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Janeiro 2008 Revista Adusp

Terra de gigantes
Antonio Biondi e Cristina Charão
Jornalistas, membros do Intervozes-Coletivo Brasil de Comunicação Social

A concentração dos meios de comunicação no Brasil segue


como um dos pontos mais vulneráveis da nossa já frágil
democracia. A mídia grande é o principal partido político no Brasil
contemporâneo. Enquanto os grupos do setor se organizam para
ampliar o domínio hoje exercido, empresas estrangeiras buscam
formas de disputar o mercado. Sobrará espaço para sociedade e
Estado desenharem uma agenda voltada ao interesse público?

P
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oucas famílias domi- capital, avançando e retrocedendo te — a não interferir no modelo da
nam a comunicação no com os mercados. Empresas que, cla- TV aberta; ou mesmo a não-regu-
Brasil, enquanto mi- ro, lidam com um capital simbólico lamentação de pontos básicos para
lhões se calam. A co- que certamente multiplica seu peso o fortalecimento e aproveitamento
municação é um dos na economia e na política nacionais. de conteúdo regional para o setor.
rincões do país onde a Um capital que, muitas vezes, é usa- Neste reescrever constante das
democracia ainda não chegou. A mí- do para burlar e, outras tantas vezes, regras, pelo menos seis dos oito
dia grande é o principal partido po- reescrever as regras mercadológicas. grandes conglomerados de mídia do
lítico no Brasil contemporâneo. As Alguns exemplos mais recen- Brasil mantêm-se, também, entre os
imagens utilizadas para demonstrar tes de como as grandes empresas maiores grupos empresariais do país,
a concentração do setor de comuni- midiáticas defendem a todo custo por receita. A edição 2007 de “Valor
cação no país são muitas e a maioria seus negócios, exemplos restritos ao Grandes Grupos”, anuário do jor-
delas, infelizmente, corretas. nal Valor Econômico, lista os grupos
A realidade brasileira, hoje, é Sílvio Santos (na 97ª posição), Abril
de que os grupos Globo, SBT, Re- (105ª), RBS (178ª) e Estado (183ª).
cord, Abril, Folha, Estado, Rede Os grandes Outros dois gigantes, Organizações
Brasil Sul (RBS) e Bandeirantes Globo e Grupo Folha — exatamen-
grupos passaram por
exercem um amplo domínio do te os que compartilham a proprieda-
setor, numa clara configuração reestruturações forçadas de de Valor Econômico — não são
de oligopólio. A concentração citados no anuário, e conseguir
pelo endividamento, que veio
fortalece esses grupos politi- informações sobre o faturamen-
camente e afeta diretamente a ora de aventuras no ramo da to de ambos não é tarefa fácil,
democracia no país — fenôme- apesar de se organizarem como
telefonia (Grupo Estado e RBS),
nos comumente analisados por sociedades anônimas (S/A), o que
especialistas. ora da confiança exagerada teoricamente exige transparência
Para se entender como tal no crescimento do mercado nos balanços financeiros.
quadro é hoje possível (e como Só foi possível localizar infor-
é possível alterar tal quadro), é da TV por assinatura e mações da Folha pelo noticiário.
fundamental compreender como os Internet banda larga Às vezes, do próprio grupo. Já a
principais grupos de comunicação Globo, apesar de fechar o acesso
do país se organizam. Os setores (Globo e Abril) a seus relatórios financeiros, foi
da economia por onde avançam os mais solícita e enviou seu último
interesses de cada empresa, seus só- balanço.
cios, os desdobramentos regionais A receita bruta da Globo Comu-
de maior relevância. A atuação dos campo da comunicação: a escolha nicação e Participações (Globopar),
grupos em um cenário de conver- do padrão japonês de TV Digital, holding que controla a maior parte
gência tecnológica. E de que for- garantindo a permanência do mo- dos negócios das Organizações Glo-
ma abocanham as verbas públicas delo de negócios da TV aberta por bo (incluindo a TV, jornais, rádio e
no Brasil, ao mesmo tempo em que vários anos; a aprovação, em 2002, portais da internet) e tem partici-
impõem agendas aos governos, re- da proposta de emenda à Constitui- pação em outros negócios (notada-
ceosos de sua força e supostamente ção que permitiu o ingresso de ca- mente a TV por assinatura), somou
dependentes de seu apoio. pitais estrangeiros nas empresas até R$ 6,8 bilhões em 2006. Este valor
Em outras palavras, não se pode um limite de 30%; a não obrigato- colocaria o grupo na 36ª posição do
deixar de pensar nos grupos de mídia riedade da Classificação Indicativa ranking dos maiores grupos empre-
como empresas, jogando o jogo do na televisão, de forma — novamen- sariais do país.


