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· Blu ... enftu e... Cadernos i.
Mensário dedicado à história e aos interêsses do Vale do ltajaí
Assinatura 12 números .. . ..... Cr$ 100,00
Número avulso ..... .. ....... . Cr$ 10,00
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BLUMENAU - S. CATARINA
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Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC
deixavam longe as do Barbeiro de Sevilha ou as de Lúcia de Lamermoor,
E as canarinhas, a quem Deus não havia dado o dom do c'anto, ouviam,
enlevadas, os companheiros e batiam compassos com as patinhas nos po-
leiros, fazendo o contra-canto dos trinados com um pipilar macio e quase
imperceptível, entre as cataratas de sons que escachoavam das gargantas
empapuçadas dos machos orgulhosos,
Eram o enlêvo de frei Marcílio, Duas cousas inundavam-lhe a alma
de ternura a ponto de trazerem-lhe as lágrimas aos olhos: o grande, o doce
olhar da Nossa Senhora do altar-mor - uma imagem da Virgem que era
um encanto para a vista e um consôlo para o coração - e o côro dos seus
canarinhos,
O frade superior muitas vêzes o surpreendera enlevado, conversan-
do com as avezitas:
-Honrosa
qq)OM JOAQUIM fJOMINGU!<"S DE OLIVEIRA, ilust're Arcebispo de Flo-
-U rian6polis, é, sem favor, uma das mais altas expressões morais e
- culturais do episcopado b'rasileiro. Às suas virtudes de pastor vene-
rando, de sacerdote exemplar, alia uma inteligência brilhante e uma bon-
dade que cativa.
S. Excia. Revma., num gesto que sobremodo nos honra e nos envai-
dece, eSC?'eveu-nos uma carta da qual, com a devida vênia, copiamos êstes
trechos:
"Deu entrada aqui 'Blumenau em Cadernos', tomo I, númeTo 1, de
novembro findo, b?'ochura que foi logo lida e devidamente apreciada.
Apreciada em tudo. 'Pensar e agir em razão do ape'rfeiçoamento material
e moral da comuna', a exemplo daqueles idealistas que aí souberam ergue?'
uma obra que é o orgulho de Santa Catarina. Que oportuna e nobTe finali-
dade! A pena que a exa?'a revela--se das mais perfeitas e buriladas. '
Com os ag?'adecimentos, pois', pela gentileza da remessa traz os
sinceros pa?"abéns quem se p?'ofessa, atenta e gratamente em Jes~s Cristo,
- A ?'cebispo M et'ropolitano".
A nossa modesta publicação não pode?'ia aspirar a maior p'rêmio.
As palavras de Dom Joaquim nos COrlwve?'am profundamente e nos servi-
?'ão de estímulo, de incentivo pa?'a p?'osseguirmos no caminho que nos t1'a-
çamos com, maiO?' fé e maio?' entusiasmo.
A Dom Joaquim os nossos sinceros e Tespeitosos agradecimentos.
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[amentável de5aparecimento
/;;)) 13 DE MARÇO dêste ano, faleceu na capital da república um ilus-
LA tre filho do Vale do ltajaí que, pelo seu saber e pelas suas virtudes,
honrou a sua pátria.
Trata-s e de João Geraldo K uhlmann, diretor aposentado do Jardim
Botánico do Rio de Janeiro.
Iniciado pO?' seu cunhado, o notável botánico F.C. Hoehne nos se-
g1'edos do estudo e classificação das plantas, Kuhlmann tornou-se notável
nessa ciência tendo deixado t1'abalhos de g1'ande valor e que lhe valeram
destacado conceito, não apenas no país, mas também no estrangeiro.
De uma ligeira biografia publicada no "Diário de Notícias" do Rio
de Janeiro, pelo Dr. Hoehne, extraímos os seguintes dados sôbre a vida
de Kuhlmann, como uma homenagem à memória dêsse ilustre homem de
cwncia que a ela dedicou toda a sua vida, alheio aos interêsses materiais.
ciência que a ela dedicou tôda a slla vida, alheio aos interêsses materiais.
