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“Hermogeniano, hominum causa omne jus constitutum est”

Segundo o antigo adágio romano, atribuído à Hermogeniano, hominum causa


omne jus constitutum est – todo Direito é constituído para as causas do homem,
significa dizer, qualquer que seja a relação jurídica em esteja envolvido, o homem é
a causa determinante de sua regulamentação e proteção.

1. Cooperação (e não oposição) entre os fatores da produção: "Nem o capital


pode existir sem o trabalho, nem o trabalho sem o capital" (Leão XIII,
"Rerum Novarum");

2. Primazia do trabalho sobre o capital: "A hierarquia de valores, o sentido


profundo do próprio trabalho exigem que o capital esteja em função do
trabalho e não o trabalho em função do capital" (João Paulo II, "Laborem
Exercens");

3. Salário que assegure um nível de vida verdadeiramente humano: "o fruto


do trabalho serve para o homem manter sua vida" (Leão XIII, "Rerum
Novarum");

4. Proporção entre o trabalho realizado e sua retribuição: "seria injusto pedir


salários desmedidos que a empresa, sem grave ruína própria e,
portanto, dos trabalhadores, não pudesse suportar" (Pio XI,
"Quadragesimo Anno").

Direitos Sociais dos Trabalhadores

Historicamente, os direitos econômicos e sociais foram (e, de certa forma,


continuam sendo) aqueles que dificilmente vieram a ser reconhecidos – isto é, não
apenas proclamados mas também acompanhados das devidas e eficazes
garantias.São aqueles direitos das classes ou grupos despossuídos, sem poder
econômico, sem autonomia cultural, sem poder político.

A questão social insere-se no contexto do empobrecimento da classe


trabalhadora com a consolidação e expansão do capitalismo desde o início do
século 19, bem como o quadro da luta e do reconhecimento dos direitos sociais e
das políticas públicas correspondentes, além do espaço das organizações e
movimentos por cidadania social. A primeira e inarredável constatação histórica se
impõe: até o século 19 os trabalhadores ligados à terra não podiam ser expulsos;
tinham, apesar da pobreza, um mínimo de segurança. O capitalismo destruiu essa

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proteção social e provocou as hordas de excluídos de toda sorte. Se o Estado do
Bem Estar Social - graças às lutas dos trabalhadores e aos ideais socialistas –
conseguiu uma certa estabilidade social, com o reconhecimento dos direitos
econômicos e sociais, o neoliberalismo veio provocar o segundo ato dessa tragédia:
agora aqueles excluídos da terra, que conseguiram se afirmar como trabalhadores
pela garantia das prestações sociais do Estado, tudo perdem, já não têm
propriedade e são despojados dos direitos econômicos e sociais. São os novos
proletários de terço final do século 20.

A maior parte dos direitos dos trabalhadores, também


chamados ‘direitos sociais’

Foram conquistados durante o século XX, em épocas favoráveis às lutas do


movimento operário. O período mais significativo, neste particular, foi do pós 2ª
Guerra Mundial, quando, pela primeira e até agora única vez, a economia capitalista
esteve em pleno emprego por cerca de três décadas. Durante este período, a
democracia política vigorou na maioria dos países do 1º Mundo e em muitos do 3º e
o movimento sindical alcançou grande influência, do que resultaram as conquistas
mais notáveis, parte das quais originaram o estado de bem-estar social.

Foi contra a ascensão do capitalismo, como modo de vida – isto é, como um


novo tipo de civilização na qual tudo se compra e tudo se vende – que se afirmaram
os direitos econômicos e sociais, assim como os direitos individuais foram
reconhecidos e garantidos contra o feudalismo.

Foram através dos sacrifícios e das reivindicações que a classe trabalhadora


conseguiu se organizar e pressionar o Estado a reconhecer e efetivar um conjunto
de garantias que colimam, em síntese, assegurar a preservação de condições
mínimas de trabalho.

