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VII A solugao caracterolégica do conflito sexual infantil’ © conhecimento psicanalitico tem condigdes de fornecer a teoria do cariter novos pontos de vista e de chegar a novas descobertas ba- seado neles. Sao trés as caracteristicas dessa investigacio que tornam So possivel 1) a teoria dos mecanismos inconscientes; 2) a abordagem historica; 3) a compreensao da dindmica e economia dos processos psiquicos. Na medida em que a pesquisa psicanalitica parte da investiga- cao dos fenémenos para chegar 4 sua natureza ¢ a seu desenvolvi- mento, € abrange os processos da “personalidade profunda” em Cortes ‘transversais e longitudinais, automaticamente abre 0 cami- ho para o ideal do estudo do cariter: uma “teoria genética de ti- pos”. Essa teoria, por sua vez, pode nos proporcionar nao s6 0 co- nhecimento cientifico natural dos modos de reacio humana como também a histéria de seu desenvolvimento especifico. A vantagem de transferir a pesquisa do cardter do campo humanistico ~ no sen- tido dado por Klages — para a esfera da psicologia cientifica natural nao deve ser subestimada. Mas a investigacao clinica dese campo nao simples. E necessario primeiramente esclarecer os fatos a se- rem discutidos. la Sociedade Psicanaitica Alem’, 1. Apresent la primeira vez no Congrenso di fem Dresden, em 28 de setembrro de 1930. 149 forma ds reagoes psiquicas 1. contenido € forma : os métodos psicanaliticos forneceram uma py carater. A descoberta de Freud Bia balho pic yneiro. Ele demonstrou que certos tracos de sr explicados historicamente como eenge as transmy. nanentes cl mogoes pulsionais Pr imitivas) Provocadas Per Ancils imbientais. Apontou, por exemplo, que a avareza, 0 pe- influcncess = "ser metodico S40 derivados de forgas pulsionais do ero. aol Mais tarde, tanto Jones’ como Abraham‘ trouxeram impor. oe ntribuigoes a ‘teoria do carater, mostrando a rela¢ao entre tra- fe carter e forcas pulsionais infantis, por exemplo entre inve- jo e erotismo uretral. Nessas primeiras tentativas, a questo pulsional dos tracos de carater individuais tipicos, Itantes das exigéncias da terapia cotidiana te das alternativas de 1) compreender, historica e dindmico-economicamente, o cardter como uma Sormacao integral, tanto na generalidade como em termos de transforma¢ées ti- poldgicas ou 2) renunciar a possibilidade de curar um grande numero de casos nos quais a base de reagdo do carater neurotico tenha de ser eliminada. Dado que 0 carater do paciente, em seu modo tipico de reagir, do inconsciente (resisténcia de ca- torna-se a resisténcia 4 descoberta rater), pode-se provar que, durante 0 tratamento, essa fun¢gado do ca- rater espelha sua origem. As causas das reag6es tipicas de uma pes- soa, no dia-a-dia e no tratamento, sdo as mesmas que nao s6 determi- nam a formag¢ao do carater, em primeiro lugar, como também conso- lidaram e preservaram 0 modo de rea¢ao, desde que este se estabele- cera e se constituira num mecanismo automiatico independente da vontade consciente. Portanto, na constelagdo desse problema, o importante nado € 0 contetido e a natureza deste ou daquele traco de carater, mas 0 me- canismo e a génese do modo de reacao tipico. Considerando que até aqui fomos capazes de compreender e explicar geneticamente 0S contetdos das experiéncias, os sintomas neurdticos e os tragos de ca- rater, estamos agora em posicdo de dar uma explicacgdéo para © Pro blema formal, a maneira como alguém experiencia e a maneira como igacio do tante cos de ja ambi era explicar a base Contudo, os problemas resu! vaio além disso. Vero-nos dian 2. Freud: “Charakte: alerotik” . Anal”, Deere Se und Analerotik", Ges. Schr., Bd. V.(‘Cardter e Erotism 3. Jones: “Uber analerotische Charakterziige” (S 4 ético- i 5 erziige” (Sobre Tragos ter Erotic Anais), Internationalen Zeuschrif fir P eboanalyse, vas de Canes Cer a ' Psyehoanalytische Studien zur Charakterbildung (Estudo Psi 1a¢do do Cariter) Internationaler Psychoanalytischer Verlag, 1924. icanaliti- 150 os sintomas neuroticos sio produzi fi nn oe anee abrindo © caminho | ao firme conviesao que chamado de a caracteristica fimdamental de tenet none poesia SF Lisando at terminologia comuny, fithamos den idade. brandas, nobres © Vis, orgulhosas © Subservientes, temo eras jensiveis. A psicanalise dessas diversas caracteristions oreen ee das sio apenas formas diversas de um encouragamento do tan coe fa os perigos do mundo exterior € as exigéncias pulsionais recaker das do id. Etiologicamente, ha tanta angustia por tras da ext ssiva polidez de uma pessoa quanto por tras da reagdo grosseira € ocasio- nalmente brutal de outra. Uma diferenga nas circunstancias determi- na a maneira como uma pessoa lida ou tenta lidar com essa angistia. Com termos como passivo-feminino, parandico-agressivo, neurdtico- compulsivo, histérico, genital-narcisista e outros, a psicandlise tem meramente diferenciado tipos de reagéo de acordo com um esquema simplificado. O importante agora € compreender o que pertence, de maneira geral, 4 “formacdo do carater” e dizer alguma coisa acerca das condigdes fundamentais que conduzem a uma tal diferenciagao de tipos, 2. A fungdo da formagao do carater O assunto de que vamos tratar a seguir diz respeito aos fatores que levam o carater a assumir a forma definida na qual ele pode fun- cionar. Com relac4o a isso, é necessario lembrar alguns atributos de toda reagdo de carater. O carater consiste numa mudanga crénica do ego que se poderia descrever como um enrijecimento. Esse enrijeci- mento é a base real para que o modo de reagao caracteristico se tor- ne crénico; sua finalidade é proteger 0 ego dos perigos internos € ex- ternos. Como uma formagio protetora que se tornou crénica, merece a designacao de “encouragamento”, pois constitui claramente uma restricao a mobilidade psiquica da personalidade como um todo. Essa restricao € mitigada pelas relagdes nao caracterolégicas, isto €, atipl cas, com o mundo exterior, que parecem ser comunicagoes abertas num sistema de outro modo fechado. S40 “brechas” na “couraga através das quais, segundo a situacdo, interesses libidinais e outros sao enviados para fora e novamente puxados para dentro como pseu- dépodes. Contudo, a propria couraga dleve ser considerada flexivel. Seu modo de reagir procede sempre de acordo com © principio do Prazer e do desprazer. Em situagdes de desprazer a couraga sé contra; eM situagdes de prazer, ela se expande. O grau de flexibilidade do ca- rater, a capacidade de se abrir ou de se fechar ao mundo exterior, de- 151 | fa situacao, constitut a diferenga entre uma estrutura opi, ico ¢ validade e umd estrulura de carder neurético, Brora encouracamento patologicamente rigido sq ea stivamente bloqu auclo © 0 autismo ESqUIZOfrenicg, ambos tendentes @ unt rigidez ca eameaned “ost lt: aes , a de canter formaese COMO TC sultado cronico de choque Sncias pulsionais ¢ unt mundo externo que frustra essas Sua forga e continua razao de ser provém dos Conflitos existentes entre a pulsio eo mundo externo. A expr S40 € a soma ; influéncias do mundo externo sobre a vida pulsional atraves da acumulagao e da homogeneidade qualitativa, constituem um todo historic. Isso fica imediatamente claro quando Pensamos em tipos de carater conhecidos como 0s, do “burgués”, do “funcion4 rio”, do “proletario”, do “carrasco” etc. E em torno do ego que essa couraca se forma, em torno precisamente daquela parte da personali- dade que se situa na fronteira entre a vida pulsional biofisioldgica e o mundo exterior. Por isso a designamos como cardter do ego. No cerne da formacao definitiva da couraga, encontramos regu- larmente, no decurso da anélise, o conflito entre os desejos genitais incestuosos e a frustracdo real da satisfagao desses desejos. A forma- ¢ao do carater principia como uma forma definida de superagdo do complexo de Edipo. As condigdes que levam precisamente a esse tipo de resolucdo sao especiais, isto é, dizem respeito especificamente ao carater. ( condig6es correspondem 4s circunstancias sociais pre- dominantes as quais a sexualidade infantil esta submetida. Se essas circunstancias mudarem, também se modificarao as condigdes da for- macdo e a estrutura do carater.) Porque ha outros meios de solucio- nar © conflito - naturalmente nao tao importantes ou téo determinan- tes em termos do futuro desenvolvimento da personalidade global -, Por Fxemplo, o simples recalque ou a formacdo de uma neurose in- ltl Se considers 0 apecio comum denn condigde, eh outro, um ego reeen eee extremamente intensos e, por procura se proteger por a Taco, que, por medo de ser punido, mento das foreas ee ques. O recalque conduz a um iene que simples com uma irra ame Por sua vez, ameaga aquele recil- uma tansformacao do e alge 8 pulsdes recalcadas. O resultado é des destinadas a evitar ° tt ra exemplo, 0 desenvolvimento de atitu- mo “timide2", Embora este eee! GUE Podem ser sintetizadas pelo ter “xistem Conseqiiéncias de 4 apenas o primeiro sinal de um carater, uma atitude semethante down tS Para Sua formagao. A timidez ou evita situacoes peril? C89 Constitu uma restrigo deste, Mas, a0 1, tal atitude tambem ae Poderiam estimular o que esta recale alece 0 ego, 152 pone jada para a We pos extrenios de ¢ ter compulsive ale entre exis exigene total dessas Acontece, porem, que essa primeira t exemplo, a timidez = ni suficiente para dominar a pulsdo. Pelo CSpteivio, cht conduz. facilmente ao desenvolvimento da angistia € comase sempre a base comportanientil de fobias da infaincia. A fim de manter 0 reealque, lorna-se necessarit una transformagao adicio- nal do ego: os recalques tent de ser cimentados, 6 ego tem de se enri- jecer, & defesa tem de assumir um cariter cronicamente operante € Mromitico. E, dado que a angtistia infantil desenvolvida simultanea- mente constitud uma continua ameaga aos recalques, que 0 material feealcado Se eXpressa na angistia, que, além disso, a propria angistia ‘ineaea enfraquecer © ego, € preciso criar-se também uma formacao protetora contra a angustia. A forca motriz por tras de todas essas me- didas tomadas pelo ego é, em tiltima anilise, o medo consciente ou inconsciente de punigao, mantido desperto pelo comportamento pre- yalecente de pais e professores. Assim, temos 0 paradoxo aparente, ou seja, de que o medo leva a crianca a querer dissipar seu medo. Essencialmente, 0 enrijecimento do ego por necessidade econd- mico-libidinal ocorre com base em trés processos: nsformagao do ego — por 1) identifica-se com a realidade frustrante, personificada pela imagem da principal pessoa repressiva; 2) volta contra si mesmo a agressdo que mobilizou contra a pessoa repressiva e que também produziu angustia; 3) desenvolve atitudes reativas contra os empenhos sexuais, isto é, utiliza a energia desses empenhos para servir a seus proprios obje- tivos, que € 0 de evitd-los. O primeiro processo da ao encouragamento seus contetidos de sentido, (O bloqueio do afeto de um paciente compulsivo significa: “Tenho de me controlar como meu pai sempre me disse”, mas tam- bém: “Tenho de preservar meu prazer e de me tornar indiferente as proibigdes de meu pai.”) O segundo processo provavelmente liga o componente mais im- portante da energia agressiva, bloqueia parcialmente a motricidade e, desse modo, cria o fator inibidor do carater. O terceiro processo retira uma certa quantidade de libido das pulsdes libidinais recalcadas, de modo que sua preméncia fica enfra- quecida. Mais tarde essa transformacao nao so € eliminada; é também tornada supérflua pela intensificagio do investimento de energia re- manescente como resultado da restrigao das tendéncias, da satisfacao e da produtividade geral. Assim, 0 encouragamento do ego é conseqiiéncia do medo de Punicdo, a custa da energia do id, e contém as proibigoes € normas 153 s6 assim a for rmacgdo do carater o professore™- - Bt recalque ea Snare as de aliviar a pr o ald » acima de ty. isso nado & tudo, Se, por um lado, esse snos UM SUCESSO temporario ao evitar eg, r outro, constitui forte bloqueio nao sg S também contra influéncias educa: ‘io. es, EXceto eny CASOS: que apresentam um forte desenvo}. ystinagao, esse bloqueio nao precisa impedir uma doc; dade extema. Devemos também lembrar ae a dlocilidade externa — como, por exemplo, a do carater passivo~ aoe — pode ser combj- nada com a mals tenaz resistencia interna. coe Ponto, devemos também salientar que em algumas pessoas O encoura¢amento ocorre na superficie da personalidade, enquanto em outras pode ocorrer no mais profundo da personalidade. No ultimo caso, a apar€ncia externa da personalidade nao é real, mas apenas sua expressao ostensiva. Oo carater compulsivo com bloqueio de afetos e 0 paranoico-agressivo sio exemplos do encouragamento na superficie; o carater histérico é um exemplo de encouragamento profundo da personalidade. A pro- fundidade do encouragamento depende das condicoes de regressao e fixacao, € constitui um aspecto menor do problema da diferenciagao pais © s econdmic 1S talecer 0 €80- Mu ento tend pelo me onais interns, PO estimulos eXternosy m encouragam timulos pulsi conta nais posterior yvimento da ol de carater. Se, por um lado, a couraca de carater € o resultado do conflito sexual da infancia e 0 caminho definido por onde esse conflito foi digdes a que a formagao do cara- conduzido, ela se torna, sob as con ter esta sujeita em nossos circulos culturais, a base de futuros conflitos neuréticos e neuroses de sintomas, na maioria dos casos; torna-se a base de reagao do cardter neurotico. Mai a frente haver4 uma discus- sdo pormenorizada dessa resolugdo. Aqui limitar-me-ei a um breve re- sumo. Uma personalidade cuja estrutura de carater impede o estabeleci- mento de uma regulac4o econdmico-sexual da energia é a condicgao ae eoened neurotica futura. Desse modo, as condigoes Eon iconie eee ae ndo sao o conflito sexual da infancia € © vidos. Uma vez cae eee mas estaO na maneira como sao resol- solvidos € em Saas : an © modo como esses conflitos sao confi familar interiors ce eninac pela natureza oo Pers facdo pulvional, cneesidade clo medo de punicao, amplitude da sat crian pequena até cas pais etc.), o desenvolvimento do ego n@ conte ot omatee incluindo, a fase edipica determina, no fim das nomia sexual regulada Se tornara neurdtica ou se alcangard uma eco” ‘A base de teacto Pcsoloase da poténcia sexual e social. demais e permitiu ao Soe Reurdtico significa que ele foi Jonge rijecer-se de tal maneira que impediu # 154 salizacdo de uma vide sexual © uma experi ra aa Gh xc sex ragio energctica, € a EStISe SEXUAL NAG S6 Perm, continuamente, Em seguida, notimos um dese das formacoes reativas doc riler (por exemplo, ideologia 4 ete) contra as exigencias sexuais desenvolvidas em conexs Conflitos atuais om situagoes de vida importantes, Assim oexae com um ciclo: a estase aumenta € conduz a novas formacées Eee timente Como seus predecessores [Obicos. Contudo, a eeu eyes aumentt mais rapidamente do que o encouragamento ale q aeee fim, a formacao reativa ja nao é adequada para manter a eee quica sob controle. E nesse ponto que os desejos sexuais recalearlons irrompem e sao imediatamente evitados pela forme (formagao de uma fobia ou seu equivalente) Nesse processo neurdtico, as diversas posigdes de defesa do ego sobrepdem-se e se fundem. Assim, no corte transversal da personali- dade, encontramos lado a lado reages de carter que, em termos de desenvolvimento e tempo, pertencem a periodos diferentes. Na fase do colapso final do ego, o corte transversal da personalidade asseme- jha-se a uma regido da terra depois de uma erupgio vulcanica que ar- remessa pedacos de rochas pertencentes a camadas geolégicas dife- rentes, Mas nao é tao dificil distinguir nessa confusdo o mecanismo e © significado fundamentais de todas as reacdes de carater. Uma vez discernidas e compreendidas, elas conduzem diretamente ao conflito infantil central. ajustadas. As de qualquer libe- hece Como aumenta Nvolvimento constante celica c4o de sintomas 3. Condigdes da diferenciacao do carater Que condigées, atualmente reconheciveis, nos permitem com- preender o que. constitui a diferenca entre um encouragamento sau- davel e um patolégico? Nossa investigagao acerca da formagao do or rater nado passara de teoria estéril enquanto nao respondermos a essa questo com alguma consisténcia, oferecendo, desse modo, Coe dl a retrizes no campo da educacao. Contudo, devido 4 moral a valecente, as conclusdes que resultam de nosso estudo col cari a ma posicdo muito dificil o educador que deseja criar homens € lheres saudaveis. aga Para comecar, deve-se salientar uma vez mais que 2 formacio ¢0 carater depende nao apenas do fato de a pulsio e a frustrage® pai rem-se uma com a outra, mas também dla maneira como I85' ue for- ce, da fase de desenvolvimento durante a qual os conflitos 4 Mam o carater ocorrem e das pulsdes envolvidas. 155 Para maior clareza, vamos tentir montar um esquema a partir da Penn ete de condigdes que conduzem a formagio do. carater A yquenk ‘evela as seguintes possibilidades das quais depende g al es aa as Sed formagao do canite _afase na qual a pulsdo é frustrada; * eeatiencit ¢ intensidade das frustragoe: —a freqiiencia e intensidad ragOeS as pulsoes contra as quais a frustragao- é principalmente dirigida; — a correlagao entre indulgéncia e frustragao; ao — o sexo do principal responsavel pela frustracao; ~— as contradigdes nas proprias frustracoes. Todas essas condigdes s40 determinadas pela ordem social domi- nante no que diz respeito a educagio, moralidade e satisfacao das ne- cessidades, em Ultima andlise, pela estrutura econémica vigente da sociedade. a. 6 - O objetivo de uma futura profilaxia de neuroses € a formagao de caracteres que no sO proporcionem ao ego suficiente apoio contra os mundos interno e externo, como também permitam a liberdade de mo- vimento social e sexual necessaria 4 economia psiquica. Assim, de ini- cio, precisamos compreender as conseqiiéncias fundamentais de cada frustracao da satisfagao das pulsdes de uma crian Cada frustracdo do tipo das ocasionadas pelos métodos atuais de educacao produz um retraimento da libido para 0 ego e, conseqiiente- mente, um fortalecimento do narcisismo secundario’. Isso em si constitui uma transformagao de carater do ego, visto que ha um aumento na sus- cetibilidade deste, que se exprime tanto em timidez como em elevado sentimento de angtistia. Se, como é geralmente 0 caso, a pessoa respon- sdvel pela frustragéo € amada, desenvolve-se uma atitude ambivalente, mais tarde uma identificagao, em relacdo a ela. Além da repressdo, a crian¢a internaliza certos tragos de carater dessa pessoa — precisamente Os tracos dirigidos contra sua propria pulsaio. O que acontece, entao, é essencialmente que a pulsdo é recalcada ou controlada de algum modo. Contudo, 0 efeito da frustragdo sobre 0 cardter depende em Peet eee pulsdo é frustrada. Se o foi em suas fases bonNatieraves aes oO recalque se realiza bem demais. Em- memvconacicnte ya See pulsio nao pode ser nem sublimada ‘mente satisfeita, Por exemplo, o prematuro recalque 5, Nota, 1945: Na linguagem da teas pn guinatuanem dla biofisiea do ongone, a frustragio continua das ne- cessidades naturais primari ias leva A Contraco cronics ; oul simpaticotonia te). O connie gs conerHsaO crOnica do biossistema (couraga muscular pulsdes secundarias anti as pulsdes primérias inibidas e a couraga produz Faca, a8 pulses Biologia sa {adismo etc.); no processo de irrupgao através da COU" ’gicas primarias transformam-se em impulsos sAdico-destrutivos. 