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Já sobre o Grupo Folha, dono bilhão — um dos 20 maiores
do jornal Folha de S. Paulo e do da economia nacional nesse
portal e provedor UOL, as infor- ano, não por acaso o mesmo
mações são mais difusas. Quando em que o grupo apresentou a
anunciou, no início de 2005, a fusão maior margem de lucro líqüi-
de todas as suas operações em uma do dentre todas as empresas
só empresa, a Folha-UOL S.A., a brasileiras: 92%, segundo o
família Frias, dona do grupo, afir- anuário “Valor 1000”, do jor-
mava que estava consolidando o nal Valor Econômico, edição
“segundo maior grupo de mídia do 2006. Em 2006, o lucro bruto
país”, com faturamento de R$ 1,3 da Globopar foi de R$ 2,8
bilhão. Em 2006 o UOL faturou, bilhões.
sozinho, R$ 634 milhões.
Record e Bandeirantes acabam
por não ser citados nos anuários
O cenário das mídias alterou-se, mas a concentração
dos “grandes” do empresariado. Falar em TV
Porém, vale destacar que a própria As saídas encontradas pelas gran-
Record admite ter alcançado um
por assinatura no des das comunicações redesenharam
faturamento de R$ 1 bilhão em Brasil, hoje, implica citar o cenário das mídias no Brasil. Não
2006, estimando um acréscimo a ponto, no entanto, de modificar
a Embratel/Telmex de Carlos
de 36% em 2007. A Bandeiran- a forma ultra-concentradora com
tes teria obtido, em 2006, algo Slim (sócia da Net Serviços), que se organizam os grupos.
próximo de R$ 250 milhões. As novas tintas que mudaram
a Sky/DirecTV de Rupert
Ser tão grande pode ser um o quadro geral vieram de gru-
problema. E até dois anos atrás, Murdoch e a Telefónica de pos estrangeiros de mídia ou das
realmente foi. Neste período, grandes operadoras de telecomu-
España (TVA). Mas os sócios
praticamente todos os grandes nicações. Em geral, até 2004 os ne-
grupos passaram por reestrutura- e ex-sócios brasileiros vão gócios dos grandes grupos estavam
ções forçadas pelo endividamento muito bem, obrigado apoiados ou sobre capitais próprios,
excessivo. Dívidas que vieram ora ou sobre fundos de investimentos
de aventuras no ramo da telefonia, internacionais (e alguns nacionais)
como nos casos do Grupo Estado e cuja participação no bolo de acionis-
da RBS; ora da confiança exagera- tas, contudo, era minoritária.
da no crescimento dos mercados de Foi com o time montado desta
TV por assinatura e Internet banda O anuário “Valor Grandes Gru- forma que os grupos de mídia bra-
larga, casos da Globo e da Abril. E pos”, edição 2007, registra que o sileiros tentaram avançar sobre o
valores que se viram multiplicados Grupo Estado obteve a melhor ren- setor da infra-estrutura de comuni-
quando a política cambial do gover- tabilidade líqüida sobre o patrimô- cação a partir de meados da década
no FHC ruiu, desvalorizando o real nio entre as 40 maiores organiza- de 1990. O foco, já naqueles tem-
frente ao dólar. ções empresariais do setor de ser- pos, era a convergência dos serviços
Os conglomerados midiáticos viços (que é parte do conjunto dos de comunicação e de telecomuni-
encontraram saídas e os resultados 200 maiores grupos da economia cação, resultado dos processos de
que colhem são significativos. Em brasileira, listados pela publicação). digitalização dos conteúdos. Pelas
2005 as Organizações Globo obti- Já a RBS auferiu o 20º maior lucro razões já apontadas — excesso de
veram um lucro líqüido de R$ 1,99 líqüido no mesmo setor. euforia e crise cambial — os tradi-


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para a Internet (lançou recen- e CNT — dirigiam diretamente 47
temente uma série interativa emissoras e, indiretamente, a atua-
pelo sítio Kzuka). A Record ção de 249 emissoras de TV dos 138
investiu pesadamente em um grupos que figuram como afiliados
centro de produção audiovisu- regionais. A estas seis redes de TV
al no Rio de Janeiro. estão vinculados outros 372 veículos,
A Abril, por enquanto, foi entre rádios, jornais e revistas.
o único grupo a lançar mão Uma nova versão do estudo es-
de sociedades internacionais tá sendo preparada pelo Epcom,
para reforçar sua posição co- mas pode-se supor que, de lá para
mo produtora de conteúdo. cá, as variações foram internas ao
Em 2006, 30% do capital da quadro. A agressividade da Record
controladora do conglomera- de Edir Macedo em sua estratégia
do foi vendido para o grupo de expansão regional pode mudar
Naspers, da África do Sul. A algo da correlação de forças entre
continua
Folha ensaiou o mesmo movimento: os grupos, mas não há novos atores,
cionais grupos brasileiros de comu- no início de 2005, chegou a anunciar trazendo novos conteúdos ou forças
nicação recuaram nesta estratégia. a fusão entre as duas grandes empre- políticas para este jogo.
Já não é possível, por exemplo, sas do grupo, a Folhapar e a UOL Nem mesmo nos setores não atre-
falar em TV por assinatura no Brasil S.A., visando a entrada de capital da lados às limitações da distribuição de
sem citar a Embratel/Telmex de Car- Portugal Telecom. A operação não canais de rádio e TV pode-se falar
los Slim (sócia da Net Serviços), ou se concretizou e a tele portuguesa em mudanças significativas. Quando
a Sky/DirecTV de Rupert Murdoch, passou a ser sócia apenas do UOL. se retrata os mercados de jornais,
ou a Telefónica de España (TVA). Toda esta movimentação na base, revistas ou Internet (vide quadro nas
Nestes casos, há a retração da parti- no entanto, não fez cócegas na pon- p. 10 e 11), repetem-se os mesmos
cipação de grupos como a Globo e a ta do iceberg: seguem os “concentra- nomes: Abril, Folha, Estado, Globo...
Abril, e até a saída por completo das dos” de veículos, ora orbitando ao Em resumo, o que se vê é o re-arran-
operações, como no caso da RBS. redor das grandes redes de TV, ora jo destes capitais, de forma que conti-
O movimento atual parece ser de sobrevivendo da captura do merca- nuem controlando com mão grande e
foco total na produção de conteúdo. do publicitário pelo prestígio conse- forte o que se lê, ouve e vê no Brasil.
A Globo, por exemplo, reforça sua guido por anos de políticas editoriais
Sobre os autores
estratégia na Internet, comprando da conservadoras, mas espertinhas.
Antonio Biondi é jornalista. Foi repórter da agência
Itália Telecom a parcela que lhe cabia Como aponta a pesquisa “Os Do- Carta Maior. Membro da equipe de edição do livro Vozes da
no portal Globo.com, e avança sobre nos da Mídia”, realizada em 2002 Democracia (São Paulo, Imprensa Oficial/Intervozes, 2006).
a produção audiovisual (com a Glo- pelo Instituto de Pesquisas e Estu- C ristina C harão é jornalista, mestranda em
Letras (UFRGS). Foi repórter do jornal O Estado de S.
bo Filmes). A RBS caminha a passos dos em Comunicação (Epcom), as
Paulo e das revistas Galileu e Veja.
largos, criando portais com foco re- seis redes privadas nacionais iden- Ambos são membros do Intervozes-Coletivo Brasil de Comu-
gional (como a ZeroHora.com), além tificadas à época — Globo, SBT, nicação Social, entidade que luta pela democratização
de projetos de produção de conteúdo Record, Bandeirantes, Rede TV! do direito à comunicação.