A "Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948" reconhece como


núcleo básico dos direitos fundamentais da pessoa humana o do direito à vida (III e
VI), à liberdade (IV, IX, XIII, XVIII, XIX, XX e XXVII), à igualdade (I, II e VII), à
justiça (VIII, X, XI e XXVIII) à segurança (V, XII, XIV, XXII, XXIX e XXX), à família

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(XVI), à propriedade (XVII), ao trabalho (XXIII e XXIV), à saúde (XXV), à
educação (XXVI) e à cidadania (XV e XXI).

A "Declaração Universal dos Direitos Humanos", em relação aos Direitos


Laborais (artigos XXIII e XXIV), tratou das 3 questões básicas de toda proteção ao
ser humano trabalhador: o salário justo, a limitação da jornada de trabalho e a
liberdade de associação sindical para defesa desses direitos.

• Nossa tradição constitucional, no campo dos direitos trabalhistas,


remonta a 1934, quando a Carta Política previu o primeiro núcleo de
direitos sociais (arts. 120-122);
• Passamos pela Constituição do Estado Novo (1967), que restringiu
esse núcleo (art. 137);
• Pela Carta Democrática de 1946, que o ampliou notavelmente (art.
157);
• Pela Constituição de 1967, emendada em 1969, com nova restrição de
direitos laborais (art. 165);
• Até chegarmos, finalmente, à Constituição de 1988, que foi pródiga em
ampliar os direitos trabalhistas (art. 7º).

Em síntese:

Retiraram-se de cena as forças político-sociais que nos anos que antecederam


o golpe de 1937, lutavam no Congresso e nos sindicatos contra a tutela do Ministério
do Trabalho e seu projeto de unidade sindical. Novas leis foram editadas, com o
objetivo de consolidar no país uma estrutura sindical baseada corporativismo.
Fortaleceu-se enfim o Ministério do Trabalho, que, com o decorrer do tempo, se
transformou em um órgão político estratégico como amigo e protetor dos
trabalhadores.
A Constituição de 1937 fixou as diretrizes da política social e trabalhista que
seria implementada no Estado Novo. Foram confirmados direitos trabalhistas já fixados
na Constituição de 1934, como salário mínimo, férias anuais e descanso semanal, e foi
também mantida a Justiça do Trabalho, encarregada de dirimir conflitos entre
empregados e empregadores. Mas houve uma alteração importante: o princípio da

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unidade sindical foi restabelecido, e apenas os sindicados legalizados poderiam
defender os direitos da categoria que representavam perante o Estado.

O salário mínimo foi regulamentado em abril de 1938, devendo corresponder às


necessidades básicas de um trabalhador.

Outra regulamentação importante feita durante o Estado Novo foi a da Justiça do


Trabalho, finalmente inaugurada em 1º de maio de 1941.

O novo formato da legislação social brasileira acabaria por ser ordenado e


sistematizado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada por decreto de 1° maio


de 1943, representou a reunião e sistematização da vasta legislação trabalhista
produzida no país após a Revolução de 1930.

O processo de elaboração dessa legislação nem sempre obedeceu a um


plano coerente, resultando num conjunto de leis desconexas e, por vezes, até
mesmo contraditórias. Com o objetivo de superar essa situação, em janeiro de 1942
o presidente Vargas nomeou uma comissão encarregada de estudar e organizar um
anteprojeto que unificasse a legislação até então produzida. Do trabalho dessa
comissão surgiu o texto encaminhado ao Ministro do Trabalho que daria origem à
CLT.

Ainda que tenha recebido o nome de "consolidação", a CLT não se limitou a


reunir uma legislação dispersa. Introduziu também novos direitos e regulamentações
trabalhistas até então inexistentes. Constituindo um código de considerável
abrangência, tratou minuciosamente da relação entre patrões e empregados e
estabeleceu regras referentes a horários a serem cumpridos pelos trabalhadores,
férias, descanso remunerado, condições de segurança e higiene dos locais de
trabalho etc. A anotação dos contratos de trabalho deveria ser feita na carteira de
trabalho, instituída em 1932 e reformulada quando da aprovação da CLT.