QUANDO o dr. Blumenau, à seme- temática botânica", graças à rapi-
lhança de "Mariano Procópio" dez com que encontrava o nome
(Ferreira Lage), em Juiz de Fora, do gênero e da espécie de qual-
Minas e outro colonizador no Rio quer herbário que lhe era apresen-
Grande do Sul, nos primórdios do tado. Fama esta que os seus ami-
século XIX, criou o núcleo que gos: Drs. Francisco de Assis Iglesias
recebeu o seu nome, no Estado de e Adolfo Ducke, propalavam onde
Santa Catarina, mediante contra- quer que se falasse no seu nome.
tamento de agricultores da Alema- Filho legítimo de Frederico
nha, aos quais, em condições es- Kublmann e Rosália Bodenberg,
pecificadas, fornecia glebas de ter- nasceu Geraldo como os demais fi-
ras mediante pagamento em pre3- lhos do casal, na cidade de Blu-
taç5es resgatadas por meio de tra- menau, em 2 de dezembro de 1882,
balho e o compromisso de mante- assim 9 meses e dois dias depois
rem, pelo menos, uma quarta par- de nós. Com os demais da famí-
te das matas nativas nos altos das lia passou para Petrópolis, onde
mesmas, para conservação do so- igualmente predominava então o
lo e contínua adução de matéria elemento teutônico; pouco depois
orgânica, chegou àquela localidade fixou-se a família Kuhlmann, na
o progenitor do nosso amigo aqui Gávea, Rio de Janeiro.
citado. Nessas mesmas levas vie- Quando o Sr. Edmundo
ram também engenheiros e o bem Kublmann, contraiu matrimônio
conhecido Dr. Fritz Mueller; com com uma irmã nOS3a, realizando-
um dos últimos o Dr. Oderbrecbt, se o casamento em Juiz de Fora,
trabalhou como camarada no le- • ficamos conhecendo Geraldo e
vantamento do mapa hidrográfi- também a caçula da família
co, durante algum tempo, enquan- Kublmann, Clara Augusta Frieda,
to Fritz Mueller, mesmo de en- com a qual. casamos em 24 de de-
xada na sua roça , e3tudava os ve- zembro de 1903, depois de haver-
getais e animais, descrevendo-os mos sido nomeado para o cargo de
e publicando os resultados na Ale- Jardineiro-Chefe do Museu Nacio-
manha . E:sses trabalhos foram nal, Quinta da Boa Vista, em 6 de
classificados como excelente:>. Por setembro do mesmo ano .
isso Cbarles Darwin, declarou Fritz Des:>a época intensificaram-se
Mueller o " Príncipe dos Observa- os nossos interêsses em prol da
dores", embora pequena fôsse no conquista de Geraldo, para a botâ-
início sua biblioteca para a maté- nica . Nos dias feriados e facultati-
ria. Por analogia dois admiradores vos íamos para a Tijuca, Jacare-
de Geraldo Kublmanll, clas3ifica- paguá e outros arredore:> do Rio
vam-no como " iluminado em sis- de Janeiro, para colhêr material e
I
I• QUANDO. em março de 1711,
aportou em a enseada das Ga-
quentado "por não haver ali po-
voação, mas é seguro e abrigado, e
roupas (hoje Pôrto Belo) o Sar- pode vir a ser de transcendente
gento-mor da praça de Santos Ma- utilidade, como adiante direi; a sua
nuel Gonçalves de Aguiar, em ex- entrada é entre o Pontal do norte
ploração aos portos catarinenses, e a ponta Cabeçuda ao lado do sul,
dizia em informação que prestou , com 6 a 7 braças de fundo; o ca-
que " o rio Taá-hy se acha despo- nal é estreito e deve demandar-se
voado, sem morador algum ; e nêle com vento e maré favoráveis; o
foi morador o Capm. Miguel Dias fundeadouro tem o sobredito fun-
(de Arzão ?), sua mãe e irmãos e do e é defronte de uma Fazenda de
ora os achei moradores no rio S. lavoura, chamada do Anão, unica
Francisco" . que com casa ali se encontra". En-
O governador de S . Paulo, Bo- tre as medidas preconizadas pelo
telho Mourão , morgado de Mateus , citado autor, em sua preciosa "Me-
invadindo jurisdição alheia, man- mória Política" (1816) lembrava
dou, em 1766, o Capm. Antônio êle "povoar e cultivar os terrenos
Correia Pinto fundar um povoado de ambas as margens do rio Ta-
em Lajes. Seu colega do Rio Gran- jahi-assu, desde a sua foz até a pri-
de do Sul, Coronel Custódio de Sá meira cachoeira; e o Mirim ' desde
e Faria, ao saber do caso , protes- sua confluencia naquele até onde
tou contra a suposta invasão de sua fôr navegavel, e daí para cima até
circunscrição política. Esta recla- o campo da Boa Vista".
