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PER ARMRMN NS OSS SOSO S S SS: PURER ACOA AARANRS Lbressae Vala ches C37) 8803 _ 4805 UNIVERS#DADE FEDERAL DA BAHIA LAUDO ANTROPOLEGICO SOBRE’ A COMUNIDADE DENCMINABA KAXIXG 7 MARTA HILLDA. She PARAISp~~ Professora do Departamento de, Antropologia'da UFBA Doutoranda em Histéria Social usP SALVADOR ~ BA NOVEMBRO 1994 PPP KK FF FF FA AMAAAAA AAA AAA anne rrr LAUDO ANTROPOLOGICO KAXIX6 Maria Wilda Baqueire Paraiso Professora do Departamento de Antropologia da UFBA Doutoranda em HistGria Social - USP 1 ~ tWrReDtigao Tomos consultados sobre a possibilidade de realizar 0 Laude Antro- - Imedi ata poldgico sobre © grupo Kaxixé em meados do ano de 199 mente iniciawos 3 pesquisa a partir das informacaes fornccidas pelo Centro de Decumentegao EIS) Ferreira da Silva (Cedefes), de Minas Conselhe Indigenista Missiondrio (IMI), ombas as en~ tidades sediadas em Reto Horizonte. Realizomos um omlo levantemente bibliograFico nas bibliotecas da Universidade de Sao Paulo e consultamos especiolistas no estudo: da ocupagao no perfody colonial ¢ des populagses indfgenas daquela re~ gio. Destacamos, dentre os varios consultades, 0 professor Or John Monteiro da Universidade de Campinas, no Nicleo de Historia Indige- \igenismo da USP e pesquisador do CEBRAP. nae do No més de dezonbre real izamos exaustive levantemente nas biblicte- cas Jo Museu do Tadio, do Instituto Histérico ¢ Geagrafico Brasi leiro © Nacional no Rie de Janeiro. De janeiro a maio procurawes sistematizar, fichar e ordenar o mote~ rial coletado nas diversas instituigies pesauisaies. Destocane-nes para Role Horizonte wo dia 31 de maie, onde mantive- mos reunite com os membros do CEDEFES © real izemus consul tas ne Ar auive Bibl ico Mineiro. No dia seguinte, apis termo-nos reunide & equine da Administracoe Regio al da FINAL om Minas Gerais, composta por um motorista € pelo indigenista Clie de Mele Palmira, deslocamo-nos pare a cidads de Martinho Campos. 7 Inicialmente dirigimo-nos 3 Ipreja Metriz da cidade para consul tar mos os vegisteos eclesiasticos. Depois precurames a pessoa indicads de quia. Aproveitamos para entrevistar as pessoas que nos servi PIPIPPPPO PPI DIIIDI DID DIDI DIDIDIISDISDFSLSHSSLSHSSHPHG“LMA OS 2 que nos haviom sido sugeridas como informantes pelo CEDEFES © CIM. Ko outro dio, wa porte da manha, destocamo-nos para o Carao do Ze~ ipal do grupo Kaxixé. Toda a com zinho, omle hidade participan de reuntae, emitinds opinises c Fornecendy infor~ nogies solire*a"aun historia. A tarde visitomos © Fundinho, 0 Capao de Luiz Antonio, es sitios arqueyidgicus © outros pontos de referéncia que as duas !iderangas consideravan signi fi- = Djalma Vicente de Oliveira e Jerry Adri catives. No dia sesuinte, Fons @ Vérzee do Galinkeire, ne cidade de Pompéu, onde entrevistonos @ lideranga local. Seguinds » orientocie das re~ Feridas [iderangos, visitamos 9 antiga sede da Fazenda de DS Jooqui, na fernarda de Abreu Casteld Brance, 0 cartéric em busca de cer dSes cuetyudessem indicar 0 identificagae Stnica dos registrados, 2 lorejo Motriz eo Form gue nao pudettios visitar por se encontray OD fechado. Apés demorada rewniae com Jerry Adriani,’ ao qual procurames expt i- que vinhamos enfrentando para encontrar — dedos car as dificuldades jeden de suluio relakives av yrupe, propusemos al gums possibi para o problema vivide pela comunidade. Estabelecemos, também, um acorde de aguardar pelos dados que ele queria Tevantor junto ees menhros que haviam se deslocade para Goias, pois os resultados ob- tidos ew Hortinho Campos e Pompéu nao haviam contribufde para solu- cioner as nossos Wividas. Finalmente, destocam-nos pare a cidade de Pitangui tentando foca~ lizar na Igreja Hatriz daquels cidade os dados referentes ao perio- ‘amos om Mot ho Compose do onterior a 1900, pois os que encon Pompeu referion-se apenas a este século. Infelizmente, a igreja in- condigt-se nos anes 20,’ perdendo-se todos 0s registros. Os poucos quo Foran salves, Foran recothidos ao museu da cidade que, nv on- tonto, nao consepuimos vieiter por estar fechado. Acai, retornamos a felo Horizonte © 9 Salvator, onde Ficamos aguer dando os dates a screm enviados por erry Adrioni, o que tendo se concretizade agora, permitit-nos concluir © enviar esse Laude Autry poléai 7 11 = ALGUBIAS CONSIDERAGGES PRELUINARES SOBRE A ELABORAGAO DE lis Laung Ao escolher um especiatiste para elaborar um laude, 2 ustituicac parte de alguns pressupostos bésicos. Um deles € © Tato de que o antropSlogo dowine vs conhecimentos especificos de sua area de For— Sucia ness tipo mogio, da hiakévia local ¢ de grupo © tenha ox de trabalho. 0 outro que respeite os preceitos legais « éticos + evitando omissie de infurmactes inverfdieas, seja por mi-fé, negl i- rudéneia ov impericia. Aiém do descrédi¢o profissional, & implicar, segundo ¢ lei,’ om ingbilitegdo pare o refeio de neves perfcias e no possibilidade de ser processedo crimimalmente (art.147 de CPC)- Ao realizarmos esse Taude procuramos,' dentro das nossas possibili- dodes, alonder a esses pré-requisites que e FUNAL julgou que serian cumprides ao nos escolher para realizar o trabalho. Ainda gue nenhuma questae nos tenha side proposta formal mente,'sabe mos que a incidéncio de divides, particul armente quando o laudo se refers a grupos ind?genas com longo perfodo de contato, incidem so- bre duis ospectos fundomentais: “a) a reconstituigac de mendria tri, bal subre a posse de determinads terra; b) a determinagae Ja iden- tidade indfgena de certo grupo ou indivfdue” (Santos: 1994522). Conseyuentemente, nossas pesquisas bibl iogralicas @ om campo orien— toranse na busea de