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A promulgação da CLT conferiu grande prestígio popular ao regime e em
particular a Getúlio Vargas, que fortaleceu sua imagem de protetor da classe
trabalhadora. Nos anos que se seguiram ao fim do Estado Novo, a CLT passou por
sucessivas reformas e ampliações. Seu corpo básico, contudo, continua em vigência
até os dias de hoje.

O valor social do trabalho

A Constituição de 1988, já em seu primeiro artigo, coloca o trabalho humano


como valor fundamental do Estado brasileiro (art. 1º, IV). Cabe, então perquirir,
sobre a relevância que esse fator produtivo tem em relação aos demais.

Os direitos dos trabalhadores especificam conquistas sociais que em nada


ficam a dever às democracias populares socialistas e as democracias progressistas
do chamado primeiro mundo (art.7º).

Nossa Carta Magna reflete, assim, uma feliz combinação de direitos humanos
e de direitos do cidadão, de tal sorte que lutar pela cidadania democrática e
enfrentar a questão social no Brasil praticamente se confunde com a luta pelos
direitos humanos – ambos entendidos como resultado de uma longa história de lutas
sociais e de reconhecimento, ético e político, da dignidade intrínseca de todo ser
humano, independentemente de quaisquer distinções.

Temos uma bela Constituição social o que, sem dúvida, representa um


avanço considerável em relação à história de um país regado com sangue de
escravos.

A Constituição Federal do Brasil de 1988 enumera os direitos sociais em seu


artigo 7º, o qual reza: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem a melhoria de sua condição social:”.

Mas, dos 34 direitos arrolados pelo art. 7º da Constituição, a grande maioria


trata da melhoria da condição social de todos os trabalhadores. Os direitos II e III
tratam do seguro-desemprego e do fundo de garantia do tempo de serviço, sendo
ambos ajustados à situação do trabalhador assalariado.

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Os direitos do IV ao VII tratam de salário mínimo e piso salarial.

O direito VIII garante o 13º salário, o IX determina remuneração do trabalho


noturno superior à do diurno; o X afirma ser crime a retenção dolosa do salário; o XII
concede o salário-família para os dependentes do trabalhador; os direitos XIII a XVII
fixam a jornada diária e semanal de trabalho, a jornada de trabalho em turnos
ininterruptos, o repouso semanal remunerado, a remuneração do serviço
extraordinário superior no mínimo em 50% à do normal e o gozo de férias anuais
remuneradas.

Todos estes direitos se destinam a proteger a saúde e o bem estar do


trabalhador que o trabalho prolongado, sem descanso regular, põe em risco. Não
cabe dúvida que estes direitos devem ser de todos os que dependem do seu
trabalho para viver e não apenas dos que têm um contrato de trabalho por tempo
indeterminado.

Os direitos XVIII a XX tratam da licença à gestante, da licença-paternidade e


da proteção do mercado de trabalho da mulher; o direito XXI fixa aviso prévio, o XXII
preconiza a redução dos riscos inerentes ao trabalho, o XXIII fixa adicional de
insalubridade, o XXIV concede aposentadoria, o XXVIII trata do seguro contra
acidentes do trabalho, os de XXX a XXXII proíbem discriminação por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil; por motivo de deficiência e entre trabalho manual,
técnico e intelectual.

A defesa coletiva dos Direitos Sociais

Dado o caráter inorgânico dos grupos sociais carentes no Brasil, um problema


central diz respeito à necessidade de organização e de representação ; daí avulta o
papel dos sindicatos, em relação à categoria dos trabalhadores, mesmo os não
sindicalizados.

É nesse contexto que os sindicatos se apresentam como uma proposta de


defesa dos direitos sociais.

Sindicatos nos direitos sociais

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A doutrina tem apresentado uma série de conceitos de sindicato em sentido
estrito. Roberto Barreto Prado, por exemplo, define sindicato como "a associação
que tem por objeto a representação e defesa dos interesses gerais da
correspondente categoria profissional, bem como da categoria empresarial, e
supletivamente dos interesses individuais dos seus membros". O mesmo autor se
justifica dizendo que sempre existe a necessidade da associação estar investida dos
poderes de representação dos interesses gerais da categoria de empregados ou de
empregadores. Apenas de forma supletiva é que se admite que essa representação
se estenda aos interesses individuais dos seus membros.