156 go evotismo anal impede 6 desenvolvimento das prepara caminho para formagoes reativas anais graves. O mais tante em termos do cariter é que excluir as pulsoes ‘da een personalidadle prejutica sua atividate como um todo. Isso pode. ser rrvado, por exemplo, Ch criancas cuja ajessivididle w preset mon sublimagdes anais & obse tor foram prematurimente ini 5, sua posterior capacidade de tra- Iho sera conseqiicntemente reduzida No ange dle Seu desenvolvimento, uma pulsao nao pode ser completamente recalcada, Uma frustragdo nesse momento tende mui- fo mais a criar um Conflito indissoltivel entre proibicdo e pulsio. Se a pulsio inteiramente desenvolvida encontra uma frustracdo imprevista e repentina, € tao dadas as condigdes para o desenvolvimento de uma personalidade impulsiva’. Nesse caso, a crianca nao aceita intei- rimente a proibigao. Nao obstante, ela desenvolve sentimentos de culpa, que por sua vez intensificam as agdes impulsivas até se torna- rem impulsos compulsivos. Assim, encontramos, em psicopatas im- pulsivos, uma estrutura de carater nao formada, que € 0 oposto da exigéncia de encouragamento suficiente contra os mundos interno e externo. E caracteristico do tipo impulsivo que a formacao reativa nao seja empregada contra as pulsdes; antes, as proprias pulsdes (predo- minantemente impulsos sadicos) sao recrutados na defesa contra situa- des imaginarias de perigo, bem como contra 0 perigo que surge das pulsoes. Ja que, como resultado da estrutura genital perturbada, a economia da libido fica num estado miserdvel, a estase sexual pode aumentar a angtistia e, com ela, as reagdes de carater, conduzindo muitas vezes a excessos de todo tipo. O oposto do carter impulsivo é 0 carater de pulsdo inibida. Assim como o primeiro € caracterizado pela divisao entre pulsao inteiramente desenvolvida e frustracdo repentina, 0 segundo é caracterizado por uma acumulagao de frustragdes e por outras normas educacionais inibi- doras das pulsdes, do comeco ao fim de seu desenvolvimento pulsio- nal. O encouracamento do carater deste Ultimo tende a ser rigido, constrange consideravelmente a flexibilidade psiquica do individuo e constitui a base de reacao para estados depressivos € sintomas compul- sivos (agressiio inibidd). Mas também torna seres humanos cidadios déceis ¢ sem discernimento. Nisso reside sua importincia sociologica. — __ O sexoe o carter da pessoa principalmente responsive pela cria- cao e educagdo de um individuo sao da maior importancia para a na- tureza da vida sexual posterior deste. ba —____ Poyenee Ch: Reich: Der triebbafie Charakter (O 'Ychoanalytischer Verlag, 1925. er Impulsivo), Internationaler 157 4 muito complicada exercida por uma inga ao Flo de que, num sistema ego les familiares, os pais funct xecutores kt influéncia social. Por causa gy reonscieme dos pais Em relacéo aos filhoe pela filha © @ menos Propenso 4 Reduziremos & influénci autoritiria sobre a crt do com bi em unicd ciedade cacional mont 2 nam como os principais © dntude sexual gerummente INCENSE semoce que o pai tem prefereneia pela filha e @ mene reprimi-la ¢ it educa-la, enquanto a mie tem prefer a ia pelo filho ¢ & menos propensa a reprimi-lo e a educa lo. Assim, a relagao sexual determina, na maior dos casos, que O genitor do mesmo eae torne o principal responsavel pela forma¢ao da crianga Com a ressal. va de que nos primeiros anos de vida da crianga, e na grande maioria da populagao trabalhadora, a mae assume a principal responsabilida- de na formagao da crianga, pode-se afirmar que prevalece a identifi. cagio com © genitor do mesmo SexO, isto é, a filha desenvolve um ego e um superego maternais € NO filho estes S40 paternais. Mas, em virtude da constelagio especial de algumas familias ou do carater de alguns pais, ha freqientes desvios Mencionaremos alguns motivos dessas identificag6es atipicas. Comegaremos por considerar as relagdes nos casos dos meninos. Em circunstincias normais, tendo o menino desenvolvido o complexo de Edipo simples, quando a mae tem uma preferéncia por ele e 0 frustra menos do que 0 pai, ele se identificara com 0 pai e — desde que © pai tenha uma natureza ativa e viril — continuara a desenvolver- se de maneira masculina. Se, por outro lado, a mae tem uma persona- lidade “masculina”, severa, se as frustragdes essenciais provém dela, o menino se identificara predominantemente com ela e, dependendo da fase erégena na qual as principais restrigoes maternais lhe sao im- postas, desenvolvera uma identificagdo com a mae numa base falica ou anal. Dados os motivos de uma identificagdo falica com a mae, em geral desenvolve-se um carater falico-narcisista, cujo narcisismo € sadismo sao dirigidos principalmente contra as mulheres (vingan¢a contra a mae severa). Essa atitude é a defesa caracterolégica contra 0 amor original pela mae profundamente recalcado, um amor que nao Podia continuar a existir ao lado de sua influéncia frustradora e da lentificacdo com ela, € que terminou em desapontamento. Para ser av oak conde os foi poe na propria atitude de cara- Na identificagdo. cor or pected Peupuale es 4 pescivoteieniinaee om a mae numa base anal, o carater torna-s¢ aos homens. Tais identificag Ses con reece ae ee uma perversio masoquista Be es ee muitas vezes a base ce formagao de cardter serve eat - e! al com eee a ie cos que, por algum tempo foram i como defesa contra desejos fali- , 5 m intensamente dirigidos para a mae 158 na infincia. O medo de ¢ anal com ela. A analidade de carater. Um carater passivo-feminino num home, ma identificagio com a mie, MEM bascia-se se Uma ve: nesse tipo, ela e. Uma vex que a mie dor nesse tipo, elt & também o objeto dts Hime 0 atitude. Ha, contudo, outro tipo de carter pase ge ‘ari ASSIVO-Le do por uma severidade excessiva do bai. Iss maneira: receando a realizagdo de seus desejc trocede da posicao falica masculina para p Osi a identifica-se aqui com a mae e adota uma atitude pani ce para com O pai e, mais tarde, para com toda: as Sea sentam a autoridade. Polidez e submissio exageradas “a cca ler c uma tendéncia para um procedimento dissim Tears y p lado e falso so carac- teristicas desse tipo. Ele usa sua atitude Para evitar empenhos act linos ativos, para conter acima de tudo seu édio recalcado em telacao ao pai. Lado a lado com sua natureza passivo-feminina de fato (iden- tificagao com a mae no ego), identifica-se com o pai no ego ideal (identificagao com o pai no superego e no ego ideal). Contudo, nao é capaz de compreender essa identificagdo porque Ihe falta uma posi- cao falica. Sempre sera feminino e quererd ser masculino. Um sério complexo de inferioridade — resultado dessa tensdo entre 0 ego femi- nino e o ego ideal masculino — pora sempre o selo da opressao (algu- mas vezes da humildade) em sua personalidade. A grave perturbacao da poténcia, sempre presente em tais casos, da uma justificativa racio- nal a toda a situa¢ao. ; Se compararmos esse tipo com aquele que se identifica com a mae numa base falica, veremos que 0 carater falico-narcisista evita com éxito um complexo de inferioridade que s6 € perceptivel aos olhos experientes. Por outro lado, 0 complexo de inferioridade os rater passivo-feminino € transparente. A diferenca est4 na estrutura stragdo Pela mae €a bas oe crégen; 4 apoio a identi Mt especifica dessa hr ssa formacag mpre nu- Senitor frustra- ¢ engendra essa Minino que € criae © acontece da seguinte 9S Benitais, O Menino re- : Ale agao_ erogena bisica. A libido falica permite uma completa compensa it a 4o de acordo com 0 ego ideal mascu- de todas as atitudes que ndo estdo de acorco ¢ seao central a lino, ao passo que a libido anal, quando retém aes a estrutura sexual masculina, impede uma tal ari nhs a mais apto O inverso vale para a menina: um pal In oe feminino do que a contribuir para o estabelecimento de um carat oeagdes clinicas um pai severo ou bruto, Um grande numero ene ‘do pai com a revela que, em geral, uma menina reage accel do pénis sempre formacdo de um carater mé ay rigicss o de masculinidade atra- presente é ativada e moldada num comp i Nesse caso, 4 natureza vés de mudangas caracterologicas do 28>. couiragamento contra a masculino-agressiva rigida serve como um = je feminina infantil para com oO pai, que teve de ser rn atitud n E r ; ‘ i fricza € a Tigidle dele. Se, Por outro lado, 0 pai é amave i hoso, a menina pode reter ¢, com exce 10 de componentes x ea ate nt smo desenvolver fortemente secu amor objetal. Nao é rensus, até mes ri e com 0 pai. Na verdade, cla também t inveja do penis, Contudo, devido ag ¢ tra heterossexual serem_ rclativary . inveja do penis nito tem nenhum cfeito significative Assim, Venos que nao é importante se esta OU aquela mull © importante € como ela influencia © carater ther tore ntomns. © decisivo pana esse tipo € Que a identifcacig mg terna tem lugar no £20 oa P' Ss UACOS de cariter 2 cl amos de “feminir : . que Reena dessa estrutura de cardter depende da condigag de que 0 erotismo vaginal se torne uma parte permanente da feminilj. dade na puberdade. Nessa idade, sérios desapontamentos em telagag ao pai ou aos prototipos do pai podem estimular a identificacao mas. culina que nao teve lugar na infancia, ativar a inveja do pénis ador- mecida e, nessa fase tardia, conduzir a uma transformacdo do carater na direcao do masculino. Observamos is Oo frequentemente em mogas que recalcam seus desejos heterossexuais por razOes morais Cidentifi- cacao com a mae moralista e autoritaria) e assim provocam seu pré- prio desapontamento com os homens. Na maioria de tais casos, essas mulheres, de outro modo femininas, tendem a desenvolver uma natu- reza histérica. Ha um continuo anseio genital para com 0 objeto (co- quetismo) e uma retracao acompanhada do desenvolvimento de an- gustia genital, quando a situagao ameaga tornar-se séria (angistia ge- nital histérica). O carater histérico numa mulher funciona como prote- cao contra seus proprios desejos genitais e contra a agressao masculi- na do objeto. Isso sera discutido mais tarde em detalhe. Encontramos, algumas vezes, um caso especial em nossa pratica: uma mde severa e rigida cuja filha desenvolve um carater que nao é nem masculino nem feminino, mas permanece infantil ou retrocede a infantilidade mais tarde. Uma mae desse tipo nao deu a crianga amor es conte ambivalente no que diz respeito a a é Sar ctianca se near a forte Para o lado do 6dio, com receio Jo Mig rd a mae a um nivel genit ae eS aonnenia somal ei ass mido uma atitede ot genital , recalcara seu Odio e, depois de va de pendéncia paralisania , O transfor mara num amor reativo o n venvol ante em relacdo a da mae. Tais mulheres dese rio para ela identific ralmente desenvolvide as frustragocs na este Be. MLO de caniter tem esst Inve ven 44 a velh a ee Particularmente pegajosa em relagao a mulheres ee ‘asadas, afeico: © pexa mu 1 tornar. das, afeigoam-se a elas de modo masoquista, a a se pa: vamente homossexuais (cunnilingus, no cas© macdes perversas), fazem-se yolvem um inte . treaty Por mulheres mais idos: tamento geral, exibem “atitude puerit yeamens &, em seu comp outra atitude de cariter, € um encourscamern tes Come qualquer dos e uma defesa contra estinulos do make contra desejos re thea. Serve como uni clelesd oral contin profane CEM. Aqui o carder gidas contra a mie, atris da qual s6 com insane jas de 6dio diri- tude feminina normal igualmente precavida conte jade Se percebe a ati- Até agora temos concentrado nossa atenc: 5 ap a ssoa principalmente responsivel vel “pens no fato de o Werianealten pela frustra . is da crian¢a ter um papel essencial na forma G40 dos dese. Em relagdo a isso, tocamos no carater do adulto Bee © do ae em que falamos da influéncia “severa” e “suave” cae cote cio do carater da crianca depende, num outro Nae: - rezd ¥ o a » 5 IS Daa nee an eae considera como herdado (0 que, permet Ucdad Pelcluttiejoncial ; | , por acaso, nao pode explicar) mos- tra ser © resultado de identificagdes conflitantes precoces, depois de andlises bastante profundas Nao negamos o papel desempenhado pela hereditariedade na determinacao dos modos de reagao. A crianga recém-nascida tem seu “carter” — isto € bem claro. Nossa discordancia, contudo, esta em que o ambiente exerce a influéncia decisiva € determina se uma incli- nacdo existente sera desenvolvida e fortalecida ou se nao lhe sera permitido nem mesmo despontar. O argumento mais forte contra 0 ponto de vista de que o carater € inato € fornecido por paciente em quem a analise demonstra que um modo definido de reagao existiu até uma certa idade, desenvolvendo-se depois um carater completa- mente diferente. Por exemplo: primeiro, podem ter sido facilmente excitaveis e entusiasmados e, mais tarde, depressivos, ou teimosa- mente ativos e, depois, sossegados ¢ inibidos. Embora pareca bastan- te provavel que uma certa personalidade basica seja inata € dificil- tnente varidvel, a énfase exagerada no fator hereditario provém, sem divida, de um receio inconsciente das conseqiiéncias de uma correta avaliacao da influéncia exercida pela educagao. lgum importante Essa controvérsia no sera resolvida até que alg ‘as, desen- cane larga escala - Por instituto decida levar a cabo uma experiencia em Wee = ‘ta oe exemplo, isolar algumas centenas de criangas de pus F educacional a 4 a iente diatame A ng educé-las num ambien tamente apds o nascimento, 5s com os de out uniforme e mais tarde comparar OS resultade . tenas de criancas educadas num meio psicopatico. Se, mais uma vez, examinarmos resumidame! i carter basicas esquematizadas acima, veremos 4 ras cen- inte as estruturas de todas elas tem 161 10 estimuladas pelo conflito que nasce da ssentam uma tentativa de resolver esse eat specifica e de perpetuar eee resolugao, Outrora Freud afi a que o complexo de Ee lipo é su pmnergido pela angistig castragao. Podemos agora aerese entar que, de fato, cle é submer. eS volta a superficie de uma forma diferente, O complexo de Faipo € transformaco cnr reagoes de carter que, por um lado, amp ficam suas principais caracterts ti de maneira istorcida €, por ou. tro, constituem formagoes reativas contra seus elementos hb; SICOS, ‘Em resumo, podemos também dizer que 0 carater neurdtico, tan. to em seus contetidos como em sua forma, e composto inteiramente de compromissos, tal como oO sintoma. Contém a exigéncia pulsiona infantil e a defesa, que pertencem 4 mesma ou a diferentes fases de desenvolvimento. O conflito infantil basico continua a existir, trans formado em atitudes que emergem numa forma, definida, como mo- “dos automaticos de reagdo que se tornaram Cronicos € a partir dos quais mais tarde tem de ser destilado pela anilise. Em virtude dessa compreensio de uma fase do desenvolvimento humano, estamos em posigdo de responder a uma questdo levantada por Freud: os elementos recalcados subsistem como tragos de mem6- ria ou de outra maneira? Devemos agora concluir, com cautela, que esses elementos da experiéncia infantil que nao foram incorporados no carater so mantidos como tragos de meméria carregados emocio- nalmente, ao passo que os elementos absorvidos e que fazem parte do carater sio mantidos como 0 modo de reagdo atual. Por mais obs- curo que esse processo possa ser, nao pode haver nenhuma divida acerca do “continuum funcional”, porque em terapia analitica conse- guimos reduzir tais formagGes caracterologicas a seus Componentes originais. Nao se trata tanto de fazer voltar a superficie o que esteve submerso — como, por exemplo, no caso de amnésia histérica - © processo € antes compardvel a recuperagao de um elemento a partir de um composto quimico. Estamos também agora em melhor posi¢’o para compreender por que, em alguns casos agudos de neurose de cardter, ndo conseguimos eliminar © conflito de Edipo quando anali- samos apenas o contetido, A razdo é que esse conflito j4 nio existe no presente, € s6 é possivel chegar a ele pela ruptura analitica dos modos formais de reacio, mens ater cao a seguir dos tipos principais, baseaca no isola cos especificamente o 2 ee Patogénico nos dinamismos f es nhum um mero p — ea) para a Tealidade, nado é de modo tentaremos chegar a uma 10 ee partindo cess: citer e ser de uso pratico so eoria de economia psiquica que poder fe campo da educac’o. Naturalmente, a sociedade de 162 uma coisa em comunt lagao crianga-pals. Repr to de um modo ve tornar possivel € encoraj tal teoria da economia p: sua moralidade que neg T COU rejeitar) aa quica. A socied: © SEXO © Su: “plicagao prdtica de uma tiedade contemporainea, com 3 iNcoMpeténcia Economica pa- garantir as massas de scus Membros ate mesmo unva existéncia imples, esti Lio alastada do reconhecimento dessas possibilidades como de sua aplicacio pritica, Isso fieara prontamente chen smal. por antecipagio, deckirarmos que o vineulo parental, a repressio da masturbagdo na primeira infancia, a exigéncia de abstingneia na pu- berdade ¢ a contencdo do interesse sexual dentro da instituigao do misamento (hoje sociologicamente justificaday representam a antitese das condigdes necessirias para se estabalocer ee efeito uma oes jomia psiquica economicoscru t moralidade sexual existente ae de senao criar a base de neuroses no carater. A economia eS pte geuiea (fan eearee Neommse meets tan otro we Uefendidas hoje. Essa é uma das conseqiiéncias sociais inexo- raveis da investigacdo psicanalitica de neuroses. 163 x Algumas formas definidas de carater 1. O carater histérico Em nossa investigacéo dos varios tipos de carater, partimos da suposic¢ao de que toda forma de carater, em termos de sua fungao ba- sica, representa um encouragamento contra OS estimulos do mundo externo e as pulsdes internas recalcadas. Contudo, a forma externa desse encouracamento € sempre historicamente determinada. Tenta- mos também citar algumas condigdes que determinam diferentes ti- pos de carater. Talvez a mais importante, além do carater da pessoa mais responsavel pela formacao da crianca, seja a fase de desenvolvi- mento na qual o aparelho pulsional encontra sua frustragao mais cru- cial. Devem sempre existir relacdes definidas entre a aparéncia exter- na do carater, seu mecanismo interno e a historia especifica de sua origem. O carater histérico, por mais complicados que sejam muitas ve- zes os sintomas e as reacdes patolégicas que Ihe dizem respeito, re- presenta o tipo de couraga do carater mais simples e transparente. Se desprezamos as diferengas existentes dentro desse tipo, se condensa- mos 0 que é comum a todos os que 0 compoem, a caracteristica mais notavel de homens e mulheres histéricos € uma atitude sexual ino- portuna. Esta se combina com um tipo especifico de agilidade fisica que exibe um matiz sexual inconfundivel, que explica 0 fato de a li- gacdo entre a histeria feminina e a sexualidade ter sido reconhecida poe eeaes Coquetismo disfargado ou indisfargado no modo de an- a olhar ou falar denuncia, especialmente nas mulheres, 0 tipo de carater histérico. No caso dos homens, além da delicadeza e cortesia 197 uparecem unxt Expressao facial e um comport smos um relato pormenorizado de tal tipo de ca, ivas, também @ snto femininos. Fize da Parte I. , s surgem con) una ansicdade ma festa mais fortemente quando o obj exual esti bem a mao, Ne: ex me so no capitulo IV steristi $ OU menos tiVO almeja. sd OCASIIO, © © distinta, que se mant do pelo comportimento recuar OU ter histérico ini sempre ‘ : Ha uma correlagdo quantitativa entre o coquetismo histéricg ividade que se segue a ele. Porém, na experiencia sexual, hg Varitgio: manifestagdes evidentes de excitacao durante o ato, pondente satisfacao. Na andlise, essas manifestacdes m ser a expressao de uma angiistia profun- umir uma atitude apreensivg ¢ passiva ea pa out sem a corr pseudo-impetuosas mostram. da, que € superada pela atividade. . _ ‘A expressao facial e 0 modo de andar do carter histérico nunca sio rigidos e pesados, como no carater compulsivo; nunca sao arro- gantes e autoconfiantes, como no carater falico-narcisista. Os movi- mentos do arquétipo tém uma espécie de qualidade saltitante (nao confundir com elastica), sao flexiveis, macios e sexualmente provo- cantes. O fato de o carater histérico ser facilmente excitado pode ser inferido da aparéncia como um todo. A aparéncia do carater compul- sivo, por sua vez, faz lembrar constrangimento. Enquanto a timidez e a ansiedade, ao lado do coquetismo e da agilidade fisica, sdo not6rias nas expressSes comportamentais de um carter histérico, os outros tragos de carater especificamente histéricos est4o ocultos. Entre esses encontramos instabilidade de reag6es, isto é, tendéncia para modificar atitudes de modo inesperado e nao-intencio- nal; uma forte sugestionabilidade que nunca aparece sozinha, mas vem junto com uma forte tendéncia a reagdes de desapontamento. Um carater histérico, ao contrario de um compulsivo, pode ser facilmente persuadido das coisas mais improvaveis. Por isso desistira prontamen- te de suas conviccdes, quando outras, adquiridas com a mesma facil dade, as substituem. Dai que uma atitude de concordancia seja em ge- ral seguida por uma atitude oposta: desaprovacio repentina e deprecia- ¢4o sem motivo. A abertura do carter histérico a sugestes expli a pao suscetibilidade & hipnose Passiva e, por outro, sua cepeional para o is fan ticas. Isso tem ligacao com a capacidade et da pode fz ilmente condusi 3 ee ae infantil. eee Se janie siadas sao reproduzidas ean a Ps eudologia, ON enous eu Embora ja verdad fue aut ee ae ea se e& primem no Comporameeats muitas caracteristicas histéricas Fa a Para incorporar conflitos si icos | na Hae oe oe . en plica facilmente em termos dh estn Sea Isso se Ss da estrutura da libido. 