Referências
Anuários “Valor 1000” e “Valor Grandes Grupos”, do jornal Valor Econômico, 2006 e 2007.
Globopar. Balanço financeiro de 2006.
Sítio www.rederecord.com.br/internacional/
Sítio www.rbs.com.br/
http://band.com.br/home.asp
Sítio http://sistemas.anatel.gov.br/sis/SistemasInterativos.asp


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O mapa das mídias


Tabela 1 – Faturamento publicitário bruto
em 2007
Tabela 2 – Audiência nacional
Tipo de mídia Verba (R$) %
Televisão 4,88 bilhões 59,5 das redes de TV* em 2006
Jornal 1,35 bilhão 16,5 Rede Participação
Revista 644,6 milhões 7,9 na audiência
Rádio 327,0 milhões 4,0 Globo 57%
Mídia exterior 259,6 milhões 3,2 SBT 12%
TV por Assinatura 248,7 milhões 3,0 Record 12%
Guias e listas 238,6 milhões 2,9 Bandeirantes 4%
Internet 221,5 milhões 2,7 Rede TV! 2%
Cinema 28,8 milhões 0,3 Outras 13%
Total 8,2 bilhões 100 Total 100%
Fonte: Intermeios/Meio & Mensagem
Fonte: Mídia Dados 2007
*População total do país, das 7h ás 24h,
de segunda a domingo

Tabela 3 – Jornais de maior circulação (2006)


Média diária
Veículo Grupo Posição
(mil exemplares)
Folha de S. Paulo (SP) Folha 309,4 1º
O Globo (RJ) Globo 276,4 2º
Extra (RJ) Globo 267,2 3º
O Estado de S. Paulo (SP) Estado 230,9 4º
Zero Hora (RS) RBS 174,6 5º
Correio do Povo (RS) Record 157,7 6º
Diário Gaúcho (RS) RBS 152,1 7º
Super Notícia (MG) Sempre Editora 135,2 8º
Meia Hora (RJ) O Dia 129,9 9º
O Dia (RJ) O Dia 122,2 10º
Agora São Paulo (SP) Folha 81,0 12º
Jornal do Brasil (RJ) C. B. de Multimídia* 78,7 13º
Estado de Minas (MG) Diários Associados 74,4 14º
Gazeta Mercantil (SP) C. B. de Multimídia* 70,8 15º
Diário de S. Paulo (SP) Globo 65,3 16º
Correio Braziliense (DF) Diários Assocs. 55,3 18º
Jornal da Tarde (SP) Estado 55,0 19º
Valor Econômico (SP) Folha e Globo 49,8 21º
Gazeta do Povo (PR) RPC** 47,8 22º
Diário Catatinense (SC) RBS 42,4 23º

Fonte: IVC (Instituto Verificador de Circulação) / Mídia Dados 2007


*Companhia Brasileira de Multimídia (Nelson Tanure/Docas Investimentos)
** Rede Paranaense de Comunicação

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Tabela 4 – Editoras das revistas de maior circulação

Foto: Daniel Garcia


(julho 2006 a junho 2007)
Nº de publicações
Grupo Publicações
entre as 30 maiores
Abril 22 Veja e outras
Panini Brasil 3 Mônica, Cebolinha, Chico Bento
Alto Astral 1 Guia Astral
Editora Caras 1 Caras
Editora Três 1 IstoÉ
Globo 1 Época
Reader’s Digest 1 Seleções
Fonte: IVC / Meio & Mensagem

