagao do segredo contido no documento. Ou sej * SUJEITO ATIVO: Quem divulga o contetido ~ Deve ser o destinatdrio ou 0 detentor do documento. SUJEITO PASSIVO: Aquele que enviou SEMPRE sera sujeito passivo. Além disso, é possivel que o destinatério da correspondéncia também seja sujeito passive (caso ndo seja, ele proprio, o infrator). Poder ser vitima, ainda, qualquer terceira pessoa que venha a ser prejudicada pela conduta criminosa. Vejam que 0 tipo fala em “sem justa causa”. Esse termo denota um “elemento normativo do tipo”. O que isso significa? Significa que se a pessoa revela 0 contetido do documento de forma LEGAL, no ha crime. EXEMPLO: Se o funcionario puiblico, por determinagao do Juiz, revela em audiéncia o segredo contido em determinado documento, do qual é detentor, 0 faz COM JUSTA CAUSA, nao praticando crime. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Exige-se, ainda, que o segredo revelado seja capaz de causar algum dano sério a alguém. Nao basta que seja confidencial. Essa andlise deve ser feita caso a caso. crime se consuma com a revelagio do segredo, sendo irrelevante para a consumagio do delito a ocorréncia do dano. A tentativa é discutida na Doutrina, havendo quem a entenda possivel EXEMPLO: José envia carta a Marcelo, informando que ficou sabendo que Carlos teve relacdes sexuais com uma colega de trabalho. Marcelo, com 0 intuito de prejudicar Carlos, leva a carta ao conhecimento de Hugo, chefe de Carlos. Hugo, no entanto, nao pune Carlos, e ainda o parabeniza por ser um “garanhio”. Nesse caso, temos crime consumado ou tentado? Temos crime CONSUMADO, pois o crime se consuma com a mera realiza¢ao da conduta prevista no tipo penal, sendo IRRELEVANTE, para a consumagio do delito, que 0 dano visado efetivamente ocorra. Trata-se de crime de acdo penal publica condicionada a representacao. Se as informacées divulgadas forem relativas 3 Administracao Publica, teremos o crime do §1°- A, vejamos: § 10-A. Divulgar, sem justa causa, informacées sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou ndo nos sistemas de informagdes ou banco de dados da Administragdo Publica: (Incluido pela Lei n® 9.983, de 2000) Pena - detenciio, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, ¢ multa. (Incluido pela Lei n® 9.983, de 2000) § 20 Quando resultar prejuizo para a Administracdo Publica, a agdo penal seré incondicionada, (Incluido pela Lei n? 9.983, de 2000) Percebam que o crime do art. 153 é de aco penal publica condicionada a representacio, conforme consta no §12. Contudo, se dessa divulgagao resulta dano & administracao publica, o crime seré de ago penal publica incondicionada. Finalizando os crimes de inviolabilidade dos segredos, temos o crime de viola¢do de segredo profissional. Nos termos do art. 154 do CP: Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciéncia em razdo de funcGo, ministério, oficio ou profissdo, e cuja revelagGo possa produzir dano a outrem: Pena - detencdo, de trés meses @ um ano, ou multa. Pordgrafo unico - Somente se procede mediante representacao. Aqui temos um crime préprio, pois somente aquele que tem ciéncia do segredo em razio de fungdo, ministério (Padre, por exemplo), oficio ou profisséo (médico), pode praticar o delito. O sujeito passivo sera aquele que for exposto a perigo de dano com a divulgacdo do segredo, podendo ser qualquer pessoa. fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 Aqui, mais uma vez, se exige que a conduta do agente se dé “sem justa causa” (elemento normativo do tipo penal), de forma que se o agente revelar 0 segredo com justa causa, ndo cometera crime. A justa causa estard presente em diversas hipsteses, principalmente quando o titular do segredo autorizar a divulgacao ou no caso em que o interesse piiblico se sobreponha ao interesse particular. Assim, n3o comete crime (por exemplo) 0 médico que, ao tomar conhecimento de moléstia contagiosa, comunica 0 fato a autoridade (art. 269 do CP), ainda que o paciente no autorize. O elemento subjetivo € 0 dolo, ndo se exigindo que o agente tenha a intenco de prejudicar a vitima. No hd modalidade culposa. Por se tratar de crime formal, consuma se com a mera divulgacdo do segredo (conhecimento do fato por terceiros), dispensando a ocorréncia do dano para a consumagio do delito. Se for praticado o crime pela forma escrita (carta divulgando o segredo), a tentativa é possivel. Trata se de crime de a¢ao penal publica condicionada a representagao. O art. 154-A (inserido pela Lei 12.737/12) prevé como criminosa a conduta de invaséo de dispositivo informatico (os chamados hackers ou crackers). Vejamos: Invasdo de dispositive informatico _(Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia Art. 154-A. Invadir dspositvo informatico alhelo, conectado ou nao a rede de computadores, mediante violacdo indevida de mecanismo de seguranga e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informogées sem utorizagdo expresso ou tdcita do titular do dispositive ou instolar vulnerabilidades pora obter vantagem ilicita: (Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia Pena - detencio, de 3 (trés) meses a1 (um) ano, e multo. _(Incluido pela Lein® 12.737, de 2012) Vigéncia § 10 Na mesma pena incorre quem produs, oferece, distribui, vende ou alfunde dispositive ou programa de computador com o intuito de permitir a prética da conduta definida no caput. _(Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia § 20 Aumenta-se a pena de um sexto a um terco se da invasdo resulta prejulzo econémico. _(Incluldo pela Lein? 12.737, de 2012) Vigéncia § 30 Se da invasdo resultar a obtencdio de conteuido de comunicagées eletrénicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informagées sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto néo autorizado do dispositivo invadido: —(Ineluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia Pena - recluséio, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta néo constitui crime mais grave. (Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia § 40 Na hipstese do § 30, aumenta-se a pena de um a dois tercos se houver divulgacdo, comercializacdo ou transmissGo a terceiro, o qualquer titulo, dos dados ou informaces obtidos. _(Incluido pela Lei n? 12.737, de 2012) Vigéncia Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan §50 Aumenta-se a pena de um terco a metade se o crime for praticado contra: _(Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia 1- Presidente da Reptblica, governadores e prefeitos; _(Incluido pela Lein® 12.737, de 2012) Vigéncia Il- Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluido pela Lei n? 12.737, de 2012) Vigéncia l- Presidente da Camara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Cémara Legislativa do Distrito Federal ou de Cémara Municipal; ou _(Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia WV - dirigente méximo da administragao direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. —(Incluido pela Lein? 12.737, de 2012) Vigéncia Agdo penal (Incluido pela Lei n? 12.737, de 2012) Vigéncia Art, 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representacdo, salvo se o crime é cometido contra a administracdo publica direta ou indireta de qualquer dos Poderes da Unido, Estados, Distrito Federal ou Municipios ou contra empresas concessiondrias de servigos publicos. (Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia Vejam que a conduta somente é punida a titulo de dolo, ndo havendo modalidade culposa. Exige-se, ainda, o especial fim de agir, consistente na intengdo de OBTER, ADULTERAR OU DESTRUIR os dados da vitima (ou de terceiros, que também serao vitima). Fundamental, ainda, que © agente invada o dispositive mediante violagdo indevida de mecanismo de segurana. Assim, caso nao haja mecanismo de seguranga capaz de evitar a invaso, no estaremos diante deste tipo penal. A consumagao do delito se dé quando o agente efetivamente INVADE o dispositive informatico (desde que possua uma das intenges ja elencadas), independentemente do fato de ele conseguir ou nao obter, alterar ou destruir os dados. 0 §12 traz uma causa de equiparaco, extensivel aqueles que produzem, distribuem, oferecem ou vendem programa de computador com o intuito de permitir a pratica da conduta prevista no caput do art. 154-A. Se da conduta resulta prejuizo econdmico, a pena é aumentada de um sexto a um terco. Se resultar obtencao de contetido de comunicacdes eletrénicas PRIVADAS, SEGREDOS COMERCIAIS QU INDUSTRIAIS, INFORMACOES SIGILOSAS ou o CONTROLE REMOTO DO DISPOSITIVO INVADIDO, a pena passa a ser de 06 meses a 02 anos. Nesse tiltimo caso, se os dados sigilosos obtidos so divulgados, transmitidos ou comercializados a terceiros, a pena é aumentada de um sexto a dois tercos. 