198 ae ° eee nistérico € especificamente determinado por uma fixa- ee eu s Vvimento infantil, com suas vinculagdes incestuosas. A partir dessa fixagao, o cardter histérico deriva sua forte agressiio genital, bem como sua angiistia. As idéias de incesto genital sao certamente recaleadas, mas estio de posse total de seu investi- mento; ao contririo do caso do cardter compulsive, nao foram substi- tuidas por empenhos pré-genitais. Visto que empenhos pré-genitais, orais, anais e uretrais formam uma parte do carter histérico — como € sempre 0 caso -, eles sio a personificacdo da genitalidade ou pelo menos estado aliados a ela. No carater histérico, a boca e 0 Anus sem- pre representam 0 Orgio genital feminino. Em outros tipos de carater, por exemplo, no melancélico, essas zonas desempenham sua func4o pré-genital original. De acordo com Ferenczi, 0 carater histérico “ge- nitaliza” tudo; as outras formas de neuroses substituem os mecanis- mos pré-genitais por genitalidade ou, em oposi¢ao 4 histeria, permi- tem que os Orgios genitais funcionem como seio, boca ou anus. Em algum outro lugar chamei a isso de inundagdo da libido genital pela pré-genital. Como resultado da angistia genital, que atua como fixa- ¢4o genital e como inibicado da fungao genital, o carater histérico sofre sempre de uma perturbagdo sexual grave. Ao mesmo tempo € ator- mentado por uma estase aguda da libido genital ndo-absorvida. Dai que a agilidade sexual tem de ser tao veemente como sua tendéncia a reacdes de angustia. Em contraste com o carater compulsivo, o histé- rico € sobrecarregado com uma tensao sexual ndo-absorvida. Isso nos leva 4 natureza de seu encouracamento, que € muito menos compacta e estavel que a do cardter compulsivo. No histérico, a couraca constitui, da maneira mais simples possivel, uma defesa egOica ansiosa contra os empenhos incestuosos genitais. Embora certa- mente seja estranho, nao se pode negar que, em arquétipos de carater histérico, a sexualidade genital se coloca a servico de sua propria de- fesa. Quanto mais a atitude como um todo é dominada pela angistia, mais urgentes parecem as manifestagdes sexuais. Em geral, o significa- do dessa fungdo é 0 seguinte: o carater histérico tem impulsos genitais excepcionalmente fortes € nao satisfeitos, que estao inibidos pela an- gustia genital. Assim, ele se sente sempre a mercé de perigos que cor- respondem a seus medos infantis. O empenho genital original € usa- do, por assim dizer, para explorar a fonte, a magnitude e a proximida- de do perigo. Por exemplo, se uma mulher histérica manifesta forte sensualidade, é errado admitir que ela esté expre: ssando uma disposi- cdo sexual genuina. Muito ao contrario: 4 primeira tentativa de se tirar vantagem dessa aparente disposi¢do, descobrir-se-ia que, em casos de histeria extrema, a expressio aberta seria imediatamente transformada em seu oposto e que as manifestagdes sexuais seriam substituidas pela 199 anglstia ou por outro tipo de defesa, incluindo fu; sim, as manifestagdes sexuais no carater histérico Tepresenta, tentativa de descobrir se os perigos estio Ppresentes e de o; provir. Isso € claramente demonstrado também na réncia na anilise. O carater histérico nunca reconhe seu comportamento sexual, recusa violentamente tomar conheciment dele e se choca com “tais insinuagdes”. Em Tesumo, vé-se logo ace que sobressai aqui como empenho sexual é basicamente sexualidade a servigo da defesa. O empenho objetal genital emerge em sua funcag original somente quando essa defesa tiver sido desmascarada e 4 an. gtstia genital infantil analiticamente desmontada. Quando isso ocorre, © paciente também perde sua agilidade sexual exagerada. E de pouca importancia que outros impulsos secundarios se exprimam nesse com- portamento sexual — por exemplo, o narcisismo Primitivo ou o desejo de dominar e impressionar. Muito embora sejam encontrados no carter histérico outros me- canismos que nao os genitais ou suas formac6es substitutas, eles nio pertencem especificamente a esse tipo. Por exemplo, encontramos muitas vezes mecanismos depressivos. Nesses casos, a fixacdo inces- tuosa genital é substituida por regressdes a mecanismos orais ou por novas formag6es no decurso do processo. A forte inclinagao do cara- ter histérico para regredir, especialmente as fases orais, pode ser atri- buida a estase sexual nessa zona, bem como ao fato de a boca, em seu papel de Orgao genital, atrair para si uma grande quantidade de libido no “deslocamento de baixo para cima”. Nesse Pprocesso, rea- ¢des semelhantes 4 melancolia, que pertencem 4 fixagdo oral original, sao também ativadas. Assim, o carater histérico se apresenta de uma forma pura quando ele representa, e € nervoso e ativo. Contudo, quando é depressivo, introvertido, autistico revela mecanismos que nao sao aqueles que especificamente lhe pertencem. Pode-se, no en- tanto, falar de depressao histérica em oposigdo a depressdo melanco- lica. A diferenga esta no grau em que a libido genital e a relacdo ob- jetal se combinam com atitudes orais. Num extremo, temos melanco- lia pura; no outro, no qual predomina a genitalidade, temos hister ura. : " Deve-se destacar uma caracteristica final: 0 cardter histérico De tra pouco interesse em sublimagées e realizagdes intelectuais, ae formagoes reativas sao em muito menor quantidade do que em oul fa formas de caracteres neurdticos — 0 que também se liga 20 eS we no carater histérico, a libido nao avangar em diregdo a satis eT aa xual, que poderia reduzir a hipersexualidade, e a energia sexu cal estar adequadamente ligada. Mais precisamente, essa energia € Leos s mente descarregada em inervagdes somaticas ou parcialmente 88 Precipitada, As. ™M uma > Onde Podem Teacdo de transfe. CE O Significado de 200 formada em medo ou angi do carter histé titese entre sey que a@ extr 1. A partir des : ‘A 'SS€8 Mecanismos, ionai: ‘0, aguas pessoas gostam de d Hee lidade @ realizagdes sociais, 1 aipacidade de luzir a suposta an- omitem o fato de \ ret t ’ sublimar & ¢ ‘ direto da inibigdo sexual com libido genital livre © que as teal ee direto i f as realizacées e intere SSCS 2 dep MS ue aC ‘idade de is jo tenh _Em termos cht profilania da neurose © da economia sexual, torna- se significativo perguntar por que raz: > ndo pode ranstormar de alguma maneira a estase genital, do mesmo modo que outros tipos de cardter transformam seus empenhos pré-genitais. O caniter histérico nao utiliza sua libido genital nem para as formacées reativas nem para as sublimagdes. Na verdade, nem mesmo o encou- ricamento do carater esta solidamente desenvolvido. Se esses fatos io considerados junto com outras caracteristicas da libido genital, chegamos a conclusao de que as excitagdes genitais completamente desenvolvidas estéo mal-adaptadas para finalidades outras que nao a satisfacao direta. Sua inibigdo prejudica gravemente a sublimagao de outras forcgas pulsionais libidinais, porque as impregna com demasi da energia. Embora a qualidade especifica da genitalidade possa ser a razio desse processo, a explicagdo mais provavel é a quantidade de libido usada na excitagdo da zona genital. O aparelho genital, em oposigdo a todas as outras pulsdes parciais é, do ponto de vista fisio- logico, o mais fortemente equipado, porque tem a capacidade de des- carga orgdstica, e, em termos de economia da libido, € o mais vital. Assim, podemos afirmar que seus impulsos tém uma semelhanga mui- to maior com a fome, no que diz respeito a inflexibilidade e a tenaci- dade, do que com impulsos de outras zonas erégenas. Isso pode mui- to bem representar um tremendo golpe contra certos conceitos éticos — mas nao pode ser evitado. De fato, a resisténcia a essas descobertas também podem ser explicadas: seu reconhecimento teria conseqtién- cias revolucionarias. 2. O carater compulsivo Se a func’o mais geral do carater é evitar estimulos e garantir © equilibrio psiquico, isso nao deveria ser dificil de provar no carater compulsivo, pois este representa uma das formagoes psiquicas mais minuciosamente estudadas. Ha transigdes fluidas desde os sintomas compulsivos conhecidos até 0 modo de comportamento do carater. Mesmo que o senso de ordem neurético compulsivo nao esteja Pre- sente, € tipico do carater compulsivo um sentido de ordem pedante. 201 como nas pequenas, ele vive de acy Frrevogivel & preconcebido. uma mudanga na onde? Jo menos, uma sensagao desagradavel, Bm ¢4o™ pe vonsiderados neuroticos, uma mudanga isos S constitui uma melhora na capacidade de moc estar combinado com 0 perfec onismo,, Pas rcarrela também unit limitagao extrema da capacidnan vg mesmo tempo, Nao permite nenhuma sponta, io desse individuo. Vantajoso para um funcionarig tal trago provara ser prejudicial ao trabalho produtivo ¢ a . novas idéias. Dai raramente encontrarem-se Caracteres sompulsivos entre grandes estadistas. Eles sao mais comuns entre cien. comy a 0 trabalho nao é€ incompativel com esse trago, muito embora Ee eee totalmente a especulacao e€ se interponha no caminho de descobertas fundamentalmente novas. Isso diz respeito a outro traco de caniter, a tendéncia sempre presente para O pensamento minucio- so e repetitive. Ha uma acentuada incapacidade de prestar atengao ao que é racionalmente importante acerca de um objeto e de desprezar seus aspectos superficiais. A atencao distribui-se de maneira unifor- me; a questoes de importancia secundaria concede-se 0 mesmo trata- mento dado as que estao no centro de interesses profissionais. Quan- to mais patologico e rigido é esse trago, mais a aten¢do se concentra nas coisas de importancia secundaria, negligenciando assuntos racio- nalmente mais importantes. Isso resulta de um processo bem conheci- do: 0 deslocamento de investimentos inconscientes, a substituigéo de idéias inconscientes, que se tornaram importantes, por assuntos se- cundirios e irrelevantes. Isso faz parte do processo mais amplo de re- calque progressivo dirigido contra idéias recalcadas. Em geral, essas idéias, devaneios infantis com coisas proibidas, nao podem penetrar a questao verdadeira. Esses pensamentos e devaneios movem-se tam- ae ee oe caminhos prescritos, de acordo com esquemas defi a flexibilidade sto ae leterminados, e dificultam consi Sa ma da média de Lu Em alguns casos, uma capacida ee rigidez. AS capacilades ¢ « maneira logica e abstrata compensa ¢* , mais bem-desenvolvida miucas — dentro da estrutura da logica - * eae olvidas que as criativas, . traco de ee ada frequentemente ao ponto da avareza, eae mente relacionada Con ios OS caracteres compulsivos e esta int aa Nuciosidade, tendéncia $ Outros que mencionamos. Pedantismo, i Pulsiva e econo, i a 0 mage anal S reativas grandes ¢ as CO} ‘anto mi E padrio com um crit CAUSA, ja podem ser asse (TAG ividuo, a pre que ; angtistia. Se Iho de um ind outro lado, ele de trabalho, pois neidade na tet publico, pratica de Mia, toga Temoer pensamentos de maneira Em ger. ie Provém de uma tinica fonte pulsion for al, representam os derivados diretos das contra S A - "ra as tendéncias da infancia prevalecentes du" 202 dos esfineteres. Na medida almente bem-su- posta 4 dos que 2em do controle tivas nao tiverem sido tot natureza completamente OPost na parte inerente do carater compul- eles representam irrup¢ das ten- jifestagoes de extremo desleixo, in- capacidace de poupar dinheira, pensamentos detlhados, apenas ee tro de limites circunscritos, 5e acrescenGurmos a forte paixao ie) Co! es Cionar coisas, EnLIO O CONjUNOG dos derivados erdtico-anais no catater oeeeempleto. Embora possamos facilmente apreender a ligagao qua- litativa entre esses tragos € o interesse nas funcdes de evacuacao, a li- de pensamentos e o erotismo anal gagio entre o remoer compulsivo ¢ nao é clara. Apesar de encontrarmos sempre ponderagées acerca do lugar de onde vém os bebés, a transformagao do interesse pela defe- telo numa determinada maneira de pensar, cuja existéncia € indis- cutivel, parece estar sujeita a leis desconhecidas. Os estudos de Abra- ham, Jones, Ophuijsen e outros, baseados no primeiro trabalho de Freud sobre esse assunto, proporcionam a mais completa orientagao nesse campo. Vamos mencionar resumidamente alguns outros tragos de carater que provém dos impulsos nao anais mas sadicos especificamente re- lativos a essa fase. O carater compulsivo revela sempre uma acentua- da inclinacdo para reacées de piedade e sentimentos de culpa. Nao se trata, € claro, de uma refutacao do fato de que seus outros tragos nao so exatamente agradaveis aos que convivem com ele. Em seu senso de ordem exagerado, em seu pedantismo etc., sua hostilidade e agressio muitas vezes obtém uma satisfagao imediata. Em conformi- dade com a fixagao do car4ter compulsivo na fase sadico-anal do de- senvolvimento da libido, encontramos nesses tracgos todas as for- macdes reativas contra as tendéncias contrarias originais. Contudo, devemos salientar que sO se justifica falar em carater compulsivo quando esta presente o conjunto completo desses tragos — nao quan- do alguém é apenas pedante e nao revela nenhum dos outros tragos de carater compulsivo. Assim, seria incorreto falar de uma neurose compulsiva quando um carater histério € metédico ou apresenta pen- samento ruminativo. eee pace carater que mencionamos até agora sejam ae ae s le trans! lormacoes diretas de certas pulsdes Parciais, ha ase SiS que ‘demonstram uma estrutura mais complicada emcees hee vma série de forcas que interagem. Entre essas ter compulsive do, a hivida e a desconfianga. Externamente, 0 cara- le para a tevel a forte reserva e autodominio, ele tem ma vonta- ‘om os afetos, do mesmo modo que € acentuadamente in: te 0 periodo de aprendi as formagoes Te existem tragos de ji discutimos, que constituent Un L termos mais CONCTEIOS, originals. Eatio temos mat em que cedidas, sivo, E1 déncias 203 cessivel a eles. Em geral, mostra-se pouco alterado manifestagdes de amor ou de édio. Em alguns casos, isso Suas senvolver num completo bloqueio de dfetos. PO Pode se de. Esses tiltimos tragos ja s40 mais uma questio de forma contetido, e m nos levam ao nosso tema atual: a dina economia do carater, A reserva ¢ a mancira metddies pensamento, a0 ado da inde >, t@m, na realidade, uma rela finida com ele e constituem © ponto de partida para nossa andi de, forma do cariter. Nao podem, como no caso dos tragos de buidos de um contetido especifico, provir diretamente de dividuais. Mais precisamente, esses tracos dao a pessoa sua qualids particular. Em andlise, constituem 0 elemento central da resistencia er, bem como a tendéncia de evitar 0 término de uma situag “ incluindo © tratamento analitico. Aprendemos a partir da experignes clinica que os tragos de divida, desconfianga etc. atuam como i resisténcia na andlise e ndo podem ser eliminados até que o acentua. do bloqueio de afetos se tenha rompido. Dai que isso merega nossa atencao especial. Limitaremos nossa discussao Aqueles fendmenos que estéo expressos como forma, especialmente considerando 0 fato de que os outros tragos sao bem conhecidos. Essa investigacio é ter- ritorio novo. Para comeg¢ar, precisamos refrescar a meméria acerca do que se conhece sobre o desenvolvimento da libido do carater compulsivo. Historicamente, temos uma fixac¢do central na fase sddico-anal, isto é, no segundo ou terceiro ano de vida. Devido aos préprios tragos de carater particulares da mae, a aprendizagem do controle de esfincte- res € iniciada cedo demais, o que leva a poderosas formagées reativas — por exemplo, extremo autocontrole, até mesmo na mais tenra ida- de. Com a rigida aprendizagem da higiene, desenvolve-se uma pode- rosa obstinacdo anal, que mobiliza os impulsos sadicos para sé forta- lecer. Na neurose compulsiva tipica, o desenvolvimento continua ale a fase falica, isto é, a genitalidade é ativada. Contudo, devido em pr te as inibicdes previamente desenvolvidas e em parte a atitude ante Sexual dos pais, ela é logo abandonada. O grau de desenvolvimen da genitalidade depende do desenvolvimento prévio da analidads do sadismo na forma de agressao a zer que uma crianga do sexo m: ee de c stracdo — isto é, ela os recalcard - wn tidale Raene mais agressiva for sua constitui 7 “ : mentos de cul ar exten sas forem as nibigde: de ee a fase. Eis por P los periodos anteriores que influem so nitalidal® gue, na neurose compulsiva, a repressao da tal é tipic ; gen rece” mente seguida por uma regressio a fase imediatame” 204 € Morno ¢ Se la Cardter im, Pulsdes in. dente de interesse pelas fezes de agressao. Dai em diante, iste) é, durante o chamado “periodo de laténcia" ~ que € especialmente or nunciado no cariter compulsivo ~, as formagoes reativas anais ae i- cas tornam-se em geral mais INLENSAS C moldam o carater de uma for- m ona erianca chega a pubercade ~ fase em que & exposta as s poderosas: pressoes da maturagao fisica —, tera de repetir breve- sem obter a realizagéo das exigéncias da uraga do carter for forte. Em geral, no co- sadismo contra as mulheres (fantasia de bater ¢ violentar etc.), acompanhados por sentimentos de debilida de afetiva e de inferioridade. Esses sentimentos induzem o jovem a compensagdes narcisicas na forma de empenhos éticos e estéticos fortemente acentuados. As fixacdes na posigdo anal € sadica sao for- talecidas ou regressivamente reativadas, depois de um avanco breve, quase sempre infrutifero, em relacao a atividade genital, o que provo- ca aperfeigoamentos adicionais das formagdes reativas corresponden- tes. Como resultado desses processos em profundidade, o periodo puberal e pds-puberal do carater compulsivo avan¢a de maneira tipi- ca, dai sermos capazes de tirar conclusées definidas a posteriori acer- ca desse periodo. Ha, acima de tudo, um impedimento progressivo do desenvolvimento da capacidade emocional, que as vezes imprime sobre a pessoa comum uma marca de “ajustamento” social especial- mente bom. Talvez ela propria se sinta “bem-adaptada”, como de fa- to, em certo sentido, o é. Contudo, simultaneamente com o bloqueio de afetos, ha um sentimento de desolagao interior e um desejo inten- so “de comecar uma nova vida”, que em geral ela tenta realizar pelos meios mais absurdos. Um paciente desse tipo construiu um sistema complicado com o fim de lidar com suas pequenas e grandes tarefas. Ele precisava con- clui-las para poder iniciar uma vida nova num dia determinado; foi ao ponto até de calcular o segundo exato em que a nova vida comegaria a tomar forma. Como nunca era capaz de cumprir as condig6es pres- critas, tinha sempre de recomegar. Como o bloqueio afetivo representa um protétipo das pertur- bacoes do carater compulsivo manifestadas mais como uma “forma” do cardter do que como um “contetido” de um traco de carater, seria conveniente investigar esse fendmeno. Embora ele nos cause a im- Pressao de uma atitude passiva clo ego, nao é esse o caso absoluta- mente. Pelo contrério, em quase nenhuma outra formagao de carater ma mente © antigo Proceso, maturidade sexual, Se a Cot meco, ha violentos ataques de —_—__ criangts, © Petiodo de laténck iangas de povos primitivos, 1: Por repressao sexual. conforme observamos no desenvolvimento sexual de > & um fendmeno biol6gico, mas sociolégico, criado 205 a andlise mostra um tao intenso e 4vido traball evitado, e como? O meio tipico de recalque do carater cor que ¢ separar os afetos das idéias, muitas vezes permitindo as: impulsive é timas emergir na consciéncia sem interferéncia. Um Paciente de a po sonhava e pensava em incesto com a mie e até mesmo mee th pro violento; apesar d tado, Agu Clu: genital e sddica estava completamente ausente. Se tais pac ‘ent analisados sem que, ao mesmo tempo, se atente Para o bloques eo afetos, pode-se obter mais material inconsciente — as vezes Hi ‘mae mo uma fraca excitagdo -, mas nunca os afetos que corresponderis) as idéias. O que acontece com eles? Quando os sintomas existem, on afetos sao parcialmente absorvidos por eles; quando nao ha sintomas. sao principalmente absorvidos pelo proprio bloqueio de afetos, 4 prova dessa afirmagao fica logo evidente quando se consegue tomper 0 bloqueio por meio de isolamento e interpretacdo consistentes, Se isso for realizado, os afetos procurados reaparecem de modo esponti- neo, de inicio geralmente sob a forma de angistia. E digno de nota que, no comeco, s6 os impulsos agressivos se- jam liberados; os impulsos genitais aparecem muito mais tarde. As- sim, podemos dizer que a energia agressiva ligada compoe a camada externa da courac¢a do carater. O que a liga? A agressdo é ligada com a ajuda de energias erético-anais. O bloqueio de afetos representa um enorme espasmo do ego, que faz uso das condigdes espasmédicas so- miaticas. Todos os misculos do corpo, mas especialmente os do assoa- lho pélvico e da pelve, os miisculos dos ombros e da face (note-se fi- sionomia “dura”, quase uma mascara, dos caracteres compulsivos), estio num estado de hipertonia cr6nica’. Isso explica a inaptidao fisi- ca, @o comum no carater compulsivo. O ego tomou tendéncias de contencdo anal de camadas recalcadas e colocou-as em uso em seu proprio interesse, como meio de evitar impulsos sadicos. Embora a analidade e a agressdo sejam forgas paralelas no inconsciente, a anali- dade, isto é, a conten¢4o, age contra a agressao (e vice-versa) na fun- Ao de defesa. Assim, a n4o ser que derrubemos 0 bloqueio de afe- tos, também nao conseguiremos chegar as energias anais. Lembrem®: nos do paciente com bloqueio de afetos que, durante meses, P: ne a mao na braguilha das calcas trés vezes, antes de cada sessao, Sic quanto recitava trés vezes a citagdo de Gétz. Era como se quises eis zer: “Gostaria tanto de matar vocé, mas tenho de me controlar ~ 4 sim vocé sabe o que pode faze: lho de defesa, ° ose Begleiter” 2. Cf. a excelente apresentacao de Fenichel em: Uber organlibin Segano-bbr scheinungen der Triebabwehr” (Sobre as Manifestagées Complementares 928). dinais da Defesa Pulsional) Unternationalen Zeitschrift fiir Psychoanalyse, 1928)- 206 vo-feminino também evita a agressao com a ajuda de tendéncias anais, mas de mancira contriria a do carater compulsi- vo. No primeiro, a analidade atua na direcao original como um empe- nho da libido objetal; no segundo, manifesta-se na forma de conten- isto é, jd Como uma formagdo reativa. Portanto, no cardter senvolvido, a homossexualidade passiva tegoria do carater histérico) nao esta cada como no cara- O cariter pa ¢ao anal, compulsivo puramente de: (que certamente pertence a cal tio proxima da superficie nem € to pouco recal ter passivo-feminino. Como é possivel que a contengao anal no carater tenha ramifi- cagdes tio extensas, levando os pacientes que dela sofrem a se torna- rem maquinas vivas? Nao é apenas devido a formagao reativa anal. O sadismo ligado no bloqueio de afetos nao € somente seu objeto, mas também o meio que ele emprega para evitar a analidade. Assim, os in- teresses em fungdes anais sdo também evitados com a ajuda da energia agressiva. Todas as express6es vivas e afetivas despertam no inconscien- te as antigas excitagdes que nunca se resolveram. O resultado € uma angustia permanente de que acontega uma desgraca, de que alguma coisa possa impedir o restabelecimento do autodominio. Observamos que este é 0 ponto de partida para o esclarecimento do conflito infantil entre a preméncia de evacuar e a necessidade de reter as fezes, por medo de punicdo. E aprendemos pela experiéncia clinica que, se a anilise do bloqueio de afetos é feita corretamente, a irrupgao do confli- to central é obtida, e os investimentos correspondentes sao restituidos as posicOes antigas, o que equivale a dissolugdo da couraca. Por meio do bloqueio de afetos, chegamos também a ancoragem afetiva das primeiras identificagdes e do superego: a ordem de exer- cer controle, imposta originalmente pelo mundo externo sobre um ego rebelde, é obedecida. Mas essa obediéncia nao para ai; torna-se um modo de reacdo inflexivel e crénico. E isso s6 pode ser realizado com a ajuda das energias recalcadas do id. Investigagdes mais recentes na dinamica do bloqueio de afetos mostram que dois tipos de impulsos sadicos sao consumidos nele. Auavés da andlise sistematica da resisténcia, eles podem ser extraidos em formas separadas, absolutamente puras. Em geral, o sadismo anal, cujo objetivo é bater, pisar, esmagar etc., é liberado primeiro. Apos ter sido trabalhado e as fixacées anais terem sido afrouxadas, os im- Pees sidico-falicos movem-se cada vez mais para primeiro plano ee etc.). Isso quer dizer que a regressao é eliminada, e mone tho para © investimento da posicao falica esta aberto. Geral- ee ie momento, a angustia de castragio afetiva finalmente se eel 7 lem inicio a andlise dos recalques genitais. No carater pulsivo, a antiga fobia infantil reaparece muitas vezes nessa fase. 207 Por compulsivo cos, ao pas: © encontramos duas camadas de recal a camada externa é composta por im ae no os 9 que a camada mais profunda é ¢ DisOs anais falicos. Isso corresponde A inversao que e no " gressao: o: impul 98 que recebem uM novo inve timeme se mais proximos a superficie, enquanto os empenhos 2 enc bido objetal se encontram profundamente re Uc dos, “0 te camadas de posigdes pré-genitais. Ss relagde t que seria um scrio erro técnico, por meio de inter paciente afetivamente consciente das fracas manif Ntram. Ss revelam Prelacses, torar 6 ate ent lestagdes dos © nhos objetais genitais antes de se trabalharem as sobreposicée. red seria recebido friamente, aparado com diivida e desconfianca aon Em relagao a isso, temos de parar por um mom obre a ambivaléncia e a divida. Elas constituem os obstaculos mais sérios a andlise, se ndo conseguimos, desde 0 inicio, desemaranhar os diversos empenhos que contém emogées ambivalentes. A ambivalén- cia reflete um conflito entre dois potenciais simultaneamente Presen- tes: um para amar e outro para odiar a mesma pessoa; numa camada mais profunda, é uma inibicao dos empenhos libidinais e agressivos pelo medo de punigao existente. Se todas as manifestagdes forem analisadas ao mesmo tempo e de modo indiscriminado, a ambivalén- cia dificilmente sera dominada. E isso poderia facilmente levar al- guém a admitir que o homem € biologicamente, isto é, imutavelmen- te, ambivalente. Se, por outro lado, continuarmos em harmonia com as relacdes dinamicas e estruturais, em breve o Odio passara para pri- meiro plano e podera ser resolvido com relativa facilidade pela anili- se, abrindo assim o caminho 4 liberacdo dos empenhos libidinais. 0 melhor procedimento para realizar essa separagao dos empenbos am- bivalentes é analisar completamente a desconfianga atual logo no co- meco da anilise. on Na presente discussdo, tivemos de nos restringir aos tragos oun ciais do carater compulsivo, deixando de lado muitos aspectos s a arios. E 0 suficiente, se tivermos conseguido explicar a configura basica do carater. ento para refletir 3. O carater falico-narcisista 4 nece jdade se com difere™ ‘odo de e se resultou de A designagdo “carater falico-nare la neuro’ de definir formas de cardter que ficam entre aquelas da ne pulsiva e as da histeria. Elas apresentam tragos definidos aT nitidamente, tanto na maneira em que se originam come n0d0 qu se manifestarem, daquelas das outras duas formas, de 208 sta”, algumas vezes i WG ‘cisista_genital”, £0% citado de modo menos preciso COMO “C ee sgerital”y | i incorporado a terminologia psicanalitica ao longo dos @ Himos anos, descrieio desse tipo foi mostrtdt pelt primeira vez num trabalho ~ ite entio inedito — aprescntado a Sociedade Psicanalitica de Viena em outubro de 1920. : . © caniter filico-narcisista difere, até mesmo na aparéncia exter- na, do histerico ¢ do compulsivo, O compulsivo @ predominantemen- te inibido, reservado, depressivo; 0 histérico € nervoso, Agil, domina- do pelo medo, excéntrico. Por outro lado, 0 carater falico-narcisista U- pico & autoconfiante, algumas vezes arrogante, flexivel, enérgico € muilas vezes impressionante em seu comportamento. Quanto mais neurotico € © mecanismo interno, mais importunos sAo esses modos. de comportamento e mais espalhafatosamente eles sao exibidos. Fi camente, em geral o carater falico-narcisista € predominantemente um tipo atlético, quase nunca asténico e s6 em casos isolados picnico (na definicao de Kretschmer). Suas feigdes revelam geralmente linhas masculinas duras e marcadas. Contudo, muitas vezes, apesar de sua compleic¢ao atlética, podem apresentar feicdes femininas e de menina (a chamada “cara de bebé”), O comportamento cotidiano nunca € servil, como no caso do carater passivo-feminino; é geralmente arro- gante, ou friamente reservado ou desdenhosamente agressivo. E por vezes seu comportamento é “erigado”, como disse certa vez um re- presentante desse tipo. O elemento narcisico, em oposi¢ao ao ele- mento da libido objetal, distingue-se na atitude para com o objeto, in- cluindo 0 objeto amado, e é sempre infundido de caracteristicas sadi- cas mais ou menos disfarcadas. No dia-a-dia, o carater falico-narcisista geralmente enfrenta qual- quer ataque iminente com um ataque proprio. A agressdo em seu ca- rater se expressa menos naquilo que faz e diz do que na maneira co- mo age. Em especial, € considerado totalmente agressivo e provoca- dor por aqueles que nado controlam sua propria agressio. Os tipos mais marcantes tendem a alcancar posigdes de lideranga na vida e nao estao dispostos a se sujeitar A posigao de soldados rasos. Quando € esse O caso, como no exército ou em organizagdes hierarquicas se- melhantes, eles compensam a necessidade de ter de se subordinar dominando aqueles que lhes sao inferiores. Se sua vaidade é ofendi- da, reagem com frio desdém, acentuado mau humor ou agressio di- reta. Seu Narcisismo, em oposigao ao de outros tipos de carater, se a pepenetalnaa infantil, esim espalhafatosamente autoconfian- des ee ostensiva exibicdo de superioridade e dignidade, apesar tipos ae sua natureza ser ndo menos infantil do que a dos outros - “ma comparacdo de sua estrutura com, por exemplo, a de um justifica a distingao. O termo “carter filico-narc tern 209 carater compulsivo mostra com clareza a dife; mos pré-genital e falico. Nao obstante seu ir Proprios, algumas vezes estabelecem fortes relagdes com Pessoa: coisas do mundo, Nesse aspecto mostram uma s com 0 carater genital. Diferem deste, contudo, na as agoes demonstram uma tendéncia muito mais profunda e ampla para serem influenciadas por motivos irracionais. Esse tipo é enc trado mais freqtientemente entre atletas, pilotos, militares e engenhet 1 ros. Coragem agressiva € um dos tragos mais salientes de seu carter, sim como a prudéncia contemporizadora caracteriza © carater com, pulsivo e a fuga de situagdes perigosas, 0 cardter passivo-feminino, A coragem e combatividade do carater falico-narcisista tem, em opo: ¢ao ao carater genital, uma funcdo compensatéria e servem também para evitar impulsos contrarios. Isso ndo tem nenhuma importincia no que toca aos respectivos empreendimentos. A auséncia de formagées reativas contra seu comportamento abertamente agressivo e sddico distingue o carater falico-narcisista do compulsivo. Teremos de demonstrar que esse comportamento agres- sivo cumpre uma fungao de defesa. Por causa da livre agressio nos representantes relativamente ndo-neuroticos desse tipo, as atividades sociais sao fortes, impulsivas, enérgicas, relevantes e em geral produ- tivas. Quanto mais neurdtico é o carater, mais extravagantes e parciais parecem ser as atividades — embora elas nao sejam, de fato, tao extra- vagantes e parciais. Entre essas ag6es e a criagdo de sistemas parandi- cos, ficam as muitas variacdes desse tipo de carater. O comportamen- to do carater falico-narcisista difere do apresentado pelo compulsivo em sua demonstracéo de maior ousadia e de menor preocupacao com respeito a pormenores. Nos homens falico-narcisistas, a poténcia eretiva, em oposi¢ao 4 poténcia orgastica, € muito bem-desenvolvida. As relagGes com mu- lheres sao perturbadas pela atitude tipica de menosprezo para com 0 sexo feminino. Todavia, os representantes desse tipo de carater considerados objetos sexuais muito desejveis, por revelarem todas as marcas de auténtica masculinidade em sua aparéncia. Embora com renca entre Os narcigj resistivel interesse por si e grande semelhancg medida em que su- freqiiéncia muito menor, o carater falico-narcisista € encontrado tam bem entre as mulheres. As formas neuréticas caracterizam-se por ho- mossexualidade ativa e excitabilidade clitoriana, As formas genital: mente mais sauddveis caracterizam-se por enorme autoconfianga, qe se baseia no vigor fisico ou na beleza. Quase todas as formas de homossexualidade ativa masculina OU feminina, a maioria dos chamados “casos de insanidade moral”, 4 P- Tandia e as formas correlatas de esquizofrenia e, além disso, MUitos casos de eritrofobia e de homens com perversio sadica manifesta 210 pertencem ao tipo de cardater ta, Mulheres produtivas muitas vezes se enquadram nessa categoria. Voltemos agora nossa atengao para a estrutura e a génese desse carater. Antes de tudo, precisamos distinguir os impulsos que obtém. satisfagdo imediata no comportumento falico-narcisista dos que for- mam o aparelho de delesa narcisico, embora ambos estejam interliga- dos. Um aspecto tipico. ido pela analise @ uma boa identificagao entre 0 ego como um todo e€ o falo; no caso de mulheres falico-narci- , existe uni forte fantasia de ter um pénis. Além disso, esse ego € abertamente jactancioso. Na eritrofobia, esse impulso é recalcado e irrompe na forma de um sentimento intensamente neurdético de ver- gonha e rubor, Na base desses casos, e comum a eles, ha uma fixa- ¢do na fase do desenvolvimento infantil em que a posigdo sadico-anal acabou de ser abandonada, enquanto a posi¢ao da libido objetal ge- nital nado foi inteiramente atingida, sendo, portanto, governada pela concentracao orgulhosa e autoconfiante no proprio pénis. Essa expli- cacao nao conta toda a historia. O carater falico-narcisista caracteri: se nao sO por esse orgulho falico, mas ainda mais pelos motivos que o compelem a ficar preso a essa fase do desenvolvimento. Junto com o orgulho pelo falo real ou fantasiado, conforme o ca- so, ha uma forte agressao falica. Inconscientemente, o pénis, no caso do homem desse tipo, serve menos como instrumento de amor do que como instrumento de agressdo, descarregando vinganca sobre a mulher. Isso explica a forte poténcia eretiva caracteristica desse tipo, mas também a relativa incapacidade de experiéncia orgastica. Nas historias de infancia, as frustragdes mais profundas no amor s4o en- contradas com surpreendente regularidade — frustragdes exatamente com os objetos heterossexuais, isto €, com a mae, no caso dos meni- nos, € com o pai, no caso das meninas. E, na realidade, essas frus- tragdes sdo experimentadas no auge do empenho para conquistar o objeto pela exibi¢do falica. No caso dos representantes masculinos, a mae € muitas vezes o progenitor mais rigoroso; ou o pai morreu ain- da jovem ou nao casou com a mae e nunca esteve presente. A inibicgaéo do desenvolvimento ulterior do amor objetal genital na infancia, devida a uma profunda frustragao das atividades genitais e exibicionistas, no auge de seu desenvolvimento, causada pelo as- cendente ou tutor em quem os interesses genitais comegaram a se concentrar, resulta numa identificagdo com essa pessoa num nivel ge- nital. Os meninos, por exemplo, abandonam e introjetam o objeto fe- minino e mudam seus interesses para o pai (homossexualidade ativ: porque falica), A ma mantém como um objeto desejado, mas ape- nas com atitudes narcisicas e impulsos sadicos de vinganca. Repetida- mente tais homens procuram provar inconscientemente as mulheres 211 tempo, NO entanto, 0 ato sexual cons. ao) ou destrui¢gao: = mais superfich, ~ da mulher. Em mulheres falico-narcisistas a home (a castragao), durante o ato Seal : le faze-lo parecer Impc rtente fic m sendo) j-lo ou d incipal. Isso certamente ndo se opde 4 pr iter fortemente erdtico sobre 6 es. AO. mesmo o (perfur do i “ PaO aq genital conus Finganga BEC , eat tiva de tornde™ a tendene ea tent mente, «esse car’ Ba u sexual Exerc ie Pefentemente nos deparamos com uma inca. Fexo oposto. Por i880, 7 oligimica de se apegar a0 parceiro, a in. uroticamente Le a fuga passiva da possibilidade de ser dugio ativa de oe eared em que a sensibilidade narcisica per. abandonado. Em ora -ompensaca0, encontramos uma fraca potén. turba 0 mecanismo de vdmite, Quanto maior o disttrbio da poténcia, que 0 individuo gee ral Em tais casos, ha repentinas osci- mais instavel € @ ere °eonfianca viril para a de depressao pro- laydes da disposi ede mabalho também é seriamente perturbada. aad A ee cxibicionista e sadica serve ao mesmo tempo co- mo defesa contra tendéncias diametralmente opostas. O carater com- pulsivo, apds a frustracao genital, regressa a fase anterior de analida- de e desenvolve ai formagées reativas. O carater falico-narcisista per- manece na fase falica — na verdade, exagera suas manifestacoes -; mas faz isso com a intengdo de se proteger contra um retrocesso as fa- ses anal e passiva. No decurso da andlise desse carater, encontramos tendéncias anais e passivas cada vez mais fortes e concentradas, em- bora ao mesmo tempo rigorosamente evitadas. Contudo, essas ten- déncias nado constituem diretamente o carater. Este é, antes, determi- nado principalmente pela defesa contra essas tendéncias na forma de sadismo e exibicionismo falicos, defesa proveniente de um ego que se tomnou falico-narcisista. Ha aqui uma notavel diferenga entre cara- ter passivo-feminino e carter falico-narcisista. Enquanto o primeiro a : eee impulsos genitais com a ajuda da entrega Basia eears a a eu suas tendéncias anais € hone tas descreverem ese ca agress: 0 falica. Ouvimos muitas vezes aoe asin como 0 cacy a como anal e homossexual pass. Ms falico-sadico porque eee emninino ndo pode ser designado com também nao pode ser de esses impulsos, 0 carater falico-narc iste com €xito esses impulsos em a, como passivo-anal porque domi Por aquilo que evita, mas pela ne oP. O carater & determinado 940 sionais que 0 ego utilin eet Mancira como o faz e pelas forcas PU “ Ja para esse fim. Mo falico, be ae moral, homossexualidade ativa e sadis- “ Sta ete limadas desses tipos — por en 2102 > lefesa € bem-sucedida; as tendén sex pacidade net evitadas de homossexualidade anal e passiva sio apenas expressas 5s. Por outro lado, em casos de paranoia, as tendén- a forma de delirios, A eritrofobia esta estrei- Sarre hrelacion: forma parandica desse carter; 0 relato de rubor patologico é encont to, com freqiiéne 1 na anamnese da es- quizofrenia par noice Un paciente que sofre de critrofobia € vitima- do por unt irrupedo sintomiitica dt homossexualidade anal € passiva gvitacla, visto que desiste dat masturbacdo devido a profunda angustia de castragio. A estase sexual que se forma enfraquece a funcgao de defesa do ego e afeta a atividade vasomotora. Por outro lado, a ho- mossexualidade ativa, o sadismo falico e a insanidade moral tem uma forte defesa egdica, desde que haja uma efetiva satisfacao da libido. Se, por uma razio ou outra, se interrompe essa satisfacao durante al- gum tempo, a tendéncia anal e passiva também irrompe nesses casos, quer sintomatica quer abertamente. | Entre os caracteres falico-narcisistas sadicos, encontram-se muitas vezes viciados, especialmente alcodlatras. Nao s6 a homossexualidade evitada jaz na raiz desses vicios, mas também um outro trago especifi- co desse tipo de cardter, igualmente resultante de frustragao falica. Vamos tomar 0 caso masculino. Junto com a frustragao da exibicdo falica e da masturbacao provocada pela mie, ha uma identificacdo com ela. Isso tem um efeito provocador sobre a posi¢ao anal recente- mente abandonada e, em conseqiiéncia, sobre o comportamento pas- sivo-feminino, o que é logo compensado por uma acentuagao dos impulsos falico-exibicionistas e agressivos, isto é, masculinos. Contu- do, quando a identificagéo com a mulher tem lugar na fase falica, a mulher € fantasiada como tendo um pénis, e o pénis do individuo é associado ao seio%. Portanto, encontramos uma tendéncia para a fela- cdo passiva e ativa nas formas sexualmente ativas desse tipo de cara- ter, além de uma atitude maternal com relacdéo a homens jovens, no caso do homem, e a mulheres jovens e femininas, no caso da mulher. No alcoolismo, ha também uma regressao a posic¢do oral. Assim, os tracos tipicos do carater falico-narcisista estao apagados no alcodlatra. ___ No cardter falico-narcisista, as transigdes entre a forma saudavel libidinal objetal, por um lado, e as formas pré-genitais, acentuada- mente patoldgicas, de vicios e depressao crénica, por outro, sAo mui- to ‘als numerosas € variadas do que em outros tipos de carater. Na imines Bits Muito se fala acerca da afinidade entre 0 génio e o nemtayemae tudo, o tipo que se tem em mente nado é um produto pea t compulsivo nem do histérico nem do masoquista; Predominantemente do cardter falico-narcisista. A maioria dos em alguns exce cias evitadas irrompem ada com ——___ 3. Cf. os estudos de Bohm e Ladger da homossexualidade ativa. 