elementos que nos permitissem confirmar ou noo essas duas proposi goes. Sabfonos, autecipadamente,' que encontrarfamos dificuldades na el a~ boragie do laude. lima delas seria a identifFicagse e focalizazao da documentagae refor nte ao grupo e a de compatibilizar esses” dados com os ubtides através da meméria do grupos Por outro Todo,’ sebemos que os dadvs do segunde tip,’ devide 3 supervalorizagae do escrito pela nossa sociedae,' necessitam de pontos de conflusneia com Formacaes decunentadas par iol. tssa coven aceitas como prova pei compatibitizagiio, ainda quo pareial,' torna-se mais diffeil 3 medida en que recuames noe tempe ¢ pode se i izar quande 9 grupo se encontra om estagio de aculturagio avangade ou sectalmente — desa- gregades 7 ~ Longos perfodos, 0 que interfere na transmissao/preser, BOC oe OOo eee ee 0 SEE EE IEEE vogse do momiria tribal (vide sobre este tema Paraiso, 1994:12-51)- f quatde o cruzamento das Fontes escrites ¢ ora a maioria das vezes,' conseguem ser superadas hos permitem re Eituir elanon do pracesse de dominege/subordinagae a que Foi sub- metide o grupo. Porgy em alguns cascs,! epeser da cumplicidade estabelecida entre a Ngo se consegue encontrar respostas Po comunidade © © antropstoge ra as questoes prepostas. Quande tal fate vcorre,' resta av perite buscar na teoria antropol é- gica outros wecanismos de reflexéo que permitan a superesae des di~ vedas. Nao es descartamos,' pois consideramos que o Ficuldades encom Laude deve ser um documento pensado com vistas o futuros question montos «ue poderdo vir @ ser euscitades em acae judicial ejcomo tal, deve estar enbosady na teoria antropolégica,' na objetividade © na clareza vecessérias pera que possa atender aos desdebramentos ju Procoronos,! portanto,! preduzie informagées que permi tam o Formul =~ julgonente por porte doe interessedes, evitando a frasi~ ao de lidade de apresentar dades que nae podem ser comprovades. Pore clavificar os pressupostes que onicntaram os nossas ref lexoes, procuraremos deixar claro os conceites norteaderes. J-nos com Le~ Com relogae o questae da identidade étnico,’ preocupam vantomentos geucalégicos,' identificagie de tradigces, ainda que peelaburades © atualizadas,' e com a questao de aute-clossificagac vinculando-a “as estratégias de interegao 9 nivel simbdlicoe social Assim, poderfamus explicar as atitudes © visces dos fndies © dos nao-fndios sobre o grupo. Também consideramos que a pretendida con Linwidods entre pasado © presente € um cxercicio imprevisfvel e que eS pode or entenide como uma Formilagie ideal na medida om quis 9 dinamina de inctusdo/exctusto,’ Fracionamente/asseci asin ste constantes © inreconstitufveis. Portanto,' a avto-denominagde de um © Sum Fato acidental © sua adogto coletiva, um ato politi BS mente assumide num dekerminade contexte soc 1. Por isso mestio,' con somon que um pore ind/yons € wo coletividede que,devido a suas wigs e circuites de interagay, se distingue da sociedade — na~ DI IDIIIIIIIIIIIIIIIIIIDIDIDIP ADAH AMA RD ELE EEE af e no reivindica come indigena, tendo, portante, 8 seu reco~ hheeimente wn carter social e coletive, © ave pressupoe um compar- o de certas crenges e valores consensuais. Como — af inmo Lithawe Dliveira Filho (19942127) “a candigae de ind?gena nao poderd nunca ser postutada ou representada com sucesse por um conjunto de pes- goss ee clas nio ocreditarem que possuen uma origem indfgena comm u conformor os horizontes de sua vida Futura ds dey «nao aced bar goes du grupe av qual se sentem como pertencentes”. So do tervitério tribal, 0 trabalho de porito deve sem deixar de pavtar-sq77 snes estabelecides pele Antropol ogias ed Quanta & def in concilian as referéncias juridices, poréi pelos ca tm dos aspectus que sempre deve ser considerady Ga inviabilidede itério “original e primitivo™ de qualquer so- de identificar 6 te ciedade indfgena. Os dados histéricos que pessam vir a scr obtidos permiten reconstituir 9 processo de contato © col oni zagac, pore identi sao extremamente limitades e imprecises quanto icagao do bel podemos esquecer que as notfeias escritas estéo condicionadas 0 tério tr inal ew tode © sua extensio e com precisie.Nao be co e de que as informagoes advindas da memSria grt, contato inte ol, além de imprecisas,' ea0 diffeeis de serem identificadas espa- Imente @ ndo sto consideradas como confidveis num process juri~ dlico. Algans instrumentos Fornecidos pela Antropologia podem ser Fundamentais para auxiliar 0 trabalho: o uso que os fndios Fazen Jo rant subro ele, consi de- acu territério @ as representasdos que el ab panlo-se, inclusive, as mudangas ocorridas em decorréncia da dina- mica social vivida pelo grupo. A portiv dessas premissas realizamos o nosso trabalho, — procurando Fontes — documen— anatisar os varios dados que conseguimes obter © tais escritas © através do registro da meméria do grupo. HH = PEQUTND OUADRO A OCUPAGKO HISTERICA DA REGIAO E DAS RELACOES INTERCINICAS A brea & indicada pelos Kaxixd como sendo de sua ocupagie tradicio- I constiluicse no Caixa de terra entre os rivs Para o Peracpeba, ys aflventes de tie Sao Francisco. Essa regiav, heje, constitui~ Lovie dos muniefpies de Pitangui, Martinho Campos © , : 6 ‘ < Poms. ) Os dois Gitimos miniefpios desdobraram-se do ontian municipio de ) Pitangui, @ primeira vila a ser criade neste zona de miner agao. x As primeiras notfcias sobre a penetragad na regiao datam de 1601~ 4 1502 quando por alf se deslocou a expedigao de pauliste André de < Leda, ocompanhade de Whem Joosten G1 imer, o prime neralogis- % ta des alo para realizar prospecgdes em busca de vurv. Usaram 0 cionat caminho de preadores de fndios: rio Tieté, riv Paraiba do Sul, serra do Montiqueira, nascentes do rio Grande, cabeceiras do co © Gren entre © Paré eo Peraopsba (Lima Iry 1978¢77 vyaget 1-113). pte > O relalérie de Glimmer j& indica os efeitos depopulatives proveca— rie Sao Fran 20; Magal har dos peta agao dos preadores, perém, também sponta a existéncia de grupos arredios e de amistosos, que oferecera apoio aos viajantes. ‘ao observenos alg trechos:"(---) em tode a viagem (..