Tabela 5 – Sítios de maior visitação


(Outubro de 2007) Tabela 6 – Principais redes de rádio AM/FM
Sítio Nº de visitantes únicos* Nº de
Rede Grupo
Google 17,1 milhões emissoras
Orkut 16,4 milhões Rede Gaúcha Sat RBS 130
MSN 13,2 milhões Jovem Pan Sat AM Jovem Pan 76
UOL 10 milhões American Sat American Sat 72
Hotmail 9,2 milhões Jovem Pan Sat FM Jovem Pan 53
Yahoo 8,5 milhões Rede Bandeirantes AM/FM Bandeirantes 51
Globo 7,4 milhões Rede Band FM Bandeirantes 37
Portal Terra 5,4 milhões Rede Transamérica – Hits Transamérica 35
Youtube 3,2 milhões Globo AM Globo 27
IG 2,1 milhões CBN Globo 26
*Não considera locais de acesso público e coletivo, RBS Rádio RBS 25
como universidades, escritórios e lanhouses, Antena 1 Sat Antena 1 22
somente acessos por máquinas em domicílios
(contabiliza-se um acesso por computador, sem Rede Transamérica – Pop Transamérica 12
distinguir o número de pessoas que o tenha
utilizado ou as vezes que a página tenha sido Band News Bandeirantes 6
acessada) Rede Transamérica – Light Transamérica 2
Fonte: Ibope-Nielsen
Fonte: Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e Núcleo
de Mídia da Secom (Secretaria de Comunicação Social da
Presidência da República) / Mídia Dados 2007

Tabela 7 – Investimento da
União em publicidade, por
mídia (2006)
Investimento
Meios (R$ milhões)
Internet 16,58
Outdoor 16,72
Revista 88,08
Jornal 101,92
Rádio 121,85
Televisão 646,63
Outros 63,66
Total* 1.055,44
*Total geral – Administração
Direta (todos os órgãos) +
Indireta (todas as empresas)
Fonte: Secom

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Organizações Globo
Daniel Garcia

Faturamento: R$ 6,8 bilhões (receita bruta da Globopar, holding do grupo, em 2006)


Frentes de atividade em mídia: TV aberta, TV segmentada, TV por assinatura, rádio,
mídia impressa (jornais e revistas), Internet (portais, provedores e acesso),
cinema, gravadora
Frentes de atividade extra-mídia: shopping centers
Proprietários: Família Marinho
Principais sócios: Embratel/Telmex (62% da Net Serviços), Sky/DirecTV (72% da Sky
Brasil), Telefónica de España (50% da Endemol Brasil), Grupo Folha (50%
do jornal Valor Econômico)

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Fruto da sinergia entre os planos conturbados. Primeiro, foi preciso de programação para as grandes
de “integração nacional” do regime garantir a abertura dos mercados ao distribuidoras nacionais, para algu-
militar e os seus próprios planos de capital estrangeiro. Diante da sua mas independentes e também para
expansão, fertilizados por um até dívida, restou à Globo pressionar distribuidoras internacionais.
hoje não explicado acordo com o pela aprovação da PEC 203. Veio, O foco, agora, é a produção de
grupo Time-Warner, as Organiza- então, a fusão entre Sky e DirecTV, conteúdo em várias plataformas.
ções Globo chegam ao século XXI tornando a Globo sócia do magnata Uma opção tem sido levar para a In-
como um dos maiores grupos em- australiano Rupert Murdoch. Em ternet todo o arsenal produzido nas
presariais privados do país. seguida, foi a vez da Net. O controle suas empresas tradicionais (a TV, os
Não sem algum susto: em 2002, acionário passou à Telmex de Carlos jornais e as várias rádios), apostando
anunciou-se o default da sua contro- Slim, via Embratel. O negócio, que também no cinema, com a Globo
ladora, a Globopar. Os investimen- contraria os limites de propriedade Filmes. Outra, reforçar a presença
tos feitos em telefonia, distribuição estrangeira em empresas de TV a nos canais segmentados (os canais
de TV por cabo e satélite foram cabo, foi aprovado pela Anatel. Globosat) e na programação para
maiores do que o retorno, e nem a Se de um lado abriu mão de TV por assinatura — a Net Brasil.
lucrativa Rede Globo de Televisão controlar infra-estrutura no negó- Há, ainda, as associações com
(que cobre 98% do território nacio- cio de TV por assinatura, de outro empresas de distribuição de conte-
nal e abocanha 52% da audiência vem garantindo a supremacia na údo em plataformas diversas, como
da TV aberta) podia fazer fecharem programação. A Net Brasil segue a operadora de celular Vivo, com
as contas. sob controle acionário da família quem a Globo tem um acordo que
A reestruturação levou à associa- Marinho e é responsável por 83% contempla o “Big Brother Brasil”.
ção com grandes grupos internacio- do mercado de “empacotamento de O programa é o principal produto
nais. Os caminhos para isso foram canais”, ou seja, a venda de pacotes da Endemol Brasil.