0 §52 traz uma causa de aumento de pena (de um terco a metade) caso 0 delito seja praticado contra: = Chefes do Poder Executivo = Presidente do STF = Presidente dos Orgiios Legislativos (da Unio, dos estados ou Municipio) = Dirigente maximo da administracdo direta e indireta federal, estadual, municipal ou do DF fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 O art. 154 B, por fim, estabelece que a aco penal para este delito é, em regra, piiblica condicionada. Contudo, se 0 crime for cometido contra a administracao publica (direta ou indireta de qualquer esfera federativa), ou contra empresas concessionérias de servicos publics, em que a ‘aco penal seré publica incondicionada. Ecos eestor Us LerruRa, OBRIGATORIA CODIGO PENAL % arts. 121 a 154-B do CP ~ Tipificam os crimes contra a pessoa: rirutot ‘DOS CRIMES CONTRA A PESSOA capiruLot DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicidio simples Art, 121. Matar alguem: Pena - reclusdo, de seis a vinte anos. Caso de diminuigdo de pena § 12 Se o.agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o dominio de violenta emogéo, logo em seguida a injusta provocagao, Homicidio qualificado § 2" Se o homicidio é cometido: 1- mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 1M por motivo futil; | - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfivia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que ppossa resuttar perigo comum; IV-4 traigdo, de emboscado, ou mediante dissimulagdo ou outro recurso que aificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V- para assegurar a execuedo, a ocultacdo, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusdo, de doze a trinta anos. Feminicidio _(Incluido pela Lei n® 13.104, de 2015) Vi- contra a mulher por razdes da condigdo de sexo feminino: _(Incluido pela Lei n® 13.104, de 2015) Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 ww ostratogiaconcursos.com.br oan Vil contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 € 144 da Constituicdo Federal, integrantes do sistema prisional e da Forca Nacional de Seguranca Publica, no exercicio da funcdo ou em decorréncia dela, ou contra seu cénjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau, em razao dessa condi¢do: _(Incluido pela Lei n® 13,142, de 2015) Pena - reclusiio, de doze a trinta anos. § 20-A Considera-se que hd raz6es de condigdo de sexo feminino quando o crime envolve: _(Incluido pela Lei n® 13.104, de 2015) 1-violéncia doméstica e familiar; (Incluido pela Lei n® 13.104, de 2015) 1- menosprezo ou discriminacdo a condicéio de mulher. _ (Incluido pela Lei n® 13.104, de 2015) Homicidio culposo § 32.Se 0 homicidio é culposo: (Vide Lei n? 4.611, de 1965) Pena - detencdo, de um a trés anos. ‘Aumento de pena § 40 No homicidio culposo, @ pena é aumentada de 1/3 (um terco), se o crime resulta de inobservancia de regra técnica de profissao, arte ou oficio, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro a vitima, ndo procura diminuir as conseqiiéncias do seu ato, ou foge para evitar prisiio em flagrante. Sendo doloso o homicidio, a pena € aumentada de 1/3 (um terco) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redacdo dada pela Lei n? 10.741, de 2003) § 52-Na hipdtese de homicidio culposo, o juiz poderd deixar de aplicar a pena, se as consequéncias da infragao atingirem o préprio agente de forma téo grave que a sangéo penal se torne desnecesséria. (Incluido pela Lein® 6.416, de 24.5.1977) § 60 Apena é aumentada de 1/3 (um terco) até a metade se o crime for praticado por milicia privada, sob 0 pretexto de prestacdo de servico de seguranca, ou por grupo de exterminio. _(Incluido pela Lei n® 12.720, de 2012) § 70.A pena do feminicidio é aumentada de 1/3 (um tergo) até a metade se o crime for praticado: (Incluido pela Lein® 13.104, de 2015) I- durante a gestagao ou nos 3 (trés) meses posteriores ao parto; _(Incluido pela Lein® 13.104, de 2015) Il contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiéncia ou portadora de doencas degenerativas que acarretem condicdo limitante ou de vulnerabilidade fisica ou mental; (Redago dada pela Lei n? 13.771, de 2018) 1I1-na presenca fisica ou virtual de descendente ou de ascendente da vitima; (Redagéo dada pela Lei n? 13.771, de 2018) IV em descumprimento das medidas protetivas de urgéncia previstas nos incisos |, Ve Ili do coput do art. 22 da Lei n? 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluido pela Lei n? 13.771, de 2018) Induzimento, instigacdo ou auxilio a suicidio Art, 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-the auxilio para que o faca: Pena - reclusdo, de dois a seis anos, se o suicidio se consuma; ou reclusdo, de um a trés anos, se da tentativa de suicidio resulta lesdo corporal de natureza grave. Pardgrafo inico - A pena é duplicada: ‘Aumento de pena 1- se 0 crime & praticado por motivo egolstico; fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 |U- se a vitima é menor ou tem diminuida, por qualquer causa, a capacidade de resisténcia. Infanti Art, 123 - Matar, sob a influéncia do estado puerperal, o préprio filho, durante o parto ou logo apés: Pena - detengéo, de dois a seis anos. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem Iho provoque: (Vide ADPF 54) Pena - detengéo, de um a trés anos. ‘Aborto provacado por tercelro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusdo, de trés a dez anos. Art. 126 - Provocar aborto com 0 consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) Pena - reclusdo, de um a quatro anos. Pardgrofo ‘nico. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante nao é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debi mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaca ou voléncia Forma qualificada Art. 127 -As penas cominadas nos dois artigos anteriores sto aumentadas de um terco, se, em conseqiéncia do aborto ou dos meios empregados para provoci-lo, a gestante sofre lesio corporal de natureza grave; e sao duplicades, se, por qualquer dessas causas, Ihe sobrevém o morte. Art. 128 - NGo se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) Aborto necessério 1 -se ndio hd outro melo de salvar a vida da gestant Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 1i-se a gravider resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. capiruLon DAS LESOES CORPORAIS Lesio corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ov a saiide de outrem: Pena - detencéio, de trés meses a um ano. Lesto corporol de natureza grave $12 Se resul | Incapacidade pora as ocupagées habituais, por mais de trinta dias; U- perigo de vida; 1-debilidade permanente de membro, sentido ou fungo; WW- aceleragéo de parto: Pena - reclusdo, de um a cinco anos. 2019/2020 fF} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislative - Policia Lé EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan §.2° Se resulta: 1- Incopacidade permanente para o trabalho; I1- enfermidade incuravel; Mi perda ow inutilizacao do membro, sentido ou funcéo; IV- deformidade permanente; V-aborto: Pena - reclusdo, de dois a oito anos. Lesdo corporal sequida de morte § 3° Se resulta morte e as circunsténcias evidenciam que 0 agente néo quis o resultado, nem assumiu 0 risco de produzi-to: Pena - recluséio, de quatro a doze anos. Diminuigdo de pena § 4° Se o.agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o dominio de violenta emogao, logo em seguida a injusta provocagdo da vitima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um tergo. Substituigo da pena §5° O juiz, ndo sendo graves as lesdes, pode ainda substituir a pena de detencéo pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis 1 - se ocorre qualquer dos hipsteses do parégrafo anterior; 11-se as lesées séo reciprocas. Lesdo corporal culposa §.6° Se a lesdo é culposa: (Vide Lein® 4.611, de 1965) Pena - detencao, de dois meses a um ano. ‘Aumento de pena $70 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terco) se ocorrer qualquer das hipdteses dos §§ 40 e 60 do art. 121 deste Cédigo. (Reddo dada pela Lei n? 12.720, de 2012) § 82- Aplica-se 4 lesdo culposa o disposto no § 5? do art. 121.(Redacéio dada pela Lei n® 8.069, de 1990) Violéncia Doméstica (Incluido pela Lei n® 10.886, de 2004) § 90 Se a lesdo for praticada contra ascendente, descendente, irméo, cénjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relagdes domésticas, de coabitagdo ou de hospitalidade: (Redagao dada pela Lei n? 11.340, de 2006) Pena - detenciio, de 3 (trés) meses a 3 (trés) anos. (Redagéio dada pela Lei n® 11.340, de 2006) § 10. Nos casos previstos nos §§ 10 a 30 deste artigo, se as circunsténcias so as indicadas no § 90 deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um tergo). (Incluido pela Lei n? 10.886, de 2004) § 11. Na hipdtese do § 90 deste artigo, a pena serd aumentada de um terco se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiéncia. (Incluido pela Lei n® 11.340, de 2006) § 12. Se a lesdo for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituicao Federal, integrantes do sistema prisional e da Forca Nacional de Seguranca Publica, no exercicio da funcéio ou fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 ‘em decorréncia dela, ou contra seu cdnjuge, companheiro ou porente consanguineo até terceiro gray, em razdo dessa condigdo, a pena é aumentada de um a dois tergos. (Incluido pela Lei n? 13.142, de 2015) capiru.om DA PERICLITACAO DA VIDA E DA SAUDE Perigo de contégio venéreo Art. 130 - Expor alguém, por meio de relagdes sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contégio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que esté contaminado: Pena - detengéo, de trés meses a um ano, ou multa. $12- Se é intengdo do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusdo, de um a quatro anos, e muta. §28- Somente se procede mediante representagdo. Perigo de contégio de moléstia grave Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que esté contaminado, ato capaz de produzir 0 contagio: Pena -reclusdo, de um a quatro anos, e mutta Perigo para a vida ou saiide de outrem Art, 132 - Expor a vida ou a satide de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detengfo, de trés meses a um ano, se fato ndo consttui crime mais grave. Parégrafo tinico. A pena é aumentada de um sexto.a um tergo se o exposicdo da vida ou do saude de outrem «@ perigo decorre do transporte de pessoas para a prestagdo de servigos em estabelecimentos de qualquer atureza, em desacordo com as normas legals. (Incluido pela Lei n® 9.777, de 1998) ‘Abandono de incapaz Art. 133 - Abandonar pessoa que estd sob seu cuidado, guarda, vigiléncia ou autoridade, e, por qualquer ‘motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detengdo, de seis meses a trés anos. §12- Se do abandono resulta lesdo corporal de natureza grave: Pena - reclusdo, de um a cinco anos. §28- Se resulta a morte: Pena - reclusdo, de quatro a doze anos. Aumento de pena §32- As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um tergo: 1-se 0 abandono ocorre em lugar ermo; -se o agente é ascendente ou descendente, cOnjuge, irmdo, tutor ou curador da vitima. ul~se a vitima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluido pela Lei n® 10.741, de 2003) Exposigdo ou abandono de recém-nascido Art, 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra prépria: Pena - detengao, de seis meses a dois anos. 2019/2020 fF} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislative - Policia Lé EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan § 12- Se do fato resulta lesdo corporal de natureza grave: Pena - detencio, de um a trés anos. § 29-Se resulta a morte: Pena - detencio, de dois a seis anos. Omisstio de socorro Art. 135 - Deixar de prestar assisténcia, quando possivel fazé-lo sem risco pessoal, @ crianca abandonada ou extraviada, ou @ pessoa invélida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou nao pedir, nesses casos, 0 socorro da autoridade publica: Pena - detengdo, de um a seis meses, ou muita. Pardgrafo tnico - A pena é aumentada de metade, se da omissdo resulta lestio corporal de natureza grave, € triplicada, se resulta a morte. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluido pela Lei n® 12.653, de 2012). Art. 135-A. Exigir cheque-caucao, nota promisséria ov qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulérios administrativos, como condigéo para 0 atendimento médico-hospitalar emergencial:. (incluido pela Lei n® 12.653, de 2012). Pena - detengao, de 3 (trés) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluido pela Lei n? 12.653, de 2012). Pardgrafo unico. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesto corporal de notureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (incluido pela Lei n® 12.653, de 2012). ‘Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a satide de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigiléncia, para fim de educaco, ensino, tratamento ou custédia, quer privando-a de alimentacdo ou cuidados indispensdveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correc ou disciplina: Pena - detencio, de dois meses a um ano, ou multa. § 12 Se do fato resulta lesao corporal de natureza grave: Pena - reclusdo, de um a quatro anos. § 22 Se resulta a morte: Pena -reclusdo, de quatro a doze anos. § 3° - Aumenta-se a pena de um tergo, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (cotorze) anos. _(Incluido pela Lei n® 8.069, de 1990) CAPITULO IV DARIXA Rixa Art, 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores. Pena - detencdo, de quinze dias a dois meses, ou multa. Pardgrafo tinico - Se ocorre morte ou lesdie corporal de natureza grave, aplica-se, pelo foto da participacdo na rixa, a pena de detencao, de seis meses a dois anos. fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 capiruLov DOS CRIMES CONTRA A HONRA Calinia Art, 138 - Caluniar alguém, imputando-ihe falsamente fato definido como crime: Pena - detengao, de seis meses a dois anos, e multa, §.19- Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputacdo, a propala ou divuiga. §28- £ punivel a calinia contra os mortos. Excecéo da verdade $32 Admite-se a prova da verdade, salvo: | - se, constituindo 0 fato imputado crime de a¢do privada, o ofendido ndo foi condenado por sentenga Inrecorrivel; I1- se 0 fato ¢ imputade o qualquer das pessoas indicadas no n® | do art. 141; ul-se do crime imputado, embora de aco publica, 0 ofendido foi absolvide por sentenga irrecorrivel. Difamasao Art. 139 - Difamar alguém, imputando-the fato ofensivo @ sua reputagéio: Pena - detengio, de trés meses a um ano, e multa. Excecdo da verdade Parégrafo Unico -A excectio da verdode somente se admite seo ofendido & funcionério publico ea ofensa é relativa ao exercicio de suas funcées. Anjana ‘Art. £40 Injuriar alguém, ofendendo-the a dignidade ou 0 decoro: Pena - detengao, de um a seis meses, ov multa. § 18-0 juz pode deixar de aplicar a pena: 1- quando 0 ofendido, de forma reprovével, provocou diretamente a injirio; 11-0 c0s0 de retorsdo imediato, que consista em outra inj. {§ 22- Sea injiria consiste em violéncia ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se ‘considerem avittantes: Pena - detengéo, de trés meses a um ano, e multa, além da pena correspondente @ violéncia. § 30 Se a injiria consiste na utilizacdo de elementos referentes a rata, cor, etnia, religio, origem ou a condigio de pessoa idasa ou portadora de deficiéncia: (Redacéo dada pela Lei n® 10.741, de 2003) Pena -reclusdo de um a trés.anos.e multa. _(Incluido pela Lei n® 9.459, de 1997) Disposigoes comuns Art, 141 ~As penas cominadas neste Copitulo aumentam-se de um terco, se qualquer dos crimes é cometido: 1- contra o Presidente da Republica, ou contra chefe de governo estrangeiro; - contra funcionério publico, em razdo de suas fungbes; - na presenca de vérias pessoas, ou por meio que facilite a divulgagdo da calinia, da difamagao ou da injéria. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan IV contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiéncia, exceto no caso de injuria. (Incluido pela Lei n® 10.741, de 2003) Pardarafo unico - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. Exclusdo do crime Art, 142 - No constituem injiria ou difamacdo punivel: 1a ofensa irrogada em juizo, na discussao da causa, pela parte ou por seu procurador; I1- a opinido desfavorével da critica literéria, artistica ou cientifica, salvo quando inequivoca a intengdo de injuriar ou difamar; IN| 0 conceito desfavordvel emitido por funcionério piiblico, em apreciagéio ou informagiio que preste no cumprimento de dever do oficio. Pardgrafo tinico - Nos casos dos ns. |e Ill, responde pela injuiria ou pela difamacdo quem Ihe dé publicidade. Retratacao Art. 143 -O querelado que, antes da sentenca, se retrata cabalmente da caldnia ou da difamacéo, fica isento de pena. Pardgrafo tinico. Nos casos em que 0 querelado tenha praticado a calinia ou a difamagao utilizando-se de meios de comunicactio, a retratacdo dar-se-6, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluido pela Lei n? 13.188, de 2015) Art, 144- Se, de referéncias, alusdes ou frases, se infere calinia, difamacao ou injuria, quem se ulga ofendido pode pedir explicagSes em juizo. Aquele que se recusa a dé-las ou, a critério do juiz, ndo as dé satisfatorias, responde pela ofensa. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capitulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 28, da violéncia resulta leso corporal, Pardgrafo unico. Procede-se mediante requisico do Ministro da Justica, no caso do inciso | do caput do art. 1141 deste Cédigo, e mediante representacao do ofendido, no caso do inciso ll do mesmo artigo, bem como no caso do § 30 do art. 140 deste Cédigo. (Redagiio dada pela Lei n® 12.033. de 2009) CAPITULO VI DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL SEGAO! DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL Constrangimento ilegal Art. 146 - Constranger alguém, mediante violencia ou grave ameaga, ou depois de Ihe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resisténcia, a néo fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela néo manda: Pena - detencéo, de trés meses a um ano, ou multa. ‘Aumento de pena § 12-As penas oplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execugo do crime, se reinem mais de trés pessoas, ou hd emprego de armas. § 22- Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes @ violéncia. § 32- NGo se compreendem na disposicdo deste artigo: fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 1J- a intervengtio médica ou cirdrgica, sem 0 consentimento do paciente ou de seu representante legal, se Justificada por iminente perigo de vida; U- a cougao exercida para impedir suicidio. Ameaca Art, 147 - Ameacar alguém, por palovra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbdlico, de causar-the ‘mal injusto e grave: Pena - detengéo, de um a seis meses, ou multa. Parégrafo Unico - Somente se procede mediante representacio. Seqilestro e cdrcere privado Art, 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cércere privado: _(Vide Lei n® 10.446, de 2002) Pena - reclusdo, de um a trés anos. $12-A pena é de reclusdio, de dois a cinco anos: 1-se a vitima é ascendente, descendente, cénjuge ou companheiro do agente ou moior de 60 (sessenta) ‘anos; (Redagdo dada pela Lei n® 11.106, de 2005) U- se 0 crime é proticado mediante internagao da vitima em casa de satide ou hospital; il-se a privagao da liberdade dura mais de quinze dias. Ise o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; _(Incluide pela Lei 11.106, de 2005) 1.106, de 2005) § 22- Se resulta a vitimo, em razdo de maus-tratos ou da natureza da detencdo, grave sofrimento fisico ou moral: V—se ocrime é praticado com fins libidinosos. _(Incluido pela Let Pena - reclusio, de dois a oito anos. Reduce a condicdo anéloga a de escrave ‘Art. 149. Reduzir alguém a condi¢Go andloga a de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forcados ou a Jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condigées degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomogao em raztio de divida contraida com o empregador ou preposto: (Redagdo dada pela Lei n? 10.803, de 11.12.2003) Pena -reclusdo, de dots @oito anos, e multa, além da pena correspondente d violencia. (Reda¢Go dada pela Lein® 10.803, de 11.12.2003) $10 Nas mesmas penas incorre quem: _(Incluido pela Lei n® 10.803, de 11.12.2003) | cerceia 0 uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de reté-lo no local de trabalho; (Incluido pela Lei n® 10.803, de 11.12.2003) 11—mantém vigiléncia ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou abjetos pessoais do trabalhador, com o fim de reté-lo no local de trabalho. _(Incluido pela Lei n® 10.803, de 11.12.2003) §20A,peno é aumentada de metade, se ocrime & cometide: _(Incluido pela Lei n® 10.803, de 11.12.2003) |contra crianga ou adolescente; _(Incluido pela Lein® 10.803, de 11.12.2003) 1 por motivo de preconceito de raga, cor, etnia, religido ou origem. _(Incluido pela Lei n? 10.803, de 14.12.2003) Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Tréfico de Pessoas (incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) —_(Vigéncia) Art. 