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Marcelo Furias Costa - Historia do Teatro Cearense cultura francesa da época do romantismo, Adorava em Franga Tedfilo Gautier, em Portugal Ramalho Ortigaio © Fiatho de Almeida, Dava-me licdes de arquitetura, falava-me dos pintores célebres e ensinava-me a co- nhecer 08 estilos em todos os artefatos das méios hu: manas. Viviamos na maior camaradagem. Durante balho, nem um pio. Nao se perdia tempo. No assoaiho do sobradao do José Maria, onde outrora funcionava ola de Aprendizes Marinheiros ‘ ergue 0 prédio moderno da Secretaria da Fazenda, a rua da Praia [inicio das avenidas Pessoa Anta @ Alberto Nepomuceno], eu pregava em esqua is rigorosas pesados panos-de-fundo, bambine- 38, bambolins, almuquéns, reguladores, bastidore: © rompimentos. Encorp 0S com goma e segurava aS grandes réguas para o tracado das perspectivas. xava os desenhos com sinopla, depois de feitos a in. Preparava as tintas. Enchia de cores os fundos les. Meses apds, desenhava, fixava e pintava os menores quase como o mestre que dirigia e fisca- vigo, fumando um charuto numa espregui- zava se idee Revebia pontualmente todos os meses o meu or- denado e era acolhido de bragos abertos pela familia Ramos. Ajudava o Dr. Herculano a revelar chapas de verasc6pio Richard, de fotografia, de que era grande amador. Enquanto sso, ele contava-me a vida e a bra dos mais c¢ pintores, sobretudo os moderos que avam: Ingres, Gros, Detaile, Lenbach, Delaroche, Millet, Jules Breton, Meisso Horacio Vern mais o inten ier, Regnault, t @ suas batalhas napolesnicas, Quando, para terminar a encom faltava somente retocar o pano-de-boca, qu fo Governo, represen tava 0 encontro do Iracema com 0 guerreiro branco, © Dr. Herculano Ramos pagou-me o tiimo ord: agradeceu-me o que fizera e despediu-me Nada reclamei, mas o ndo recebimento cago que esperava impediu-me deixar 0 Ceara pretendia no momento. Dominus providebit. Det videnciou. Eu tinha uma heranca depos! Econdmica, deixada por meu avé alemo Blumenau, quinhentos mil réis, acrescidos de juros, Unica heranga que até hoje recebi. Comple! minha maioridade, liquidei a caderneta e pude car para o Sul Gustavo Barroso (Consulado da China, Fortaleza: UFC, Do lugar onde estavamos, eu e Gérson Faria as- piravamos 0 cheiro das tintas a dleo do enorme casa- Tao, pintado recentemente por José de Raimundo Ramos (Coto Paula Barros, 0), Jacinto Matos € ainda Jo8o Vicente — pintor que imitou, nas paredes que la- deiam as portas, 0 marmore de Carrara painel que representa uma apoteose a José de Alencar velo Rio de Janeiro. E obra do con pintor Rodolfo Amoedo. grado Jacinto Matos pintou, ainda, todos os florées do teto que imitam alto-relevo, entrelagados de rosa, de uma beleza indescritivel. Paula Barros pintou as tres Artes: Pintura, Poesia e Musica. Ramos Cotoco foi 0 autor das frisas, onde se leem os nomes das obras de José de Alencar. A entrada do teatro fol executada por Jacinto Matos. Em cima, no “foyer”, ha dois medalhoes de Carlos Gomes e José de Alencar, devidos ao pincel Paula Barros, Ao seu redor fulgem, ainda, as decora ges de Ramos Cotoco. Nas paredes laterals havia lindas mulheres pin- tadas por Ramos Cotoco - que nao mais existem Poderiam ter sido, no entanto, restauradas por pintor habilidoso. A praca defronte a0 teatro era, aquela epoca, um verdadeiro Jardim de Afrodite, todo planado de rosas, dalias, borboletas e mais uma infinidade de flores erétons — tudo aquilo muito bem cuidado e regado forga de possantes chafarizes. No centro da praya, um enorme @ belo coreto, onde a Banda da Policia Militar executava todas as quintas-feiras belas partituras don tte as quais se destacava a vaisa mais querida de (0 08 Norma’ Como no antigo Jardim 7 de Setembro, havia: ne Avenida Marqués de Herval, enormes colunas 4s suibsitulam, em seu capitel corinti, grandes jafT08 eh neses trabaihados em fino lavor, ostentando @ male variadas espécies de plantas. 50 Theatro José de Alencar Otacilio de Azevedo (Fortaleza Descalea. Fortaleza: UFC, 1981) Aprendiz de Cenégrafo Gustavo Barroso Tendo acabado a construgao do Theatro José Alencar, 0 Governador do Estado do Ce: o servico de canogratia com um arquiteto e pintor en- tao residente em Natal, Dr. Herculano Ramos, casado com minha prima Amélia de Aguiar, filha do Bardo d Catuama. Era um senhor alto e magro, de longos bi godes 2 gaulesa, cuito e espirituoso, Tomou-me como © ordenado de cem tiicago de qui 1 fim do servigo, cont contratou seu aprendiz e ajudante, com reis por més e a prome nhentos a um conto, lucros. A gratificagao representava para mim a possibi lidade de vir para 0 Rio de Janeiro ‘Com essa esperanga, trabalhei um ano com o Dr Herculano Ramos, de seis da manha as cinco da tarde. ‘menos uma hors para o almogo em casa de sua aco- thedora e gentil familia, Aprendi muito no seu jlustraco ‘convivio. Tinha dtimos livros e era um apaxcnaco ca sa duma gr rme os 39 Marcelo Farias Costa - Hist6ria do Teatro Cearense a dedugao légica. Afronta possibilida- esultados proximos e reais éun sentimenta des concretas, procur