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Historia bspniiamo-Eola sng Sandro Cosso - Campinas/SP ‘As-Mesas-Girantes: coisem 1854 que ouvi fa- lar pela primeira vez em mesas girantes. Encon- trando-me um dia com o Sr. Fortier, magnetizador que cu conhecia, havia muito, disse- me cle: ~ Sabeis que se acaba de descobrir no magnetismo uma singular propriedade? Parece que nao somente as pessoas que se magnetizam, mas, tam- bém, as mesas que giram e an- dam a nossa vontade. com efeito, singular, respondi-Ihe; mas isso no me parece rigorosamente impossi- vel. 0 fluido magnético, espé- cie de eletricidade, pode muito bem atuar sobre os corpos iner~ tes ¢ fazé-los mover. ‘As noticias dadas pelos jorais de experiéncias feitas em Nantes, Marselha © outras cidades, nao permitiam duvi dar da realidade do fendmeno. Tempos depois, tornei a encon- trar Fortier, que me disse: - Mais extraordinario 28 FidelidadESPIRITA Novembro 2002 do que fazer uma mesa girar € andar € fazé-la falar: pergun- tame ela responde. ~ Isso € outra questao, respondi-Ihe. Sé acreditarei se vir ou se me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir ¢ que pode tornar-se sonambula. Até en- , permita-me que considere isso histéria fabulosa, Apliquei a esta ciéncia 0 método experimental, nao aceitando teorias preconcebidas Esse raciocinio era légi- co. Eu compreendia a possibili- dade do movimento por uma forga mecdnica, mas ignorava a causa ea lei do fenémeno. Pa- recia-me absurdo atribuir inte- ligéncia a uma coisa material. Coloquei-me na posigao dos in- crédulos dos nossos dias, que negam, porque nao podem com- 2° Parte preender os fatos. Ha 50 anos, se tivesse di- to, pura ¢ simplesmente a al- guém que era possivel a trans- misséo de um despacho a 500 léguas, ¢ a recepgao da respos- ta, dentro de uma hora, obter- se-ia uma gargalhada em troca, alids bem firmada em razées entificas, que provavam a im- possibilidade material do fato. Hoje, que a lei da eletricidade é conhecida, ninguém o contes- ta, nem mesmo um campénio. © mesmo acontece aos fend- menos espiritas. Para quem nao conhece a lei que os rege, parecem so- brenaturais, maravilhosos e, por conseguinte, impossiveis ¢ ridiculos. Conhecida, porém, es- sa lei, desaparece o maravilho- so ¢ eles nao tém mais nada que repugne a razio, porque se Ihe compreende a possibilida- de Eu achava-me, pois, di- ante de um fato contrario as leis conhecidas da natureza e re- pugnante & minha razio. Ain- da nio tinha visto, nem obser- > Prancheta ou cesta com lapis amarrado (Corbeille toupie), utilizada para a comunicagio ‘com os espititos. vado nenhum caso. As expe- riéneias feitas na presenga de pessoas acima de toda a susp g40 e dignas de maior fé, n: me permitiam duvidar do efeito puramente material; mas a idéia de uma mesa falante nao podia entrar em meu cérebro. S6 acreditarei se me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir € que pode tornar-se sonambula No ano seguinte, em principios de 1855, encontrei 0 Sr. Carlotti, amigo de 25 anos, que, com o entusiasmo, que des- pertam as idéias novas, falou- me dos fendmenos que me preo- cupavam. O Sr. Carlotti era cor- so (da Cérsega - ilha francesa do Mediterraneo) de natureza ardente ¢ enérgica, ¢ eu sempre estimei nele as qualidades, que distinguem uma grande e bela alma, mas desconfiava da sua exaltagdo. Foi ele quem pri- meiro me falou da comunica- 40 dos Espiritos, contando-me tantas coisas surpreendentes, que, longe de me convencerem, aumentaram as minhas diivi- das. - Um dia seras dos nos- sos. Disse-me, ¢ eu respondi- The: digo que nao, ve- remos mais tarde. Algum tempo depois, em maio de 1855, fui a casa da Sr2 Roger, sondmbula, em com- panhia de Fortier, seu magneti- zador. Ali encontrei o Sr. Patier © a Sr! de Plainemaison, que me falaram no mesmo sentido que Carlotti, mas em outro tom. O Sr. Patier era empre- gado publico, homem de meia idade, muito instruido, de cara- ter grave, frio ¢ calmo. A sua linguagem comovida, isenta de