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Y Manejo de Grupos Psicoeducativos ——_———_—_ Sheila Giardini Murta, Lilian Maria Borges e Aderson Luiz Costa Junior A intervenc’o psicoeducativa pode ser definida como uma moda- lidade de trabalho em grupo com objetivos e tarefas comuns, voltada a um conjunto de pessoas que vivenciam uma situacao semelhante, como, por exemplo, o adoecimento, a gravidez e a aposentadoria. Este tipo de interveng4o integra aspectos informativos e reflexivos com o propésito primordial de possibilitar a construg4o coletiva de conhecimentos e ge- rar reflexdes que favorecam a adogao de praticas saudaveis e promovam o enfrentamento adequado de problematicas especificas. Nos grupos psicoeducativos, informagées e orientac6es praticas s4o fornecidas, duividas sao esclarecidas, crengas so questionadas, experién- cias so partilhadas e varias acGes sao alvo de conscientizagao e de mudan- ga. Além de serem difundidas informagées importantes, os participantes sao levados a refletir sobre as experiéncias relatadas e seus aspectos psico- légicos sao considerados, ainda que de forma nao aprofundada, mediante a abertura de espago para a expressao ¢ o manejo de crengas e emogoes as- sociadas as tematicas em foco (Afonso & Coutinho, 2010). Os profissionais a cargo da coordenacao destes grupos atuam como facilitadores da tomada de consciéncia e do posicionamento dian- te de aspectos relevantes do cotidiano e, como tal, a metodologia em- pregada nao pode se restringir & atividade meramente informativa. A Programas de Educac3o para Aposentadoria 69 metodologia deve ser Predominantemente de técnicas ¢ de dinamicas que facilitem compreensao das informacées veiculadas, seus sentimentos acerca dos fatos narrados, discutir possibilidades de mudanga (Afonso A estrutura deste tipo de grupo, abrange 0 envolvimento tanto em ter apresentacao de informacées, confor didaticos previamente programados, Participativa, com emprego aos participantes ampliar a expressar suas percepgdes € » tessignificar seus valores e & Coutinho, 2010). Por conseguinte, é mista, ou seja, ‘mos de curso como de vivéncia. A ‘me contetidos, sequéncias ¢ recursos € combinada com o exame de vivén- cias, em que Os participantes sao estimulados a compartilhar seus pensa- mentos ¢ sentimentos sobre os assuntos que surgem no grupo. Uma for- ma recorrente de organizar os encontros consiste em situar a parte mais informativa em um primeiro momento para, em seguida, trabalhar a re- percussio do que foi apresentado. E. preciso salientar que, mesmo quando 0 foco é a informagao, deve-se primar pela apresentacao de nogdes prati- cas e de elementos titeis em termos de aplicabilidade, bem como é impor- tante valorizar todas as perguntas formuladas pelos participantes, mesmo aquelas que parecam “bobas”, mas que, muitas vezes, indicam 0 campo gerador de maior ansiedade (Maldonado & Canella, 2009). USOS E EFICACIA DOS GRUPOS PSICOEDUCATIVOS Os grupos psicoeducativos, dado seu comprovado potencial para ele- var a qualidade da assisténcia em satide, vem sendo empregados em diferen- tes contextos e com variados segmentos da populacao. Para ilustrar, podem ser citados os trabalhos realizados junto a pessoas com doencas crénicas (por exemplo, diabetes melito, cancer, obesdads ante) apne . . = . diferentes fases do ciclo de vida (por exemp! fan pee adoria). Soas que vivenciam processos ou transigoes der, a profissional e aposent. / ine modalndsd o beneficio de alcancar um Esta modalidade de incervenst® Tf, atendimento individual e némero maior de pessoas em comparagao a0 Gn 70. Manejo de Grupos Psicoeducativos amenizar a percepsao de isolamento em relacig " ue hd a possibilidade de seus integrantes trog,. s de interesse comum, nides sobre questoes co it jeti e suas tematicas, os Quaisquer que sejam seus objetivos — representam espacos privilegiados para estimular mudangas NO estilo de ; idado e 0 autoconhecimento, ampliar a conyi. vida, promover 0 autocul ¢ ae . ar crengas e aprimorat habilidades interpessoais (Thompson et al., 2003). Isto idealmente ocorre em reins de aprendizagem encorajador € positivo, recheado de possibi lidades de in. teragGes significativas € de incentivo ao desenvolvimento de capacida. des. Espera-se, desta forma, que 0 sentimento de pertencer a um grupo e 0 apoio social recebido, aliados aos novos conhecimentos adquiridos, favorecam a resiliéncia e o empoderamento de seus participantes, Neste sentido, a participagdo em grupos psicoeducativos pode constituir uma oportunidade valiosa para o vislumbre de formas alterna- tivas de lidar com estressores tipicos da aposentadoria. Em tal contexto, as atividades grupais s40 desenvolvidas junto a pessoas que estao proximas de se aposentar ou que o fizeram recentemente. Estas atividades tém a fi- nalidade de oportunizar informagées que favoregam a adogao de praticas promotoras de satide e a (re)construcdo do projeto de vida, bem como enfatizar os ganhos potenciais da aposentadoria e instigar a reflexdo sobre suas perdas reais ou estimadas para que, mediante 0 planejamento, tais perdas possam ser prevenidas, contornadas ou enfrentadas adequadamen- te (Franca & Soares, 2009; Soares, Costa, Rosa, & Oliveira, 2007). Destaca-se que, ainda que seja comum a oferta de grupos para | Pessoas que esto préximas & aposentadoria, é altamente recomendavel | que pessoas no inicio ou no meio da carreira também participem de agoes de educacao para aposentadoria, pois este é um processo comple- ¥0 que pode ser mais bem-sucedido quanto mais cedo for iniciado. Espera- t | 'Pera-se que os programas §rupais tanto propiciem uma diferen- | | pode contribuir para tematicas tratadas, ja rem experiéncias € opt véncia com pares, revis a significati a i 6a significativa na satide e na qualidade de vida de seus participant quanto alcancem boa aceitagdo ai ela 40. i $40 especial deve ser dispenade Populacao-alvo. Deste modo, #! 2 2 alguns principios gerais do trabalho Programas de Educacio para Aposentadoria_ 72 em grupo; tais como: abordagem particularizadas instrugées especificas; envolvimento dos usutios no planejamento dos encontros; estabeleci- mento inicial de objetivo ficil de ser alcangado; selecao de atividades que atendam a necessidades e preferéncias dos usuarios; e eliminagao de situagdes em que a atividade esperada torne-se mais um dever para a pessoa (Marlatt & Gordon, 1993). Em outras palavras, as escolhas ¢ os procedimentos adotados devem ser motivadores para o individuo, sen- siveis a sua cultura e adaptados as suas necessidades. FORMATO DO GRUPO PSICOEDUCATIVO Os grupos possuem caracteristicas formais que influenciam seu processo € as relac6es entre seus integrantes. Neste aspecto, podem dife- rir quanto 4 quantidade minima e maxima de participantes (tamanho), 20 predominio de semelhangas ou diferencas entre os participantes (ho- mogeneidade versus heterogeneidade), a possibilidade ou nao do ingres- so de novos membros apés 0 seu inicio (aberto versus fechado), & perio- dicidade dos encontros ¢ & duragio dos encontros. No modelo psicoe- ducativo, a intervengao, em geral, é de curta durag4o, compreendendo de cinco a dez encontros, com frequéncia semanal ou quinzenal e dura- 40 média de duas horas por encontro. Estes grupos costumam ser for- mados por oito a 12 participantes com caracteristicas comuns (grupos homogéneos), como o interesse em preparar-se para a aposentadoria, e novos membros nao entram no decorrer do grupo (grupos fechados). Por fim, esta modalidade de grupo tem um foco de trabalho para cada s definidos previamente, os quais se encontro, relativo a temas geradore uusséo no grupo (Afonso & Couti- tornam objeto de reflexio e de disc nho, 2010; Maldonado & Canella, 2009). No caso dos grupos de educagao para aposentadoria, diversos for- Matos podem ser adotados conforme as possibilidades institucionais ¢ o interesse dos participantes. De modo geral, 0 formato dos grupos deve Propiciar aos participantes tanto obter e processar informagées Uteis 72 Manejo de Grupos Psicoeducativos quanto ter suas experiéncias