149-A. Agenciar, alicic r, recrutar, transportar, transferir, comprar, olojar ou acolher pessoa, mediante grave ‘ameaca, violéncia, coacéo, fraude ou abuso, com a finalidade de: (Incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) (Vigéncia) I-remover-the érgdios, tecidos ou partes do corpo; (incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) —_(Vigéncia) 11- submeté-la a trabalho em condi¢es andlogas & de escravo; (incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) (Vigéncia) l- submeté-la a qualquer tipo de servidéo; (Incluido pela Lein? 13.344, de 2016) (Vigéncia) 1V- adogéi ilegat; ou (incluido pela Lein® 13.344, de 2016) (Vigéncia) V- exploragéo sexual (incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) _(Vigéncia) Pena reclusdo, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) —(Vigéncia) $10Apenaéaumentada de um tergoaté ametade se: _(Incluido pela Lein? 13.344, de 2016) _(Vigéncia) 1- 0 crime for cometido por funciondrio publico no exercicio de suas fungées ou a pretexto de exercé-las; (Incluido pela Lein® 13.344, de 2016) (Vigéncia) W1-0.crime for cometido contra crianca, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiéncia; (incluido pela Lein® 13,344, de 2016) —_(Vigéncia) Ml - 0 agente se prevalecer de relagdes de parentesco, domésticas, de coabitacdo, de hospitalidade, de dependéncia econémica, de autoridade ou de superioridade hierérquica inerente ao exercicio de emprego, cargo ou funcao; ou (incluido pela Lein? 13.344, de 2016) (Vigéncia) 1V- avitima do tréfico de pessoas for retirada do territorio nacional. (incluido pela Lei n? 13.344, de 2016) (Vigéncia) § 20 A pena é reduzida de um a dois tercos se 0 agente for primério e néo integrar organizagéo criminosa. (incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) _(Vigéncia) seciou DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICILIO. Violacdo de domicilio Art, 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tacita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependéncias: Pena - detencdo, de um a trés meses, ou multa. § 12-Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com 0 emprego de violéncia ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena - detencio, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente 6 violéncia. § 22- Aumento-se a pena de um tergo, se 0 fato ¢ cometido por funciondrio piiblico, fora dos casos legais, ou com inobservancia das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. § 32- Nao constitui crime a entrada ou permanéncia em casa alheia ou em suas dependéncias: 1- durante 0 dia, com observancia das formalidades legais, para efetuar prisdio ou outra diligéncia; W-@ qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime esta sendo ali praticado ou na iminéncia de o ser. § 42--A expresso "casa" compreende: fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 1 - qualquer compartimento habitado; 11- aposento ocupade de habitagéio coletiva; 111- compartimento néo aberto ao piblice, onde alguém exerce profissdo ou atividade. § 58 Ndo se compreendem na expresso "caso": |- hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitagdo coletiva, enquanto aberta, salvo a restrieao do n.2 II do pardgrofo anterior; - taverna, casa de jogo e outras do mesmo género. secAO Mt ‘DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDENCIA Violagtio de correspondéncia ‘Art. 151 -Devassar indevidamente o conteddo de correspondéncia fechado, drigida a outrem: Pena - detengfo, de um a seis meses, ou mutta Sonegaséo ou destruigdo de correspondéncia § 19- Na mesma pena incorre: |-quem se apossa indevidamente de correspondéncia alheia, embora ndo fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destréi; Violastio de comunicagdio telegréfica, rodioelétrica ou telefénica l= quem indevidamente divulgo, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicagao telegréfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversacao telefonica entre outras pessoas; Ul-quem impede a comunicacéo ou a conversacto referidas no numero anterior; 1V- quem instola ou utiliza estagdo ou aparelho radivelétrico, sem observancia de disposicao legal. §28- As penas aumentam-se de metade, se hd dano para outrem. § 32 Se 0 agente comete o crime, com abuso de funcdo em servigo postal, telegréfico, radioelétrico ou telefénico: Pena - detengao, de um a trés anos. $48 - Somente se procede mediante representagao, salvo nos casos do § 18, IV, e do § 38. Correspondéncia comercial ‘Art. 152 - Abusar da condigéo de sécio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondéncio, ou revelar a estranho seu conteido: Pena - detengdo, de trés meses a dois anos. Pardgrafo unico - Somente se procede mediante representagao. SECAO IV (DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS Divulgasdo de segredo 2019/2020 fF} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislative - Policia Lé EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteudo de documento particular ou de correspondéncia confidencial, de que é destinatério ou detentor, e cuja divulgacdo possa produzir dano a outrem: Pena - detencio, de um a seis meses, ow muita. § 19 Somente se procede mediante representacao. (Pardgrafo linico renumerado pela Lei n? 9.983, de 2000) § 10-A. Divulgar, sem justa causa, informacées sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou 1ndo nos sistemas de informacdes ou banco de dados da Administragéio Publica: (Incluido pela Lei n? 9.983, de 2000) Pena detengao, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluido pela Lei n® 9.983, de 2000) § 20 Quando resultar prejuizo para a Administragio Publica, a agéo penal seré incondicionada. (Incluido pela Lei n? 9.983, de 2000) Violagao do segredo profissional Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciéncia em razdo de funcéo, ministério, oficio ou profissao, e cuja revelacdo possa produzir dano a outrem: Pena - detengdo, de trés meses a um ano, ou multa. Parégrafo Unico - Somente se procede mediante representacao. Art. 154-A. Invadir dispositive informético alheio, conectado ou no a rede de computadores, mediante violagao indevida de mecanismo de sequranca e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informagées sem autorizacdo expressa ou tdcita do titular do dispositive ow instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilicita: (Incluido pela Lei n? 12.737, de 2012) Vigéncia Pena - detencio, de 3 (trés) meses a1 (um) ano, e multa. _(Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia § 10 Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositive ou programa de computador com o intuito de permitir a pratica da conduta definida no caput. _(Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia $20 Aumenta-se a pena de um sexto a um ter¢o se da invasGo resulta prejuizo econémico. _(Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia 530 Se da invasdo resultar a obtengiio de contetido de comunicacées eletrOnicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informagées sigilosas, assim definidas em lei, ou 0 controle remoto néo autorizado do dispositive invadido: (Incluido pela Lei n? 12.737, de 2012) Vigéncia Pena - reclusdo, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, € multa, se a conduta ndo constitui crime mois grave. —(Incluido pela Lein® 12.737, de 2012) Vigéncia § 40 Na hipatese do § 30, aumenta-se a pena de um a dois tercos se houver divulgacéo, comercializacdo ou transmissdo a terceiro, a qualquer titulo, dos dados ou informagées obtidos. _(Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia § 50 Aumenta-se a pena de um terco a metade se o crime for praticado contra: _(Incluido pela Lein® 12.737, de 2012) Vigéncia 1- Presidente da Reptblica, governadores e prefeitos; _(Incluido pela Lein® 12.737, de 2012) _Vigéncia 1- Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluido pela Lein? 12.737, de 2012) Vigéncia I - Presidente da Cémara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Cémara Legislative do Distrito Federal ou de Cémara Municipal; ou (Incluido pela Lei n? 12.737, de 2012)Vigéncia IV = dirigente maximo da administracdo direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. (incluido pela Lein? 12.737, de 2012) Vigéncia fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo ‘Aula 06 Asdio penal _(Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia Art, 154-8. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representagdo, salvo se o crime é ‘cometido contra a administragdo publica direta ou indireta de qualquer dos Poderes da Unido, Estados, Distrito Federal ou Munic/pios ou contra empresas concessionérias de servicos puiblicos. _(Incluido pela Lei n® 12.737, de 2012) Vigéncia cee) Ss aS [3.1 Somutas po STF % Stimula 714 do STF: Consolida o entendimento do STF quanto a legitimidade concorrente entre o ofendido e o Ministério Publico para a aco penal por crime contra a honra de servidor puiblico em razo do exercicio de suas fungées: ‘Sdmula 714 do STF -“€ concorrente 2 eg tm dade do ofend do, med ante que x2, e do M n stér o Pub co, cond ¢ onada & representacio do ofend do, para a agio pena por er me contra a honra de serv dor pb co em razio do exercic 0 de suas fFungées." | 3.2 SUMULAS DO STJ ‘ Stimula 542 do STJ: Seguindo entendimento do STF sobre o tema, o ST! sumulou entendimento no sentido de que a aco penal referente ao crime de lesao corporal, quando praticado no contexto de violéncia doméstica contra a mulher, é publica incondicionada: ‘Sdmula 542 do $TJ- A agdo pena re at va a0 cr me de eso corpora resu tante de v 0 énca domést ca contra a mu her & paab ca_ncond conada Cao eI aie PRATICARI 01. (FGV-2017 - TRT-SC - ANALISTA JUDICIARIO) Insatisfeito com o comportamento de seu empregador Juca, Carlos escreve uma carta para a familia daquele, afirmando que Juca seria um estelionatério e torturador. Lacra a carta e a entrega no correio, adotando todas as medidas para que chegasse aos destinatarios. No dia seguinte, porém, Carlos se arrepende de seu comportamento e passa a adotar conduta para evitar que a carta fosse Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 ww ostratogiaconcursos.com.br oan lida por qualquer pessoa e o crime consumado. Carlos vai até a casa de Juca, tenta retirar a carta da caixa do correio, mas vé 0 exato momento em que Juca € sua esposa pegam o envelope e leem todo o escrito. Ofendido, Juca procura seu advogado e narra 0 ocorrido. Considerando a situacao apresentada, o advogado de Juca deverd esclarecer que a conduta de Carlos configura crime de: a) injuria, consumado; b) tentativa de injuria, pois houve arrependimento eficaz, devendo Carlos responder apenas pelos atos ja praticados; ¢) tentativa de caliinia, pois houve desisténcia voluntéria, devendo Carlos responder apenas pelos atos ja praticados; d) tentativa de caldnia, pois houve arrependimento eficaz, devendo Carlos responder apenas pelos atos ja praticados; e) calunia, consumado. 