Moralizemos 0 teatro prociamando a bondade da vida e a pratica das virtudes. os de enfrentar homens; mas, como diz ia no se encontra o homem ideal de somente o homem real de Tacito. Ahistéria nao é somente um magis- Ensina e julga na magistratur pem ul ela moral redime. a luta, sem trégua e nem armisticio, enganadoras que visam a espalhar moralismo multifério, sob a clamide helé- € nao esquecamos os grandes deveres e 0 simbolo de nosso apostolado para a Zo de uma Humanidade Melhor, que se revele ftude de uma verdadeira teofania. prélios ingentes que neste propugnaculo manega acima de tudo e sobretudo fulgente, como 0 sol da eterna beleza, a dadeira moral, amos 0 coragao as vastas esperangas e cami- confiantes no rumo brilhantemente iluminado destino, E nesta continua e perenal ascenso para 0 futu- 10 labor santo de semeadores ou ceifeiros da onfundamos numa vastissima e triun- uma gloriosa explosao d'amor, todos os das as siplicas, que levantam as almas Deus. Julio César da Fonseca Filho ‘Almanaque do Cearé, Fortaleza: 1922) A Inauguracao do Theatro José de Alencar A primeira vez que t Alencar foi na noite de anspus as portas do Theatro 17 de setembs 1910 — era a sua inauguragao artistica, pela eélebre Companhia de Operetas Leopoldo Frées ¢ Pérez. Lucia A convite do cenégrafo Gérson Faria subimos s “torrinhas’, nome que se perdeu no tempo ¢ que foi substituldo pelo termo “geral’, espécie de terceira classe destinada aos de parcos recursos. Deslumbrou nos de inicio 0 pano-de-b He ca, pintado pelo artista culano Ramos,*" que teve como pazinho estudante do Liceu, cujo nome era Gi Barroso. Representava uma cabana, na porta d. Araken oferecia ao G paz; ao lado do Soares Moreno, estava lracema liar um rae jerreiro Branco 0 Apega encenada era “O Date”, de aut Azevedo. Init adjetivar 0 trabalho de Leopoldo e Lucilia Pérez. A pega foi um delirio. diu de pé, longamente. Trés meses antes, a 17 de junho, petéculos havia sido entregue ao piblico da pelo presidente Aciéli, através de um long: proferido por Jislio César da Fonseca, um d res oradores da época. Realizou-se um c Banda de Musica do Corpo de Segur sob as batutas dos maestros Luis Maria Henrique Jorge. Do lado de fora, na Praga Marqués d José de Alencar] a festa continuava: morteitos, foguetes e girandolas num verdad gre pirotécnico. O povaréu no conti © pub’ 20 Gérson Faria, pseud6nimo do cendgrafo Joao de grande atuagao no teatro e nas artes plasticas cearenses, no final do século XIX @ inic XX (N.O). 21 Herculano Ramos, pintor e arquiteto resident fom Natal (RN), © contratado para os trabalhos 3° conogratia do Theatro José de Alencar. 22 A imprensa da época ndo registra a presenca de Leopoldo Frées, 0 que ndo podia ser ignorado devido # grande importneia do ator. A Verdade, a regra das regras; a Bondade, a lei das leis; a Beleza, a harmonia das harmonias. No estado de espirito em que nos achamos, co- locados no vértice do progresso, vendo por todos os lados o pendor, o declive, a escarpa, 0 disperso junto em turbilhdo, problemas sobre problemas, hipdteses sobre hipéteses, incdgnitas sobre incbgnitas, interro- gagdes devoradoras das esfinges da diivida, $6 a mo- ral, a moral cristé, abrindo-nos a perspectiva real da consciéncia, dando-nos 0 ideal de paz e de perdao, s6 a moral crista, com suas conclusdes cheias de jus: tiga, nos alenta e consola, conciliando todas as contra- digdes, igualando todas as antiteses © harmonizando todas as oposiées sociais, todos os seres e todas as coisas pela lel universal do amor. Nao nos iludamos. Fagamos a magna obra de mo- ralizago do teatro e conseguiremos vender uma das maiores batalhas na liga intérmina da cultura humana Realizaremos © sonho platonico, o bem confundindo- ‘se com o belo. A vida social s0 € verdadeiramente dig- na de viver-se quando a ilumina um reflexo ao menos do imenso olhar que nos vé pela consciéncia e que nos segue sem cessar na nossa peregrinagdo através do tempo e do espago. Tudo pela moral no teatro; nao pela moral-aparén- cia, nao pela moral-artiicio e sim pela moral-realidade, pela moral vive. Amoral-aparéncia, produto genuino de uma alqui- mia de mutagdes e transmutagies, que se sucedem caleidoscopicamente, engendrando teorias absurdas @ técnicas aparatosas, oficina magistral de elixires © panaceias inooerentes, conglomerado indefinido de formas e formulas retumbantes, cimbalos de uma dia- ecta falaz, de sistemas e escolas que se afirmam @ se digladiam numa sofistica exuberante e num verda~ deiro peitacismo leibnitziano, de principios sem fatos. de solugées sem aplicagdes, de generalidades que $e contradizem e se negam, num bizantismo de ‘gomaquia assombrosa, a religiao da ieligiao, 6% 5 0 Theatro José de Alencar gem das conturbagées e inquietagdes que todos nds suportamos, esperando contra todas as esperancas, na frase do apéstolo; a moral-realidade, produto s&0 das boas leis, dos bons costumes, das necessidade inedutiveis e disciplinadas do espirito e do coragao, fruto purissimo da dignidade do homem, da literdade e da harmonia de todos, amor imortal 20 