valorizadas. Neste aspecto, um grupo com ntimero menor de participantes (até oito) favorece as trocas emocionais € uma maior coeséo grupal, mas, por outro lado, restringe a abordagem €a aceitagao de uma maior diversidade de pontos de vista. Um niimero reduzido de encontros afeta as possibilidades de aprofundamento do trabalho e de integracao afetiva mais intensa. Jé a rotatividade alta, que Ocorre em grupos abertos, prejudica a formacao de vinculos. PLANEJAMENTO DOS ENCONTROS Os grupos psicoeducativos possuem encontros temdticos, assim, é necessério um planejamento prévio por parte dos facilitadores do grupo. Os temas podem ser extraidos da literatura, de experiéncias com outros grupos com fungées similares ¢ da avaliagao de necessidades junto ao pit blico-alvo do grupo. Em se tratando especificamente de programas de educa¢ao para aposentadoria (Franga, 2002; Franca & Soares, 2009; Murta, Caixeta, Souza, & Ribeiro, 2008; Murta et al., 2010; Soares et al., 2007; Soares & Costa, 2011; Zanelli, Silva, & Soares, 2010), s4o temas frequentemente abordados nos encontros grupais: identidade, envelheci- mento ativo, aspectos legais da aposentadoria, satide e estilo de vida, sexua- lidade, fung6es cognitivas e satide do cérebro, finangas pessoais, empreen- dedorismo e carreira, criatividade e talentos pessoais, relages sociais e fa- milia, lazer e hobbies e projeto de vida. Temas menos comuns, mas tam- bém pertinentes, s4o: uso de dlcool e de outras drogas na aposentadoria, espiritualidade, assuméncia de riscos para crescimento pessoal, direitos do idoso, identificacao e prevencdo de maus-tratos contra o idoso, habilida- des sociais para fortalecimento da rede social, resiliéncia e processo de mudanga, este tiltimo segundo 0 Modelo Transtedrico de Mudanga. E comum haver temas especificos para 0 primeiro ¢ o ultimo en- contro. Um planejamento tipico do primeiro encontro inclui: esclarec- mentos sobre os objetivos e o funcionamento do grupo, apresentaga0 dos participantes e facilitadores, sonhos para a aposentadoria e modelos Progr Bramas de Educacio para Aposentadoria_73 de aposentados € idosos que integram o ciclo di i grupo. Para 0 ultimo encontro, temas pertinent le relacionamentos do manutengao de mudangas adquiridas ao longo do ory rou p de Ls de recaida, conforme 0 Modelo ‘Transteérico de Mudenca) ¢ avaliagio interesse dos participantes, da ligacdo entre os encontros, do aprofunda. mento dos temas e da conveniéncia do facilitador. pI COraP PROCESSO GRUPAL E FATORES TERAPEUTICOS DO GRUPO Na condugio de grupos psicoeducativos, além da atengio dada ao formato, aos temas ¢ as técnicas utilizados, cuidados também devem ser dispensados & qualidade da intera¢4o entre os membros do grupo ¢ entre estes e 0 facilitador. O termo processo grupal tem sido usado para se referir aeste conjunto de interagdes e aos elementos que as influenciam (Bieling, McCabe, & Antony, 2008). A discusséo sobre como ocorre © proceso gtupal no contexto de grupos psicoeducativos é um tema bastante abor- dado pela literatura em psicologia clinica ¢ em psi se observe consisténcia significativa entre as definigdes ou caracterizagoes efetivamente, a ocorréncia do proceso gru- icoterapia, embora nao das varidveis que compoem, pal e as mudangas comportamentais ¢ cognitivas go dos encontros previstos para 0 grupo. terizam processo grupal que se esperam de seus membros ao lon; Bieling et al. (2008), por exemplo, caract y ; fatores do ambiente grupal que influenciam o fun- eo desfecho do tratamento. Entre os fatores, po- nite, trés tipos de elementos: (a) relativos ao te- {sticas de Ider e forma de atengio as mudan- s membros, por exemplo, habilidades inter- empatia € coesio grupals € (c) estruturais, po, 2 frequéncia de encontros € os contex- como 0 conjunto de cionamento do grupo de-se incluir, didaticame! tapeuta, tais como caractet! ¢as grupais; (b) relativos a0: Pessoais, desenvolvimento de que incluem a duragao do gru! tos e problemas abordados. og 74 Manejo de Grupos Psicoeducativos Embora seja ampla, esta caracterizacio