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Ora veio o dia em que o conto virou a página e, ainda em colofon, um menino

leu:

"E ainda hoje o professor bibliotecário vagueia à procura da resposta para o


brilhante aforismo da rainha."

Intrigado, dirigiu-se à pessoa mais próxima que o poderia esclarecer, e


deparou-se com o Professor Bibliotecário, um Homem Muito Sério e Muito
Responsável, que tinha um bigode crespo, retorcido nas pontas, onde lhe
andava sempre pendurado um Gato das Botas, saltando de um lado para o
outro...

Apesar de muita gente se sentir intimidada com o Professor Bibliotecário, o


menino não perdeu tempo em conjecturas desnecessárias, e perguntou aquilo
que lhe interessava saber:

- O que é um aforismo?

O Professor Bibliotecário ficou surpreendido! Um menino, um menino pequeno


a fazer-lhe perguntas?! Para quê? Que coisa tão estranha! E respondeu, numa
voz cavernosa:

- Não tenho tempo para perguntas tolas! Dirige-te à classe 0, das


Generalidades. Busca um Dicionário (um 030 servirá) e esclarece as tuas
dúvidas! Eu tenho muito que fazer!

O menino ficou desconcertado; o Homem Muito Sério era também Muito


Antipático e não devia saber que as pessoas crescidas têm por missão ajudar
as crianças pequenas. Por isso, insistiu:

- A minha pergunta não é tola! Eu quero saber o que é um aforismo! E as


Generalidades não são minhas amigas! Tu é que me tens de explicar tudo, pois
és crescido e as pessoas crescidas devem ajudar as crianças pequenas!

Quem ficou muito surpreendido foi o Professor Bibliotecário! Há tanto tempo


que ninguém o interpelava directamente! Ora essa, e com tanto que fazer! As
estatísticas quase a sair do forno, os inquéritos a correr, as grelhas de
observação às voltas no analisador, e ele ali, a dar conversa a um garoto
atrevido e ignorante! Até o Gato das Botas lhe saltou de uma bigodaça para a
outra.

- Rapaz! Não tenho de explicar-te nada! Tudo está já explicado: eu já tratei de


pôr toda a informação ao teu dispor - tens tudo catalogado, devidamente
classificado, arrumado pela CDU e por ordem alfabética! Põe-te a andar que
tenho muitos papéis à minha espera!

O menino sentiu-se muito assustado com tudo aquilo, e desatou a chorar, que
é o que os meninos fazem quando se sentem perdidos (e os crescidos também
gostavam de fazer, mas dizem-lhes que não podem). O Professor Bibliotecário,
ao ver as lágrimas, temeu as amadas páginas dos seus livros e os delicados
monitores dos seus computadores, e tratou de tentar acalmar o menino.

Mas, ai!, quanto mais ele tentava acalentar o menino, mais este chorava, com
medo do Gato e do bigode e do ar Muito Sério do Professor Bibliotecário.
Nesse instante, para grande alívio do Professor Bibliotecário, chegou o
MAABE... O super-herói tratou logo de desfazer a confusão! O menino foi
levado até um Dicionário, depois de ter registado que ia fazer uma pesquisa em
livro, para as estatísticas, e o Professor Bibliotecário levou um puxão de
orelhas tão grande, que até o Gato das Botas decidiu voltar ao Livro de Contos
de onde fugira!

- Vamos, vamos! Trate lá de organizar umas sessões de formação para


utilizadores - bradou o MAABE - onde já se viu um menino não saber onde
fazer uma pesquisa?!

E, assim, o pobre e amuado Professor Bibliotecário tratou de preparar muitas


sessões de esclarecimento e muitos guiões de trabalho e esqueceu-se de tudo
o que dera origem a isso... até desistiu de perceber para que é que o menino
precisava de saber o que era um aforismo... na verdade, até desistiu de saber
o que era um menino... É que o nosso MAABE é um super-herói ciumento, e
nunca podemos entregar-nos a mais nada quando ele anda por cá...

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