Justo e da paz, ‘a consciéncia em sua agéo divina, permanente, que abomina todas as misérias, as explorages, os mono- pélios, as paresitismos, as iniquidades, as tranias © 08 exclusivismos, sob qualquer nome que se apresente, 6 a moral, forga organizadora e diretriz, inconfundivel, tinica, que coneretiza a verdade eterna, absoluta ¢ fundivel, nica, que concretiza a verdade elema, ab- soluta ¢ integral, luz e calor fecundantes que ativam a desenvolvem as germinagbes do bem, espirito e vide das nagbes e dos povos que se salvam, das nagdes € dos povos que ndo morrem. Nao hé duvida, na dinamica social, a moral 6 0 equilibrio estavel, isto &, a integragao de equilibrios ins- taveis. Se a ciéncia elevou a categoria de leis necessé- tias 0 “determinismo”, como condigao de toda a ativida- de psiquica: a “variabilidade”, como condigao de todo progresso; a ‘luta pela existéncia", como condigao de felegao natural, em que termos se deve defini social mente falando, a moral? Ser a moral sem a moral, paral nunca se encontrarem, uma fonautestenia, uma Pura cestérl anarquia de ideias @ opinides, palavras que saem do vago e caem no efémero. ‘Temas um teatro, © nome, porém, nao faz a coisa ‘coisa 6 boa em si. O.que importa é sua aplicagso ‘Todos acreditamos na vitbria de tudo quando esta wno funda de toda a crenga sincera, de toda herbica bos vontade. s fadadas @ deal. O ideal no ¢ um pro- rrincipios absolutes e de con- o Suma efusdo Marcelo Farias Costa - Historia do Teatro Cearense Na frase aforistica, sintética, lticida e metédica de La Bruyére, 0 escritor que melhor estudou a psicologia do carter "so os fatos que louvam E os fatos, frutos opimos de uma laboragao inde fesa e patridtic mal vemo ali esto evidentissimos; e um deles a duvi € palpamos, sem que se po: lidade concreta ante sequer de sua re vida e estimul Creio no poder da civilizagao, criador dos grande as, redentor das nagdes e paracieto dos governos. Alfim temos um teatro, depois de tantos projetos vamente elaborados, de tantas iniciativas perdidas ¢ 3s tentames malogrados. Esta satisfeita a ne- de que quotidianamente se acentuava num imperiosamente clamante. Temos um te io, € todos nés 0 vemos, materialmente considera tro, porém, n&o esta s6 na sua arquitetura, sobretudo na sua moral, no espirito que o deve 10, 6 re os costumes, de seus desvios, de suas © anomalias, em sumula, de sua génese @ luge hiistérica, seria agora encargo que a ocasido festiva no comportaria. Ndo me incumbe dissertar © assunto, como se fizesse uma conferéncia ou uma prelecao, Em todo caso, ¢ conveniente lembrar que o teatro Precisa de um renascimento, de uma como que palin- Genesia que nos dé a euforia do bom e do honesto, Todos saber quanto de mal encerra o teatro modemo, Quanto nos tem sido pemicioso com o seu exibicionis- mo fescenino seus amavios estonteantes, que s6 po- dem ser justificados pela psicologia morbida, O teatro & hoje 0 templo da religido dos sentidos, no qual, em verdadeiros holocaustos, se tem sacrifi. cado tudo & deusa do prazer grosseiro e brutal, sob 0 cendal didfano das fascinagoes mais atraentes. © teatro, tal qual atualmente se concebe em seus endo dos plores instintos imp Iitantes. Em seu nefasto fadério, deturp subverte, fe pUI808 nob Onviloe8 @ enerva, de modo to Intenso que multas vores 9 mem sente horror de Ser homer, a mulher vente borg, de ser mulher O que vemos em cena, em meio de decorsony soberbas, so coisas que repugnam ¢ ros de Nao se posso garantir q tr zendo da mulher, esta argila divina, ¢ estéticr ro mesmo dos seus bosques 40 desconhecidos 08 dramas i todos, com raras excegbes, nio im sendo de dissolver a sociedade pela familia, {a ta sant do amor, o alimer ica di nto pi mposita de tod E a glorifi fante, sem a brancura ti rubores timid 5 as impurezas e lubrieidade agdo paga da carne, na sua nudez true da castidade s da pudicicia. & da disciplina interior, é a indulgéncia para todas as in famias, 6 a baixeza vil, se as quais a alma humana se apoia para atingir 08 all cimos, onde se acende o fanal da consciénola, cujo ‘campo de iluminagao abrange o home: ralo de visibilidade permeia o futuro da sociedade O teatro, sem a moral crista, pode ser tudo, menos uma escola de ensino benéfico Pode ser um biotério, para vivi pezas formosamente animadas; um dissecar cadaveres animados; um laboratoro, andlise das viruléncias d'alma; um nosoodmio, pare a® veséinias do coragaio; um museu de teratologia social um alcdgar de gozos vulgivagos; um bazar de vena: gas humanas; um circo para exercicio calisténico, uma alcocelfa de proxenetas; nao serd jamais 0 taberndcull augusto, sereno © majestoso, onde ardem sem cess lampadas sagradas da Verdade, da Bondade ¢ d@ Beleza, a completa a m um s6 dos fuleros sobre inteiro cujo de tor sche anfiteatro, para para N&o conhego as sti > aS Sliplicas e as genufl as lexdes dos ritual io da subservi- ductos dos incen- /aminheiros dos arautos, Merego ser exouvido, sem as notagées ¢ os co. Mentarios engendrados, em sonsonete @ A pela nequicia dos mal-humorados. Nao vim aqui para fazer o panegitico de