permite levantarmos ahi. pétese de que fatores facilitadores e fatores dificultadores ao funciona. mento do grupo podem ocorrer concomitantemente. Especialmente €m grupos que se preparam para aposentadoria e, portanto, para o en, frentamento de eventos que se caracterizam pela transi¢ao do curso de vida, esperar-se que fatores dificultadores possam ser superados grada. tivamente e que fatores facilitadores possam catalisar mudancas gtupais consideradas importantes, ou necessérias, para a nova condicao de Vida, agora sob 0 rétulo de aposentado, com todas as implicag6es que este status impée. A caracterizacao da aposentadoria como um evento de transigao do curso de vida, chamado de evento de transicéo ecolégica na propos- ta de Bronfenbrenner (1994), implica a andlise de que a posicio da Pessoa, agora denominada aposentada ou em vias de se aposentar, no meio ambiente ecolégico é alterada em fungao de uma mudanga signi- ficativa de papel. Se considerarmos o desenvolvimento humano como um Processo por meio do qual espera-se que a pessoa adquira uma concepcao mais ampliada, diferenciada e eficiente do seu ambiente de cuidados, tornan- do-se habilitada a se envolver com atividades que sustentem ou reestru- turem aquele (novo) ambiente, o proceso grupal deve ser capaz de, ao longo dos encontros, abordar as mudangas desenvolvimentais necessi- rias que garantirao a reorganizacio e a continuidade do processo de de- senvolvimento da pessoa que se prepara para a aposentadoria, evitando que esteredtipos ou rétulos potencialmente discriminatérios, como “ve- tho” e “aposentado”, interfiram nas crengas e valores da nova condigio de vida das pessoas. No contexto da terapia cognitivo-comportamental, por exemplo, conforme apontam Wright, Sudak, Turkington e Thase (2010), a énfase em psicoeducacao deve Proporcionar que 0 processo grupal ajude os membros do grupo a aprender o suficiente sobre determinadas dificul- dades ou situagGes de risco, a fim de que se tornem seus préprios ter” Peutas, sendo capazes de identificar suas Préprias distorgées cognitivas Programas de Educacio para Aposentadoria 75 Yalom e Leszcz (2006 conjunto de interages que ocorrem entre os membros do grupo. No entanto, 0 autor destaca que 0 processo grupal sé se dé, efetivamente, quando os membros, incluindo o terapeuta, sdo capazes de exercitar a reflexdo sobre as experiéncias que ocorrem no contexto dos encontros de grupo. Para que reflexes sejam possiveis, Yalom e Leszcz destacam que o grupo deve privilegiar um modo de interagao que se caracterize por: (a) incentivo a express6es emocionais, de natureza interpessoal, que sejam significativas para cada pessoa do grupo; (b) busca por manifestacées de solidariedade, para aumentar a chance de que as pessoas aceitem correr riscos ¢ usuftuir dos seus efeitos; (c) execugao de testes de realidade, os quais permitam & pessoa analisar seus riscos, com base em sua propria percepcao atual e com a validagéo consensual do grupo; ¢ (d) estimulo ao reconhecimento de dificuldades pessoais que poderiam ser superadas com a expressao, honesta e profunda, dos medos e com 0 feedback in- terpessoal dos membros. Cabe ao facilitador do grupo construir esta cultura, 0 que pode ser feito j4 a partir do primeiro encontro, quando 0s membros s4o informados sobre como o grupo funcionara (ver Figura 4.1). Esta cultura deve se fortalecer ao longo dos encontros, & medida que interagdes abertas ¢ apoiadoras sejam oportunizadas e, sempre que Vierem a ocorrer, valorizadas. Com base nos elementos que envolvem o processo gtupal, a pro- posta de Yalom e Leszcz (2006) salienta que 0 funcionamento de um 8tupo estd associado a mecanismos especificos de mudanga que sao ine- épri A rapéuticos do grupo. Tentes ao prdprio. Estes sio chamados de fatores terapé grup. Alguns fatores do processo grupal beneficiam a geragéo de mecanismos 4o se preparando eae ji ros este de mudanga, essenciais em grupos cujos memb Pata novas condicées de vida. 76 Manejo de Grupos Psicoeducativos Oferecer Observar os préprios