Para José Martins Catharino sindicato é "associação trabalhista de pessoas


naturais, que tem por objetivo principal a defesa dos interesses total ou parcialmente
comuns, da mesma profissão, ou de profissões similares ou conexas."

A Consolidação das Leis do Trabalho não traz um conceito pronto de


sindicato, apenas dispõe, em seu artigo 511, caput, que "é lícita a associação para
fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou
profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou
trabalhadores autônomos, ou profissionais liberais, exerçam, respectivamente, a
mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas."

Entende-se ter o sindicato personalidade jurídica de direito privado. Isto


porque sendo o sindicato criado pela livre vontade de pessoas físicas ou jurídicas,
que se unem para defesa de seus interesses, não há que se falar em intervenção de
terceiros ou até mesmo do Estado no seu funcionamento e gestão, por isso e com
base, também, no princípio da liberdade sindical, os sindicatos podem ser
enquadrados como pessoas jurídicas de direito privado.

Histórico da Organização Sindical Brasileira

Ao contrário do que ocorreu na Europa, onde as entidades sindicais


começaram a surgir e se organizar a partir da Revolução Industrial, no Brasil
somente no final do século XIX e início do século XX é que os trabalhadores
passaram a se unir em associações para a defesa de seus interesses.

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Desse modo, é correto afirmar que não havia no Brasil o que denominamos
hoje de sindicatos (lato sensu), e isto antes da ocorrência de dois fatos históricos,
que modificaram sensivelmente a vida socioeconômica do país: a abolição da
escravatura e a promulgação da Constituição Republicana de 1891.

Primórdios do sindicalismo no Brasil até a Revolução de 1930: Este pode ser


considerado um período bastante fértil para o sindicalismo brasileiro porque foram
criadas diversas associações de classe, embora sem caráter sindical como: a União
dos Operários Estivadores (1903); a Sociedade União dos Foguistas (1903); a
Associação de Resistência dos Cocheiros, Carroceiros e Classes Anexas (1906) e a
União dos Operários em Fábricas de Tecidos (1917), além da Confederação Geral
dos Trabalhadores.

A nova organização sindical foi definida em detalhes pelo Decreto nº 1.402,


de julho de 1939. Foi dada uma feição ainda mais centralizada à estrutura sindical,
uma vez que se eliminaram as centrais que reuniam diferentes categorias
profissionais por município ou região em favor de uma organização de caráter
vertical, em que os sindicatos de cada categoria convergiam para as federações
estaduais e confederações nacionais.

Ao mesmo tempo, o governo tratou de dar garantias de sobrevivência aos


sindicatos através da instituição de uma contribuição sindical compulsória - o
imposto sindical, criado em 1940, correspondente a um dia de salário, pago ao
sindicato por trabalhadores sindicalizados ou não.

A atual Constituição Federal, promulgada em 1988, pode ser considerada,


pelo seu caráter democrático e humanista, como uma das melhores do mundo. No
que tange à questão sindical seus dispositivos refletem exatamente as pretensões
dos sindicatos, que na época participaram, na pessoa de seus líderes, ativamente
de suas deliberações.

Alguns anteprojetos, na Assembléia Nacional Constituinte, contemplavam, em


capítulo separado, os direitos coletivos. Infelizmente isso foi supresso, e os direitos
coletivos dos trabalhadores passaram a integrar os direitos sociais.

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O artigo 8º da Constituição menciona dois tipos de associação: a profissional
e a sindical. A sindical defende os direitos e interesses da categoria, participa de
negociações coletivas de trabalho e celebra convenções e acordos coletivos, elege
ou designa representantes e impõe contribuições a todos os que participam das
categorias representativas; a profissional limita-se a estudar, defender e coordenar
os interesses econômicos e profissionais de seus associados.