um ho- mem @ nem tampouco a apologia de uma obra. A pa- renética do género € para mim coisa estranha. Vim aqui, para, interpretando lidimamente os sentimentos do Ceara, representado pelo Partido Republicano, saudar 0 Exmo. Sr. Dr. Ant6nio Pinto Nogueira Accioly, Presidente do Estado, pelo seu regresso a terra natal, proporcionando-se 0 ensejo da inauguracaio deste te- atro, obra exclusiva sua e digna do seu governo — se- menteira ubérrima, messe opulentissima de beneficios e utilidades. palatinos, nao conhego o gloss: éncia incondicional, nao conhego os sérios € nem os pregées louy: Puridade, Agindo assim, pratico um ato de justica, apesar de rancores malsaos, de édios implacaveis e de ambigbes insofridas, que por ali afora rugem com indémitas feras famulentas. Nesta conjuntura afortunada, o Ceara nao podia deixar de saudar com o mais ardente jubilo aquele que, no pleno desempenho da sua elevada e dificil miss&o, tanto e tanto tem contribuido para 0 progresso @ de- senvolvimento dos seus destinos, pela compreensao clarividente de todos os seus interesses e pela afirma- go constante dos objetivos e intuitos fundamentals da vida de um povo, que fixa e arrosta o futuro com a im- pavidez profética de um convencido. Esta festa de concérdia e confraternizagao reves- te-se de uma singular imponéncia, que nao se prende ao aparato exterior do brilho e da sonoridade — a impo- néncia que vem espontanea e irresistivelmente, como uma corrente caudal, dos grandes sentimentos publi- cos. Tem, no ha duvida, a significagao eloquentissima das maximas expanses humanas. 5 0 Theatro José de Alencar Ha aqui tragdes e afinidades eletivas de afetos e Principios, cuja euritmia e consagragao 6 um fato cheio de augirios generosos, de que © coracdo ea mente coarse imortal. © Exmo. Sr. Dr. Anténio Pinto Nogueira Accioly Pode orguihar-se, € certo, da invejavel posigao que Ihar-se mais e mais do lugar que ocupa no coragao de ‘seus conterraneos. . A luz da sintese histérica ou da poderosa evoca- ¢€0 dos fatos, nao ha personalidade importante senao aquela que encarna em si propria o espirito da coleti- vidade, 6 0 homem diretor; e por mais forte e so que vida muito que aplaudir e muito que aprender, seja em- bora imaculada como a neve, no dizer shakesperiano, ndo escapara jamais a calinia. Deixemos, porém, que as catapultas continuem no seu lapidar ¢ passemos recordando a Divina Comédia de Dante. Uma nago 86 se engrandece e cresce no concel- to geral da civilizagao pelo merecimento de seus es- tadistas, de seus homens de letras, de seus artistas Honrando-os, prestando-thes as devidas homenagens, no se faz ato de servilismo, nada mais se faz do que concorrer para o respeito que todos nés nos devemos © Exmo. Sr. Dr. Antonio Pinto Nogueira Accioly, sem contestagao, 6 para 0 Ceara mais do que uma forga, 6 uma poténcia politica no sentido da modema ciéncia energética Nao me é dado proclamar os seus feitos pela tuba dos louvores, esses clangores que atroam e repercu- tem nos fastos da Histo 85 Marcelo Farias Costa - Histéria do Teatro Cearens fando ou diminuindo; 2. de tran rigdo da cor- spondéncia oficial e dos relatérios anuais; 3. de lan: renda e da despesa. nos relatorios anuais que deverd io do Interior e Justica os repa- > que precisa teatro, expendendo que tiver a respeito. Fis Providenciar sobre quanto nao este- te regulamento e reclamar pronta re- do conta de tudo, oportunamente, ao o Interior e Justiga 9? - E vedado, em absoluto, ao diretor onomia das empresas ou companhia: m nas relagSes desta com o piiblico. O diretor recebera os vencimentos la anexa e tera direito a uma cadeira igo 10: A Republica, 20 de setembro de 1910. Discurso Inaugural Demasiada honra é para mim a tarefa que hoje imerecidamente me cabe, tomando a palavra para solenizar a inaugurago do Theatro José de Alencar — nome que vale um nume, pois traduz uma literatura toda inteira Demasiada honra, digo bem: ela sobrepuja as minhas forcas, excede 0s meus recursos. Néo é uma desculpa de timorato, ndo é a expressao eufémica de modéstia hipécrita Tenho medo das alturas. Tenho medo de blasfe- mar, em nome da crenga; tenho medo de mentir, em nome da verdade. acl 49 Ordenado de dois contos @ quatrocentos mil réis mais gratificagdo de seiscentos mil réis Um dev porém, © dever sagrado da amizade, nutrido pela selva alentadora de um ¢ a conviver diutumno lealdoso, determinou a minha presenga nesta tribuna, Ainauguragao do Theatro José de Alencar é 20 mesmo tempo uma homenagem civica ao grande cearens 2.0 Exmo. Sr. Dr. Anténio Pinto Nogueira Accioly. Duplo ho- rOscopo, que nos auspicia faustos a valor divinatério tém os pressagios. Nao se foge ao dever, que a consciéncia imped como nao foge o sabeista de olhar para a estrela que se impde a sua visdo. ntecimentos, se Atribuna teve outrora encantos e sedugdes para mim, na minha mocidade voltada ao culto dos grandes ideais, Labor que foi das minhas aspirag5es, hoje ¢ um Calvario. onde 86 subo por um sacrificio, pela paixéo do dev Apalavra j& nao me é décil ao meu pensament a neve dos anos, este lengo