Os negócios da família Marinho


TV aberta Rede Globo: cinco emissoras próprias, 121 afiliadas
Globosat: GloboNews, Multishow, Canais SporTV, GNT, Rede Telecine, Canal Brasil,
TV segmentada
Universal Channel, Premiere Futebol Clube, Premiere Shows, Premiere Combate
Globo Internacional
TV por assinatura Net Brasil (programação), Net Serviços (distribuição), Sky Brasil (distribuição)
Jornais O Globo, Extra, Diário de S. Paulo, Valor Econômico
Internet Globo.com (portal e provedor)
Sistema Globo de Rádio: Globo AM (RJ, MG e SP; rede com 27 emissoras), Globo FM (RJ),
Rádio
CBN (RJ, SP, BH, DF; rede com 26 emissoras), 98 FM Rio de Janeiro, BH FM Belo Horizonte
Agências de notícias Agência Globo
Revistas Editora Globo (Época e outros 20 títulos)
Editora Globo Livros
Gravadora Som Livre
Cinema Globo Filmes (produção)
São Marcos Empreendimentos Imobiliários: shopping centers Vale (São José dos Campos-
Shopping centers
SP), Interlagos (São Paulo-SP), Downtown e Botafogo Praia Shopping (Rio de Janeiro-RJ)

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Grupo Sílvio Santos


Faturamento: R$ 3,23 bilhões em 2006
Frentes de atividade em mídia: TV aberta, TV por assinatura, produção audiovisual
Frentes de atividade extra-mídia: setor financeiro, empreendimentos imobiliários,
comércio de automóveis, comércio varejista
Proprietários: Sílvio Santos e família
Principais sócios: Grupo Bandeirantes de Comunicação, HMT&F - Hicks Muse, Tate &
Furst e LAIF - Latin American Infrastructure Fund - GE Capital e AIG (na TV
Cidade). Rede Accor de Hotéis (Sofitel Jequitimar Guarujá)

A diversidade dos negócios do segunda maior do país. São 8 gera- vio Santos venham a alterar a es-
empresário Senor Abravanel, ou doras próprias e 98 emissoras afi- tratégia que colocou o grupo en-
Sílvio Santos, justifica que o grupo liadas, cobrindo 98% do território tre os maiores do país: a fórmula
que controla tenha seu nome, ao in- nacional. Em diferentes Estados, 47 iniciada pela dobradinha Baú da
vés de tomar emprestado o do Sis- grupos regionais de comunicação Felicidade/SBT, que deu origem
tema Brasileiro de Televisão (SBT). estão afiliados à rede de TV de Síl- a toda a série de investimentos
Mas não é difícil imaginar que, sem vio Santos. O segundo lugar em au- no setor financeiro voltado para
a rede de TV, seus empreendimen- diência e faturamento, no entanto, o mesmo público do programa
tos — que vão de um banco comer- vê-se ameaçado pela agressiva am- de auditório do controlador do
cial à produção de cosméticos, pas- pliação da Rede Record. Em 2006, grupo.
sando por shopping centers e hotéis o SBT foi a única operação do Gru- O Banco Panamericano, ponta-
— não seriam tão prósperos. po Silvio Santos a dar prejuízo. de-lança do grupo no setor finan-
A rede do SBT é, em número Não há sinais, no entanto, de ceiro, é o 32º no ranking de ativos
de emissoras e retransmissoras, a que o SBT e o próprio Grupo Síl- totais do Banco Central.

Os negócios de Sílvio Santos


TV aberta 8 emissoras próprias, 98 emissoras afiliadas
TV a cabo TV Alphaville, TV Cidade
Comércio varejista Rede Baú da Felicidade
Comércio e capitalização Baú da Felicidade, Liderança Capitalização
Banco Panamericano, Panamericano Cartões de Crédito, Panamericano
Serviços financeiros
Leasing, Panamericano Seguradora, Consórcio Panamericano
Empreendimentos imobiliários Sisan Empreendimentos Imobiliários, Shopping Vimave, Shopping Bela Vista
Hotelaria Sofitel Jequitimar Guarujá
Cosméticos SSR Cosméticos (marcas Hydrogen e Jequiti)

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Grupo Abril
Faturamento anual: R$ 2,66 bilhões em 2006
Frentes de atividade: mídia impressa (revistas), gráfica, distribuição, livros didáticos,
TV segmentada e TV por assinatura
Proprietários: Roberto Civita e família
Principais sócios: Naspers Group (30% da holding Abril S.A), Telefónica de España
(49% da TVA), Viacom Inc. (30% da MTV Brasil)