mação foi encaminhada ao Vice- UI. - A casa-real portuguêsa
rei, conde da Cunha, que, em ofício instalara-se no Brasil, que passara,
de 22 de fevereiro de 1767 ao Mor- em 1815, de simples colônia à ca-
gado , aconselhava-o 'a não prOS3e- tegoria de Reino-unido ao de Por-
guir na empreza, a fim de evitar tugal e Algarves. Dois anos volvi-
atritos,' persuadindo-lhe a 'estabe- dos, foi chamado a sobraçar a pas-
lecer povoação ao norte do rio Tu- ta do Reino e Erário e, logo de-
juhy (Itajaí), por ser mais comodo, pois, as da Marinha, Estrangeiros
o terreno para todas as execuções", e da guerra, o magistrado Tomaz
- dizia-lhe o conde com malícia Antônio de Villanova Portugal, que
- de suas vastissimas idéias". assim concentrava em si todo o me-
Diante disso , o Morgado oficiou canismo administrativo, tornando-
a Correia Pinto , indagando dêste se o ministro universal de um rei
"se se poderá fazer com a mesma absoluto. Embora português, Tomaz
utilidade esta fundação (a de que Antônio sempre demonstrou, des-
estava encarregado) nas cabecei- de sua chegada, grande afeição pe-
ras do rio das Canoas ou nas mar- lo nosso país e seus naturais. Ape-
gens do rio Tajuy, ou em outro sar de graves defeitos e de erros
ponto adonde não nos perturbem" . administrativos projetou e realizou
Não conhecemos, infelizmente, a vários serviços públicos dignos de
resposta do fundador de La~ es. memória.
lI. - Ao referir-se aos portos da Teve êle durante algum tempo
Província catarinense, de cujo go- os olhos voltados para Santa Ca-
vêrno fôra secretário, Paulo J . tarina, onde pretendia estabelecer
Miguel de Brito assim se manifes- um grande Arsenal marítimo; criou
ta sôbre o Itajaí: - " O porto de a Intendência de Marinha; na en-
Itajahi é pequeno e pouco fre- seada das Garoupas fêz assentar
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uma colônia de peilcadores proce- rando-Ihe que " voluntariamente
dentes da Ericeira, em Portugal . não partiria , porquanto e ra ino-
Da mesma forma tratou de fun - cente" . acrescentand:o " que si o
dar às margens do Itajaí-mirim julgava criminoso, mandasse pô-lo
um estabelecimento colonial e os em processo e si o considerava ino-
alicerces de uma cidade. Para isso . cente, não consentisse que se abu-
procurou alguém de sua inteira saSile d e sua boa fé nem que o fi-
confiança e com capacidade bas- zessem instrumento da p ersegui-
tante para dirigir a emprêsa . O ção de um moço que, no principio
escolhido foi o seu Oficial de ga- de sua carreira, já t inha dado boas
binete Antônio de Menezes Vas- provas da sua honra e da sua pro-
concellos de Drumond ( 1794-1865 ) bidade"; " o poderoso Chanceler
ilustrado brasileiro que, mais tar- resolveu , atendendo ao precano
de relevantes serviços prestaria à estado de saúde de jovem funcio-
sagrada causa de nossa emancipa- nário, que fôsse para Santa Cata-
ção política sob a direção de José rina " mudar de ares com seis me-
Bonifácio, o Patriarca. ses de licença" .