02. (FGV -2017-TRT-SC- ANALISTA JUDICIARIO) Lucas é empregador dos trabalhadores Manuel, Francisco e Pedro em sua fazenda na zona rural. Analise as trés situagdes apresentadas: |. Lucas retém a carteira de identidade de Manuel, tinico documento deste, impedindo que deixe o local de trabalho. Il, Lucas autoriza que Francisco gaste apenas 15 minutos todo dia para horario de almoco, de modo que Francisco somente pode comprar uma refeigdo na pequena cantina de Lucas que funciona dentro da fazenda. Em razdo dos altos precos dos produtos, Francisco contrai divida alta e é impedido de deixar a fazenda antes do pagamento dos valores devidos. Il Lucas instala diversas cdmeras e outros mecanismos de vigilancia ostensiva na fazenda com o fim de reter Pedro em seu local de trabalho. Considerando as situages apresentadas, 0 comportamento de Lucas em relacdo a Manuel, Francisco e Pedro configura, respectivamente, o(s) crime(s) de: a) redugdo a condicao andloga a de escravo, nas trés situacées; b) reducao & condicdo andloga 8 de escravo, exercicio arbitrério das préprias razbes e redugdo condigio andloga a de escravo; 0) apropriacao indébita, redugao & condicao andloga & de escravo e redugo & condigo andloga a de escravo; d) carcere privado, exercicio arbitrario das proprias razdes e reduco & condicio andloga 4 de escravo; e) reduc & condigdo andloga 8 de escravo, redugio a condi¢aio andloga & de escravo e constrangimento ilegal. 03. (FGV - 2017 —ALERJ— ENGENHEIRO) fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 Joao, servidor piblico estadual ocupante do cargo efetivo de engenheiro civil, foi o responsdvel por determinada obra com escavacdo de um poco. Jodo agiu culposamente, nas modalidades de impericia e negligéncia, pois, na condi¢ao de engenheiro civil, realizou obra sem observar seu dever objetivo de cuidado e as regras técnicas da profissdo, provocando como resultado a morte de um pedreiro que trabalhava no local. Em termos de responsabilidade criminal, em tese, Joao: a) nao deve ser processado por homicidio, pois nao agiu com dolo ou culpa criminal, restringindo se sua responsabilidade a esfera civel; b) ndo deve ser processado por homicidio, pois agiu como funcionério publico no exercicio da funcdo, restando apenas a responsabilidade civel que recaird sobre o poder publico; «) deve ser processado por homicidio doloso, eis que agiu com dolo direto e eventual, na medida em que assumiu 0 risco de provocar a morte do pedreiro; 4) deve ser processado por homicidio culposo, com causa de diminuicdo de pena, eis que nao agiu com intencao de provocar o resultado morte do pedreiro; e) deve ser processado por homicidio culposo, com causa de aumento de pena, eis que o crime resultou de inobservancia de regra técnica de profissao. 04. (FGV - 2015 - TJ-PI - OFICIAL DE JUSTICA) Senador da Reptiblica, em pagina pessoal da internet ("blog"), na qual comenta assuntos do 3no, imputou a delegado de policia o fato de ter arquivado investigagdes sob sua conducao para atender a interesses politicos de seus aliados. Tal postura do Parlamentar constitui: a) exercicio arbitrério ou abuso de poder; b) exercicio arbitrério das prdprias razdes; ©) difamagio; 4) caldnia; e) conduta atipica. 05. (FGV - 2017 - OAB - XXIII EXAME DE ORDEM) Roberta, enquanto conversava com Robson, afirmou categoricamente que presenciou quando Caio explorava jogo do bicho, no dia 03/03/2017. No dia seguinte, Roberta contou para Joo que Caio era um “furtador”. Calo toma conhecimento dos fatos, procura vocé na condi¢o de advogado (a) e nega tudo o que foi dito por Roberta, ressaltando que ela sé queria atingir sua honra. Nesse caso, deverd ser proposta queixa crime, imputando a Roberta a prética de A) 1 crime de difamagao e 1 crime de caliinia. B) 1 crime de difamacao e 1 crime de injuria. C) 2 crimes de caldnia Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan D) 1 crime de caldnia e 1 crime de injaria. 06. (FGV- 2015 - OAB - XVI EXAME DE ORDEM) Paloma, sob o efeito do estado puerperal, logo apés o parto, durante a madrugada, vai até o bercario onde acredita encontrar-se seu filho recém-nascido e o sufoca até a morte, retornando ao local de origem sem ser notada. No dia seguinte, foi descoberta a morte da crianca e, pelo circuito interno do hospital, é verificado que Paloma foi a autora do crime. Todavia, constatou-se que a crianga morta nao era o seu filho, que se encontrava no ber¢ario ao lado, tendo ela se equivocado quanto a vitima desejada. Diante desse quadro, Paloma deverd responder pelo crime de a) homicidio culposo. b) homicidio doloso simples. ) infanticidio. d) homicidio doloso qualificado. 07. (FGV - 2014 - DPE-RI - TECNICO SUPERIOR JURIDICO) No que toca ao delito de aborto e seus permissivos legais, é correto afirmar que: a) nao é admissivel na legislacao patria, diante do direito 4 vida consagrado na Constituic¢do da Republica. b) é amplamente admissivel na legislacdo patria, diante da supremacia da disposico da mulher sobre seu corpo. c) 6 excepcionalmente admissivel na legislaco patria, no caso de aborto terapéutico ou aborto humanitério (ou piedoso). d) & excepcionalmente admissivel na legislaco patria, no caso de aborto eugénico ou aborto humanitério (ou piedoso). e) € amplamente admissivel na legislacao patria, em razdo de questées de politica de satide publica, mesmo sem o consentimento da gestante. 08. (FGV - 2014 - DPE-DF - ANALISTA - ASSISTENCIA JUDICIARIA) Mario, 20 chegar em casa, deparou-se com uma tragédia. Seu filho, André, um jovem de 20 anos, manuseava, sem o cuidado devido, uma arma de fogo pertencente a seu pai, quando esta acidentalmente disparou e 0 projétil veio a atingir uma funcionaria da casa. Sabendo que o disparo fora acidental, mas temendo pelas consequéncias do lamentavel episddio para a vida de seu filho, optou Mario por nao procurar as autoridades policiais. Ao contrério, ao anoitecer, transportou o corpo para um terreno baldio existente no seu bairro e ali o deixou. Ocorre que a funcionaria em questo, na verdade, estava apenas ferida e acabou sendo encontrada e levada para o hospital. Sobre as condutas de Mério e André, é correto afirmar que: a) Mario deve ser punido pelo crime de ocultacao de cadaver e André pelo de leséo corporal culposa. ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 b) Mario deve ser punido pelo crime de ocultagao de cadaver e André pelo de homicidio na forma tentada. c) Mario deve ser punido pelo crime de ocultagio de cadaver, na forma tentada, e André pelo de lesdo corporal, também na forma tentada. 4d) Mario deve ser punido pelo crime de ocultacio de caddver, e André deve ser punido pelo de homicidio, também na forma tentada. e) Mario nao deve ser punido pela pratica de crime e André deve ser punido pela pratica do crime de leso corporal culposa. 09. (FGV - 2015 - OAB - XVIII EXAME DE ORDEM) Cacau, de 20 anos, moa pacata residente em uma pequena fazenda no interior do Mato Grosso, mantém um relacionamento amoroso secreto com Noel, filho de um dos empregados de seu pai. Em razio da relacdo, fica gravida, mas mantém a situaco em segredo pelo temor que tinha de seu pai. Apés 0 nascimento de um bebé do sexo masculino, Cacau, sem que ninguém soubesse, em estado puerperal, para ocultar sua desonra, leva a crianca para local diverso do parto e a deixa embaixo de uma arvore no meio da fazenda vizinha, sem prestar assisténcia devida, para que alguém encontrasse e acreditasse que aquele recém nascido fora deixado por desconhecido. ‘Apesar de a fazenda vizinha ser habitada, ninguém encontra a crianca nas 06 horas seguintes, vindo © bebé a falecer. A pericia confirmou que, apesar do estado puerperal, Cacau era imputavel no momento dos fatos. Considerando a situacdo narrada, é correto a crime de mar que Cacau deverd ser responsabilizada pelo ‘A) abandono de incapaz qualificado. B) homi C) infanticidio. D) exposigo ou abandono de recém nascido qualificado. io doloso. 10. (FGV - 2015 - TJ-BA - ANALISTA JUDICIARIO - DIREITO) Jean, valendo se de sua conta no Twitter, publicou declaraco de natureza discriminatoria em relacdo aos homossexuais, de forma genérica. Tal aco configura: (A) conduta atipica; (D) crime de preconceito de raca, cor, etnia ou religiso; (E) crime de manifestacao de édio. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan 11. (FGV-2012-OAB - EXAME DE ORDEM) Ana Maria, aluna de uma Universidade Federal, afirma que José, professor concursado da instituicao, trai a esposa todo dia com uma gerente bancéria. A respeito do fato acima, é correto afirmar que Ana Maria praticou o crime de a) caldnia, pois atribuiu a José o crime de adultério, sendo cabivel, entretanto, a oposigao de excecéo da verdade com o fim de demonstrar a veracidade da afirmacao. b) difamagao, pois atribuiu a José fato desabonador que nao constitui crime, sendo cabivel, entretanto, a oposic¢ao de excedo da verdade com o fim de demonstrar a veracidade da afirmagao, uma vez que José é funcionario publico. ¢) calnia, pois atribuiu a José o crime de adultério, ndo sendo cabivel, na hipétese, a oposi¢ao de excecdo da verdade. d) difamacdo, pois atribuiu a José fato desabonador que nao constitui crime, no sendo cabivel, na hipstese, a oposi¢io de excecao da verdade. 