apoio aos sentimentos outros Crescimento pessoal e do grupo Identificare compartilhar recursos e iculdades Compartithar experiéncias pessoais Transferir aprendizagem para avida Figura 4.1 Comportamentos estimulados no contrato inicial de trabalho e no decorrer dos encontros que contribuem para o processo grupal, segun- do Yalom e Leszcz (2006). Bieling et al. (2008) destacam, entre outros, os seguintes fatores terapéuticos do grupo: (a) otimismo, perspectiva de esperanga pela su- peracao de um problema, real ou potencial, ou pelo alcance de objetivos (“Os projetos pessoais de cada um do grupo me fazem pensar nos meus € me animam a persistir em meus sonhos”); (b) incluséo, que aumenta a consciéncia de seus membros por um problema em comum ou pela pet- cepcao de um problema em comum (“Vi que nao sou o tinico que tem filhos adultos dependentes financeiramente de mim”); (c) aprendizagem grupal, a qual permite adquirir e manter novos conceitos, valores e metas de vida (“Percebo melhor minhas forcas a partir do que vocés, colegas do grupo, dizem sobre mim”); e (d) coes4o grupal, no sentido de que um grupo atrativo a seus membros facilita o processo de mudanga porque promove um ambiente mais seguro para o enfrentamento do dia a dia (Sei que posso confiar em vocés e me sinto compreendida aqui’). Programas de Educacio para Aposentadoria 77 Estes fatores terapéuticos do partir de intervengdes do facilitador, tunidades para conectar os membros, partilha experiéncias dolorosas ou de gura 4.2. grupo podem ser promovidos a que intencionalmente cria opor- sobretudo quando alguém com- crescimento, como mostra a Fi- HABILIDADES DO FACILITADOR DE GRUPOS Conduzir intervengées em grupo requer diversas habilidades. Corey, Corey e Corey (2010) apresentam um conjunto destas habilidades para terapeutas facilitadores de grupos, as quais também so pertinentes na conducao de grupos psicoeducativos, sobretudo os de longa durag4o, caso de grande parte dos grupos em educagao para aposentadoria: + Escutar ativamente as mensagens verbais e nao verbais emitidas pelos participantes. Isto supée prestar atengdo ao que é dito ea como € dito, incluindo o olhar, as expressées faciais, a voz, a postura do tronco, etc. ¢ Espelhar falas, demonstrando, por meio da fala acurada, o que o membro do grupo ou 0 grupo esta dizendo. Nao inclui adicionar elementos ou interpretag6es ao que foi dito, mas falar em outras palavras (parafrasear) ou repetir 0 que acaba de ser dito, para favorecer a tomada de consciéncia e a auto-ob- servacao. * Sumarizar os temas comuns e elementos-chave experienciados no grupo, a fim de clarificar, demonstrar compreensio, conectar experiéncias e organizar a producao do grupo. oe * Empatizar com os membros do grupo, seja em experiéncias do- lorosas ou positivas, adotando a perspectiva do outro e demon- strando compreendé-la por meio da fala, de gestos ou de ex- Pressées faciais. faci * Conectar-se aos membros do grupo ¢ fact periéncias entre eles (ver Figura 4.2). litar a troca de ex- 78 Manejo de Grupos Psicoeducativos Se relato de problema ‘ou sofrimento Se relato de progresso ou aspectos saudaveis Figura 4.2 Habilidades do facilitador do grupo. problema, reagSes e impacto na vida Perguntar sobre sentimentos, percepgbes, crencas, modos de lidar. ‘Ouvir atentamente, espelhar, sumarizar, parafrasear e demonstrar compreensio Perguntar sobre forgas internas (ex: ¥, discipiina) ] externas (ex.: amigos) para lidar ropor estratégias para lidar coma situagao Pedir para descrever e contextualizaro @ tarefas de auto-observacdo ou de aco Perguntar ao grupo se alguém ja viveu experiéncia similar Perguntar ao grupo o que deseja dizer 8 pessoa que relata sofrimento ou problema Convidar 0 grupo a avaliar ganhos e perdas decorrentes de possivels solucdes adotadas Perguntar ao grupo que forcas usaram para lidar com problemas similares no pasado Perguntar como a experiéncia e buscas do colega 198 ajuda a enxergar as préprias lutas Falas para 0 individuo Falas para 0 grupo Celebrar e parabenizar pelos