Meu saudoso irmão JOilé Arthur , " Conta-nos Vasconcellos de
sob o título " Antônio de Menezes Drumond - prossegue José Boi-
Vasconcellos de Drumond", escre- teux - que da denuncia ao dia de
veu do Rio de Janeiro , a 11 de ju- sua partida decorreram muitos
nho de 1913 , a notícia abaixo , Que meses, mais de um ano. Governava
a "Revista Catharinense", da L a então a capitania o coronel João
guna. do não menos saudoso José Vieira Tovar de Albuquerque".
Johanny, estampou em o A . lII. Aqui um parêntesis. A 14 de
n .O 1., pago 19, de janeiro de 1914: fevereiro de 1820 Drumond apre-
- " Nos capítulos I e lI , da última sentou ao Governador referido o
parte das " Notas para a História seguinte Aviso real:
Catarinense" transcreve o capitão- "EI Rei N.S. Ho servido que
tenente Lucas Boiteux algumas r:t Vmce. vá se apresentar a João
ferências do ilustre brasileiro An Vieira Tóvar Albuquerque,
tônio de Menezes Vasconcellos de Governador da Capitania da
Drumond aos períodos governa- Ilha de Santa Catharina, para
mentais de Tovar de Albuquerque tomar posse d'huãs Terras pa-
e de Pereira Valente (conde do Rio ra o mesmo Senhor junto ao
Pardo ) que no quinqüênio de 1817 R io Tajahy-mirim , a fim de
a 1822, enfeixaram nas mãos os n elas formar hum Estabeleci-
poderes com que, em nome de Sua m en to . segundo a direcção que
Ma ~ estade . presidiam os negócios lhe ha de dar o mesmo Go-
da Capitania. Por julgá-las inte- vernador, na forma das Ins-
ressantes envia as notas que coligi, truções que serão a este dadas
em rápida leitura que fiz das por esta Secretaria d'Estado
" Anotações" do mesmo Vasconcel- dos Negocios do Reino . O que
los de Drumond, enviando o leitor par:ticipo a Vmce. para que
que queira conhecer-lhe a biogra - aSSIm se execute. Ds . Ge. a
fia ao " Brasil Histórico do Dr . A. Vmce. Paço em 5 de Fevereiro
J. de Melo Moraes. de 1820. - Thomaz Antônio
" Denuciado falsamente de per- de Villa Nova Portugal-
tencer a uma das Sociedades se- Snr. Antônio de Menezes Vas-
cretas que tão larga influencia ti- concellos de Drumond" .
v eram nos acontecimentos deter- ~ste aviso só foi registrado mais
minativos da revolução de 1817 , tarde, no Destêrro, a 28 de ~arço
em Pernambuco, Antônio de Me- do ano seguinte, pouco antes do re-
nezes Vasconcellos de Drumond , gresso de Drumond ao Rio. Infeliz-
que então exercia o cargo de Con- mente, não alcançamos descobrir
tador da Chancelaria-mor, gozan- as instruções transmitidas ao go-
do da inteira confiança do chance- vernador Tovar .