Tal e qual a política editorial de O lance, entretanto, não foi sufi- la editora, a Abril concentra cerca
suas principais revistas, os negócios ciente para que a Abril mantivesse de 56% da receita publicitária do
do Grupo Abril também são marca- sua presença no mercado de TV pa- setor revista.
dos pela polêmica. A começar pela ga. Em um negócio aprovado pela Em outubro de 2007, o Grupo
sua principal parceria, com o grupo Anatel, a Telefónica adquiriu parte Abril anunciou a aquisição da Fernan-
Naspers, da África do Sul, intima- da TVA, assumindo as operações em do Chinaglia Distribuidora, a segunda
mente ligado ao Partido Nacional, tecnologia MMDS e o serviço AJa- maior empresa do país em distribui-
pilar político do apartheid que vigo- to, além da maior parte das ações da ção de impressos (revistas, especial-
rou até os anos 1990. operação via cabo no Estado de São mente). A compra garante aos Civita
A venda de 30% da Abril S.A., Paulo. A polêmica, aqui, gira em tor- quase 100% do mercado de distribui-
controladora do grupo, para a Nas- no do controle de uma concessioná- ção, além da oportunidade de contro-
pers, em 2006, foi a saída encontra- ria de TV a cabo por uma empresa lar a circulação dos produtos de suas
da pelos Civita para superar a crise estrangeira. A Anatel desconsiderou concorrentes. A operação está sendo
instaurada com o fim da paridade a presença da Telefónica no negócio. contestada no Conselho Administrati-
dólar-real, em 1999. A Abril inves- Apesar destes recuos pontuais, vo de Defesa Econômica (Cade).
tira pesadamente na Internet — no os Civita mantêm sua posição co- A Abril ainda detém fatia im-
portal Universo Online (UOL) e no mo players importantes do mercado portante do mercado de livros didá-
serviço de banda larga Ajato — e de comunicação, sustentada pelo ticos. Cerca de 30% das publicações
na TV por assinatura TVA, con- grande número de revistas que edi- deste setor são editadas pela Ática
traindo altas dívidas. tam. Segundo dados divulgados pe- e Scipione, controladas pelo grupo.

Os negócios da Abril
Revistas Editora Abril (Veja e outros 110 títulos)
TV por assinatura TVA
TV segmentada MTV Brasil
Distribuição e logística Dinap, Fernando Chinaglia
Gráfica Gráfica Abril
Livros didáticos Editora Ática, Editora Scipione

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Grupo Folha

Faturamento: R$ 1,434 bilhão em 2006 (estimado a partir de notícias publicadas


pelos veículos do grupo)
Frentes de atividade: Mídia impressa (jornais), conteúdo para Internet, gráfica,
pesquisas de mercado
Proprietários: Família Frias
Principais sócios: Portugal Telecom (29% da Universo Online S.A.), Organizações
Globo (50% do jornal Valor Econômico), Grupo Estado (50% da São Paulo
Distribuição e Logística Ltda.)

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Daniel Garcia

Ainda sem explorar o filão da ço para o investimento da Portugal


radiodifusão, a família Frias ga- Telecom e também para a abertura
rante o seu lugar entre os grandes do capital do UOL na Bolsa de Va-
grupos de mídia brasileiros graças lores. Hoje, os 972 mil assinantes e
à influência do seu negócio de ori- milhões de internautas visitando su-
gem, o jornal Folha de S. Paulo, e as páginas garantem um dos maio-
o gigantismo do portal e provedor res faturamentos em publicidade
Universo Online (UOL). na rede e fazem pequenas mídias
A Empresa Folha da Manhã (revistas de editoras médias e pe-
S.A. vê a sua principal publicação quenas, como Trip ou Raça Brasil)
aumentar seu prestígio quando re- reféns desta audiência.
solve inverter a imagem deixada No fim dos 1990, a Folha asso-
pelas histórias de colaboração dire- cia-se às Organizações Globo para
ta com o regime militar, apostando lançar o jornal Valor Econômico.
em episódios de cunho nacional, As informações sobre o Grupo
como a campanha das Diretas e o Folha são poucas. Os relatórios de
impeachment de Collor. A identi- informações financeiras da holding
dade com a classe média intelectu- Folhapar não são abertos à consul-
alizada paulistana garantiu à Folha ta. Além disso, um dos principais
de S. Paulo o primeiro lugar em ti- anuários da economia brasileira,
ragem (309 mil exemplares diários) publicado pelo Valor, omite as in-
e circulação e a “modernização” formações sobre o grupo. No espe-
da empresa, gerando lucros que cial “200 maiores grupos” o Grupo
permitiram aos Frias alçar vôos em Folha não é citado, apesar de seu
outras mídias. faturamento, estimado com base
A aposta no UOL, feita inicial- em notícias publicadas pelo próprio
mente em parceria com o Grupo jornal Folha de S. Paulo, superar o
Abril, sobreviveu à bolha da Inter- auferido pelo concorrente Grupo
net. A saída dos Civita abriu espa- Estado, que consta da lista.

Os negócios da família Frias


Jornais Folha de S. Paulo, Agora São Paulo, Valor Econômico
Internet UOL (portal e provedor), BOL (portal e provedor), Folha Online
Agências de notícias Agência Folha, InvestFolha, FolhaNews
Instituto de Pesquisas DataFolha
Editoras e gráficas Plural Editora e Gráfica, Publifolha, Folha Gráfica
Distribuição e Logística Transfolha, São Paulo Distribuição e Logística

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Janeiro 2008 Revista Adusp

Rede Record de Rádio e Televisão

Faturamento: R$ 1 bilhão em 2006 (com estimativa de R$ 1,36 bilhão para 2007)


Frentes de atividade: TV aberta, rádio, jornais
Proprietários: Edir Macedo Bezerra e Ester Eunice Rangel Bezerra