esforgos Convidar 0 grupo a manifestar seus sentimentos frente ao sucesso do colega Convidar 0 grupo a refletir sobre 0 percurso feito pelo colega para chegar a tal resultado Perguntar a0 grupo como o progresso do Colega os inspira a cuidar de si mesmos Convidar o grupo a refletir sobre as tarefas que podem se dar a partir desta experiéncia bem-sucedidos Demonstrar empatia, alegriae apreco pelo progresso Perguntar sobre sentimentos, percepgoes © reagies frente ao progresso. Perguntar o que fez para conseguir alcangar esse resultado positive Sea alteds posit | Perguntar como se vé daquia doi cinco, dez anos... a partir deste feito positive Solicitar aos participantes relembrar € fFesumir outros progressos do grupo Falas para o indi Falas para o grupo Promotoras de fatores terapéuticos Programas de Educacao para Aposentadoria_79 : Te endo ase eae 4 luz de teorias e pesqui- . -cimento dos membros do grupo ea compreensao sobre si mesmos, G Convidar os membros do grupo a examinar experiéncias pes- soais que sejam autodestrutivas ou impeditivas para o proprio crescimento. + Valorizar os progressos e as forcas internas e externas dos mem- bros do grupo. + Perguntar usando “o que” e “como” em vez de “por que” para permitir maior auto-observac4o acerca de sentimentos, contex- tos ¢ experiéncias (ver Figura 4.2). * Bloquear padrées de interagao destrutivos entre os membros do grupo, por meio de contengao, instrugées e mediagao de confli- tos no “aqui e agora”. * Avaliar os progressos ¢ as dificuldades vivenciadas ao longo do trabalho grupal ¢ estimular o grupo a fazer sua propria avalia- 40, a cada encontro. * Demonstrar, pelo proprio comportamento, modos desejaveis de relacionamento entre os membros do grupo, por meio do trato respeitoso e apoiador aos membros. * Compartilhar informacées ¢ possibilidades para auxiliar na tomada de decisao e na implementacao de agées favordveis & mudanga entre os membros do grupo. * Manejar adequadamente 0 tempo do encontro, impedindo di- portunidades para ex- gress6es improdutivas e aproveitando as o} sem desperdicio do plorar experiéncias relevantes para 0 grupo, tempo. * Preparar o grupo para transferir a aprendizagem construida nos as interagoes cotidianas e para manter as mu- encontros para su 0 término do trabalho. dangas, ao longo ¢ a r aprendidas a partir de leituras dirigi- Estas habilidad dem se! abilidades po t al, 2010; Murta, 2008; Yalom & das (Bieling et al., 2008; Corey ¢ 80_Manejo de Grupos Psicoeducativos Leszcz, 2006) e da pratica constante. A busca de supervisao, a fim de jue © facilicador supere dificuldades ou insegurangas no manejo do Frupo também pode ser indicada, sobretudo quando o profissional ¢ pouco experiente. A discussao dos encontros entre os lideres do grupo (quando estes trabalham em dupla) logo apés o se ‘ermine também auxilia na tomada de consciéncia dos aspectos positivos e ies que re- querem aprimoramento no desempenho dos facilitadores. Além disto, experiéncia pessoal como membro de um grupo e a observacao de mode- los atuando sao formas adicionais e poderosas de aprendizagem. Por fim, mas n4o menos importante, é recomendado que os fa- cilitadores adotem cuidados com a propria satide mental a fim de au- mentar sua sensibilidade e sua capacidade de “estar presente” nas inter- asées com os membros do grupo. Isto pode incluir ages para manejo de estresse ocupacional, fortalecimento do sentido e do significado do trabalho, ampliac4o da rede social e pratica de atividade fisica, de lazer e de meditacao (Wicks, 2008), incluindo a meditac’o prévia ao atendi- mento, como forma de favorecer a ateng4o e a maior qualidade na in- teragao entre profissional ¢ usuario do servico (Vandenberghe & As- sungao, 2009). ASPECTOS ETICOS NO CONTEXTO DOS GRUPOS PSICOEDUCATIVOS Além de todos os aspectos técnicos e relacionais necessdrios 4 condugao de grupos psicoeducativos, é importante que seus facilita- dores pautem o préprio comportamento em padroes éticos de atua- sao. Estes profissionais devem manter constante auto-observacao