+) wos que denotasse culture, nao encontramos honem al gum, apenas a- = ms x. = = < 4 “8 s < quie ali aldeias em rufnas (..+) todavia observamos, 3s vezes, Fu- maga que se ergtie no ar, pois naquelas salidoes vagueavam com suas it in ham dominio certo res ¢ Filhes, alguns selvagens que Wao ti ( indfgena e vfveres em abundane ) jute a este Gitimo rie, encontramos;' Finalmente, uma aldeia a (.4+) chegamos « dois rios de 9m dezo diversa que, correndo do Sul (...) romem para a Nerte ¢ & , minha opiniae que esses dois riosf © Par& e 0 Paraopeba] sav as Fon tee ou cabcceiras do Sao Francisco (...) nao vimos pessoa alguna, nas soubenor que, ald das montanhas (...) vivia ume tribe de selva. gens assaz nunerosa (4.4) © que despacharam um dos seus pare nos =)” (apud Diniz, 196518). espreitar ( COOCOOCOOOCOO® lma série de outras expedigoes varreram a regio: @ de Nicolau Bar- ret, em 1602, que percorreu as cabeceiras do Sao Francisce até © rig das Velhas. Ele foi o responsavel pelo descimento de trés mil fndios doe sorties de Cacté em cinco anos de atividade (Lima Jr, op 0; Magothaes, 194595; Alcantara Machado, 19802179; Nello Fran- co, 1945#89), Outras informagses datem de 1657, quando a expedigae Je Le ence Castanho Tages que combateu os "Cataguazes”, exnul san do-os até Araxé, ¢ penctrou o sertae dos Cactés em busca We escra~ vos (Lima 20; Magalhaes, 194 30; Nello France, op cit: peCoOoOOOOO0€ PDP ADS IY SY I YY YY YS JIGS JJ) IDIIIII OID I 92). Em 1674, formou-se uma grande expedigae da qual participaram Fernao Dias Pacs, Matias Cardoso de Almeida, Manvel da Borba Gato, Garcia Rodrigues Alves, apenas para citarmos os mais conhevides, aie rene tivam o roteire de Aulré Lede até 0 rio Sde Francineo. Além dos pou Listas, havia indmeros fndios compendo a tropa, sendo especial istas em promover’ dese tos e€ grande conhecedores da regiao. Com sua permancneia na regiae foi prolongada, instelaram inameras rogas en- tre o rie nde eo Jequ honhe, sendo que, ve Sree em apregostts tac mos Vituruna, Paraopeba e Sumidouro do rio das Velhas ( Mag: Indes, 1945290; Lima Ir, op cits2l). peas parece se ler ps A transformagio dessos rogas om arraioi cessado com relative repidez, pois j@ € no de Paraopeba que Garcia — Rodi gues Paes se encontra com D. Rodrigo Castelo Branco em 1681 ( Naga- Indes, 19442139). No ono de 1694 temos atuando nesta zona Bartolomey Buene, fundador do artaial de Sd0 Jeae do Paré, que o transformou ponto de Eneia des fndios que cram apresados por wenbros de sua com ticularmente na regiae do rio das Velhas. Como a principel dake exereida na re we, Maquele somente, era a de promever mento de fadior, nos relates do sertanista hd constantes — referéne cias a outros preadores, o que indica uma atividade intensa (Cunha Notes, 1981:79; Megaihaes, 19442133). A situacao vivide pela populagao indfgena devia ter quadros dr é- ticos, Segundo Lima Jv (op cit:33), 08 fndios da regia ou haviam side descides ow eram escravos. Isto féz com que o governo met: litany nomeasse um "Protetor de Indios” em 1698. Eram constantes as acusaden Feikas de abusos praticados pelos pauliatas. Perém, 0s argumentos apresentades pelos preadores ¢ proprietéries de escravos indfgenas era de que essa mio-de-obra era essencial para a realize Se de novos slescobertes, conquistas © exploragio day minas recéa- deseot tas. A veduzae do numero de fndios na regizo deve ter sido to grande que passaram a ser gradualmente substitufdos por africa~ nos @ se inicio o movimento de repoveamente das minas por — fndios trazides pelos paulistas das conquistas do sul (Hemming, 1973: 380- Jl; Barreiros, 1984248). Esse repevoamento foi tao intenso que é& 8. comm passarnes a encontrar refersncias aos fndios locais pela de~ hominogne genérica de Carijés, etribufda o todos os indigenas ,esera og) Vizudos por paulistas. OFtian (1965:19) afirma que estes indies ha- viom sido trazidos de véries pontes além da serra da Mantigucirar come o Rio de Joneire. Aprexinadamente em {701 forom localizadas as primeiras minas em Pi- tangui exploradas por Domingos Rodrigues do Prado ¢ Jose”de Comos Bicudo que destocarom para 14 grande nimero de escravos (Cunha Ma- ma a tradi cho que teriam encontrado uma aldeia in tos, op 171). Al dfgena com muitas criangas, daf derivande o gunde Sampaio (19872304), seria uma corruptela de mitang-Yr Porém, a primeire carta de sesmaria envol vendo a regige indicada pe los Kavixd, foi attibufda a Manuel Borba Gato em 1701, que se ins~ jades do rio das Velhos com grande quantidade de talou nas prox Cari jés, passandy a ser o responsavel pela Tiscalizagao da rota m bida de comé So Francisco com a Bahia © Pernambuco (Touayy 1981:56; Azevedo, 1945221-23) Tudo atividade, poie foi agraciedo, om 1711, como tftuto de Administra © pelo ico que obteve sucesso na sua dor de Pitangui © Paraopeba Togo ards ter recebide mol nove scsma- bia entre o Poraopebo, Mtatiais e Mateus Leme (Azevedo, op cit:?4 ~ 25). a na regide era tensa ¢ de gonstantes Porém, tude indica que o © jneatisfacdes ¢ revoltas. Os paulistes scntiamse ameagados pela presenga de Carijés e negres em grandes propergoes. A exploragao ds mings, a disputa pclas dates e terras © 0 excesso de exploragaoe