ler Tomaz Antônio de Villanova Prossegue José Boiteux : - " Ali
Portugal, recebeu o injusto casti- permaneceu Vasconcellos de Dru-
go de seguir para Londres. Aba- mond sete meses, que êle bem apro-
lado pela atitude a ssumida por v eitou, estudando a situação da ca-
Vasconcellos de Drumond , decla- pitania , traçando-lhe um vasto pla-
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no de melhoramentos. Regressan- ao Museu nacional. De S. Fran-
do ao Rio, apresentou circunstan- cisco, que também visitou, enviou
ciado relatório ao chanceler Villa- àquele Museu algumas perolas "pe-
nova Portugal, que o aprovou, co- quenas mas de boa qualidade", pes-
metendo-lhe a incumbência de co- cadas ali. A 9 de maio de 1821 che-
lonizar as terras banhadas pelo gava ao Rio de Janeiro Vascon-
rio Itajaí. Dois outros inestimáveis cellos de Drumond, a bordo da
serviços ficou devendo a capitania sumaca Venus, de propriedade do
a Vasconcellos de Drumond, que negociante catarinense João Luiz
propôs a abertura de uma estrada do Livramento, para cujo bordo fô-
do Destêrro a Lajes e a desanexa- ra acompanhado pelo governador
ção desta então vila da capitania Tovar de Albuquerque, pelo in-
de S. Paulo e sua reunião à de tendente de Marinha ,Miguel de
Santa Catarina. Ambas as propos- Souza Melo e Alvim e por outras
tas foram aceitas por Villanova pessoas qualificadas".
Portugal, que determinou fôs- Quando Drumond aportou ao
sem executadas. "A obra da Destêrro (hoje Florianópolis) ali
abertura da estrada - narra-nos encontrou o sábio naturalista
Drumond - foi interrompida pela francês Saint-Hilaire. Tratou logo
revolução de 1821, que decidiu do de seguir para o Itajaí a pôr em
regresso do rei D. João VI a Por- prática os planos ministeriais. Com
tugal. Não sei se depois da Inde- uns tantos soldados, dispensados
pendência essa obra continuou, das fileiras do 12. 0 Batalhão (do
nem o estado em que se acha. O coronel Inácio Madeira, o verdugo
que me parece é que deve ser aca- da Bahia na guerra da Indepen-
bada e em tôda a sua extensão, dência) e perceberiam 160 rs. diá-
criadas colonias agricolas de gen- rios no 1.0 ano e 80 rs. no segun-
te livre, cujo numero nunca será do, iniciou êle no sítio escolhido,
demasiado. Todo aquele terreno é as derrubadas, plantações, edifi-
muito produtivo. Da Vargem dos cações expeditas para o alojamen-
Pinheiros se tirou o mastro gran- to dos colonos e a montagem de
de para a nau S. Sebastião, que foi uma serraria. Logo em seguida deu
construida no Rio de Janeiro . A princípio à construção naval, pon-
intenção de Tomaz Antonio era do no estaleiro a quilha de uma su-
de criar ali colonias nacionais e maca. A futura povoação, que de-
estrangeiras" . via ser chamada "São Tomaz da
No tocante aos trabalhos exe- Villanova", em homenagem ao
cutados no Itajaí, diz-nos Vascon- nomeado ministro, foi delineada
cellos de Drumond , que alguns se pelo coronel português, da arma
fizeram, "mas nem houve tempo de engenharia, Antônio José Rodri-
nem meios para os levar ao cabo" , gues (1774-1858), mandado em
porquanto assumindo a pasta do junho de 1819 a Santa Catarina in-
Reino, o almirante Quintela lhe di- cumbido das obras das fortifica-
rigira um aviso, em data de 26 de ções e outras de engenharia.