entusiasmo, produziu-me viva impressio, ¢, quando me con- vidou para assistir as experién- cias que se realizavam em casa da Sr Plainemaison, na Rua Bateliére, 18, aceitei o convite com sumo prazer. Emprazamo- nos para terga-feira, as oito ho- ras da noite. Ali, pela primeira vez, fui testemunha do fend- meno das mesas que giram, sal- tam e correm, ¢ 0 fui em condi- }es de nao poder alimentar di vida. Vi, também, alguns en- saios, muito imperfeitos, de es- crita meditinica em uma ardé- sia, com o auxilio de uma ces- ta, nao admitia por valiosa uma explicagao, sendo quando ela podia resolver todas as dificuldades da questao Longe estava eu de fir- mar minhas idéias mas ali se de- parava um fato, que deveria ter > Novembro 2002 FidelidadesPiritA 29 uma causa. Entrevi, oculto, na- quelas futilidades aparentes, entre aqueles fendmenos, de que se fazia um passatempo, al- go de muito sério, talvez a reve- Tagao de uma nova lei, que fiz 0 propésito de descobrir. Bem c do tive ocasiao de observar mais atentamente do que até entio o havia feito. Estudando-o-Fenémeno- Em uma das sessoes da Sr. Plainemaison, travei rela~ des com a familia Baudin, que morava na Rua Rochecourt. 0 Sr. Baudin convidou-me para as suas sess6es semanais, nas quais fui assiduo. As reunides eram muito numerosas, admi- tindo-se quem quer que o pe- , além das pessoas habitu- ais. As duas médiuns eram as Observava atentamente, comparava ¢ deduzia as conseqiiéncias, dos efeitos procurava clevar-me as causas, pela deducao encadeamento dos fatos Srtas. Baudin, que escreviam numa pedra, com o auxilio da cesta, chamada toupie (a cesta), descrita em O Livro dos Mé- diuns. Esse método, que exige © concurso de duas pessoas, ex- 30. FidelidadESPIRITA Novembro 2002 clui toda a possibilidade de par- ticipagao das idéias do mé- dium. Por ele vi comunicagées seguidas e respostas dadas nao sé a perguntas que eram pro- postas, como até a mentais, fa- to que denunciava, em toda a evidéncia, a intervensao de in- teligéncia estranha. Os assuntos ai tratados eram geralmente frivolos, ocu- pavam-se principalmente de coisas da vida material, nada verdadeiramente sério, sendo a curiosidade ¢ 0 passatempo 0 principal mével dos assisten- tes. 0 Espirito que se manifes- tava habitualmente, dava 0 no- me de Zéfiro, de acordo com seu carater ¢ com 0 da reuniao; entretanto, era muito bom e ti- nha-se declarado protetor da fa- milia, Se quase sempre fazia rir, sabia, a propésito, dar bons conselhos € manejar, conveni- entemente, o epigrama mordaz c espirituoso. Em pouco nos relacio- namos ¢ ele deu-me constantes provas de grande simpatia. Nao era muito adiantado, porém, mais tarde, assistido por espiri- tos superiores, ajudou-me nos meus primeiros trabalhos. De- pois disse-me que devia reen- carnar, ¢ nunca mais tive noti- cias suas. Foi ali que fiz meus pri meiros estudos sérios sobre Espiritismo, nao tanto pelas re- velagdes, como pelas observa- des. Apliquei a esta ciéncia 0 método experimental, nao acei- tando teorias preconcebidas, € observava atentamente, com- parava e deduzia as conse- qiiéncias, dos efeitos procur: va elevar-me as causas, pela de- dugao ¢ encadeamento dos fa- tos, nao admitindo por valiosa uma explicagao, sendo quando cla podia resolver todas as difi- culdades da questo. Foi assim que procedi sempre em meus anteriores trabalhos, desde 15 anos. Cumpria-me proceder com circunspeccao no levianamente, ser positivo e ndo idealista para nao me detxar levar pelas ilusdes Compreendi logo a gra- vidade da tarefa que ia empre- ender, ¢ entrevi naqueles fend- menos a chave do problema, t4o obscuro e tao controverti- do, do passado e do futuro da humanidade, cuja solugao vivi sempre a procurar; era, enfim, uma revolucéo completa nas idéias e nas crengas do mundo. Cumpria-me, pois, pro- ceder com circunspecsio € nao levianamente, ser positive nao idealista para ndo me dei- xar levar pelas ilusdes”. Continua no proximo nimero

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