Desse modo, a Carta de 1988, em seu artigo 8º, consagrou algumas medidas
liberalizantes, como a proibição de intervenção e de interferência do Estado na
organização sindical, no entanto, esqueceu de outras igualmente necessárias, como
a supressão da unicidade sindical e da contribuição compulsória. No artigo 9º vemos
que o direito de greve também passou a ser admitido.

A participação nas negociações coletivas de trabalho é uma prerrogativa


importante, pois os sindicalistas podem representar a categoria, perante as
autoridades administrativas e judiciárias, para celebrar convenções coletivas de
trabalho, hoje participação obrigatória.

Os sindicatos gozam de inteira liberdade de fundação (art. 8º, I), pois até os
servidores públicos possuem o direito de livre sindicalização (art. 37, VI). A liberdade
sindical é um direito autônomo conquistado. Implica: a) liberdade de fundação, sem
formalismos; b) liberdade de adesão, podendo os interessados aderir ao sindicato ou
dele desligar-se (art. 8º, V); c) liberdade de atuação, perseguindo seus fins
livremente; d) liberdade de filiação, com autorização da fixação de contribuição para
custeio do sistema confederativo (art. 8º, IV).

A contribuição sindical (art. 8º, IV) é aquela "descontada em folha, para


custeio da representação sindical respectiva".

Quanto à pluralidade e unicidade sindical, a Constituição optou pela


unicidade, vedando "a criação de mais de uma organização sindical" (art. 8º, II). A
doutrina constitucionalista moderna defende, entretanto, a idéia de rever essa
posição, para adotar a pluralidade sindical, para observar melhor a sua liberdade e
realizar o pluralismo político.

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A greve é a abstenção coletiva concertada, ou seja, o exercício de um poder
de fato dos trabalhadores – instrumento para a realização de melhores condições de
trabalho para toda a categoria profissional envolvida. É um direito fundamental de
natureza instrumental, como recurso de última instância para a concretização de
seus direitos e interesses.

O direito de greve (art. 9º) é constitucional, não subordinado a eventual


previsão em lei. Os trabalhadores podem decretar greves reivindicatórias,
objetivando melhoria das situações de trabalho; greves de solidariedade, em apoio a
outras categorias ou grupos reprimidos; greves políticas, buscando as
transformações socioeconômicas que a sociedade requeira; e greves de protesto.

Só cabe à lei definir os serviços ou atividades essenciais (art. 9º, § 1º),


ficando os responsáveis pelos abusos sujeitos às penas da lei (art. 9º, § 2º). O
constituinte, no entanto, não teve coragem de admitir esse amplo direito aos
servidores públicos, exercício submetido aos termos e limites definidos em lei
específica (art. 37, VII).

Os direitos de substituição processual são conferidos aos sindicatos, de


ingressar em juízo em defesa de direitos e interesses coletivos individuais da
categoria – atribuição inusitada, de extraordinário alcance social.

A liberdade de instituição sindical, o direito de greve, o contrato coletivo de


trabalho, a co-gestão ou autogestão e o direito de obter um emprego entram na
categoria de direitos sociais do homem produtor (arts. 7º a 11).

Evidentemente que um modelo sindical ideal para o Brasil seria aquele


fundado na unidade, mas não imposta por lei, e sim, decorrente da conscientização
dos interessados, especialmente dos trabalhadores.

Entendemos que deve haver união no movimento trabalhista, mas esta união
não deve ser imposta, nem pelo Estado, nem por terceiros. Deve ser espontânea.

Portanto, não se trata apenas de ratificar a Convenção nº 87, da OIT. É


preciso adequá–la à nossa realidade sócio–política, e isto somente pode ser feito
através de uma reforma constitucional que realmente opte pela pluralidade sindical e

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pelo fim do imposto sindical, e de todas as amarras que impedem o desenvolvimento
de nosso direito coletivo do trabalho.