213 assassinos sexuais dos tltimos anos pertencem a esse tipo de cars por exemplo, Haarmann e Kiirten. Devido a profundas fru: Carater, amoro: na infancia, estes homens realizaram mais tarde a ving’ falico-sidica sobre 0 objeto sexual. Landru, bem como Napolean ‘a Mussolini, pertencem ao carater_ So-narcisista, A combinacao, co com o sadismo fal do narcisismo fi , acompanhada pela compen; cdo de impulsos homossexuais anais € passivos, produz essas com tuigdes psiquicas mais fortemente carregadas de energia. Se esse tin ™~ a usar4 sua energia para esforgos ativos ou para o crime em larga esca, la, dependeri em primeiro lugar das possibilidade que o clima e a sj. tuagao sociais Ihe proporcionarem para empregar as energias de uma forma sublimada. Imediatamente a seguir, em importancia, esta o grau da satisfa- ‘io genital, que determina a quantidade de energia excedente que os impulsos destrutivos recebem e, por isso, 0 quao urgente € a necessi- dade de vinganga e que formas patogénicas esta assume. Ao contras- tar as condigdes sociais e de economia da libido, ndo queremos obs- curecer 0 fato de que a inibicdo da satisfagao depende também de fa- tores s6cio-familiares. Em termos de suas constituigdes, essas formas de carater produzem provavelmente uma quantidade de energia libi- dinal acima da média, possibilitando, assim, que a agressdo se torne tao mais intensa. O tratamento analitico do carater falico-narcisista € uma das tare- fas mais gratificantes. Uma vez que, nesses pacientes, a fase falica foi atingida inteiramente e a agressdo est4 relativamente livre, é mais facil estabelecer neles uma poténcia genital e social, assim que as dificul- dades iniciais tenham sido dominadas, do que em pacientes de outras formas de carater. A andlise sera sempre promissora se o analista con- seguir desmascarar as atitudes falico-narcisistas como formas de evitar os impulsos passivo-femininos, e eliminar a atitude inconsciente de vinganca para com 0 sexo oposto. Mas, se isso ndo acontecer, 0 pacien- te permanecer4 narcisicamente inacessivel. Sua resisténcia de carater consiste na depreciacdo agressiva do tratamento e do analista de uma forma mais ou menos disfargada, na usurpagdo narcisica do trabalho de interpretagao, na rejeic¢do e na evitagdo de qualquer impulso pass Vo € angustiante e, acima de tudo, da transferéncia positiva. A reat a ¢ao da angistia falica s6 é conseguida através do desma: ramento enérgico e consistente do mecanismo narcisico reativo. Os indicios de passividade e tendéncias homossexuais anais nao devem ser imedir tamente buscados em profundidade; de outro modo, a defesa narcist ca se fortalecera, em geral, até 0 ponto de completa inacessibilidade- 214 respondeu a questio de por que é que o fato de ser espancado cra acompanhado de prazer, ‘Todos os masoquistas declaram que © pra- zer esti runtasia de ser espancado ou a autoflagekagao real; que eles s6 conseguem sentir prizer ou obter excitagao sexual com a fantasia Longos anos de pesquisa de casos de masoquismo nao trouxe- ram nenhuma solugao, S6 quando comecei a duvicar da veracidade e exatidao das atirmagdes dos pacientes é que, por fim, um raio de lu rompeu a escuridao, Nao pude deixar de me surpreender, nao obs- tante os longos anos de trabalho analitico, com 0 quao pouco se nha aprendido a analisar a experiéncia masoquista do prazer em mesn stigando em profundidade a funcao do prazer no maso- quista, deparei-me repentinamente com um fato curioso que, de ini- cio, foi muito enigmatico, mas que ao mesmo tempo proporcionou um esclarecimento completo da economia sexual e, conseqientemen- te, da base especifica do masoquismo. O surpreendente, € ao mesmo tempo enigmitico, foi que a formula segundo a qual o masoquista sente 0 desprazer como prazer provou ser incorreta. Ao contrario, 0 mecanismo especifico de prazer do masoquista consiste exatamente em que, embora ele busque 0 prazer como qualquer outra pessoa, um mecanismo perturbador leva esse esforco ao fracasso. Isso, por sua vez, 0 induz a perceber sensacdes que sdo experimentadas como prazerosas pela pessoa normal, como desprazerosas quando excedem uma certa intensidade. O masoquista, longe de buscar 0 desprazer, demonstra forte intolerdncia a tensdes psiquicas e sofre uma super- producdo de desprazer em termos quantitativos, nao encontrada em qualquer outra neurose. ‘Ao discutir 0 problema do masoquismo, nao quero partir — como é costume — da perversdéo masoquista, mas de sua base de reagao no carater. Para ilustrar isso, utilizarei um paciente que esteve em anilise durante quase quatro anos. Seu caso proporcionou respostas a per- guntas que varios casos anteriores haviam deixado nao respondidas. Esses casos s6 foram compreendidos em retrospectiva a partir dos re- sultados deste, que serve aqui como exemplo. associado a © 2. O encouracamento do carater masoquista Muito poucos caracteres masoquistas desenvolvem uma TRE sdo masoquista, Dado que uma compreensio Se ae eee ve masoquista sO pode ser atingida através de uma compreen 0] deans reagdes de carater, procuraremos, em no Spies ae me geralmente seguido em toda psicandlise em que © anals 225 fz, com uma explicagao tedrica do caso, mas quer que o a primazia genital com potencia orgastica. ‘oda formagio do carater, como ja apontamos, realizg duas fungdes: primeiro, 0 encouragamento do ego contra © mundo extern e contra as exigéncias pull segundo, a funcdo econdmica, igi, é, o consumo da energia sex xcedente produzida Pela estase se. xual — basicamente, portanto, a ligagao da angustia que é continua. mente produzida. Se bem que isso 5 ido ‘Para toda formacao de carater, o modo pelo qual es: fungdes basicas sao relizadas pelo ego & especitico, isto é, difere conforme a natureza da neurose. Nesse processo, cada tipo de carater desenvolve seu proprio mecanismo, desneces: dizer que nado basta conhecer a fungdo basi ter do paciente (defesa e ligagdo da angtstia); € preciso aprender, no menor tempo possivel, de que maneira especifica 0 carAter realiza es- sa tarefa. Dado que o carater liga as partes essenciais da libido (ou angustia); dado que, além disso, temos de liberar esses elementos es- senciais da energia sexual de seu entrincheiramento cr6nico no cara- ter e canaliza-los para o aparelho genital e para o sistema de sublima- ¢40, penetramos — sob necessidade terapéutica e com a ajuda da ana- lise do carater — no elemento central da fungao do prazer. Vamos resumir os tra¢os relevantes do carater masoquista. Eles sao encontrados individualmente em todos os caracteres neuréticos e nao se distinguem em sua totalidade como um carater masoquista a nao ser no caso de todos convergirem e determinarem predominante- mente o tom fundamental da personalidade e suas reages tipicas. Um traco de carater masoquista tipico € um sentimento subjetivo cré- nico de sofrimento que se manifesta objetivamente e se distingue co- mo uma tendéncia para se queixar. Tracos adicionais do carater ma- soquista sao tendéncias crénicas de infligir dor a si proprio e de se au- to-depreciar (‘masoquismo moral”) e uma intensa paixdo por alor- mentiar Os Outros, com O que O masoquista ndo sofre menos que sev objeto. Comum a todos os caracteres masoquistas € um comporta- mento aldxico, desajeitado, especialmente prevalecente nos gestos ha- bituais e nas relagées com pessoas. Em alguns casos, esses tragos PO” dem se acentuar até assemelhar-se a uma pseudodeficiéncia mental. Ouvwos tracos de cardter estao algumas vezes presentes, mas nio ¢: sam qualquer mudanga notavel no quadro geral. O importante é que, em alguns Paciente a sindrome neurotict “SOS, ess de carater se apresenta abertamente, enquanto em outros se esconde atras de uma mascara superficial. le atitudes de caréter, a atitue Como acontece com tode masoquista reflete- jeto, m: out e ndo s6 no comportamento em relagdo a Ul ea também dentro do proprio masoquista. As atitudes ongin® m ob- 226 ira os Objetos sao também (e isto é freqiientemente ira os Objetos introjetados, para oO superego. O° depois foi internalizado, tem de ser exte- 1 analitica. O comportamento do pa- nsleréncia, repete 0 que foi adquiri- Em termos de historia genética, mo mecanismo também mente dirigidas pa importante) mantidas ps que de inicio era externo, © Cl riorizado de novo na transference ciente para com o atnalistt, nat do em relagio ao objeto na inkincia. € imelevante que, nesse meio-tempo, O- ME atuava dentro do e 7 O paciente cuja andlise seguiremos em seus: aspectos essenciais, sem entrir nos pormenores de sua doenga, comegou © tratamento com as seguintes queixas: era totalmente incapaz de trabalhar e social- mente apzitico desde os dezesseis anos. Na esfera sexual, havia uma grave perversio masoquista. Nunca se interessara por relagdes sexuais com garotas, mas se masturbava todas as noites, durante horas, na forma caracteristica da estrutura libidinal pré-genital. De brugos es- premia e apertava 0 pénis, enquanto imaginava que um homem ou uma mulher batia nele com um chicote. Em resumo, nao se mastur- bava da maneira normal, isto é, excitando 0 pénis por fricgdo regu- lar, mas amassando-o, apertando-o entre as coxas, esfregando-o en- tre as palmas das mdos etc. Quando sentia que estava prestes a eja- cular, detinha-se e esperava até que a excitagado abrandasse, para de- pois comegar de novo. Masturbava-se dessa maneira noite apds noite, muitas vezes também durante o dia, até que, por fim, completamente exausto, consentia uma ejaculagao na qual o s¢mem nao esguichava ritmicamente, apenas escorria. Depois disso sentia-se quebrado, ex- tremamente cansado, incapaz de fazer qualquer coisa, mal-humora- do, “masoquista”, atormentado. Era-lhe muito dificil se arrastar para fora da cama, de manha. Apesar de um esmagador sentimento de culpa, nado conseguia acabar com essa “vadiagem na cama”. Mais tar- de descreveu tudo como “pantano masoquista”. Quanto mais se re- belava, menos conseguia se livrar desse “estado de 4nimo masoquis- ta” e mais profundamente era subjugado por ele. Quando comegou a andlise, essa espécie de experiéncia sexual j4 durava anos. Os efeitos sobre sua personalidade e sobre sua vida emocional tinham sido de- vastadores, Minha primeira impressao foi a de um homem que mal conse- guia levar a vida adiante, mesmo empregando toda sua energia. Na verdade, fazia um esforgo tremendo para parecer bem-educado e ajustado, assumia uma postura nobre e falava de seus planos; queria ser matematico. Na andlise, essa ambigdo mostrou ser uma ilusao in- trincadamente elaborada, na qual ele se imagina vagando pelos bos- ques da Alemanha, durante anos a fio, cogitando um sistema matema- tico que pudesse calcular e modificar 0 mundo inteiro, A concha ex- 227 terna de sua personalidade se desfez muito cedo, na anilise, qua consegui explicar-lhe que ela servia como compensacao para? sentimento de completa inutilidade - sentimento intimamente telag u nado e continuamente reproduzido por sua experiéncia de masturhe. cdo como algo “sujo” € “ordinario”, Desde a infancia, © “maten . concebido como o homem puro ¢ assexuado, tivera a func cobrir o “homem da sordidez”. Nao € importante a nos que 0 paciente apresentasse todos os indicios de esquizofrenia incipien. te do tipo heberfrénico. Aqui importa apenas que a matemitica “Due ra” tinha a funcdo de erguer uma parede contra O sentimento “sujo” que ele alimentava contra si mesmo e que provinha do tipo anal de masturba¢ao. Ao abandonar seu comportamento sexual, a atitude masoquista apareceu em sua total magnitude. Cada sessao comecava com uma queixa, seguida de provocacdes abertamente infantis do tipo maso- quista. Se eu Ihe pedia para completar ou dar-me uma formulacao mais precisa de uma de suas comunicag6es, ele tentava reduzir meus esforcos ao absurdo, exclamando: “Nao, nao darei! Nao, nao dareil” Em relagdo a isso, revelou-se que, entre os 4 e 5 anos de idade, ele havia passado por uma fase de violenta teimosia, acompanhada por ataques de gritaria e pontapés. O incidente mais corriqueiro era sufi- ciente para provocar “ataques de gritaria”, que, como ele dizia, leva- vam os pais ao desespero, 4 impoténcia e a raiva. Tais ataques podiam continuar, durante dias, até o ponto de total exaust4o. Mais tarde, ele proprio foi capaz de identificar esse periodo de teimosia como 0 pre- cursor do masoquismo atual. As primeiras fantasias de apanhar surgi- ram quando tinha cerca de 7 anos. Antes de ir para a cama, nao 80 fanta iava que era deitado nos joelhos de alguém e surrado, como, muitas vezes, se trancava no banheiro e tentava chicotear-se. Uma ce- na de seu terceiro ano de vida, que s6 apareceu no segundo ano de analise, podia ser identificada como traumatizante. Ele estava brincan- do no jardim € sujou-se — como se depreendeu claramente de toda a paws Como havia convidados, o pai, gravemente psicopata € 5 ees aborrecido, levou-o para dentro de casa e an XO ¢ ene ae nino deitou-se imediatamente de barriga para? mi &sperou pelas palmadas com grande curiosidade, misturada 0 angustia. O pai deu-lhe uma grande sova, mas ele experimentou Uw sentimento de alivio — . co he mage Rekha ed q primeira que ele teve. uma experiéncia masoquista tipica, 4 P’ As palmadas tinha mene Palmadas tinham Ihe di: ocas ida lado prazer? A anilise esclareceu vel 1 ; ee Uvera medo de sofrer um dano bem maior pad ‘det Nara-se rapidamente de barriga para baixo para defende 228 seu 6rgio genital do pai”. As palmadas nas nédegas foram, portanto, recebidas Com uma tremenda sensagao de alivio; nao Ihe causaram ano, comparadas com o dano que cle esperava no pénis. As- s receios foram acalmados. Esse Mecanismo masoquistt basico deve ser ckaramente entendi- do para que se possi compreender oO masoquisme como um todo, Mas estamos antecipando 6 curso da andlise, porque isso 6 ficou cla- ro no segundo ano da anilise. Até entio, 0 tratamento se limitara a tentativa, de inicio sem sucesso, de dominar as reagdes masoquistas de teimosia do paciente. Ao descrever a maneira como se masturbava nos tltimos anos, 0 paciente dizia costumeiramente: “Era como se eu fosse virado das costas para a barriga com parafusos”. Primeiramente julguei que se tratasse de uma insinuagdo de sexualidade falica; s6 mais tarde reco- nheci que representava um movimento defensivo. O pénis tinha de ser protegido; era preferivel baterem-lbe nas nddegas do que sofrer qualquer dano no pénis! Esse mecanismo fundamental determinou também o papel da fantasia de apanhar. O que originalmente era um medo de puni¢do, tornou-se mais tarde o desejo masoquista. Em ou- tras palavras, a fantasia masoquista de apanhar constituia uma anteci- pacao de castigo mais severo. A formulagao de Alexander, de que o prazer sexual é negociado pela satisfagao da necessidade de puni¢ao, tem de ser também reinterpretada sob essa luz. Uma pessoa nao cas- tiga a si propria para aplacar ou “subornar” o superego, a fim de, en- tao, desfrutar o prazer livre de angistia. O masoquista chega 4 ativi- dade agradavel como qualquer outra pessoa, mas 0 medo de punigao interpoe-se. A autopunicao masoquista é a realizagao ndo do castigo temido, mas de um outro, substituto, mais suave. Assim, representa um tipo especial de defesa contra 0 castigo € a angustia. A entrega passivo-feminina 4 pessoa que castiga, tipica do carater masoquista, deve ser também entendida nesse contexto. Certa vez nosso paciente pds as nadegas 4 mostra para, como ele disse, apanhar, na verdade, esse desejo de apanhar era, de fato, o desejo de se dar como mulher (inteiramente de acordo com a interpretagdo freudiana da fantasia passiva de apanhar como © substituto de um desejo passivo-femini- no). O cardter passivo-feminino néo-masoquista realiza a fungio de evitar o perigo da castracdo através da pura entrega anal, Nao tem ne- cessidade da idéia masoquista ou da fantasia de apanhar para ajuda- lo a evitar a angtstia. ud em seu artigo “Das Okonomische 378) CO Problema Econdmico do Jevar a hipdtese do masoquismo pri- 19. Esse fendmeno foi ressaltado por Pre Problem des Masochismus” (Ges. Schr, vol. Vs P. Masoquismo", ESB, vol. XIX). Contudo, em vez. de mario, a investigacgao clinica leva 4 sua refutagao. 229 Essa discussio nos leva diretamente a questao de saber se ¢ de procurar desprazer. Contudo, vamos adiar essa questdo — : meiro, obter uma melhor fundamentagao para ela através da an Dri- er do masoquista. > paciente, um periodo de rancor infantil reativoy lise Em ne atamento analitico, de mancira completunente clara e aay UO tratamento analitico, de mane pletumente clara e desinihida fase da andlise que lidou com seus ataques de gritaria durou seis mee ses, mas tamben conseguiu eliminar por completo esse modo de r gir. Depois disso ele nao reapareceu mais ne: forma infantil. No ee meco, nao foi ficil levar o paciente a reativar as aces de tcimosia de sua infincia. A postura de matematico servia de defesa contra isso, ‘Afinal, um homem nobre, um génio matematico, nao fazia tais coisas, Porem, nio havia outra saida. Para desmascarar € eliminar essa cama. da do carater de defesa contra a angustia, era preciso reativa-la total- mente. Quando o paciente recorria a seu “nao, nao quero!”, eu tenta- va primeiro interpreta-lo, mas meus esforcos eram ignorados. Assim, comecei a imitar 0 paciente, isto €é, em seguida a cada interpretagdo de seu comportamento eu dizia um “nao, nao quero!”