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Sumário
1. Introdução.................................................................................2
2. Algumas experiências e aplicações às políticas sociais..............................................4
3. Resultados..................................................................................................5
4. Bibliografia.................................................................................................6
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SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, tem sido cada vez mais intensa a repercussão das mudanças
tecnológicas sobre o conjunto das manifestações de nossa socialidade. A cultura, a economia,
a política e não apenas a produção e o mundo do trabalho são afetados pelas rápidas
mudanças tecnológicas. Os serviços sociais, evidentemente, não poderiam escapar a esta
onda.

Do conjunto das alterações científico-tecnológicas destacam-se as tecnologias de informação


(TI’s) pela sua penetrabilidade e extensão. Os modernos recursos informáticos e telemáticos
abarcam hoje, mesmo que de maneira desigual, todos os países do planeta e todas as áreas.
Mais do que isso, qualquer processo de organização da vida humana supõe a utilização das
TI’s no seu modo de operar.

Não é estranho, portanto, que a gestão pública – do Estado – incorpore cada vez mais estes
recursos no seu funcionamento e, nesse campo, aquele que nos afeta enquanto assistentes
sociais: as políticas públicas, principalmente aquelas vinculadas à seguridade social.

É nesta interseção entre as TI’s e as políticas sociais que se localiza o foco deste trabalho,
mais especificamente, na forma em que as premissas metodológicas de ambas se relacionam.
Não é uma preocupação arbitrária, mas expressão da estranheza provocada pela tensão
existente entre as finalidades subjacentes aos modernos sistemas informáticos e telemáticos e
os pressupostos das políticas sociais, toda vez que se tenta aplicar os modernos recursos à
gestão dos serviços sociais.

Todavia, dada a complexidade das TI’s, vamos nos concentrar, neste estudo, nos chamados
sistemas de informação, nos complexos de equipamentos, nos programas e rotinas de coleta e
nos processamento de dados.

Os sistemas de informação disponíveis no mercado, para utilização pelas agências públicas,


seguem um padrão adequado às necessidades da produção capitalista em situação de crise e
ajustamentos intensos. São ferramentas de racionalização do trabalho, de controles cada vez
mais rigorosos destinados a eliminar as incertezas da relação decorrente do livre jogo da
concorrência. São ferramentas pensadas a partir das necessidades do capital, ou seja, são
ferramentas para gerenciamento.

Segundo Wolff: sendo assim, a tecnologia informática vem fornecer uma resposta aos
imperativos político-econômicos engendrados pela mundialização do capital, isto é, em nível
macro-econômico, garantindo rapidez e precisão para atender um mercado cada vez mais
amplo e flexível, e em nível micro-empresarial, ao possibilitar novas formas de garantia dos
ganhos de produtividade e flexibilidade da produção (WOLFF,1998,p.99).

As políticas sociais se fundamentam numa lógica diferente. A sua origem se


vincula, mesmo em sociedades capitalistas, a valores progressistas que, partindo da
necessidade de enfrentar a deterioração das condições de vida das massas provocadas pelos
efeitos do processo de acumulação monopolista, fundem-se na defesa de que o bem-estar dos
cidadãos é um problema de toda a sociedade e não apenas dos indivíduos. Em decorrência
disto, os estados estruturam sistemas de proteção social cuja lógica não está atrelada à
lucratividade e nem à racionalidade produtiva da fábrica ou escritório comercial. Em síntese, os
serviços sociais e as políticas sociais não podem ser tratados como produtos, como
mercadorias.
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É natural, portanto, que ao aplicar as modernas tecnologias à gestão das políticas sociais, a
tensão entre ambas apareça e provoque dificuldades no equacionamento das aplicações. No
limite, pode-se colocar a questão da possibilidade real de compatibilizá-las.

Sem querer esgotar questão tão complexa como essa, situamo-nos entre os que, por
necessidade profissional, precisam adaptar os recursos informáticos à gestão das políticas
sociais, mas, ao fazê-lo, não querem abandonar os pressupostos e valores profissionais
identificados com a ampliação dos direitos e aperfeiçoamento das instituições democráticas.
Ou seja, partimos da premissa que as TI’s podem ser recursos utilizados para divulgação de
informações úteis aos cidadãos para, assim, poderem participar das decisões políticas que os
envolvem, possibilitando a ampliação do universo dos sujeitos envolvidos na gestão da coisa
pública e democratização dos recursos.