de trabalho dos escravos eram us elementos componentes desse — duadro. Isto pede ser comrovase no estopim da deFlagragde da Guerra — dos Emboabast José de Pompéu, do arraial de Pompéu, watou um reinol ¢ 68). Foi tanbém assassinodo (Anonimo, 1781:148-149; Taunay, op ci A vegide proaperave Ientamonte devide 3 mineragie, 3 abundancia de peixe © caga e 8 ferti idade Uo solo, o que permitiv 0 fundasio dos ras Pazemlas do gado © plantio de canade-agicar ( Anan op 48). Segunda Rarbosa (1971:28),' os Fatores que estimula ‘a ocupagao deseo regite foram « carestia dos alimentos entre 1701 © 1713, 3 Guerro dos Emboobos - os paulistas a veriam come um refigio- ea deseoberta do cure em Pitang ? % oram-se mais intensos a partir de Qs conf lites com quitombolas tor 1712, quande temos o notfeia do abaque oo de Polmital e adjacénei as por Anténio de Albuquerque, O que auerenos Jestocar & que os conker tentes registrados come Cormadores da tropa soo “indios Car 6" (Car, 42). vatho, 1931 [Em 1713 as medidas controfadoras do conércio e da expansao na area do rio dos Yelhas Tizeram com que mais pailistas se refugiassem ne regia entre © Para e o Paraopeba, Este Foi o caso, por exemple, de Rueno da Silva (Vasconcelos, 19742163). Neste mesmo ano Bartolome: inko do padre fundova-se » Pazetda de Manoel Pompsu de Taques, sobt Guilherme Pompeu de Taques,’ Fineneiador de expedigoes, vendedor de Bo fei tao escravos ¢ de yado. A importGncia dessa Fazenda ner iefpie de Pompéu oe clos, 1966:97)- fr A prosperidade erescia fazende com que Pitangui Fosse elevdda @ vi- ta em 1715 com o nome de Nossa Senhora da Piedade de Pitangui bor o Future '® grande que passeu a desig ato do qovernador Braz Baltasar da Silveira (Cunha Matos, op cits ssmarias foram distribufdas a partir 171). Come decorréncia, novas de ITID. A regia tornou-se densamente peveada, exiginds uma atua- cv ois efelive por parte de nove aduinistrador, Fernéo Dias Pacey strativas que se responsebilizeva pelas medidas a ¢ atribuigao Ue datas aurfferas @ de Sguas salitrosas, além de estimular os ati- vidades aurfeolos (Maia, (902:345)~ € interensonte ebscrvarmes que, com Felagao ao toma que nos inte- veaso,! aa informagaes sobre Indios passam o estar restritas as se guinkes situagies: conbetentes Cori jés na Revolta de Pitangui,' che- us do Prado,’ em 1720," ¢ como membros das t Fada por Dot was des, Tocodat para combater quilombos: em 1743 entre Formi gas © PiuT; em lores do Pitangui, sob o cumando de Batista Nacicl; em Jos por Bartolome Bueno do Prado em Indaial,' Bambui ola e da c : comandalos por Ingeio P, de Olivei- serve da M astr ra Campos, ew 1765, no além Sao Francisco ¢ cm 1772-73 a serra Ne- ora (Carvalho, op ci€:H16-118; Azevedo,’ op cit: 122; Moreira Pintot 1906:250; Gomes da Silva,’ s/d; 709-710; Barbosa, ep cits 32-36). £ cu torne das figuras de Inacio Pamplona do Ol 2 Campos ¢ Je sua espose, conhecida por DY Joaquine de Pompéu, que se constreem a REECE TE ON ) 2 weupagae de atuol pio de Pompsu, antigo Buriti da Cetrada, © a memoria des Kaxixd, Nesta etapa do trabalho transcrevenos os da~ dos histérice existentes sobre os dois personagens © na se! ntam ne imaginario de grupo. © conhecide Capitao Inacio se instalou em Buriti da Cstrada em 1748, quando comprou a Pazenda Nosse Senhora da Conceigav de Pompeu, anti ga propricdade de Monoe! Pompeu Teques, a que ja nos referimos ante riormente. Er wa vasta Srea compreendends as fazendas do Choro, Rocinhe,’ Mate Grosse, Quati, Sante Rosa,’ Retire do Mato Grosso e Diomante. A foxenda também ere conhesida por Catigus, nome atribut- Je pelos negros que ali viviow refugiados em Varios quitonbes (B bosa, op cit }. Os mais conhecidos © com os quais o capitis © sua esposa entraram en confronte direte foram os de Boa Vista e do Cho- re, vbrigands os negras, apés terem suas casas queimadas, a se re~ tin 08-127). tm m para o além Sao Francisco (Vasconcelos, 196 hum documento, excetuando-se o que afirma que a tropa de 1765 ers composta por Indios (Berbosa, op cit:36), encontrames qualquer notfeia sobre a presenga de fndios nas terres pertencentes ao cosale Nesmo viajantos, como Freireyss (1907), que esteve pessoalmente com DE Joaquina, nao se rofere 3 presenga ue fndios em suas terras. Tom bém Saint-Hitaire (1975) e Poht (1976), que estiveram na regiae al~ guns anus ‘depois, Fazem qualquer referéncia, Este silencio se tm durante todo o século XIX. Consultamos os Relatérios dos Presidentes da Provincia,s a correspondéncia do Direter Geral dos Andios eo Refagoes das Aldeias {ndfgenas em Minas Gerais e,) em nenhum deles, h& cagées de Indios ou aldeanentos entre o Pars e © Paraopeba. Outro ponte ce tantemente destacado pele bider Djalma de Oliveiro 7 So construgdo da eatrada para Goi’s,Zque alega ser uma das razdes dus ataques que acfroran e de‘sou aldeasento. Com relagio o casa questao, precuramos coletar todas as informagoes possiveis sobre o © estrada © constatames que Hho IS com bibitidade en tre os registres documontades © as monérias dos Kaxixd. Barbosa (on cit: 29,56) efirma que apenas ume antiga picada para Goias passave po Pitangui, sendo logo substitufda peta nova estrada que nao atin gia a wargem direita do Sao Francisco. A picada das b las, que ligeve a Bahia com as minas, nao ultrapasseva a barra do rio das Yelhas (atwal Guaiacu’). A que vinha do Rio de Jane atrovessave © Sav Franciscy no arraial de Poraopeba,' a sudoeste de Pitangui,' ¢ a de Sau Poule pare Coie,’ companhava o rio das Velhas,’ a leste da regize referide e Fazia conexao em Guaiacuf com a estrada das boia- das (Barbosa, op cit). Também podemos constatar que vs choaues que se estabeleceram