. Foi a propria situagdo analitica especifica que me levou a adotar essa medida. Eu nio teria ido tio longe de outro modo. Uma vez ele reagiu com um pontapé involuntario 4 minha persistente tentativa de reduzir sua re- sistencia ao absurdo. Aproveitei a oportunidade e disse-Ihe que libe- rasse seus movimentos completamente. De inicio ele nao conseguiu entender como é que alguém podia lhe pedir para fazer tal coisa. fim, ganhando cada vez mais coragem, comegou a revirar-se no diva, emitindo gritos de desafio emocionalmente carregados e berrando sons inarticulados, como um animal. Um ataque especialmente vio- lento ocorreu quando lhe disse que defendia 0 pai apenas para mas- carar o Odio enorme que sentia por ele. Também no hesitei em Ihe dizer que havia uma certa justificativa racional para seu 6dio. Entao, suas atitudes comecaram a se revestir de um carater assustador. Ber- rava de modo tao horrivel que os vizinhos tiveram medo. Nao podia- mos ficar intimidados com isso, pois sabiamos que essa era @ unica maneira de chegar a seus afetos profundos. Era a unica maneira de ele reexperimentar a neurose infantil de maneira completa € com OS afetos correspondentes — e nado apenas como uma recorclagto- Repo das vezes essa revivencia possibilitou-lhe obter uma compreensio ff eee Representava uma provocagao terrivel dos di os €, na transferéncia, a minha pessoa. Mas por que ele fazia P! cagoes? __, Outros pacientes masoquis lipico masoquista. O nosso fa bastante tempo para f: nO silénci? evel $ provocam o analista com ct zia-o na forma de rancor infant lao lo compreender 0 que ja havia ficado 230 muito cedo, ou seja, que essas provocagdes eram deixar severo e furioso. Mas isso era apenas O Sig- | de seu comportamento, Era necessario ir mais jara mim desde uivas para me nificado superficit fundo Contudo is procura a punica ! unto i um sen- timento de culpa com at forga motriz ¢ oO aleance de uma puls 0. Essa nido & considerada em geral uma ¢ plic WA para O significado as profundo dat provecigao masoquista, Na realidade, niio se trata, te maneint nenhuma, de uma questao de punicao, mas de induzir o analista OU SU Prototipo — 0 genitor — a uma agdo inadequada, em faze-lo agir de um modo que daria uma base racional a reprovacao: Veja como vocé esta me tratando mal”, Essa provocacao ao analista 6, de qualquer forma, uma das dificuldades principais da andlise do cariter masoquista. A ndo ser que a intengao mais profunda seja en- tendida, nao se consegue fazer nenhum progresso. Deve haver um significado no fato de o masoquista instigar 0 analista a fazer algo errado. O significado é: “Vocé € mau; ndo gosta de mim; pelo contrario, trata~me horrivelmente; tenho razdo em odiar voce”, A justificativa do édio e a diminuigdo do sentimento de culpa através desse mecanismo é apenas um processo intermedidrio. O principal problema do cardter masoquista nado é o sentimento de cul- pa ou a necessidade de punigdo, embora ambos sejam fatores em ca- da caso. Se o sentimento de culpa e a necessidade de punigao sao concebidos como manifestagdes de uma pulséo de morte bioldgica, entio, na realidade, 0 desmascaramento dessa racionalizagao do édio € provocacéo do objeto serdo considerados a explicagao final. Dado que esta nado € nossa opinido, devemos continuar a perguntar por que raz3o o masoquista tenta provar o erro de seu objeto. Genética e historicamente ha um profundo desapontamento no amor por tras da provocacao. O masoquista gosta particularmente de Provocar os objetos através dos quais sofreu desapontamento. De ini- cio, esses objetos eram muito amados; entéo, ou houve de fato um desapontamento ou o amor exigido pela crianga nao foi suficiente- oa satisfeito. Ja aqui € possivel notar que uma forte necessidade ta eee ene ° verdadeiro desapontamento sentido pelo carat- tem uma aaa ssa necessidade impede uma verdadeira satisfagdo e eon ome interna especifica, que dit cutiremos mais tarde. nio podia ar a) tempo, tendo o paciente compreendido que mas sua inten, a age seu comportamento permanecia O mesmo, Cou a gostar a a ra diferente. Ae 1 altura, aparentemente, come- sera cherie soltar na anilise. A atuagao (acting oud tornou- lapés e gritos inf Porque ele consumia a sessio inteira dando pon- s ntis. Foi entao possivel mostrar-Ihe que, de inicio, ) raramente é feito, porque se acredita que o ma- y como tal, enquanto satisfagdo de um sen- soquist 231 sua provocagao tinha aleangado fe} importante objetivo Secunda testar até que ponto ele podia se soltar, isto €, © quanto eu Suportars até retirar meu amor e atengao e€ recorrer a punicao. Ele se persuadi® de que nao precisava ter medo — podia continuar © quanto the agra dasse, sem ser punido, Ao conduzir-se continuamente de uma we desagradivel, neutralizava o medo de castigo; portanto, ser may cts uma fonte de prazer. Nao tinha nada a ver com 0 desejo de ser puni. do. Mesmo estando especialmente atento a isso, néo encontrej ne- nhuma evidéncia desse desejo. Todavia, paralelamente a esse comportamento, havia continuas queixas de seu terrivel estado, do pantano do qual nao era capaz de se libertar (e do qual eu nao o estava ajudando a sair). Seu modo de se masturbar continuava o mesmo e diariamente punha-o num estado de Animo “sdrdido”, que era regularmente descarregado em queixas, isto é, recriminagdes disfargadas. Mas nao era possivel um trabalho analitico concreto. Estava fora de questao proibir os atos de rancor; fazé-lo teria sido arriscar 0 sucesso futuro do tratamento. Por isso, co- mecei a espelhar seu comportamento. Quando abria a porta para o deixar entrar, ele ficava parado com uma expressdo taciturna, distorci- da pela dor, uma aparéncia miseravel. Comecei a imita-lo. Passei a fa- lar com ele em sua linguagem infantil. Também deitei-me no chao, e esperneei e gritei do mesmo modo que ele fazia. No principio, ficou atOnito, mas uma vez desatou a rir espontaneamente, muito adulto, nada neurotico. A ruptura tinha se efetuado, mas s6 por uns momen- tos. Continuei com essa conduta até que ele proprio comegou a anali- sar. Entdo estavamos aptos a continuar. Qual era o significado da provocacao? Era sua maneira de pedir amor, uma maneira peculiar de todos os caracteres masoquistas. Ele necessitava de provas de amor para reduzir a tensdo interna e a an- gistia. Essa exigéncia de amor estava diretamente relacionada com © grau de tensdo produzido por sua forma insatisfat6ria de masturbacao. Quanto mais “miseravel” se sentia, tanto mais fortemente manifestava masoquismo em seu comportamento, isto é, mais urgente se tornava a exigéncia de amor, que procurava satisfazer de todas as maneiras pos” siveis. Mas por que a exigéncia de amor era feita dessa maneira indi- rela e velada? Por que se defendia tao tenazmente contra todas 6 10° terpretagoes de seu afeto? Por que continuava a se queixar? _— ficadee as ucixs mostravam a seguinte estratificagao quanto #0 eo 9 espondente a génese do masoquismo; “Veja como sou feliz - ame-mor" “Vans ; é ea Me Zame-me!” “Voce nao me ama o suficiente — ¢ mesquinho Co 80!" “Vocé tem de me : A se nil anit, vou deixdlo i amar; vou forgé-lo a me amar, Se nado ME an cixa-lo irritado!” A paixdo masoquista pelo atormentat, as quer Xas, cacd ‘on ificado ~ 4 Provocacao € © sofrimento podem, em termos de significa 232 0 de discutiremos sua dindmica mais tarde -, ser explicados com bi ndo atendimento fantasiado ou real de uma exigéncia de amor quan- titativamente excessiva. Esse mecanismo € especifico do carater maso- quista, Nao é encontrado en qualquer outra forma de neurose, € Se isso acontece © aspecto Masoquislt correspondente no carater tam~- bém esti presente, . . ual & o significado da exigeneia excessiva de amor! A reposta € fornesidla pelt ancilise ca predisposigdo a angiistia, que se encontra sempre presente nos caracteres masoquistas. Ha uma correlagdo dire- ta entre a attitude masoquista e a exigéncia de amor, por um lado e, por outro, 2 tensio desagradivel e a predisposicdo a angistia (ou pe- igo de perda de amor). A primeira nao € antitética a predisposi¢éo a angtistia como fonte de reagdo masoquista, porque novamente é tipi- co do carter masoquista conter a ameaca de angistia exigindo amor. Tal como 0 queixar-se representa uma exigéncia de amor disfargada a provocacao uma tentativa desesperada de forgar o amor, a forma- ¢io global do carater masoquista representa uma tentativa malograda de se livrar da angtistia e do desprazer. £ malograda porque, por mais que tente, ele nunca se liberta da tensao interna que constante- mente ameaca se transformar em angtistia. Assim, 0 sentimento de so- frimento corresponde a um fato concreto, que é a excitagdo interna aguda e continua acompanbada da predisposicdo para a angtstia. Compreenderemos melhor essa situagio quando a compararmos com 0 bloqueio de afetos do carater neurético compulsivo. Nesse caso a ligacao da angistia foi levada a cabo com sucesso, com privacao da mobilidade psiquica. Mas a tensio interna foi completamente consu- mida por um mecanismo caracterolégico bem-funcionante. Nao ha in- quietacdo. Quando presente, a inquietacdo é uma falha ou, mais pre- cisamente, uma descompensagao da couraga do carater. O cardter masoquista procura conter a tensao interna e a ameaca de angtistia por um método inadequado, ou seja, atraindo amor através de provocacdo e desafio. Naturalmente, ha uma razdo especial para isso: essa maneira de expressar a necessidade de amor é especi- fica do carater masoquista. E malsucedida, porque o desafio e a pro- vocacao sao dirigidos 4 pessoa amada e de quem se exige amor. As- sim, 0 receio de perder 0 amor e a atencao aumentam, na mesma medida em que o sentimento de culpa que se pretende afastar nao € diminuido, e sim intensificado, porque a pessoa amada esta, na reali- dade, atormentada. Isso explica 0 comportamento extremamente pe- culiar do masoquista, que se torna tanto mais enredado na situagao de sofrimento quanto mais se empenha em se desembaragar dela Nao podia ser de outro modo, porque essas tentativas de ligar a an- gustia no carter esto condenadas desde o comego. 233 Individualmente, encontramos também essas atitudes caracteres; dizem respeito, de modo especifico, ao carter na apenas quando aparecem juntas. O que provoca es a be atitudes? mbi . Até aqui falamos da exigéncia excessiva de amor Por parte rater masoquista, Agora temos de acrescentar que essa exi a “ee amor se baseia num miedo de ser abandonado, experiments de samente bem no comego da vida. O carater masoquista no ee portar ficar sd, tal como nao pode suportar a possibilidade de = de uma relagaio de amor, O fato de os caracteres masoquistas ene zes estarem sds € atribuivel ao sucesso de um mecanismo secundatio incluido na atitude: “Veja como estou infeliz, s6 e abandonado’, Uma vez, quando discutia o relacionamento com a mie, nosso paciente exclamou com grande excitagdo: “Ser abandonado € morrer - o fim de minha vida"! Tenho ouvido muitas vezes esse sentimento expresso por outros caracteres masoquistas, variando apenas as palavras em- pregadas. O carater masoquista nao pode suportar a perda de um ob- jeto (apego masoquista ao objeto amado), do mesmo modo que nao pode despoja-lo de seu papel protetor. Nao pode suportar a perda de contato. Quando isso acontece, procura restabelecé-lo com seu modo inadequado, isto é, tentando captar a simpatia através da infelicidade. Muitos de tais caracteres sao bastante suscetiveis ao sentimento de es- tarem s6s.e abandonados no universo. Nao vemos razdo para inter- pretar esse sentimento no sentido de Rank, da angustia do Utero, mesmo que seja uma atitude comum. O fato é que em todo maso- quista, seja ele masoquista apenas no sentido moral ou no sentido abertamente erégeno, encontramos uma base especificamente ero ge- na para esse sentimento. Contudo, ao dizer isso, estamos antecipando a discussdo posterior da estrutura sexual do masoquista. a O fato de 0 erotismo cutaneo ter papel especial em masoquiss € conhecido de varios autores psicanaliticos (Sadger, Federn e oe tros). Eles tentaram, no entanto, considerar o erotismo cutaneo ca a base imediata da perversio masoquista, ao passO que a ante mostra que a pele assume esse papel especial de uma La aD complicada € sinuosa, apenas quando varios elementos de Ceicm tamento coincidem. $6 0 medo de ser abandonado se base ia com mente no medo que surge quando se perde o contato de pe ari pessoa amada. Vamos comegar procurando a sindrome que S 1 Outros SOUisty Macao de do ca. na com a pele dos masoquistas crégenos. Encontrames or pel uma forma ou de outra, um desejo de atividade que ea es gado ou pelo menos fantasias correspondentes: ser beliscado, | na pele a que fa com escovas, chicoteado, amarrado — qualquer coisa ° sangrar. As nadegas assumem aqui um papel importante, 234 ) resultado de uma fixagao anal. Comum a cs sentir o calor da pele — a intencao ore! nal no é um desejo de dor. O objetivo de ser chicotea te eer oo fre . antes, a dor é suportada por causa da queima¢ Another pot ° frieza tem um efcito repelente. Alguns masoquistas wa a Eo ponto de fantasiar que @ pele ext seme A “va: diagem na cami de nosso paciente pode ae a s dizer, as > de um desejo de calorna pele. Em termos da fisiologia da angustia, a contragao los vasos féricos aumenta a angustia (palidez, no caso de susto; sensa¢ frio, no estado de angtstia; arrepios provocados pelo medo etc.). Por pele quente, causada por um fluxo mais outro lado, a sensagao de ce, a ; xO Mi forte de sangue através dos vasos periféricos, é um atributo especifico determinada pela res- de prazer. Fisiologicamente, a tensdo interna é P tricao do fluxo sangtiineo. Por outro lado, o forte fluxo sangtiineo pe- la periferia do corpo alivia a tensdo interna e, em conseqiiéncia, a ba- se fisiologica da angistia. Do ponto de vista fisiologico, 0 efeito de diminuigdo do medo, atribuivel ao orgasmo, baseia-se essencialmente nesse processo, que representa uma modificacdo notavel na circula- cao do sangue, com a dilatagao dos vasos periféricos e a descarga de tensdo no centro (vasos esplancnicos). Nao é compreender por que raz4o 0 contato corporal com a pessoa amada tem 0 efeito de dissolver a angtstia. Com toda proba- bilidade, isso pode ser explicado pelo fato de, fisiologicamente, 0 ca- lor corporal, no sentido acima descrito, e a inervagao da periferia do corpo, na esperan¢a de protecdo maternal, dissolverem, ou pelo me- nos aliviarem, a tensdo interna”. Seguir-se-4 mais tarde uma discussio detalhada desses fato: Para o proposito da presente investigac4o, é suficiente saber que a vasodilatagao periférica, que alivia a tensdo interna e a angistia, repre- senta a base erégena do carater masoquista. Seu esforgo posterior para evitar a perda de contato é simplesmente a tradugdo psiquica de um processo fisiol6gico de inervacao. Ser abandonado no mundo significa ter frio e ficar desprotegido, isto 6, uma condicdo intoleravel de tensdo. Poder-se-ia levantar, a esse respeito, uma questo quanto ao pa- pel desempenhado pela fixacdo oral no masoquista. Com base no que conhecemos até aqui, nao podemos atribuir-lhe qualquer impor- ee ee esta sempre presente num grau importan- , s OS Caracteres com fixagdes pré-genitais. Nao pode maneira indireta, come ses empenhos & 0 desejo ¢ femon oi xtts 1245: A energia orgone descoberta em 1939 dé a explicagio para esse fenomeno: 0 alivio da angtstia da crianca pelo contato com o corpo da mae explica-se orgono-biofisicamente, pela expansio orgonotica do bio ende ! ament tema da crianga, que se es- para a mae, Ha um contato entre os campos orgonicos dos dois organismos. 235 aver davida dle que as exigenias orais contribuem de deravel para 0 ct ater In: vel < we exigencias de amor Mas a avidez oral no mé eS muito mas Provavelmente vultado. regressivo de um primeiro desapontamento com oe so segulido pelo medo de ser abandonado, do que primdaria da necessidade mas bi de amor. Varios casos Tey Claramente que a necessidade excessiva de amor provém te diferente. Aqui © medo de ser abandonado podi Modo Cong; T8SOquistae yttsa Claram, de uma a Ser rer fon. NONtady a fase de desenvolvimento na qual as agresses violentas @ a curios ee Sal infantil incipiente, diferentemente dos impulsos as orais, Sio fortemente frustrados pelo genitor ou tutor amado. o ra « US, 1 we de medo de punic¢do, que impede o avango para a genitalidade. éo resultado direto dessa contradi¢ao entre impulsos sexuais que no sio permitidos, mas até mesmo encorajados, e aqueles ameacades com castigo severo. Foi permitido a nosso paciente comer tanto quanto quisesse; na verdade, ele foi estimulado a comer. Foi-lhe per- mitido ficar na cama com sua mae, abraga-la, acaricid-la etc. Suas funcées intestinais foram muito bem-cuidadas. Contudo, quando co- mecou a explorar outras possibilidades de satisfagdo sexual, a ter in- teresse pelos Orgdos genitais da mae, a querer toca-la etc., entdo ex- perimentou a severidade total da autoridade dos pais. Na medida em que as exigéncias orais contribuem para 0 maso- quismo, elas sao responsaveis pelo humor depressivo, como acontece em outras formas de neurose. Com base no que se conhece atual- mente, a combinacgdo especial de erotismo cutaneo, analidade e me- do de ser abandonado, que procura resolugao através do contato cor poral € caracteristica especifica do masoquismo. Essa disposigao erégena € uma das causas essenciais da exigéncia excessiva de amor, que tem um matiz especifico de “aquega-me (proteja-me”). “Bata-me” € uma expressiéo do mesmo empenho, mas sua forma ja foi alterada, Podia parecer que o carater masoquista ie pone amor suficiente, desenvolvendo, por isso, uma necessica’ ‘40 forte de amor. Até certo ponto isso é verdade. Mas deve-s ae mente també: F ari erdade. ente também que sofreu sérias frustragdes amorosas. Na verdade Pa So muitas ve cessidade dissoci: ma s tem origem no mimo exagerado. Por sua Ve? ae de amor é 0 resultado do miasma que wsoql! do que ae educacional patriarcal, O caratet ee ele 6° ieee ha disposigao para o erotismo anal ou Ca pees Cidas sobre a wea combina 10 especifica de influéncias ee pa Sexual. Essa eae erégena da pele e sobre todo ome cardtet maroc PinACIO de influcneias determina especifery ences Poderemos erent: 56 depois de termos reconhecido ess vist MPreender os outros tragos de carater do masodi 236 ix’ eI lepreciagao icionismo jnibido € paixao pela autodep! 3. Exibi ous ‘agos carater Maso - Discutiremos ago alguns dos OUlTOS tnigos do car. iscutire at algun s tm e fcamente a estrulura SEXue a emanate a couraga caracterolOgica de ran: ta, relativos esp Levou cet cor, provoc mitie penett ponto a partir ( balho analitico. seo suficiente para nos per- 1e, acima de tudo, alcangar O comegou a tomar parte ativa no tra~ Passarei por alto sobre os achados, nesse coor nee muito importantes, que O mas oquismo, como todas as oe taza tona na andlise, por exemplo: a fantasia passiva Ce ap lesejo de se entregar analmente como mulher ao Edipo tipico; as reagoes de sentimento de culpa ado; a ambivaléncia etc. Elas nao sao es- werei apenas os tragos que, iderados pertinentes es- causas do distur- rede un ano ate que se afrouxd ira infane Fo, queinit CIC. Pa fase dit prime’ Jo qual o paciente ses, nhar, que oculta 0 de pai; 0 complexo de do édio recale: arater masoquista. Descre’ por sua combinagao especial, devem ser consi pecificamente ao masoquismo. Discutirei também as bio masoquista do mecanismo do prazer. Depois que a estrutura do carater do nosso paciente foi afrouxa- da, especialmente depois de terem sido eliminados o recalque do édio contra 0 pai e o medo em relacdo a ele, houve uma poderosa ir- rup¢do da genitalidade. Ele teve eregoes, parou com a masturbagao masoquista e comecou a sentir desejos genitais por uma mulher. A primeira tentativa de ter relagOes com uma mulher foi um fracasso, mas levou a andlise de seu profundo amor pela mae, o qual tinha for- tes conotagoes anais. Na rapida melhora de seu estado, distinguiu-se provenientes pecificas do o seguinte: Sua aproximacao com mulheres era excepcionalmente forte, mas cle nao conseguia se libertar do sentimento de aperto e constrangi- ee sae Isso a ow uma desculpa continua para cle nto se senia bem -O estado de Sorcidee masoguista & S mesa en s rdidez masoquista € 0 mesmo came 2 ficar logo ee com Os motivos mais insignifi- eee sent a feu Idade, afastava-se da realidade com fantasias contato genital com a realidade e ripidas fugis paso mene chee durou oses, Eu sabi as “ugas para O masoquis css a ee bia que sua angtistia Aa ances Rese ee W a eeee ie ‘i Hilos resultados analiticos i erate as ean © paciente nao eee nogdes angustiantes eee entao que ele estava chei de S Sobre Os Orgaos genitais. Temos aqui ieuns qui alguns 237 cortado na extremidades a. Contudo, 4 discus: es ualquer alteragao em su : . 