12. (FGV - 2008 - SENADO FEDERAL - ADVOGADO) Um domingo, ao chegar em casa vindo do jogo de futebol a que fora assistir, Ticio encontra sua esposa Calpuirnia traindo-o com seu melhor amigo, Mévio. No mesmo instante, Ticio saca sua arma e dispara um tiro na cabeca de Calptirnia e outro na cabeca de Mévio. Embora pudesse fazer outros disparos, Ticio guarda a arma. Ato continuo, apercebendo-se da besteira que fizera, coloca os amantes em seu carro e parte em disparada para um hospital. O trabalho dos médicos ¢ extremamente bem-sucedido, retirando a bala da cabeca dos amantes sem que ambos tivessem qualquer espécie de seqilela. Alids, nao fosse a imediata atuago de Ticio, Calpurnia e Mévio teriam morrido. Com efeito, quinze dias depois, ambos ja retornaram as suas atividades profissionais habituais. A partir do texto, assinale a alternativa que indique o crime praticado por Ticio. a) lesa corporal leve b) lesdo corporal grave c) tentativa de homicidio d) Ticio nao praticou crime e) exercicio arbitrario das prdprias razées 13. (FGV - 2014 - DPE-DF - ANALISTA - ASSISTENCIA JUDICIARIA) Jorge pretendia matar sua irma, Ana, para passar a ser 0 Unico beneficidrio de heranca que ambos receberiam. No dia do crime, Jorge fica 4 espreita enquanto Ana sai da garagem em seu carro. Ocorre que, naquele dia nao era Ana que estava ao volante, como ocorria diariamente, mas sim seu namorado. Ana se encontrava no banco do carona. Jorge sabia que sua irma sempre dirigia seu proprio carro e, assim, tinha certeza de que estaria mirando a arma na direcaio de Ana, ainda que ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 no conseguisse enxergar o interior do veiculo devido aos vidros escuros. Jorge atira no veiculo, mas © projétil atinge o namorado de Ana, que vem a falecer. E correto afirmar que Jorge praticou: a) o crime de tentativa de homicidio doloso qualificado contra Ana e de homicidio culposo contra namorado de Ana. b) apenas um crime de homicidio doloso qualificado, mas no incidiré na hipétese a circunstancia agravante em razdo de ser Ana sua irm&, uma vez que fol o namorado desta ultima quem veio a falecer. c) o crime de tentativa de hor ‘0 namorado de Ana. idio doloso qualificado contra Ana e de homicidio qualificado contra d) apenas um crime de homicidio doloso qualificado, e a pena a ser aplicada ainda seré agravada pelo fato de Ana ser sua irma, ) apenas 0 crime de homicidio culposo contra o namorado de Ana. 14. (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIll - PRIMEIRA FASE) Jaime, objetivando proteger sua residéncia, instala uma cerca elétrica no muro. Certo dia, Cléudio, com o intuito de furtar a casa de Jaime, resolve pular o referido muro, acreditando que conseguiria escapar da cerca elétrica ali instalada e bem visivel para qualquer pessoa. Claudio, entretanto, no obtém sucesso e acaba levando um choque, inerente a atuagdo do mecanismo de protecao. Ocorre que, por sofrer de doenga cardiovascular, o referido ladrao falece quase instantaneamente. Apés a andlise pericial, ficou constatado que a descarga elétrica nao era suficiente para matar uma pessoa em condigées normais de satide, mas suficiente para provocar o dbito de Cléudio, em virtude de sua cardiopatia. Nessa hipétese 6 correto afirmar que: a) Jaime deve responder por homicidio culposo, na modalidade culpa consciente. b) Jaime deve responder por homicidio doloso, na modalidade dolo eventual. ¢) Pode ser aplicado 8 hipétese o instituto do resultado diverso do pretendido. d) Pode ser aplicado a hipotese o instituto da legitima defesa preordenada. 15. (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - Xil - PRIMEIRA FASE) Paula, com intenco de matar Maria, desfere contra ela quinze facadas, todas na regido do térax. Cerca de duas horas apés a aco de Paula, Maria vem a falecer. Todavia, a causa mortis determinada pelo auto de exame cadavérico foi envenenamento. Posteriormente, soube se que Maria nutria intengdes suicidas e que, na manha dos fatos, havia ingerido veneno. Com base na situacao descrita, assinale a afirmativa correta. a) Paula responder por homicidio doloso consumado. b) Paula responderd por tentativa de homicidio. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan c) Oveneno, em relagao as facadas, configura concausa relativamente independente superveniente que por si sé gerou 0 resultado. d) © veneno, em relacdo as facadas, configura concausa absolutamente independente concomitante. 16. (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XI - PRIMEIRA FASE) Sofia decide matar sua mée. Para tanto, pede ajuda a Lara, amiga de longa data, com quem debate a melhor maneira de executar o crime, o melhor horério, local etc. Apds longas discussdes de como poderia executar seu intento da forma mais eficiente possivel, a fim de nao deixar nenhuma pista, Sofia pede emprestado a Lara um facdo. A amiga prontamente atende ao pedido. Sofia despede-se agradecendo a ajuda e diz que, se tudo correr conforme o planejado, executara o homicidio naquele mesmo dia e assim 0 faz. No entanto, apesar dos cuidados, tudo ¢ descoberto pela policia. A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da autoria, assinale a afirmativa correta. a) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicidio com a agravante de o crime ter sido praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas participe do crime e deve responder por homicidio, sem a presenga da circunsténcia agravante. b) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicidio, incidindo, para ambas, a circunstancia agravante de ter sido, 0 crime, praticado contra ascendente. c) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicidio. Todavia, a agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente somente incide em relaco & Sofia d) Sofia € a autora do delito e deve responder por homicidio com a agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, 6 apenas participe do crime, mas a agravante também Ihe sera aplicada. 17. (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - X - PRIMEIRA FASE) Jodo, com intencao de matar, efetua varios disparos de arma de fogo contra Anténio, seu desafeto. Ferido, Anténio € internado em um hospital, no qual vem a falecer, no em razéo dos ferimentos, mas queimado em um incéndio que destréi a enfermaria em que se encontrava. Assinale a alternativa que indica o crime pelo qual Joao seré responsabilizado. a) Homicidio consumado. b) Homicidio tentado. ¢) Leséo corporal. d) Lesio corporal seguida de morte. 18. (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VI - PRIMEIRA FASE) ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 José dispara cinco tiros de revélver contra Joaquim, jovem de 26 (vinte e seis) anos que acabara de estuprar sua filha. Contudo, em decorréncia de um problema na mira da arma, José erra seu alvo, vindo a atingir Rubem, senhor de 80 (oitenta) anos, ceifando Ihe a vida. Asse respeito, é correto afirmar que José responder a) pelo homicidio de Rubem, agravado por ser a vitima maior de 60 (sessenta) anos. b) por tentativa de homicidio privilegiado de Joaquim e homicidio culposo de Rubem, agravado por sera vitima maior de 60 (sessenta) anos. c) apenas por tentativa de homicidio privilegiado, uma vez que ocorreu erro quanto a pessoa. d) apenas por homicidio privilegiado consumado, uma vez que ocorreu erro na execucao. 19. (FGV - 2010 - PC-AP - DELEGADO DE POLICIA) Carlos Cristiano trabalha como salva vidas no clube municipal de Tartarugalzinho. O clube abre diariamente as 8hs, e a piscina do clube funciona de terca a domingo, de 9 s 17 horas, com um intervalo de uma hora para 0 almoco do salva vidas, sempre entre 12 e 13 horas, Carlos Cristiano é 0 unico salva vidas do clube e sabe a responsabilidade de seu trabalho, pois varias criangas utilizam a piscina diariamente e muitas dependem da sua atencdo para ndo morrerem afogadas. Normalmente, Carlos Cristiano trabalha com atengao e dedicagao, mas naquele dia 2 de janeiro estava particularmente cansado, pois dormira muito tarde apés as comemoragées do reveillon. Assim, ao invés de voltar do almogo na hora, decidiu tirar um cochilo, Acordou as 15 horas, com os gritos dos sdcios do clube que tentavam reanimar uma crianga que entrara na piscina e fora parar nna parte funda. Infelizmente, no foi possivel reanimar a crianca. Embora houvesse outras pessoas ina, ninguém percebera que a crianga estava se afogando. Assinale a alternativa qu 1e praticado por Carlos Cristiano a) Homicidio culposo. b) Nenhum crime. ©) Omissao de socorro. 4) Homicidio doloso, na modalidade de aco comissiva por omisséo. e) Homicidio doloso, na modalidade de aco omissiva. 20. (FGV - 2008 - TJ-PA - JUIZ) Maria da Silva, esposa do Promotor de Justiga Substituto José da Silva, mantém um caso extraconjugal com o serventudrio do Tribunal de Justica Manoel de Souza. Passado algum tempo, Maria decide separar se de José da Silva, contando a ele o motivo da separacao. inconformado com a deciséo de sua esposa, José da Silva decide maté la, razdo pela qual dispara trés vezes contra sua cabega. Todavia, logo depois dos disparos, José da Silva coloca Maria da Silva em seu carro e conduz © veiculo até o hospital municipal. No trajeto, José da Silva imprime ao veiculo velocidade bem acima da permitida e "fura” uma barreira policial, tudo para chegar rapidamente ao hospital. Gragas ao Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan pouco tempo decorrido entre os disparos e a chegada ao hospital, os médicos puderam salvar a vida de Maria da Silva. Maria sofreu perigo de vida, atestado por médicos e pelos peritos do Instituto Médico Legal, mas recuperou-se perfeitamente vinte e nove dias apds os fatos. Qual crime praticou José da Silva? a) Tentativa de homicidio. b) Nenhum crime, pois agiu em legitima defesa. c) Lesdo corporal grave. d) Lesdo corporal leve. e) Lesdo corporal seguida de morte. 