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Revista Adusp Janeiro 2008

Daniel Garcia

“A caminho da liderança”, mar- mento do grupo dobrou, atingin-


tela o sítio da Record. Para ana- do R$ 1 bilhão no ano passado.
listas, a Record pode alcançar os Em 2007, a emissora lançou a Re-
índices de faturamento e audiên- cord News, canal de notícias de
cia da Globo em dez anos. A Re- televisão 24 horas. A TV Record
cord, porém, afirma que preten- investe pesadamente também em
de tornar-se líder em cinco anos. sucessos de Hollywood, e já chega
O negócio dos bispos da Univer- a mais de 130 países. Tem escritó-
sal teve início em 1989, quando rios em Lisboa, Londres, Madri,
Edir Macedo comprou a emissora Luanda e Maputo.
das mãos de Silvio Santos. A re- Segundo estimativas do merca-
de investe sem parar, seguindo do, cerca de 25% do faturamen-
os passos da Globo ao fazer in- to bruto da Record têm origem
vestimentos vultosos em novelas, em investimentos publicitários
no jornalismo e nas competições da Igreja Universal na emissora.
esportivas: adquiriu, por exem- Edir Macedo, principal acionista
plo, os direitos de transmissão das da Record, é também o mais no-
Olimpíadas de 2012. tável dos integrantes da cúpula
Entre 2004 e 2006, o fatura- da Universal.

Os negócios da Record
Rede Record: 5 concessões próprias, 15 filiais e 80
TV aberta afiliadas em todo o país. Record News.
Rede Família
TV via satélite Nove canais da Record Internacional e Record Europa
Emissoras próprias na capital e interior paulista, em
Rádio diversas capitais de Estados brasileiros, assim como em
Madrid e Lisboa (dados da Anatel e da Record)
Jornais Correio do Povo (RS) e Hoje em Dia (MG)
Internet Portais Mundo Record, Mundo Record News e CPovo.Net

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Janeiro 2008 Revista Adusp

Grupo RBS

Reprodução

Faturamento:
R$ 889 milhões em 2006
Frentes de atividade em mídia:
TV aberta, TV segmentada,
rádio, mídia impressa (jornais),
distribuição, Internet (portais),
gravadora, empresa de
marketing
Frentes de atividade extra-mídia:
certificação e administração rural, Fundação Maurício
Sirotsky Sobrinho
Sócios-proprietários: Família Fernando Ernesto Souza Corrêa, Sucessores de
Maurício Sirotsky Sobrinho e Família Jayme Sirotsky

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Revista Adusp Janeiro 2008

Os planos já foram mais ambi- España das operações de telefonia so, não depende economicamente
ciosos e incluíam fazer parte da eli- no Rio Grande do Sul, deixando da madrinha.
te das telecomunicações do país. a RBS sem condições de prosse- Quanto ao rádio, o sítio da em-
Ainda que não tenham se conso- guir no negócio — fez com que, aos presa conta 26 emissoras, mas o al-
lidado, o Grupo Rede Brasil-Sul poucos, o grupo gaúcho deixasse de cance das redes que ela lidera é bem
(RBS), do Rio Grande do Sul, se- ser um player de infra-estrutura. A maior. Só a Rede Gaúcha SAT reú-
gue figurando entre os conglome- re-organização resultou em demis- ne 130 emissoras. Em mídia impres-
rados do setor, o único fora do eixo sões, mas o saldo econômico e polí- sa, são oito jornais diários. Tamanho
Rio de Janeiro-São Paulo, seja por tico para o grupo não é negativo. é seu alcance que a recente aquisi-
conta do seu faturamento, seja pelo A RBS é a empresa brasilei- ção do jornal A Notícia, de Joinvil-
tamanho de suas operações. ra que, sozinha, controla o maior le, provocou a abertura de processo
Os vôos mais altos incluíram o número de emissoras de TV: 20 pelo Ministério Público Federal por
controle de empresas de TV a cabo ao todo, no Rio Grande do Sul e concentração de propriedade, pois
(a RBS foi uma das fundadoras da em Santa Catarina. Orgulha-se de a RBS tornou-se dona dos quatro
poderosa Net) e de provedores de ser a mais antiga afiliada da Rede jornais diários de Santa Catarina.
Internet. E o mais alto deles, o das Globo, mas ganhou espaço fazen- Segundo “Valor – Grandes Grupos”
operações de telefonia fixa e celular do exatamente o que outros mo- (2007), a RBS obteve o 20o maior
na região Sul. Mas a combinação de nopólios regionais não fizeram: lucro líquido do país em 2006 entre
crise cambial e lances de mercado apostou em tecnologia e numa os grupos do setor de serviços, com
— como a saída da Telefónica de forte estrutura comercial. Por is- R$ 142 milhões.

Os negócios da RBS
TV aberta 18 emissoras (“RBS TVs”)
TV “comunitária” TV Com Porto Alegre, TV Com Florianópolis
TV segmentada Canal Rural
Zero Hora, Diário Gaúcho, Diário de Santa Maria, Pioneiro, Diário Catarinense, Jornal
Jornais diários
de Santa Catarina, Hora de Santa Catarina, A Notícia
26 emissoras próprias, organizadas em redes: Rede Gaúcha Sat (com 129 afiliadas),
Rádio
Rede Atlântida, Rede Itapema, CBN 1340, CBN Diário, Farroupilha, Cidade, Metrô
Internet ClicRBS (portal), Zero Hora.com (portal), Hagah (portal), Kzuka (portal)
Editora RBS Publicações
Gravadora Orbeat Music
Distribuição e logística ViaLog
Marketing “jovem” Kzuka
Certificação e
Planejar
administração rural

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Janeiro 2008 Revista Adusp

Grupo Estado

Faturamento: R$ 847 milhões em 2006


Frentes de atividade: mídia impressa (jornais), rádio, agência de notícias, gráfica,
conteúdo para Internet, marketing direto (listas), TV aberta
Proprietários: Família Mesquita
Sócio: Grupo Folha (50% da São Paulo Distribuição e Logística Ltda.)