com a abertura da picade para Goias ocorreram no mor gem esquerda do Sév Francisco,’ atingindo os Kalas Neridionsie, © nas cabecei s do Riv Doce, ne Paratha do Sul e no Vale do Rio ande,' vs Puri ¢ os Botocudes Foram os que entraram cm conflito. Nao tendo,’ portante,' qualquer conexao com os habitantes de area en- tre os ries ré © Paraopebe que, como 7% observames, viveram outro rice © outros relagges Jo dowinagho. Q HY = A MEMORIA DO GRUPO ids Os denominedes Kaxixd vivem dividides em pequenas areas nas fozen- momento bist dos Cricifma e Sav Jesé,' no muniofpio de Martinhe Campos, na margem esquerda do rio Paré,! © Yérzee do Gal hoiro,! bairre da cidade de Pompéu,' na margem direita do mesmo rio. Os primciros se identificam como “adios da Cr Xima ou Gentio* © os da Varzea, cumo “Sudios Co boclos”. Aparcntemente,' consideram-se como dois grupos que,’ origi- halmente,' erom dite ntes. 0 denominado “gentio" seria comoeste por aquetes que sabiam trabalhar e os "fndios” era os que mao sabiam trobalhar e mantinham contetos intermitentes com 03 Joaqu de Pom peu, enquonta o “gentio” j& residia na Fazenda e Toi usaie como "ja gungo” peta familia da latifundigria. [dentiFicam’ ainda,’ a exis- téncia des chamedes “fndies da Berra”, que teriam sido atacados pe- lo Copitho Indeio © sua tropes entre cujos componentes havia Tndios conhecederes da regiav. Indie os Loc als 5 como refi réncias de locelizagav das antiges as. Mm deles € Itavca,’ que Fice no municipio de Ponte Alta, a duos léquas de Pitangui,’ as margens do rio Ponte Nova, affuente do Grande,’ fecal por onde passova a estrada ligands Piui a Formi- gos © So Paulo. Suas roses seriam Feitas om Grotas d‘Koue, no rie Pord,’ onde heveria grandes covernos usados poles indies (a tnice re Fer’ ncia que encontranes a grandes cavernas foi ne Vale do rio Gran de, onde foram lecalizades urnas indfgenas ¢ nao no rio Pera,’ come YY II DPI II II II DIDI IIII III II IG IAAP DAA LIAS LA AA LA 12, afirmam as liderangas do grupo). Outra aldeia Ficario nas terras de DE Joaquina,’ gue,’ como je observames,' nao pode ser documental ate comrovada, pois sS encontranos referéncias a quilombos. A “tribe da Bar a” estar 2 localizeda na barra do rio Paraopeba com o Sao F co,’ onde hoje se situa a Barragem de Trés NM. : as. ATivmam,! tam bém? que haveria uma aldeia e Anguevets,' que identificames como o to de Auhanguora,’ atual cidade de Almas. Referem-se, ai ‘a do Choro, que Tica na barra do rie de Choro como Pard. Ga- Fantom que a terra antes de ser tomade pelos paul istas, perte Nossa Senhora - u Piedode de Pi . CLDEFES,' € uma nas a do nome da Vila de Nossa Sonhora 4D pativa coufusa com alguns pentes que nos parecem exlremamente os! wose! os quais iremos pontuands 3 modida om — que © transerevermos. "Bande antes paulistes tentaram abrir uma picada para Goigs,! em 1601," (descen wee essa indicagao de datas entre grupos com contato mais recente e, principalmente, entre os que tém tantos séculos de contato,' porticul armente,‘com tanta corregao, pois,’ é » ano da'expe- digao de Amid de Leao e Glémmer,’ a primeira a penetrar a regide). Eheontra om Forte vesisténeia por parte dus {adios que vivian entre Pompeu e¢ Martinho Campos. 0 rei de Portugal determinou a abertura de Hovas picadas que passaram pelas terras de outros fndios,’ saindo de Hartinie Campos © passande por Arank (0 picede que atingis — Araxd passava pelo rio das Velhas,' em Guaiacul). Antonio Taques de Tauba- 44, tendo interesse nas terres do atual efpio do Pompéu, deter winou que o Pampéu Velho Tundasse ume fazonda no Dice da Serra,’ que hoje se chama Pompeu Velho (também desconhecemss grupos que ide Figuem com tanta clareza um personagem tac distante no tempo,’ como Antonie Taques de Taubaté,' som qua cle tenha tide uma relayao dire ta come Lrejeliria do grupo). Poméu Velho teria encontrade tudios entre o Paré « 0 Paraopeba: Gretas d’fgua,' Candy do Zezinho, i dofbe (rie Pindaiba,' affuente do rie Bicude,' que desagua no rio dos Velhas),! Riache,’ Urubu,! Varginhe (3s margens do rio Picao,! aflucnte do rie Para). 0s Tadios re: rom-se no rio Picky e combate cince vezes (estranha precise), Os Bandeirantes, ev chegorem a RO ee Eee ee eee ee ee ie 0 EE | 43. Pitangui, eucontraram uma tribe de "Sndios manses”.Puseran wma “bon, deine", escravizaral hos © os Fizeram trabalhan nas © Pompéu Velho ¢ D.Pedro Igy coligades com os bai anes cos paul istas, peocuraram defender @ eure dos roubes realizades pelos espanhdis (refere-se de Forma confusa a Guerra dos Emboabas, as medidas res- tri ax de coméreio daf decorrentes). Por isse deram Forga 90 Co- pitdo Inécio de Oliveira para que este resistisse na sede da fazen- day que Fera construfda na serra dos fndios, opds té-les — expulse de facal que ficou conkecide por Vérzea de Galinheiro (sé encontra- mos refers terras dv Capitae Inécio. as a confronts comquilombolgs © nag, com fudios % ~ (fo eed fetoae] bag met O apoin que D.Pedry dev av Capitao Inicio} garantiu-lhe a ter havia tomady dos Tadios. Apdnas os que moroyam entre os rios pard o Peixe (af tuer 6 do ris Par’) m suas terrae. Até © casamento do Capitae Inacio ¢ de DY Joaw a, a “yentio de Cri, © 08 “indies cabuctos da Vérzea do Galinheire” cram unides. Come estes Foran u aos come jagungos, 0 grupo se sopurou (ma tradigde com a afirmativa anterior de serem grupos distintos). Os Fithes de DSJoaquina procuraram reunir os ios outra vez para poder ecriar o pevoade de Buciti da Estrada. lim dos genres de Joa guing, 0 Carita Olfapiog uso os jagunsoa negros para matar os fn dios que resistiaw a entregar suas terras, como teria side o , caso de Cambino, que vivie na area da