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ALERTA: OS LENÇÓIS FREÁTICOS ESTÃO SENDO CONTAMINADOS 

Conheça os principais focos de contaminação das águas subterrâneas 

Pior do que a poluição que a gente vê é a poluição que a gente não 


vê. Assim a poluição dos lençóis freáticos é grave, aumenta 
dia-a-dia e começa a preocupar. Motivo: a despoluição de um lençól 
freático leva mais de 300 anos. 

Além das atividades do homem, poluindo o meio ambiente - 


principalmente as terras e as águas - causas naturais afetam as 
águas subterrâneas, como a presença de teores de elementos químicos 
nocivos, oriundos de rochas armazenadoras ou dos aqüíferos. 

O professor Aldo da Cunha Rebouças, do Centro de Pesquisas em Águas 


Subterrâneas, CEPAS, da USP, descobriu que e elevado flúor contido 
nas águas do Nordeste do Paraná e na região paulista de Águas da 
Prata, produz uma doença chamada fluorose, que provoca a destruição 
dos dentes em crianças e adultos, ao invés de protegê-los. 

Também em São Paulo, em Ibirá, a presença de vanádio foi 


identificada pelo professor Nelson Elert nas águas da região. 
Trata-se de um mineral cuja absorção causa má formação congênita em 
crianças. 

A ação do homem 

Os técnicos chamam de "causas antrópicas", quando as atividades 


humanas é que provocam a contaminação das águas subterrâneas. São 
diversas as formas de contaminação, envolvendo desde organismos 
patogênicos, até elementos químicos como os metais pesados - caso do 
mercúrio - e moléculas orgânicas e inorgânicas. 

Todavia, conforme assinala o geólogo Luiz Amore, consultor técnico 


da OEA e da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio 
Ambiente, a possibilidade dos contaminantes atingirem os poços 
perfurados vai depender das características dos aqüíferos, 
particularmente as estruturas geológicas, a permeabilidade do solo, 
a transmissividade etc. 

Amore sustenta que várias fontes poluidoras já foram estudadas, e 


alguns casos são clássicos, "que longe de serem fenômenos isolados 
podem estar ocorrendo em diversas regiões do país e com intensidades 
diversas, infelizmente ainda pouco conhecidas". 

Os maiores focos de poluição dos lençóis freáticos: 

1 - Lixos e cemitérios 

As águas subterrâneas localizadas nas proximidades dos grandes 


lixões registram a presença de bactérias do grupo coliformes totais, 
fecais e estreptococos. Segundo o professor Alberto Pacheco, do 
CEPAS, são componentes orgânicos oriundos do chorume, que são 
substâncias sulfloradas, nitrogenadas e cloradas, com elevado teor 
de metais pesados, que fluem do lixo, se infiltram na terra e chegam 
aos aqüíferos. 

As águas subterrâneas situadas nas vizinhanças dos cemitérios são 


ainda mais atacadas. O professor Alberto Pacheco cita o exemplo dos 
cemitérios municipais de São Paulo. Águas coletadas nas suas 
proximidades revelaram a presença de índices elevados de coliformes 
fecais, estreptococos fecais, bactérias de diversas categorias, 
Salmonella, elevados teores de nitratos e metais como alumínio, 
cromo, cádmio, manganês, bário e chumbo. 

Os cemitérios, que recebem continuamente milhares de corpos que se 


decompõem com o tempo, são autênticos fornecedores de contaminantes 
de largo espectro das águas subterrâneas das proximidades. Águas 
que, via de regra, são consumidas pelas populações da periferia. 

2 - Postos e fossas 

Estudo de autoria do professor Aldo da Cunha Rebouças, t ambém da 


equipe do CEPAS, mostra a contaminação oriunda do vazamento de 
tanques de armazenamento subterrâneo de gasolina em poços de 
abastecimento de água em residências vizinhas. A água recolhida 
desses poços revelou elevados teores de benzeno e demais compostos 
orgânicos presentes na gasolina, como tolueno, xileno, etilbenzeno, 
C benzeno e naftaleno. 

O professor adverte para o fato de que a combustão da gasolina é 


auto detonante a 400 ppm (partes por milhão). Se esse combustível se 
infiltrar em redes de esgoto e túneis de obras de engenharia, haverá 
risco real de explosões de grandes proporções. 

A presença das fossas na condição de contaminantes dos aqüíferos foi 


estudada no Vale do Paraíba do Sul, em São Paulo, pelo professor 
Uriel Duarte, da equipe do CEPAS, e em São Luís, no Maranhão, pelo 
professor Waldir Duarte da Costa, da Universidade Federal de 
Pernambuco. 

Eles concluíram que a construção e operação de poços de 


abastecimento d'água, próximos a fossas em zonas urbanas e ruraiss, 
pode levar à contaminação da água por patogênicos gerais e 
substâncias orgânicas diversas, transmitindo doenças a quem utiliza 
e consome a água. 