fevereiro de 1821, recomendando A respeito da missão de Vascon-
suspendesse tôdas as obras que exi- cellos de Drumond, assim se ma-
gissem despesa e se retirasse para nifesta o historiador catarinense
a côrte, visto S.M. dar por acaba- M.J. de Almeida Coelho, à pago 93
da a comissão de que estava en- de sua "Memória histórica", pri-
carregado. meira edição de 1856: "No
" Todavia, - acrescenta o ilus- mesmo ano (1820) veio da côrte
tre brasileiro - ali se construiu do Rio de Janeiro Antônio de Me-
uma sumaca denominada S· ' Do- nezes Vasconcellos encarregado da
mingos Lourenço, que foi a primei- fundação de uma Colônia no rio
ra embarcação daquele lote que Itajaí. :ll:ste homem gastou um ano
passou a barra do rio Itajaí, carre- em passear e iludir (expressões de
gada de feijão , milho e taboado, uma memória que temos presente,
para o Rio de Janeiro. Ainda do e vamos copiando) o Ministro a
Itajaí mandou Vasconcellos de Dru- bem do seu interêsse particular,
mond, sem nenhum dispendio para vexando os pobres moradores do
os cofres publicos, a madeira para lugar, a quem dava a tarefa de
a construção do edifício destinado serrar taboado, e cujos jornais
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MONUM ENíOS DA BACIA DO 114JII
n u nca foram pagos, apesar de dl.:;- bada, sem deixar sinal algum de
pender a Fazenda real em tão pou- Colônia. Ouviu-se-lhe por muitas
co tempo, pois retirou-se em 1821 , vêzes dizer: aproveitemos o Mi-
o melhor de cinco mil cruzados: nistro d'Estado (Villanova Por-
não fêz mais do que uma derru- tugal) que está velho".
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A BR I L
1881 - dia 3. A "Theater Geselschaft" leva à cena a comédia em
4 atos "Der beste Ton".
1881 - dia 17. Funda-se em Encano, atualmente do município de
Indaial, uma sociedade agrícola "Landwirtschaftlich V erein" com o fim
de instruir os colonos na prática da agricultura e especialmente intensifi-
car o cultivo do algodão. Seus primeiros dirigentes foram: O. Bachmann,
presidente, A. Lauth, vice e O. Heilmenn, secretário.
1881 - dia 18. Exame público no Colégio São Paulo.
Nesse mês, foram feitas experiências de moagem de trigo de
grãos importados pela firma W. Asseburg, de Itajaí.
1881 - dia 21. Em visita à colônia, chegou o conhecido viajante
Amand Goegg. Êsse camarada fêz uma conferência pública na casa de
Friedenreich, tendo, entretanto, que interrompê-la por ter desagradado a
muitos dos presentes .
1882 - dia 25. O Dr. Antunes, com os membros da sua comissão e
soldados, retiraram-se da vila, embarcados no vapor "Progresso" .
1882 - dia 30. Numa reunião da Sociedade dos Atiradores, esta
confere o título de sócio honorário ao Dr. Alfredo d'Escaragnole Taunay,
deputado geral, pelos bons serviços que havia prestado à colônia.
1883 - dia 4. Aparece o primeiro número do semanário "IMMI-
GRANT", de propriedade de Bernardo Scheidemantel e que foi, mais tarde,
substituído por "Der Urwaldsbote". Aparecia às quartas-feiras e a sua
assinatura custava 4$000 por semestre e 7 000 por ano. De regular forma-
to, geralmente com seis páginas, trazia abundante noticiário. Defendendo
ponto de vista contrário ao do "Blumenauer Zeitung", jornal fundado em
1880, não tardou em apresentar-se oportunidade para que os dois semaná-
rios entrassem em luta acesa. O julgamento, pelo júri, de um polaco de
nome Wolek, que pretendera pôr fogo numa capela, no Indaial, serviu de
pretexto para acaloradas discussões. Assim é que no número 2, do "Immi-
grant", o vigário padre Jacobs, fêz publicar, na "Seção Livre", a seguin-
te carta: "Prezado Senhor Redator. O aparecimento do seu "Immigrant",
por outros fundamentos e também porque se está, agora, com meios para
defender-se dos ataques do "Blumenauer Zeitung" e de pôr as cousas no
devido lugar, deve ser saudado com alegria. Quando eu, há coisa de um