Fazenda Quati ( o lote de terras do Latitindio mais prdxiao de Buriti /Pouéu). Os que vesidi am » tio do Peixe (fozenda Sao José, antiga Fazenda Poulista), wim Tole conhecido por Fundinho, foram atacados ¢ sua Tideranca morta por orden da Camffia de DPJoauuina executada pelo Tadie Antonio Candi nko. N esim, os Tndics braves ~ os Kaxixd -, teriam side os grandes pre~ iiticades com a abertura da picada para Geias (a que indies ele se refore Kaian’, Puri ou Botoctde?), Os Cari jd, ou fudios mangos, que batharam nas mi Foam exeravizaios pela bandeira dos pavlistas, tr nas. Os que viviam em Nar ho Compos resiativam & construgge da Estrata de Ferre na Cozenda Comitério, Bs morgens do rio Picwo (0 nome da Fazenda s ia derivate de fato de ali Ficar um antigo ce kerio indf, cna). Os ontros Cari jes de Sae Joao (ofluente do Parao~ Cp limps sna iansts oi. rma foopuina. « Air muse. 208), MT, wee p foal DUVSTIT TTB F aa BF GTS FI FSES SCG C EOC O OO Onn 1 ta. pel « Peixe © Pieao vieram para viver com as indivs da cr a), dos giao Vorion Familias portuguesas comproram ou herdarom terras nar © os fudios Toram sendo confinados nas pequenas dreas que hoje ocu- pan, tendo outros migrade para Cotas”. Djalma Oliveira oe diz mestigo © descemlente da famflia de DF Joami, nae de negrus, tendo side criado por “brancos” e¢ estudalo em D népolis devido a uma “polftica dos Fazendeiros locais de_ob nos a cstudar para _acabar_com a “lei dos indios". 7 Tentamos comletor estas informacdes com dados mais recentes do lo- catizagao do grupo. Inclusive querfames saber como se dera a atri~ huigto do nome Kaxixé, j& que esta neo consta de qualquer documento ow vetogin de tribes indfgenas de Minos Gerais. cussae extremamente acirrada entre os membros do grupo Apés uma d cfpio de residente ne Capay do Zezinho, na Fazenda Cricitima, no mur Martinho Campos, varies ecusecies orem feitas 30 {fdor Djatma Oliveira, AFirmavam que o tinham avisado que aquela oNistoria de fndios” nao pode do pessoal da Comunidade Eclesial de Base. A partir doi pudemos es~ tiu entender 0 qua- 2 dar certo © que a culpa era dele tabelecer ume Linha de eaciocinio que nos per dro. A nossa versao dos Cates foi confiemada pelas membros do CEOL- FES quan culdades insol iv que havi~ lo Ihes apresentamos as di ‘amos encontrade. Outro Fato que nos chonou e otengas Foi que, 90 expticarmos come se elaborava um foudo pericial, Djatma Oliveira, \etrufde para der outras informacics nos disse que cle havia sido © dados que nie aqueles que eu estava sol icitando. grupo recebcu_a _denominagao de Kexix toral_da Terra e de um membro de CEDEFES apés_uma mise feita pela CPE om Martinho Campos. Inqueridos porque nao participavam da Euca~ istia, responderam que nao poderiam fazd~le porque nae ‘tinham al— wise © padre i ws saber @ razce de tol ofirmetive, — ¢ com que 6 grupo se identificasse como descendentes de fn- Apés myilos diSlogos e discussces padre Geronime ¢_o mem bre do CODEFES cr’ aram o nome Kaxixd, que, seguido menbros da ci nidule, seria uma Forma eineratica de Kaiaps (Ka) ¢ Patexd (xixd), | 15. grupo como qual santinham intensa relate. Afirmoi-thes da necessidade de precurarcm enbr rege dle al guma deny ‘ minagae que bivessem antes da intervengie do padre. 0 dnice nome de que se Texbravem era Cari jd, donominogae atribufda a alguns dos 5 subgrupos em que se dividiram © das avés. tw seguida acomonhamos és liderengas ~ Djalma Oliveira © Jerry Adi, ani = ans locais que consideravam como indicadores da antiguidade da ocupayao dla regia pelo grupo. Fonos, iniciatmente, oo paste Je ua Fazenda junte 9 uma aguada, onde Ficam duas mangueiras antigas. Se- gundo cles, essas mangueiras teriam sido plantadas pelos fndios. ~ Um pouco mais adiante, fomes ver alguns Fogoes ve barre cozide “en~ . terrades no chav. Consul tawos alguns arqueslogos na Bahia © em Sa0 Paulo que nos afirmoram, ser estes Fagoes tfpicos de negros © nao de adios. itamosainda, wm cruzeire,' onde _afirmam estarcw enterrades os membros da comunidade que teriam sido mortos na lute pela terra — gle Jerry Adriani teria sofride um atentade, Q local nav se _dife~ de Ninas Ge de qualquer oulre cruzeiro do inter tw sequida atravessames o rio Per’ para visitar a érea do Fundinho, onde vivem trés Famflias. Segundo informagges das liderangas que nos acompanhavam, alf encontrarfamos pessoas que dispunham de infor magies imortontes © outres que Falavan uma “Ifngua diferente”. Tal 7 oxpectativa nau se concretizou. Nenhuma nova informacie Fei obtida. i. tna dos pessoas disse que so lembrava de serem chamados de Carijé © , a confinmgio de um dade que ouvimos repetidemente: "minha avé Toi > apanhada « dente de cachorre © Tago". Também non informaram «ue, a= > tos da referica missa,! nunca tinham ouvide Falor do Fate de sercm » Jndios © que a proposta de encamparem tal afirmativa tinha paride % dos moradores da Yarzea do Gal inheiro. » Fomos do conjunte de cases para e Srea do cerrado pera conhecer 0 sitio arquolégico. € realmente impressiononte a riqueza desse ‘ tio Bedu aberto, Arloram grandes quantidades de material — Uftico » trsbathado, predominonds cortadores e pequetos machados, olém de . inimeros cacos cerdmicos. Sua existéncia comprova ter he ona 7 antiga aldeia indfgene noquele local. Porém, seriaw nocegsarios es- , tudes Teitos por wm especialiste para identiFicer a que tredigae ence o material e tentar eatabelecer a datagio do sf- tio. Como esses dados nae sav de nossa especialidade, nao nos se ws A vontate para estabelecer qualquer comentérie acerca de sua vinculagdo @ qualquer grupo, inclusive, aos Kaxind. Fm seguida fomos ao Capac de Luiz Antonio, onde reside um