Preocupada com o problema, a Organização Panamericana de Saúde - 


OPAS - recomenda que essas fossas devem ser construídas a uma 
distância mínima de 20 metros, ou ainda mais, dependendo das 
condições intrínsecas do aqüífero, em especial a permeabilidade do 
terreno. 

Ocorre que essa recomendação dificilmente é levada em conta, 


especialmente na periferia das grandes cidades, onde o favelamento 
reduz o espaço útil dos quintais dos casebres, levando seus 
habitantes a construírem a fossa e cavarem o poço praticamente lado 
a lado. 

3 - Agrotóxicos e fertilizantes 
Resíduos de agrotóxicos foram encontrados em animais domésticos e 
seres humanos que utilizaram águas subterrâneas contaminadas por 
agrotóxicos em Campinas, São Paulo. 

O professor Ricardo Hirata, da equipe do CEPAS, autor da descoberta, 


diz que a contaminação resultou tanto de substâncias aplicadas 
incorretamente na plantação, como oriunda de embalagens enterradas 
com resíduos de defensivos agrícolas. Em ambos os casos houve a 
infiltração e o acesso dos agrotóxicos aos aqüíferos. 

O uso indevido de fertilizantes também afeta as águas subterrâneas. 


Segundo o professor Aldo Rebouças, substâncias fosforadas e 
nitrogenadas, que provocam a doença azul em crianças, podem acessar 
os sistemas aqüíferos, com a desvantagem de que são de difícil 
remoção. 

Na região de Novo Horizonte, em São Paulo, centro produtor de cana 


de açúcar, a aplicação de vinhaça resultante da destilação do 
álcool, como fertilizante, provocou a elevação do pH (índice de 
acidez)e conseqüente remoção do alumínio e ferro do solo, que foram 
se misturar às águas subterrâneas. 

Os aqüíferos também são contaminados pela disposição irregular de 


efluentes de curtumes no solo, fato observado pelo professor Nelson 
Elert nos centros produtores de calçados de Franca e Fernandópolis, 
em São Paulo. Segundo ele, os resíduos de curtume dispostos no solo 
provocam a entrada de Cromo 6 e de organoclorados, afetando a 
qualidade dos lençóis subterrâneos. 

4 - Rejeitos e aterros industriais 

As águas subterrâneas de Cubatão, em São Paulo, considerada a cidade 


mais poluída do Brasil, não podiam escapar à ação dos contaminantes. 
A técnica Dorothy Casarini, da Cetesb, a agência ambiental do 
governo paulista, diz que aterros não controlados por indústrias 
químicas da região resultaram em mortes e contaminação carcinogênica 
(através do câncer) inclusive no leite materno. 
No caso de Cubatão, o agente contaminante foi o Bifenilas 
Policloradas (PCB), cujos rejeitos, depositados no solo sem qualquer 
tratamento, se infiltraram e danificaram as águas subterrâneas. 

Em Minas Gerais, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e em 


Campinas, São Paulo, a proximidade de aterros industriais 
clandestinos está contaminando as águas por resíduos industriais ou 
pela presença de atividades mineradoras. 

Nos dois casos, o professor Paulo Scudino, da CETEC-MG, e a 


especialista Dorothy Casarini, da CETESB-SP, identificaram nas águas 
subterrâneas das duas regiões a presença de diversos metais pesados 
e hidrocarbonetos que, uma vez ingressando no corpo humano, lá ficam 
depositados para o resto da vida. 

5 - Rebaixamento do lençol freático 

Segundo o geólogo Luiz Amore, a exploração excessiva dos aqüíferos 


pode ocasionar não só o desperdício de água, mas, o que é pior, a 
contaminação dos postos de abastecimento por migração de águas 
situadas nas suas proximidades. 

Há, também, casos em que a devastação da cobertura vegetal em áreas 


de recarga dos aqüíferos resulta no rebaixamento do lençol das águas 
subterrâneas e conseqüente redução das disponibilidades hídricas da 
bacia. 

O caso mais expressivo é o relatado pelo técnico pernambucano Waldir 


Duarte da Costa: o bombeamento excessivo de águas subterrâneas para 
o abastecimento público do elegante bairro de Boa Viagem, em Recife, 
resultou na infiltração de água do mar no sistema de água potável. 

Em Cubatão houve o mesmo fenômeno, resultante da utilização 


excessiva de águas subterrâneas para fins industriais. O lençol foi 
baixando até ser invadido por água salgada. 

Efeitos danosos da superexploração também foram registrados na 


barragem do Descoberto, em Águas Lindas, estado de Goiás. Segundo o 
professor Elói Campos, da Universidade de Brasília, alguns poços na 
área de recarga reduziram significativamente a disponibilidade 
hídrica, a ponto de secar poços à jusante da barragem.

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