21. (FGV - 2014 PREFEITURA DE OSASCO - GUARDA MUNICIPAL) Roberto estava na fila de um banco, quando, por descuido, esbarrou em Renato que estava a sua frente, fazendo com que caisse no chao a pasta que estava na mo de Renato. Nao obstante o pedido de desculpas, Renato ficou enfurecido, saiu do banco, foi até seu veiculo, pegou uma pistola e aguardou na esquina a saida de Roberto do banco. Assim que a vitima cruzou a esquina, Renato sacou a arma e desferiu cinco disparos pelas costas de Roberto, levando-o a imediato dbito. Renato cometeu crime de: a) homicidio simples; b) homicidio qualificado pelo motivo torpe; c) homicidio duplamente qualificado pelo motivo torpe e com recurso que dificultou ou tornou impossivel a defesa do ofendido d) homicidio duplamente qualificado pelo motivo futil e com recurso que dificultou ou tornou impossivel a defesa do ofendido e) homicidio triplamente qualificado pelo motivo torpe, emprego de arma de fogo e com recurso que dificultou ou tornou impossivel a defesa do ofendido 22. (FGV - 2013 - TJ-AM — ANALISTA JUDICIARIO) Paulo, querendo matar Lucia, vem a jogé-la da janela do apartamento do casal. A vitima na queda nao vem a falecer, apesar de sofrer lesGes graves, tendo caido na area do apartamento térreo do prédio. Naquele local, vem a ser atacada por um cio raivoso que Ihe causa diversas outras lesdes que foram a causa de sua morte. De acordo com o caso apresentado e as ligdes acerca da teoria do crime, assinale a afirmativa correta. a) Paulo devera responder por homicidio consumado, porque realizado o resultado por ele desejado desde 0 inicio. b) Paulo deveré responder por lesdo corporal grave, em razao da quebra do nexo causal entre a sua conduta e o resultado morte. ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 ¢) Paulo deverd responder por homicidio culposo, porque previsivel que a queda por ele operada poderia causar a morte da vitima. d) Paulo deverd responder por tentativa de homicidio por forga do surgimento de causa superveniente relativamente independente que, por si s6, causou o resultado. e) Paulo deverd responde por tentativa de homicidio, por forca do surgimento de causa superveniente absolutamente independente. 23. (FGV-2013 - MPE-MS ~ ANALISTA) Determinado agente, insatisfeito com as diversas brigas que tinha com seu vizinho, resolve maté lo, ‘Ao ver seu desafeto passando pela rua, pega sua arma, que estava em situacao regular e contava com apenas uma bala, € atira, vindo a atingi lo na barriga. Lembrando se que o vizinho era pai de duas criangas, arrepende se de seu ato e leva a vitima ao hospital. 0 médico, diante do pronto atendimento e répida cirurgia, salva a vida da vitima, Diante da situacao acima, o membro do Ministério Publico deve a) denunciar 0 agente pelo crime de leso corporal, pois 0 arrependimento posterior no caso impede que o agente responda pelo resultado pretendido inicialmente. b) denunciar 0 agente pelo crime de leso corporal, pois houve arrependimento eficaz. c) denunciar 0 agente pelo crime de lesdo corporal, pois houve desisténcia voluntéria. 4) denunciar o agente pelo crime de tentativa de homicidio, tendo em vista que o resultado pretendido inicialmente néo foi obtido. e) requerer 0 arquivamento, diante da atipicidade da conduta. 24. (FGV -X EXAME UNIFICADO DA OAB) José e Maria estavam enamorados, mas posteriormente vieram a descobrir que eram irmaos consanguineos, separados na maternidade. Extremamente infelizes com a noticia recebida, que impedia por completo qualquer possibilidade de relacionamento, resolveram dar cabo & propria vida, Para tanto, combinaram e executaram o seguinte: no apartamento de Maria, com todas as portas e janelas trancadas, José abriu o registro do gas de cozinha. Ambos inspiraram o ar envenenado e desmaiaram, sendo certo que somente nao vieram a falecer porque os vizinhos, assustados com o cheiro forte que vinha do apartamento de Maria, decidiram arrombar a porta e resgaté los. Ocorre que, nao obstante 0 socorro ter chegado a tempo, José e Maria sofreram lesdes corporais de natureza grave. Com base na situaco descrita, assinale a afirmativa correta. ‘A) José responde por tentativa de homicidio e Maria por instigagao ou auxilio ao suicidio. B) José responde por lesao corporal grave e Maria nao responde por nada, pois sua conduta é a C) José e Maria respondem por instigago ou auxilio ao suicidio, em concurso de agentes. D) José e Maria respondem por tentativa de homi 2019/2020 fF} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislative - Policia Lé EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan 25. (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII - PRIMEIRA FASE) Maria, jovem de 22 anos, apés sucessivas desilusdes, deseja dar cabo a prépria vida. Com o fim de desabafar, Maria resolve compartilhar sua situac3o com um amigo, Manoel, sem saber que o desejo dele, hd muito, vé-la morta. Manoel, entdo, ao perceber que poderia influenciar Maria, resolve instigé-la a matar-se, Tdo logo se despede do amigo, a moca, influenciada pelas palavras deste, pula a janela de seu apartamento, mas sua queda é amortecida por uma lona que abrigava uma barraca de feira. Em consequéncia, Maria sofre apenas escoriagées pelo corpo e nao chegaa sofrer nenhuma fratura. Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta. a) Manoel deve responder pelo delito de induzimento, instigaco ou auxilio ao suicidio em sua forma consumada. b) Manoel deve responder pelo delito de induzimento, instigaco ou auxilio ao suicidio em sua forma tentada. ©) Manoel no possui responsabilidade juridico-penal, pois Maria no morreu e nem sofreu lesdo corporal de natureza grave. d) Manoel, caso tivesse se arrependido daquilo que falou para Maria e esta, em virtude da queda, viesse a dbito, seria responsabilizado pelo delito de homicidio. 26. (FGV - 2009 - TJ-PA—JUIZ) Jorge é uma pessoa mé e sem cardter, que sempre que pode prejudica outra pessoa. Percebendo que Ivete estd muito triste e deprimida porque foi abandonada por Mateus, Jorge inventa uma série de supostas traigdes praticadas por Mateus que fazem Ivete sentir-se ainda mais desprezivel, bem como deturpa varias historias de modo que Ivete pense que nenhum de seus amigos realmente gosta dela. Por causa das conversas que mantém com Jorge, Ivete desenvolve o desejo de autodestruicao. Percebendo isso, Jorge continua estimulando seu comportamento autodestrutivo. Quando Ivete ja est absolutamente desolada, Jorge se oferece para ajudé-la a suicidar-se, e ensina Ivete a fazer um né de forca com uma corda para se matar. No dia seguinte, Ivete prepara todo o cenério do suicidio, deixando inclusive uma carta para Mateus, acusando-o de causar sua morte. Vai até a casa de Mateus, amarra a corda na viga da varanda, sobe em um banco, coloca a corda no pescoco e pula para a morte. Por causa do seu peso, a viga de madeira onde estava a corda se quebra e Ivete apenas cai no chdo. Como consequéncia da tentativa frustrada de suicidio, Ivete sofre apenas arranhées leves. Assinale a alternativa que indique a pena a que, por esse comportamento, Jorge esta sujeito. a) Tentativa de homicidio. b) Lesdo corporal leve. c) Induzimento ou instigaco ao suicidio. d) Auxilio ao suicidio. e) Esse comportamento nao é punivel. fF] Direito Penal pr Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 20192020 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 27. (FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Analise detidamente as seguintes situagoes: Casuistica 1: Amarildo, ao chegar a sua casa, constata que sua filha foi estuprada por Teréncio. Imbuido de relevante valor moral, contrata Ronaldo, pistoleiro profissional, para tirar a vida do estuprador. O servico é regularmente executado. Casufstica 2: Lucas concorre para um infant auxiliando Julieta, parturiente, a matar o nascituro — 0 que efetivamente acontece. Lucas sabia, desde o inicio, que Julieta estava sob a influéncia do estado puerperal Levando em consideraco a legislacao vigente e a doutrina sobre o concurso de pessoas (concursus delinquentium), 6 correto afirmar que A) no exemplo 1, Amarildo responderd pelo homicidio privilegiado e Ronaldo pelo crime de homicidio qualificado por motivo torpe. No exemplo 2, Lucas e Julieta respondero pelo crime de infanticidio. B) no exemplo 1, Amarildo responderé pelo homicidio privilegiado e Ronaldo pelo crime de homicidio simples (ou seja, sem privilégio pelo fato de nao estar imbufdo de relevante valor moral). No exemplo 2, Lucas, que nao est influenciado pelo estado puerperal, responder por homicidio, e Julieta pelo crime de infanticidio. C) no exemplo 1, Amarildo responderé pelo homicidio privilegiado e Ronaldo pelo crime de homicidio simples (ou seja, sem privilégio pelo fato de nao estar imbuido de relevante valor moral]. No exemplo 2, tanto Lucas quanto Julieta responderao pelo crime de homicidio (ele na modalidade simples, ela na modalidade privilegiada em razo da influéncia do estado puerperal). D) no exemplo 1, Amarildo respondera pelo homicidio privilegiado e Ronaldo pelo crime de homicidio qualificado pelo motivo futil. No exemplo 2, Lucas, que no esta influenciado pelo estado puerperal, responder por homicidio e Julieta pelo crime de infanticidio. 28. (FCC- 2017 - POLTEC-AP - PERITO) De acordo com 0 artigo 129 do Cédigo Penal brasileiro, lesdo corporal é a ofensa a integridade corporal ou a satide de alguém. Ela pode ser classificada em leve, grave ou gravissima, a depender dos comemorativos. Analise as assertivas abaixo. |. Lesées corporais que causem incapacidade para as ocupacdes habituais por mais de 30 dias seréo consideradas graves. Il. Lesdes corporais com perda ou inutilizacdo de membro, sentido ou funcdo serdo consideradas graves. Il, Lesdes corporais que causem extrema dor serao consideradas gravissimas. IV. Lesdes corporais que causem qualquer alteraco psiquica sero consideradas leves. Estd correto 0 que se afirma em a) |, Melv. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan b) I, apenas. ©) IV, apenas. d) Ill, apenas. e) le lll, apenas. 29. (FCC - 2017 - PC-AP - OFICIAL) No que concerne aos crimes contra a honra, considere as afirmativas abaixo: |. Nao é admissivel a excegdo da verdade para o delito de injuria. Il. A retratagao somente é admissivel nos casos de caltinia e difamacao. IIL. O juiz pode deixar de aplicar a pena na difamagao no caso de retorsdo imediata, que consista em outra difamagao. Esté correto 0 que se afirma em a), ell b) fell, apenas. c) le lil, apenas. d) |, apenas. e) lel, apenas. 30. (FCC - 2016 - AL-MS ~ AGENTE DE POLICIA) Micaela, de 19 anos de idade, aps manter um relacionamento ocasional com Rodrigo, de 40 anos de idade, acaba engravidando. Apés esconder a gestac3o durante meses de sua familia e ser desprezada por Rodrigo, que disse que ndo assumiria qualquer responsabilidade pela crianca, Micaela entra em trabalho de parto durante a 40a semana de gestaco em sua residéncia e sem pedir qualquer auxilio aos familiares que ali estavam, acaba parindo no banheiro do imével. Acrianca do sexo masculino nasce com vida e Micaela, agindo ainda sob efeito do estado puerperal, corta 0 cordao umbilical e coloca 0 recém nascido dentro de um saco plastico, jogando-o no lixo da rua. bebé entra em dbito cerca de duas horas depois. Neste caso, 8 luz do Cédigo Penal, Micaela cometeu crime de a) homicidio culposo b) homicidio doloso. c) aborto. d) lesdo corporal seguida de morte. e) infanticidio. 31. (FCC - 2011 - TRT - 12 REGIAO (Ri) - TECNICO JUDICIARIO - SEGURANCA) ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 Ticio tentou suicidar se e cortou os pulsos. Em seguida arrependeu se e chamou uma ambulancia. Celsus, que sabia das intengSes suicidas de Ticio, impediu dolosamente que o socorro chegasse @ Ticio morreu por hemorragia. Nesse caso, Celsus responder por A) auxilio a suicidio, B) homicidio doloso. C) instigacao a suicidio. D) induzimento ast E) homicidio culposo. 32. (FCC- 2010 - TJ-PI - ASSESSOR JURIDICO) Maria e seu namorado Joao praticaram manobras abortivas que geraram a expulsao do feto. Todavia, em razio da chegada de terceiros ao local e dos cuidados médicos dispensados, o neonato sobreviveu. Nesse caso, Maria e Jodo responderao por A) tentativa de aborto. B) crime de aceleragao de parto, C) tentativa de homicidio. D) infanticidio. E) tentativa de infanticidio. 33. (FCC - 2010 - TI-PI- ASSESSOR JUR(DICO) Antonio e sua mulher Antonia resolveram, sob juramento, morrer na mesma ocasiao. Antonio, com © propésito de livrar se da esposa, finge que morreu. Antoni: se. Nesse caso, Antonio responder por iel ao juramento assumido, suicida A) auxilio 20 suicidio culposo. B) homicidio doloso. C) homicidio culposo. D) induzimento ao sui E) tentativa de homicidio. 34. (FCC- 2013 - MPE-SE - ANALISTA - DIREITO) Segundo 0 entendimento jurisprudencial hoje preponderante, a les corporal respectivamente simples e qualificada ocorrida no Brasil (Céd. Penal, Art. 129 e seus pardgrafos) é um crime de aco penal a) publica incondicionada e de acéo penal privada. b) publica condicionada a representaco e de aco penal privada. ¢) publica condicionada a representacao e incondicionada. Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan d) privada e de aco penal publica condicionada a representacao. e) publica e exclusivamente condicionada a representacao. 35. (FCC - 2013 - TJ-PE - JUIZ) Em relacdo aos crimes contra a vida, correto afirmar que a) 0 homicidio simples, em determinada situaco, pode ser classificado como crime hediondo. b) a pena pode ser aumentada de um terco no homicidio culposo, se o crime é praticado contra pessoa menor de quatorze anos ou maior de sessenta anos. c) compativel o homicidio privilegiado com a qualificadora do motivo futil. d) cabivel a suspenso condicional do processo no homicidio culposo, se o crime resulta de inobservancia de regra técnica de profisso, arte ou oficio. e) incompativel o homicidio privilegiado com a qualificadora do emprego de asfixia. 36. (FCC- 2013 -TRT15 — TECNICO JUDICIARIO) © autor de homicidio praticado com a intencio de livrar um doente, que padece de moléstia incuravel, dos sofrimentos que o atormentam (eutanasia), perante a legislacao brasileira, a) no cometeu infragao penal. b) respondera por crime de homicidio privilegiado. ©) responder por homicidio qualificado pelo motivo torpe. d) responderé por homicidio simples. e) respondera por homicidio qualificado pelo motivo ful. 37. (FCC - 2012 - MPE-Al - PROMOTOR DE JUSTICA) No homicidio privilegiado, o agente comete o crime sob a) 0 dominio de violenta emogao, logo em seguida a injusta provocagao da vitima. b) a influéncia de violenta emogao, provocada por ato injusto da vitima. c) 0 dominio de violenta emogiio, logo em seguida a injusta agresso da vitima. d) a influéncia de violenta emogdo, logo em seguida a injusta agressio da vitima. e) 0 dominio de violenta emoco, ainda que tardia em relac3o a injusta agressao da vitima. 38. (FCC - 2010 - MPE-SE — ANALISTA — DIREITO) Dentre as hipdteses de formas qualificadas dos crimes de injuria, calunia e difamacdo, NAO se incluem os crimes cometidos A) mediante promessa de recompensa. 8) contra Governador de Estado. ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 06 C) contra chefe de governo estrangeiro. D) na presenca de varias pessoas. E) contra funcionario puiblico, em razdo de suas funcées. 39. (FCC- 2010 - TRE/AC — ANALISTA JUDICIARIO — AREA JUDICIARIA) Poderd ser concedido perdao judicial para o autor do crime de injuiria no caso de A) no ter resultado leso corporal da injiria real. B) ter sido a ofensa irrogada em juizo, na discussdo da causa, pela parte ou por seu procurador. C) ter sido a opinitio desfavoravel emitida em critica literdria, artistica ou cientifica. D) ter sido 0 conceito desfavordvel emitido por funciondrio publico, em apreciago ou informacéo prestada no cumprimento de dever do oficio. E) ter o ofendido, de forma reprovavel, provocado diretamente a ofensa. 40. (FCC— 2006 ~ TRF1RG ~ ANALISTA JUDICIARIO ~ AREA JUDICIARIA) Admite se a excegdo da verdade no crime de A) calinia, se do crime imputado, embora de aco publica, o acusado for absolvido por sentenga irrecorrivel. B) injuria, se a ofensa consistir na uti origem, C) difamacao, se 0 ofendido é funcionario publico e a ofensa ¢ relativa ao exercicio de suas funcoes. D) caltinia, se 0 crime foi cometido contra o Presidente da Republica, chefe de governo estrangeiro ‘0u funcionério publico no exercicio de suas funcdes. 1G0 de elementos referentes a raca, cor, etnia, religido ou E) calinia, se constituindo 0 fato imputado crime de acdo privada, 0 ofendido nio foi condenado Por sentenca recorrivel. 41. (FCC— 2006 ~ TRFIRG — ANALISTA JUDICIARIO — AREA JUDICIARIA) Arespeito dos crimes contra a honra, é correto afirmar que ‘A) 6 punivel a caliinia contra os mortos. B) constit famaco punivel a ofensa irrogada pela parte em julzo, na defesa da causa. C) isento de pena o querelado que, antes da sentenca, se retratar cabalmente da injiria. D) a injuiria s6 pode ser cometida por gesto e palavras, nunca pela prética de vias de fato. E) admite se a excecdo da verdade no crime de injdria, se a vitima for funcionario publico € a ofensa for relacionada a funcao. 42. (FCC- 2008 - PGM/SP ~ PROCURADOR DO MUNICIPIO) No tocante a excegao da verdade, INCORRETO afirmar que Fr} Direito Penal p’ Senado Federal (Técnico Legislativo - Policia Legislativa) - 2019/2020 EB ww ostratogiaconcursos.com.br oan a) inaplicavel no crime de calinia se o fato imputado constitui delito de ago publica e o ofendido foi absolvido por sentenca irrecorrivel. b) inaplicavel no crime de caldnia se praticado contra chefe de governo estrangeiro. c) inaplicavel no crime de caliinia se o fato imputado constitui delito de aco privada e no houve a propositura de queixa. d) inaplicavel no crime de difamacao se a ofensa a funcionario puiblico nao é relativa ao exercicio de suas fungées. e) aplicavel, em qualquer circunstancia, no crime de injuria. 43. (FCC - 2013 - TJ-PE - JUIZ) Nos crimes contra a honra a) é admissivel a excego da verdade na injuria, sea vitima é funcionaria publica e a ofensa ¢ relativa ao exercicio de suas fungées. b) é admissivel a retratagao apenas nos casos de calunia e difamacao. c) a pena é aumentada de um terco, se cometidos contra pessoa maior de sessenta anos ou portadora de deficiéncia, exceto no caso de difamacao. d) é admissivel o perdao judicial no crime de difamacao, se houver retorsdo imediata. e) a injuria real consiste no emprego de elementos preconceituosos ou discriminatérios relativos raga, cor, etnia, religido, origem e condi¢o de idoso ou deficiente. 44, (VUNESP — 2018 - PC-SP - ESCRIVAO) Tendo em conta os artigos 138 a 145 do Cédigo Penal, que tratam dos crimes contra a honra, assinale aalternativa correta. (A) Nos crimes de calunia e difamagao, procede-se mediante queixa. J4 no crime de injiria, em qualquer de suas modalidades, procede-se mediante representacgo do ofendido. (B) No crime de caldnia, praticado em detrimento de chefe de governo estrangeiro, admite-se excecdo da verdade. (C) No crime de difamagao, praticado em detrimento de funcionario publico, admite-se a excecdo da verdade, desde que a ofensa seja relativa ao exercicio de suas funcées. (D) A retratagao da ofensa, que isenta 0 querelado de pena, desde que feita antes da sentenca, aplica-se aos crimes de calinia, difamaco e injuria. (E) Nao constituem injaria ou difamago punivel a ofensa irrogada em juizo, na discussdo da causa, pela parte ou por seu procurador, estendendo a exclusao do crime a quem der publicidade a ofensa. 45. (VUNESP — 2018 - PC-SP - ESCRIVAO) ado Federal (Técnico Legislativo olicia Legislativa) - 20192020 FFE] Direito Penal prs

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