e au- toconsciéncia de seus valores pessoais, bem como conhecer os direitos € os deveres de todos os envolvidos e agir de modo a respeitd-los e Protegé-los. De acordo com Corey et al. (2010), um terapeuta de gru- po ético nao é aquele que simplesmente obedece as leis ¢ 0 seu cédigo de ética profissional, mas aquele que examina constantemente sua Pr rogramas de Educacao para Aposentadoria 81 consciéncia € Sua conduta nas diversas atividades da sua vida cotidiana : profissional. Um dos pontos do trabalho em gruy dado ético € 0 contrato grupal. «, se necessario, PO que melhor expressa 0 cui- i » a ser formulado jé no primeiro encontro revisto em outros momentos. Este contrato abrange: a forma de participagao € 0 compromisso dos envolvidos no processo, in- duindo o exercicio da fala e da escuta qualificada por todos; a nao ex- posi¢ao de particularidades tratadas no grupo fora de seu espaco; e a ex- posi¢ao de opinides ¢ de sentimentos de forma sincera ¢ espontanea, ao mesmo tempo aceitando ¢ respeitando as opinides dos demais, ou seja, sem se colocar como o “dono da verdade” E preciso ainda assegurar aos integrantes de intervengées grupais, yerbalmente e/ou por escrito, o direito de conhecer previamente a nature- za € 0 propésito do grupo, bem como os possiveis riscos ou desconfortos envolvidos na sua participacao, a qual deve ser voluntaria e com liberdade para desisténcia a qualquer momento. Além disso, é importante proteger a autonomia, resguardar o sigilo dos contetidos manifestos, conceder in- formages suficientes para escolhas conscientes, garantir a confidenciali- dade ¢ respeitar os valores (religiosos, espirituais, sexuais, entre outros) de todos os membros, assim como suas particularidades decorrentes dos con- textos culturais e socioecondmicos dos quais so oriundos. Em relago as competéncias dos facilitadores de grupos pata as tarefas correspondentes, é esperado que estes possuam os conhecimen- tos e as habilidades necessdrios para alcangar os objetivos tragados, de modo a evitar situacdes de impericia (falta de habilidade especifica), ne- gligéncia (falta de cuidados quando ha necessidade real urgente para tal) ou imprudéncia (precipitagao ou falta de cuidados). E evidente, Portanto, que a formacdo profissional constante, ao incrementar conhe- cimentos e competéncias, favorece a atuacao ética. Deve-se evitar também fazer mau uso do poder dado pela fungéo Sxercida ou agir de modo a pressionar, constranger ou porienida qualquer Pessoa. Para tanto, recomenda-se nao fazer confrontagées verbais coerciti- wer ji 1S mparti- Yas, desctever comportamentos em vez de fazer julgamentos e compatti. 82 Manejo de Grupos Psicoeducativos lhar impress6es em vez de forcar interpretagoes. E importante ainda evita, ag6es que denotem discrimina¢ao ou preconceito, bem COMO ages cog, citivas em fungéo de uma orientagao sexual ou religiosa, por exemplo, Deve-se, ao contrario (e em conformidade com o cédigo de ética Profis. sional), agir de modo a respeitar a pluralidade e contrapor-se a todas as formas de preconceito, estigma, esteredtipo e discriminagao. Estes cuida- dos éticos so especialmente relevantes em grupos de educacao para apo- sentadoria, comumente compostos por colegas do mesmo ambiente de trabalho, em que a qualidade da relacéo deve ser preservada dentro e fora dos grupos, sem prejuizo para as relacées ptofissionais. REFERENCIAS Afonso, M. L. M. & Coutinho, A.RA. (2010). Metodologias de trabalho com gru- Pos € sua utilizacéo na area da saiide. In: M. L. M. Afonso (Ed.), Offcinas em dinimica de grupo na dvea da satide (pp. 59-83). S40 Pau- lo: Casa do Psicdlogo. Bicling, P. J., McCabe, R. E., & Antony, M M. (2008). Terapia cognitive-comportamental em grupos, Porto Alegre: Artmed, Bronfenbrenner, I. (1994). The ecology of human development: Experiments by nature and de- signs. Boston, MA: Harvard University Press. Corey, M. S., Corey, G., & Corey, C. (2010). Groups: Process and practice. Belmont: Brooks. Franca, L. H. 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