ano, respondi, aberta e logicamente, as calúnias reproduzidas por aquêle
jornal contra a igreja católica e os seus ministros, em vez de publicar a de-
fesa, disse simplesmente: "O artigo do Padre Jacobs não será publicado pa-
ra não perturbar a paz religiosa". Assim, a gente deve deixar-se ofender,
mas defender-se, não. Assim também no número de 7, dêste mês, êle vem
com novas insinuações. A afirmação do "Blumenauer Zeitung" de que é
uma ridicularia o incêndio de uma capela católica prova uma falta de tato
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que eu, para manter a minha dignidade, nem sei como caracterizar. Po-
rém a afirmação de que, de comêço, a aludida capela foi construída para
a escola, por católicos e protestantes, e que, mais tarde, fôra transformada
em templo católico, é uma inverdade, pois o signatário desta foi quem ori-
entou e acompanhou os trabalhos da construção da capela, destinada ao
serviço divino e também a dotou dos utensílios e paramentos necessários a
êsse serviço. Como vigário, entretanto, permitiu que, se fôsse criada uma
escola, funcionasse na referida capela. Isso tudo eu disse francamente
perante o júri. Ou acha o "Blumenauer Zeitung" que eu sou capaz de jurar
falf!a? 8 de abril de 1883. José Maria Jacobs, vigário". A nota do Blume-
nauer Zeitung, a carta do vigário J acobs, o artigo-programa do "Immi-
grant" suscitaram discussões interessantes que, não raro, chegaram aos
desaforos, às injúrias, vendo-se nelas envolvidos Baumgarten, Fritz
Mueller, Friedenreich, Scheidemantel, Scheeffer e outros. A carta do pa-
dre Jacobs, não ficou sem resposta. "Um jurado", no número de 16 de
abril, voltou a atacar o sacerdote. Êste respondeu pelo número de 25, con-
firmando e reforçando as alegações de sua missiva. Fritz Mueller, por sua
vez, passou a atacar o "Immigrant" e Vi. Friedenreich.
1859 - dia 4. A lei n.o 164, de 1859, desmembrou o território da
freguesia do Santíssimo Sacramento do ltajaí da jurisdição de Pôrto Belo
para constituir município autônomo. A jurisdição do novo município se
estendia sôbre o território dos atuais municípios de ltajaí, Brusque, Blu-
menau, Gaspar, Indaial, Rodeio, Timbó, Ibirama, Presidente Getúlio, Rio
do Sul, Taió, ltuporanga e Vidal Ramos. O primeiro da nova vila deli-
mitava-se pela extrema das terras de Dona Felícia Alexandrina Leão Cou-
tinho ao sul e pelo ribeirão de Joaquim José da Silva, ao norte e quarenta
braças para o centro, contadas da beira-mar.
1936 - dia 2. Deixa o cargo de prefeito do município de Itajaí o
Sr. Arno Bauer, destacado comerciante e industrial e grande propulsor do
progresso do município.
1947 - dia 26. Exonera-se das funçÕes de prefeito municipal de
ltajaí, o Sr. Abdon Foes.
1884 - dia 6. À noite, foi observado um interessante fenômeno
celeste: entre duas nuvens carregadas de eletricidade, fronteiras uma à
outra, e distanciadas por uma estreita faixa, viu-se um globo, da lumino-
sidade de Vênus, ir e vir, com espantosa velocidade, de uma para outra
nuvem centenas de vêzes.
1884 - dia 18. Teve início mais uma sessão do júri. Entraram em
julgamento vários réus, quase todos êles condenados. Um certo Carlos
Teske, acusado de homicídio, foi condenado às galés perpétuas.
1884 - dia 21. Os bugres atacaram a residência do colono G.
Mastellotti, no Caminho dos Tiroleses. Diz-se que aos bugres haviam se
juntado alguns caboclos que, assim, tinham mais probabilidades de roubar
impunemente os colonos.
1885 - dia 8 Com 91 anos de idade falece um dos mais an-
tigos colonos de Blumenau , Benjllmin Schenke.
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fá~rica de leci~os
CARlOS RENAUX S. A.
Telegramas: TECIDOS
FIAÇAO
TECELAGEM
TINTURARIA
FECULARIAS
DESPACHOS
NAVEGAÇAO
LOJAS
I.
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. Telefone t 1248 Rua 7 de Setembro
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