5 apos me ele comegava cada uma das se; MF queixa, EXPLESSA em tom masc quista, de que “ ar hae mente”. A transferéncia tinha de ser analisadg gado ineritjecortet desse trabalho se descobriu novo ae ti ment apentios anais passivos. Acima de tudo, descobriu-se aera ee tava imediatamente da mulher quando aparecia um rival. Nag oe dia se livrar da idéia de ter um pénis pequeno. Desenvolvia uma aa tude invejosa para com 0 rival, que logo era camuflada por um com. portamento passivo-feminino. Este € um mecanismo bem-conhecidy de consumir 0 medo em relagado ao pai. A andlise profunda dessas atitudes nao provocou nenhuma mudang¢a no sentimento de que con- tinuava um masoquista, apesar das melhoras externas. s primeiras tentativas de coito, em que foi potente mas perma- neceu insatisfeito, foram acompanhadas por uma fobia de sifilis. Um dia, mostrou-me 0 pénis e perguntou-me se uma pequena ulceragao nio era sinal de infecgao. Ficou claro imediatamente que sua atitude era um sinal de exibicionismo. A andlise levou entao diretamente ao esclarecimento de um aspecto importante do seu desenvolvimento genital. Quando crianga, ele atingira a fase genital apenas na forma de exibicao do pénis, um ato que foi imediata e rigorosamente proibi- do por sua mae. O desapontamento genital foi tanto pior porque The tinham permitido satisfazer as exibigoes anais conforme lhe agradass¢ na frente da mae, que se preocupava muito com suas fungoes de eva- cuac4o. Até os 10 anos, ela ainda o levava ao banheiro. Seu prazer em exibir as nadegas foi claramente a razio pela qual iniciou @ fase genital precisamente com a exibicao do pénis. A andlise revelou que as Primeiras tentativas de aproximacao genital com a mie foram ce corer eee a. As intengdes tinham sido logo recaleadas. € esultou em grave inibigao do comportamento Em suas t i entativas de ter relacdes s is rurou a Mey trar-se nu Am er relagGes sexuais, nunca se aVENINT. DA agis da andlise mente * Procurar uma ~ . nesst direcao Pe Profissdo e tornou-se fotografo. O primeire pa gas? tudo. Tamt oe de uma maquina com a qual fotografay aque genital para Adt vemos quao essencial € @ eliminagao 40 ee n5- grafo, pute @ Sublimacao. Hoje, ele se da bastante bem. con com Sua profissag, «pt? tempo, porém, nado sentia prazer inte", isso co u realmente ndo me sinto eu mesmo, e, quan isticamente infeliz”. si produzir quia semana @ Me i ulher ou permitiu que ela segurasse scU per desse elemento de sua neurose, comegou seritl através do exibicionismo, alque desse prazer € ve snital na infancia A introdugio 4 fase ge nital na infanct | posterior, pertence seguida imediatamente de grave frustrage venital die completa iniby : mn minha experiéncia, ao carater maso- especificamente, de aco) ee da, genitalidade através do, sadismo quista’l ass a a oaaciada a fixagao sadico-anal, especificamente wee eo Diversos tragos de carater tipicos que consu- 3 nett. oy comportamento inseguro ¢ desastrado do masoquista ea cop remontados a esses impulsos exibicionistas € $ a imediata peal Fd jo. Nosso paciente fez certa vez uma descri¢ao drastica dessa wndligio interna: “Sinto-me sempre como um Cae com gritos de vitoria e espada desembainhada, marcha a frente le suas Ops de repente, ao olhar para tras, descobre que ninguém o seguiu”. Um outro traco de carater esta ligado a esse sentimento, que sO de modo muito superficial esta relacionado com o sentimento de cul- pa. O carater masoquista nao pode tolerar elogios e tende para a auto- depreciacdo e a auto-humilhagao. Apesar de sua grande ambicao, nosso paciente nao suport cio do dl acordo con ava ser considerado um bom estudante na ‘ola. “Se tivesse continuado a ser um bom estudante, ter-me-ia ima- ginado nu diante de uma grande multidio com um pénis excitado”. Essa observacao, embora comentada de passagem — como € muitas vezes 0 caso em anilise -—, foi direto ao 4mago da questdo. Através da inibicdo e do recalque da exibicgdo genital, a base sobre a qual a su- blimacdo, a atividade e a autoconfianca se podem desenvolver mais tarde € corroida. Nos masoquistas, essa inibigao do exibicionismo po- de levar ao desenvolvimento de tragos completamente opostos. O ca- rater genital-narcisista se exibe de forma disfarcada (ver 0 caso da eri- trofobia). O carater masoquista utiliza uma formagao reativa oposta: uma paixdo pela autodepreciacdo para ndo se sobressair. Falta-lhe o elemento essencial da estrutura narcisica do carater genital: a capaci- dade de se sobressair. O carater masoquista, pelas razGes acima apresentadas, nao pode assumir um papel de lideranga, embora construa geralmente fantasias gloriosas de heroismo. Sua verdadeira natureza, seu ego, esta enraiza- do na passividade por causa da fixacdo anal. Além disso, como resul- tado da inibigdo do exibicionismo, seu ego desenvolveu uma forte in- clinacdo para a autodepreciagdo. Essa estrutura do ego opde-se e im- re a realizagao de um ego ideal falico-ativo®. O resultado disso é lovamente uma tensdo intoleravel, que serve como fonte adicional —___ 21. No que se refere a relagao entre masoquismo ¢ exibicionismo, ver 0 caso des- Grito por Fenichel em Perversionen, P sen, Caraki ungen (Perversdes, Psicoses ‘ sychosen, Caraklerstorungen (Perve € Problemas de C p. 39, ‘ 22. Ver o capitulo intitulado a “Feblidentifizierangen” (Falhas na identificacao), €m meu livro Der triebbafte Charakte arate Se eee ife Charakter (© Carater Impulsivo), Internationaler Psycho. 239 do sentimento de sofrimento € as im alimenta © processo mm. A imagem do oficial que lidera reflete esse ego ideal do Mas¢ ter vergonha, que € preciso ocultar, porque o ego aa aes e segue — no o pode seguir. Pas) . Ligado a isso, ha um outro trago de cardater freqiieny contrado no er masoquistt @ em criangas que tender quismo: sentir » esttipido, ou a contrapartida disso; agir ¢ estripido. Faz parte realmente da estrutura de cardter Masoquj plorar todas as inibigdes para se humilhar. Certa vez, um oun ex. ciente disse que nado podia suportar elogios porque se sentia ole bigio com as calgas abaixadas. Nao se deve subestimar a ee “ie que tém para 0 desenvolvimento genital da crianga a fixacao ane preocupagao com mostrar as nadegas. A vergonha anal é transportad, para a fase genital e se torna opressiva por meio de uma timidez pe- culiar. Para o masoquista, qualquer espécie de elogio representa uma provocacao das tendéncias exibicionistas. Qualquer que seja o fator pelo qual se sobressaia, isso Ihe provoca uma forte angistia. Dai ser- lhe necessario se humilhar para evitar a angustia. Isso, naturalmente, € uma razio nova para se sentir abandonado — 0 que provoca todo o complexo da necessidade de amor. “Tornar-se esttipido” ou “agir como se 0 fosse” também faz parte disso. Uma vez nosso paciente descreveu uma cena infantil na qual fingia ser estipido. “Quero alguma coisa que nao me é dada, depois fico zangado e ajo como estipido. Mas 0 quanto sou amado mesmo quando finjo ser esttipido? Se nado sou amado, entéo nao sou digno de ser amado e devo, portanto, ser realmente esttipido e feio”. Chegou o momento de responder a questao de por que 0 carter masoquista expressa sua exigéncia de amor de forma tao disfarcada, depor que é totalmente incapaz de mostrar ou exigir amor de modo direto. Um outro paciente, com fortes sentimentos de sofrimento ¢ uma tendéncia 4 queixa masoquista, tinha 0 habito de se mostrar ifr feliz sempre que queria conquistar uma mulher. Tinha um medo te vel de dar seu amor 4 mulher diretamente. Receava que €la © a Basse € zombasse dele ou o castigasse. Sofria do mesmo e% mo inibido de nosso paciente. : cer . interna, 3° nhac? isso junto produz um sentimento de ataxia intern, ae ote om freqiiéncia por uma dolorosa vergonha devido a ene wie xigit 3 Ra. A inibicdo da capacidade de demonstrar ou exigit 2! lemente en. > COMO Se fosse tamente ocasion: soa, § 3 3 fests i 7 ‘ a gundo noe ont Manifestacdes distorcidas € torna aa Por disso en pa fiente, “burocratica”, isto é, artificial e afeta jeital SO est O medo, s e pr Une e do, sempre pr rejeltne” ele disse. " nte, de ser desapontado OW Tn pe nis que mac ese: “Tenho de enfrentar a tarefa de introo > tem erecdo numa vagina que nao me é ofereck™* 240 de uma de- pistérico desenvolve angéstia ao inve ter compulsive manifesta odio € sen” 1 de amor: oO cara w demonsira e exige amor de 1, o carder masoqui ss de queixa, provocagao Ou mostrando infeli- riadas formas eslto- totalmente de acordo com lesses tipos: 0 carditer histérico. desenvolveu mas ela esta misturada com O medo; 0 pulsivo substituiu: Sua genitalidade pelo sadismo falico; 0 hegou 2 genitalidace pelo exibicionismo, depois acao distorcida de amor. ‘Todas was origens ¢ Tckade por completo, cidade is respect genital jer com er MAsO Uist C ‘ agora persiste na manifest sua ca cant pecallcouro © excitacao sexual como algo 4. Percepcao do aumento da ifica do carater masoquista desagradavel: a base especi a tem um distarbio genital, de uma forma tase sexual e assim fornece 4 neurose uista revela sempre um tipo es~ Toda estrutura neurdtic: ou de outra, que provoca a est sua fonte de energia. O carater masoq' pecifico de distarbio da fungao genital. E, a menos que ele esteja evi- dente desde o principio, nao aparecera até que se tenha eliminado amplamente @ impoténcia ou a anestesia. Isso explica por que a per- turbacao foi totalmente dei ada de lado no passado. Vamos agora tentar retomar a discusséo no ponto cm que a deixamos. Estabelece- mos que © carater masoquista gera uma quantidade excessiva de des- prazeres, € que isso proporciona uma base real para seu sentimento de sofrimento. Observamos que 0 aparelho psiquico esta sempre ten- tando dominar essa tensao e predisposicao para a angiistia de manei- ra inadequada. Na tentativa de conter a angustia, o carater masoquista mergulha cada vez mais na tensdo e no desprazer, fortalecendo assim a predisposic¢ao para a angtistia. Aprendemos, ademais, que exata- mente essa incapacidade para conter a angtistia de maneira adequada brimos que‘a é especifico do carter masoquista. Além disso, desco- eee een ° aes masoquista acha que receia é Poderia una ue para aquela que ele realmente teme. sentiu quando tinha pene le medo, como a que nosso paciente le ser surrade? Nao Eee provocar a fixagdo masoquista da fantasia inconscientemente, a exi posi para ele abandonar por completo, ais que ele act ee ea sexual que provocou a pu- eal psolutamente Peep e 10s tips de carater fazem isso.) Nao ea © masoquista Para se livrar ‘ly ee, descobrir um meio especifica- , um outro elemento Co es situacgdo de punicgdo. Devia haver, elementos) que, acrescentado aos que ja conhecem er 10S, fosse especifi R » fosse especifica Oquista como um omen responsavel pelo mecanismo mi he a 241 Esse mecanismo so pode ser tragado depois que do levado a fase genital, isto é, quando seus ressuscitam OU SC desenvolvem pela primeira vez, nova dificuldade: ele passa a desenvolver fortes desejc momentaneamente climinam muito de sua atitude mas do, quando em sua primeira tentativa de relage E ta desprazer, CM VC7 de pr azer, € uma ver mais devolvido masoquiste” da pré-genitalidade anal e s Adomasoquista, Foram nes sitios muitos anos para se resolver esse enigma e€ se compreeng, que a sincurabilidade do masoquista que nao quer desistir do sey ey frimento” deve ser atribuida a nosso conhecimento muito imperfe : de seu aparelho sexual. Teria sido impossivel encontrar uma res; ae se tivéssemos aderido a teoria de que 0 masoquista esta fixado a frimento por causa de sentimento de culpa recalcado ou de uma he cessidade de punigao, supostamente a manifestagao de uma pulsig de morte. Essas descobertas néo pretendem negar o fato de as autopu- nicdes serem capazes de aliviar a consciéncia. Para nés, importa ape- nas a validade de nossas formulagées clinicas. O alivio de sentimen- tos de culpa através de punigdes afeta nao o nticleo, e sim a superfi- cie da personalidade. Tais sofrimentos “expiatorios” podem ser total- mente eliminados sem provocar o término de um processo neurdtico: raramente aparecem e, além disso, constituem um sintoma, e nao a causa de uma neurose. Por outro lado, o conflito entre desejo sexual e medo de punicao é central em toda neurose. Nao ha processo neu- rotico sem esse conflito. A atual valorizacdo psicanalitica da necesst dade de punicdo levou a uma modificagdo enganosa da teoria analiti- ca de neurose, teve um efeito negativo sobre a teoria da terapia, obs- cureceu os problemas da profilaxia da neurose e ocultou a etiologit sexual e social da neurose. . ; O carater masoquista baseia-se numa atitude espastica muito Pe culiar, que controla nado apenas seu aparelho psiquico mas, primer” mente € acima de tudo, o aparelho genital. Inibe imediatamente mw tes aaa de prazer e transforma-a em desprazer. ee mane menaaaree na € a base das reagdes de carter uae completamente gate’ © aumenta. Nao interessa at quista, 86 ie isemos o signi icado ea origem e o penetrar nd pk mes obter um efeito terapeutico 0 a face estabelecre m dessa atitude espastica, Sem is iy entrega total na ex pote n orgastica do paciente, oes a experiéncia genital, pois s6 a poténcia org noss? eliminar a f s onte erna 2 6 emos Pacicnie nie interna de desprazer e ang! volte SOrdide, 242 \o, + Ve — stentou uma rekigae sexual pela primeira vez, teve, © Maa naa OusoU movimentr O Penis M4 vagina. barago ou a falta de Quando ele Havant CFECAOs vericl ey sINOS que fosse devide ao en No principio POG rato nvatis tarde: descobyrimes & verdadeira raZa0. Co ee razer intensificado. Fo, curtamente, umn COMporta= ravers miedo dO tenures sempre esse medo Nt GUE da perturba- Saicte nnulheres frigickis. Nos Masoquistas, todavia, cle tem leo, teremos de voltar ao material jal, Para compreend ysso_ paciente tinha tido diversas relagoes sexuais, qumentGintm consideravelmente sua autoconfian¢a genital, reve- e que sentia menos prazer durante a relacao sexual do que du- a masturbagao masoquista. Apesar disso, ele conseguiu formar ito vivido da sensagao de sensualidade genital, € isso deu Iso poderoso ao tratamento. A fraca experiéncia genital do um ponto critico, porque 56 se pode erradicar o prazer belecimento do prazer genital, naturalmente mais © ato sexual ndo era certamen- analilico. Depois que nm que Jou-s ante um conc um impu paciente era pré-genital pelo estal Preaso, A auséncia de prazer durante te encorajadora para 0 desenvolvimento da genitalidade. Tentativas posteriores de coito revelaram um novo distarbio. O penis ficava mo- je durante 0 ato. Era apenas angustia de castragao Ou mais do que is- so? Anilises posteriores de suas idéias de castragao nao produziram qualquer alteragao em. seu estado. Finalmente mostrou-se que a con- tragdo da musculatura do assoalho pélvico antes da ejaculagao na masturbagao tinha um significado maior do que haviamos suposto de inicio. Resumirei O material infantil que mostra que, apesar da satisfa- cdo uretral e anal aparentemente livre e excessiva, O masoquista tem uma inibicdo e angtistia anais e uretrais derivadas da mais tenra in- fincia, que mais tarde sao tra sferidas para a fungao genital, criando a base fsiologica imediata para a excessiva produgao de desprazer. Pe oe < Ge aaa haciente desenvolveu um medo do Hr ee eo proprio vase santana lhe Provocava angtstia. Comegou por reter oi ae vos payee Ihe o que, por sua vez, provocou pee bes os movimentos do intestino, Nea SACRE a ea edo de evacuar nas calcas. Quando anos fora a grande a 7 fee a do pai. A cena inesquecivel aos 3 bem eae ae a isso: Quando o pai bate no filho, ha tam- = para as nadegas, a od ae a Pancadas tém de ser desvia- Xo processo educate de nia atingirem acidentalmente o pénis. medo bee no entanto, ele era eoatiaes Ree eee eae furpa no oe de barriga pee aeaIncTS ee pelo » LOdas essas coisas produzir: pudesse entrar uma ziram um estado espastico 243 . intestinos, do qual a crianga nao conseguia se liber. na bexiga € 708 Me geu A mae mais uM MOTIVE Para ficar especial. por sua nus movimentos- intestinais, crianco assim _uma nova -adicio. A mie estiava satisfeita e cuidava de sues) funcoes intesti- contradigao- > 0 pai the batia por isso, Dessa maneira, 0 complexo enquanto, i » predominantemente na Zona anal. Primeiramen- de Edipo ancoros Le adicional de que a bexiga e€ os intesti. te, deserve tat que, em resumo, a retencdo nao adiantaria a a aa i cle se tornaria novamente vitima da firia do pai, por. longo: acs estava para ser escarnecido por tais coisas, mesmo se ane SeranaS jimpuses e a si mesmo quaisquer restrigdes anais. As- oe aes 6 quadro tipico de uma situacao triste e miseravel, cujas is devem ser remontadas nao a fatores bioldgicos, e sim pura- mente sociolégicos. Nao devemos nos esquecer de mencionar que 0 pai gostava muito de beliscar os filhos nas nadegas e, entre outras coisas, tinha prazer em Ihes dizer que os “esfolaria vivos” se se com- portassem mal. | Assim, para comecar, 0 menino tinha um medo anal do pai, mis- turado com a fixagdo anal na mae € com O fato de bater em si mesmo (reflexo do medo de ser castigado ‘pelo pai). Ele encarava os movi- mentos de seus intestinos como algo que merecesse puni¢ado, devido ao alivio e a satisfacdo ligados a eles, e assim comegou a bater em si mesmo por medo de ser castigado pelo pai. E evidente que esse processo simples foi de muito maior importancia para a patologia do caso do que as identificagdes com o pai punidor e as atitudes masoquistas para com o superego anal nascente. Essas identifi- cagdes patologicas sdo elas proprias, naturalmente, formagdes neuréti- cas, essencialmente conseqiiéncias, e ndo causas, do nicleo da neu- Cee Encontramos, é obvio, todas as relagdes complicadas entre 0 coat eee mas nao Paramos a. Pelo contrario, nos dedica- masoquismo depen aye le decidir exatamente que fatores do tores dependiam dos em| ‘ eee concreto do pai e que fa- €m outros semelhantes. chep ei Aen cnet ee eee €ducacao merecem muito eguei a uma conclusao: nossos métodos . distribuimos muito mal nosey asst tO due em geral recebem, & 10S 984 a Alterna Oss Atencio, na medida em que conc” das pelos pais as criancas é ‘as € apenas 2% As ofensas graves infligt as. E por essa razdo que, até agora, niio conse tar, Isso, mente atenta a —__ mung 8 Reutone & undo extern que fn €80 € 0 superey ue 0 prazer w Provocada pel . stra made pelo conflito entre um ego que procura prizer © un 80. O superego rete a nos do exo; & alimentada pelo conflito entre infant Skul alguna ae ailsey poder com base na experiencia repetida ¢¢ ase a dey e merece cas ess 244 la Sociedade guimos utilizar descobertas Psicanialitic familiar e patriarcal. Essa situacao de conflito infantil — es atitude contraditoria dos pais do paciente foi responsavel ndo s6 pela entrega femini lo sentimento de wuz e de impoténcia, s tarde, sempre que o p; ciente entrava em conto, com um homem adulto, sentia-se impoten- te. Por medo, retirava imediatamente seu investimento da zona geni- tal e tornava-se anal-passivo — e isso se expressava como admira por esses homens. E pos: vel agora tirar as Seguintes conclusdes: 0 treinamento ha- bitual dos esfincteres (demasiado cedo e severo) leva © prazer anal a ter precedéncia sobre outras formas e faz a libido fixar-se nessa fase. A idéia de apanhar, relacionada com a analidade, € definitivamente desprovida de prazer e, no come¢o, carregada de angistia. Assim, ndo € 0 desprazer de apanhar que se torna agradavel. £ 0 medo de apanhar que impede a sensacdo de prazer. Com o decorrer do desen- volvimento, esse medo € transferido para a zona genital. Mesmo depois de ter entrado na adolescéncia, nosso paciente muitas vezes ainda dormia com a mae no leito conjugal. Ao 16 anos desenvolveu a fobia de que a mae poderia ficar gravida dele. A proxi- midade fisica dela e seu calor tinham um efeito muito estimulante em sua masturbag4o. A ejaculacdo tinha o significado de urinar na mae; nem poderia ter outro, tendo em vista seu desenvolvimento anterior. Se a mae desse a luz um filho, este constituiria o corpus delicti do seu incesto uretral. Seria de recear um castigo severo. Entio comecou a reter 0 sémen e, ao mesmo tempo, a ter fantasias masoquistas vividas. A doenca decisiva comegou nesse periodo. O desempenho escolar deteriorou-se nitidamente. Depois de uma tentativa breve e sem éxito de se restabelecer através da “auto-andlise”, surgiu uma debilidade Psiquica, juntamente com a masturbac¢4o anal-masoquista prolongada todas as noites. A derrocada final foi ocasionada por uma neurose atual grave, que culminou num estado de tensdo continua, ins6nia e dores de ca- beca do tipo enxaqueca. Nessa altura, 0 adolescente inibido sofria de um forte acamulo de libido genital. Estava apaixonado por a Les vem, mas receava se aproximar dela. Tinha medo de asfixid-la ao OS Bases intestinais) — pensamento que o enchia de vergonha | cela guia qualquer garota a distincia, fantasiando vivamente que ele € a “esfregavam as barrigas”. Isso naturalmente resultaria numa aaa que os denunciaria. O medo de ser rejeitado por suas ia Say HE anais teve também efeito decisivo, Vemos aqui um destino Puber So. Pico: inibigao da primazia genital devido, parcialmente, a barreiras 245 PAS Para uma critic educagao encialmente resultado da Para com sua analidade — Va pai, mas também Pp is e, parcialmente, a fix agdes neurOticas causads a estrutur: xual devido ao treinamento de esfing maneira inadequada. De inicio, além da tensao genital, havia também a tensa da pelo desejo continuamente reprimido de