branco a tremular num adeus prolongado as ilusSes matinais da existéncia, j@ amorteceu 0 calor € 0 entusiasmo. Resta-me somente a boa vontade e a saudade dos tempos que ja ram, eco longinquo que se esvai, sombra errada g passa, répido claro que se apaga. Sonhando com terras prometidas, ja ndo sei mais fazer viver, cantar, palpitar a minha palavra, que hole no 6 mais do que uma simples mussitagao, sonido murmurante e flébil de uma concha univalve, apenas relembrando nostalgicamente o mar que a gerou se a8 esta Execro a lisonja, execro os epinicios, aS loas coplas amplificadoras @ mistificadoras do elog! verdadeira pandemia que hoje nos desola com as abo minagdes dos impudores e desbrios, Sou franco @ teal. ‘a sinceridade me domina e aponta, no périplo tragag® 08 pontos cardeais da minha orientagao. ‘A nova mitologia criadora de deuses, semideuse® lamento, e, sem intervir diretamente Nas atribuigdes do diretor, levar a0 conhecimento do Secretitrio do‘ es : as falhas que aquele funcionatrio incorrer ve Antigo 5' atribuigdes da Inspetoria do Theatro José de Alencar so extensivas a quaisquer outros, blioos ou particulares, que expuserem bilhetes a ven Antigo 6 fungSes dos Inspetores podem ser es comutativamente ou por cad: la um de per Sendo todos solidariamente i, segundo acordo prévio, sponsaveis, ~ A excecdo do porteiro, os demais em- nomeados pelo diretor do teatro. Artigo 8 - Ao diretor compete: § 1®- Zelar pela conservagao exterior e interior do teatro e de todos os seus pertences. § 2!- Manter 0 asseio € a moralidade no recinto do 0 e também a ordem na auséncia da autoridade § 3° - Conservar sempre abertas duas ou mais apélices de seguro contra o fogo, em companhias bem reputadas, a fim de por o Estado a cobro de prejuizos, caso de incéndio do edificio. § 4® - Firmar por escrito ou verbalmente, quando a urgéncia do caso assim o requerer, todos os contratos para @ abertura do teatro. § 5? - Contratar com quem mais vantagens ofere- cer a locag&o do botequim § 6?- Nomear e demitir o pessoal auxiliar, subme- tendo, porém, esses atos 4 aprovagéo do Secretario do Interior. § 72- Manter em dia um album historico que se prenda, desde a fundagdo, a vida material e artistica do estabelecimento, em que se faga mengao de todas as temporadas teatrais, relacionando as pegas represen- tadas e o nome dos intérpretes, e figurem as assinatu- 50 Theatro José de de nomeada § 8° Multar, depois 4 infratores Alencar ras dos artistas le precisa admoestagto aos ‘™ultas ao tesouro do Estado, diac Y ~ Exerce @ Vigilancia necesséria aqueles que contratem o teatro cumpram 9088 que Ihes sao impostas, para que as obriga- § 10°- Recusar a entrega ou retirada dos objetos Pertencentes as companhias subvencionadas ou no desde que nao estejam quites com o teatro ou como tesouro, § 11° - Pedir, em caso de necessidade, o auxlio da policia para que as suas deliberacées sejam cum- pridas. § 120- Levar ao conhecimento de quem competi conforme 0 assunto, que for do interesse do t indicando as providéncias que julgar oportunas. § 13° - Ministrar 3s autoridades competentes as informagSes que Ihe forem pedidas, e dar, a respeito do teatro, os esclarecimentos precisos. § 149 - Comparecer, todos os dias Uteis, ao teatro @ ali conservar durante os espetdculos ou queisquer outras divers6es, s6 se ausentando ou deixando de comparecer com prévio aviso @ policia e Inspetoria, § 15° - Promover, sempre que possivel, fungdes: artisticas, liricas e dramaticas. § 16° - Prestar contas, no fim de cada trimestre, ao tesouro do Estado, da receita e despesas do teatro, recolhendo os soldos em seu poder. § 179 - Conservar, sob sua guard & responsabili- dade, os livros, abertos, numerados e rubricados pela Inspetoria do teatro. 1. da Inscrigao e inventario dos objetos pertencentes ao teatro, anotando os que forem 78 Este livro deve ter sido queimado quando se do teatro estava confirmou que um dos empregados v jeproso. Afonso Jucé manteve um lio desta espécie, a partir de 1938, até 1972, pelo menos 83 28 - Tais espetaculos s6 se realizaréo com ‘do Secretario de Estado dos ravia autorizag interior e Justiga, a quem 0 dirator do t ve emara sobre as exigencias deste regulament. artigo 3° - A Administragao do Teatro esta confiada a uma inspetoria, composia de tres membros,”” ¢ 2 um Srator nomneado pelo Presidente do Estado, 0 conser- yados enquanto bem servirem. iarigo 4° - Os Inspetores no terdo direito a ve cimento algum e serso escolhidos dentre as pesso {que mais #6 haverem distinguido por seu talento, lus- trago @ conhecimentos tecnico ———— 46 © primeira foi o Dr. Faustino de Albuquerque ¢ ‘Souza 47 Os trés primeiros foram: Papi Janior, Antonio Fidza Pequeno ¢ Herminio Barroso. 