Autores consagrados no serviço social vêm reconhecendo a importância das novas tecnologias
de informação. È o caso do Professor Vicente Faleiros, que enfatiza a tecnologia como um
instrumento de modernização e, ao mesmo tempo, de organização de redes comunitárias e de
grupos de fortalecimento do poder da população (FALEIROS,1996, p.32).

A nossa reflexão incide sobre os parâmetros – metodológicos e políticos - presentes na


construção de sistemas de informação aplicados à gestão da seguridade social. Não é uma
abordagem técnica, mas sim das questões intencionais que estão subjacentes no momento de
opção pela construção de um dado sistema, as quais irão definir o seu caráter e orientação
metodológica. O objetivo é o de verificar a possibilidade de preservar os princípios doutrinários
e ético-políticos, no desenho dos sistemas de informação, na seguridade social.

Adotamos aqui a expressão Tecnologias de Informação (TI) porque expressa de maneira mais
completa o conjunto de tecnologias hoje disponíveis e utilizadas em quase todo processo de
trabalho mais complexo, o que incluí a gestão e prestação de serviços sociais. Para reforçar a
escolha da terminologia, citamos Castells (2000), o qual define tecnologias de informação como
sendo “O conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, computação (software e
hardware), telecomunicação, radiodifusão e optoeletrônica”, expressão mais rica de conteúdos
do que aquela evocada pela de “informática”. Outro motivo em defesa da escolha do termo
“Tecnologias de Informação” é o uso que a literatura profissional internacional já vem fazendo
desta expressão, especialmente por europeus e norte-americanos cuja reflexão e apropriação
precursora das tecnologias produziram indicações valiosas, tanto no que se refere às
aplicações profissionais quanto ao ensino destas aos futuros assistentes sociais.

Em relação à Assistência Social, o que nos interessa destacar neste contexto é a sua condição
de “resultado” ou “momento” de um complexo processo histórico de lutas pelas conquista de
direitos sociais, consubstanciado, nem que seja provisoriamente, no texto constitucional de
1988 e na Lei Orgânica da Assistência social – LOAS. Destaca-se a importância destes
avanços pelo re-direcionamento da trajetória da assistência social, inserindo-a no patamar de
política pública e pelo teor democratizante conferido aos seus princípios e diretrizes.
Entretanto, conforme afirma Pereira (1996), apesar da assistência social ter melhorado seu
status formal na Constituição Federal, ela continua sendo informada pela noção de pobreza
absoluta e mantém sua feição de política distributiva captando e realocando recursos sem
ameaçar o “status quo” dos que estão no ápice da pirâmide (PEREIRA, p.69). Mas, é partir daí
que segmentos profissionais mais comprometidos com os interesses populares encontram
mais apoio para ampliar o alcance da assistência. Neste sentido, se a intencionalidade é de
fazer avançar a luta por conquistas de direitos sociais, os princípios e diretrizes explicitados nos
documentos que consolidaram a política de assistência social devem ser considerados e
preservados no momento da criação de um sistema de informação. As informações devem ser
transparentes a todos os atores sociais, conforme afirma DOWBOR, o acesso à informação é
um direito que temos e deve ser assegurado gratuitamente como outros serviços públicos
(DOWBOR, 2003). Ainda segundo este autor, a informação aparece como uma condição chave
na construção de processos democráticos de tomada de decisão. Percebe-se, nesse contexto,
a pressão pela qualificação dos profissionais da área para o enfrentamento da crescente
complexidade colocada pelo gerenciamento da política, através da utilização de todos os
recursos disponíveis, dentre eles as tecnologias de informação (TI’s).
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Dentre as experiências de aplicações destas tecnologias ligadas às políticas sociais,


escolhemos, para examinar, o Hygia – sistema de informação e gerenciamento da saúde, o
SIPIA – sistema de informação para a infância e a adolescência e o SIGS – sistema de
informação de gestão social. A análise destes sistemas nos possibilitou uma melhor
compreensão do tema e da necessidade de estabelecer, com clareza e transparência, a
discussão dos parâmetros para construção deste, levando em conta as diretrizes e princípios
da política que o regem. Examinamos estes sistemas considerando a política a que se
destinam. A análise partiu das informações disponíveis, através de artigos e também através
de entrevistas com servidores e Conselheiros Municipais representantes de diversos
segmentos possibilitando, assim, apontar alguns parâmetros necessários para construção de
um sistema de informação da assistência social.