casal de velhws que aluga sua casa, a beira do rio Para, a pescadores. Mais uma vez nada obtivemos de informagoes adicionais que pudessem escla nossoe diwidos. ££ Porc, nas converses durante os destocauentos, pudemos perctber como ele haviam se catabelecidy nesses Sreas que eeunam hoje. A avd de Djalma Oliveira, Sérgia, netural de Varginho, casou-se com um trabalhador rural, Pedro Ferreira da Costa, que morava ¢ trabo~ thave em glebas de Fazenda Cricitma. Ela ja havia side casada onte~ riormente ¢ tinha dois Filhos quando passou a viver com o referide Pedro. Qutre trabalhader rural - Luis Antonio ~ Qcupava mais uma gleba © cra aparentade com Sérgia. Quands 05 proprietérivs de Fazenda morreram, seus hordeines nde mais aceitaram a presenca dos Fomilinres de Sérgia na Fazenda, Iniciaram as pressues © ameacas para expulsa-los. Segundo Djalma Oliveira, o gripe cutrou com uma agao na justiga, alegando direite de permone- cerem na posse com hase na Lei do Usucapiao. 0 juiz deu-lhes parecer indo-Ihes 9 propriedade de quatre Jotes de te faverfvel, gar que cerrespondem aos Capses do Zezinho, de Zé Candinhe, Fundinho ¢ Luis An “nos que a sentenga judicial teria se os Djalma garant baseale na mativa de que os pesseiros eram fudios, tendo, — por issu, direito 3s terras. Embora considerassemos essa hipotese pouco viavel, procuramas consultar no Forum de Pompéy o processe para ve~ bificar a sentenga do juiz. Infetizmente, 0 pudewos fazé-lo por estar Fechado o drgao judicial. No dig seauinke, além do Frum, Comes 3 Vérzea de Gel ivheire,no mu- nicfpie de Ponpéu, acompanhados por Jerry Advi an: Visitams a lide renga local que também nada nos soube informar além do que jo’sa ames. Yisitamos @ antiga sede da Fazenda de D® Jong a, onde have~ rive Porém devide ao desconhecimente do nusse acompa- Y~wUeVe. 5) ) 2 2 2 2 2 5 2 2 5 2 2 2 : IIOO JOO whgute «9 desFiguragie do local, nada pode ser local Lificade, Talvez uma prospecgao arqueolégica cuidadosamente orienta da pudesse e clarecer as dividas que se estabeleteram entre a tra- digae oral © os dodos documentsis. ce rando 9 inFermagio de que os obi ( nomes usados pelos denemi~ nodes Kax rbosa Amor mc Barbosa da Cruz) thes hav side atribufdes no fim do século passedo, dirigimo-nos ao cartério de Poméu. Consultames os livros de registro do de sScvlo pessado deste século. 0s registres em que constavam informagoes so bre a origem dos nubentes, des recémnascides ov de mortes indicam uma grande concentragao de escraves ou ex-escravos de origem afri cana. Em Henhum momento h& referéncias a fndios- Seguindo orientagse de Jerry Adriani, visitemos uma velha ponte em Pitangui, na qual, segundo ‘ele, estava escrite © nome da tribo 0 aque pertenceriam. Apés alguna dificuldade encontramos a ponte © constatan que havia uma ploca que indicave uma local idade denomi~ nada "Gentio". A nosen visita & Lyreia Matriz de Pitangui e ao seu museu n qualquer efcite, como j& observamos anteriormente. VY ~ A HIPOT EXPLICATIVA E CONCLUSIVA Considerando-se todos os aspectos observados, el abor amos un hips -fnegaveluente fouve ni regiao uma aldeia indfgena. MP foi-nos mossivel precisar quando e como foi destrufde e @ identidede do grupo que a habiteve. Mém dessa alicia, cremos na possibitidade de uma ascendéncia indi- yena, ainda que remota, dos que agora se_auto denominam Kaxixd, Po- rém, ease ascendéncia nae foi e nao é o clemonto arti ladon da co- munidade. Estep s ter sido a luta de trabalhado ee rureis, Frente o possibilidade de serem oxpulsos dos totes det awe ecunaram ¢ trabalharan por muitos ane A nosse explicagae pare a scendéncia indfgena nay sero elemento social articulodor & que os hamades ancestrais indfgenas da atual to 8, Indios escravi zades por popul agaw seriam fndios Cer ehh ehhh hhh OEE EE Oe ee et NN Listas no fim do século XVIf © infeio do XVIII, destoce toric mineiro e de outras capitanias, Este mas~ ries pontos do tel gu do escraves pude e deve ter sido ocrescida de indios dispersos que vagavam pela regiae Tuginde do contato, de aldeamentos de combates © ataques sistematicos a sues aldeias, de quile bolas agre godes a aldeiaa ou dle Tndios que teriow se refugiado om qui lonbps Z é i i a colcha de retalhes expressa la | b Cate hipstese poderia explicar ra que includ Fragmentos de pro~ Djolma de Olive Loria narrada 1 andeiras, escra~ ceesys de doninagie de povos tndfgenas diferente vidzo, grupos arredios, combates a quilonbos, picada ile Goi as, ote. Outro Fate que nos leva a crer nesso hipdtese & o fate dos “fnlios antigos” serem referides como Cari jés e também sua localizagao ser ci Gina, Pom dispersa © sempre assnciada a uma Fazenda: Ponte Alte, pew Velho, Varginha, Lonberi, Ibitire, Papagaio, Fazenda Quati, Pas to Grande, Borreire Branco, Urubu, Grote dt figua, Réacho, Bre jo, Gro ta Funda, Otho D/Kgua, Barroce, Yarzes do Galinheiro, etc. Isto ponte para a existéncia de fndios nao aldeados, mas pare uma People lagdo dispersa como mio-de-obra por vérias Fazendas da regia. Neo torfamor, endo, uma comunidade Tocal que se desagregou em Fungde do as sim descendentes dis processe de expansao da sociedade nacional, ou localizaveis,sem tantes de vSries comunidades nao identificéy dade de haver, também, descenden exeluirmos, entretante, 2 possib tes de alguna tribe local. conacquentanente, née nedenos caractorizar os Koxixé como remanen- tentes de um povo indfgena que Forma uma comunidede erticul eda, com s de inter dade Jo que os distinga da soe um circuike e coteyo nal, embore a partir de um determinado momento - a atuagao do cl js. Noo CPt € uutres entidades de opoio - ee reivindiquem como # conatatanon a crenca comum