82 Artigo 5° - Aos Inspetores compete: § 1 - Visar as pegas que devam ser cena, aprovando-as, reprovando-as ou deciars nal, as alteragdes com que consentem a apres § 2 - Exigir das empresas a montagem regular 35 pegas que foram a cena, § 3 - Proibir que os artistas por gestos ou entone- cao de: fam a moral e ao decoro. § 4 Multar, até duzentos mil réis (200$000), aque que nao respeitarem as duas deliberagdes, partic pando ao Secretario do Interior @ a0 Diretor, para qv ‘esto torne efetivas as multas impostas e as recolna 2° tesouro. § 5 - Zelar pela exata jrtuem 0 pensamento dos autores ou ofend PTT REN ES URDU ALLE UL ia 5 O Theatro José de Alencar Cronologia 1908 - Iniciada @ 6 de Junho a construgao do Theatro 23 de setembro. E 0 pubblico de Fortaleza lotou José de Alencar. © teatro (ingressos foram vendidos na Maison Art Noveau), vibrando e aplaudindo os artistas, 1909 - No Rio de Janeiro, o cearense Oscar Lopes na sua nova casa de espetaculos. estrela com sucesso sua pega Albatroz, drama em trés atos, no dia 28 de setembro, no Teatro Recrelo Dramatico pela Companhia Lucilia mérito da companhia. Os artistas mostraram- Perez. Na mesma noite, A Confisso, comédia se dignos dos aplausos que receberam da em um ato, também foi apresentada Plateia. Lucilia Perez confirmou os créditos que justamente goza em todo a pais". (A Repubiice, 1910 - Em 1910 0 Theatro José de Alencar é inaugu 24 set. 1910), rado. Numa grande noit destacadas personalidad ‘© desempenho de O Dote esteve @ altura de 2, que reuniu as mais s da vida cearense, 1910 - Noite de jla para o teatro cearense, com a es- na qual foi homenageado o presidente Acioly, treia de Os Impunes, trés atos, de Oscar Lopes, inaugurou-se 0 teatro. Era o dia 17 de junho dia 6 de junho de 1910, no Teatro Municipal do Nesta noite ouviu-se a Banda Sinfénica do Rio de Janeiro, em seu ano de inauguracao. Batalhdo de Seguranga, regida pelo maestro Luigi Maria Smido. 1913 - Cabotinos, drama em trés atos de Oscar Lopes, estreia a 12 de abril no Theatro Municipal, Rio Mas 0 primeiro espetaculo teatral foi dado pela de Janeiro, com a Companhia Lucilia Perez, di- Companhia Dramatica de Lucilia Perez com O rigida por Eduardo Victorino. Dote, de Artur Azevedo, encenado somente a Nos Bastidores No jornal A Republica de 20 de setembro, iniciou- CAPITULO! ~Se a publicacdo do primeiro regulamento do teatro. Do Theatro José de Alencar e sua Administragao Aqui reproduzimos o seu primeiro dos dez capitulos. Artigo 12 - © Theatro José de Alencar € destinado Regulamento Oficial parao Theatro JosédeAlencar 3 espetéculos piblicos, liricos, draméticos, magicos e cinematograficos, a concertos vocais e instrumentais, a sessées e conferéncias cientificas, literarias e artis. ticas. © Presidente do Estado, usando da atribuigao que 'he confere a Lei n® 1.004, de 13 de agosto do corrente ano, resolve expedir 0 seguinte regulamento, que de- vera ser observado no Theatro José de Alencar. aus WN Marcelo Farias Costa - Histéria do Teatro Cearense sabado”. O mesmo jornal nos conta que na festa de reinauguracao seria prestada homenagem a Alberto Nepomuceno; a orquestra executaria suas miusicas e seria inaugurado no foyer um retrato a 6leo do grande compositor, pintado por Jodo iro Pessoa. Na ocasio falaria Ant6nio Sales. 2, Primeiro diretor do eSoura sie de Albuquerque e Sous, Primers a “Theatro, depois Governador do Ci Fau A 23 de agosto de 1919, um grande oy es, cimento para o teatro cearense: sem te be apresentada pela primeira vez e heat 4 ( treado er e es jd havia es! José de Alencar (ant e : rds) ‘A Bailarina, de Carlos Camara, pelo set Grémio Dramdtico Familiar” No elence: Eurco 0 piraba, Joaquim Si Pinto, Augusto Guabir i eat a, Carmem Olimpia, pica Se lo mesmo grupo, foi Casamento da Perel apresentado a 27 © apresentace = y Gremio Dramatico t Peraldiana, pe! 0 do mesmo més. Familiar, capitulo 7 15 Ver 80 Outro acontecimento importante foi a encena- 0 da pega de Papi Junior, © Corisco (6 ¢ 23 de dezembro), com musicas adaptadas por Henrique Jorge, e no elenco, senhorita D. Quevedo, Zila Papi (papel-titulo), Eurico Pinto, Clévis Salgado e Joaquim Santos A teatrografia do Theatro José de Alencar con- tinua no final de cada capitulo, abrangendo a década em foco, obedecendo nossa ordem cro- nolégica, Ver ainda capitulo 32 igualmente pobres sdo os anos de 1913 e 1914, pelo menos nas paginas dos jornais. £ épo: ea de agitagao politica com a deposigao do gover no Nogueira Acioly. Em 1913, temos a Companhia de Operas e Zarzuelas Mercedes Tressoles, dit a por Pepe Carpir e, no repertério, Conde de go, Mouros e Cristos, Sonho de Valsa, © Canto da Primavera, A Corte a6, La Carcelera, Os Boémios, Amor de e, As Musas Latinas. 1 1914 temos, a 17 de julho, o concerto anista Isa Queiroz Santos. No entanto, a nica da cidade nao ficou tao inativa, sen- imada pelo Cine-Teatro Politeama. O jornal io, anunciando a vinda do Grupo de Operas dias Brando Sobrinho para este cinema, Ha muito que a nossa capital se ressen- falta de uma troupe que fizesse aqui uma cdo teatral. Agora, porém, os senhores Rola & \nm&os, proprietarios do Politeama, contrata- ram a Troupe de Operas & Comédia de Brandao Sobrinho”.° Em 1915 apresentou-se o grupo local, Grupo Dramitico Jo’o Caetano," a 22 de abril com 25 pecas de um ato, A Ralz Maravilhosa Uttimos Momentos de Tiradentes e O Vasques em Maxabomba. Foi 0 primeiro grupo amador oS arense a pisar no palco do teatro oficial, segun- do Edigar de Alencar.