ALGUMAS EXPERIÊNCIAS E APLICAÇÕES ÀS POLÍTICAS SOCIAIS

SAÚDE:- HYGIA- sistema de gerenciamento das atividades de saúde

O SISTEMA Hygia foi criado e desenvolvido por uma empresa privada denominada TECHNE,
situada em São Paulo. Trata-se de um sistema de gerenciamento das atividades de saúde, o
qual é vendido aos gestores públicos e, segundo o próprio fabricante, tem a finalidade de
interligar, através da Internet, ambulatórios, clínicas especializadas, pronto-socorro, hospitais,
farmácias e laboratórios, automatizando as atividades, levando a rede de saúde a novos
patamares de eficiência e resolutividade.

Em nenhum momento o material de divulgação do sistema Hygia, acessado via Internet, refere-
se à política de saúde. Na sua criação é da mesma forma, também não é percebido no
discurso dos funcionários que operam nem mesmo pelos conselheiros municipais de saúde
qualquer preocupação nesse sentido. É um sistema basicamente elaborado para o controle
gerencial das atividades, esse sistema vem, realmente, facilitar o trabalho devido à
racionalização que proporciona, servindo assim às necessidades dos gestores. No aspecto
técnico, o sistema pode ser considerado perfeito, visto que cumpre a função para o qual foi
criado, mas terá que avançar, no sentido da democratização destas informações, caso se
intencione a efetivação da política de saúde

CRIANÇA E ADOLESCENTE:- SIPIA - Sistema de informação para a infância e a


adolescência.

O SIPIA propõe a criação de um sistema de registro e tratamento de informações sobre a


garantia dos direitos fundamentais preconizados pelo estatuto da criança e do adolescente
(ECA), lei nº 8.069/90. Este sistema opera sobre uma base comum de dados, definida como
núcleo básico Brasil - NBB, levantados e agrupados homogeneamente nos municípios de cada
unidade federada, através de um instrumento único de registro. De um lado, o sistema registra
os direitos violados e, de outro, subsidia a definição das políticas públicas de atendimento a
este segmento específico. Este sistema, se operado de forma correta, é uma ferramenta de
trabalho de fundamental importância, pois possibilita, além da racionalidade e otimização das
atividades, cumprir e operacionalizar a política de atendimento à criança e ao adolescente.

ASSISTÊNCIA SOCIAL : SIGS- sistema de Informação de gestão social

SIGS é um sistema de informação criado para facilitar o processo de gestão e monitoramento


de programas sociais e do acompanhamento das famílias incluídas nestes programas. Este
sistema foi elaborado pela PUC-SP/IEE - Instituto de Estudos Sociais - e disponibiliza as
informações a outras prefeituras e instituições que desenvolvem atividades e programas de
complementação de renda.

Através da Internet, é oferecido um conjunto de informações de grande importância as quais se


referem: cadastros das famílias, dos técnicos e dos programas, relatórios gerais, análise de
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indicadores sociais do programa, e a gestão financeira do programa. Estes dados são de


grande importância para os profissionais da área social, pois possibilitam um maior controle e
domínio dos programas, porém o programa não possibilita formas de acesso à população das
informações derivadas de suas próprias vidas. Podemos dizer que o que se depreende dos
menus e rotinas são dados que atendem o gestor, onde há grande ênfase no controle dos
usuários.

RESULTADOS

Primeiramente, queremos salientar que, diante dos avanços tecnológicos e das novas
tecnologias de informação, a assistência social não pode permanecer alheia a estas inovações.
É evidente a necessidade de incorporar ao funcionamento cotidiano da assistência as
ferramentas informáticas e telemáticas, sob pena de se isolar do conjunto de serviços
organizados e ofertados nessa modalidade. Contudo, não se trata apenas de utilizar os pacotes
comerciais fechados, mas, de avançar no domínio da lógica que embasa o desenho desses
sistemas para poder influenciar a construção de aplicações adequadas aos parâmetros ético-
políticos profissionais.

Este domínio tecnológico é um ponto de grande importância na luta pelo reconhecimento da


profissão, pois a coloca em pé de igualdade com outras profissões, que hoje estão mais
avançadas, neste aspecto.