Direitos Sociais e a sua Implementação

Assim, para o Terceiro Milênio no tocante aos direitos sociais e à sua


implementação e defesa é o de:

1. Tendência à formação de um arcabouço jurídico trabalhista mais simples


(caracterizado pela desregulamentação e flexibilização), dando ênfase a
novas modalidades laborativas (como trabalho a tempo parcial e trabalho a
domicílio), visando alcançar plena empregabilidade num mundo em que os
postos de trabalho diminuem nos setores primário e secundário (pelo avanço
tecnológico), para serem multiplicados no setor terciário;

2. Uma Justiça do Trabalho cada vez mais exigida pela sociedade (crescimento
constante das demandas), razão pela qual deverá ter um processo mais
simplificado (redução de recursos) e seguro (efeito vinculante das súmulas),
sem afastar seu rigor técnico (eliminação dos juízes leigos), onde aos
dissídios coletivos de natureza econômica (substituídos pela negociação
direta entre as partes e estímulo à arbitragem) deverão suceder as ações
coletivas de natureza jurídica (ações civis públicas), como manifestação
proeminente do fenômeno da coletivização do processo, através da
concentração de demandas individuais.

No Brasil, apesar da pressão do desemprego, que tem atingido níveis


altíssimos, a fiscalização do trabalho e a justiça do trabalho estão empenhadas
numa luta para preservar o ‘direito do trabalhador ao emprego com registro’,
tratando de coibir as formas atípicas de emprego, especialmente o do trabalho
cooperativado. As cooperativas de trabalho são denunciadas como falsas, como
pretensas cooperativas, criadas unicamente para privar os trabalhadores dos seus
direitos legais. Como os dados acima indicam, apesar da ação vigorosa de fiscais,
procuradores e juizes do trabalho, o número dos que gozam do direito ao emprego
com registro não cessa de diminuir.

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Na realidade, nem todas as cooperativas de trabalho contratadas por firmas
são falsas. Um bom número delas são formadas por trabalhadores desempregados,
que disputam os seus antigos empregos contra intermediadoras de mão de obra.
Para eles, a perda dos direitos já é um fato consumado e se forem obrigados a se
empregar nas terceirizadas possivelmente sofrerão além disso acentuada perda de
salário direto. Outras cooperativas de trabalho são formadas por trabalhadores que
estavam assalariados por empresas intermediadoras e que preferiram se organizar
em cooperativa para se apoderar de parte do ganho que aquelas empresas auferem
a suas custas.

Estas considerações não pretendem indicar que a luta contra a precarização


é inútil, mas que ela carece de bases legais para realmente coibir a perda
incessante de direitos por cada vez mais trabalhadores. O fulcro da questão é que
ou garantimos os direitos sociais a todos os trabalhadores, em todas as
posições na ocupação – assalariados, estatutários, cooperantes, avulsos,
terceirizados etc. – ou será cada vez mais difícil garanti-los para uma minoria
cada vez menor de trabalhadores que hoje têm o status de empregados
regulares.

1. Direitos sociais para todos os trabalhadores

A Constituição Federal do Brasil de 1988 enumera os direitos sociais em seu


artigo 7º, o qual reza: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem a melhoria de sua condição social:”. Não há qualquer menção de
que os direitos enumerados a seguir sejam exclusivamente dos assalariados
regularmente registrados pelo poder público ou por empresa privada. Há
naturalmente direitos que se aplicam exclusivamente a assalariados tais como a
proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa (I), participação nos lucros
ou nos resultados, (XXVIII) e finalmente o direito XXXIV: “igualdade de direitos entre
o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.”

Dos 34 direitos arrolados pelo art. 7º da Constituição, a grande maioria trata


da melhoria da condição social de todos os trabalhadores. Os direitos II e III tratam
do seguro-desemprego e do fundo de garantia do tempo de serviço, sendo ambos

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ajustados à situação do trabalhador assalariado. Mas, é evidente que os
trabalhadores contratados como temporários ou mediante cooperativas ou como
prestadores autônomos de serviços etc. precisam de proteção nos períodos em que
se encontram sem trabalho. É necessário, pois, que em sua remuneração haja uma
parcela que seja obrigatoriamente destinada a fundos que lhes forneçam sustento
enquanto estiverem involuntariamente ociosos.