* Mas, das manifestagoe® Cenicas cearenses, o que marcaria o ano seria a apresentagso de A Guelxa, de Sidney Jones, dirigida por Adacto Filho pela Companhia Juvenil Cruz Branca. gid a) 70 Unitario, 24 jul. 1914 41 Ver grupos da década de 1910 ALENCAR, Edigar de. Fortaleza da) Gnieny @ ieontem. Fortaleza: Imprensa Universita; 1880, Ps Ver grupos da década de 1910 5 O Theatro José de Alencar Em 1916 nos visita a Companhia Lucilia Perez, desta vez associada a Leopoldo Frées. A companhia traz os atores: Atila Moraes, Emydio Campos, Cecilia Neves, Jodo Gabriel Montini e outros. Foram encenadas as pegas: Beijo nas Trevas, Louco Amor, Amor de Perdigéo, O Dote, O ilustre Desconhecido, Zaza, A Dama das Camélias, Morgadinha de Val Flor, Campignol a Forga, de Feydeau; para 0 teatro cearense, a montagem mais importante feita por esta compa- nhia foi a pega de Papi Junior, A Maga. “O cho de ‘A Maga’ é bem construido, girando toda a agéio em toro do equivoco de dois provincianos chegados do Rio e alojados numa penséo demi -mondaines |...] a0 finalizar 0 terceiro e ultimo a a plateia rompeu em vivos aplausos ch: & cena o autor que foi alvo de entusiasticas ova- goes". Colds, 5.5 Primeira Restauragao Nos anos de 1917 e 1918 0 Theal de Alencar sofre sua primeira restaura elétrica é instalada. Os Cine-Teatro Po! Majestic Palace abrigaram, entdo, as visitantes. Sua reinauguragao se da e’ 4919, mas pouco antes temos 0 nista Manoel Augusto des Santos (8 do pianista Carlos Peixoto e do tenc Freitas Abreu (8 de abril) e apres sionista cearense D. Cordeiro (9 de abr © Correio do Ceara de 19 de juiho de 19 nos conta: “Estando definitivamente conc! as grandes obras de reforma por que acaba de passar @ nossa principal casa de espetaculos ‘0 Theatro José de Alencar vai ser mesmo oficial mente inaugurado no proximo dia 26 do corrente aan ane 1 idas Marcelo Farias Costa Histéria do Teatro ¢ arense ontem as delicias da nossa plateia’,’ “Rentini... do seu peito melodioso arrancou notas as mais boni: tas, extasiando o auditorio Depois da Princesa dos Délares, reprisada es, a companhia apresentou: Pericole, @ Halévy; Maria Bonita, opereta es- > Dialcalé, Zarzuela, A Vitva de Merillac e Halévy; A Capital Federal, a; O Mole! TEATRO JOSE OE ALEICAN E Tim Tim por Tim Tim e os festivais dos ato- res encerraram a gloriosa temporada de Dolores Rentini, que se despediu do nosso piiblico a 5 de julho com O Conde de Luxemburgo, de Lehar? De Fortaleza, a companhia segue p: onde Rentini falece de febre amarela c em Manaus. ntraida 5.4 De 12a 16 Junto com Dolores Rentini estava Leopoldo Sinos de Comeville, A Vidva Al Alegre, de Victor Leon, interpretados por Isidore Alcaid, Alves da Silva, Sacramento, Cidudia Montenegro, Matos, dentre outros. Um ano pobre para o Theatro José de Alencar Frees, Henrique Oliveira, Adelaide Monteiro, De 1912 6 a temporada da Companh Alcebiades Monteiro e outros. Sobre Leopoldo da Silva (fevereiro e margo) com as pe. Froes, sempre elogiado pela Imprensa, disse 0 Diss em Paris, O Conde de Luxembuga 0 Jornal do Ceara, de 13 de junho de 1911, comen- tando 0 espetéculo Os Sinos de Comeville: “As honras da noite couberam a Leopoldo Frées na sua maravilhosa cangao ‘Tio Gaspar’. O eximio ator empregou toda a grandeza do seu talento ar- fistico na execugo desse papel no qual estev@ 5 Doiores Rentini (Madr, 15 abr. 1879 ~ Reale, 15 decerto admiravel ‘ago. 1911). Vindo de tomporada em Belém, depos @” Manaus, onde contraiu a febre amarola, Rentin’ passoe Recife, onde faleces d0ss4 7 Jornal do Ceara, 2 8 Jomal do Cearé, 22 maio 1911 78 malo 1911 TRE RDO LMAMAe MEL nicial do Theatro José de Alenc at? Ao lado da alta sociedade e dos intelectuais de entéo, A Repubblica, de 29 de outubro de 1910, nos con- ta: “Os habitués das torrinhas do José de Alencar parecem caprichar em dar provas de sua ma edu- cago. Jé ndo contentes em perturbar as repre- ilhérias insulsas, desenxabidas ntaram agora umas setas de papel que s40 atiradas sobre os espectadores das frisas e das cadeiras. Por cumulo do desaforo contaram-n que ontem alguns individuos cuspiram sobre as sas que estavam nas frisas' AB de novembro do mesmo ano, despede-se a Companhia de Lucilia Perez. O préximo usuario do teatro seria a Troupe de Atragdes e Variedades do transformista Aldo, com temporada de 19 a 25 novembro, Apresentou Um Coronel Ciumento to de Lulu, pegas em que Aldo fazia mais de nsformagées. Mas 0 maior sucesso da trou- ol og duetistas luso-brasileiros, Os Geraldos. tagdes com f 5.2 Em 1911 Em 1911, 2 Companhia Dramatica Francisco Santos, de 7 de janeiro a 20 de mareo, sentou Pérola, de Marcelino de Mesquita Garotos, de Dias Ferreira; Napoledo. A Borracha, comédia de costumes amazonense: Os Voluntarios de Cuba, A Filha do Mar, Lagartix® Feydea; O Comboio N°6, O Outro Eu, O Avarento, de Moliere No elenco da companhia, a0 lad dos Santos estavam Costa, agora jé atriz de fama zes que tém trabalhado jo de Francisco Eulalia Barreto, Graziela Visita Xavier e a coarense Marie. COS» nacional. “Das mites als nos teatros desta capital, inenhuma, por certo, mostrou mals dotes de artista do que a aplaudida cearens@ que: 5.0 Theatro José de Alencar mente representa no Theatro José de Alencar. [..] porte esbelto, fisionomia extraordinariamente sim- patica, voz harmoniosa, diego étima, acomps nhada sempre de uma gesticulago comedida e propria’.