Pensar um sistema de informação é muito mais que fazer um processo licitatório, contratar uma
empresa privada e informatizar o serviço. Este aspecto, desde que existam recursos e vontade
política, é relativamente mais simples, pois as grandes empresas privadas criam, com
facilidade, sistemas que visam à racionalização, gestão e o controle dos diversos serviços. O
mais difícil é o desenho e criação de sistemas que reflitam interesses da política. Neste caso, a
montagem dos sistemas segue um caminho inverso do modelo predominante de se adaptar
aos produtos disponíveis. Esta opção é determinada pela intencionalidade e postura ético-
política, e é de responsabilidade do gestor público desencadear uma ou outra forma de agir.
Quando o gestor tem o compromisso com a política que gerencia, buscará formas para
concretizar a política, criando sistemas que viabilizem o controle social por parte da população
e também a sua participação.

Quando o gestor não tem este compromisso, ele simplesmente delega esta responsabilidade a
uma empresa que, com certeza, desenvolverá sistemas tecnicamente perfeitos, ficarão
dependendo destas empresas, pagando muito caro pela manutenção do sistema e sem
propiciar nenhum avanço, no sentido de que o sistema se constitua em um meio de
democratização do controle social.

Reportando-nos à política de assistência social, aos princípios e diretrizes estabelecidos, os


quais referem-se à descentralização, à participação popular, à transparência e ao controle
social, é de nosso entendimento que um sistema de informação deverá, antes de tudo, ser e
constituir-se num meio de concretização desta política, isto é, este sistema deve ser
impregnado por estes parâmetros, os quais constituem-se na espinha dorsal, na luta pela
conquista de cidadania.

Para esta construção são necessárias uma grande divulgação e discussão com os diversos
setores envolvidos: Conselho Municipal da Assistência Social, sociedade civil organizada,
técnicos e comunidade. É este processo inicial que faz a diferença na construção de um
sistema de informação, que vise assegurar o cumprimento dos princípios e diretrizes da política
da assistência social.

Não se trata de depreciar a importância dos procedimentos de controle e gestão dos serviços,
pelo contrário, reconhecemos a importância e a necessidade que é posta aos profissionais
frente ao grande volume de informações e dados que são fornecidos no cotidiano profissional,
e que precisam ser cuidadosamente tratados e selecionados, constituindo-se num banco de
dados, servindo para construção de indicadores de avaliação, tanto das condições de vida da
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população usuária dos serviços, como da própria política, apontando e (re) direcionando
projetos e prioridades.

É importante que estes sistemas sirvam para a construção de redes de informação interligando
os diversos serviços e que estes tenham conhecimento dos mecanismos de funcionamento do
sistema, permitindo níveis de acesso para consultas, informações, controle e participação.
Somente com este grau de envolvimento poderemos dizer que a informatização poderá
contribuir para o avanço da política de assistência social, caso contrário, apenas servirá para
criar um distanciamento ainda maior da população, criando a exclusão digital deste segmento
já tão distanciado dos serviços públicos, tornando a participação popular apenas uma retórica.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Lei n. 8.742, de dezembro de 1993. Lei Orgânica da Assistência Social. Assistente
Social: ética e direitos. 2. ed. Rio de Janeiro: CRESS 7a Região/RJ, out. 2000.

BRASIL. Constituição Federal 1988. Assistente Social: ética e direitos. 2.ed. Rio de Janeiro:
CRESS 7a Região/RJ, out. 2000.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e


cultura. São Paulo, Paz e Terra, 2001.

DOWBOR,Ladislau.ArtigoOnline-sp. http://ppbr.com.ld/03hazelindicadores.doc Informação para


a cidadania e o desenvolvimento sustentável. 1996. Acesso em 30 abril de 2003.

FALEIROS, Vicente de Paula. Serviço Social: questões presentes para o futuro. Revista
Serviço Social & Sociedade, São Paulo, n. 50, 1996.

HYGIA. Sistema Modular de Saúde. Disponível em <http://ww.techne.com.br. Acessado em: 13


ago. 2003.

PEREIRA, Potyara A. P. A Assistência Social na perspectiva dos direitos: crítica aos padrões
dominantes de proteção aos pobres no Brasil. Brasília: Thesaurus, 1996.

SIGS, Sistema de Informação de Gestão Social. Disponível em <http://www.sigs.com.br.


Acesso em: 26 jun. 2003.

WOLFF, Simone. Informatização do trabalho e reificação: Uma analise à luz dos programas de
qualidade total. Dissertação (mestrado), Instituto de Filosofia e Ciências Humanas,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1998.

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