articuladora numa origes indigena comum fe wio hd um prejeto de Futuro compartilhado que orienta seus mom= bres nos agies cotidianos. Pederfonos of irmar, no entanto, que a angie por casa vie do atuagde politica — 2 aFirmagae da identidade na provével ascendéncie indigena, até entav des indi gena ~)baseoun considerada, ¢ Nos expectstivas ¢ csperangas transmitidas pelos or Lidades de apoio quanto a um possivel sucesso na sua busca de pr ras em que trabalho bogie yovernamental para eviter a perds das te BECKET EETCT TEESE OEE Te ee EEE tom, Sie, portantey mais uma vez, as grandes vitimas de um preces- se de dispute de poder e pr stigio entre organi zacoes nav goves nontaia © © gove! Tales, ald puléssemos dizer que os Kaxixd sao uma condinidalle em gestazde que osté em proceso de reconstrugie de um pasate mitico © de traigies que supsem ser ou afirmam ser originais ~ a d jacoré, por exemlo, que aFirmam estar re(?)aprendendo para dangar pare as autoridades. Nota-se, af, a influencia des contatos riani com outros grupos no Hordeste © externos mantidas por Jerry A\ © carater enblemtico da aPirmagae de identidade que o Toré repre senta perante o pablico interno e externo. Na verdade, o grupo esta tm processo de ajustamento 32 exigéncias estebelecidas pela socieda de nacional para recenhecé-lo como indigena. Estorfomos assim assis, Lindo a um processo de etnogénese que Grunewald (199425) assim des- eve! "(.++) pode-se visual isar nao grupos que Foram sofrende por dos, mas pereeber a formagao de noves grupos tnicos que foram se constituinde por entre descontinuidades histéricas ¢ assumindo a m eran deo- denominagdo de fndios, uma vez que seus antepassados a: a gnados © uma vez que assim podiam lograr acesso 3 terrae obter assisténcia da Un) Atikum-Uma mostra bem esse Bo. © case dos ind processo, ave nao foi o de perdas que um grupo especifico foi so- Frondo até se Lernar um residue de uma cultura aborigena prévia Mui to pele contrério, trate-se de um grupo de pessvas de diversas ori~ gens Stnicas ({ndios descendentes de diversos yrupos distintos ne~ gros brancos) ave, ameagades de perderem seu recurse basico(a ter ea), vesolveram constituir-se como commidads indfgena c se atribuir tradighes Laie como 0 Sroae tulor exigia para o reconbecimento de re servas indfgenas no Nordeste. Nesse sentide, & um et {adios apenas aquetes que guardam cultura aborfgene — © a isso cu chang de itusae outéctone = pois, grupos indigenas surgem situacio~ halmente da mesta Forma como suas tradigdes podem ser situacional~ mente construfdas. Além disso, deve-se ter em mente que a escolha em tocnar-se fadivs nao & totalmente itraria, pois se a etnici dede de grupo foi poll ticamente acionada com um interesse espect Fico, isso 86 Foi posefvel com base numa identiFicagae prévia, ou sein, & somente com base num compartillamente de trages cul turais que se pode construir uma unidade Stnica (. wee wR RAR SR AAOSAOOSAOOOeOeePrfrr,r,r,rr,r-rroro-—-"—"—"—""—"——— Oe . » m » 20. No case dus Kaxixé, podemos “ef irmar que este processo de ctnogénese esté inconclise. Ou porque © tempo para ef aborer/divul gar/introjetor ne traigben Toi suFiciente ov porque i existe o compartilla- wo nto de League culturais devide & sua condigu de Carijie - diversas e inexisténcia de uma experiéncia comunitéria comum pri vies Podemos tombém orguir a incapacidede das lideranges em mobili zurem seus Liderades ou, ainda, o fato de todos terem garantide que a posse dos lotes de terra que ocupem Funcione como um ag nte desi Lilizader do processe de agregag3o, Formul agao/compartilhamento de um projete de vida. Talvez se tivessem aguardado mais alguns anos pore colicitar o reconhacimente tivessem obtide um parecer Favor: Quanto a identificagac de um territério “original © primitivo™,con— sideramos um processe invidvel, Primeiro porque, pelo foto de serem de origens distintas, nunca comparti{haram um terri téria comum, Co- mo consequeneiag sua relagio, representagdes © @ uso auc Fozem dos Totes que ecupam nav apresentam qualquer diferenga das existentes en tre © pont agdu efreundantes te, nbo se Qs seus pontes referenciais, que ja indicenes anterior cincul on/orticulam com qualquer tradigde ou elemento dy seu univer so social ¢ cultural. Cremos que poderao vir a ter essa cul agav stir do momento que coneluan 0 processo de re(?)elaberagde des suas tradigoes. Porém, nao € © que pudemos observar quando — real i- zamos 0 trabalho de campo. Assi, conclufmes que os denominedos Kaxixé Formam um grupo que pre cura se articular politicamente através da construgao de uma iden- tidade étnice calceda numa posefvel ascendéncia indfgena. No momen- to nav Furman ma comunidade indfgena como é pensoda jurfdica e an~ Cronulegicamonte, Dinfomoa que constituem uma entidade pol ftico om Fase de organizagae que busca o apoio necessério para garantir sua sobrevivéncia Mica atravée de atuagio mais efetive de um reso es bakal, ne case, a THNAL. Entretonte, entendemos que se deva realizar uma consulta 3 Procura- doria Geral da Repiiblica sobre o seu direito indenizatério, & seme- ihanga do que J& ecorre com os descendentes de escravos afticanos , considernade-se que, também descendem de poves que foram retirados 2. ia dos seus territérios tradicionais © usades como for— co de trabalho escrava. E, por Fim, sugiro que caso recebam um pa~ recer Favorével, essa indenizagao seja feita nav em dinheiro, — mos com terras de Forma que possam ser uniTicadas as Greas que ecupan, fo que Thes permitiria articular ume maior copecidade de resisténcia Frente © avango dos Fazendeiros focais. AAAS

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