A extensão dos direitos sociais a todos os trabalhadores terá de responder à


questão de quem cobrar cada direito específico, quando não há um
empregador que assume contratualmente estes encargos. No caso de
cooperativas de trabalho, a própria cooperativa enquanto associação deve assumir
os encargos em relação a cada um de seus membros. Isso quer dizer que qualquer
cooperativa ou associação de trabalhadores, que produz mercadorias – bens ou
serviços – e os vende, deve obrigatoriamente incluir nos preços que cobra os
valores correspondentes aos encargos, exatamente como fazem as empresas
capitalistas que cumprem a lei. Além disso, estas cooperativas ou associações
estarão proibidas de vender suas mercadorias por preços que não garantam a cada
membro remuneração igual ou superior ao mínimo legal, acrescido de salário-
família, horas extras, descanso semanal e anual remunerado etc.

Conclusão

Por isso, se dizer que o Direito do Trabalho possui uma vocação ontológica
para a proteção de direitos da personalidade, pois, considerando sua origem e
finalidade percebe-se que está voltado para a defesa da dignidade da pessoa nas
relações de trabalho.

Desse modo, a pessoa ao ingressar na relação de trabalho não se despe de


seus valores humanos, muito pelo contrário, porquanto ser precisamente a função
social do Direito do Trabalho a preservação desse valor absoluto e universal, a
dignidade do homem que trabalha.

A proteção à dignidade se insere como um conteúdo necessário e inafastável


do contrato de trabalho, manifestando-se por meio das múltiplas restrições ao
exercício da autonomia da vontade.

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A relação de trabalho, implica em um conjunto de prestações e obrigações
recíprocas entre empregador e empregado, que devem zelar pela manutenção de
um relacionamento profissional pautado na ética e no respeito mútuo.

A compreensão dos direitos trabalhistas como direitos fundamentais é


questão primordial uma vez que o valor do trabalho deve adequar-se como
fundamento inseparável de valoração da pessoa.

O trabalho, portanto, leva a inferir que representa autêntico substrato da


dignidade, já que lhe confere estima, status, credibilidade, em síntese, "o trabalho
dignifica o homem", agregando-lhe valor social.

Destarte, a frustração ao legítimo exercício ou manutenção desse direito,


reflete, diretamente, contra uma liberdade pública, em outros termos, o trabalho,
assim como, a saúde, a moradia e os demais direitos enumerados no preceito
constitucional representam significante elemento integrante do conteúdo mínimo
para o estabelecimento de uma vida digna.

No entanto, ainda hoje, a realidade brasileira explode em violenta contradição


com aqueles ideais proclamados. Sabemos todos que vivemos num país marcado
por profunda desigualdade social, fruto de persistente política oligárquica e da mais
escandalosa concentração de renda. E, hoje, ainda sofremos um processo de
negação dos direitos sociais arduamente conquistados, na medida em que prospera
a defesa de um “Estado mínimo”, que abandona o povo à sua sorte e que reduz a
cidadania às liberdades civis e políticas, mantendo, em contrapartida, os privilégios
dos “de cima” e a brutal carência de direitos dos “de baixo”.

Por tais razões, importante o ordenamento jurídico reconhecer a necessidade


de conservação desse elemento da dignidade humana, revelando-se no prisma
constitucional, pela valorização social do trabalho como fundamento do Estado
Democrático de Direito, da Ordem Econômica e Social.

"O direito à vida é mais do que simplesmente viver: é o direito de desfrutar a


vida com dignidade."

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Referências bibliográficas

ARENDT, Hannah - Da Revolução, São Paulo: Ática, 1988.

BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. 7.ed. Rio de Janeiro:


Forense Universitária, 2004

CHAUÍ, Marilena - Cultura e Democracia. São Paulo: Moderna, 1984.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 28.ed. São


Paulo: LTr, 2002.

Revista Jurídica Virtual, Presidência da República - Casa Civil - Subchefia para


Assuntos Jurídicos, Brasília, vol. 1, n. 4, agosto 1999.

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