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Revista Adusp Janeiro 2008

O Grupo Estado foi destacado Recebida em 2001, a concessão


pela publicação “Valor – Grandes foi obtida com a transferência de
Grupos” (2007) como o grupo de uma outorga na pequena cidade
maior rentabilidade patrimonial para a Rádio Eldorado Ltda., do
de todo o país no setor de ser- Grupo Estado. A transferência,
viços, com um índice de 443,7% autorizada pelo presidente Fer-
sobre o patrimônio líqüido do nando Henrique Cardoso, burlava
grupo. Dentre todos os grandes naquele momento o processo li-
conglomerados de mídia, o Grupo citatório exigido para outorga de
Estado segue sendo o mais tradi- concessões de TV, criado no pró-
cional negócio de família. Os Mes- prio governo FHC.
quita resistem a abrir o capital da Com o sinal gerado no Mara-
empresa e a assumir sociedades nhão, os Mesquita pretendiam
com outros grupos — exceção fei- voltar ao seu reduto com retrans-
ta à operação conjunta na distri- missoras em São Paulo. Mas o
buição dos jornais O Estado de S. favor veio em má hora. Pouco
Paulo (230 mil exemplares/dia) e antes, empolgada com a paridade
Jornal da Tarde (55 mil exempla- entre dólar e real, a família Mes-
res/dia) com seu maior concorren- quita havia se lançado no mer-
te, o Grupo Folha. cado de telefonia, participando
Também mantêm seus negócios da operadora de celular BCP. O
arraigados no território paulis- prejuízo foi compensado com se-
ta. Além dos jornais, a operação veros cortes de pessoal e a pos-
de rádios (sob a marca Eldorado) tergação do projeto da emissora
é voltada para o Estado de São de TV, que até hoje não foi ao ar.
Paulo. A exceção é a concessão O canal em Santa Inês é usado
de uma emissora de TV no Mara- para retransmitir o sinal da TV
nhão, no município de Santa Inês. Aparecida.

Os negócios do Estadão
Jornais O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde
Rádio Rádio Eldorado FM (SP), Rádio Eldorado AM (SP)
Agência de notícias Agência Estado
Internet Portal Estadão.com.br, ZAP (classificados)
Gráfica OESP Gráfica
Marketing direto OESP Mídia – Listão OESP
TV aberta TV Eldorado de Santa Inês (MA) e cinco retransmissoras (SP)

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Janeiro 2008 Revista Adusp

Grupo Bandeirantes

Faturamento: ?
Setores de atividade: TV aberta, rádio, TV segmentada, mídia impressa (jornais), TV
a cabo
Proprietários: Família Saad
Principais sócios: Grupo Silvio Santos, HMT&F - Hicks Muse, Tate & Furst e LAIF -
Latin American Infrastructure Fund - GE Capital e AIG (na TV Cidade) e
Gamecorp (PlayTV)

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Revista Adusp Janeiro 2008

Nascido há 70 anos, o Grupo Ban- mente rebatizada PlayTV, funcio-


deirantes de Comunicação segue na também em sinal aberto e tem
funcionando dentro dos apostado em programação para o
Reprodução
seus padrões: forte presen- público jovem, baseada em car-
ça em rádio, especialmen- toons e games. É uma controver-
te no estado de São Paulo, tida parceria com a Gamecorp,
e na TV aberta. Na sua empresa produtora de softwares
página eletrônica, afirma e games que tem como um dos
ser o “maior grupo de sócios Fábio Luís Lula da Silva,
rádio do país”. São seis filho do presidente da República.
redes, entre elas a Rede Nos últimos anos, a Bandei-
Bandeirantes (com 51 rantes optou também por diver-
emissoras), a Band FM sificar a produção de conteúdo
(com 37) e a BandNews para TV, criando canais segmen-
(com 6). tados que são distribuídos por
Na TV aberta, a Re- parabólica ou por operadoras de
de Bandeirantes man- TV por assinatura. O grupo pos-
tém-se na quarta posi- sui uma programadora de TV por
ção em audiência mé- assinatura, a Newco, que comer-
dia, com 4,3%. A Rede cializa os canais BandNews, Ban-
21, segunda do grupo, recente- dSports e TerraViva.

Os negócios da Família Saad


TV aberta Rede Bandeirantes: 8 emissoras próprias, 71 emissoras afiliadas. Play TV
Rádio Rede Bandeirantes AM/FM, Rede Band FM, Rede BandNews, Nativa FM
TV segmentada BandNews, BandSports, TerraViva
TV por assinatura Newco (programadora), TV Cidade (operadora de TV a cabo)

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