evacuar a paciente nao se permitia alivio genital, SO aos 17 ANOS teve g gjaculagdo, com a ajuda de fantas prolongadas de ser es neurose atual abrandou-se depois disso, ma i experiencitda de maneira traumatizante. Com medo de Su o paciente saltou durante a ejaculagdo, agarrou o penico ¢ ficou j consolivel pelo fato de algum sémen se ter espalhado na cama. a ie Quando comegou a estabelecer sua genitalidade durante o trat mento, ele teve grande dificuldade em manter a eregdo durante on exual. Nessa fase genital, a masturbacao foi iniciada com uma libide falica e masculina normal; contudo, logo que o prazer comecou a ay. mentar, as fantasias masoquistas apareceram. A anilise dessa mudan. ca sabita da genitalidade para 0 masoquismo, durante o ato sexual, levou aos seguintes fatos: enquanto a sensacao de prazer fosse fraca, a fantasia genital permanecia, porém, assim que 0 prazer comecava a aumentar, quando, segundo o paciente, aquela “sensacao de derreti- mento” passava a tomar conta dele, ficava com medo; sua pelve se tornava espastica, em vez de relaxada, € transformava © prazer em desprazer. Descreveu precisamente como sentia © “derretimento” aquela sensac¢do em geral orgasticamente agradavel era experienciada como desagradavel ou, mais especificamente, como uma sensaga0 de angustia; tinha receio de que o pénis se dissolvesse. Esse sentiment poderia fazer com que a pele do pénis se desmanchasse; © pénis po- dia se arrebentar se continuasse a aumentar (como € normal no a sexual). Tinha a sensagao de que o pénis era um saco cheio de a do, prestes a estourar. Aqui temos a prova incontestavel de ae masoquistas, nao € 0 desprazer que se torna prazer, aa orto cai! o contrario: por meio de um mecanismo que € especi ico cemed masoquista, todo prazer que aumenta para além de uma aa ‘alent é inibido e transformado em desprazer. E também ae 2 pele do que 0 paciente concebia a castragao como algo refere! Fintna CO2 pénis: “Na relacdo sexual, eu fico tao quente como uma gi da da qual se pode tirar a pele”. . a © medo poner presente de punigao faz con’ ores de pat “derretimento” devido ao calor, que acompanha ° aspen cal em diregdo ao climax, seja considerada a real CHO ta mune s a trofe do pénis. Isso inibe o curso da excitagao ¢ rete a causi 7 cao desagradavel, puramente fisioldgica, que chega sinte manel Podemos resumir as trés fases desse processo da segu” Hagan fj ra cama, jo ee IAA empenhando pelo prazet’s do’ — este & 0 Castigo receado”; > para salvar meu pénis”. sderrete Miho de reprimir essit Sens aqui uma objegdo: a inibigae da sensagao de prazer angustia infintil, encontraese em todas as neuroses. Mains casos, cht clestrui completamente a genitali- est inibigdo nao pode constituir um fator espe ifico Por que entio nem todas as inibigoes do aumento A zer levam ao desenvolvimento do me- do pode ser rebatida da seguinte ma- oquisMo- la sensagado de pra Essa objec do mas jnvoluncurlo © eanismo mnisoquis meena duas possibilidades para uma tal inibigao da sensagao de pra- jer, Na primeira, a sensacao de prazer de “derretimento” € expenicn” ciada inicialmente sen? angtstia; mais tarde, a angustia sobrevem € impede que a exc 0 sexual se complete, mas 0 prazer é ainda sentido como prazer. Na segunda, a sensacao de prazer € a sensacao de desprazer correm lado a lado. Isso vale para qualquer inbigao nao- masoquista do orgasmo. Por outro lado, no masoquismo, a sensa¢ao prazerosa de derretimento que leva ao orgasmo € ela propria percebi- da como o mal esperado. A angustia, experienciada na zona anal co- mo resultado da realizagao do prazer anal, lanca as bases de uma ati- tude psiquica que faz com que 0 prazer genital posterior — significati- vamente mais intenso, € claro — seja sentido como sinal de dano e unicaod. p Temos, pois, 0 paradoxo de que, embora sempre se esforgando para ter uma sensa¢ao de prazer, 0 carater masoquista mergulha inva- riavelmente numa sensagdo de desprazer. Tem-se a impressao de que ele se empenha pela sensacdo de desprazer. Contudo, 0 que realmen- te acontece € que a angustia se interpde entre a pulsdo e sua meta, Eee o prazer desejado seja percebido como 0 perigo te- Esearenen ea vez de prazer, o desprazer é o resultado final 1380 também res além do SE ° problema da compulsao 4 repeticao para tar de novo urbe eee arece que a pessoa deseja experimen- € esse 0 caso ies desagradavel. Mas a andlise revela que nao Cio como apradiivel, Onn 9 contrario: o objetivo é imaginado de ini- medo de punicao ou cee é interrompido pela frustracao, pelo Jetivo ou oO faz are Fi angustia, que oculta completamente 0 ob- uma compulsdo A re re gradavel. Assim, podemos concluir que existe; os fenomenos. on > para além do principio do prazer nao ‘4 estrutura ¢ Correspondentes podem ser explicados dentro ‘0 prazer e do medo de punic¢ao. to principio d 247 ‘Temos de voltar ao nosso caso uma vez mais. A Superficialidade e o prolongamento de sua masturbagao devem ser atribuidos g ess perturbagao do mecanismo do prazer. Ele evilava qualquer ay da sensagdo de prazer. Quando isso se esclareceu, ele disse: “E im. possivel permitir que essas sensagdes sigam scu curso ~ é completa- mente intoleravel”, Agora compreendeme ss por que razao ele se m: turbava durante horas a fio; nunca atingiu a sat frac 9, Porque jamais permitiu qualquer aumento, involuntario da excitagao. Além do medo, ha outro fator envolvido nessa inibigdo do au- mento da sensagao. O carater masoquista esta habituado ao prazer da zona anal, de curva pouco acentuada e sem climax (poder-se-ia dizer “morno”). Transfere o procedimento e a experiéncia de prazer an; para o aparelho genital, que funciona de maneira completamente di- ferente. O intenso e rapido aumento de prazer no aparelho genital é nado apenas estranho como até bem capaz de causar terror a uma pes- soa familiarizada apenas com o prazer anal — que é tudo menos avas- ador. Se se acrescenta a isso a antecipagao do castigo, entao estado presente todas as condi¢des para a transformag4o imediata do prazer em desprazer. Em retrospectiva, muitos fatos de casos tratados anteriormente se tornaram claros com base nessas novas descobertas. Isso € particular- mente valido para o grande ntimero de casos em que a atividade se- xual insatisfatoria foi seguida por um estado de 4nimo masoquista de sofrimento. Agora sabemos que essa atividade foi insatisfatéria devido a uma perturbacdo especifica do masoquismo. Foi também possivel chegar a uma compreensado econdmico-libidinal muito melhor das fortes tendéncias masoquistas dos pacientes que descrevi, em Der trieb- hafte Charakter (O Carater Impulsivo) e em A Fun¢do do Orgasmo, como tendo perturbag6es orgasticas. Uma senhora com perversio masoquista foi descrita desta maneira: “Ela se masturbava [...] com a fantasia masoquista de que era completamente despida (!), amarrada e fechada numa jaula, onde a deixavam a morrer de fome. Foi nessa altura que a inibigao do orgasmo entrou em cena. De repente, ela te ve de pensar num aparelho destinado a remover as fezes e a urina automaticamente, pois estava amarrada e ndo conseguia se mover LJ". Na andlise, quando a transferéncia aumentou até 0 ponto de ex- citagao sexual, ela era geralmente dominada por um desejo incontro- lavel de defecar e urinar. Quando se masturbava imaginando ter re- lagdes sexuais, “as fanta masoquit apareciam precisamente a7" tes de 0 orgasmo comecar’. Portanto, do ponto de vista econdmico-sexual, a atitude mas quista e a fantasia relativa a ela provém da percep¢ao de grade da sensacao de prazer e servem para dominar 0 desprazer através © a ‘mento 242 ssiquicamente formulackt: “Sou tio infeliz — ame-me!” Entao a har entra em agdo, porque a exigencia de amor tam- bem contem reivindicagdes genilais que forgam o paciente a afastar O bem go para a parte de tris do corpo: “Tata-me, amas nao me castre!” Assim, a@ reagao t oquistt tem uma base especificamente do tipo da neurose atual’. Sein, os problemas do masoquismo giram em torno da pertur- jar dla fungdo do prazer. Ficou esclarecido que o medo do sentimento de “derreter-se” ou desintegrar-se, causado pela sensacao de prazer que leva ao orgasmo, forga 0 masoquista a se ater a excita- gio sexual de curva pouco acentuada. Isso resulta da fixagao anal ou da inibigio genital? Nao ha dtvida de que ambos os fatores contribuem. para isso, 4 ssim como ambos determinam o estado de excitagao neu- tasténico crénico. A analidade mobiliza todo o aparelho da libido, mas nao consegue prover a resolucdo da tensdo. A inibigdo da genita- lidade, além de ser um produto da angustia, constitui ela propria um a medo, e isso s6 aumenta a discrepancia entre efetiva. Resta explicar a razao pela qual a fantasia especialmente intensa logo an- atitude | fantasia de apan bagao pecul: processo que eVvoc tensao e resolugao de apanhar entra em jogo ou se torna tes do climax. E interessante observar como 0 aparelho psiquico procura redu- zir a discrepancia entre tensao € s tisfagdio, e como o desejo de rela- xamento, nao obstante, irrompe na fantasia de apanhar. Nosso pacien- te permanecia firme neste ponto: “Apanhar de uma mulher é exatamen- te o mesmo que se masturbar em segredo na presenca dela” (= mae). Isso, € 6bvio, corresponde a experiéncia real: quando crianga, e tam- bém quando adolescente, © paciente se masturbava, de forma maso- de, isto é, apertava quista, enquanto dormia na mesma cama que a ma‘ e esfregava o pénis, tendo o cuidado de nao ejacular (fobia de procria- cao). 86 quando acrescentava a fantasia de estar apanhando da mae € que tinha uma ejaculagdéo. O significado disso, que 0 paciente lem- brava conscientemente, era_o seguinte: “T inha a impressio de que meu pénis estava fervendo. A quinta ou sexta palmada ele certamente estouraria, a bexiga arrebentaria”. Assim, 4 finalidade das pancadas era provocar o alivio, que de outra maneira, isto 6, atingido pela mas- turbagdo, era proibido. Se, como resultado das pancadas da mie, a bexiga arrebentasse; se, pela mesma raz4o, 0 pénis estourasse & 0 sé- mem fosse ejaculado, entdo nao seria ele o responsvel — & causadora disso seria a pessoa que o torturava, Portanto, fundamentalmente, @ ansia de punicdo tinha 0 propdsito de provocar alivio de maneira indireta, de responsabilizar a pessoa punidora, isto é, de isentar —___ 24. Neurose de estase. 249 desculpar a si proprio. O mecanismo € 0 mesmo na § profundidade do carater. No primeiro caso, o significade ge €na para que eu nao tenha medo”. O significado da aneiere Ame-me responsavel — nao eu!” A fungdo da fants para que, sem me sentir culpado, cu pos: ver davida de que este é 0 significado m: apanhar. Desde que reconheci pela primeira vez essa funcéio mais da da fantasia de apanhar, tenho observado 0 mecanismo Sere crito num grande nimero de outros pacientes que nado desenvolve, ram qualquer perversdo expressa, conseguindo manter a tendén a masoquista numa forma latente, através de mudancas caracterologicas sia de apanhar é; « ale ? “Bata-me ume aliviar!” Nao pode he ais profundo da fantasia de no ego. Vejamos alguns exemplos. Um carater compulsivo desenvol- veu uma fantasia de masturbacdo de que havia sido colocado entre primitivos que 0 forgavam a ter relagdes sexuais e a se comportar de maneira completamente desinibida. Outro paciente, um cardter passi- vo-feminino, sem manifestar qualquer perversdo, imaginava que era levado a ejaculacao através de pancadas no pénis, mas precisava ser amarrado, nao sO para suportar os golpes, como para evitar que fu- gisse. Nessa categoria temos também a atitude sexual masoquista de mulheres neur6ticas, considerada por alguns analistas um comporta- mento feminino normal. A fantasia da mulher de ser violentada serve apenas para livra-la de seus sentimentos de culpa, isto é, ela quer ex- perimentar 0 ato sexual sem culpa. Isso s6 € possivel com a condicao de ser violentada. A resisténcia formal oferecida por algumas mulhe- res no ato verdadeiro tem o mesmo significado. Isso nos leva ao problema da chamada “angustia prazerosa” (Angst lust), que desempenha um papel importante no masoquismo. Vamos dar um exemplo de outra anilise. Um paciente lembrou que, por volta dos 4 anos de idade, tinha © habito de criar conscientemente pavor nocturnus. Costumava rastejat por baixo dos cobertores, masturbava-se, era tomado pelo medo e. para se livrar dele, tirava abruptamente os cobertores de cima do oo po. £ muito tentador, num caso como esse, admitir que a compulsi? a repeticao é a sua mola propulsora. Primeiro, ele tinha paror noe ue nus @ agora, evidentemente, queria reexperimentar 0 medo, A on respeito € necessario esclarecer dois pontos: na realidade, nao Fa medo 0 que ele deseja reexperimentar, mas 0 sentimento de ser " dade, Mas este sempre ficava misturado com o medo. Além disso, vrar-se do medo era em si uma fonte de prazer. O essenciatl n ; processo, porém, era o fato de que o despertar do medo Provo. sensacées anais e uretrais, em razdo das quais O medo era supe ir O Este nao se torna prazer como tal, mas apenas constitui a base pa Aen jal de prazer®. Muitas vezes as Cran jo num estado po espec le dissolugao da tensao oes, desenvolvimento de un gas SO eXpeEriMENtAM SENSACOES ¢ de angustia; clas ge almente negam a st mesmas essas SeENsa com medo de punigto: O alivio experimenttdo por evacuar OU urinar coMamente numa situaigao doninacke pele medo constitui muitas ve- 1 principal rizao de P reexperimentar a angistia, Contu- preendler esses fendmenos para alent do principio do prazer & interpreter mal os fatos. Em certas condigées, a dor ¢ a an- ctirnain as tinicas possibilidades de experimentar © alivio Seria temido, Assim, a expressdo “prazer da dor” ie se referir apenas — e de maneira pouco a dor e a angtistia podem se tornar a ba- se dese) 20 do, querer cony gtistia Se que, de outrt forma, ou “angtstia prazerosa” pod apropriada — ao fato de que se da excitagao sexual ‘© fato de que, em nosso paciente, 0 “estouro do pénis” repre- senta a meta pulsional nao contradiz nossa compreensao do maso- quismo. Por um lado, essa idéia € uma representacdo da angustia, da punicdo, num certo contexto; por outro lado, é uma representagao da Entisfacao final, do alivio desejado impulsivamente. Esse duplo signifi- cado psiquico da idéia de estouro da bexiga ou dos intestinos faz com que 0 proprio prazer final seja percebido como a temida execu- cao do castigo, 5. Observagées sobre a terapia do masoquismo le uma vida sexual saudavel, de uma econo- O estabelecimento d Itar de dois tipos de processos mia da libido regulada, s6 pode resu terapéuticos: a liberagao da libido das fixagdes pré-genitais e a elimi- nacdo da angiustia genital. Claramente, isso se realiza através da anili- se do conflito edipico pré-genital e genital (pela eliminagao dos recal- ques) A esse respeito, contudo, € necessario salientar um ponto rela- cionado com a técnica. Se as fixagdes pré-genitais sao dissolvidas pe- la eliminacdo dos recalques, sem a superacgao simultdnea da angistia genital, ha o perigo de um aumento da estase sexual, na medida em que a Gnica saida para a descarga orgastica adequada permanece fe- chada, Esse perigo pode aumentar, chegando até o suicidio, precisa- mente quando se conseguem resultados com a andlise da pre -genitali- dade. Se, por outro lado, se elimina o recalque genital sem se dissol- verem as fixacdes pré-genitais, a primazia genital permanece fraca -a funcao genital ndo é capaz de aliviar toda a angustia. 25. Cf. Freud, “Drei Abhandlungen zur Sexualtheorie”, Ges. a) 1, zur Sexualtheorie”, Ges, Schr., vol. V, ss, (Trés Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade”, ESB, vol. VID. Ce 251 a terapia do masoquismo, é de especial im; a penetra as barricadas do Para i Portancia ; ira como © anali a ma rater do ne 5 a ; como supera a tendéncia deste a fazer uso de seu sofrimenne provar que O analista esta errado, acontega oO que acontecer Ar Dara ~ A tevela. cao da natureza Adica desse comportamento masoquista é o Primei passo, € 0 mais urgente. Ela garante resultados, visto que tra: Meito perficie 0 sadismo original subjacente ao masoquismo e fantasias Masoquistas ana ivas por fantasias fali Uma vez que a genitalidade infantil tiver sido reativada ou reest rada dessa maneira, € muito mais facil atingir a angistia de ¢ aaa que, até entio, havia sido encoberta e consumida pelas reagdes me soquistas E desnecessario dizer que essas medidas terapéuticas nao tém nenhum efeito no carater masoquista do paciente. Suas queixas, 0 rancor, a autodestrutividade e a sua maneira desajeitada, que serve como um motivo racional para se afastar do mundo, em geral persis- tem até que a perturbacdo de seu mecanismo de prazer na masturba- cao tenha sido eliminada. Uma vez que tenha sido alcangada a des- carga orgastica adequada da libido, € comum que a personalidade do paciente tenha uma rapida melhora. Mas a tendéncia para se refugiar no masoquismo ao menor desapontamento, frustracdo ou situacgao de insatisfacdo continua durante algum tempo. Um trabalho paralelo consistente sobre a angistia genital e a fixagao pré-genital so pode obter sucesso se o dano do aparelho genital nao for demasiadamente grave, e se o ambiente familiar € social do paciente nao o forgar repe- tidamente a retornar a um padrao de reagéo masoquista. Disto se de- duz que a andlise de um jovem masoquista solteiro obtera bons resul- tados muito mais facilmente do que a de uma mulher masoquista na menopausa ou que, por razoes econdmicas, esteja presa a uma situa- co familiar infeliz. S6 por meio do trabalho consistente em relagao aos tragos de ca- rater masoquistas durante os primeiros meses de tratamento € que ° analista pode realizar uma ruptura nas linhas de defesa do paciente, € aminhar em diregio ao nticleo da neurose. Mas esse trabalho deve ser mantido infatigavelmente no decorrer da andlise, para evitar dit culdades durante as recaidas freqiientes que ocorrem no pre ces estabelecimento da primaz ore ois que a dissolugao definitiva do carater masoquist el dep que o paciente tenha levado por algum tempo ~ Is minar o tratamento -, uma vida de trabalho e amor mente satisfatoria. Ha uma boa razdo para se ter muito ceti do tratamento de um carater masoquista, especial ativas, omic ale economico-sex” ao $s ~anto mo qui aes a Imente dat 259 enquanto as reagdes do cardter nao tenham sido compreendidas (e, portanto, dissolvidas) em deulhe. Contudo, ha motivo para otimismo quando isso acontece, isto €, quando se efe- tua o avanco para a genitalidade, embora no principio apenas na for- ma de angustia genital, Quando é este o caso, nao ha nec idade de se ficar alarmado por causa das freqiientes recaidas. A experiéncia cli- nica geral jd Mostrou que a cura do masoquismo € ura de nossas ta- refas mais dificies — 0 que nao quer dizer que as outras sejam faceis. Para dar conta dessas tarefas, porém, é preciso adotar consistente- mente a teoria psicanalitica que esta firmemente fundamentada em dados empiricos. Hipdteses como as criticadas aqui sao muito fre- qiientemente um indicio de capitulagéo prematura aos problemas da pnitica psicanalitica Se o masoquismo do paciente for remontado a uma pulsao de morte irredutivel, entéo o ponto de vista do paciente a respeito de si mesmo esta confirmado, isto é, seu desejo de sofrer estaria suposta- mente comprovado. Mas nds demonstramos que ele tem de ser des- mascarado como agressdo disfarcada. Isso corresponde a realidade da situacao, e s6 assim se possibilita 0 sucesso terapéutico. Além das duas tarefas terapéuticas citadas acima (redugao do ma- soquismo a condi¢4o original de sadismo e avanco da pré-genitalida- de a genitalidade), ha uma terceira, que é especifica do tratamento dos caracteres masoquistas: trata-se da dissolugao analitica da atitude espastica anal e genital que, como salientamos, é a fonte real do sin- toma de sofrimento. Essa representagao do processo masoquista esta longe de ofere- cer uma solucao a todos os problemas do masoquismo, mas pode-se afirmar que a reincorporagao do problema do masoquismo ao quadro de referéncia do principio do prazer-desprazer facilitara o esclareci- mento dos problemas restantes, 0 que foi retardado pela hipdtese da pulsao de morte. apresentam perversdes, 253

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