* A sociedade cearense nao Ihe foi indife- rente: “diversos cavalheiros e uma distinta familia foram ao palco cumprimentar a jovem atriz, ofe- recendo-lhe ricos ramalhetes de flores natura 5,3 Dolores Rentini ‘A Troupe Oni Miller também se apresen- tou no Theatro José de Alencar (10 de 1911), mas 0 grande acontecimento, nao s6 do ano, mas desta fase inicial da historia do Theatro José de Alencar, foi a temporada da Comp: de Operas Cémicas e Comédias Liricas Retin! Quem a assistiu recordou com saudade oi} te muito tempo. Veio no vapor Goiés. Belém e Manaus, passando por Sao Lu! apresentar doze récitas de assinatura. 49 de maio com Sonho de Valsa, de Felix Dorman. Dolores Rentini, principal estrela da nhia, extasiou o pilblico ce maximo o prazer estético, A ap Mascote e de O Solar da: camar iu-se A Princess maio), de Willmer e Gru Baur so desta companhia, numa te ‘A opereta era u elevar seg Sitaneipados da mulher americana, © mais u orn polores Rentini deslumbrou os cearensé voejas as flores deviam ser as nossas palavras. dque.chovessem em pétalas sobre a acoravel at Dolores Rentini. Na ‘Princesa dos Dolares fez ele — GA Repiblica, 23 jan. 1911. as Costa - Historia do Teatro Cearense 6. O Burro, de Buridan e Caillamet e R, de Fler A Mao Negra, de George Sidney © Dote, de Artur Azevedo N 4 Rajada, de Bernstein das Camélias, xandre Dumas 8. A Toca Vermelha, de Brieux 4. Zaza, de Berton e Ch. Simon 9. O Papéo, de Blumenthal Maria Antonieta, de Giacommeti 10. A Vidva Alegre, de Meillac e Halevy Foram incluidas mais dez pecas extras: 10. O Beijo, e um ato de variedades, enquan- 1. O Grande Industrial, de George Ohnet to a companhia aguardava a chegada do vapor 2. Tim Tim por Tim Tim Ceara no qual viajaria para o sul 3. A Dionisia, de Dumas Filho 4. Arsénio Lupim, de M. Leblanc Era costume na época, depois da temporada 5. Quo Vadis, de Edmundo Vitoriano normal das companhias, seguirem-se os festivais 6. Estoria de Uma Moga Rica, de Pinheiro &™ beneficio dos atores, que recebiam a renda da uimaraes noite e todas as homenagens. Era comum a ofer- 7. Quasi... de P. Gawault e George Berr ‘spon do publico, a presentes valiosos. oy 8. As Duas Orfas, de A. D'Ennery cannhed coca eee e respeito 9. Hotel de Livre Cambio, de Feydeau, e por Como seria RCT RELLIALELUC A ULL ee Aen de tantas iniciative malogrados. erdidas e tant s tentames Esta satisfeita a necessidade que quotidianamente se acentuava num rel riosamente clamante. Temos um tez 0 impe- ro, @ certo, e materialmente considerado. todos nés o vemos, O teatro porém 40 esta sO na sua arquitetura; sobretudo, na sua moral, no espirito que o ‘Nogueira Acioly teatral foi dado pela © primeiro espetaculo com O Companhia Dramatica de Lucilia Perez Dote, de Artur Azevedo, encenado a 23 de se tembro de 1910. E 0 piblico de Fortaleza lolbw 6 teatro (ingressos foram vendidos na Maison Art Noveau) vibrando e aplaudindo os artistas, na sua nova casa de espetaculos. Ludi 0 desempenho de ‘O Dote’ esteve é de mérito da companhia. Os -se dignos dos aplausos que teia. Lucilia Perez confirmou os tamente goza em todo 0 pais Na Companhia de Lucilia v Anténio Ramos, Augusto Came Luiza de Oliveira, Marzullo, Tav Alfredo Silva, Esther Bergerat meiro ator a rect teatro: “Em oficio de hoje de Theatro José de Alencar fez Lucilia Perez 0 modo incorreto no espetaculo de hoje o ator Ary Nogueira’ jados Os intervalos eram abrilhar stro Smido, regendo composigdes a0 ¢ 4poca. A Companhia de Lucilia Perez obt to sucesso que, das dez récitas de assinal pretendiam inicialmente apresentar, 4A Repibiica, 24 set. 1910. 5 A Repoblica, 3 out. 1910. Marcelo Farias Costa - Histéria do Teatro Cearense Panos-de-fundo, bambine- lmuquéns, reguladores, bastido > rompimentos. Encorpav om goma e s va as grandes réguas para o tragado das tivas [ arava as tintas. Enchia de pano-de-boca, que ntro de Iracema com o guer Também merece ser citado 0 nome do Dr. Raimundo Borges, diretor das obras do teatro, Em junho de 1910 concluiram-s 08 traba. It fando tudo, s da montagem e construgao, cust. inclusive pintura, decoragao, cenografia, instala ges e mobilidrio, no dinher crs 084,50 3 GIRAO, Raimundo. Revista « n. 2, Fortaleza, 1964. hoje (4 Comédia Cearense, Theatro José de Alencar (1913) 5.1 Numa grande n Numa grande noite, que reuniu as mais des- tacadas personalidades da vida cearense, na qual foi homenageado o presidente Acioly, inaugurou- -se 0 teatro. 74 Era o dia 17 de junho de 1910. Nesta nor te ouviu-se a Banda Sinfonica do Batalhdo 6@ Seguranga, regida pelo maestro Luigi wate Smido. O discurso inaugural foi proferido por Jule César da Fonseca Filho: “Afinal temos um tous depois de tantos projetos vamente elaborad?®

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